Em Peniche
Investigadores europeus anunciaram que vão começar a estudar a partir de Peniche usos possíveis na indústria para algas...

"Está provado que muitas destas algas têm compostos bioativos, que têm aplicação na indústria da cosmética, na indústria alimentar ou na indústria farmacêutica pelas suas capacidades antioxidantes ou antitumorais. Já sabemos que muitas destas algas têm este potencial, mas precisamos estudar mais", disse Marco Lemos, coordenador do grupo de investigação da Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar de Peniche, do Instituto Politécnico de Leiria, que lidera o projeto europeu. Para o investigador, dos 20 tipos diferentes de algas identificadas "oito têm elevado potencial".

No âmbito do projeto, escreve o Sapo, está a ser desenvolvida tecnologia inovadora, recorrendo a sensores e câmaras híper-espectrais, que dentro de dois anos vai ser colocada no mar, entre Peniche e a ilha das Berlengas, para monitorizar em permanência o meio subaquático.

Além de estudarem o potencial das algas, os investigadores vão conseguir recolher dados a partir do fundo do mar sobre as "condições em que as algas aparecem, onde aparecem e quando podem ser recolhidas".

Depois de Peniche, os investigadores querem alargar o estudo à costa portuguesa e galega. "O noroeste ibérico, entre a Galiza e Peniche, é muito rico destas algas especialmente em zonas mais rochosas", explicou.

O projeto, com duração de quatro anos, tem como objetivo criar novos produtos, como rações, medicamentos, e cosméticos, a partir das algas invasoras, que estão por explorar, para criar negócios ligados à extração das algas e à indústria.

Projeto internacional
Além do Politécnico de Leiria, o projeto envolve o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da Universidade do Porto, a Universidade de Coimbra, a Universidade de Vigo (Espanha) e ainda empresas portuguesas, austríacas e holandesas. Apelidado de AMALIA (Algae-to-MArket Lab IdeAs), o projeto foi um dos quatro recentemente financiados pela Comissão Europeia no âmbito do mecanismo Blue Labs.

Estudo
Um novo estudo fala sobre os benefícios da estimulação cerebral para a melhoria dos sintomas da anorexia e, inclusive, para a...

Depois da esquizofrenia e da perda de memória, o uso de choques elétricos revelou-se também positivo no tratamento da anorexia. Após vários estudos terem mostrado resultados positivos desta terapêutica, uma nova investigação realizada por uma equipa de cientistas chegou à conclusão que também funciona em casos do distúrbio alimentar, conta o El Español.

Os transtornos alimentares têm aumentado nos últimos anos, especialmente nos países desenvolvidos, mesmo depois de várias campanhas de prevenção, escreve o Observador. A anorexia nervosa é uma das mais comuns, afetando cerca de 0,5% da população mundial, especialmente jovens adolescentes. Se não for tratada a tempo, pode ter consequências como a desnutrição, debilidade nos ossos e músculos, convulsões, problemas cardíacos e até morte. O tratamento mais comum são sessões de terapia, quer individuais quer em grupo. Em casos mais complexos, são receitados antidepressivos e tratamento psiquiátrico. Mas há uma grande tendência para a reincidência da doença no período de um ano.

Este novo estudo analisou 16 mulheres com anorexia extrema, com idades entre os 21 e 57 anos, nas quais os tratamentos tradicionais já não estavam a fazer efeito. Todas as mulheres foram submetidas a uma intervenção cirúrgica onde foi implantado um sistema na área do cérebro responsável pelos sintomas da anorexia. Depois de colocado o implante, as pacientes receberam pequenas descargas elétricas (5 e 6.5 voltes) a cada 90 micro segundos, durante um ano.

Ainda que três das pacientes tenham tido alguns efeitos secundários, a intervenção cirúrgica funcionou. Em cerca de 3 meses, o índice da massa corporal das mulheres começou a aproximar-se do que é considerado saudável.

Os investigadores afirmam que sabem que o seu estudo teve uma amostra muito reduzida, mas que os seus resultados são já um grande avanço. A experiência mostrou que a cada descarga elétrica no cérebro das pacientes a sua atividade cerebral mudava notoriamente. Os investigadores ressalvam a ideia de que este estudo pode ser um ponto de partida para outros estudos de maiores dimensões.

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Um consórcio português está a desenvolver uma seringa de múltipla câmara de libertação sequencial, que vai “melhorar a prática...

O novo dispositivo tem “vantagens para a saúde pública”, reduzindo, designadamente, o risco de infeção (diminui o número de manipulações), aumentando o conforto e bem-estar dos pacientes (sujeitos a menor número de procedimentos de injeção) e baixando a possibilidade de erro humano na administração de agentes terapêuticos, afirma a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC).

A seringa, cuja ideia partiu de estudantes e docentes deste estabelecimento de ensino, vai ser desenvolvida pelo consórcio integrado pela empresa de indústria de plásticos Muroplás, do Porto, pela ESEnfC e pelo Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP), da Universidade do Minho, com apoios comunitários da ordem de meio milhão de euros.

Denominado ‘seringa DUO’, o novo dispositivo médico “tem potencial para revolucionar a enfermagem hospitalar”, permitindo “o carregamento e a administração endovenosa sequencial de dois fluidos diferentes – fármaco e solução para limpeza do cateter – sem que haja necessidade de troca de seringas”, sublinha a ESEnfC.

“Entre as vantagens para a saúde pública resultantes do uso da ‘seringa DUO’ contam-se a redução do risco de infeção, através da diminuição do número de manipulações, o aumento do conforto e bem-estar dos pacientes (sujeitos a menor número de procedimentos de injeção) e a redução da possibilidade de erro humano na administração de agentes terapêuticos”, sustenta a Escola, na mesma nota.

Acrescem, além disso, “benefícios económicos para as instituições de saúde (menos seringas utilizadas e menor tempo disponibilizado pelos profissionais), com a consequente minimização dos custos associados ao tratamento dos doentes, além da redução do volume de resíduos hospitalares”, acrescenta.

O projeto é cofinanciado pelo programa COMPETE 2020, no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, na vertente de copromoção, com um incentivo do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), no valor de cerca de 516 mil euros, para um investimento elegível de 718 mil euros.

Doença Psiquiátrica
Tratando-se de uma doença psiquiátrica caracterizada pela presença de obsessões ou compulsões, a Per

A Perturbação Obsessivo-Compulsiva é, de acordo com o especialista em Psiquiatria, António Ferreira de Macedo, uma doença psiquiátrica bastante frequente, caracterizada pela presença de obsessões e/ou compulsões que interferem não só com o bem-estar e quotidiano do doente mas também de quem o rodeia.

