Nascer Cidadão
No início de Julho, o ministro da Saúde admitiu que ainda havia cerca de 1,2 milhões de pessoas sem médico de família e...

Foi preciso mais de um ano para que a promessa de dar um médico de família a todas as crianças à nascença em Portugal fosse regulamentada para poder entrar em vigor. Agora, a data está marcada: a partir do próximo dia 1 de Setembro, todos os recém-nascidos ficam automaticamente inscritos, pela unidade de saúde em que nascem, na lista de utentes do médico de família da mãe ou do pai, no âmbito do projecto “Nascer Cidadão”.

Prometida ainda pelo anterior Governo, esta medida é uma prática já habitual em muitos centros de saúde, que entendem que as crianças devem ter prioridade na inscrição, mas só agora fica regulamentada.

O médico de família da mãe prevalece, no caso de os pais se encontrarem inscritos em diferentes listas de utentes, segundo o despacho do Ministério da Saúde que vem regulamentar a forma como a atribuição dos médicos de família aos recém-nascidos será efectuada. No despacho publicado na passada sexta-feira em Diário da República, estipula-se ainda que a mãe e o pai devem ser inscritos na lista de utentes do médico de família da criança “logo que possível”.

Se nenhum dos pais tiver um médico de família atribuído (e ainda é substancial a fatia da população nessa situação), a instituição onde o bebé nasceu terá de comunicar a “Notícia de nascimento” ao coordenador do centro de saúde mais próximo da residência da criança.

Nestas situações, caberá ao coordenador da unidade funcional do centro de saúde mais próximo – onde os profissionais estão organizados ou em Unidade de Saúde Familiar (USF) ou em Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados  (UCSP) – proceder à inscrição da criança na lista de utentes de um médico de família, "preferencialmente" de uma USF, a não ser que um dos pais "declare expressamente preferência" por uma UCSP. As USF são unidades constituidas voluntariamente por um grupo de profissionais e têm autonomia.

A promessa de dar um médico de família a todas as crianças é ainda do anterior Governo e foi publicada no final de Julho de 2015. Mas ficou então estabelecido que apenas entraria em vigor com a do Orçamento do Estado para 2016. A lei da Assembleia da República estipulava que “nenhuma criança fica privada de médico de família” e adiantava que a medida seria possível através do reforço do número de médicos de família. Acrescentava, então, que o Governo ia fazer um “levantamento exaustivo" de todas as crianças sem médico de família e que ia criar para os futuros recém-nascidos “um processo automático de atribuição de médico de família, a requerimento dos seus representantes legais”.

Esse direito também abrange as crianças estrangeiras residentes em Portugal, referia o diploma, que garante que, “em nenhuma circunstância, outros cidadãos serão privados” do mesmo. No início de Julho passado, o ministro da Saúde admitiu que ainda havia cerca de 1,2 milhões de cidadãos sem médico de família e anunciou que tenciona reduzir este número para metade até ao final do ano.

Investigação
A possibilidade de uma pessoa ficar doente depende de um grande número de fatores que vão desde a alimentação, a qualidade do...

Esta é a conclusão de um estudo da Universidade de Cambridge que provou que é de manhã que os vírus podem ter um impacto mais nocivo para a saúde.

Segundo os investigadores, citados pela BBC, em causa está o facto das células que combatem e sofrem com os vírus mudarem consoante o relógio biológico da pessoa, ficando mais fracas de manhã.

Publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo teve por base testes feitos em ratos de laboratório, que foram submetidos à infiltração do vírus da gripe e do vírus do herpes. Aqueles que foram infetados de manhã apresentaram níveis virais dez vezes maiores do que aqueles que tiveram em contacto com o vírus à tarde.

Diz ainda o estudo que é de manhã que o relógio biológico dá mais espaço de manobra aos vírus, o que, para os investigadores, pode ser uma explicação para o facto das pessoas que trabalham por turnos serem mais propensas a ficar doentes do que aquelas que têm uma rotina constante.

Atendimento hospitalar
O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes anunciou hoje que espera acabar até ao fim do ano com a lista de espera das primeiras...

Em comunicado, o Centro Hospital de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) revela que estas consultas, inseridas num “programa específico” iniciado em junho, se realizam “num sábado de cada mês, entre as 08:00 e as 20:00”.

“Até ao final deste ano, serão efetuadas cerca de mil primeiras consultas, o que levará ao desaparecimento total da lista de espera das primeiras consultas desta especialidade”, refere o CHTMAD.

De acordo com aquela unidade hospitalar, “em média são realizadas 150 primeiras consultas por mês ao abrigo deste programa”.

O CHTMAD acrescenta que a iniciativa foi determinada “com a estreita colaboração e acordo de todos os profissionais de saúde da especialidade”, que “disponibilizaram o seu tempo, sem retribuição, para a resolução do problema”.

“O Serviço de Neurologia do CHTMAD E.P.E iniciou, desde junho, um programa específico para reduzir a lista de espera das primeiras consultas”, descreve o centro hospitalar, referindo que o problema estava “por resolver desde 2013”.

O CHTMAD espera, “com este trabalho de equipa”, aumentar a “capacidade de resposta” da especialidade de Neurologia e “melhorar os cuidados de saúde prestados nesta região”.

 

Cirurgias
Mais de 7.000 doentes foram transferidos para outros hospitais, também do Serviço Nacional de Saúde (SNS), onde realizaram a...

Segundo este organismo, as transferências de doentes entre hospitais do SNS ascenderam a 7.235 até meados de agosto de 2016.

Este valor representa “uma duplicação do fluxo de utentes entre instituições do SNS face ao período homólogo do ano anterior”.

“Este aumento surge na sequência da criação do Programa de Incentivo à Realização de Atividade Cirúrgica dentro do SNS, que teve início em maio de 2016, e que conta já com a participação de 62 serviços cirúrgicos de 18 instituições hospitalares do SNS”, lê-se na nota da ACSS.

Também foi registado um aumento da produção cirúrgica interna dos hospitais do SNS durante o primeiro semestre de 2016: mais 3,9 por cento.

A cirurgia de ambulatório cresceu sete por cento em relação ao período homólogo.

O Programa de Incentivo à Realização de Atividade Cirúrgica no SNS visa rentabilizar a capacidade cirúrgica instalada na rede de estabelecimentos públicos e está aberto a todas as instituições hospitalares do SNS que “reúnam condições para responder com eficácia e de forma atempada à população, de forma a cumprir os tempos máximos de resposta garantidos”.

 

Hospitais
Gestor de caso pode ser o médico de família, um enfermeiro ou psicólogo. Em 2015, mais de dois milhões de doentes que foram às...

Ter um gestor de caso, uma espécie de tutor, para acompanhar os doentes que vão com muita frequência aos Serviços de Urgência (SU) é uma das hipóteses que a tutela está a estudar para combater um problema há muito tempo diagnosticado em Portugal, mas que continua por resolver e até se agravou no primeiro semestre deste ano — o excessivo recurso às urgências hospitalares em Portugal.

