Demência
Cuidar de alguém com Doença de Alzheimer é um processo longo e desgastante que pode trazer consequên

A Doença de Alzheimer é o tipo de demência mais comum, estimando-se que afete entre 50 a 70 por cento de todos os casos registados. Um número que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, se espera que  aumente nas próximas décadas como consequência do crescimento das taxas de envelhecimento.

Com causa desconhecida, trata-se de uma doença neurodegenerativa progressiva e irreversível, que afeta as capacidades cognitivas do doente, culminando na perda total da sua autonomia.

Os sintomas iniciais  da doença incluem perda de memória, desorientação espacial e temporal, confusão e problemas de raciocínio e/ou pensamento que levam, consequentemente, a alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, que mostra ter grandes dificuldades na realização das suas atividades de vida diária ao ponto de a tornar completamente dependente.

Nestas condições, o cuidador (familiar ou não) assume um papel de extrema importância na vida do doente de Alzheimer.

“Cuidar de uma pessoa com demência implica um dispêndio significativo de tempo, energia e dinheiro durante, potencialmente, longos períodos. As tarefas podem ser desagradáveis e desconfortávies, psicologicamente stressantes e fisicamente desgastantes”, começa por explicar Catarina Alvarez, psicóloga coordenadora dos Projetos ‘Cuidar Melhor’ e ‘Café Memória’ da Associação Alzheimer Portugal.

A verdade é que, ao contrário do que acontece com outras doenças crónicas, a demência leva ao desenvolvimento de necessidades especiais, de apoio e cuidados, muitas vezes em fases iniciais da doença, que requerem supervisão e vigilância constantes.

De acordo com a especialista, este é um processo longo e que sofre alterações conforme a progressão da doença, provocando um enorme desgaste junto do cuidador.

“O início do processo pode preceder o diagnóstico quando são os familiares que identificam as alterações e encaminham a pessoa para uma avaliação, ou estabelecer-se como consequência deste. A partir daqui, os cuidadores familiares são confrontados com a realidade de terem de assumir funções e tarefas que até então eram asseguradas pela pessoa com demência”, explica.

Deste modo, inicialmente, ajudam o doente “nas atividades instrumentais da vida diária”, como a preparação de refeiçoes, nas tarefas domésticas, na gestão das finanças ou  no apoio à medicação.

Por outro lado, Catarina Alvarez refere que “o seu contributo também é fundamental para atenuar as alterações de comportamento e os sintomas psicológicos associados à doença”.

“Numa fase posterior, as pessoas com demência precisam de apoio nas atividades mais básicas da vida diária, tais como, alimentar-se, cuidados de higiene e a vestir-se”, acrescenta.

A especialista admite que os primeiros tempos são, “para a maioria dos cuidadores e doentes, tempos muito duros”. Não só pelo choque provocado pela inversão dos papeis (quando se trata de filhos a cuidarem dos pais) ou à perda dos referenciais do familiar mas, sobretudo, pelos desentendimentos que a doença, naturalmente, estabelece.

“A demência pode ter um grande impacto no comportamento da pessoa e gerar ansiedade, desorientação, confusão e frustração”, justifica.

Embora, tal como explica, cada pessoa com demência lide de forma diferente e única com estes sentimentos, “são comuns alguns comportamentos” – discurso repetitivo, agitação, desconfiança e, por vezes, agressividade  - que colocam em causa o relacionamento.

Por outro lado, do ponto de vista do cuidador, as preocupações centram-se no futuro e nas repercurssões que a doença possa vir a ter a nível profissional e familiar. “Verificam-se também as preocupações relacionadas com a antecipação de fases mais avançadas da doença e à possível exigência de cuidados exceder a capacidade e recursos do cuidador”, acrescenta a psicóloga.

Deste modo, torna-se vital o apoio ao cuidador. “Importa procurar informação, formação e apoio emocional”, revela acrescentando que o apoio à pessoa com demência e cuidadores deve “ser dado a partir do diagnóstico até aos cuidados de fim de vida”.

Cuidadores queixam-se de falta de apoio

José Lopes acorda todos os dias entre as 6 e as 7 horas para se dedicar em exclusivo à mulher, Alice de 74 anos, que há 12 convive com a doença de Alzheimer.

Apesar dos primeiros sintomas terem surgido há mais de uma década, apenas há quatro chegou o diagnóstico. “Havia sintomas pouco comuns, como a perda de memória...”, revela.

“Naquela altura havia pouca sensibilidade, até na classe médica, para os sintomas de Alzheimer”, justifica José.

A verdade é que,  durante os primeiros oito anos da doença o casal consultou vários médicos e ouviram várias opiniões. “Isso é da idade, é uma demência vascular,  outro dizia que era um défice cognitivo ligeiro...”, enumera.

O diagnóstico surge, em 2012, depois de Alice ter feito “uma ressonância magnética especial e uma punção lombar”. “Já tinha realizados várias TAC mas nos primeiros anos da doença eles não mostravam nada”, acrescenta.

Confirmado o diagnóstico, José admite que foi um choque. “Acabou por ser a confirmação de uma suspeita recente. Embora fosse lendo algumas coisas, nunca cheguei a desconfiar da doença, até aos últimos anos”, afirma.

“Ninguém está preparado para uma situação destas”, revela, sobretudo quando se vê confrontado com uma realidade diferente daquela que encontra na literatura.

“É uma doença sem cura mas o doente pode durar 20 e 25 anos... Ninguém pode imaginar como eu vou aguentar esses 25 anos!”, diz.

Os primeiros sintomas de Alice consistiam, sobretudo, na perda de memória. “Deixou de conseguir usar o cartão multibanco, não sabia como preencher um cheque, ia às compras e vinha com outras coisas que não aquelas que precisava comprar, perdia o rol das compras”, recorda.

Há quatro anos Alice deixou de conseguir cozinhar, de se lembrar que tem de tomar banho ou tomar a medicação.

“Teve ainda uma fase de grande agressividade, porque percebera que perdera as capacidades mas não conseguia compreender o que estava a acontecer”, revela José acrescentando que a doença evolui de mês para mês.

Perante a situação que viveu inicialmente, José admite que existiu dentro dele um conflito ético a respeito da continuidade dos tratamentos. “Se eu não faço nada isto precipita-se e eu livro-me disto mais cedo, se faço prolongo a situação e o meu sofrimento”, chegou a pensar.

“Passada a fase inicial, verifica-se o grande problema de apoio ao cuidador”, acrescenta justificando-se. “Não há para o doente, nem para o cuidador...”, reforça.

Lamenta-se pela falta de apoio médico, referindo que as consultas têm listas de espera demasiado longas – “esperamos um ano para ter consulta” – e revela que os medicamentos têm apenas comparticipação quando receitados pelo especialista.

“O médico de família pode passar a medicação mas ela não tem comparticipação. Para ir ao especialista espero um ano...”, diz.

Perante o desamparo que sentia, José teve de agir por conta própria e aprender sozinho como lidar com a doença.

“Se eu quero fazer alguma coisa tenho de o fazer sozinho”, diz. “Cheguei a ir a um psicólogo mas desisti... Não se consegue encontrar um psicólogo que saiba o que é um doente de Alzheimer”, justifica.

Para além disso, lamenta a falta de apoio familiar que diz existir, por uma razão ou por outra, em todas as famílias. “Todos os cuidadores de Alzheimer passam por esta situação. Os filhos casam, moram fora, durante a semana estão preocupados com o trabalho e no fim-de-semana estão ocupados com os filhos ou os amigos. Outros porque não conseguem ver o familiar assim...”, justifica.

Hoje em dia, Alice “é muito pacífica” e sabe que sofre da doença. “Andei a adiar o ato de lhe explicar a doença. Agora sabe o que tem mas já não compreende muito bem o que isso é”, conta.

Ao fim destes 12 anos, ainda reconhece o marido, os filhos e os netos mas troca os nomes das noras e já não se lembra de familiares mais afastados.