Sendo de difícil tratamento, quer pela sua complexidade, quer pelo facto do seu diagnóstico ser, na maioria das vezes, tardio, esta doença afeta entre 2 a 5% da população podendo surgir ainda na infância.

“A Perturbação Obsessivo-Compulsiva é uma perturbação que, para além da perturbação objetiva que pode determinar o funcionamento do indivíduo nas suas diversas áreas de vida, pelo tempo dispendido com os rituais compulsivos (que podem atingir várias horas por dia), causa ainda um enorme mal-estar subjetivo que, se não abordado de forma consistente e atempada, poderá levar a quadros depressivos graves”, começa por explicar o coordenador do manual “Perturbação Obsessivo-Compulsiva – O Insustentável peso da Dúvida”, publicado pela editora LIDEL.

As principais características da doença são a existência de obsessões – pensamentos, imagens, medos ou impulsos de carácter recorrente e intrusivo que provocam elevados níveis de ansiedade – e compulsões. “As compulsões são comportamentos ou atos mentais, repetitivos e estereotipados, realizados com o objetivo de reduzir a ansiedade gerada por aqueles pensamentos obsessivos”, esclarece o psiquiatra.

“As obsessões mais frequentes são as de contaminação e as compulsões mais frequentes são os rituais de verificação”, revela.

Relativamente à expressão sintomática da doença, o especialista adianta que “existem algumas evidências relacionadas com o género”: enquanto nos homens são relatadas mais obsessões de tipo sexual, nas mulheres surgem mais rituais de lavagem e limpeza.

Não obstante os sintomas nucleares – obsessão e compulsão -, esta doença “caracteriza-se igualmente pela existência de outros sintomas como o evitamento, ou pela presença de diversas ideias obsessivas que, apesar de não terem um carácter patognomónico, têm sido implicadas na etiopatogenia desta doença”.

“Acresce que sendo a POC per se uma doença grave, muitas vezes é acompanhada de outras perturbações psiquiátricas comórbidas que mais agravam o prognóstico e dificultam o tratamento”, acrescenta o Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).

No que diz respeito às suas causas, o especialista refere que a sua etiologia ainda é pouco compreendida. “De acordo com o modelo proposto pelo Yale Study Center, a etiologia POC seria produto da interação entre fatores genéticos e ambientais”, presumindo-se assim que genes vulneráveis poderiam ser responsáveis pela formação e/ou atividade de circuitos neuronais específicos quando em contacto com determinados fatores ambientais.

“Os fatores ambientais explicam cerca de 1/2 e 2/3 dos casos de POC crónica no sexo masculino e feminino, respetivamente, o que revela a sua importância na probabilidade de manter a sintomatologia”, avança o especialista.

Por outro lado, Ana Telma Pereira, investigadora auxiliar do serviço de Psicologia Médica da FMUC, refere que o papel da educação merece especial atenção no que diz respeito a esta entidade clínica. “É frequente que os doentes com POC tenham sido criados em meios onde a limpeza exagera, a religião, a moral, a ordem ou a culpa sobressaiam como valores importantes”, revela admitindo que as vivências precoces com este estilo educativo desempenham um papel decisivo na estruturação da personalidade, podendo promover o desenvolvimento de traços obsessivos ou de uma Perturbação Obsessivo-Compulsiva.

Primeiros sintomas na adolescência ou em início da idade adulta

Apesar de haver registo de casos de POC na infância, a sua grande maioria inicia-se antes da idade adulta.

“A idade de início da doença é um conceito complexo e pouco consensual entre os peritos. Para uns corresponde ao momento em que surgem os primeiros sintomas e para outros à idade de início da doença na sua forma «completa», altura em que se manifestam sintomas graves que causam prejuízo e incapacidade na vida do indivíduo”, refere António Ferreira de Macedo.

De acordo com alguns autores, cerca de 65% dos casos tem início antes dos 25 anos de idade, sendo apontada como idade média os 19.5 anos, “com um início mais precoce no sexo masculino”.

Apenas um quarto dos indivíduos do sexo masculino tinha menos de 10 anos quando a doença surgiu. “Em contraste, os novos casos de POC nos indivíduos do sexo feminino surgiram maioritariamente depois dos 10 anos, com maior expressão durante a adolescência”, acrescenta Joana Andrade, assistente hospitalar de Psiquiatria do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra.

Considerada como uma doença crónica, a POC pode ser dividida em três categorias consoante a gravidade: crónico sem remissão, fásico com períodos de completa remissão e episódico com remissão parcial.

“Num estudo que efetuámos, na decada de 90, no Hospital de Dia da Clínica Psiquiátrica dos Hospitais da Universidade de Coimbra, em que era analisada a evolução da POC, desde o seu início até à data do internamento, verificámos que em 87.1%  dos doentes o curso foi crónico, encontrando-se mais raramente um curso fásico com períodos de remissão completa (12.9%). Por outro lado, os estudos mostram que mesmo no caso de doentes adequadamente tratados, a taxa de recaída é superior a 50%”, revela António Ferreira de Macedo.

10% dos doentes desenvolve forma grave e incapacitante da doença

De acordo com a psiquiatra Joana Andrade, a Perturbação Obsessivo-Compulsiva é uma doença de difícil tratamento e para a qual existem várias modalidades terapêuticas com vista o controlo dos sintomas.

“Em psiquiatria, as terapias multimodais são mais a regra do que a excepção. No caso da POC as evidências mostram que as estratégias psicoterapêuticas não são uma alternativa aos fármacos, mas sim um complemento necessário às medicações, de modo que a combinação tenha um efeito sinérgico/multiplicativo e não apenas aditivo”, explica.

“A investigação a longo prazo sugere uma maior eficácia para a combinação da terapia cognitivo-comportamental e medicação, do que qualquer um deles isoladamente”, justifica.

Não obstante, sabe-se que cerca de 10% dos doentes desenvolve uma forma grave, incapacitante e refratária da doença. Casos esses, que podem necessitar de intervenções terapêuticas mais intensivas.

“Estas intervenções baseiam-se na interrupção das ligações recíprocas entre os lobos frontais e determinadas estruturas subcorticais”, com benefícios em 35 a 50% dos casos.

No entanto, outras técnicas menos invasivas, como a estimulação magnética transcraniana e a estimulação cerebral profunda, têm vindo a revelar-se como alternativas promissoras aos procedimentos psicocirúrgicos.