“O gestor de caso poderá ser o médico de família, um enfermeiro ou um psicólogo”, adiantou ao PÚBLICO a presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), Marta Temido, que lembra que esta estratégia já foi ensaiada noutros países. Será, sublinha, “alguém que sinaliza e reforça o acompanhamento nos cuidados de saúde primários [centros de saúde] deste tipo de população de maior risco e que por isso necessita de ter um apoio diferenciado”. Alguém a quem o doente possa telefonar quando tem problemas de descompensação de doenças crónicas, exemplifica. Por utilizador frequente entende-se o doente que vai mais de quatro vezes por ano aos SU e ainda há o chamado “hiperfrequentador” — o que suplanta uma dezena de episódios de urgência anuais.

A proposta do gestor de caso que avançará em projecto-piloto deve ser anunciada em Setembro, mas a ACSS ainda está a estudar o perfil destes doentes que representam uma fatia importante do trabalho e da despesa nos SU. Em 2015, os gastos com urgências hospitalares ascenderam a 350 milhões de euros para um total de mais de 6,1 milhões de atendimentos, revela esta entidade que gere os recursos do Serviço Nacional de Saúde.

Em simultâneo, a ACSS está a preparar a introdução de incentivos em 2017, nos cuidados de saúde primários, para os centros de saúde que consigam um maior controlo dos seus doentes crónicos, a fim de evitar a descompensação e agudização dos seus problemas, porque se sabe que é este tipo de fenómeno que muitas vezes os leva a ter de recorrer aos SU. Isto significa introduzir nos centros de saúde, como já se fez nos hospitais este ano, estímulos financeiros para evitar o aparecimento dos tais utilizadores frequentes.

Ao mesmo tempo, a ACSS está a tentar identificar situações problemáticas, por exemplo, em lares de idosos, que possam ter respostas nos cuidados continuados, em vez de nos hospitais. “Portugal tem um problema de sobreconsumo das urgências, é preciso continuar a apostar em campanhas de informação, mas alguma coisa está a falhar nos cuidados de saúde programados”, considera Marta Temido. “É  verdade que temos de educar a população, mas é preciso em simultâneo dar-lhe alternativas”, enfatiza.

Outra medida já em curso passa pela contratação de novos médicos de família (e serão quase três centenas só entre este mês e Setembro), a maior parte dos quais vão para a região de Lisboa e Vale do Tejo, onde “mais de 600 mil pessoas” ainda não têm clínico assistente, diz.

Mais 135 mil atendimentos

Esta é a resposta da tutela aos últimos indicadores sobre os serviços de urgência em Portugal, que apontam para uma evolução que vai no sentido contrário ao que tinha sido anunciado pelo ministro da Saúde — Adalberto Campos Fernandes pretendia diminuir em 3,7% o número de urgências (menos 225 mil) e em 10% a despesa (menos 48 milhões de euros) até ao final de 2016. Nos primeiros seis meses deste ano fizeram-se quase 3,2 milhões de atendimentos em SU, mais cerca de 135 mil do que no mesmo período do ano passado.

O problema é que uma parte substancial destes pacientes podiam ter sido atendidos nos centros de saúde ou outros locais. Em 2015, mais de 2 milhões de urgências  (2.018.403), cerca de um terço do total, eram, em teoria, desnecessárias, porque os doentes foram triados com pulseiras brancas (falsa urgência), azuis (não urgente) ou verdes (pouco urgente), segundo a triagem de Manchester que é feita à entrada do SU. Só os doentes que são triados com pulseiras amarela e a laranja são considerados casos urgentes e muito urgentes. A cor vermelha fica reservada para as emergências (risco de vida).

Os brancos, verdes e azuis são assim doentes que poderiam ter sido vistos nos centros de saúde ou outros serviços sem a complexidade e o custo dos SU hospitalares. Marta Temido não concorda, porém, que se classifiquem estes atendimentos como  “falsas urgências”. “Estamos a tratar doentes como se fossem falsários”, critica.

Os dados revelam que o comportamento dos doentes varia muito de região para região e de hospital para hospital — por exemplo, metade das pessoas que no primeiro semestre deste ano recorreram ao serviço de urgência do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN) foram triadas como casos não urgentes.  No Hospital Amadora-Sintra e no de Loures a percentagem é ainda superior (54% em cada). Lisboa e Vale do Tejo é a região com maior percentagem de urgências desnecessárias. Além do CHLN, os centros hospitalares de Lisboa Ocidental e Lisboa Central têm percentagem elevadas (44% cada).

Na região norte, esta percentagem é substancialmente inferior. No Centro Hospitalar do Porto é de apenas 17% e no de S. João, 29%. No entanto, também há centros hospitalares a norte com elevadas percentagens de urgências desnecessárias, como o da Póvoa Varzim

Vila do Conde (58%)e o de Barcelos (54%). No região centro, apenas um quarto dos doentes que procuram o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra têm pulseiras brancas, azuis e verdes. No Centro Hospitalar do Algarve são 39%. O peso das urgências está expresso noutro indicador: há hospitais que fazem menos consultas externas do que atendimentos em SU, caso de Cascais, do Centro Hospitalar do Oeste, da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo e do Centro Hospitalar do Algarve.

Um documento de trabalho da OCDE divulgado no final de 2015 revelava a dimensão do nosso problema a nível internacional. No conjunto de 21 países estudados, Portugal era aquele que tinha mais atendimentos nos SU per capita. Eram, entre 2001 e 2011 (e, desde então, a situação não se alterou) quase 70 admissões na urgência por 100 habitantes, bem acima do segundo da lista (Espanha) e muito longe de países como a Suíça, a Holanda e a Alemanha. Mesmo com o aumento substancial das taxas moderadoras em 2011, o ritmo da procura não se alterou entretanto. 

Pesquisa
Crianças de 1 ano sofrem mais de lesões permanentes nos olhos causadas por produtos de limpeza do que qualquer outra pessoa,...

Os resultados são surpreendentes: anteriormente acreditava-se que jovens adultos estavam expostos a um maior risco de lesões na vista, devido ao local de trabalho. Mas agora bebés com 1 ano de idade têm duas vezes mais probabilidade de sofrer uma lesão permanente nos olhos do que adultos de 24 anos, idade que tinha a taxa mais elevada.

Um novo estudo, liderado pela Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, analisou dados recolhidos entre 2010 e 2013 pelo Departamento de Emergência. Os dados revelam que houve 900 milhões de visitas às urgências em cerca de 900 hospitais nos Estados Unidos. Durante esse período, ocorreram mais de 144 mil visitas às urgências relacionadas com queimaduras na vista provocadas por químicos. Os médicos relataram que este é o pior tipo lesão que se pode ter na vista. Quanto mais tempo um agente alcalino permanece no olho, maior a lesão e as estruturas internas podem sofrer danos irreparáveis.

A maior parte dos bebés sofre de lesões nos olhos provocadas por químicos que existem nos produtos de limpeza que temos em casa e que, geralmente, são guardados por debaixo no lava louça ou num móvel baixo.

Os produtos mais perigosos são aqueles que se apresentam em formato de spray, pois são mais fáceis de manusear.

As lesões acontecem também com maior frequência em casas com rendimentos mais baixos.

"Estas lesões são terríveis, ocorrem com frequência em crianças pequenas mas são muito fáceis de prevenir", revela o líder do estudo R. Sterling Haring.

Ciência e tecnologia
Investigadores do Porto desenvolveram um sistema integrado para medição e avaliação de parâmetros associados à saúde, que...

Este sistema "retira dos centros e das urgências hospitalares um número significativo de utentes, que podem ser diagnosticados, seguidos e auxiliados nas suas residências", indicou à Lusa um dos responsáveis pelo projeto, Vítor Hugo.

