Estudo
Um composto extraído do veneno de um molusco marinho da família dos cones atua como supressor da dor, podendo ser alternativa...

A descoberta, publicada na edição online da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, abre caminho ao desenvolvimento de medicamentos de combate à dor crónica que evitem os opióides, medicamentos sintéticos poderosos, mas extremamente viciantes.

"A natureza deu origem à evolução de moléculas muito sofisticadas, com efeitos surpreendentes e que permitem descobrir os diferentes 'caminhos' de atuação das substâncias no sistema nervoso", disse Baldomero Olivera, professor de biologia na universidade de Utah que liderou o estudo, sobre a descoberta feita com o veneno do 'Conus regius', um pequeno cone (nome derivado da forma da concha) comum no mar das Caraíbas.

Os moluscos da família dos cones utilizam dardos microscópicos para injetarem o veneno com que paralisam as presas. O veneno de algumas espécies, especialmente do ‘conus textile’, é mortal para os humanos.

O composto extraído do veneno do 'Conus regius' que combate a dor foi designado 'Rg1A' e os investigadores concluíram que os mecanismos através dos quais atua sobre os centros nervosos da dor são totalmente diferentes dos verificados com os opióides.

Baldomero Olivera salienta que uma das novidades do 'Rg1A', testado em ratos, é a de os efeitos de supressão permanecerem muito tempo depois de o composto ser eliminado pelo organismo, ao fim de quatro horas.

Outro dos investigadores que realizaram o estudo, Michael McIntosh adiantou que "que os efeitos do composto mantiveram-se, continuando a suprimir a dor 72 horas depois de ter sido injetado".

"Estes resultados são particularmente promissores porque abrem possibilidades de prevenção. Uma vez instalada, a dor crónica é muito difícil de tratar e este composto oferece um potencial novo caminho para prevenir o processo de instalação da dor crónica e nova esperança de tratamento para pacientes que esgotaram quase todas as opções disponíveis", referiu Michael McIntosh.

As propriedades de supressão da dor do 'Rg1A' foram testadas com a administração do composto a ratos que tinham sido expostos a quimioterapia que provoca extrema sensibilidade o frio e dor forte.

Os ratos injetados com o novo composto não sofreram dor, ao contrário dos ratos sujeitos à quimioterapia sem terem sido injetados com o 'Rg1A'

O próximo passo na investigação será, segundo os autores do estudo, o de iniciar "testes pré-clínicos" para avaliar a segurança e comprovar a eficácia do novo tratamento.

Estudo
A avaliação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra a doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica telemonitorizados...

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma patologia crónica do aparelho respiratório, que se caracteriza por obstrução progressiva e persistente do fluxo aéreo e está associada a inflamação crónica das vias pulmonares.

Em comunicado, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) explicou que foram selecionados 12 doentes entre a população seguida nos Serviços de Pneumologia A (polo Hospital Universitário) e B (polo Hospital Geral) para a avaliação dos três anos de implementação da telemonitorização.

"Para este estudo de caso foram considerados utentes com maior número de episódios de urgência e internamentos", refere a nota.

Cada utente recebeu um 'kit' de monitorização, um 'tablet' e um conjunto de equipamentos de medição (oxímetro, termómetro, esfigmomanómetro e pedómetro/monitor de atividade física).

O CHUC garantiu o acompanhamento inicial e formação de forma que os doentes pudessem realizar a monitorização diária dos respetivos parâmetros uma a duas vezes ao dia.

"A monitorização das medições efetuadas pelos doentes foi supervisionada diariamente por um centro de triagem que, além da verificação dos dados, implementou um protocolo personalizado, criado pelos médicos assistentes do CHUC, por forma a fazer a despistagem de sintomas de alerta para a evolução do estado da doença", lê-se no comunicado.

De acordo com o CHUC, os dados mostram uma redução de 50% de internamentos e 30% de urgências em comparação com o período em que os doentes não eram telemonitorizados.

"A telemonitorização domiciliária provou ter efeitos positivos na diminuição do recurso aos meios hospitalares e na melhoria da qualidade de vida destes doentes", acrescenta.

Futuramente, o CHUC pretende integrar um maior número de utentes no programa de telemonitorização e alargar o seu âmbito a outras doenças crónicas na área da cardiologia, diabetes e nefrologia.

A DPOC é uma das principais causas de morbilidade crónica, de perda de qualidade de vida e de mortalidade, representando atualmente a quinta causa de morte em Portugal (2,4%).