Sentimento de vergonha e falta de informação dificultam diagnóstico

“Frequentemente o doente com POC experiencia um sentimento de vergonha associado às suas obsessões e compulsões, precisamente por ter crítica para o seu exagero e irrazoabilidade”, afirma a também coordenadora do manual “Perturbação Obsessivo- Compulsiva – O Insustentável peso da Dúvida”.

Na realidade, este sentimento leva não só a que o doente não procure ajuda especializada, como faz com que viva, muitas vezes, durante anos, com as suas dificuldades em segredo. O receio de ser julgado leva o doente a esconder a sua condição.

A verdade é que, e de acordo com os especialistas, “pode existir um lapso de tempo entre o aparecimento dos sintomas obsessivo-compulsivo e a procura de ajuda médica por parte do doente”. Estimando-se, em média, que o diagnóstico chegue ao fim de 8.9 anos.

“É, efetivamente, uma doença mal conhecida o público e, neste campo, também existe todo um trabalho de divulgação e esclarecimento por fazer. É na generalidade um problema crónico, de muito difícil tratamento, com elevadas taxas de recaída e com grave incapacidade informal”, afirma o psiquiatra.

E foi pela necessidade de desmistificar esta doença psiquiátrica, que nasceu o manual da editora LIDEL, dedicado ao tema.

Dirigido a todos os profissionais de saúde que lidam diretamente com questões de saúde mental, este livro foi escrito com a colaboração de 20 especialistas nacionais e internacionais, com o objetivo de facilitar a compreensão e interpretação das discussões mais profundas sobre todas as nuances desta doença.

A Perturbação Obsessivo-Compulsiva “constitui uma perturbação que muitas vezes se coloca no mesmo patamar de gravidade e prejuízo funcional como as doenças psiquiátricas cujo prognóstico nefasto é mais conhecido, como por exemplo a esquizofrenia e outras perturbações psicóticas”. 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Organização Mundial da Saúde
A Organização Mundial da Saúde afirmou que foram observadas mutações do vírus da gripe das aves, que se estão a espalhar pela...

Numa conferência de imprensa, a agência de saúde da ONU referiu que em cerca de sete por cento das pessoas infetadas com a gripe aviária H7N9, os cientistas identificaram mudanças genéticas.

Estes vírus poderiam ser resistentes ao Tamiflu, o tratamento recomendado para a doença e a droga que está a ser armazenada em todo o mundo em preparação para uma eventual pandemia de gripe.

Wenqing Zhang, a chefe do departamento de gripe da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse que a taxa de mutação é semelhante à identificada em anos anteriores.

"A mudança constante é a natureza de todos os vírus da gripe", disse a responsável da OMS.

Wenqing Zhang Zhang afirmou que os vírus resistentes foram detetados em pessoas que já haviam sido tratadas com Tamiflu, dissipando os receios de que estes possam estar a adquirir resistência espontaneamente na natureza.

A responsável da OMS disse que as mutações no vírus H7N9 também o tornaram mais mortal para as aves, mas não está claro o que isso pode significar para os seres humanos.

Também Wendy Barclay, a responsável pelo centro de gripe do Imperial College de Londres disse que, embora os casos de gripe aviária tenham aumentado este ano, não há indicação de que o vírus esteja a adaptar-se mais facilmente à transmissão humana.

Com base nas sequências genéticas dos vírus, não há mudanças suficientes para sugerir que estaria prestes a explodir numa pandemia", disse Wendy Barclay.

Entretanto, alguns cientistas têm levantado preocupações sobre se a China está a compartilhar informações suficientes.

No início deste ano, o país anunciou, de uma só vez, cerca de 100 casos, um atraso que poderia comprometer os esforços para rastrear quaisquer mudanças na propagação do vírus.

"Precisamos sempre de mais detalhes e de informações mais rápido", disse Michael Osterholm, da Universidade de Minnesota, acrescentando que a gripe das aves continua a preocupar, sublinhando a vulnerabilidade do mundo para a pandemia de gripe.

"Nós não estamos em melhor posição para responder do que estávamos durante a pandemia da gripe suína (2009)", afirmou Osterholm.

Estudo
Custos, nível de prestação de cuidados de saúde e inovação estão entre os principais desafios dos agentes do setor para este ano.

As despesas globais com cuidados de saúde deverão atingir os 8,7 biliões de dólares até 2020, uma subida significativa face aos 7 biliões de 2015. Este crescimento deve-se ao envelhecimento da população e às doenças crónicas associadas, aos inovadores avanços clínicos, à evolução tecnológica e ao aumento dos custos laborais, de acordo com o estudo Global Health Care Outlook 2017: Making progress against persistent challenges, da Deloitte.

“Os atuais desafios da procura e do custo dos serviços de saúde deverão manter-se a curto e médio prazo. Para atingir significativas melhorias clínicas e operacionais, as empresas do setor devem responder a estes desafios”, afirma Duarte Galhardas, partner e líder da área de Life Sciences and Health Care da Deloitte. “Encontrar um caminho adequado para todos os stakeholders vai ser difícil, mas algo necessário para assegurar a prestação de serviços de saúde de elevada qualidade, garantir um acesso igualitário e resultados positivos a custo acessível para os pacientes”.

As entidades estabelecidas no mercado, as novas empresas e os governos estão a desenvolver novas soluções e abordagens para melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde, bem como para controlar os custos. A inexistência de métricas consistentes dificulta a leitura dos atuais resultados. No entanto, de acordo com o estudo da Deloitte, as entidades ou empresas que se focarem nas seguintes cinco principais áreas em 2017 estarão preparadas para enfrentar os próximos desafios:

Custo: Espera-se um aumento da despesa com cuidados de saúde de 2,4% para 7,5%, entre 2015 e 2020, nas maiores regiões do mundo. Os prestadores de serviços de saúde que enfrentam o desafio deverão encontrar soluções mais eficientes, do ponto de vista do custo e operacional, deverão focar-se nas iniciativas mais transformadoras para inverter a curva da despesa.

Prestação de cuidados de saúde: A falta de acesso a serviços básicos de saúde e as variações da qualidade dos cuidados são problemas que persistem em muitas regiões do mundo. Os desafios atuais do setor da saúde são complexos e estão relacionados entre si, pelo que os modelos de prestação de cuidados de saúde que seguem uma abordagem multifacetada e colaborativa estão mais aptos a obter resultados positivos.

Inovação: A cirurgia robotizada, a impressão 3D, os dispositivos implantáveis e outras inovações tecnológicas focadas na prevenção, na monitorização e no tratamento estão a revelar potencial para melhorar os resultados e reduzir custos. Os líderes do mercado da saúde deverão considerar a construção de ecossistemas que envolvem entidades não convencionais e fontes de conhecimento fora da sua rede de relações.

