Presidente da União das Misericórdias Portuguesas
O Banco de Medicamentos, que já doou mais de 265.000 embalagens de fármacos, ajudou à sustentabilidade de muitas instituições e...

Manuel Lemos falava a propósito dos quatro anos da criação do banco, que permite a distribuição gratuita de medicamentos aos idosos carenciados, através de doações feitas pelas empresas farmacêuticas às instituições sociais que tenham serviços médicos e farmacêuticos ou regime de internamento.

Segundo dados da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), já aderiram à plataforma 44 empresas da indústria farmacêutica e 94 Instituições Particulares de Solidariedade Social, 19 das quais são unidades de cuidados continuados.

Já foram doadas pela indústria farmacêutica 265.705 embalagens de medicamentos e produtos cosméticos, com um valor estimado de 2,3 milhões de euros.

Deste universo de ofertas disponibilizadas, as instituições encomendaram 116.445 embalagens, das quais já foram entregues 87.564, num valor estimado de 576.064 euros.

Para Manuel Lemos, o balanço desta iniciativa é “muitíssimo positivo”, porque permitiu às instituições de solidariedade apoiar muitos utentes carenciados.

“Pela via do banco as instituições têm podido ajudar muitas pessoas, uma vez que recorrem ao banco para aplicar medicamentos na rede de cuidados continuados e isso ajuda à sustentabilidade das instituições e ajuda os cidadãos, que são tratados a tempo e horas e com muita qualidade”, sublinhou.

Manuel Lemos está convicto de que “se não fosse o banco, a situação de muitas instituições era bem pior e haveria menos idosos a ser tratados, porque algumas inclusivamente já teriam fechado as suas portas”.

“É preciso ver que os preços da rede de cuidados continuados não são atualizados há seis anos e nessa altura já se dizia, por exemplo, que os valores pagos pelo Estado” pela longa duração não chegavam, salientou.

Sobre como estas instituições têm conseguido sobreviver, Manuel Lemos disse que recorrem às suas reservas e contam com o apoio desta plataforma, resultante de uma “parceria virtuosa” entre a indústria farmacêutica, as instituições de solidariedade e o Estado, que “coordena e zela pela qualidade dos medicamentos”.

“Tem sido uma ajuda muitíssimo importante, porque protege-se o comércio e a atividade farmacêutica, evita-se o desperdício e socorre-se as pessoas, que é a razão de ser das Misericórdias e das outras instituições que a UMP acredita”, sublinha Manuel Lemos.

Em causa estão medicamentos com prazo de validade não inferior a seis meses, mas que estão em perfeitas condições de segurança e qualidade para serem utilizados.

Os medicamentos mais doados (81.359) destinam-se ao tratamento de doenças do aparelho cardiovascular, seguindo-se os fármacos para doenças do aparelho locomotor (37.936), do sistema nervoso central (37.209), anti-infecciosos (27.066) e para o aparelho digestivo (20.896).

A plataforma foi criada através de um protocolo assinado, a 09 de novembro de 2012, entre o Governo, o Infarmed, a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica e a UMP, no âmbito do Programa de Emergência Social.

“Vida com mais fôlego”
Respira e Sociedade Portuguesa de Pneumologia convidam população a experienciar as limitações da Fibrose Pulmonar Idiopática

A Respira - Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia irão realizar uma campanha de sensibilização sobre Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI). Esta ação denominada de “Vida com mais fôlego”, tem o objetivo de incentivar as pessoas a experienciar as limitações de um doente que vive com esta doença. No dia 14 de novembro, no Atrium do Saldanha (Lisboa) das 10h às 20h, os visitantes do espaço comercial serão convidados a colocar um colete de chumbo que condiciona a realização de tarefas simples como tocar um instrumento de sopro, encher um balão, apagar as velas de um bolo, etc.

Os sintomas da FPI são constantemente desvalorizados e atribuídos a outras causas, mesmo quando persistentes e caracterizam-se por tosse irritativa, falta de ar progressiva, perda de apetite, perda de peso e debilidade. Ocorre mais habitualmente nos homens com idades acima dos 50 anos. O tabagismo e determinados fatores genéticos têm sido associados ao aumento do risco de desenvolver esta doença.

A FPI é uma doença rara e na Europa são registados cerca de 4.6 novos casos, por cada 100.000 habitantes, no entanto, tem um prognóstico de sobrevida (sobrevivência mediana) de três a cinco anos. Em Portugal a informação é muito limitada, mas de acordo com os dados do Observatório Nacional de Doenças Respiratórias registaram-se 2.717 internamentos por fibrose pulmonar, em 2012.

Smartphones
Uma aplicação desenvolvida para smartphones que identifica quedas do utilizador e alerta os contactos de emergência quando...

A 'Fall Detect' tem um "algoritmo de deteção de quedas baseado em sinais dos sensores inerciais" que "distingue quedas simuladas de eventos do dia-a-dia, com mais de 97% de precisão, quando o smartphone é colocado no bolso ou cinto", disse a investigadora Inês Sousa. Concluiu-se que "é possível detetar quedas simuladas de forma precisa e que o nível de falsos alarmes por dia não é excessivo, uma vez que não perturba as rotinas do utilizador", explicou.

Este é um dos projetos desenvolvidos no "Fall Competence Center" (FCC), um centro de investigação criado para encontrar soluções tecnológicas que contribuam "efetivamente" para a prevenção e resolução de situações de quedas em idosos, "um dos principais problemas enfrentados" por esta população.

De acordo com a investigadora, escreve o Sapo, as quedas podem estar relacionadas não só com a idade ou doença, mas também com situações de risco que podem surgir durante a execução de determinadas atividades profissionais ou desportivas.

Outra das aplicações criadas foi a ‘My Fall Risk Meter', que possibilita aos idosos a autoavaliação do risco de queda através de "jogos sérios" que permitem verificar a ‘performance' da marcha, a força dos membros inferiores, o equilíbrio e a confiança na realização de atividades do dia-a-dia. Para além disso, é possível validar fatores externos de risco em casa e condições de saúde e de meditação.

A aplicação ‘Fall Risk Assessment Tool', também desenvolvida pela Fraunhofer, tem como objetivo auxiliar os profissionais de saúde na execução de testes ‘standard' de avaliação do risco de quedas. Por sua vez, o protótipo ‘Smart Feet' consiste num conjunto de exercícios de prevenção de quedas, apresentados na forma de jogos interativos e sensores inerciais que para avaliam a ‘performance' e a qualidade dos movimentos dos idosos.

A linha de investigação de quedas em atividades desportivas foi direcionada para o aumento de segurança durante a prática de desportos náuticos, como o Surf, o Windsurf e a Vela, dando informação ao utilizador em relação à sua atuação de forma a melhorar a experiência de utilização.