O RUDAC - Unidade Remota de Análise e Controlo, tal como foi concebido, permite, por exemplo, avaliar o nível de glicose, determinar a tensão arterial, medir a temperatura e o pH da saliva e da urina e analisar a retina.

Alertar para a toma da medicação, dar instruções audiovisuais para a sua administração, marcação de consultas e repetição de análises são outras das funcionalidades do sistema, ao qual podem ser inseridos mais sensores.

Não substituindo as análises de laboratório, "tem por princípio o conceito de triagem, com aconselhamento imediato, audiovisual, por um profissional de saúde que, mesmo fisicamente afastado, pode recomendar procedimentos", explicou o investigador.

"Um clínico que presta apoio domiciliário e que não pode estar permanentemente com o doente, tendo um aparelho deste género, consegue programar o tempo de recolha dos dados do paciente, que lhe são enviados, e, através de um computador ou de um ‘smartphone', analisá-los, podendo dar indicações ao paciente, mesmo à distância".

Além disso, e "mais importante", é útil para as pessoas que vivem isoladas em locais remotos, onde não existem médicos ou centros de auxílio disponíveis, e para pessoas com dificuldade de locomoção, que podem utilizar o equipamento em casa e partilhar a informação com o seu médico.

O facto de permitir uma comunicação bidirecional, possibilita uma troca de informações entre o clínico ou familiar e o paciente, bem como a transferência do contacto diretamente para o 112, caso o médico não esteja disponível naquele momento ou a situação seja urgente.

A ideia para a criação do sistema surgiu a partir das constantes notícias sobre a "falta de profissionais de saúde nos respetivos centros", as "longas e indetermináveis filas para obtenção de consultas" e as "urgências sem capacidade de intervir em casos considerados graves", devido ao excessivo número de utentes.

Neste projeto, juntamente com Vítor Hugo, fazem parte o investigador Alexandre Riera, antigo aluno do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), e o consultor económico e financeiro José Braga.

Segundo o consultor, a fase seguinte é a produção do equipamento, visto que o sistema está todo testado, sendo necessário um "investimento externo para produzir o equipamento ou alterar algum já existente, e que o faça expandir".

Estudo
Novo estudo sugere que a alimentação rica em gordura e açúcar durante a gestação aumenta o risco de o filho desenvolver...

Fazer uma má alimentação na gravidez, rica em gordura e açúcar, aumenta o risco de a criança desenvolver um transtorno de comportamento e transtorno de défice de atenção e hiperatividade (TDAH). Esta é a conclusão de um estudo publicado na quinta-feira na revista científica Journal of Child Psychology and Psychiatry.

Um grupo de investigadores da King’s College London e da Universidade de Bristol, ambas na Inglaterra, analisaram o desenvolvimento e amostras de sangue de 164 crianças e a alimentação das suas mães na gestação. Destas, 83 crianças tinham transtorno de comportamento prematuro e outras 81 tinham baixos níveis do problema.

Os resultados mostraram que nos dois grupos de crianças estudados, aquelas cujas mães tiveram uma alimentação rica em gordura e açúcar durante a gestação apresentaram uma quantidade maior de alterações no gene IGF2, um gene relacionado com o desenvolvimento fetal, em comparação com os filhos de mães que seguiram uma dieta saudável. As crianças que tinham tais alterações genéticas e também desenvolveram transtorno de comportamento prematuro tinham maior probabilidade de apresentar uma quantidade maior de sintomas de TDAH entre os 7 e os 13 anos de idade.

Os investigadores concluíram que a alimentação da mãe pode alterar o ADN do feto e aumentar o seu risco de problemas de comportamento em criança.

O IGF2 é um gene que desempenha um papel importante não só no desenvolvimento fetal, mas também de partes do cérebro envolvidas no TDAH, como o cerebelo e o hipocampo.

Os resultados deste estudo sugerem ainda que “promover uma dieta pré-natal saudável pode reduzir os sintomas de TDAH e problemas de comportamento nas crianças. Isso é encorajador.”, disse Edward Barker, coautor do estudo e investigador da King’s College London.

Pílula do dia seguinte
Em Portugal fazem-se cerca de 14 mil interrupções voluntárias da gravidez por ano. Pelo menos 30 a 40% devem-se à falta de...

A lei do aborto foi referendada, em 2007, e por ano em Portugal fazem-se cerca de 14 mil interrupções voluntárias da gravidez por ano. A contraceção de emergência poderia evitar algumas? E como é que funciona a dispensa da pílula do dia seguinte?

 “Uma gravidez indesejada é um problema de saúde pública de grande dimensão, portanto tudo o que não se faz tem um grande impacto na saúde”, destaca o Dr. Henrique Mateus Santos, farmacêutico comunitário, em declarações aoLifestyle ao Minuto.

Henrique Mateus Santos admite que nem sempre é possível fazer a ‘entrevista’ que os farmacêuticos devem fazer aos utentes antes de sugerir a pílula do dia seguinte mais indicada para si. Seja porque a paciente já pede o medicamento que quer ou porque está nervosa ou pouco recetiva.

Conta que a dispensa de uma pílula do dia seguinte obedece ao mesmo protocolo de dispensa de qualquer medicamento. Ou seja: o farmacêutico avalia a indicação do problema de saúde, verifica se o medicamento é adequado à doente para aquele problema de saúde, avalia se a posologia está adequada para combater ou resolver o problema de saúde e informa e avalia o paciente para tentar garantir que o medicamento faça efeito e seja seguro.

Em cada dispensa de medicamentos que é feita na farmácia o processo central não é a entrega, é a avaliação do problema de saúde, destaca.

E aqui também é importante, como descreve, perceber há quanto tempo a paciente teve relações sexuais, se tem uma menstruação regular, se usou alguma proteção de barreira por causa das doenças sexualmente transmissíveis e se faz algum tipo de contracetivo.

Destaca que “muitas mulheres engravidam por desconhecimento”, pois não se fala muito da contraceção hormonal de emergência – e com ela poderiam ser evitadas várias interrupções voluntárias da gravidez das 30 a 40% que ocorrem por falta de prevenção.

Assegura que é um medicamento seguro e que “não é nenhum aborto”. Sublinha que a pílula do dia seguinte se limita a “impedir que o espermatozóide chegue ao ovócito”, a atrasar, portanto o processo de fecundação que ocorre nos primeiros cinco dias após a relação sexual desprotegida.

A nova geração de pílula do dia seguinte pode ser tomada até ao quinto dia com o mesmo grau de eficácia, enquanto a antiga geração pode ser tomada até ao terceiro dia, sendo que o grau de eficácia vai diminuindo com o passar dos dias.

Quanto aos efeitos secundários? O Dr. Henrique Mateus Santos destaca que o único relevante é mesmo o vómito, pois se a mulher tiver vómitos no espaço de três horas após a toma da pílula do dia seguinte, esta não será absorvida e a gravidez poderá ocorrer.

O especialista diz que a pílula do dia seguinte é subutilizada em Portugal, especialmente devido aos estigmas culturais e à “sociedade machista” que não valoriza esta questão. Mas destaca: “A gravidez não desejada é uma tragédia social”, especialmente se falamos de adolescentes, continua.