Operações: Os sistemas de saúde públicos e privados vão, eventualmente, precisar de implementar novos modelos clínicos e de negócio para disponibilizar cuidados de saúde escaláveis, eficientes e de elevada qualidade, mas também para reduzir o desperdício, as redundâncias e os custos que ameaçam a sustentabilidade do sistema. Tal como acontece nas empresas comerciais, as entidades que prestam cuidados de saúde devem investir em ferramentas e processos que lhes permitam compreender o seu mercado alvo e os clientes, e deste modo envolverem-se mais diretamente com os consumidores dos serviços de saúde, atualmente mais ativos e informados.

Regulação do mercado: A saúde é uma das indústrias mais reguladas do mundo, com leis e políticas que verificam a qualidade e segurança clínica, a cibersegurança, a contrafação de medicamentos e a corrupção. Assim, adotar uma abordagem uniforme e consistente com as regras de planeamento, execução e monitorização faz sentido do ponto de vista clínico e de negócio no contexto atual do mercado.

Além de definir as considerações dos stakeholders, o estudo da Deloitte destaca o estado atual do setor da saúde e explora as tendências e questões que impactam as organizações do setor.

“Sem exceções, todos os sistemas de saúde no mundo devem continuar a procurar e a implementar estratégias que permitam melhorar os resultados e manter a linha da despesa inalterável”, destaca Duarte Galhardas, da Deloitte. “Embora não haja o ‘sistema de saúde perfeito’, existem exemplos de bons desempenhos em muitos países, que podem servir de referência para os agentes do setor”.

Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil
A lancheira solidária "Heróis da Fruta - Missão 1 Quilo de Ajuda" lançada pela APCOI - Associação Portuguesa Contra a...

Com a atribuição deste prémio, o projeto "Heróis da Fruta" afirma-se assim entre as marcas portuguesas que se destacam pela sua excelência na relação de confiança e no caráter inovador e solidário que tem junto das crianças e das respetivas famílias.

Mário Silva, Presidente da APCOI comentou que "receber o Prémio Cinco Estrelas representa a merecida consagração para esta parceria da APCOI com a Fruut que surgiu integrada no projeto escolar ‘Heróis da Fruta’, atualmente o maior programa gratuito de educação para a saúde em Portugal e foi criada com o objetivo de promover a inclusão social e o reforço nutricional dos alunos mais carenciados do país, uma vez que por cada lancheira vendida 5% do valor reverte para o fundo social ‘Missão 1 Quilo de Ajuda’ que beneficia alunos carenciados através da oferta gratuita semanal de cabazes de fruta em várias escolas de diferentes regiões".

No ano letivo 2015/2016 este projeto beneficiou semanalmente 207 crianças, principalmente alunos de escalão A e B de Ação Social Escolar que por razões financeiras não levaram lanche para a escola, tendo no entanto registado no total 2.263 candidatos a este apoio, entre os quais, casos urgentes de alunos que chegam à sala de aula de barriga vazia, ou seja, que também não tinham tomado o pequeno-almoço.

Universidade de Coimbra
Duarte Nuno Vieira, Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e Professor Catedrático de Medicina...

A Rede tem como objetivo dinamizar a medicina legal e as ciências forenses nos países árabes e do médio-oriente, visando, numa fase inicial, proporcionar um apoio prioritário a países como a Síria, Líbano, Palestina, Iraque, Sudão, Irão, etc.

Duarte Nuno Vieira tem uma larga experiência no âmbito da realidade forense destes países, nos quais tem concretizado múltiplas missões forenses, nomeadamente por solicitação das Nações Unidas.

O catedrático da FMUC é também Presidente de uma rede similar, a Rede Iberoamericana de Instituições de Medicina legal e Ciências Forenses, que integra os principais serviços médico-legais e forenses dos 22 países deste espaço geográfico de língua oficial espanhola e portuguesa, rede que tem vindo a desenvolver um trabalho assinalável e cujo secretariado permanente ficou localizado em Portugal.

Infarmed
Entre 2007 e 2016 peritos do Infarmed iniciaram 1378 processos de avaliação de novas substâncias. Nos últimos sete anos...

Portugal é dos países que mais avalia medicamentos para o resto da Europa e há sete anos que está no Top 5 do ranking europeu. Entre 2007 e 2016 os peritos nacionais iniciaram 1378 processos de avaliação de medicamentos das mais variadas áreas, desde a cardiologia à dermatologia. Esta é uma área de aposta do Infarmed e um dos argumentos de Portugal na candidatura para ser a sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA).

Portugal é um dos Estados membros de referência, ou seja, um dos países que faz a avaliação que permitirá a entrada de um medicamento em vários países europeus. Em 2007, o nosso país era 14º no ranking, com apenas 13 processos de avaliação. No ano passado já era 4.º, com 161 processos, só ficando atrás da Holanda, Alemanha e Reino Unido. "Portugal foi apostando na capacidade avaliativa, criando mais peritos no âmbito na comissão de avaliação de medicamentos. Aumentou a capacidade de resposta e a qualidade também", diz ao Diário de Notícias Hélder Mota Filipe, membro do conselho diretivo do Infarmed.

É o país escolhido como relator que faz o relatório que serve de base aos restantes países para a entrada de um novo medicamento. "O que é relevante é que é a indústria que propõe o país relator e o comité europeu confirma a escolha. Fá-lo porque temos capacidade técnico-científica avaliativa. Há um processo preparatório antes do relatório final em que os peritos do país avaliador analisam se o processo é robusto. Se houver falhas a meio da avaliação quer dizer que houve uma falha antes", explica, referindo que a escolha de Portugal reflete o reconhecimento das qualidades dos peritos nacionais.

Existem dois comités europeus de avaliação de medicamentos que se reúnem na EMA. Portugal faz parte de ambos, com dois peritos do Infarmed em cada um. Portugal está no top 5 no dos procedimentos de reconhecimento mútuo e descentralizados. O processo é semelhante: a indústria apresenta o processo, o país relator avalia e é tomada a decisão final, que por norma resulta na aprovação. Mas enquanto no reconhecimento mútuo o medicamento já tinha sido aprovado num país, no procedimento descentralizado não havia nenhuma autorização prévia. O leque de medicamentos é vasto, desde cardiovasculares, diabetes, do aparelho digestivo, dermatologia, etc.