Com a aplicação ‘Mover', criado ainda no mesmo âmbito, é possível classificar atividades e posturas como andar, correr e sentar.

Na área da deteção e documentação de ataques, foi criado uma tecnologia que deteta automaticamente os movimentos corporais de operacionais no terreno (equipas de forças de segurança, por exemplo), distinguindo estados como caminhar, correr, queda, impacto ou inatividade.

Adicionalmente, foi desenvolvido e incorporado um módulo que permite monitorizar a localização dos operacionais no terreno, não só em espaços exteriores mas também no interior de edifícios.

Este protótipo inclui a transmissão da informação acerca destes estados, a localização e a comunicação vídeo entre o operacional e o centro de controlo de operações em tempo real.

Para a criação do centro, a associação Fraunhofer Portugal Research reuniu investigadores e especialistas das áreas da medicina, da física, da eletrónica, das tecnologias de informação e comunicação (TIC), entre outras.

O projeto, no qual participaram cerca de 30 investigadores, foi financiado pelo Programa Operacional Regional do Norte (ON.2 - O Novo Norte) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) da União Europeia.

Estudo
Um anticorpo produzido pelo corpo humano protegeu fetos de ratos fêmeas grávidas contra o Zika, segundo um estudo publicado na...

Em laboratório anticorpo neutralizou todas as estirpes conhecidas do Zika e reduziu "visivelmente" os níveis do vírus nos roedores infetados e nos seus fetos. "Este é o primeiro antivírus que funciona na gravidez e que protege fetos em desenvolvimento contra o Zika", disse o coautor do estudo, Michael Diamond, da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

"Isto é a prova de que o vírus é tratável durante a gravidez e de que já temos um anticorpo humano que o combate, pelo menos em ratos", destacou o cientista.

O vírus Zika é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma emergência de saúde pública mundial. É transmitido principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti, mas também por contacto sexual, escreve o Sapo.

Na maioria dos casos, a infeção provoca apenas sintomas leves ou passa despercebida. Mas desde o surto que começou em 2015, o vírus tem sido associado à microcefalia, uma condição que limita o crescimento da cabeça e causa danos cerebrais em fetos em desenvolvimento. Desse modo, mulheres grávidas infetadas pelo Zika têm um risco maior de dar à luz um bebé com malformações cerebrais.

Mais de 2.300 bebês, a maioria deles no Brasil, nasceram com microcefalia ou outras malformações do sistema nervoso central relacionadas ao Zika desde o ano passado em todo o mundo, de acordo com a OMS.

Não há cura nem nenhum tratamento contra o vírus.

Diamond e sua equipe obtiveram amostras de anticorpos de pessoas que se recuperaram de infeções pelo Zika.

No estudo, publicado pela revista científica Nature, os pesquisadores destacaram a ação contra o Zika de um anticorpo em especial, batizado ZIKV-117, colhido de apenas uma pessoa.

Os anticorpos, que são a primeira barreira de defesa humana, são proteínas em forma de Y produzidas pelo sistema imunológico em resposta à presença dos chamados antígenos, agentes patogênicos que causam doenças.

Cada tipo de anticorpo se liga a um antígeno específico, e o elimina ou imobiliza para que sejam suprimidos por outras células imunitárias.

Os pesquisadores deram o anticorpo ZIKV-117 a ratas grávidas que tinham sido injetadas com o vírus Zika, e descobriram que suas placentas permaneceram normais e saudáveis em comparação com as de ratas não tratadas.

"Quase todos os fetos foram protegidos contra a infeção e a doença", explicou Diamond à AFP.

Não se sabe se a maioria dos seres humanos pode produzir naturalmente este anticorpo específico em resposta à infeção, disse Diamond. E, mesmo que pudesse, este não seria rápido o suficiente para proteger um feto - daí a necessidade de um reforço.

Os resultados poderiam ajudar a fornecer um escudo provisório contra a transmissão do Zika, enquanto os cientistas desenvolvem uma vacina contra o vírus, disse o estudo.

Mas primeiro, os testes têm de ser feitos em macacos, cujo processo de gestação é muito mais semelhante ao dos humanos.

15 anos depois
Quinze anos depois da descriminalização do consumo de drogas o presidente do SICAD faz um balanço positivo, lembrando que...

“A apreciação que fazemos é que a evolução dos diversos indicadores da dependência têm evoluído de uma forma globalmente positiva. Não é um problema resolvido na sociedade, mas a apreciação é que foi boa medida”, disse João Goulão, referindo-se à descriminalização do consumo de drogas.

João Goulão salientou, contudo, que esta medida faz parte de “um pacote muito mais vasto que resultou de esforço que já vinha sendo feito” desde 1999, quando foi aprovada a Estratégia Nacional de Luta contra a Droga.

Nestes 15 anos, assistiu-se a uma diminuição das doenças resultantes dos consumos, sobretudo a contaminação com o vírus VIH, das mortes por overdose e da pequena criminalidade com a toxicodependência.

Mas não só, “aumentou o acesso ao tratamento para pessoas que se querem tratar, melhoraram as políticas de redução de danos e assistiu-se a um retardar do início de consumos por parte dos mais novos, sem que tivesse havido um disparar de consumos na população em geral, sem que tivesse havido narcoturismo, sem que se tivesse instalado em Portugal turismo relacionado cm drogas”.

Neste período houve algumas vicissitudes, entre as quais um aumento do consumo de heroína – sobretudo recaídas de antigos consumidores -, após um longo período em que este tipo de consumo tinha vindo a decair.

Este recrudescimento é explicado com “intercorrências que marcaram muito fortemente a sociedade portuguesa, nomeadamente a crise financeira com o consequente impacto social que teve: aumento do desemprego, dificuldade das famílias e o resultante “desmoronar dos percursos que alguns toxicodependentes tinham imprimido à sua vida e que se viram confrontados com problemas que não conseguiram enfrentar”.

A criação das salas de consumo assistido – vulgarmente designadas por “salas de chuto” - é uma hipótese que foi aventada na altura da descriminalização e que de vez em quando volta a ser posta em cima da mesa, mas sem que nunca tenha avançado, uma situação que poderá mudar em breve.

João Goulão explicou que a ideia nunca foi esquecida, mas tem havido “desencontros entre a liderança de princípios e a liderança de governos”.

Em 2001 foi produzida legislação que enquadra medidas de redução de danos com várias medidas, entre as quais salas de consumo assistido, estando previsto um acordo entre o poder autárquico e o Governo no sentido da criação desse tipo de respostas.

“De alguma forma, na altura em que a premência da criação de dispositivos desse género era maior, não houve condições politicas. Quando tivemos condições para o fazer, em que houve abertura do município para avançar, o que se constatou foi que o consumo por via injetável estava a cair de forma tão rápida, que considerámos que seria um sinal errado avançar com um dispositivo desse género”, explicou.