É importante que o farmacêutico aconselhe a paciente a visitar o médico de família ou ginecologista uns dias após a toma da pílula do dia seguinte para que esta possa escolher um método de contraceção para fazer.

Em Portugal são comercializadas três marcas de pílula do dia seguinte e, segundo um estudo desenvolvido pelo IMS Health a pedido da HRA Pharma, laboratório farmacêutico que comercializa um dos produtos de contraceção de emergência em Portugal, os farmacêuticos têm acesso às diretrizes para a indicação farmacêutica da contraceção de emergência e devem fazer uma entrevista a cada paciente antes de dispensar o medicamento.

Investigação médica
Pesquisas com ratos em laboratório mostraram, pela primeira vez, o efeito devastador do Zika num determinado tipo de células do...

As células adultas envolvidas nas funções de aprendizagem e memória podem ser destruídas pelo vírus, ao qual se atribui a microcefalia, de acordo com o estudo publicado na revista científica Cell Stem Cell.

“O Zika pode penetrar claramente no cérebro de adultos e causar danos”, afirmou Sujan Shresta, coautora do estudo e professora no Instituto de Alergia e Imunologia de La Jolla.

Se o efeito do vírus nos fetos se encontra documentado, em particular o risco de provocar uma microcefalia, o mesmo não se pode dizer relativamente aos adultos.

Os investigadores sabem que o Zika pode ser “catastrófico para a fase inicial de desenvolvimento do cérebro”, sublinhou Sujan Shresta, mas frequentemente adultos infetados não apresentam sintomas. Os que se sentem doentes podem relatar nomeadamente erupção cutânea, dores no corpo e olhos vermelhos.

“O seu efeito no cérebro adulto pode ser mais subtil, mas agora sabemos do que estamos à procura”, disse.

Os investigadores concentraram-se nas células progenitoras neurais, as quais constituem as primeiras formas das células do cérebro que se vão tornar neurónios, descritas como as "células estaminais" do mesmo.

O Zika pode atacar essas células nos fetos em desenvolvimento, levando à microcefalia nos bebés, que nascem com cabeças mais pequenas do que o normal, danos no cérebro e deficiências.

O cérebro dos adultos retém alguns nichos dessas células progenitoras neuronais, as quais reabastecem neurónios em partes do cérebro ligadas à aprendizagem e memória.

Recorrendo a biomarcadores fluorescentes em ratos, os investigadores viram que as células progenitoras neurais que foram concebidas para ser vulneráveis ao Zika eram mortas pelo vírus.

O estudo revela que a infeção do Zika estava relacionada com uma queda – entre quatro a 10 vezes – da proliferação das células progenitoras neuronais nos ratos adultos.

Duas partes do cérebro, incluindo o hipocampo, associado à memória, mostraram provas da morte das células e da redução da geração de novos neurónios, segundo o estudo.

“Os nossos resultados são bastante dramáticos”, disse Joseph Gleeson, coautor do estudo e professor adjunto na Universidade Rockefeller.

“Em partes do cérebro que se ‘iluminaram’ parecia uma árvore de natal”, sublinhou o investigador.

O efeito que o vírus Zika pode ter no cérebro humano adulto ao longo do tempo permanece, contudo, incerto.

Os investigadores sabem, a partir de estudos anteriores sobre o cérebro, que integrar novos neurónios nos circuitos da aprendizagem e memória é fundamental para a habilidade do cérebro para se adaptar e mudar.

Sem este processo, o cérebro "escorrega" para um declínio cognitivo e outras condições, tais como depressão e doença de Alzheimer, podem aparecer.

“Ficou muito claro que o vírus não estava a afetar sequer o cérebro todo como as pessoas estão a ver no feto” humano, disse Gleeson, ao referir-se à investigação em ratos.

“Nos adultos, são apenas estas duas populações que são muito específicas para as células-tronco que são afetadas pelo vírus. Estas células são especiais, e de algum modo muito suscetíveis à infeção”, acrescentou.

Transmitido pelo mosquito ‘Aedes aegypti’, o Zika surgiu no Brasil há cerca de dois anos e desde então espalhou-se rapidamente pelo país e parte do hemisfério sul.

Até ao momento, o maior foco de preocupação assenta no perigo que o Zika representa para grávidas e fetos, dado que surge associado a problemas congénitos quando ocorre infeção na gravidez, nomeadamente a microcefalia e a síndrome Guillain-Barré, uma doença autoimune.

IPMA
Onze regiões do continente e ilhas apresentam hoje risco "Muito Elevado" de exposição à radiação ultravioleta (UV),...

Castelo Branco, Faro, Portalegre, Porto e Viana do Castelo, no continente, e as ilhas das Flores, Faial, Terceira e São Miguel, nos Açores, bem como a ilha da Madeira e Porto Santo, estão hoje com risco "Muito Elevado", de acordo com o IPMA.

Para as regiões com risco 'Muito Elevado' e 'Elevado', o instituto recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, 't-shirt', guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'Baixo', 3 a 5 ('Moderado'), 6 a 7 ('Elevado'), 8 a 10 ('Muito Elevado') e superior a 11 ('Extremo').

Para hoje, o IPMA prevê nas regiões norte e centro céu geralmente muito nublado, diminuindo gradualmente de nebulosidade no Minho e Douro Litoral a partir da tarde, e apresentando-se pouco nublado nas regiões do interior até ao meio da manhã.

Prevê-se ainda períodos de chuva fraca ou chuvisco no litoral, sendo temporariamente moderada até final da manhã no Minho, estendendo-se gradualmente às regiões do interior, onde será pouco frequente, enquanto o vento soprará fraco a moderado do quadrante oeste.

O IPMA prevê também uma pequena subida da temperatura mínima, ao mesmo tempo de uma pequena descida da temperatura máxima.

Para o sul do país, é esperado céu pouco nublado, apresentando períodos de muita nebulosidade no litoral oeste a partir do início da manhã e no interior do Alentejo a partir do meio da manhã.

O vento também soprará fraco a moderado predominando de noroeste, sendo moderado (25 a 35 km/h) de sudoeste na costa do Algarve durante a tarde, assistindo-se a uma pequena descida da temperatura máxima no Alto Alentejo.

No arquipélago da Madeira, o IPMA prevê céu com períodos de muita nebulosidade, tornando-se geralmente muito nublado a partir do final da tarde com possibilidade de ocorrência de períodos de chuva fraca ou chuvisco.

Já nos Açores, e para os três grupos de ilhas, o céu vai apresentar-se muito nublado com boas abertas, mas com possibilidade de aguaceiros fracos para a noite.

No continente prevê-se que a temperatura máxima atinja os 33 graus Celsius em Faro; 32 em Beja; 31 em Évora; 27 em Lisboa, 30 em Santarém e Castelo Branco, Portalegre 28; 26 em Bragança; 25 em Coimbra; 22 em Viana do Castelo e no Porto.

Investigação
Um exame para detetar alterações ocorridas nos olhos, que poderá potencialmente diagnosticar a doença de Parkinson antes do...

Cientistas da universidade britânica University College London (UCL) divulgaram os resultados de análises - ainda em desenvolvimento - efetuadas em animais, que poderão derivar, eventualmente, numa forma barata e não invasiva de deteção daquela doença.

A doença de Parkinson afeta, presentemente, uma em cada 500 pessoas e é a segunda doença neurodegenerativa mais comum em todo o mundo.