E há ainda o comité dos procedimentos centralizados. Nestes casos, por se considerar que o medicamento é muito essencial, o dossiê é apresentado diretamente à EMA. Mas são os peritos dos países que avaliam. Neste caso são medicamentos das doenças infecciosas, antibióticos, oncologia, biológicos e neurologia. "Ainda não estamos nos primeiros lugares dos procedimentos centralizados, mas iremos estar. Estamos a aumentar a capacidade de avaliação nas três áreas."

Portugal compete pela EMA
Sempre que um país inicia o processo fica para sempre responsável e será ele a reavaliar o processo quando existirem alterações. O reino Unido é responsável por cerca de 20% de toda a avaliação descentralizada. Com o Brexit abre-se uma oportunidade para os países que querem reforçar o seu papel de avaliadores. Caso de Portugal. "Estamos a preparar o corpo de peritos para responder a essa necessidade", refere Hélder Mota Filipe.

Este é também um dos argumentos que Portugal irá utilizar na corrida para se tornar a nova sede da EMA. Os primeiros passos da demonstração de interesse foram dados em fevereiro, quando o ministro da Saúde foi a Londres e reuniu com a administração. A Agência tem um orçamento anual que ronda os 300 milhões de euros e mais de 400 pessoas a trabalhar nos quadros.

Estudo
Um estudo publicado pela revista especializada Science Advances sugere que o vírus Zika tem um forte impacto no sistema...

Cientistas da Universidade de Yale concluíram que o Zika diminui os níveis de testosterona e atrofia os testículos a partir de testes em animais de laboratório.

"Foi reportado que o vírus Zika pode ser detetado no sémen por períodos prolongados depois da infeção no ser humano. Portanto, pensámos na hipótese de que o vírus podia replicar-se nos testículos e comprovámo-la usando em ratos", explicou à agência Efe Ryuta Uraki, coordenador do estudo.

Os cientistas infetaram ratos e notaram que o vírus desaparecia do sangue dos animais após 21 dias, mas continuava presente nos testículos, que haviam encolhido "significativamente", escreve o Sapo.

Segundo Uraki, isso seria um indício de que as células morreram depois da infeção.

Tal como a dengue, o Zika é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e costuma provocar febre leve, erupções na pele, conjuntivite e dores musculares, além de estar relacionado com malformações congénitas muito graves em fetos cujas mães são infetadas durante a gravidez, nomeadamente a microcefalia.

Uraki também afirmou que, embora se acredite que o vírus se espalha principalmente através da picada do mosquito infetado, é preciso ter em conta o risco de transmissão sexual.

"Como os seres humanos com um sistema imunológico totalmente funcional também demonstram uma infeção persistente do Zika nos testículos, estas descobertas têm grandes implicações para a fertilidade dos homens que foram expostos ao vírus", afirma o estudo. "Será importante controlar a fertilidade dos homens que foram infetados com o Zika para compreender melhor o impacto nos seres humanos".

Estudo
Uma equipa de cientistas demonstrou que o tratamento de sucesso para a insónia pode ser mais simples do que se pensava.

O estudo publicado na revista “Brain” põe por terra a ideia de que o treino por neurofeedback - um dos mais eficazes no tratamento das disfunções do sono e que consiste na exercitação direta das funções cerebrais - pode ser inútil quando comparado com os resultados de um placebo.

Uma equipa de investigadores liderada por Manuel Schabus, da Universidade de Salzburgo, na Áustria, demonstrou que os pacientes que acreditaram que tinham sido submetidos a um treino por neurofeedback tinham recebido os mesmos benefícios do que aqueles que tinham de facto feito o treino.

Para o estudo, segundo o Sapo, a equipa recrutou 30 pacientes com insónia primária. Os voluntários foram divididos em dois grupos e submetidos a doze sessões de neurofeedback ou a doze sessões com um treino placebo.

Antes e depois das sessões, os participantes foram sujeitos a eletroencefalogramas.

Os investigadores apuraram que tanto o neurofeedback como o placebo revelaram-se igualmente eficazes em medições subjetivas das queixas relacionadas com o sono, o que sugere que as melhorias observadas tiveram origem em fatores não específicos, como sentir confiança e receber cuidado e empatia por parte dos investigadores.

Estudo
Os pacientes com doença coronária são mais propensos a desenvolverem problemas de ansiedade e a terem uma atitude mais negativa...

A conclusão é de um estudo conduzido por investigadores liderados por Paula Mommersteeg, professora assistente de Psicologia Médica e Clínica da Universidade de Tilburg, Holanda.

A mesma investigação avança ainda que este tipo de problemas do foro psiquiátrico são também mais prevalecentes entre o sexo feminino, escreve o Sapo.

A equipa de cientistas contou com a participação de 500 pessoas com doença cardíaca ligeira e com 1.300 voluntários saudáveis com idades entre os 52 e os 70 anos. Ambos os grupos responderam a questionários sobre saúde física e mental.

Os participantes com problemas cardíacos declararam possuir um índice mais elevado de saúde debilitada, ansiedade e negativismo combinadas com uma inibição social em comparação com os participantes do grupo de controlo.

As pacientes do sexo feminino disseram possuir mais problemas de saúde e ansiedade do que os pacientes do sexo masculino. "Ficámos intrigados com estas diferenças entre sexos – não sabíamos que eram assim tão evidentes", comenta a autora principal do estudo, citada pela agência de notícias UPI.

O estudo sublinha ainda que a doença coronária leve provoca um bloqueio parcial do fluxo sanguíneo, o que aumenta o risco de problemas cardíacos graves e de morte precoce.

Estudo
Já se sabia que a facilidade em atingir o clímax variava de homens para mulheres, mas agora uma novo estudo indica que também...

As mulheres heterossexuais pertencem ao grupo demográfico de seres humanos que atinge menos vezes o orgasmo durante a relação sexual, a passo que os homens heterossexuais são os que conquistam o primeiro lugar do sexo oposto.

As conclusões são de um estudo da Universidade do Indiana, da Universidade Chapman e da Universidade de Claremont, todas nos Estados Unidos, que analisou mais de 52 mil adultos daquele país, escreve o Sapo.

Segundo cita a BBC, cerca de 95 por cento dos homens heterossexuais afirmaram atingir o orgasmo quase sempre durante as relações sexuais. Os homens homossexuais atingem o clímax 89% das vezes; já os homens bissexuais ficaram um ponto percentual atrás, como 88%.

No que toca às mulheres, tanto as heterossexuais como as homossexuais e as bissexuais revelaram ter menos orgasmos do que os homens. As lésbicas referiram atingir o orgasmo em 86% das vezes. No entanto, nota-se um decréscimo significativo quanto aos grupos femininos bissexuais e heterossexuais que disseram atingir o orgasmo 66 e 65 por cento das vezes, respetivamente.