Estudo
Uma vacina experimental contra a malária mostrou que pode proteger contra múltiplas estirpes da doença.

Indivíduos saudáveis foram protegidos da infeção por uma estirpe que não estava contida na vacina, segundo uma investigação de cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland e do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infeciosas, Estados Unidos, publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.

Os responsáveis pela investigação salientaram a importância do ensaio clínico, porque em locais onde há malária é comum haver mais de um tipo da doença - a maioria dos casos de malária em todo o mundo é causada pelos parasitas 'plasmodium vivax' e 'plasmodium falciparum' -, pelo que uma vacina, para ser eficaz, deve ser o mais abrangente possível.

Kirsten Lyke, investigadora principal do estudo, salientou como promissora a versatilidade da vacina, acrescentando: “O nosso estudo mostra que a vacina pode proteger contra pelo menos duas estirpes da malária. Precisamos de continuar a nossa pesquisa mas esta é uma descoberta fantástica”.

A malária é transmitida aos humanos através da picada de mosquitos infetados do género 'Anopheles', que injetam o parasita (esporozoíto) na corrente sanguínea e que se instalam no fígado, onde se desenvolvem. Segundo a Organização Mundial de Saúde em 2015 foram infetadas com a doença 212 milhões de pessoas e morreram 429.000, principalmente crianças africanas.

A vacina usada nos testes contém esporozoítos enfraquecidos, que não causam a infeção mas que conseguem gerar uma resposta imunológica protetora que protege contra a infeção. Pesquisas anteriores demonstraram que é segura, bem tolerada, e que protege durante pelo menos um ano.

O estudo envolveu 31 adultos entre os 18 e os 45 anos, que receberam três doses da vacina em vários meses. Dezanove semanas após a última tomada parte dos participantes no estudo juntou-se a um grupo de voluntários não vacinados e todos foram expostos de forma controlada a mosquitos infetados com a estirpe mais comum em África, a 'plasmodium falciparum'.

Como resultado nove dos 14 participantes (64%) vacinados não demonstraram evidência de parasitas da malária, mas todos os seis não vacinados estavam infetados.

Desses nove, seis foram novamente expostos a um parasita da malária mas diferente do anterior e destes cinco também foram protegidos.

A equipa de investigação descobriu que a vacina ativava as células T, glóbulos brancos que defendem o organismo e são um componente chave das defesas contra a malária, que produziram respostas contras as duas estirpes.

Estudos no sentido de se chegar a uma vacina contra a malária são avançados ciclicamente. Este mês já foram divulgadas mais duas investigações com resultados considerados promissores para uma vacina eficaz a curto prazo.

Estudo
A imunoterapia demonstrou ser mais eficaz do que a quimioterapia no tratamento do cancro da bexiga em estado avançado, naquele...

O estudo - dirigido por Joaquim Bellmunt, diretor do Instituto Hospital del Mar de Investigações Médicas (IMIM), de Barcelona (Espanha) - realizou-se em 29 países de todo o mundo e iniciou-se quando o investigador espanhol trabalhava no Dana Farber Cancer Institute de Boston (Estados Unidos).

O trabalho demonstrou pela primeira vez que a imunoterapia prolonga a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes com cancro da bexiga em estado avançado, nos quais o tratamento inicial baseado em quimioterapia já não é eficaz.

"Há mais de 20 anos que não havia avanços significativos no tratamento do cancro da bexiga em estado avançado", considerou Bellmunt em declarações citadas pela agência EFE, acrescentando que é a primeira vez que se consegue prolongar a sobrevivência destes pacientes.

O estudo, publicado pela revista New England Journal of Medicine, também destaca um medicamento imunoterapêutico, o Pembrolizumab, como o novo 'standard' para o tratamento deste tipo de cancro.

No total foram seguidos 542 doentes de 29 países, divididos em dois grupos: o primeiro grupo tomou Pembrolizumab e ao segundo grupo foi aplicada uma das três quimioterapias usadas habitualmente para este tipo de cancro.

"O teste demonstrou que os doentes tratados com Pembrolizumab tinham uma maior sobrevivência global, com menos efeitos secundários e melhor qualidade de vida", explicou Bellmunt.

A média de sobrevivência com Pembrolizumab foi de 10,3 meses e de 7,4 meses com a quimioterapia, relatou o oncologista.

Por outro lado, a percentagem de doentes nos quais o tumor reduziu-se ou desapareceu foi quase duas vezes maior entre os que foram tratados com imunoterapia: 21% face aos 11% dos doentes tratados com quimio.