Nas experiências efetuadas em ratos, os cientistas verificaram ser possível observar mudanças na parte posterior do olho antes da manifestação de sintomas visíveis da doença.

De acordo com a responsável do estudo, Francesca Cordeiro, esta descoberta implica "um avanço potencialmente revolucionário nos diagnósticos e tratamento precoce de uma das doenças mais debilitantes do mundo".

"Estes exames implicam que poderemos ser capazes de intervir muito antes e de forma mais eficaz para tratar as pessoas que sofrem desta condição devastadora", explicou Cordeiro à cadeia britânica.

Entre os sintomas da doença contam-se tremores nas mãos, braços, pernas e queixo, rigidez muscular, lentidão de movimentos e dificuldades de coordenação e equilíbrio, o que reduz progressivamente a qualidade de vida do doente.

Atualmente não existe qualquer imagem digital cerebral ou análise sanguínea que possa resultar num diagnóstico definitivo para a doença de Parkinson.

O diretor da organização de combate à doença Parkinson UK, Arthur Roach, disse existir uma "necessidade urgente de conseguir uma maneira simples e precisa de detetar esta condição, em particular nas fases iniciais".

Roach acrescentou que, embora a investigação se encontre "na sua infância e ainda deva ser testada em doentes de Parkinson, um exame simples e não-invasivo - como um exame aos olhos - poderá ser um significativo passo em frente na investigação de tratamentos que possam erradicar as causas" da doença, "em vez de mascarar sintomas".

 

 

Fármacos
Mais de 2.600 reações adversas a medicamentos (RAM) foram notificadas por profissionais de saúde, utentes e indústria no...

Os relatórios dos primeiros dois trimestres de 2016 do Sistema Nacional de farmacovigilância indicam que nos primeiros três meses do ano foram registadas 1.229 RAM e 1.373 nos três meses seguintes, num total de 2.602 reações.

O maior número de RAM foram notificadas via indústria (1.332): no primeiro trimestre 611 e no segundo 721.

As notificações diretas de profissionais de saúde e utentes atingiram as 618 no primeiro trimestre e 652 nos três meses que se seguiram.

Do total de RAM, 2.170 foram graves.

Em relação ao tipo de RAM, estas foram mais significativas ao nível das perturbações gerais e alterações no local de administração.

Seguiram-se as alterações na pele e ao nível subcutâneo, no sistema gastrenterológico e perturbações no sistema nervoso e respiratório.

Em relação aos dados mais recentes, referentes ao segundo trimestre deste ano, o Infarmed refere que, das 652 notificações por via direta (profissionais de saúde e utentes), a região de Lisboa e Vale do Tejo foi a que notificou mais RAM graves (40 por cento), seguindo-se a do Norte (36 por cento) e do Centro (17 por cento).

Do Sul chegaram ao Infarmed cinco por cento das RAM graves e um por cento das ilhas.

Sobre os notificadores, das 652 RAM registadas no segundo trimestre deste ano, 83 (13 por cento) chegaram ao regulador através do utente.

Os médicos foram quem mais notificações de RAM efetuaram (278), seguindo-se-lhes os farmacêuticos (215), os enfermeiros (72) e outros profissionais de saúde (quatro).

No caso dos médicos, os especialistas em medicina interna foram os que mais notificações de RAM efetuaram (85). Seguiu-se a área da imunoalergologia (60), a medicina geral e familiar (29) e a gastrenterologia (21) e as doenças infeciosas (15), entre outros.

Férias
Os 32 postos de saúde de praia do Algarve registaram em julho mais de 3.500 atendimentos, grande parte dos quais devido a...

Em comunicado, a ARS/Algarve adianta que foram registados 3.553 atendimentos, dos quais 1.497 para fazer tratamentos, 1.292 devido a picadas de peixe-aranha e insetos, 477 para medir a pressão arterial, 128 para administrar injeções e 116 para realizar testes de glicemia.

Durante este período, 43 das pessoas atendidas nos postos de praia foram encaminhadas para outras unidades de saúde, sendo que os postos de saúde com maior número de atendimentos foram os de Monte Gordo e Manta Rota (ambos no concelho de Vila Real de Santo António), Armação de Pêra (Silves), Praia dos Tomates (Albufeira) e Ilha da Armona (Olhão).

Do total de pessoas atendidas nos postos de saúde de praia, 73,7% não são residentes na região do Algarve (78,7% são residentes noutras regiões do país e 21,2% são estrangeiros) e os restantes 26,3% são residentes no distrito de Faro.

Segundo a ARS/Algarve, estas percentagens justificam-se "dado o elevado número de turistas, nacionais e estrangeiros, que se encontram na região algarvia durante esta época do ano".

Os postos de saúde de praia, com horário de atendimento entre as 10:30 e as 19:30, têm como objetivo assegurar cuidados de saúde de enfermagem e dar resposta a situações clínicas que possam ser tratadas no local, ou, em caso de necessidade, encaminhar o utente para uma unidade de saúde mais adequada.

Os postos, que funcionam ao abrigo do Plano de Verão 2016, irão manter-se em funcionamento até 18 de setembro. São geridos pela ARS/Algarve em colaboração com a Cruz Vermelha Portuguesa.

Serviço Nacional de Saúde
Mais de 400 profissionais de saúde aposentaram-se no primeiro semestre deste ano, com os assistentes operacionais a serem os...

Os dados dos recursos humanos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foram divulgados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e revelam que nos primeiros seis meses do ano aposentaram-se 413 profissionais.

Destes, os assistentes operacionais foram o grupo que mais recorreu à aposentação (181), seguindo-se os médicos (125), os assistentes técnico (43), os enfermeiros (31), os técnicos de diagnóstico e terapêutica (14) e os técnicos superiores de saúde (um). Outros 18 profissionais, de grupo não identificado, também optaram pela reforma.

Em relação aos médicos, o maior número de aposentações registou-se na região de Lisboa e Vale do Tejo (72), seguida do Norte (25), Centro (19), Alentejo (sete) e Algarve (dois).

Também o maior número de enfermeiros aposentados registou-se na região de Lisboa e Vale do Tejo (12). Seguiu-se o Centro (10), o Norte (cinco), o Algarve (três) e o Alentejo (um).

A região de Lisboa e Vale do Tejo (12) foi a que registou igualmente o maior número de aposentações dos restantes grupos profissionais: 95.

De acordo com a ACSS, no primeiro semestre deste ano existiam 118.741 profissionais de saúde em Portugal Continental. A estes acrescem 3.528 nos serviços centrais.

A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que tinha mais profissionais de saúde (42.140), seguida do Norte (40.740), o Centro (23.894), o Alentejo (6.262) e o Algarve (5.705).

Existiam, no mesmo período, 26.504 médicos e 39.217 enfermeiros.

As mulheres estão em maioria em várias áreas da saúde, representando 62 por cento dos médicos, 83 por cento dos enfermeiros, 86 por cento dos técnicos superiores de saúde e 79 por cento dos técnicos de diagnóstico e terapêutica.

Cientistas descobrem
O composto, chamado PZM21, ‘cola-se’ aos recetores nervosos como a morfina mas, ao contrário desta, não tem efeitos negativos...

Nunca nenhuma substância havia mostrado qualidades analgésicas semelhantes à morfina mas, depois de décadas de estudo, uma equipa de cientistas norte-americanos pode ter descoberto uma nova droga com os mesmos efeitos e mais segura.