A ideia foi então posta de parte, ainda mais porque se constatou que era possível chegar às franjas da população com outras medidas, como as equipas de rua ou o programa de troca de seringas, e que, simultaneamente, os consumos mais problemáticos estavam a cair.

Mais recentemente, a questão voltou a levantar-se, devido ao recrudescimento desses consumos, “daí a questão estar novamente em discussão, com abertura do poder autárquico e central para avaliar a pertinência da instalação destes dispositivos”.

“Estamos numa fase em que me parece provável que surjam propostas concretas”, sublinhou.

Teatro Terapêutico
A ansiedade marca os dias que antecedem a estreia de uma peça, mas para o Grupo de Teatro Terapêutico do Hospital Júlio de...

O grupo sobe ao palco na quarta-feira, com a peça "Torcicolo", de João Silva. Os atores são doentes em tratamento neste hospital, que pertence ao Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.

Isabel Cristina Calheiros, terapêutica ocupacional que trabalha há 25 anos com este grupo, disse à agência Lusa que os dias que antecedem a estreia de uma peça são oportunidades “para trabalhar questões como a ansiedade”.

“Perceber como nos acontece, como reagimos sob pressão: disparamos para o lado? Começamos a chatear os outros, somos agressivos, dá-nos para chorar, para comer? Ao tomarmos consciência de como reagimos nestas situações, podemos aprender a gerir isso e a tomar as rédeas, não nos deixando dominar pela ansiedade”, adiantou.

Na base de “Torcicolo” está a discussão que foi lançada inicialmente ao grupo para partilha: as emoções.

“Passámos por uma série de emoções que o grupo escolheu, da raiva ao medo, da felicidade à tristeza. Depois, associado a isso, vieram as ideias de suicídio, as depressões profundas por que passaram. Nestas reuniões, as pessoas partilham os seus sentimentos”.

Foi a partir destes conteúdo que o encenador e dramaturgo João Silva escreveu a peça.

Sobre os doentes, Isabel Cristina Calheiros explicou que são pessoas que, a dada altura da sua vida, tiveram uma doença mental que se revelou e iniciaram um processo terapêutico.

“Num dado momento desse processo terapêutico, o seu psiquiatra ou psicólogo achou que seria importante nesse momento participar num grupo terapêutico”, disse.

Isabel Cristina Calheiros explicou que parte do trabalho passa por preparar os doentes para os sentimentos que chegam com o final da peça.

“Tentamos que, a seguir à peça, seja mais uma oportunidade para refletir sobre as coisas e sobre como cada um esteve neste processo e o seu impacto na vida de cada um”, adiantou.

“Depois começamos a pensar noutro projeto, o qual até pode demorar mais de um ano”, frisou.

João Silva sublinha a importância deste trabalho e, sobre o tipo de problemas que estão na origem da procura de uma terapêutica, limitou-se a afirmar: “São pessoas”.

Em relação à peça que estreia na quarta-feira e que pode ainda ser assistida na quinta-feira e no sábado, João Reis disse resultar da observação de algumas sessões terapêuticas – nem todas são presenciáveis – e que trata de sentimentos.

João Silva é desde 1968 encenador do Grupo de Teatro Terapêutico do Hospital Júlio de Matos, fundado no mesmo ano.

Estudo
Um investimento de apenas um a dois dólares (90 cêntimos a 1,80 euros) por pessoa e por mês podia dar a todos os habitantes dos...

A conclusão é de um estudo, divulgado na segunda-feira pela revista médica 'The Lancet', que apontou que um em cada cinco países gasta menos do que aquele valor em medicamentos, ilustrando “a urgência de financiamento adicional para satisfazer as necessidades básicas de cuidados de saúde”.

Um cabaz de medicamentos essenciais inclui analgésicos, como morfina, drogas contra as doenças infecciosas, como tuberculose, HIV ou malária, tratamentos para situações crónicas, como cancro ou diabetes, além de vacinas e contracetivos.

Classificada como a Comissão Lancet sobre Medicamentos Essenciais, a análise ilustra “desigualdades e ineficiências massivas” no financiamento e na gestão entre regiões, prejudicando o acesso a medicamentos a muitas pessoas.

O documento foi produzido por 21 peritos internacionais e faz recomendações a governos, organizações não-governamentais, instituições de saúde, agências de regulação do medicamento e indústria farmacêutica.

O grupo usou estatísticas sobre a prevalência de doenças, bem como sobre consumo e preço de medicamentos, para calcular o custo do acesso a um cabaz de medicamentos essenciais. O resultado a que chegou foi o intervalo entre 77,4 mil milhões de dólares e 151,9 mil milhões de dólares por ano, o equivalente ao intervalo 12,9 – 25,4 dólares por pessoa.

“Estimativas recentes sugerem que o gasto médio total nos países de baixo rendimento foi de 8,6 dólares por pessoa e por ano”, seguido um comunicado divulgado pela 'The Lancet'.

A maior parte desta verba proveem dos orçamentos das famílias, mais do que dos governos.

As famílias pobres nos países de baixos e médios rendimentos gastam cerca de 9,5% do seu rendimento em medicamentos, o que compara com 3,5% nos mesmos agregados nos países ricos, especificou-se no documento.

Também evidenciou o problema da pobre qualidade dos medicamentos que muitos países de baixo rendimento enfrentam. Em 2013, estima-se que medicamentos de pobre qualidade para a malária tenham provocado a morte a 120 mil crianças na África subsariana.

Por vezes, é uma questão de negligência, outras, de “práticas desonestas”.

Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde concluiu que o Hospital Garcia de Orta, em Almada, cumpre as regras de isolamento de doentes infetados...

"Tanto quanto as condições físicas do hospital permitem, são cumpridas as regras determinadas pelo Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos, em matéria de isolamento de doentes infetados", assinala o relatório da visita técnica da Direção-Geral da Saúde (DGSaúde) ao hospital, para avaliação da qualidade e segurança das condições de controlo de infeção.

A visita foi feita ontem, "sem aviso prévio", entre as 11:00 e as 14:45, depois de o jornal i ter noticiado que, no Hospital Garcia de Orta, os doentes infetados com bactérias multirresistentes, como a E-coli e a Klebsiela, "estão misturados nas mesmas salas com os doentes que não estão infetados e, inclusivamente, com pacientes que foram submetidos a cirurgias".

No relatório, a DGSaúde sustenta que "não se encontrou evidência que demonstre a veracidade da notícia hoje publicada pelo jornal i", embora registe que o hospital "apenas possui cinco quartos de isolamento, um dos quais na unidade de cuidados intensivos".

Segundo a DGSaúde, que cita a direção clínica da unidade hospitalar, seriam necessários mais cinco quartos de isolamento, além dos quatro que já estão a ser criados.