“Eu já estou adaptado”, diz resignado o marido que, por sua iniciativa, aprendeu tudo o que podia aprender para cuidar das necessidades da mulher. “Sou eu que lhe faço os exercícios cognitivos e ela ainda gosta de fazer recortes e sudoku sozinha”, conclui.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dia Mundial da Doença de Alzheimer - 21 de setembro
Um estudo que acaba de ser publicado na conceituada revista Scientific Reports, do grupo Nature, liderado por investigadores do...

O estudo, desenvolvido durante três anos por uma equipa constituída por cientistas alemães, norte-americanos e franceses, contou com a coordenação de Luísa Lopes, investigadora do Instituto de Medicina Molecular (iMM). Num primeiro momento, a investigação demonstrou que o aumento de expressão de A2A, um recetor de adenosina, no cérebro de animais jovens lhes causava défices de memória e alterações no sistema de resposta ao stress semelhantes ao envelhecimento.

“O simples facto de alterarmos a quantidade deste recetor em neurónios do hipocampo e córtex, áreas associadas à memória, induziu um perfil que designamos por envelhecimento precoce, já que causa défices cognitivos e, ainda mais surpreendente, aumento nas hormonas de stress no sangue (o cortisol), tal como se observa em idosos”, explica Luísa Lopes.

Num segundo momento, a investigação constatou que quando estes animais foram tratados com um fármaco análogo à cafeína, tanto as alterações de memória como as alterações ligadas ao stress foram normalizadas. “Isto lança, não só, pistas importantes na relação entre o stress crónico e as perdas de memória ligadas ao envelhecimento, como também identifica a sobreativação do recetor A2A como possível desencadeador das alterações que ocorrem com o envelhecimento”, conclui a investigadora portuguesa.

Este estudo reforça ainda a ideia de que os efeitos benéficos da cafeína, nomeadamente na doença de Alzheimer, são uma consequência da sua capacidade de restabelecer a resposta ao stress ao longo da idade.

Ogilvy Portugal
A Campanha Instantes Alzheimer, para a Associação Alzheimer Portugal, volta a utilizar as redes sociais para sensibilizar a...

Ao longo do dia de hoje, várias figuras públicas e influenciadores irão estar a partilhar uma fotografia desfocada no seu perfil do Instagram. Trata-se da Campanha Instantes Alzheimer, desenvolvida pela Ogilvy para a Associação Alzheimer Portugal, no âmbito do Dia Mundial da Doença de Alzheimer, que se assinala hoje, dia 21 de setembro.

Mariana Monteiro, Nuno Markl, Adelaide de Sousa, Ana Galvão, Helena Costa, Andreia Dinis, Diana Bouça-Nova, Paula Lobo Antunes, Kelly Bailley, Mónica Lince (Blog Mini-Saia) e Sofia Novais de Paula (Blog Diário de um Batom) são alguns dos muitos influenciadores (lista completa em anexo) que não hesitaram em juntar-se a esta campanha, partilhando no seu perfil de Instagram uma fotografia desfocada de um momento que gostavam de recordar para sempre. A publicação apropria-se de uma característica desta rede social, quando as fotografias ainda não estão totalmente carregadas e aparecem desfocadas. Contudo, as fotografias de quem aderiu à campanha nunca irão aparecer focadas.

Cada publicação destes influenciadores terá identificada a página de Instagram da Campanha, InstantesAlzheimer, onde será possível encontrar várias fotografias em branco, numa analogia à memória que os doentes de Alzheimer têm dos momentos mais especiais das suas vidas, um vazio. Um alerta para esta doença que afeta mais de 182 mil pessoas em Portugal.

A campanha dá assim continuidade ao site www.esqueci-me.pt, criado pela Ogilvy em 2014, onde é ainda possível partilhar um “Instante” e fazer um donativo no valor que desejar para a Alzheimer Portugal.

“Esta campanha é mais um ‘grito’ de alerta para esta doença que afeta não só as pessoas com doença de Alzheimer mas também as suas famílias, que veem os seus mais queridos esquecerem-se de todos os momentos e pessoas com quem se cruzaram ao longo da sua vida. É importante estarmos conscientes do que é a doença e em alerta para os primeiros sinais da mesma, quer em nós, quer nos nossos familiares”, alerta Tatiana Nunes, Responsável de Comunicação da Alzheimer Portugal.

A doença de Alzheimer provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas como memória, atenção, concentração, linguagem e pensamento. Ainda sem cura, esta doença afeta mais de 182 mil portugueses.

Para mais informações consultar a página de Instagram InstantesAlzheimer e o site InstantesAlzheimer.

Associação Zero
As cinco cidades portuguesas onde a Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável promoveu hoje medições de ruído com recurso...

"Todas as medições estiveram bem acima do limite legal. A [cidade] que se comportou melhor foi Faro. Estamos muito longe do cumprimento da legislação ", disse Carla Graça, da Zero.

De acordo com os dados recolhidos pela associação, em 24 medições efetuadas em períodos mínimos de 10 minutos, na hora de ponta da manhã (entre as 07:35 e as 09:40), Lisboa registou os valores mais elevados (entre 71 e 72 dBA), seguida de Leiria (69 a 71 dBA), Porto (69 e 70 dBA) e Funchal (65 a 68 dBA).

Faro foi a única cidade a registar valores médios abaixo do limite legal (57 decibéis antes das 08:00 e o mesmo valor em três medições entre as 08:10 e as 08:55), mas às 09:05 o registo subiu para os 69 dBA "talvez porque em Faro a hora de ponta comece mais tarde", notou Carla Graça.

A responsável disse ainda que Leiria constituiu "uma surpresa" pelos valores "elevados" ali registados - as medições foram efetuadas na Praça da República, junto à Câmara Municipal - precisando que embora os valores das cinco cidades "possam parecer baixos", um aumento de um decibel "é um aumento considerável do nível de ruído, porque é uma escala logarítmica e não aritmética".

Ainda segundo Carla Graça, todas as cinco cidades alvo das medições possuem mapas de ruído, mas apenas Lisboa tem medidas de redução aprovadas: "O Porto ou não tem ou não estão certificadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e em Leiria estão em desenvolvimento, o que mostra que há muito ainda a fazer neste campo", declarou.

Carla Graça lembrou ainda que as medições hoje efetuadas, no penúltimo dia da Semana Europeia da Mobilidade, "não são propriamente legais"- já que utilizaram uma aplicação para telemóvel que pode ser descarregada gratuitamente e não equipamentos certificados - mas que a ação teve como objetivo "alertar as pessoas" para o ruído em "zonas críticas" das cidades.

"Qualquer pessoa pode utilizar uma aplicação [do género da utilizada] e assim ter a noção dos níveis de ruído que a rodeiam", adiantou.

As medições foram realizadas em zonas de muito trânsito automóvel - denominadas zonas mistas - em Lisboa (Campo Grande), Porto (viaduto sobre a VCI da Avenida da Boavista), Faro (Avenida Calouste Gulbenkian), Funchal (Avenida Calouste Gulbenkian) e Leiria (Praça da República).

Segundo a Zero, os níveis de ruído ambiente nas zonas mistas não deverão ultrapassar 65 dBA durante o dia e os 55 dBA entre as 23:00 e as 07:00. Em zonas de escolas, hospitais, jardins ou exclusivamente residenciais, que deveriam estar classificadas como zonas sensíveis, os níveis deverão ser 10 dBA abaixo dos verificados em zonas mistas.

Comissão Nacional dos Cuidados Paliativos
Doentes esperam 25 dias por vaga em Lisboa e 2 no Algarve. Plano estratégico para cuidados paliativos é divulgado esta quarta...

A Comissão Nacional dos Cuidados Paliativos, empossada pelo Ministério da Saúde em Junho, quer que a maioria dos hospitais passe a ter unidades de cuidados paliativos para que o Serviço Nacional de Saúde consiga ter uma resposta adequada às pessoas com doenças incuráveis e graves. O Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos – Biénio 2017-2018, a que o jornal Público teve acesso e será hoje colocado em discussão pública, defende a criação deste tipo de unidades em todos os hospitais com mais de 200 camas. Propõe também que, no final de 2018, os hospitais universitários e os três institutos de oncologia (IPO) passem a ter serviços de cuidados paliativos de referência. Atualmente, há 362 camas nesta área e calcula-se que sejam necessárias entre 414 e 517.