O composto, chamado PZM21, bloqueia eficazmente a dor ao ‘colar-se’ aos recetores nervosos como a morfina mas, ao contrário desta, não tem efeitos negativos mortais nem vicia – um efeito muito típico dos opiáceos -, segundo destacam os cientistas da Universidade da Califórnia, no estado norte-americano de São Francisco.

Se se comprovarem as qualidades da substância a descoberta destes cientistas pode ser uma tábua de salvação para milhões de pessoas no meio de uma rápida epidemia de dependência de analgésicos nos Estados Unidos.

No entanto, como reporta o Daily Mail, a droga terá de ser administrada com muito cuidado pois pode matar facilmente ao interferir com a respiração.

O estudo foi liderado pelo professor Brian Shoichet e publicado na revista científica Nature.

Registo Oncológico Nacional
A Comissão de Proteção de Dados reconhece a utilidade da base da dados que o Governo pretende implementar, mas critica o...

O Registo Oncológico Nacional (RON), que o Governo pretende criar, não garante a privacidade dos cidadãos, considera a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), que critica o Ministério da Saúde por não acautelado o risco de seguradoras ou bancos poderem aceder à base de dados de quem tem ou já teve cancro.

Para a comissão, um registo desta natureza “representa um risco muito elevado de exposição da privacidade” e, pela “natureza da informação”, comporta um risco também de potencial “discriminação”.

Citada pelo “Jornal de Notícias” – que faz do tema manchete na edição desta quinta-feira – Ana Roque, relatora do parecer da CNPD, não questiona a utilidade da base de dados, mas sublinha que em causa está não estão apenas os cidadãos cujo nome lá conste. A informação deixa expostos os seus familiares, dando a jurista o exemplo dos casos de “cancros com incidência genética”.

Segundo a intenção do Governo, o RON será gerido pelo Instituto Português de Oncologia e deveria estar já criado. Contactado pelo “JN”, o Ministério da Saúde disse não ter recebido ainda o parecer, excusando-se a comentar o teor do mesmo.

Estudo
Ratinhos obesos vacinados não conseguiram evitar infecções quando entram em contacto com vírus da gripe. Por isso, os...

Quando ratinhos obesos são vacinados contra a gripe, passam a produzir anticorpos contra o vírus. Ou seja, desenvolvem uma resposta imunitária, tal como era esperado. Mas, ao contrário dos ratinhos com peso normal, que combatem o vírus da gripe depois de serem vacinados e evitam infecções, nos ratinhos obesos vacinados a produção de anticorpos não os torna imunes ao vírus da gripe: ficam, na mesma, infectados pelo vírus e desenvolvem a doença, podendo morrer, conclui uma investigação publicada na revista científica mBio.

A descoberta poderá ter implicações para os seres humanos. Já tinham sido feitas associações entre a obesidade e uma susceptibilidade maior ao vírus da gripe. Mas será preciso fazer ensaios clínicos para testar se as vacinas têm o mesmo efeito em pessoas obesas e não obesas.

“Os resultados deste estudo são muito preocupantes em relação à eficácia da vacinação nos obesos”, lê-se na conclusão do artigo da mBio. “No passado, os estudos sobre a resposta da vacina da gripe em crianças e adultos obesos deram vários resultados, com alguns a mostrar que não há diferença na resposta serológica entre grupos obesos e grupos magros. No entanto, o nosso estudo indica que, mesmo se a população obesa estiver protegida de acordo com os níveis serológicos [revelando a produção de anticorpos contra o vírus], a eficácia pode estar diminuída e haver um aumento de incidência da gripe numa população cada vez mais obesa.”

A obesidade é um dos principais problemas de saúde mundiais. Segundo o artigo, 70% dos europeus irão ter peso a mais em 2030. Em Portugal, 28,7% dos adultos são obesos. Por isso, os autores do estudo quiseram perceber qual o efeito da obesidade no desenvolvimento de imunidade das vacinas contra a gripe.

“Este é o primeiro estudo que mostra que as estratégias actuais para reforçar a eficácia da vacina da gripe protegeram ratinhos magros de ficarem seriamente doentes mas ficaram aquém de proteger os ratinhos obesos das infecções”, diz uma das autoras do estudo, Stacey Schultz-Cherry, do Hospital de Investigação Pediátrica St. Jude, no Tennessee (EUA), citada num comunicado da instituição.

Para isso, os investigadores usaram vacinas com vírus da gripe mortos da estirpe H7N9 e os famosos adjuvantes, destinados a aumentar a potência da vacina. Por isso, a dose menor de vírus mortos para desenvolver uma resposta imunitária eficaz é menor.

Apesar de a vacina aumentar os níveis de anticorpos tanto nos ratinhos com peso normal como nos obesos, quando ambos os grupos de roedores foram infectados as suas respostas foram diferentes. Enquanto os ratinhos com peso normal não desenvolveram uma infecção, os obesos ficaram doentes.

“A resposta imunitária dos animais obesos faz lembrar a das pessoas idosas, que pode ser aumentada mas alguma coisa está errada. Quando são infectados com o vírus, os animais continuam sem protecção”, explica Stacey Schultz-Cherry.

Apesar disso, a equipa tentou aumentar a capacidade imunitária dos ratinhos. Um estudo recente fez isso em pessoas idosas: deu-lhes uma dose mais forte da vacina da gripe e houve, de facto, um aumento da protecção contra esta doença viral. Por isso, a equipa aplicou uma dose quatro vezes mais forte da vacina aos ratinhos obesos. Ainda assim, os mais obesos continuaram susceptíveis ao vírus e desenvolveram infecções, mesmo quando foram infectados com uma dose mais pequena de vírus da gripe.

“O vírus penetra de forma mais profunda nos pulmões dos ratinhos obesos e eles parecem ter mais dificuldade em reparar as lesões [causadas pelo vírus]”, diz Stacey Schultz-Cherry.

Não se sabe qual é o mecanismo que torna os ratinhos obesos mais susceptíveis ao vírus. “Há uma necessidade urgente a nível da saúde pública de se fazer esta experiência nos humanos e compreender qual é a resposta à vacina neste segmento da população que continua a crescer”, refere a investigadora, que defende ainda a necessidade de compreender o mecanismo responsável pela ineficácia da vacina nos ratinhos obesos, para a ultrapassar.

Ainda assim, a cientista argumenta que a vacinação continua a ser essencial: “Independentemente destes resultados, a vacina da gripe é necessária. Mesmo se se ouvir nas notícias que a vacina não corresponde a todas as estirpes do vírus que estão em circulação, é preciso recordar que há três ou quatro estirpes diferentes do vírus da gripe nas vacinas, e apenas uma pode não corresponder à que existe em circulação. Mesmo se a vacina não é ideal, é melhor do que nada.”  

Dadores
Governo anterior quis acabar com a exclusão permanente de dadores homo e bissexuais, mas estes continuam a ser rejeitados....

Quando Fernando Leal da Costa mandou a Direcção-Geral da Saúde (DGS) criar uma norma clínica que autorizasse a dádiva de sangue por homo e bissexuais, não estaria à espera do que veio a suceder. O despacho do então secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde datava de 14 de Agosto de 2015 e seria enviado à DGS no dia 18 – há precisamente um ano. Continha uma ordem e um prazo: até Outubro de 2015 “terá de haver divulgação” de uma norma clínica com novos “critérios nacionais de inclusão e exclusão de dadores”.