O tratamento 'standard' de primeira linha nos doentes com cancro da bexiga avançado ou metastizado é a quimioterapia, que proporciona uma média de sobrevivência de 12 a 15 meses.

Quando já não respondiam à primeira linha de tratamento e a doença continua a progredir, os doentes tinham até agora poucas alternativas de tratamento e uma sobrevivência média de cinco a sete meses.

O estudo mostra que a imunoterapia, um tratamento que restaura a capacidade do sistema imunitário para atacar o tumor, constitui uma alternativa para estes doentes continuarem a lutar contra o cancro.

Conheça alguns mitos alimentares
Durante décadas fomos levados a crer que alguns alimentos seriam prejudiciais à saúde enquanto outro

“A forma como comemos, como vivemos, como dormimos ou onde vivemos são determinantes para o nosso bem-estar e envelhecimento. As notícias sobre estes temas são muitas, e muitas vezes contraditórias: o que ontem fazia bem afinal parece que já não é assim tão saudável”, começa por dizer Alexandra Vasconcelos, terapeuta biológica e ortomolecular, afirmando que, hoje em dia, já não sabemos o que comer. “Achamos que afinal já tudo faz mal”, acrescenta.

Para ajudar a desmistificar alguns mitos, a especialista dedica uma parte do seu novo livro - “O Segredo para se manter Jovem e Saudável” -  a este tema.

Mito – O sal faz subir a tensão arterial  

“Todos sabemos que o sal faz aumentar os valores da tensão arterial. O que muitos não sabem é que não chega baixar a ingestão de sal para regularizar os níveis de tensão arterial”, refere a terapeuta.

De acordo com esta especialista, o essencial é manter um bom equilíbrio entre as concentrações de sódio, ou seja, o sal de cozinha, e potássio (um oligoelemento essencial presente em vegetais e legumes secos), para controlo dos valores normais da tensão arterial.

“As necessidades de sal do homem são cerca de 2g por dia. No entanto, a alimentação moderna, comparativamente com a dos nossos antepassados e de alguns povos com melhores indicadores de saúde, é rica em sódio e pobre em potássio”, acrescenta referindo que ingerimos entre cinco a seis vezes mais sal do que o aconselhado.

“O excesso de sódio desequilibra a proporção entre o sódio e o potássio, sendo uma das principais causas de doenças cardiovasculares, aumento da tensão arterial, osteoporose, entre outras”, afirma.

Aqui a grande questão prende-se com o facto de o sal que, habitualmente, utilizamos – o sal da cozinha, o refinado e o industrial -  ser apenas composto por cloreto de sódio e isento de potássio. Por isso, “por mais que reduzamos a ingestão de cloreto de sódio, não conseguimos repôr o equilibrio sem a ingestão de potássio”.

De acordo com Alexandra Vasconcelos, devemos substituir o sal refinado por flor de sal e o aumentar o consumo de vegetais e alimentos ricos em potássio.

“Um dos grandes problemas é o sal escondido na alimentação moderna, tornando-a extremamente rica em cloreto de sódio”, refere explicando que se não deixarmos de consumir alimentos industrializados, refrigerantes, fast-food ou produtos de charcutaria continuamos a ingerir quantidades absurdas de sal.

“O consumo de sal completo ou integral, por exemplo o dos Himalaias, e a eliminação total do cloreto de sódio são as duas melhores formas de controlar a sua tensão arterial”, afirma.

Mito – Deve comer-se menos gordura para reduzir a gordura visceral

De acordo com Alexandra Vasconcelos, “tentaram convencer-nos de que devemos comer menos gordura” para não engordarmos, no entanto, a especialista esclarece que esta ideia não passa de um mito.

“O que nos faz mal são as gorduras hidrogenadas e os açúcares fabricados pela indústria alimentar que comemos em detrimento de gorduras naturais polinsaturadas que existem em alguns alimentos”, afirma. É que de acordo, com a especialista a gordura polinsaturada até pode fazer muito pela nossa linha. “Reduz a acumulação de gordura abdominal, não engorda, muito pelo contrário, ajuda a manter o peso e a composição corporal”, refere.

Por outro lado, a especialista aconselha que se deve evitar ou eliminar as gorduras trans, saturadas ou parcilmente hidrogenadas, uma vez que são responsáveis pelo aumento do mau colesterol (o LDL), são inflamatórias e contribuem para o aumento da incidência de doenças cardiovasculares ou síndrome metabólica.

“Leia os rótulos”, reforça acrescentando que “estas gorduras prejudiciais devem ser substituídas pelas que são nossas amigas e protetoras”.