Os investigadores concluem ainda que "poucas mulheres heterossexuais atingem o orgasmo apenas através da penetração" e que a frequência de orgasmos para as mulheres com esta orientação sexual só se aproximava da dos homens quando eram incluídos outros fatores durante a relação sexual.

Ainda de acordo com o estudo, houve uma associação clara entre a frequência do sexo oral e o número de orgasmos em mulheres heterossexuais, mulheres lésbicas, mulheres bissexuais, homens gays e homens bissexuais, escreve a referida televisão britânica.

Dia Mundial das Doenças Raras
Estima-se que cerca de 30 milhões de europeus sejam portadores de uma doença rara que, em 80% dos ca

As doenças denominadas “raras” são aquelas que, por definição, atingem apenas uma pequena percentagem da população. Esse desiderato resulta na existência de menor experiência, por parte do pessoal de saúde, em tratar ou até mesmo reconhecer os sinais e sintomas das mesmas.

Os doentes e suas famílias, sendo em pequeno número, têm também maior dificuldade em encontrar casos semelhantes com quem possam partilhar dúvidas e situações comuns, dificultando uma melhor adaptação, dos doentes e famílias, às dificuldades que tais doenças habitualmente comportam.

O número reduzido de doentes afectados com a mesma doença dificulta também a criação de centros especializados no tratamento das mesmas. Por todas estas razões, estas doenças são também chamadas “doenças órfãs”.

No Continente Europeu estima-se que haja mais de 30 milhões de cidadãos atingidos por diferentes formas destas doenças. Individualmente, cada doença pode afectar não mais de um em um milhão mas, no seu conjunto, podem representar cerca de 6-8% da população europeia.

A maioria das doenças raras é de origem genética (cerca de 80%). Estas estão presentes toda a vida dos doentes, ainda que, ocasionalmente, os sintomas possam ser inaparentes por algum tempo. Setenta e cinco por cento destas doenças manifestam-se na infância e cerca de 30% são fatais antes da idade dos cinco anos. As que não são genéticas têm origem infeciosa, alérgica ou na exposição a determinados ambientes.

As doenças raras são comumente crónicas, progressivas, com frequência denegerativas e muitas vezes fatais. Caracterizam-se, quase sempre, por uma importante diminuição na qualidade de vida dos doentes, frequentemente com limitação da sua autonomia e cursando, muitas vezes, com dor e elevado índice de sofrimento quer dos doentes quer das suas famílias, tantas vezes implicadas nos cuidados destes , quando estes têm a sua autonomia fortemente diminuída.

Estas doenças, sendo raras individualmente, mas existindo em grande número, caraterizam-se por grande diversidade de sintomas que variam, não só de doença para doença, como também entre diferentes doentes com a mesma patologia. Por sua vez, sintomas comuns podem existir nestas doenças raras dificultando o diagnóstico ou conduzindo a diagnósticos incorrectos.

A pouca quantidade de informação disponível e de experiência com estes doentes, leva a um menor grau de conhecimento científico  com concomitantes atrasos no diagnóstico e, de alguma forma, conduzindo a iniquidade no acesso a cuidados de saúde especializados e apoio social às famílias implicadas.

É importante  a criação, não só de grupos de estudo dedicados a estas patologias, como também de fóruns e grupos de apoio mais destinados aos doentes e suas famílias, promovendo a partilha de problemas e conhecimentos. Este dia dedicado a estas doenças serve, sobretudo, para lembrar a sua importância individual, não obstante o seu número residual. Afinal, cada um de nós é também um indivíduo único e todos nós, mesmo os não doentes, padecemos das nossas idiossincrasias. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Doenças raras
Projeto da associação Raríssimas procura apoio da sociedade para financiar tratamentos. Há milhares de doenças raras e poucas...

A porta da sala de terapias está aberta e os gritos de Lili ecoam por todo o edifício. Está furiosa, abana a cabeça com força, atira o corpo para trás e para a frente com violência. Descontrolada, começa a dar estalos na cara. A diretora interrompe com autoridade. Passou. Em poucos minutos, Lili está a sorrir e a dar beijos carinhosos à "madrinha", que veio acompanhar a sua evolução.

Liliana Carvalho ou Lili tem uma doença rara, escreve o Jornal de Notícias. Chama-se assim porque afeta, no máximo, uma pessoa em cada duas mil. Parece pouco, mas as doenças são muitas (há mais de seis mil identificadas). Hoje, a pretexto do Dia Mundial das Doenças Raras, pede-se mais atenção para estas patologias que afetarão cerca de 800 mil portugueses e carecem de respostas sociais e de saúde.

Lili nasceu há 14 anos com uma hidrocefalia congénita. O quadro clínico agravou-se com uma meningite por volta dos cinco meses. Aos nove anos, quando chegou ao centro da Raríssimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, na Maia, era "uma desgraça", nas palavras da mãe. Não falava, não andava, não sabia sequer que tinha pernas. Não comia sozinha, "berrava, ferrava e batia-se o dia inteiro". Aqueles cinco minutos de descontrolo que, às vezes, ainda tem, eram a toda a hora. Quatro anos depois e milhares de exercícios de reabilitação personalizados, Lili compreende o que lhe dizem, tem um discurso assertivo, come sozinha, deixou as fraldas e anda a pé com ajuda.

Uma evolução só possível graças aos "padrinhos" - a Fundação Manuel António da Mota (FMAM) e a empresa Sakthi - que acreditaram na causa e financiam os tratamentos, no âmbito do projeto "Olha por mim" da Raríssimas. No caso de Lili são cerca de 12 200 euros por ano, um custo incomportável para a família, oriunda da Madeira.

O investimento tem surtido efeito e Inês Mota, administradora da FMAM, bem como o presidente, Rui Pedroto, acompanham de perto as conquistas. Periodicamente recebem notícias sobre a evolução da afilhada e sempre que podem vão ver com os próprios olhos. "Sentimos que não dá para desligar, estamos cá para o que for preciso", assegura Inês, satisfeita por poder dar um rumo diferente a uma existência que à partida estaria condenada.

No "centro raríssimo" da Maia, são acompanhadas em ambulatório 70 crianças e jovens com doenças raras, dos quais 21 estão apadrinhados e 18 estão a aguardar um padrinho ou madrinha para poderem seguir o plano terapêutico individualizado de que necessitam. Fisioterapia, terapia da fala, terapia ocupacional, hidroterapia, hipoterapia e ozonoterapia são algumas das valências proporcionadas.