Em Portugal, estima-se que entre 75 mil a 89 mil doentes necessitem de cuidados paliativos em cada ano, mas não é possível contabilizar quantas pessoas com doença incurável e progressiva acabam por ter acesso a este tipo de apoio especializado. Apenas se sabe que em 2015 foram internados em unidades de cuidados paliativos 2115 pacientes e que 3715 foram observados por equipas especializadas. Em Portugal, mais de 60% dos óbitos ocorrem em hospitais.

“Não temos números fidedignos porque há doentes que são vistos por equipas intra-hospitalares e essas consultas não são registadas”, explica a coordenadora da Comissão Nacional dos Cuidados Paliativos, Edna Gonçalves. Melhorar o sistema de informação é justamente um dos objetivos traçados no plano estratégico que propõe também um aumento substancial das equipas comunitárias (profissionais que vão a casa dos doentes) - das atuais 20 para entre 66 e101 até 2018. 

No documento propõe-se também a mudança da lógica que preside ao funcionamento de uma parte das unidades de cuidados paliativos atualmente em funcionamento. Das 26 a funcionar, 22 estão integradas na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). Destas, metade estão instaladas em hospitais e as outras funcionam maioritariamente em instituições de solidariedade social. Agora, a comissão sugere  a conversão estas últimas (e são 11 com um total de 183 camas) em unidades hospitalares, “passando a ser financiadas e geridas de forma semelhante aos outros serviços de internamento do hospital, o que permitirá agilizar admissões e altas”.

O problema é que muitas destas unidades surgiram no âmbito da RNCCI, que acolhe doentes em convalescença e reabilitação, o que contribuiu para que se gerasse “confusão” entre estes tipo de cuidados, justifica-se. Por isso mesmo também se desaconselha a abertura de novas unidades de cuidados paliativos no âmbito da RNCCI . "É difícil dar altas nesta rede, o processo é burocrático e demorado", explica Edna Gonçalves.

Mais vagas para doentes
A nova forma de funcionamento permitirá agilizar todo o processo e conseguir, de forma mais rápida, arranjar vagas para os doentes, muitos deles com pouco tempo de vida. Veja-se o que aconteceu em 2015: no Algarve, um doente que necessitou de cuidados paliativos mais complexos aguardou dois dias por uma vaga numa cama hospitalar, enquanto em Lisboa e Vale do Tejo a espera prolongou-se por 25 dias e no Norte, por 13. O segredo da rapidez do Algarve tem uma explicação. “O hospital de Portimão já está a funcionar numa lógica de hospital de agudos. Telefona-se, pede-se uma vaga e o doente entra, à semelhança do que acontece nos cuidados intensivos”, exemplifica a médica.

As unidades de cuidados paliativos da RNCCI que estão localizadas fora dos hospitais públicos, propõe-se ainda, devem, no prazo de três anos, ser convertidas noutra tipologia. "Não se pretende fechar estas unidades", enfatiza Edna Gonçalves. Há várias alternativas. Podem transformar-se noutra tipologia de cuidados, em unidades de convalescença ou equipas domiciliárias. “Não é fechar, é reorganizar e aproveitar os profissionais que lá estão”, insiste a médica, que nota que os cuidados paliativos são uma área de especialização clínica.

Sugere-se igualmente a criação de consultas de paliativos em todos os agrupamentos de centros de saúde (ACES) para que este tipo de apoio chegue a um maior número de doentes . "Há ACES que têm milhares de utentes e precisariam de ter três equipas comunitárias, mas, por enquanto, ter uma já seria muito bom", defende a coordenadora da comissão.

Outro dos objetivos passa por generalizar a formação em cuidados paliativos, teórica e prática, nas faculdades de medicina e também nos cursos de enfermagem.

Estudo
As pessoas portadoras de uma variante do gene FTO - chamado gene da obesidade - que favorece a acumulação de gordura reagem tão...

Isto significa que as pessoas com essa variante genética, que parece estar ligada a um maior risco de excesso de peso, não estão necessariamente condenadas a permanecer assim, de acordo com uma meta-análise publicada na revista médica British Medical Journal (BMJ).

"Indivíduos portadores (da variante) respondem igualmente bem a intervenções para a perda de peso à base de dieta, atividade física ou medicamentos", escreveram os autores do artigo baseado na revisão de oito estudos envolvendo cerca de 10.000 pessoas. Isto significa que a predisposição genética para a obesidade "pode ser pelo menos parcialmente neutralizada por meio de tais intervenções".

Cientistas já tinham demonstrado a associação entre uma variante do gene FTO e o excesso de gordura corporal, escreve o Sapo, mas pouco ou nada se sabe em concreto sobre o funcionamento desse vínculo.

Em 2014, segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 1,9 mil milhões de adultos em todo o mundo tinham excesso de peso. Destes, mais de 600 milhões eram obesos.

O excesso de peso está associado a uma maior predisposição para doenças cardíacas, cancro e acidente vascular cerebral.

Comentando a última investigação, a nutricionista chefe da agência de Saúde Pública da Inglaterra, Alison Tedstone, disse que as causas da epidemia de obesidade podem ter pouco a ver com genes. O estudo acrescenta evidências que "sugerem que fatores ambientais podem ser dominantes sobre os genes comuns ligados à obesidade".

Estudo
Um estudo recente revela que a privação de som pode causar perda auditiva irreversível. Os resultados sugerem que a perda...

"Como é referido neste estudo, é muito importante estar atento aos sinais e realizar uma monitorização da capacidade de audição. As perdas auditivas são frequentemente relacionadas com a exposição ao ruído, mas esta investigação demonstra que existem realmente problemas de audição crónicos que, se não forem tratados, serão irreversíveis", explica Pedro Paiva, audiologista.

O estudo publicado na revista PLOS ONE, realizado por investigadores do Massachusetts Eye and Ear, conclui que a privação de som em ratos adultos causa danos irreversíveis para o ouvido interno. Ou seja, se não for realizado um tratamento adequado, a perda da audição será irreversível, escreve o Sapo.

O Dr. Stephane F. Maison, investigador nos Laboratórios Eaton-Peabody do Massachusetts Eye and Ear, refere que "depois de um ano de privação de som, observámos mudanças dramáticas no ouvido interno, nomeadamente, uma perda significativa das conexões sinápticas, através das quais as células sensoriais enviam sinais elétricos para o cérebro".

"Os resultados sugerem que os audiologistas e médicos devem defender uma intervenção precoce na abordagem a estes problemas do ouvido médio", acrescenta.

 

O ouvido médio é a parte da orelha entre o tímpano e a janela oval, que transmite o som do ouvido externo para o ouvido interno.

Estudo
Uma proteína fabricada pelo minúsculo tardígrado, o animal mais indestrutível do planeta e também conhecido como urso d'...

"O surpreendente é que a proteína que confere essa resistência ao tardígrado pode ser transferida para outras células animais", comentou à agência France Presse Takekazu Kunieda, da Universidade de Quioto, co-autor do estudo publicado na revista científica britânica Nature Communications.

Apelidado de "urso d'água", devido ao seu corpo arredondado, pelo naturalista alemão Johann Goeze, que os descreveu no século XVIII, os tardígrados vivem em todo o planeta. Medem meio milímetro de comprimento e movem-se lentamente graças às suas oito patas com garras, escreve o Sapo.

As maiores qualidades do tardígrado são a sua excecional capacidade de adaptação e a sua incrível resistência a condições extremas que matariam qualquer outro ser vivo. O animal pode passear tranquilamente minutos depois de ter ficado num congelador a temperaturas abaixo de zero ou de ter tomado um banho de água a ferver.

Além disso, tem uma longevidade invejável e resiste às pressões do Espaço.