Mito – O leite é benéfico para a prevenção da osteoporose

Segundo Alexandra Vasconcelos, durante muitos anos fomos inundados com anúncios que promoviam o consumo do leite, essencialmente, pela sua ação preventiva na osteoporose, o que nos levou a aumentar o seu consumo. No entanto, “hoje, a realidade é contraditória. O leite além de não proteger, promove a osteoporose”.

“A grande maioria dos estudos não mostra que uma maior ingestão de leite aumenta o equilíbrio do cálcio no organismo”, começa por dizer a especialista.

“Este mineral é muito importante, mas parece que o leite não é a melhor fonte e inclusivamente, pode aumentar a incidência de osteoporose e calcificações”, avança acrescentando que esta foi a principal conclusão de um estudo realizado nos Estados Unidos – o Nurses’ Health Study -, sem intervenção na alimentação, que analisou mais de 70 mil enfermeiras ao longo de 12 anos. “O famoso estudo mostrou que as que bebiam dois ou mais copos de leite por dia aumentavam a incidência de fraturas ósseas e osteoporose”, revela.

De acordo com a naturopata, a existência de cálcio nos alimentos não é proporcional à sua absorção pelos ossos. “O cálcio necessita de magnésio e vitamina D. Infelizmente, a maioria da população, mesmo em países com sol, tem défice desta vitamina”, afirma acrescentando que a quantidade de magnésio e vitamina D presentes no leite de vaca não é suficiente para a sua absorção.

“Para que os ossos consigam absorver cálcio, necessitamos de magnésio na proporção de 2 cálcio:1 magnésio, que seria a ideal, além de quantidades satisfatórias de vitamina D”, explica referindo que a relação cálcio-magnésio ultrapassa este valor ideal, sendo 10:1.

Quer isto dizer que, na presença de pequenas quantidades de magnésio e vitamina D, o cálcio em vez de ir para os ossos deposita-se noutras partes do corpo como veias e artérias, “tendo influência nas mortes por doenças cardíacas”.

“A elevada ingestão de cálcio pode causar deficiência em magnésio, mesmo quando a ingestão deste é normal. Experiências feitas em ratos demonstram sinais clínicos de deficiência em magnésio ao fim de três semanas, numa dieta rica em cálcio e com aporte normal de magnésio. Então, afinal, parece que não precisamos de leite para termos bons ossos”, afirma adiantando que existem melhores fontes de cálcio, com a correta proporção entre estes dois nutrientes.

Mito – Os diabéticos devem usar adoçante

Os adoçantes são moléculas desenvolvidas e sintetizadas pelo homem que pretendem substituir o açúcar. Mas, se no início eram considerados uma alternativa saudável e aconselhados por todos os profissionais de saúde em substituição do açúcar, hoje já não é bem assim.

“Estas moléculas sintetizadas têm um poder adoçante nas papilas gustativas cerca de 200 vezes superior ao açúcar refinado, aumentado a vontade comer doces, especialmente quando ingerimos maiores quantidades: seis gotas ou duas pastilhas em vez de uma gota ou uma pastilha”, explica Alexandra Vasconcelos que afirma que os adoçantes só servem para aumentar a dependência do açúcar.

Aspartame, sacarina, ciclamatos e sorbitol são alguns dos adoçantes artificiais que são usados na substituição do açúcar refinado e que todos julgam ser uma opção saudável.

“Estes falsos açúcares seguem a moda light, ainda que não exista prova de que ajudam efetivamente na perda de peso. Pelo contrário, estão a acumular-se provas cada vez mais consistentes sobre os efeitos nocivos para a saúde destes edulcorantes”, acrescenta.

Cancro e problemas neurológicos e degenerativos são alguns dos problemas de saúde que podem provocar.

Assim sendo, a especialista aconselha a evitar o consumo de adoçantes artificiais. Estévia, coco ou mel são as opções mais saudáveis para susbtituir o açúcar refinado.

Mito – Os ovos aumentam os valores do colesterol

De acordo com Alexandra Vasconcelos este é outro grande mito e que persiste há décadas.

“Ao contrário do que nos foi dito, para reduzir o nível de colesterol o mais importante não é uma alimentação com pouca gordura, mas, pelo contrário, com quantidades interessantes de gordura de qualidade”, começa por explicar acrescentando que devemos preocupar-nos sobretudo com a quantidade de hidratos de carbono refinados que ingerimos para manter os níveis de índice glicémico nos valores ideais.