A angariação dos mecenas é feita pela associação, que anda de porta em porta à procura de padrinhos. Muitas vezes são as empresas onde o pai ou a mãe da criança trabalham que ajudam, conta Joaquina Teixeira, vice-presidente da Raríssimas e diretora do centro da Maia. Sempre que o ano está para acabar vem aquela "dor de barriga" só de pensar que os apoios podem terminar. Ao todo, nos seis centros de reabilitação da Raríssimas do país, são acompanhados 189 doentes, dos quais 44 têm "padrinhos" e 61 estão a aguardar a sua sorte.

Manel Silva-Leal é um desses casos. Chegou há menos de um mês ao centro da Maia. Tem 20 anos e carrega uma expressão de sofrimento que dói. Não fala, usa fraldas, anda agitado e chora sem parar. A mãe, professora na faculdade, traz o desgaste físico e emocional agarrado à pele. O casamento ruiu, a folga financeira que já teve transformou-se num aperto, as costas já não aguentam o peso do filho. Há duas décadas que procura um diagnóstico, um nome para a doença do filho: o último chama-se Síndrome de Pitt-Hopkins, mas ainda sem certezas.

Certo é que Manel precisa de muita reabilitação. Os custos são altos, mas Joaquina já convenceu o irmão a apadrinhar parte dos tratamentos. Não é uma estreia para José Teixeira. O empresário já foi "padrinho" de um menino que morreu, mas não quis deixar de apoiar o projeto que a irmã abraçou alguns anos após o nascimento do Gonçalo, um menino "raro" com Síndrome de Angelman. Os "sorrisos lindos" que recebe servem de recompensa. Padrinho, podes olhar por mim? "Não há como dizer não".

No Porto
Um projeto destinado a doentes com leucemia e linfoma presta apoio domiciliário a mais de 200 utentes, na maior parte idosos,...

Segundo a presidente da Associação de apoio aos Doentes com Leucemia e Linfoma (ADL), Fátima Ferreira, tratando-se de "uma doença controlada mas não curável, os doentes com estes problemas de sangue têm, regularmente, de fazer transfusões".

"Entre a necessária recolha de sangue para análise, a análise e a eventual transfusão, que dura no mínimo duas horas, por vezes os doentes têm de esperar no hospital durante três horas", explicou Fátima Ferreira.

Há dois anos, um conjunto de circunstâncias, "como a oferta de um carro por um antigo doente e a chegada de dois enfermeiros reformados, proporcionaram o início das visitas ao domicílio", observou.

"O nosso raio de ação são 100 quilómetros à volta do Porto, mas excecionalmente já fomos até Monção", disse a responsável de um trabalho voluntário "que permite aos idosos poupar dinheiro, viagens e ter melhor qualidade de vida".

O trabalho da dupla de enfermeiros consiste na "recolha de sangue na casa dos doentes", após o que "fazem o estudo das amostras, informando de seguida o hospital", a quem cabe a decisão sobre se o "doente tem de submeter-se à transfusão".

"Caso seja preciso, marca-se o dia, o paciente desloca-se ao hospital e, à hora marcada, e sem ter de esperar mais tempo, faz [a transfusão] e depois regressa a casa. No caso de não ser preciso, as colheitas ficam feitas, os resultados anotados e o idoso não se cansou com viagens", explicou.

Criada em 1997, a associação vai procurar alargar esse serviço a mais utentes "assim que conseguir outro enfermeiro voluntário", sublinhou a responsável.

Com 1.118 associados, mas em que apenas "um terço paga a quota anual de 10 euros", a ADL conta com 30 voluntários.

Nas instalações que possui no Hospital São João, a associação desenvolveu um apoio "que fosse de encontro ao que o paciente precisava", sendo essa a base que fez nascer, há três anos, "um grupo de terapeutas de Reiki" depois do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) ter sido a primeira unidade de saúde do país a autorizá-lo.

"Desde então, doentes de ambulatório e internados com cancro de estômago têm recebido esse serviço voluntário, também ele em crescimento e que já superou a centena de utentes", disse a também médica no CHSJ.

Um protocolo celebrado com a Associação Portuguesa de Reiki Essencial, em Matosinhos, assegurou à ADL a continuidade das terapias "para os doentes que tiveram alta e aos que vêm esporadicamente ao hospital, da zona norte, e igualmente grátis, dado que detetámos dificuldades económicas numa parte deles", explicou Fátima Ferreira.

A ADL tem na indústria farmacêutica a sua "principal fonte de receita", numa parceria que passa, segundo Fátima Ferreira, "pela colaboração da associação na divulgação dos novos medicamentos, por exemplo, nas duas reuniões anuais que promove com os utentes".

No Porto
Investigadores do Porto desenvolveram um dispositivo para os ‘sticks’ utilizados pelos jogadores de hóquei que regista dados...

Este dispositivo, que dispõe de um conjunto de sensores, uma memória e um processador que comunicam sem fios com os 'smartphones', permite registar as principais ocorrências durante o treino.

A informação registada é de "grande utilidade para avaliar a progressão de cada atleta", sendo um contributo igualmente "importante" para o treino coletivo, ajudando a equipa técnica a coordenar de forma mais eficiente as competências dos seus atletas e a potenciar ações de grupo, explicou o engenheiro da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Nuno Viriato, um dos responsáveis pelo projeto.

Este projeto, que teve início há cerca de cinco anos com uma digressão pelos principais clubes profissionais portugueses e espanhóis, junto dos quais se procurou recolher a informação necessária sobre os equipamentos existentes, tem como objetivo principal desenvolver sistemas de monitorização do treino desportivo.

A recolha dos dados para a criação do dispositivo foi realizada no Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), servindo estes para criar um base com informações acerca das opções dos atletas sobre o material desportivo e a influência destes no seu desempenho.

Numa segunda fase, foi construído um protótipo que pode ser inserido no cabo de um ‘stick’ para registar, em contínuo, os movimentos do hoquista, tendo sido testado e apresentado pela empresa Azemad durante o último Campeonato da Europa, em Oliveira de Azeméis, referiu o investigador da FEUP Mário Vaz, outro dos fundadores do projeto.

Dotando os treinadores e os atletas de ferramentas "que facilitam a aprendizagem e potenciam as características dos hoquistas, a engenharia nacional dá visibilidade à modalidade desportiva em que Portugal mais se tem distinguido a nível mundial, o hóquei em patins", indicou.