O relatório salienta que as enfermarias do hospital têm três camas, sendo que são transformadas em quartos de isolamento, quando estes estão ocupados, "o que é frequente", levando ao "desperdício de duas camas" ou à colocação do doente infetado na "cama junto da janela, com bloqueio da cama do meio e separação por cortina".

Os técnicos da DGSaúde visitaram a unidade de cuidados intensivos, os serviços de internamento de medicina IV e ginecologia.

O relatório enaltece a existência, nos cuidados intensivos, de "normas de procedimento interno em matéria de limpeza e desinfeção de cada unidade de doente e de limpeza e recolha de resíduos sólidos".

No entanto, observa que nem sempre um doente está informado de como se deve proteger da transmissão da infeção, quando partilha uma enfermaria com um paciente infetado.

"Interrogado um doente que partilha uma enfermaria com um doente infetado, aquele não possuía informação de como se proteger da transmissão de infeção", refere a DGSaúde.

A administração do Hospital Garcia de Orta alegou hoje, em comunicado, que "todos os procedimentos de prevenção e controlo de infeção estão a ser cumpridos na instituição", negando a colocação de doentes recém-operados em enfermarias onde estejam pacientes infetados.

Em Coimbra
As doenças raras e os "medicamentos órfãos" vão estar em debate na quinta e na sexta-feira, em Coimbra, durante um...

"Não é uma temática que seja abordada durante o curso de Ciências Farmacêuticas, assim como também não é no Curso de Medicina e noutros cursos da área da saúde", disse Francisco Nunes, um dos moderadores do congresso.

Segundo o responsável, "o número de doentes é muito baixo, mas as doenças são imensas, normalmente genéticas e complicadas, e têm uma elevada morbilidade e mortalidade".

Promovido pelo Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra, o congresso quer enquadrar o que são doenças raras e o que tem sido feito nos últimos anos no sentido de dar mais atenção e motivar mais profissionais de saúde para esta área.

"O Governo português tem uma estratégia nacional para as doenças raras. Recentemente, fez um cartão do doente raro", exemplificou Francisco Nunes, considerando que em Portugal e no resto da Europa "cada vez mais se tem dado atenção a esta problemática".

Durante o congresso, será dada a visão dos doentes, mas também a da indústria farmacêutica.

Francisco Nunes explicou que "não é qualquer indústria farmacêutica que se dedica ao desenvolvimento de novos fármacos para estas doenças", as que existem "são poucas e há poucos produtos, poucos tratamentos".

"É possível falar de fármaco-economia quando existem cinco doentes em Portugal? Se calhar não é", afirmou.

O responsável explicou que, "normalmente, uma doença rara só tem um tratamento específico disponível e, por isso, chama-se medicamento órfão".

"Quer os Estados Unidos, quer a Europa, desenvolveram nos últimos anos mecanismos de motivação para que as companhias farmacêuticas se dediquem à investigação e desenvolvimento de moléculas de tratamento para doenças raras que sejam medicamentos órfãos", referiu.

Isto porque "é diferente estar a investir num tratamento que vai ser para milhões e milhões de pessoas no mundo inteiro ou num para meia dúzia de pessoas", acrescentou.

Um dos mecanismos passa por, quando um medicamento é aprovado, ter uma exclusividade de mercado na Europa de dez anos.

Também serão focados durante o congresso temas que habitualmente preocupam os profissionais de saúde que lidam com doenças raras.

"A doença não é conhecida, não existe informação, não existem reuniões de formação sobre a doença, o médico tem de ir à procura, para chegar ao diagnóstico às vezes é uma odisseia de demora anos", apontou.

Por outro lado, estes doentes "têm de fazer muito mais exames complementares de diagnóstico, têm muito mais consultas hospitalares, têm de ter uma equipa multidisciplinar", o que, para um clínico, representa "uma complexidade e um consumo de tempo acrescidos", acrescentou.

Até 2018
A Associação Nacional de Esclerose Múltipla iniciou um levantamento para tentar sinalizar até 2018 todos os portugueses que...

A responsável acrescentou que a Associação Nacional de Esclerose Múltipla (ANEM) decidiu "avançar com este projeto" partindo das indicações deixadas por um "estudo realizado em 2008 e que davam conta da existência de “mais de seis mil casos em Portugal" e devido às "inúmeras solicitações de ajuda" que a associação recebe diariamente.

"Ao sabermos onde essas pessoas estão, poderemos dar-lhes a ajuda de que precisam", explicou Lurdes Silva, referindo que o levantamento está a ser feito com recurso aos centros de saúde, "onde todos os casos estão registados".

A sinalização dos casos à ANEM e o auxílio prestado aos doentes estará sempre dependente da "sua vontade, devendo para isso comparecer nas reuniões a decorrer nos centros de saúde onde estão inscritos ou indicando à associação onde querem ser contactados", explicou a coordenadora da associação.

"Esperamos até 2018 anos ter a sinalização finalizada", afirmou, acrescentando que a doença "avança em Portugal à velocidade de 330 novos casos por ano".

A esclerose múltipla é uma doença que, "na maior parte dos casos surge entre os 18 e 20 anos", disse Lurdes Silva.

"Em termos de gastos para o Serviço Nacional de Saúde, a conclusão deste trabalho vai promover a sua diminuição, porque em vez de se gastar noutras especialidades em exames de despistagem, são logo encaminhados para Neurologia, o que irá trazer benefícios para todos", justificou a coordenadora.

Investigadores concluem
Um vírus conhecido como Mayaro pode espalhar-se pelo continente americano nos próximos anos através de mosquitos como o Aedes...

Segundo o portal de notícias G1, nas últimas semanas, investigadores da Florida, nos Estados Unidos, identificaram o vírus Mayaro no Haiti, num menino de oito anos, com febre e dores abdominais.

Os investigadores concluíram, portanto, que este vírus pode estar a espalhar-se pelo continente.

Segundo os especialistas, os microrganismos também lutam pela sobrevivência das suas respetivas espécies e procuram se adaptar das maneiras mais incríveis para não desaparecer.

Este não é um vírus novo, pois já identificado pela primeira vez em 1954 e também existe na região Amazónica.

O grande problema é que este vírus possivelmente está a adaptar-se, pois antes era transmitido apenas por mosquitos-vetores silvestres e agora, aparentemente, pode ser transmitido por mosquitos-vetores urbanos que já estão espalhados pelo mundo, como o Aedes aegypti, principalmente, e o Aedes albopictus.

Se isso se confirmar, há muitas razões para o Brasil preocupar-se, uma vez que o Aedes aegypti está fortemente presente em todo o território brasileiro.

Este vírus provoca uma doença semelhante ao Chikungunya (vírus transmitido pelo mosquito do género Aedes, que já chegou ao Brasil) e chama-se Febre do Mayaro.