“Se reduzirmos o aporte de gorduras, reduzimos também a proteção que nos é dada pelas gorduras boas, os ómegas-3. Os ovos, gordura de qualidade, ajudam a regular a produção de colesterol perigoso”, refere.

A especialista afirma que apenas 15% a 20% do colesterol total do sangue vem da comida. “Ou seja, cerca de 80% (há autores que referem 70%) do colesterol total é produzido pelo nosso corpo”, diz.

“Muitas pessoas não entendem por que razão têm valores elevados de colesterol quando não comem gorduras! Ora aí está a explicação. O seu fígado produz colesterol. Por outro lado, apenas uma parte da gordura do ovo é absorvida pelo organismo”, esclarece realçando os benefícios do seu consumo.

De acordo com o especialista da Universidade de British Columbia, em Vancouver, António Bertechini, “o consumo não está relacionado com o colesterol da dieta nem com a doença cardíaca”, sendo possível comer até dois ovos por dia “sem que haja riscos”.

“Mas atenção, não frite os ovos em gorduras! Assim, assassina um dos melhores alimentos do mundo”, recomenda a especialista. 

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Administração Central do Sistema de Saúde
O número de utentes sem médico de família era, no final de 2016, de 769.537, tendo pela primeira vez sido abaixo de um milhão,...

De acordo com os dados da atividade assistencial, em 2016 “atingiu-se o número mais elevado de sempre de cobertura da população com médico de família (92,1%)”.

Nessa data, existiam 769.537 utentes sem médico de família, “o que representa um ganho de 26,6% no número de utentes que passaram a ter médico de família atribuído em relação ao ano de 2015”.

A nota da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) refere que, no ano passado, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) realizou mais de 31 milhões de consultas médicas nas unidades de cuidados de saúde primários, o que representa um crescimento de 1,8% em relação ao ano anterior.

“Este crescimento foi registado ao nível das consultas presenciais (0,3%), das consultas não presenciais (6,8%), tendo-se também estendido aos domicílios médicos (0,8%)”, lê-se no mesmo comunicado.

Segundo a ACSS, “estes ganhos de cobertura e de atividade assistencial resultam, não só, do aumento do número de médicos nos cuidados de saúde primários (no final de 2016 eram 5.673 os médicos com utentes atribuídos), como também da entrada em atividade de 30 novas Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo A e 25 novas USF modelo B.

No total, existiam 479 USF em atividade a 31 de dezembro de 2016, as quais abrangiam 5.894.408 utentes, o que corresponde a 55,8% dos utentes inscritos nos cuidados de saúde primários (mais sete por cento do que em 2015).

Lisbon Living +
O comissário europeu para a Investigação afirmou hoje que a Europa tem que dar resposta a um novo espírito entre as pessoas,...

Falando na abertura de uma conferência na Universidade de Lisboa, Carlos Moedas indicou que as pessoas "querem informação, e depois, com base nessa informação, tomar decisões", nomeadamente no setor da saúde.

"Isso é uma mudança a que temos de estar atentos, criar maneiras de as pessoas terem confiança nessa informação", para que possam tomar decisões certas, defendeu.

Carlos Moedas afirmou que, ao contrário do que acontecia há 20 ou 30 anos, em que as pessoas iam ao médico para que este "lhes dissesse o que fazer", hoje os pacientes confrontam os médicos com conhecimentos que os próprios clínicos não têm porque têm muitos doentes para acompanhar.

O papel da ciência, especialmente na compilação e análise de dados, é aprofundar a tecnologia que hoje permite às máquinas ler, interpretar informação e ajudar os médicos no diagnóstico.

O comissário para a Investigação, Ciência e Inovação citou o exemplo de "certos computadores que conseguem observar uma radiografia e detetar um cancro mais facilmente que uma pessoa, que tem um olho humano", sujeito a falhas.

Da parte dos médicos, a reação a este tipo de inovação científica é dizer: "Extraordinário! Posso concentrar-me em outras partes da minha profissão", afirmou Carlos Moedas.

"Acho que o princípio político que temos que ter para o futuro, em relação à inteligência artificial, é que as máquinas devem estar presentes, não para nos substituir mas para nos ajudar a sermos melhores", salientou Carlos Moedas.

O responsável europeu abriu os painéis de discussão em torno do consórcio Lisbon Living +, um consórcio criado pela Universidade de Lisboa dedicado à inovação em saúde e envelhecimento composto por académicos, autarcas, responsáveis da área social e associações de doentes.