Em 2007, milhares de ursos d'água viajaram a bordo de uma nave espacial e foram expostos ao vazio do espaço a 270 km de altitude. Após regressarem ao planeta Terra, a maioria desses minúsculos invertebrados não apresentava qualquer alteração biológica e conseguia reproduzir-se normalmente.

Superpoderes que são um enigma
Os tardígrados sobrevivem a pressões equivalentes a 300 vezes à da atmosfera e a doses de raios ultravioletas mortais para a maioria dos organismos vivos. Uma série de "superpoderes" que são um enigma para a Ciência.

Ao sequenciar o ADN do tardígrado, Takekazu Kunieda e seus colegas identificaram nele uma proteína que o protege da radiação. Segundo os cientistas, trata-se de uma proteína específica dos tardígrados.

Ao ampliar as análises laboratoriais, os biólogos constataram que essa proteína pode também proteger as células humanas dos raios X. "É assombroso ver que um único gene é suficiente para melhorar a tolerância às radiações nas células humanas", diz Kunieda, citado pela agência France Presse.

Quando protegido pela proteína do tardígrado, o ADN humano sofre duas vezes menos danos, segundo o estudo.

"Pensamos que a proteína pode funcionar como uma espécie de escudo capaz de proteger o ADN humano contra ataques", explica o biólogo.

De acordo com o estudo, o segredo da incrível capacidade de resistência do tardígrado pode estar no seu genoma.

Nota-se, em particular, a sua resistência à seca extrema. Privado de água, o animal é capaz de se secar completamente e sobreviver com apenas 1% da quantidade de água que contém no seu estado normal. O seu ADN divide-se em múltiplos pequenos pedaços fazendo com que o animal permaneça num estado próximo à ausência de vida, durante o qual a atividade vital se reduz a 0,01% do normal até à chegada de melhores dias.

O mais surpreendente é que, depois, no processo de reidratação, os tardígrados podem reparar o seu próprio ADN danificado e sair ilesos dessa desidratação extrema.

“Há batalhas que deixam marcas” é a divisa da campanha de sensibilização em Portugal
A iniciativa promovida pelo Grupo de Estudos Cancro de Cabeça e Pescoço, enquadra-se na Campanha “Make Sense” da Sociedade...

O Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço (GECCP) junta-se à Campanha “Make Sense”, integrada na 4ª Semana Europeia de Sensibilização para o Cancro de Cabeça e Pescoço, que se assinala entre 19 e 23 de Setembro, este ano sob a divisa “Há Batalhas Que Deixam Marcas”.

A Campanha “Make Sense”, dirigida pela Sociedade Europeia de Cabeça e Pescoço (EHNS) tem como objetivo promover a educação para a prevenção do cancro de cabeça e pescoço, tanto junto da população, como dos médicos de medicina geral e familiar que desempenham um importante papel para assegurar o reconhecimento dos sintomas e o diagnóstico precoce, tornando possível o tratamento. O cancro de cabeça e pescoço é o sétimo mais comum em todo o mundo, afetando 686.000 pessoas.

Durante esta 4ª Semana Europeia, os países envolvidos têm como principal objetivo combater uma doença curável nas suas fases mais precoces, mas muito mutilante e com alta taxa de mortalidade em fases mais avançadas, e cujos principais fatores de risco são o consumo de álcool e tabaco.

Este ano, em Portugal, a Campanha “Make Sense” vai denominar-se “Há batalhas que deixam marcas” e vai ser assinalada com várias iniciativas de sensibilização promovidas pelo GECCP, nomeadamente uma Sessão formativa gratuita dirigida a médicos de medicina geral e familiar, participação na 3ª edição da Marginal à Noite em Matosinhos, distribuição de folhetos informativos e divisas em forma de autocolante pela população e afixação de cartazes nos Centros de Saúde e Hospitais.

“Com esta campanha baseada no conceito “veterano de guerra” pretendemos demonstrar que a luta contra o cancro é uma batalha pessoal que os doentes travam diariamente e que precisam de ganhar. É um caminho penoso e que é preciso lutar como um verdadeiro soldado. E, tal como os soldados quando regressam das suas batalhas, também os doentes ficam com marcas visíveis que os vão acompanhar para o resto da vida” explica Ana Castro, médica oncologista e Presidente do GECCP.

Para apoiar precisamente estas situações o GECCP decidiu lançar no passado dia 27 de julho, Dia Mundial do Cancro de Cabeça e Pescoço, a Petição Pública “Reabilitação oral dos doentes com cancro de cabeça e pescoço pelo SNS”, que já conta com mais de 1000 assinaturas online (http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT82276) e 300 em papel.

Esta petição pretende levar à discussão na Assembleia da República a reflexão sobre a necessidade do Sistema Nacional de Saúde passar a apoiar a reconstrução oral dos doentes com esta patologia para restabelecer a função e a estética da cavidade oral. Isto porque uma das consequências das terapêuticas do cancro de cabeça e pescoço é a extração de dentes. Esta situação implica alterações que condicionam significativamente o estilo de vida do doente, na medida em que afeta capacidades fulcrais do ser humano como a capacidade de comer, falar e engolir.

Com esta campanha o GECCP pretende ainda “recrutar” novos soldados para a dura batalha contra esta doença. Qualquer pessoa pode apoiar os doentes de cancro de cabeça e pescoço a ter sucesso em cada batalha mostrando que não estão a sofrer sozinhos através da utilização da hashtag #HaBatalhasQueDeixamMarcas nas redes sociais.

Os sinais e os sintomas são ainda pouco conhecidos pela população em geral e podem muitas vezes ser confundidos com outras doenças. Feridas na boca que não cicatrizam; manchas vermelhas ou brancas na cavidade oral; língua dorida ou com úlceras; dor de garganta; rouquidão persistente, dificuldade e/ou dor ao engolir; nódulo no pescoço e nariz entupido e/ou hemorragias nasais são alguns dos sintomas que não podem ser ignorados e aos quais se deve ficar alerta se persistirem por mais de três semanas. É bom recordar que o êxito do tratamento desta doença depende muito do diagnóstico precoce.

Os principais fatores de risco são o tabaco - os fumadores têm um maior risco de desenvolver cancro de cabeça e pescoço que os não fumadores; o álcool - os homens que consomem mais de 3 bebidas e as mulheres que consomem mais de 2 bebidas alcoólicas por dia têm um risco maior de desenvolver cancro de cabeça e pescoço, a infeção pelo PapilomA Vírus (HPV) - a incidência do cancro da garganta está a aumentar devido a certos subtipos do vírus HPV (Papiloma Vírus Humano) e as próteses dentárias podem provocar traumatismo crónico da boca. Por vezes ficam mal adaptadas sendo necessário recorrer ao médico dentista.

Para mais informações, visite a Página de Facebook do GECCP e a Página Oficial da Campanha “Make Sense”.

Aumento da população idosa
Portugal tem atualmente a quarta maior percentagem de idosos da União Europeia, no entanto, e segundo as projeções do Instituto...

Numa altura em que existe preocupação da integração e acompanhamento da população idosa e sua inserção na sociedade, e no rescaldo do anuncio em Conselho de Ministros da aprovação da Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável, através da assinatura de um Despacho Conjunto por parte do Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Ministro da Saúde, com os objetivos de, através da cooperação entre os diferentes setores, definir uma estratégia do envelhecimento ativo e da solidariedade entre gerações e contribuir para o desenvolvimento de políticas que melhorem a qualidade de vida dos idosos, que representam mais de um quinto da população portuguesa, sugeria uma abordagem ao tema do envelhecimento e as doenças respiratórias, através de entrevista a um especialista sobre este assunto, até porque a dia 1 de Outubro é celebrado o Dia Internacional das Pessoas Idosas e que medidas podem ser implementadas para os idosos com doenças respiratórias crónicas – grande causa de incapacitação e mortalidade.