"A estagnação" em que esta modalidade se encontrava, "devido à ausência de estudos científicos", despertou o interesse dos investigadores do Laboratório de Óptica e Mecânica Experimental do INEGI, que decidiram "aplicar as metodologias próprias do projeto mecânico ao estudo dos vários equipamentos da modalidade", como os ‘sticks’, os patins, a bola, o capacete de guarda-redes, entre outros, acrescentou Nuno Viriato.

Segundo o responsável, que prevê a comercialização do produto em meados deste ano, existem no mercado sensores semelhantes aplicados a outras modalidades, como o ténis, o golfe e o hóquei no gelo, no entanto, "a especificidade do hóquei em patins obriga a que um dispositivo deste tipo seja projetado de raiz".

Este projeto contou com a colaboração de empresas que construíram os sistemas de avaliação dos ‘sticks’ e desenvolveram, distribuíram e comercializaram o software e o hardware, bem como de clubes e instituições espanholas.

Instituto Ricardo Jorge
A Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética do Instituto Ricardo Jorge anunciou que desenvolveu um novo método de...

A doença de Niemann-Pick tipo C (NPC) tem uma prevalência em Portugal de 2,2 casos em cada 100 mil recém-nascidos e caracteriza-se por defeitos no transporte intracelular do colesterol, conduzindo à sua acumulação excessiva em diferentes órgãos.

"(...) O aparecimento dos primeiros sintomas pode ocorrer tanto no período perinatal como apenas aos 50 anos de idade, sendo o prognóstico mais grave nos casos de envolvimento neurológico precoce, levando à morte prematura de grande parte dos doentes", indicou o Instituto Ricardo Jorge.

De acordo com o instituto de saúde, o diagnóstico tradicional desta doença tem sido feito com base na deteção da acumulação de colesterol.

"A partir de agora a suspeita clínica de NPC passa a poder ser confirmada através do doseamento bioquímico de oxiesteróis, método muito menos invasivo, rápido e sensível, sendo o estudo molecular também necessário para a confirmação do diagnóstico", refere um comunicado do instituto.

A nova metodologia, desenvolvida pelo Departamento de Genética Humana do Instituto Ricardo Jorge, é única em Portugal.

Este departamento - através da Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética (URN) e dos grupos da sua Unidade de Investigação - "tem-se dedicado ao diagnóstico e investigação de doenças raras".

Estima-se que na União Europeia entre 25 a 36 milhões de pessoas sofram de uma doença rara.

O dia Mundial das doenças raras assinala-se hoje.

União Europeia
A União Europeia vai passar a aplicar medidas de controlo a um canabinóide sintético potencialmente perigoso, o MDMB-CHMICA,...

"A UE reagiu hoje a sérias preocupações relacionadas com o uso do canabinóide sintético MDMB-CHMICA ao decidir submetê-lo a ‘medidas de controlo’ em toda a União", pois "a substância em questão tem vindo a levantar preocupações de saúde depois de os Estados-membros terem relatado os efeitos prejudiciais relacionados com o seu uso", indicou ontem, em comunicado, o Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência, com sede em Lisboa.

A decisão do Conselho Europeu foi adotada na fase final de um procedimento legal de três níveis desenhado para responder a novas substâncias psicotrópicas potencialmente ameaçadoras no mercado.

O Comité Científico do OEDT fez uma análise formal dos riscos desta droga em julho de 2016 - com a participação de peritos dos Estados-membros, da Comissão Europeia, da Europol e da Agência Europeia do Medicamento, focando-se nos riscos de saúde e sociais, mas também riscos relacionados com o tráfico internacional e envolvimento do crime organizado.

"[O relatório] concluiu que a potência do MDMB-CHMICA e que as quantidades altamente variáveis do composto encontradas em produtos de ervanária constituem um risco sério de toxicidade aguda", realçou o observatório das drogas.

Em julho de 2016 a droga tinha sido detetada em 23 Estados-membros, bem como na Turquia e na Noruega. Também tinha sido identificada em amostras de 25 doentes intoxicados e 28 cadáveres. Em 12 destas mortes, o MDMB-CHMICA foi considerado a causa, ou contribuiu para, a morte, avisa o OEDT.

O MDMB-CHMICA foi identificado no Sistema de Alerta Avançado da UE em 2014. "Vende-se como um substituto 'legal' para o cannabis por empresas de químicos e lojas online numa variedade de formas (em pó ou em produtos comercializados com a designação 'pedra legal'".

Na UE, 16 Estados-membros (aos quais se juntou a Turquia) já reconheceram a ameaça que esta substância representa, pelo que já adotaram medidas para a controlar ao abrigo da sua legislação.

No entanto, a decisão implica o prazo de um ano para que todos os Estados-membros introduzam controlos ao MDMB-CHMICA na sua legislação.

Porto
O Centro Hospitalar de São João está a implementar um projeto que visa a criação de um arquivo clínico digital que permita...

O projeto, que ainda está na fase embrionária, será desenvolvido em parceria com a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB)/Arquivo Distrital do Porto (ADP), que será responsável pela “validação técnica” da iniciativa, disse a coordenadora do denominado Repositório Clínico Digital (RCD), Fernanda Gonçalves.

Como “o volume de informação é muito grande”, o CHSJ pretende iniciar o projeto com o arquivo clínico dos utentes da Pediatria, até aos 12 anos, alargando-se depois a todos os atuais doentes do Centro Hospitalar de São João (CHSJ), referiu Fernanda Gonçalves.

“Pretendemos criar um repositório clínico digital que garanta a autenticidade e integridade dos documentos, promovendo a definição de procedimentos necessários à correta digitalização e classificação dos documentos, a digitalização da documentação atual e retrospetiva de processos clínicos de doentes atuais e o acesso em suporte eletrónico a toda a informação clínica do utente”, sublinhou a responsável.

A par da implementação do repositório clínico digital, o projeto prevê ainda "a adequação da gestão de informação clínica às necessidades dos doentes atuais e, em especial das novas gerações, a promoção da transferência de suporte priorizada de informação retrospetiva (processo clínico em papel) e racionalização da entrada/produção de informação atual em papel".

De acordo com o CHSJ, pretende-se também “a redução dos custos de custódia e de arquivos clínicos de papel, a definição de melhores práticas na implementação de repositórios clínicos digitais, a produção de recomendações relativas à evolução do enquadramento legal de transferência de suporte e desmaterialização”.

Questionada sobre os “timings” do projeto, Fernanda Gonçalves disse ser “ainda muito cedo para concretizar” na medida em que o processo “obriga à preparação de um concurso” e a “uma eventual alteração legislativa”.

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