De acordo com Ana Escobar, professora livre docente do departamento de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os sintomas da Febre do Mayaro são muito parecidos com os da Dengue ou Chikungunya.

Apenas pelo quadro clínico dos pacientes pode ser difícil diferenciar entre Dengue, Zika, Chikungunya ou Mayaro.

“Só os exames laboratoriais específicos é que podem apontar o diagnóstico correto. No menino de 8 anos do Haiti suspeitou-se inicialmente de Dengue ou Chikungunya. Entretanto, os testes vieram negativos e o de Mayaro confirmou ser positivo”, indicou Ana Escobar.

Segundo a médica, “até ao momento não há nem vacina nem tratamento específico. O tratamento é dirigido ao alívio dos sintomas (febre, cansaço, manchas vermelhas pelo corpo, cansaço e dores de cabeça e nas articulações) e a evolução em geral é bastante favorável”.

A professora disse ainda que entre dezembro de 2014 e junho de 2015 foram confirmados 197 casos de Febre do Mayaro nas regiões norte e centro-oeste do Brasil, com destaque para os estados de Goiás, Pará e Tocantins. O estado de Goiás registrou 66 casos até fevereiro de 2016.

Importante sublinhar, segundo a médica, que no Brasil a transmissão desta doença limitou-se ainda a regiões de floresta. Não há relatos, até ao momento, de transmissão urbana.

O Governo brasileiro declarou emergência sanitária nacional este ano devido à rápida propagação do vírus Zika no país, em particular pela relação direta e comprovada entre as mulheres que contraem o vírus nos primeiros meses de gravidez e os casos de microcefalia que foram documentados, com mais de 1.700 bebés atingidos.

Estudo
Cerca de 92% dos profissionais de saúde reconhecem que os “Doutores Palhaços” ajudam as crianças a esquecerem que estão num...

De acordo com uma investigação a que a Lusa teve hoje acesso, 73% dos profissionais inquiridos sublinharam que as crianças apresentam maiores e/ou mais rápidas evidências clínicas de melhora após contacto com os “Doutores Palhaços” da Operação Nariz Vermelho.

“Rir é o melhor remédio?” é um projeto desenvolvido nos últimos seis anos, em parceria com o Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho, que vai ser apresentado quinta-feira, no Porto, na cerimónia de assinatura do Protocolo de Cooperação entre o Centro Maternoinfantil do Norte (CMIN) e a Operação Nariz Vermelho, nas instalações do hospital.

A Operação Nariz Vermelho, que este ano celebra o seu 14º aniversário, inaugura naquele dia, no CMIN o seu 14º programa de visitas. O objetivo destas sessões nos hospitais é partilhar com a comunidade médica as mais-valias do trabalho destes profissionais.

Os resultados da investigação “refletem as evidências científicas do nosso trabalho junto das crianças, familiares e profissionais de saúde” explicou Susana Ribeiro, coordenadora do Núcleo de Investigação da ONV.

“Há muito que conhecemos este impacto e agora o ‘Rir é o melhor remédio?’ permite-nos partilhá-lo com a sociedade”, sublinhou a responsável.

De acordo com Susana Ribeiro, entre os inquiridos para esta investigação, em vários hospitais do país visitados pela ONV, 99% dos pais manifestaram gratidão pelos “Doutores Palhaços”.

Acrescentou que “98% dos pais consideram que os ‘Doutores Palhaços’ são uma parte importante da equipa de cuidados das crianças hospitalizadas e 99% referem que gostariam que os visitassem as crianças com mais frequência”.

No CMIN, a primeira visita irá realizar-se na próxima quinta-feira, após a assinatura do protocolo.

A Operação Nariz Vermelho (ONV) é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem vínculos políticos ou religiosos, que promove semanalmente visitas de “Doutores Palhaços” às enfermarias pediátricas de 13 hospitais do país.

Tendo como principal objetivo transformar momentos, tornando mais alegre a vivência das crianças hospitalizadas e dos seus familiares, a ONV existe oficialmente desde 2002 e conta atualmente com uma equipa de 22 “Doutores Palhaços” e nove profissionais nos bastidores.

A ONV visita por ano cerca de 40 mil crianças e já conta com vários prémios no seu portefólio. Em 2005 a ONV foi distinguida com o prémio Serviços Sociais, atribuído pelo Hospital do Futuro, o Diploma de Reconhecimento de Mérito pela Ordem dos Médicos e, em 2009, recebeu da Assembleia da República o Prémio de "Direitos Humanos".

Perguntas e respostas
Podendo ser causada por infeção viral, a Pitiríase Rosada é uma erupção de pele relativamente comum
Mulher com pitiríase rosada

O que é a pitiríase rosada?

A pitiríase rosada, também conhecida por pitiríase rósea de Gibert, trata-se de uma erupção cutânea autolimitada que, geralmente, é assintomática, podendo, no entanto, apresentar-se com prurido em cerca de 25% dos casos. Ocorre principalmente em adolescentes e adultos jovens saudáveis, a maioria entre os 10 e os 35 anos de idade. Afeta todas as raças, verificando-se uma leve predominância feminina.

Foi proposta, mas ainda não comprovada, uma origem viral.

Alguns autores descrevem discreta variação sazonal com picos na primavera e no outono.

Como se manifesta?

Nos casos típicos, inicia-se por uma lesão inicial (mancha mãe), de maiores dimensões, cujo tamanho varia de 1 a 10 cm, tom salmão, que aparece mais frequentemente no tronco e precede o início da doença. O centro é discretamente descamativo e à periferia apresenta uma descamação mais evidente. Em geral, nos dias seguintes segue-se a erupção, com pequenas e numerosas pápulas e placas arredondadas semelhantes à lesão inicial que as precedeu. O tronco e membros superiores são as áreas de atingimento preferencial. No dorso, a orientação das lesões tem padrão referido como “árvore de Natal”. Face, palmas e plantas são habitualmente poupadas.

Geralmente, não há manifestações sistémicas significativas, embora cerca de 5% dos pacientes referem, antes de surgirem as lesões, febre, dor articular ou de cabeça e mal-estar geral.

Qual é o tratamento?

Como a pitiríase rósea é frequentemente assintomática e autolimitada, o doente deve ser esclarecido quanto à doença, não sendo necessário nenhum tratamento. Nos pacientes com prurido, podem ser utilizadas loções antipruriginosas. Nos casos mais graves, tratamentos com radiação UVB e anti-histamínicos orais podem ser úteis.

Qual é o prognóstico?

O prognóstico é bom, dado que a erupção típica dura de 6-8 semanas (embora possa persistir por 5 meses ou mais), resolvendo espontaneamente sem deixar cicatriz. Regra geral, não há novos episódios da doença.