Com o aumento significativo da população idosa nos últimos anos em Portugal e em todo o mundo, é importante analisar-se o envelhecimento e a sua ligação às doenças respiratórias, uma das doenças com maior risco de desenvolvimento nesta idade, não só pelos maus hábitos que se cometeram durante anos, como o tabagismo e a prolongada exposição a poluentes, mas também devido às alterações do sistema respiratório e a sua deterioração, inerentes ao envelhecimento. Aliás, é de extrema importância alertar para as doenças respiratórias e sua prevenção, uma vez que são a causa de morte que mais aumentou nos últimos anos (acima das doenças do aparelho circulatório e dos tumores malignos).

Segundo os dados da Direção Regional de Saúde apresentados no relatório “Portugal Maior em Números”, o aumento do número de óbitos, nesta faixa etária, devido a doenças do aparelho respiratório sofreu um aumento visível de 2007 a 2012, passando de cerca de 10 mil para 13 mil pessoas. Estes dados mostram o peso que estas doenças ganham junto da população mais velha.

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónia (DPOC) é uma das doenças que impactam esta faixa da população pois manifesta-se muitas das vezes anos depois de excessos pouco saudáveis, causada pelo fumo dos cigarros. 10 a 15% dos fumadores vêem a sofrer de DPOC, sendo responsável por 90% dos casos da doença, que faz com que os doentes apresentem menores níveis de oxigénio no sangue, o que vai causando a falência dos vários órgãos. Os ex-fumadores e qualquer pessoa exposta ao fumo do tabaco (fumadores passivos) são também potenciais doentes. Também a exposição continuada a irritantes ambientais aliada a alguma predisposição genética constitucional levarão ao surgimento da doença. As alterações anatómicas e fisiológicas do envelhecimento que reduzem a capacidade de reserva pulmonar dos idosos, funcionam em conjunto com a patologia da DPOC para exagerar os sintomas pulmonares associados ao envelhecimento.

As pessoas idosas, com este quadro de insuficiência respiratória e DPOC, têm uma deficiente oxigenação do sangue. Nesta situação, o nível de oxigénio está abaixo do valor que assegura a oxigenação adequada dos órgãos nobres como o cérebro, o coração, o fígado e o rim. Existirão sintomas como a falta de ar com o esforço, limitando a actividade física (incluindo as tarefas da vida diária), perturbação da memória, dificuldade de concentração, entre outros.

A oxigenoterapia ajuda estes casos mais graves, pois é fundamental uma boa oxigenação para a obtenção da energia necessária ao bom funcionamento de todos os órgãos. A oxigenoterapia contribui para a melhoria da tolerância ao exercício físico, faz-se sentir no aumento da capacidade de exercício físico e pela melhoria da tolerância ao esforço. A oxigenoterapia melhora a qualidade de vida do doente. Em alguns casos pode ainda ser recomendada um programa de Reabilitação Respiratória, que pode proporcionar a reabilitação do doente, aumento da capacidade física e capacitação do próprio doente para melhor enfrentar os desafios associados à doença.

Mais dados sobre as doenças respiratórias:

  • Ambos os sexos na faixa etária dos idosos, feminino e masculino, apresentam uma função pulmonar menor, sendo esta diferença maior nos indivíduos do sexo feminino;
  • As doenças do aparelho respiratório têm uma elevada prevalência representando, no seu conjunto, a terceira principal causa de morte no mundo, representando cerca de 19% dos óbitos;
  • Estima-se que em 2020 as Doenças Respiratórias sejam responsáveis por cerca de 12 milhões de mortes anuais.

Mais informação sobre a DPOC:

  • Aparecimento de dispneia, tosse e aumento de produção de secreções brônquicas que se vão tornando mais agudas com a progressão da doença.
  • Em casos mais graves os doentes encontram sérias dificuldades na realização das atividades do dia-a-dia, reduzindo a qualidade de vida.
  • É importante que o diagnóstico da doença seja feito atempadamente e, sempre que possível, deverá ser confirmado por espirometria, método de diagnóstico que permite a avaliação de diversos parâmetros da função pulmonar.
  • O diagnóstico é realizado por espirometria, método de diagnóstico não invasivo que permite a avaliação de diversos parâmetros da função pulmonar e perceber de forma mais detalhada o estadio da doença.
"SOS- Focus on Syrian Medical Students & Doctors"
Jorge Sampaio comprometeu-se, durante a reunião anual da Clinton Global Initiative, em Nova Iorque, com a atribuição de 200...

"Esta iniciativa consolida a noção de que a comunidade internacional precisa de apoiar a comunidade médica local para que se inicie um planeamento estratégico de reconstrução mesmo que a guerra não termine em breve", explica uma nota.

Desde o início da guerra na Síria, segundo um relatório de 2015, morreram mais de 700 médicos, cerca de 50% destes profissionais fugiram do país e muitos estudantes de medicina abandonaram os estudos.

O projeto de Jorge Sampaio, que se chama "SOS- Focus on Syrian Medical Students & Doctors", está integrado na Plataforma Global de Assistência a Estudantes Sírios, que o ex-presidente lançou em 2013 e já permitiu a cerca de 135 estudantes universitários sírios prosseguirem os seus estudos.

O projeto arranca ainda durante o ano letivo 2016-2017, com 20 estudantes em universidades portuguesas, 35 na Jordânia, e até 10 no Iraque e o mesmo número no Líbano.

Estes números aumentarão progressivamente até 2019-2020, ano em que o projeto de três anos terminará.

A iniciativa vai criar três postos de trabalho a tempo inteiro em Lisboa e 12 empregos a tempo parcial na Jordânia, Líbano e Iraque.

A organização diz que "candidaturas de mulheres serão fortemente encorajadas" e tem o objetivo de que pelo menos 30% dos seus participantes sejam mulheres.

Durante esta semana, Jorge Sampaio terá vários encontros com parceiros em Nova Iorque para conseguir apoios para o projeto, que tem um custo estimado de 18,7 milhões de dólares (16,8 milhões de euros).

Jorge Sampaio, que é membro fundador da fundação de Bill e Hillary Clinton, foi no ano passado um dos agraciados na primeira edição do Prémio Nelson Mandela, criado pela Assembleia Geral da ONU para homenagear personalidades que se tenham dedicado a promover os ideais das Nações Unidas.

Em Portugal
As autoridades de saúde estão preocupadas com o elevado consumo em Portugal de sedativos por parte dos jovens, estando já a...

Segundo o “European School Survey Project a on Alcohol and other Drugs (ESPAD)”, Portugal é um dos países da Europa onde os jovens com idades até aos 16 anos mais consomem medicamentos sedativos ou tranquilizantes com receita médica.

Portugal apresenta níveis mais elevados de consumo de tranquilizantes com receita médica do que o resto da Europa, respetivamente 13% e 8%, sendo o segundo país com maior percentagem destes consumos.

“Este é um resultado que para nós acaba por ser algo que nos motiva preocupação. Temos a noção clara de que é uma área em que temos que melhorar”, disse o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, aos jornalistas, à margem da apresentação do relatório.

O governante adiantou que está a já a ser estudado, em conjugação com os médicos de família e todos os profissionais dos cuidados de saúde primários, este novo fenómeno e soluções possíveis para o problema.

“Temos que perceber que tipo de jovens são estes que estão a obter estes sedativos através de receitas medicas, para que patologias, e encontrar mecanismos diferentes para responder às suas necessidades”, afirmou.

Citando os “bons exemplos” de países do norte da Europa, Fernando Araújo adiantou que “há formas alternativas de encontrar boas respostas para a depressão e ansiedade” e que a tutela está “empenhada em encontrar um plano para esse fim”.

Afastando a possibilidade de haver ligeireza por parte dos médicos na prescrição dos medicamentos, Fernando Araújo afirmou ter “a certeza absoluta que quando um médico prescreve é conhecendo esses doentes e achando que essa é a melhor alternativa para aquela situação”.

“Temos que discutir com os médicos alternativas não farmacológicas que conseguem obter resultados iguais ou melhores, que outros países estão a usar, como encontrar e integrar psicólogos e nutricionistas nos cuidados de saúde primários”, acrescentou.