A norma clínica nunca viu a luz do dia e o respectivo período de discussão pública não chegou a ter início, mesmo que há cerca de quatro meses a DGS tenha informado que iria avançar. A exclusão total de dadores gay e bissexuais continua a ser praticada por serviços de colheita de sangue em Portugal. E deverá manter-se até pelo menos 2017, uma vez que os prazos de entrada em vigor das normas clínicas da DGS impedem qualquer novidade até ao fim do corrente ano.

“O meu único comentário é de estranheza”, reage Leal da Costa, que voltou a exercer medicina desde que deixou o governo em Novembro de 2015 (tendo chegado a tomar posse como ministro da Saúde após as legislativas de Outubro).

“Tenho acompanhado o tema, até por ser hematologista, e o problema é que há pouca evidência científica sobre o caminho a seguir”, sustenta o ex-governante. “É uma norma clínica difícil de elaborar e a DGS tem um trabalho imenso para fazer, nesta e noutras áreas, com pessoal muito competente e reduzido”, justifica.

A questão já se arrasta ao longo de quase duas décadas, já tendo passado por vários responsáveis políticos. O Bloco de Esquerda (BE), que fez deste um tema-bandeira, mantém-se há meses em silêncio, mas adianta agora ao PÚBLICO que vai questionar o governo.

Assunto “não deixou de estar” nas mãos da DGS

A intenção do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, é desconhecida. Em Fevereiro último, uma assessora do ministério, Isabel Pereira Santos, informou que a norma clínica estaria pronta “nas próximas semanas”, o que não se verificou. Já esta semana, a mesma fonte garantiu que o assunto “não deixou de estar” nas mãos da DGS.

O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) é a autoridade nacional de colheita e processamento de sangue, mas a DGS é que controla a qualidade e a segurança. Daí que a ordem dada há um ano por Leal da Costa fosse primeiramente dirigida a Francisco George, director-geral da Saúde, e a dois responsáveis dentro da DGS em quem este delegou a elaboração da norma clínica: José Alexandre Diniz, director do departamento da Qualidade na Saúde, e António Diniz, que até Maio dirigiu o Programa Nacional para a Infecção VIH/Sida.

Hélder Trindade, presidente do conselho directivo do IPST, aguarda uma decisão da DGS. António Diniz não esteve disponível para comentar. Francisco George também não, mas informou que José Alexandre Diniz é a pessoa indicada para o fazer. Porém, o director do departamento da Qualidade na Saúde encontra-se de férias e a substituta, Anabela Coelho, não respondeu a um conjunto de perguntas, enviadas por escrito, sobre as razões do atraso na publicação da norma.

Não tiveram êxito várias tentativas para chegar à fala com o sucessor de António Diniz na área do VIH/sida, Kamal Mansinho, considerado um dos maiores especialistas portugueses em doenças infecciosas. Nomeado por Francisco George há menos de três meses, Kamal Mansinho disse ao PÚBLICO no início de Julho que não avançaria para uma norma clínica “sem voltar a consultar várias entidades”, acrescentado que “seguramente antes do fim do Verão” não teria tempo, devido a “prioridades de gestão imediatas”.

As normas clínicas são uma prerrogativa da DGS e compreendem quatro passos, lê-se no site oficial: elaboração de proposta, discussão pública durante três meses, consolidação do texto e validação científica. Não existindo para já qualquer proposta fechada, a fase de validação científica nunca seria alcançada antes do fim deste ano.

Regras constam de manual de 2014

As actuais regras nacionais sobre triagem de dadores de sangue (“critérios de elegibilidade”) constam de um manual de 2014 do IPST. As pessoas seropositivas para o VIH, por exemplo, estão proibidas de dar sangue (“suspensão ou exclusão definitiva”) e as que tenham relações sexuais com indivíduos com VIH só podem ser dadoras depois de seis meses seguidos sem qualquer interacção sexual (“suspensão ou exclusão temporária”).

Apesar do que diz o manual do IPST, vários serviços de colheita fazem inquéritos verbais de triagem, de forma considerada discricionária, perguntando aos candidatos a dadores do sexo masculino se alguma vez tiveram sexo com outros homens, sendo de imediato excluídos os que respondem afirmativamente.

Tem prevalecido o entendimento não consensual de que homo e bissexuais (ou “Homens que têm Sexo com Homens”, HSH, na designação médica) constituem uma população com comportamentos de risco, desde logo o sexo anal, que os tornam mais vulneráveis do que a restante população a infecções sexualmente transmissíveis. Daí a proibição de darem sangue. Defensores deste ponto de vista argumentam não estar contra direitos de minorias, mas a favor da “qualidade e segurança” do sangue que chega aos doentes transfundidos.

A ILGA Portugal, associação de defesa de direitos de minorias sexuais e de género, foi das primeiras vozes a rejeitar os critérios de elegibilidade, logo em 1998, dois anos depois de ter sido fundada, considerando “homofóbica” e “discriminatória” a política do IPST. O PÚBLICO tentou, sem êxito, obter um comentário da associação. Em 1999, teve lugar uma manifestação a favor da dádiva de sangue por gays, organizada pelo Grupo de Trabalho Homossexual do Partido Socialista Revolucionário (GHT-PSR).

O Bloco foi o único partido que inscreveu o tema no programa que apresentou às legislativas de Outubro último. Desde então, remeteu-se ao silêncio. Por ser um partidos que apoiam o Governo socialista “colocou-se na posição de não apontar falhas ao Ministério da Saúde”, critica Leal da Costa.

Foram os deputados do BE que em 2010 fizeram aprovar uma resolução na Assembleia da República, sem votos contra, onde se recomendava ao Governo a “elaboração e divulgação de um documento normativo” que “proíba expressamente a discriminação dos dadores de sangue com base na sua orientação sexual”.

Segundo o deputado bloquista Moisés Ferreira, membro da comissão de Saúde e um dos seus vice-presidentes, o grupo parlamentar do BE “vai enviar ainda esta semana” uma pergunta ao Governo para saber “porque é que a DGS ainda não emitiu a norma de orientação clínica”.

Grupo de trabalho criado em 2010

Foi na sequência da resolução de 2010 que o IPST criou um grupo de trabalho, composto por sete especialistas, para repensar os “critérios de elegibilidade”. O grupo tomou posse em Dezembro de 2012 e só em fins de Julho de 2015 apresentou um relatório. A demora chegou a ser classificada pelo deputado bloquista José Soeiro como uma “manobra dilatória” e levou à audição em comissão parlamentar do presidente do IPST.

O relatório do grupo de trabalho concluía que a actual “suspensão definitiva” de dadores que se identificam como gays ou bissexuais deveria passar a “temporária”, apresentando três possíveis regras: suspensão 12 meses após um contacto sexual de risco, seis meses após risco, ou seis meses depois de sexo fora de relação monogâmica. Foi a primeira vez que um conjunto de peritos em Portugal recomendou a responsáveis políticos o levantamento da proibição total.

O Ministério da Saúde acolheu as conclusões, ainda assim criticadas pela ILGA Portugal, por substituírem a exclusão total por uma exclusão parcial. O referido despacho de Leal da Costa acabou por esvaziar a polémica até agora.