Artigos relacionados

Conheça as doenças de pele mais comuns no Verão

O que é a psoríase?

Vitiligo

Autores:
Dr.ª Ana Marcos Pinto - Clínica Universitária Dermatológica de Lisboa, Hospital de Santa Maria.
Prof. Dr. João Borges da Costa - Clínica Universitária Dermatológica de Lisboa, Hospital de Santa Maria, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, IHMT, British hospital, Centro Clínico do Sams, Lisboa.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Perguntas e respostas
Afetando sobretudo o rosto, ouvidos, couro cabeludo ou dorso, o Lupus Discoide é a forma mais comum

O que é o lúpus discoide?

O lúpus discoide é a uma forma da doença conhecida como Lupus, que está na grande maioria dos casos limitada apenas à pele.

Como se manifesta o lúpus discoide?

Manifesta-se por placas eritematosas (vermelhas) discoides que são encontradas mais frequentemente na face, couro cabeludo e pavilhão auricular, mas podem aparecer noutras áreas expostas ao sol, como o tronco. A exposição solar parece ter um papel no desenvolvimento das lesões. As lesões ativas têm consistência endurecida à palpação e após a resolução deixam cicatriz. Pode afetar os folículos pilosos, sendo comum as peladas após a cicatrização.

Qual é o tratamento do lúpus discoide?

Os corticosteroides tópicos ou intralesionais são a base da terapêutica, regra geral com uma resposta relativamente rápida. Pode ser necessário o uso de corticosteroides de alta potência na face. A terapêutica antimalárica constitui a primeira linha da medicação oral. O sulfato de hidroxicloroquina é o antimalárico mais frequentemente escolhido, sendo bem tolerado. Cloroquina e quinacrina são fármacos alternativos. A resposta aos antimaláricos é relativamente lenta (2-3 meses). Nos pacientes resistentes aos antimaláricos, as opções terapêuticas incluem os retinoides orais, agentes imunossupressores, como o micofenolato de mofetila e a azatioprina, a clofazimina, a sulfassalazina e os corticoesteroides sistémicos. A fotoproteção é obrigatória nestes doentes, devendo ser aplicado diariamente o protetor solar.

Qual é o prognóstico do lúpus discoide?

Com o decorrer do tempo, apenas 5% a 15% dos doentes desenvolvem Lúpus eritematoso sistémico, a forma da doença que para além da pele envolve outros órgãos, como o rim. O risco aumenta em pacientes com maior número de lesões. Muitos doentes apresentam cicatrizes extensas, com cor branca, pelo que o tratamento e a fotoproteção devem ter início o mais cedo possível. 

Artigos relacionados

Lúpus Eritematoso Sistémico atinge sobretudo mulheres em idade reprodutiva

Lúpus: desmistificar a doença para o mundo

Lúpus e a Gravidez

Lúpus infantil: “no primeiro ano, foram raras as vezes que saí de casa no verão”

Autores:
Dr.ª Ana Marcos Pinto - Clínica Universitária Dermatológica de Lisboa, Hospital de Santa Maria.
Prof. Dr. João Borges da Costa - Clínica Universitária Dermatológica de Lisboa, Hospital de Santa Maria, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, IHMT, British hospital e Centro Clínico do Sams, Lisboa.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Perguntas e respostas
Líquen plano é uma doença inflamatória, de causa desconhecida, que atinge a pele, mucosas visíveis,

O que é o líquen plano?

É uma doença inflamatória da pele, cabelos, unhas e mucosas, como a cavidade oral e a área genital. O líquen plano cutâneo afeta cerca de 0,2% a 1% da população adulta, enquanto as lesões orais foram observadas em 1% a 4% da população. É mais frequentemente diagnosticada em adultos de meia-idade, entre os 30 e 60 anos. É rara em crianças e idosos. Ocorre em todas as raças. Estudos sugerem maior prevalência no género feminino. A etiologia e a patogénese ainda não foram totalmente esclarecidas, mas aponta-se para um processo autoimune mediado por células T aos queratinócitos basais. A doença foi associada a múltiplas exposições ambientais, incluindo infeções virais, como infeção pelo vírus da Hepatite C e vírus da família herpes, alérgenos de contato, fármacos e vacinas.

Como se manifesta?

Caracteriza-se pelo aparecimento de pápulas e placas violáceas planas pruriginosas que surgem predominantemente nos punhos, antebraços, área genital, extremidades inferiores  e área sagrada. Uma rede de linhas brancas e finas, conhecidas como “estrias de Wickham” podem ser visualizadas na superfície das lesões ou nas mucosas. Pode existir fenómeno de Koebner, isto é, aparecimento de lesões em local de traumatismo prévio.

Existem várias variantes clínicas incluem líquen planopilar, anular, bolhoso, hipertrófico, inverso, linear, ulcerativo, vulvovaginal-gengival e induzido por medicamentos.

O envolvimento das mucosas, em particular da cavidade oral, pode ser observado em até 75% dos pacientes com líquen plano cutâneo, e essa forma pode ser a única manifestação da doença. Apenas 10% a 20% dos pacientes cuja apresentação inicial é o líquen plano oral vão desenvolver lesões cutâneas.

Qual é o tratamento?

O tratamento desta doença engloba a utilização de corticosteroides e inibidores da calcineurina tópicos como fármacos de primeira linha. Nos casos que não respondem à medicação tópica, pode ser utilizada medicação sistémica como baixa dose de corticosteroides orais ou fármacos imunossupressores (p. ex., metotrexato, micofenolato de mofetil). A fototerapia também é uma opção terapêutica.

Qual é o prognóstico?

A remissão espontânea do líquen plano cutâneo e oral pode ocorrer, sendo que no líquen plano cutâneo foi observada em até 2/3 dos pacientes após 1 ano enquanto a duração média do líquen plano oral é cerca de 5 anos e a forma erosiva raramente regride de forma espontânea.

Autores:
Dr.ª Ana Marcos Pinto - Clínica Universitária Dermatológica de Lisboa, Hospital de Santa Maria.
Prof. Dr. João Borges da Costa - Clínica Universitária Dermatológica de Lisboa, Hospital de Santa Maria, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, IHMT, British hospital e Centro Clínico do Sams, Lisboa.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Descriminalização das drogas
Quinze anos após a descriminalização, diminuíram doenças infeciosas, mortes por overdose e presos por crimes ligados à droga....

Nem o consumo aumentou nem o país se tornou um ponto de encontro dos toxicodependentes de outras partes do mundo. Já passaram 15 anos desde que Portugal descriminalizou o consumo e a posse para uso próprio de drogas, e o balanço (que começará a ser feito esta terça-feira num encontro com dezenas de especialistas na Biblioteca Almeida Garrett, no Porto) é consensualmente positivo: diminuiu a taxa de infeção por VIH entre os toxicodependentes, as mortes por overdose baixaram para as 33 registadas em 2014 (eram 94 em 2008, antes disso não há dados diretamente comparáveis) e a população condenada a pena de prisão por crimes relacionados com estupefacientes, que em 2001 representava 41% do total de reclusos, diminuiu para 19% do total de reclusos em 2015.