No mesmo sentido, João Goulão, diretor do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), considerou que o “abuso da medicação prescrita exige atenção redobrada, um outro olhar para a questão, perceber que mecanismos subjazem a esse abusos, perceber se há alternativas e se os médicos prescritores poderão deitar mão a alternativas terapêuticas que não passem necessariamente pelo uso de substâncias psicoativas”.

Quanto aos outros resultados do estudo, que apontam para uma melhoria da situação nacional a nível de consumo de álcool, tabaco e drogas, João Goulão defendeu que “as coisas têm corrido de uma forma geral bastante bem”, salvaguardando que não é um problema resolvido, mas uma tendência positiva.

O estudo revela que nos últimos quatro anos o consumo de álcool e tabaco entre jovens até aos 16 anos tem vindo a diminuir na Europa, com Portugal a situar-se abaixo da média europeia, mas ainda assim com consumos elevados de bebidas alcoólicas e perceção de fácil acesso ao tabaco mas sobretudo ao álcool.

Sobre esta matéria, Fernando Araújo mostrou-se aberto para, se for necessário, discutir alternativas e introduzir alterações à lei do álcool, embora para já o caminho aponte mais para medidas preventivas do que proibicionistas.

Isso mesmo foi deixado claro pelo secretário de Estado da Educação, João Costa, que pretende introduzir já no próximo ano letivo o tema no currículo escolar precoce, para moldar a mentalidade dos mais jovens de forma a não procurarem os consumos quando forem mais velhos.

“Estamos a tentar introduzir no currículo a educação para a cidadania e desenvolvimento. Temos os grupos de trabalho a funcionar na expectativa de que em 2017/2018 o currículo passe a ser gerido com flexibilidade de forma a integrar dimensões de projeto de educação para a cidadania em articulação com as áreas curriculares”, afirmou.

João Costa sublinhou que hoje existem “bons resultados na educação para a saúde, porque se começou no primeiro ciclo”.

Nessa idade “não há uma preocupação de consumo, não há preocupação de acesso, mas há uma preocupação de tomada de consciência, que leva a que na idade em que o acesso existiria, não recorrem”, acrescentou.

Estudo Europeu
Portugal é um dos países da Europa onde os jovens com idades até aos 16 anos mais consomem medicamentos sedativos ou...

Segundo o estudo, que apresenta as grandes tendências de consumo de álcool e drogas por alunos com idades até aos 16 anos, entre 2011 e 2015 na Europa, a percentagem de consumidores de medicamentos sem receita médica está estabilizada nos 6%, sendo mais baixa em Portugal (5%).

A situação inverte-se quando se trata de medicamentos com receita médica, pois embora este consumo esteja também estabilizado, Portugal apresenta níveis mais elevados do que o resto da Europa, respetivamente 13% e 8%.

De acordo com o estudo, em 2015, os países com maiores percentagens de consumos de medicamentos com receita médica foram a Letónia (16%) e Portugal (13%).

Quanto ao consumo do mesmo tipo de medicamentos sem receita médica, destacaram-se a Polónia (17%) e a República Checa (16%).

Globalmente há mais raparigas do que rapazes a consumir medicamentos.

Também o “Estudo sobre os Consumos de Álcool, Tabaco, Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências-2015”, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD), apresentado em março, já tinha dado conta desta tendência “preocupante” em Portugal.

Na altura foi revelado que uma em cada cinco raparigas com idades entre os 13 e os 18 anos tomava tranquilizantes ou sedativos, a maioria com prescrição médica.

Fernanda Feijão, autora daquele estudo, considerou na altura que era importante perceber “como é que há uma percentagem tão elevada de raparigas a precisar de medicamentos”.

A responsável indicou que este é um indicador em que “costumamos estar acima da média europeia”.

Portugal abaixo da média europeia
Nos últimos quatro anos o consumo de álcool e tabaco entre jovens até aos 16 anos tem vindo a diminuir na Europa, com Portugal...

As conclusões constam do “European School Survey Project on Alcohol and other Drugs (ESPAD)” entre 2011 e 2015, feito junto de alunos que completaram 16 anos no ano da recolha de dados.

Relativamente a “grandes tendências”, nesse período os resultados a nível europeu apontam para descidas no consumo de álcool e tabaco e para uma estabilização no consumo de drogas, na maioria dos países.

“Os resultados de Portugal estão para a maioria dos indicadores abaixo ou dentro da média europeia, com exceção das ‘novas substancias psicoativas’, com níveis de consumo muito baixos, e dos tranquilizantes/sedativos com receita médica, com níveis muito elevados.

No que respeita ao álcool, a percentagem de alunos europeus que já experimentaram estas bebidas ronda os 81%, os que beberam no último ano situam-se nos 71% e os que declaram um consumo corrente (últimos 30 dias) andam pelos 47%.

Estes valores traduzem maioritariamente uma diminuição, sendo que em Portugal os valores são mais baixos: 71% tinham experimentado bebidas alcoólicas, 66% tinham-nas consumido no último ano e 42% beberam no último mês.

Quanto a bebedeiras apanhadas por alunos portugueses, os números baixam consideravelmente para 22% nos últimos 12 meses (28% na Europa) e para 9% nos últimos 30 dias (13% na média europeia).

Na maioria dos países diminuiu a percentagem de alunos que tiveram consumos intensivos esporádicos nos últimos 30 dias (binge drinking), traduzindo uma média de 35%, embora seja alta em alguns países e bem mais baixa em Portugal (20%).

A perceção da facilidade de acesso ao álcool está a diminuir, mas mesmo assim continua alta: 78% na Europa e 79% em Portugal.

Em 2015, a Dinamarca e a Áustria encabeçavam os países com maiores prevalências de embriaguez e binge drinking. Portugal estava entre os países com menos consumos intensivos.

Relativamente às drogas, a percentagem de alunos que até aos 16 anos já tinham experimentado está a estabilizar: 16% em Portugal (18% média europeia), sendo a cannabis a mais experimentada (17% na Europa e 15% em Portugal), a mais consumida no último ano (13% na Europa e em Portugal) e no último mês (7% na Europa e em Portugal).

As “outras drogas” (sem cannabis, nem novas substancias psicoativas) têm níveis de consumo mais baixos (5% de média europeia e 4% em Portugal), mas as novas substancias psicoativas em alguns países são mais consumidas do que “outras drogas”, sendo a média europeia de experimentação de 4% e em Portugal apenas 1%.

A perceção da facilidade de acesso às drogas estável, com uma média de perceção de acesso fácil ou muito fácil a rondar os 32%.

Em 2015, o país com maiores percentagens de experimentação e com maiores percentagens de consumos correntes de cannabis foi a França.

Globalmente, os rapazes consomem mais cannabis e bebem mais álcool do que as raparigas.

No que respeita ao tabaco, o seu consumo está a diminuir globalmente, com 47% dos jovens europeus a assumirem terem experimentado, bastante mais do que a média portuguesa (37%).

Os que declararam consumos correntes (22% na Europa e 19% em Portugal) diminuíram, assim como os que declararam consumos diários (13%, contra 9% portugueses).

A perceção da facilidade de acesso ao tabaco está a diminuir, mas continua alta (a rondar os 60%), e a percentagem dos que começaram a fumar antes dos 13 anos também está em queda (cerca de 24%).

Globalmente já há mais raparigas do que rapazes a consumir tabaco.

Relativamente a outros comportamentos aditivos, os jogos na internet são praticados por cerca de 23% dos alunos, 4 ou mais dias por semana, sendo que em Portugal essa percentagem situa-se nos 20%

Trata-se de uma atividade maioritariamente masculina, praticada em Portugal por 39% de rapazes e 5% de raparigas.

Já o jogo a dinheiro, foi declarado nos últimos 12 meses por 6% dos jovens portugueses, menos de metade do registado na Europa (14%), sendo igualmente uma atividade mais masculina (14% de rapazes e 4% de raparigas em Portugal).

Balanço de Verão
No verão passaram pelos postos de saúde de praia e pela consulta do turista no Algarve aproximadamente 13.000 pessoas, das...