Carlos Moedas afirmou que a vontade das instituições europeias é "favorecer esta cultura" de se juntarem várias disciplinas, e para isso se está a construir uma "cloud" de armazenamento virtual de informação para que os "quase 1,7 milhões de cientistas europeus possam arquivar todos os seus artigos, mas que possam também ter serviços de análise" de dados garantidos por máquinas capazes de "deep learning", ou seja, de ler e interpretar dados.

Da parte da União Europeia, com a qual Carlos Moedas considera que os cidadãos perderam "a ligação direta, porque há demasiados intermediários que ficam com o crédito", há trabalho feito a dar aos cidadãos mais informação para que tomem as decisões mais acertadas, como a divulgação dos malefícios do abuso de antibióticos.

"Foi obra da União Europeia, desde o ano 2000, conseguir pôr todos os hospitais da Europa a enviar dados sobre a utilização dos antibióticos", indicou.

O comissário europeu para a Ciência afirmou que "os problemas não têm fronteiras, há agora esta loucura do populismo e do extremismo, de fechar fronteiras" mas os maiores problemas, como a saúde, o clima ou a segurança, são globais, considerou.

ESEnfC
Encontro em Coimbra, nas instalações da Escola Superior de Enfermagem, é promovido pelo Conselho Coordenador dos Institutos...

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) recebe, no dia 24 de fevereiro, o VI Fórum Politécnico, que terá por tema a “Simulação e Formação Interprofissional na Saúde” e que contará, na sessão de abertura, com as presenças do secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, e da secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Fernanda Rollo.

Organizado em articulação com a Sociedade Portuguesa de Simulação Aplicada às Ciências da Saúde (SPSim), o encontro, de participação gratuita, começa pelas 9h45, nas instalações da ESEnfC - Polo A (Av. Bissaya Barreto), e estende-se até cerca das 16h30, com a possibilidade de uma visita (opcional) ao Centro de Simulação de Práticas Clínicas da ESEnfC.

Maria da Conceição Bento, Presidente da ESEnfC, Nuno Mangas, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Miguel Castelo Branco, presidente da SPSim, e Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, são as restantes personalidades convidadas para a sessão de abertura do VI Fórum Politécnico.

Discutir ideias, projetos de I&D (investigação e desenvolvimento) e atividades em curso orientadas para o desenvolvimento da simulação no ensino de profissionais de saúde, com vista à melhoria contínua da qualidade e segurança nas respostas em saúde aos cidadãos, são objetivos da sexta edição do Fórum Politécnico, que se realiza um dia depois do Congresso SPSim 2017 (a 23 de fevereiro), mais uma vez uma coorganização da ESEnfC e da SPSim, subordinado ao tema “A simulação e a humanização dos cuidados de saúde”.

O Fórum Politécnico é uma iniciativa promovida pelo CCISP, em colaboração com o Programa de Modernização e Valorização dos Institutos Politécnicos, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

O Fórum Politécnico é “um espaço dinâmico de discussão informada de ideias e projetos entre atores relevantes da sociedade e do tecido produtivo, social e económico, público ou privado, e investigadores, docentes e estudantes de institutos politécnicos, para discussão de temas de interesse comum, numa base territorial e com vista à operacionalização de iniciativas futuras de investigação baseada na experiência e na prática, juntamente com ações de formação e qualificação da força de trabalho”.

Mais informações sobre o programa e os preletores podem ser obtidas no sítio do evento na Internet.

Estudo
As versões sintéticas da marijuana, populares e baratas, que consistem em folhas secas pulverizadas com uma mistura de químicos...

Convulsões, psicoses, dependência e morte são os possíveis efeitos secundários das versões de marijuana sintética, populares e baratas, segundo um estudo publicado este mês. Pior era difícil. Segundo os investigadores, apesar de imitar o efeito da marijuana, drogas como a K2 ou a Spice ativam o cérebro de maneira muito diferente. Por outro lado, uma outra equipa de cientistas que estudou a marijuana “normal”, ou cannabis, vendida para fins medicinais concluiu que esta substância pode ajudar nas desintoxicações de opiáceos como a heroína, atenuando os efeitos de privação.

No início da década de 2000, não há muito tempo, estas novas drogas apareceram na Europa vendidas em pequenas saquetas como pot-pourri e incenso e, para contornar a lei, incluíam um aviso para o facto de não serem para consumo humano, escreve o jornal Público.