“No passado prendia-se por consumo uma centena de pessoas por ano e agora esses números são absolutamente residuais, isto é, os que estão condenados por crimes relativos a estupefacientes são essencialmente traficantes”, enquadra o investigador Jorge Quintas, autor de um livro sobre regulação legal do consumo de drogas, para quem o principal mérito do chamado “modelo português” foi ter conseguido “despenalizar todas as drogas sem que isso tenha causado uma perturbação espetacular nos padrões de consumo”.

Mais do que através dos números, escreve o jornal Público, o balanço mede-se pelo facto de os toxicodependentes terem deixado de ser perseguidos criminalmente para passarem a ser tratados como doentes, numa mudança de paradigma que transformou Portugal num exemplo de boas práticas no estrangeiro. “No final dos anos 90 tínhamos cem mil utilizadores problemáticos de heroína por via injetável, era o inimigo número um que tínhamos de enfrentar. Hoje, se tivermos metade disso será muito, e a maior parte deles está em tratamento”, indica João Goulão, diretor do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

“A descriminalização foi importante”, concorda o investigador Luís Fernandes, mas “as vantagens do ‘modelo português’ passam muito pela aposta na redução de riscos e minimização de danos e pela ideia de que as drogas não se resolvem com instrumentos jurídicos e policiais”. Para este investigador da Universidade do Porto com décadas dedicadas ao estudo do consumo de drogas, “não é verdade que o problema da heroína esteja em vias de ser resolvido”.

E entre o que faltou fazer está, em primeiro lugar, a formação dos polícias, para os tornar aliados do tão celebrado “modelo português”. “Continuamos a ter testemunhos de violência policial nos territórios psicotrópicos.

A lei pode dizer que a detenção para consumo próprio em quantidades que não excedam o consumo médio durante um período de dez dias deixou de ser crime, mas o polícia não tem de pesar a droga apreendida e, se lhe apetecer chatear alguém com droga, pode fazê-lo”, aponta. Em segundo, falta “reinvestir nas medidas de redução de riscos, que estão estagnadas, o que implica formar técnicos nesta área”.

Salas importantes para consumidores de heroína
Por último, falta avançar com as famosas “salas de chuto”. “Não se esgotou a sua necessidade. Enquanto houver consumos de drogas duras em certos pontos das cidades e com consumidores ‘crónicos’, estas salas justificam-se, sobretudo para os consumidores de heroína e de base de coca. Estas salas podem ajudar a proteger as populações, aliás a evidência recolhida mostra que funcionam como ‘pacificadores territoriais’”, argumenta Luís Fernandes, para quem “o único motivo por que não avançaram foi a falta de coragem política”.

Sobre as salas de consumo assistido, que voltaram este ano a ser defendidas, quer em Lisboa quer no Porto, João Goulão sustenta que “não houve condições políticas” para as fazer avançar na altura em que eram mais prementes, ou seja, quando o consumo injetável era a regra.

Tantos anos volvidos, apesar de reconhecer que a crise provocou recaídas entre os antigos consumidores de heroína, nomeadamente por via injetável, o diretor-geral do SICAD diz ter dúvidas de “que ainda se justifiquem”. “Não tenho nenhuma resistência de princípio, mas precisávamos de ter uma estimativa mais realista dos utilizadores de crack e da dimensão da população que poderia beneficiar destes dispositivos”, contra-argumenta.

Mas nem na versão do coordenador nacional dos problemas ligados à droga o balanço se pinta exclusivamente em tons rosa. “Durante algum tempo havia uma relativa facilidade em promover a empregabilidade de toxicodependentes em recuperação e hoje é bastante mais difícil e é também mais difícil de defender perante a população em geral, porque arriscamo-nos a ter um cidadão a dizer ‘Ah, tenho de me meter na droga para arranjar emprego’. E é importante que não aumentemos o ostracismo desta população por via de medidas que possam ser sentidas como injustas pela população em geral.”

O desinvestimento político
Muito para além do contexto de crise, a socióloga Susana Henriques, investigadora do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, com trabalhos na área da sociologia dos consumos e das drogas, aponta “o desinvestimento político e científico na área” como principais falhas. O primeiro levou a que o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências ficasse “reduzido e limitado na sua ação”, sobretudo desde que em 2011 o Instituto da Droga e da Toxicodependência deu lugar ao SICAD e a operacionalização das políticas passou para as administrações regionais de Saúde. O segundo levou a uma “substancial redução do investimento na investigação sobre as substâncias psicoativas”. E com isso comprometeu-se, segundo a investigadora, a capacidade de “desenhar estratégias de prevenção adequadas e potencialmente mais eficazes”.

Mais duro nas críticas, o psiquiatra Luís Patrício, um dos fundadores e o primeiro diretor do Centro das Taipas, pioneiro no tratamento da toxicodependência, salienta o desinvestimento na redução de danos e o “frágil e insuficiente” envolvimento das estruturas locais de saúde. “Não temos máquinas para troca de seringas/agulhas 24 horas por dia em locais onde fazem falta. Não temos programa de troca de seringas nas prisões nem tratamento com opióides para todos os que têm necessidade”, exemplifica. 

Experiências ainda são recentes
Diretor do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências diz que situação portuguesa não justifica...

Portugal tomou a dianteira na descriminalização do consumo de drogas, mas o mesmo não se pode dizer em relação à legalização da cannabis. A produção, distribuição e consumo desta substância é já legal em vários pontos do mundo, mas em Portugal as tentativas de legislar nesse sentido, ensaiadas pelo Bloco de Esquerda (para fins terapêuticos) mas também pela Juventude Socialista (para uso recreativo), têm esbarrado contra um muro.

“Não podemos perder de vista que somos signatários de convenções internacionais, nomeadamente no âmbito da ONU, que consagram um paradigma proibicionista relativamente à cannabis e a outras substâncias”, enquadra o responsável pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão, para concluir que “o tempo de incubação” das experiências de legalização que existem lá fora “é ainda curto” para aferir se “os problemas de saúde individual ou coletiva ocasionados por estes consumos aumentam ou diminuem”.