Em comunicado, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve adianta que, entre os meses de julho e setembro, foram efetuadas 4.507 consultas médicas na Consulta do Turista, tendo sido registados 8.433 atendimentos de enfermagem nos postos de praia espalhados pelo litoral algarvio, até ao final de agosto.

Segundo a ARS/Algarve, foram realizados 3.908 tratamentos, 2.808 atendimentos devido a picadas de peixe-aranha e insetos, 1.031 medições de pressão arterial, 294 para administrar injeções e 279 para realizar testes de glicemia, tendo sido registados durante este período 113 encaminhamentos para outras unidades de saúde.

Os postos de praia com maior número de atendimentos registados durante este verão foram os de Monte Gordo (681) e Manta Rota (660), no concelho de Vila Real de Santo António, Armação de Pêra (543), em Silves, e da Ilha da Armona (424), em Olhão.

Os centros de saúde e extensões de saúde de Tavira (971) e Armação de Pêra (844) foram os locais com maior número de atendimentos durante este período, seguidos por Quarteira (594), concelho de Loulé, Vila Real de Santo António (533) e Altura (450), concelho de Castro Marim.

"Destinadas essencialmente a turistas (…), estas consultas contribuíram para garantir uma maior e mais rápida acessibilidade aos cuidados de saúde de proximidade no período do verão, evitando uma maior afluência de pessoas às urgências hospitalares, por vezes desnecessárias", lê-se no comunicado.

A Consulta do Turista funcionou entre 04 de julho e 18 de setembro através do alargamento de horário de atendimento e reforço das consultas de atendimento complementar nos concelhos do litoral algarvio, onde se regista habitualmente a maior afluência de turistas.

Os postos de praia, geridos pela ARS/Algarve em colaboração com a Cruz Vermelha Portuguesa, funcionaram ao abrigo do Plano de Verão 2016.

 

 

Cancro
O investigador Nuno Rodrigues dos Santos, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde do Porto (i3S), anunciou hoje que a...

As leucemias agudas de linfócitos T são doenças malignas que afetam maioritariamente crianças e adolescentes, mas também adultos. A maioria dos casos infantis são curados por quimioterapia, mas uma percentagem significativa destes e a maioria dos pacientes adultos não responde ao tratamento, sofre recidiva e, eventualmente, sucumbe à doença.

Esta nova descoberta, realizada com a colaboração de equipas de investigação francesas e já publicada na revista científica internacional Cancer Discovery, permite que quando este tipo de leucemia não responde aos tratamentos convencionais "possa ser atingida por esta nova terapia, com anticorpo monoclonal, de forma complementar", como explicou à Lusa Nuno Rodrigues dos Santos.

O trabalho dos investigadores incidiu sobre o recetor TCR (proteína existente na membrana de células), que se encontra em todos os linfócitos T (células) e é essencial para estes reconhecerem organismos invasores e desencadear uma resposta imunitária.

A equipa de Nuno Rodrigues dos Santos verificou que “a estimulação do TCR através de um antigénio ou da inoculação de um anticorpo específico curava ou prolongava o tempo de vida dos murganhos (ratinhos) com leucemia”.

“As experiências nos ratinhos foram bastante convincentes, tanto em leucemias no ratinho como em leucemias humanas transplantadas no animal funcionaram de forma bastante eficaz. Em todos os casos há uma regressão e alguns ficaram curados”, afirmou o investigador.

Nuno Rodrigues dos Santos frisou que esta descoberta “poderá ser útil para certo tipo de leucemias, nomeadamente para grupos de doentes que não respondem a certas terapias convencionais, como a quimioterapia”.

Numa situação normal, quando o TCR é estimulado, o linfócito T reage multiplicando-se, iniciando a resposta imunológica. No entanto, verificaram os investigadores que “quando se estimula o TCR num linfócito leucémico a resposta é diferente, em vez de se multiplicarem, os linfócitos T estimulados morrem”.

Salientou, contudo, que antes de passar à fase de ensaios clínicos “devem ser feitos mais ensaios pré-clínicos, precisamente para demonstrar que este composto pode eliminar completamente este tipo de leucemias, em combinação com agentes quimioterápicos”.

Os investigadores começaram por estudar ratinhos de laboratório com leucemia, tendo assim descoberto que “a estimulação do TCR, seja através de um antigénio, seja inoculando um anticorpo monoclonal específico, curava ou prolongava” o tempo de vida dos animais.

“Verificámos que a estimulação do TCR, através da administração de um anticorpo específico, levava à morte de células leucémicas humanas em experiências de cultura celular e à regressão da leucemia em ratinhos imunodeficientes transplantados com leucemias humanas”, sustentou.

Agora que o artigo foi publicado, o biólogo investigador pretende avançar para a fase seguinte, que visa “perceber como é que as células morrem, saber qual é o mecanismo exato”, antevendo “o possível desenvolvimento de resistência”.

“A resistência é um dos fenómenos mais frequentes na resposta ao tratamento do cancro, queremos descobrir como é que as células podem escapar a isso e, desse modo, pensar já noutras alternativas para o tratamento da leucemia”, disse.

Para o investigador, “o interessante deste trabalho foi precisamente mostrar que o recetor TCR tinha uma função inesperada”.

“Os investigadores tinham indícios de que a estimulação deste recetor até favorecia a leucemia, ou seja, ela proliferava ainda mais. Mas não é o caso, nós demonstramos aqui que tem uma função precisamente antagónica. O aspeto mais inovador foi determinarmos que o TCR é o chamado ‘ponto fraco’ ou o ‘Calcanhar de Aquiles’ desta leucemia e que pode ser explorado como terapia”.

Nuno Rodrigues dos Santos é investigador principal no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) desde Março de 2016. Em 2008 iniciou o seu laboratório no Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) na Universidade do Algarve, onde foram realizadas as experiências agora publicadas.

Iniciativa APCOI
Aumentar consumo de fruta é a meta da iniciativa "Heróis da Fruta" que registou subida de 42% em edição anterior.

A ingestão diária de pelo menos três porções de fruta é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), porque a fruta contém vitaminas e minerais insubstituíveis por outros alimentos. Contudo, a realidade nacional é bem diferente, 7 em cada 10 crianças portuguesas não comem essa quantidade por dia. O consumo de fruta abaixo destas recomendações provoca carências nutricionais com efeitos muito negativos para a saúde: diminui os níveis de energia, de concentração, de aprendizagem e das defesas do organismo, tornando as crianças mais sujeitas a doenças como a obesidade ou a diabetes tipo 2, logo desde a infância. As conclusões são do estudo da Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI) que analisou uma amostra de 18 mil crianças, em idade escolar, entre os 2 e os 12 anos, representativa das sete unidades territoriais portuguesas (NUTS II).

Os resultados do estudo da APCOI por região são ainda mais alarmantes: as crianças dos Açores foram as que apresentaram a maior percentagem de consumo de fruta abaixo das recomendações com 83,6%, comparativamente às restantes regiões portuguesas. No ranking regional dos alunos que comem menos fruta na dose certa seguem-se a Madeira com 79,9%, o Alentejo com 77,4%, a região Centro e a região Norte, ambas com 74,2% e o Algarve com 73,6%. Lisboa e Vale do Tejo foi a região que registou a menor percentagem de crianças que ingerem fruta abaixo das recomendações, apesar de ainda assim ser um valor demasiado elevado: 72,4%.

Foi precisamente para lutar contra este grave problema de saúde pública que a APCOI lançou às escolas uma iniciativa que promove o combate à má nutrição das crianças a que chamou projeto «Heróis da Fruta - Lanche Escolar Saudável».

Para Mário Silva, presidente e fundador da APCOI «O projeto heróis da fruta foi criado para ser uma ferramenta de reeducação alimentar e de educação para a saúde para intervir no contexto escolar e incentivar a ingestão de fruta e outros alimentos saudáveis nas refeições das crianças. Trata-se de um modelo pedagógico chave-na-mão que qualquer estabelecimento de ensino poderá colocar em prática de forma muito simples e gratuita».