“A única saída para este processo é a publicação de uma norma de orientação clínica por parte da DGS, mas essa norma não deve basear-se nas conclusões do grupo de trabalho do IPST e sim na resolução da Assembleia da República em 2010”, defende agora o deputado Moisés Ferreira. “As conclusões do grupo de trabalho persistem num estigma homofóbico, segundo o qual há grupos de risco e não comportamentos de risco.”

A nível internacional, não há consenso sobre esta matéria. Em 2011, o Reino Unido autorizou homo e bissexuais a darem sangue desde que declarem ter estado pelo menos 12 meses sem praticar sexo anal, com ou sem preservativo.

Nos EUA, a autoridade de saúde Food and Drug Administration (FDA) começou a aplicar restrições à dádiva de sangue em 1983 por causa da epidemia da sida, e em 1992 optou pela proibição total para “Homens que têm Sexo com Homens”. Em Dezembro do ano passado, a FDA adoptou uma política idêntica à do Reino Unido, tendo iniciado há poucos dias um período de discussão pública para estudar alterações.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve o sexo entre homens como “comportamento de alto risco”, presumivelmente referindo-se ao coito anal e sugerindo que esta prática é maioritária entre gays. Um documento de 2012 da OMS, com normas de selecção de dadores, estabelece que a “suspensão definitiva” de homo e bissexuais “continua a ser acolhida como regra-base”.

Crise económica
Procura de cirurgias para laqueação das trompas tem aumentado, face às dificuldades económicas das famílias venezuelanas.

A escassez de víveres, a inflação e o colapso do setor médico na Venezuela tornaram-se uma tal fonte de angústia que um número cada vez maior de mulheres jovens opta relutantemente por recorrer à esterilização em vez de enfrentar todas as dificuldades da gravidez e da maternidade.

Os contracetivos tradicionais, como os preservativos ou a pílula, desapareceram praticamente das prateleiras dos estabelecimentos, empurrando as mulheres para uma cirurgia quase irreversível.

"Ter um filho hoje em dia significa fazê-lo sofrer", afirmou Milagros Martínez, enquanto aguardava, sentada no banco de um parque, numa destas manhãs, a esterilização a que iria ser submetida num centro de saúde municipal das imediações, em Caracas.

Empregada num talho dos subúrbios pobres da capital, esta mulher de 28 anos decidiu-se pela cirurgia depois de ter tido um segundo filho não planeado por não conseguir encontrar à venda a pílula anticoncecional.

O seu quotidiano gira em redor da procura de alimentos: levanta-se a meio da noite para ir para as longas filas dos supermercados, por vezes sem outra alternativa que não seja levar consigo o bebé, que já sofreu queimaduras solares durante as longas horas de espera.

"Sinto algum receio da esterilização, mas prefiro isso a ter mais filhos", diz Milgaros Martínez, que, juntamente com dezenas de outras mulheres, apanhou um autocarro nos bairros de lata às 4.00 da madrugada para poder participar no "dia da esterilização" que tem lugar nesta área abastada de Caracas.

Não existem estatísticas nacionais recentes sobre as esterilizações, mas médicos e profissionais de saúde dizem que a procura desta cirurgia tem aumentado.

O programa local de saúde da mulher no estado de Miranda, que abrange algumas áreas de Caracas, disponibiliza 40 postos nestes "dias da esterilização". Porém, até há um ano estes postos não esgotavam habitualmente a sua capacidade. Agora, todos os horários estão preenchidos e há cerca de 500 mulheres em lista de espera, de acordo com a diretora do programa, Deliana Torres.

"Antes, impunha-se como condições para beneficiar deste programa que as mulheres auferissem baixos rendimentos e tivessem pelo menos quatro filhos. Agora, temos aqui mulheres com um ou dois filhos que querem ser laqueadas", afirmou.

Profissionais de saúde numa organização nacional de planeamento familiar e em três hospitais públicos nos estados de Falcon, Tachira e Mérida corroboraram o seu ponto de vista de que os pedidos de esterilização aumentaram nos últimos meses. Esta tendência demonstra até que ponto a recessão brutal neste país rico em petróleo está a obrigar as pessoas a fazer escolhas difíceis.

País católico

A Venezuela é um país de maioria católica onde a doutrina da Igreja rejeita todas as formas de contraceção e onde o aborto está proibido a menos que a vida da mulher corra perigo. O arcebispo de Mérida, Baltazar Porras, comentou à Reuters que um aumento das esterilizações seria uma "barbaridade".

Mas a crise venezuelana tem provocado motins quase diários relacionados com a procura de alimentos e fustigado a classe média, cada vez mais reduzida, assim como os pobres que foram em tempos um bastião de apoio à sui generis "revolución bonita" do falecido dirigente esquerdista Hugo Chávez.

As grávidas são particularmente atingidas, atarefando-se para encontrar os alimentos e suplementos adequados, dando à luz em hospitais sobrelotados e mal equipados e passando horas em filas para poder adquirir as escassas fraldas e os alimentos e medicamentos para bebés.

Os ministérios da Saúde, da Mulher e da Informação não responderam aos pedidos de um comentário.

As esterilizações são geralmente um procedimento simples que envolve o fechamento ou bloqueamento das trompas de Falópio da mulher, designado geralmente por laqueação das trompas.

"Fiquei a saber destes dias da esterilização gratuita através da rádio. Tomei imediatamente duche, vesti-me e saí [para saber mais informações sobre eles]", disse Rosmary Teran, de 32 anos, que teve o segundo filho há dois meses e que também chegou ao centro de saúde ainda antes do nascer do dia, vinda de um bairro pobre.

Alguns profissionais de saúde receiam que o descalabro económico esteja a pressionar as mulheres no sentido de fazerem uma escolha de que poderão vir a arrepender-se se a crise se atenuar.

"Algumas vezes ouvimos aqui: "O meu marido disse-me que fizesse uma esterilização, porque mais um filho não seria praticável"", referiu a assistente social Ania Rodríguez, do grupo de planeamento familiar PLAFAM, no centro de Caracas.

Rodríguez diz que chega a receber diariamente até cinco mulheres desejosas de fazerem uma esterilização, bem acima do número de uma ou duas por semana que recebia há um ano. Quando as mulheres aparentam ter dúvidas ou estar a ser pressionadas para a esterilização, Rodríguez tenta convencê-las a recorrerem a contracetivos como os dispositivos intrauterinos, que parecem existir no mercado em maior quantidade e serem mais acessíveis do que a pílulas ou os preservativos.

Pacotes de três preservativos

Quando os têm, as farmácias vendem um pacote de três preservativos por cerca de 600 bolívares, apenas uns 55 cêntimos ao câmbio do mercado negro, mas um gasto elevado para quem ganha o salário mínimo de 33 mil bolívares por mês. No mercado de revendas de Caracas, os mesmos preservativos chegam a custar à volta de dois mil bolívares. A elite venezuelana pode pagar, mas a classe média enfraquecida e os pobres estão cada vez em maiores dificuldades.

"Não consegui encontrar as injeções [contracetivas], nem a pílula, nada. No mercado negro é muito caro e agora já nem aí se encontram", queixa-se Yecsenis Ginez, de 31 anos, que tem um filho e decidiu submeter-se a uma esterilização. "Pensei em vir a ter cinco filhos, já tinha imensos nomes em mente. Mas, agora, seria uma loucura engravidar."

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