O Uruguai deixou cair o paradigma proibicionista em 2013, reclamando para o Estado um papel de produtor, distribuidor e vendedor de marijuana em doses individuais, escreve o jornal Público. Em Julho de 2015, o Chile legalizou o uso terapêutico e recreativo da cannabis, autorizando os particulares a cultivarem um máximo de seis plantas. Nos Estados Unidos, a cannabis para uso recreativo já é legal em quatro estados (Colorado, Washington, Oregon e Alasca) e a questão vai a votos nas eleições do dia 8 em cinco outros estados (Nevada, Arizona, Califórnia, Maine e Massachusetts). Para Goulão, porém, a situação em Portugal não é comparável com a que se vive na América Latina, por exemplo, onde “a droga mata mais por causa da guerra entre gangs e cartéis do que pelos consumos”.

"Tabaqueiras estão extremamente interessadas"
“Percebemos que há tabaqueiras que estão extremamente interessadas neste novo mercado, até pelo declínio da utilização do tabaco no mundo inteiro, pelo que temos de nos interrogar o que é que estas experiências têm de enormes interesses económicos por detrás”, argumenta ainda Goulão, acrescentando outro argumento à discussão, antes de sublinhar que, quanto ao consumo para fins medicinais, a discussão compete a organismos como o Infarmed e a Ordem dos Médicos.

No somatório de argumentos contra a urgência de legalização, o coordenador do SICAD lembra que em Portugal “a evolução do consumo de drogas tem sido globalmente positiva”, o que põe o país “um pouco ao abrigo da necessidade urgente de alterar o regime legal das drogas”.

Em Portugal, a cannabis surgiu como a droga mais consumida pelos portugueses, com 9,4% da população em geral a reportar pelo menos uma experiência de consumo em 2014 (7,6% em 2001), segundo o último relatório sobre a situação do país em matéria de drogas e toxicodependências. Do mesmo modo, a cannabis foi a droga mais consumida por 49% dos novos utentes em tratamento de ambulatório em 2014 e, em Fevereiro, quando estes números foram divulgados, já Goulão alertava para a “enorme complacência social” que existe em relação à cannabis, uma droga que está cada vez mais potente e que vem desencadeando episódios de urgência, psicoses agudas e esquizofrenia.

Infarmed
As notificações de reações adversas dispararam nos últimos anos, mas a Autoridade Nacional do Medicamento admite que ainda são...

Menos de 4% das reações negativas a medicamentos são notificadas pelos próprios doentes. Um número muito baixo que leva o Infarmed, a Autoridade Nacional do Medicamento, a promover esta semana uma campanha para estimular a notificação de suspeitas de reações adversas.

Hélder Mota Filipe, vogal do Infarmed, explica à TSF que os medicamentos têm o potencial de tratar mas também comportam riscos e as notificações de todos os casos em que algo corre mal são importantes para conhecer reações que não são conhecidas.

Os números do Infarmed mostram que em 2015 este recebeu 5.690 notificações de suspeitas de reações adversas a medicamentos. Um número recorde e mais mil do que no ano anterior, mas apenas 215 (3,8%) vieram dos próprios doentes.

Números muito baixos, mesmo em anos anteriores, que levam a direção do Infarmed a dizer que é preciso diminuir os casos que nunca são conhecidos.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal
A Fundação Portuguesa de Cardiologia, no âmbito das comemorações dos seus 37 anos de existência, realiza rastreios...

Os rastreios irão incluir a avaliação da pressão arterial; medição da glicemia e colesterol; medição do peso e altura para cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal); medição do perímetro abdominal e ainda aconselhamento e resposta a dúvidas. Cada pessoa que realizar o rastreio pode ainda habilitar-se a ganhar seis mensalidades num ginásio da cadeia Holmes Place, parceira da Fundação.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal, representando mais de 30 por cento da mortalidade do país em 2014 o que faz com que a deteção atempada deste tipo de doenças seja importante. “Apesar de alguns bons resultados obtidos em Portugal, é com frustração que reconhecemos que o controlo dos fatores de risco deveria ter melhorado um pouco mais nos últimos anos, o que se deve em grande medida ao facto dos fatores de risco serem essencialmente silenciosos. Por isso, tornam-se necessárias campanhas preventivas mais agressivas e melhor dirigidas. É imperioso aumentar os níveis de diagnóstico e de controlo” afirma Manuel Oliveira Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia.

De 5 a 13 de novembro irão ainda decorrer diversos peditórios: 5 e 6 de novembro em algumas lojas Pingo Doce em Lisboa e Porto e de 7 a 13 de novembro em vários Clubes Holmes Place de Porto (Arrábida Shopping, Boavista e Constituição), Braga, Coimbra, Aveiro e Lisboa (Parque das Nações, Quinta da Beloura, Amoreiras, Avenida da Liberdade, 5 de Outubro e Quinta da Fonte).

A Fundação Portuguesa de Cardiologia foi criada em 1979 e desde então tem desenvolvido o seu trabalho na prevenção das doenças cardiovasculares, através da promoção de hábitos de vida mais saudáveis e do controlo e eliminação dos principais fatores de risco cardiovasculares, através de várias iniciativas, entre as quais, a realização de rastreios cardiovasculares.

Instituto Nacional de Emergência Médica
O Instituto Nacional de Emergência Médica vai entregar hoje 20 Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação a unidades...

Em comunicado, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) refere que, com esta entrega, inicia-se assim “o processo de renovação da frota destes meios de emergência médica pré-hospitalar”.

O Centro Hospitalar Gaia/Espinho, o Hospital Pedro Hispano (Matosinhos), o Centro Hospitalar do Porto, o Centro Hospitalar S. João (Porto), a Unidade Local de Saúde do Noroeste – Hospital de Bragança e os Hospitais de Chaves e de Vila Real do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro são as unidades de saúde do norte que receberão viaturas novas.

Já na região centro, o INEM entregará cinco viaturas ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, ao Centro Hospitalar de Leiria, à Unidade Local de Saúde da Guarda, ao Centro Hospitalar Tondela-Viseu e ao Centro Hospitalar da Cova da Beira.

As restantes oito viaturas “destinam-se à substituição das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER)” dos hospitais de Cascais, e dos centros hospitalares de Setúbal, de Lisboa Ocidental, de Lisboa Central, de Lisboa Norte, do Algarve, do Hospital de Vila Franca de Xira e do Hospital Garcia de Orta, afirma o INEM.

A entrega das novas VMER terá lugar às 15:00, numa cerimónia no Hospital de Cascais, que contará com a presença do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

As VMER destinam-se ao transporte rápido de uma equipa médica ao local onde se encontra o doente e tem como principal objetivo a estabilização pré-hospitalar e o acompanhamento rápido médico durante o transporte de vítimas de acidente ou doença súbita em situações de emergência.

“A rede de VMER do INEM encontra-se atualmente estabilizada e implementada em todo o território continental, com 44 viaturas em funcionamento (14 no norte, 10 no centro e 20 no sul, 17 das quais na região de Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo, e três no Algarve)”, refere ainda o organismo do Ministério da Saúde.

Páginas