Após efetuar a inscrição, as escolas recebem acesso aos materiais pedagógicos, sem qualquer custo. Mário Silva afirmou ainda que «os resultados das edições anteriores comprovam que a aplicação do modelo pedagógico dos heróis da fruta aumenta o consumo de fruta no lanche escolar das crianças que nele participam».

Segundo os resultados do estudo, os investigadores da APCOI, verificaram que 1 em cada 4 crianças que integraram o programa motivacional «Heróis da Fruta – Lanche Escolar Saudável» aumentaram o seu consumo diário de fruta, em apenas 12 semanas. As conclusões a nível regional colocam a Madeira no topo do ranking com 62,3% de aumento de consumo de fruta nos alunos participantes. As regiões seguintes que registaram maior aumento de ingestão diária de fruta foram o Alentejo com 47,5%, seguido da região Norte e dos Açores ambos com 43,1%, a região Centro com 42,4%, Lisboa e Vale do tejo com 41,5% e em último lugar a região do Algarve com 39,5%.

Depois do sucesso das edições anteriores, a APCOI pretende estender no ano letivo 2016/2017, a adesão ao projeto «Heróis da Fruta – Lanche Escolar Saudável» a todos os jardins de infância e escolas de 1º ciclo, de todas as regiões do país. As inscrições para a 6ª edição desta que é já considerada a maior iniciativa gratuita de educação para a saúde em Portugal já estão abertas e prolongam-se até 14 de outubro de 2016. 

Demência
A estabilização do número de casos de Alzheimer e a queda no número de novos doentes nos países desenvolvidos lançam luzes de...

A tendência, inesperada num contexto de previsões alarmistas, é observada particularmente para a taxa de novos casos na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, segundo estudos recentes.

A baixa incidência (taxa de novos casos) da doença de Alzheimer e de tipos de demências semelhantes em pessoas maiores de 65 anos é "uma tendência nítida", afirma o epidemiologista Philippe Amouyel, do Instituto Pasteur-CHRU, em Lille, no norte da França.

A notícia é avançada pela agência de notícias France Presse. A quantidade total de casos deverá aumentar, mas tendo em conta a quantidade maior de pessoas que vivem mais tempo graças ao aumento da esperança média de vida. "Limitámos o fluxo, mas sem conseguir detê-lo", afirma David Reynolds, da associação britânica Alzheimer's Research UK (Aruk).

Os custos económicos e sociais das demências atingem os 818 mil milhões de dólares e é um valor que não está a diminuir, segundo o relatório de 2015 dos especialistas da federação Alzheimer Disease International (ADI).

Vinculado ao envelhecimento, a Doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência, sendo responsável por 60% a 70% dos casos. A demência vascular é a segunda causa. No entanto, a associação entre as duas doenças é comum, de acordo com especialistas.

A doença de Alzheimer leva a uma deterioração da memória e de outras faculdades intelectuais e, progressivamente, a uma perda de autonomia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há cerca de 47,5 milhões de pessoas com demências em todo o mundo e 7,7 milhões de novos casos todos os anos, ou seja um a cada quatro segundos.

O Reino Unido, um dos países analisados no estudo (que também incluiu Espanha, Suécia, Holanda, entre outros), registou uma queda de 20% na taxa de incidência global da demência nas últimas duas décadas. Segundo um estudo publicado em abril na revista científica Nature Communications, o país contava com 209.000 casos novos em 2015, muito abaixo dos 251.000 apontados em previsões de 1991.

Mais de 100 anos depois da identificação da Doença de Alzheimer, ainda não existe um tratamento que permita curá-lo ou travar a sua evolução.

As causas da doença, que implica o aparecimento de proteínas anormais no cérebro, continuam a ser objeto de debate. Estudos recentes sugeriram que a poluição pode ser um dos responsáveis pela doença. Entre as hipóteses que podem explicar a estabilização da taxa de novos casos de demência está uma melhoria no índice de qualidade de vida e educação, assim como uma redução dos riscos cardiovasculares devido ao avanço de tratamentos para a hipertensão e colesterol alto.

"Qualquer coisa que ajuda a reduzir o risco cardiovascular parece ser benéfica, como a atividade física, uma alimentação saudável nos moldes da dieta mediterrânea e não fumar", resume Amouyel.

Além disso, de acordo com alguns estudos, tudo o que faz o cérebro trabalhar, como estudos superiores ou atividades como palavras cruzadas, sudoku, leitura, jardinagem, trabalhos manuais, assim como o facto de não viver isolado contribuem para reduzir o risco de demência.

Por outro lado, outras doenças podem inverter a tendência, como a progressão da diabetes, a obesidade e o sedentarismo, alertam especialistas dias antes do Dia Mundial do Alzheimer, esta quarta-feira (21/09).

O número de casos de demência pode atingir os 75,6 milhões em 2030 e os 135 milhões em 2050.

 

Estudo
A expansão das chamadas superbactérias, resistentes a todos os tratamentos médicos existentes, pode desencadear uma crise...

A resistência antimicrobiana está a aumentar e, no futuro, muitas doenças infecciosas poderão não ser tratadas, o que implicará custos avultados para os Estados e o aumento do número de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. Esse problema, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pode representar um custo de até 100 mil biliões de doláres em 2050.

"Devemos saber que, a não ser que seja enfrentado rapidamente e com seriedade, o problema da resistência aos antibióticos terá consequências desastrosas para a saúde humana e animal, para a produção de alimentos e para a economia global", adverte a diretora-geral da OMS, Margaret Chan.

Intitulado "Doenças resistentes aos medicamentos: uma ameaça para nosso futuro económico", o relatório analisa o que pode acontecer caso os antibióticos e outros remédios antimicrobianos deixarem de surtir efeito. A propagação das doenças levaria cerca de 28 milhões de pessoas à pobreza extrema até 2050, especialmente nos países em desenvolvimento, indica o relatório.

"O mundo mostra uma tendência de redução da pobreza extrema até 2030, aproximando-se da meta de menos de 3% da população nessa situação. Mas a resistência aos antibióticos põe em risco esse objetivo", acrescenta.

Por outro lado, os países de menor rendimento podem perder mais de 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) até 2050.

Esta questão será abordada esta semana numa sessão especial na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. "A dimensão e a natureza desta ameaça poderia levar-nos a um retrocesso nos êxitos alcançados no desenvolvimento e poderiam afastar-nos dos nossos objetivos de erradicar a pobreza extrema", ressaltou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.

Relatório
As interrupções de gravidez por opção da mulher continuaram a diminuir em 2015, que registou o número mais baixo desde 2008,...

O aborto por opção da mulher até às dez semanas representa a esmagadora maioria (96,5%) de todas as interrupções de gravidez feitas no ano passado.

O relatório com os registos de interrupção da gravidez está disponibilizado no micro site “Saúde Sexual e Reprodutiva” da Direção-geral da Saúde e os dados tinham sido hoje avançados pelo Jornal de Notícias.

Quanto ao aborto por opção da mulher, diminuiu 1,9% entre 2014 e 2015, tendo sido feitas 15.873 interrupções por decisão da grávida.

Trata-se do número mais baixo desde 2008, primeiro ano completo desde que entrou em vigor a lei que despenalizou o aborto até 10 semanas de gravidez.

Entre 2008 e 2011 houve uma tendência de subida das interrupções, que começaram a descer a partir de 2012, com um decréscimo acentuado de 6,6% nesse ano. Também de 2013 para 2014 se verificou outra descida significativa, de 8,7%.

Em relação aos dados do ano passado, o relatório mostra que metade das mulheres que abortaram por opção referiram ter um ou dois filhos, sendo que 42,3% ainda não era mãe, dados semelhantes aos verificados em anos anteriores.

Quanto a interrupções de gravidez anteriores, 70% das mulheres que decidiram abortar em 2015 nunca tinha realizado qualquer outro aborto, 21% já tinham feito uma intervenção, quase 6% tinha feito duas e 2,5% já tinham realizado três ou mais.

O documento da DGS exibe ainda que mais de sete em cada 10 abortos foram feitos em unidades oficias do Serviço Nacional de Saúde.

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