Curiosamente, reza a história, que a receita para o fabrico desta versão sintética da marijuana estava num artigo científico que incluía instruções detalhadas sobre um produto desenvolvido em laboratório que queria imitar os efeitos dos canabinóides para fins terapêuticos. O químico John W. Huffman, na altura investigador na Universidade de Clemson, na Carolina do Sul (EUA), nunca imaginou as consequências desta partilha de conhecimento. Hoje, os pacotes de folhas secas borrifadas com um cocktail de químicos circulam por todo o mundo com vários nomes, mas as designações K2 e Spice são as mais populares. Em relação à marijuana “normal”, estas versões são bastante mais baratas, mais potentes e, por outro lado, não são detectadas nos testes de despistagem de drogas.

“Os compostos sintéticos de canabinóides são frequentemente vendidos como alternativas seguras à marijuana, porque, devido às suas estruturas químicas, não são detetados nos testes de despistagem de drogas. Esta característica fez com que se tornassem muito populares em grupos que querem evitar a deteção, como os adolescentes ou militares”, refere o comunicado sobre um artigo de investigadores da Universidade de Ciências Médicas do Arkansas, nos EUA, publicado na revista Trends in Phamacological Sciences.

Neste trabalho de revisão sobre os efeitos destas substâncias, coordenado por Paul Prather, nota-se que vários relatórios clínicos relatam “uma série de efeitos adversos agudos e de longo prazo causados pelos compostos sintéticos de canabinóides, incluindo convulsões, lesões nos rins, toxicidade cardíaca, acidentes vasculares cerebrais, ansiedade, psicose em indivíduos suscetíveis, bem como habituação e dependência”.

De Red Giant a Mr Bad Guy
No artigo intitulado “Droga sintética: Não é a marijuana do teu avô”, os investigadores explicam como esta droga atua no cérebro, embora sublinhem que muitos dos mecanismos desencadeados por esta droga permanecem por esclarecer. Assim, os compostos sintéticos tentam imitar a marijuana, que se sabe que através do seu principal “ingrediente” (o tetra-hidrocanabinol) consegue ativar dois importantes recetores nas células (o CB1 no cérebro e sistema nervoso central e o CB2 no sistema imunitário). Para o estudo destes recetores, os cientistas desenvolveram substâncias químicas que os conseguiam ativar. No entanto, estes compostos canabinóides sintéticos são quimicamente muito diferentes da marijuana. Conseguem, por exemplo, ativar o recetor CB1 com uma eficácia que não está ao alcance da versão natural da marijuana. Esta capacidade dos compostos sintéticos, alertam os cientistas, pode significar que ativam outros recetores celulares além do CB1.

A verdade é que há cada vez mais problemas associados ao consumo de marijuana sintética. Em Julho do ano passado, o Departamento de Saúde e Higiene Mental de Nova Iorque emitiu uma nota especial só sobre esta droga. No documento, as autoridades de Saúde relatavam que em apenas dois dias tinham sido assistidas 130 pessoas nos serviços de urgência com efeitos adversos após o consumo de K2. Feitas as contas desde o início de Janeiro de 2015, em Julho de 2016 estes serviços somavam mais de oito mil visitas às urgências por causa de canabinóides sintéticos. Em 2015, adiantavam, dez destas pessoas morreram por causa da K2. Nas ruas, a K2 ou a Spice surgem com nomes como Smacked, Scooby Snax, Green Giant, Red Giant, Mr Bad Guy, Trippy ou Kick, entre outros. Na Rússia, em 2014, o consumo de marijuana sintética foi associado a 600 casos de intoxicação e 15 mortes num período de duas semanas.

Na Europa, também há registo de problemas. Segundo o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA, na sigla em inglês), em 2016 estavam a ser monitorizados “mais de 160” canabinóides sintéticos na Europa. Sobre os efeitos na saúde pública o observatório nota que os surtos são mais raros na Europa. Ainda assim, em 2015, na Polónia, esta droga levou 200 pessoas às urgências hospitalares em menos de uma semana.

Travar epidemia de opiáceos
A marijuana está no título de um outro artigo publicado também este mês noutra revista do grupo da Cell, a Trends in Neurosciences. Desta vez, não se trata de qualquer imitação sintética. Os investigadores analisaram os possíveis benefícios da marijuana vendida para efeitos medicinais no tratamento de dependências dos opiáceos. Segundo concluíram, a substituição dos fármacos pela marijuana pode ajudar nas desintoxicações de heroinómanos, atenuando os efeitos de privação. Mas, mais do que isso, os autores do artigo defendem que a marijuana deve ser estudada como possível alternativa para o tratamento da dor crónica, substituindo os fármacos com opiáceos como a morfina ou oxicodona. Esta poderá ser uma solução para a atual epidemia de opiáceos, sugerem.

Sabe-se que os opiáceos e os canabinóides regulam a perceção da dor, mas também que atuam em diferentes partes do cérebro e têm formas diferentes de comunicar a sensação de dor. Desta forma, acredita-se que os canabinóides têm um efeito na dor crónica provocada pela inflamação e os opiáceos são mais eficazes no alívio da dor aguda. Porém, também se sabe que os opiáceos causam muito rapidamente uma perigosa dependência. De acordo com os dados citados no artigo, nos EUA existem cerca de 2,5 milhões de pessoas diagnosticadas com um distúrbio de abuso de opiáceos e 80 pessoas morrem todos os dias por overdose dessas substâncias.

“Se olharmos para as duas drogas e para o local onde se situam os seus recetores, os opiáceos são muito mais perigosos, em parte pelo perigo de overdose — os recetores de opiáceos são muito abundantes na área cerebral que regula a nossa respiração e por isso podem facilmente desligar o centro que nos faz respirar com uma dose elevada”, explica num comunicado a neurobióloga Yasmin Hurd, da Escola Icahn de Medicina do Monte Sinai, em Nova Iorque (EUA), que assina o artigo.

Neste trabalho, a investigadora defende que os canabinóides, extratos de cannabis que são legalmente vendidos para fins medicinais nos EUA, podem ser úteis para tratar os sintomas de abstinência dos consumidores de heroína. Apoiada num pequeno estudo-piloto em humanos, Yasmin Hurd refere que um canabinóide específico (o canabidiol) conseguiu reduzir a ansiedade relacionada com a privação de heroína.

O rastilho da legalização
Atualmente, existe já um amplo consenso sobre os benefícios da marijuana em doentes com esclerose múltipla, ou que estejam a fazer tratamentos com quimioterapia para cancro ou com dor crónica. Porém, as barreiras à investigação nesta área e a experiências com humanos podem estar a ocultar outras vantagens terapêuticas, defende a investigadora.

“Temos de ser mais recetivos ao estudo da marijuana, porque esta planta tem componentes que parecem ter propriedades terapêuticas, mas sem investigação e ensaios clínicos estamos a deixar que os preconceitos guiem as decisões e políticas”, refere Yasmin Hurd. E conclui: “É uma das poucas vezes na história que estamos a deixar que leigos e políticos decidam se uma coisa é medicinal ou não. Se queremos dizer que a marijuana é medicinal, temos de ter condições para o provar.”

Apesar das restrições na investigação nesta área, existem já provas suficientes para que alguns países avancem na legalização da cannabis para fins terapêuticos. Na Europa, o exemplo mais recente é a Alemanha, que em Janeiro aprovou uma lei que autoriza o uso clínico da cannabis para pessoas com doenças crónicas e para alívio de sintomas de doenças como hepatite, sida, Parkinson, glaucoma e cancro. A lei entra em vigor já no próximo mês de Março. A Itália e a República Checa são outros dos países que legalizaram a cannabis para fins terapêuticos.

Universidade de Coimbra
Na próxima quarta-feira, dia 22 de fevereiro, às 17h00, na Sala do Senado, será assinado um Acordo de Licenciamento entre a...

Este acordo vem consolidar uma parceria iniciada em 2013 para a criação de uma tecnologia com o objetivo de identificar, de forma automática, lesões na retina em pacientes diabéticos, através do processamento de imagens oftalmológicas.

A Universidade de Coimbra (UC) foi desafiada pela Retmarker a encontrar soluções para um problema crítico: criar uma tecnologia automática capaz de analisar de forma mais eficiente, imagens da retina, em fotografias com características muito variáveis e, por vezes, de baixa qualidade como as que são obtidas em Rastreios de Retinopatia Diabética.

Em traços gerais, a colaboração visou integrar, na solução Retmarker Screening, um novo método automático de deteção de lesões na retina. Este método foi desenvolvido pela equipa de Isabel Narra Figueiredo, do Departamento de Matemática, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, no âmbito de um projeto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), e com o objetivo de vir a ser utilizado em Programas de Rastreio de Retinopatia Diabética.

Segundo Isabel Narra Figueiredo, “este método identifica automaticamente com elevado grau de fiabilidade a existência de micro-aneurismas, hemorragias e lesões brancas, em imagens da retina, que são os primeiros sintomas da Retinopatia Diabética”.

De acordo com João Diogo Ramos, Diretor Executivo da Retmarker: “ao longo dos últimos anos foram realizados estudos complementares à tecnologia desenvolvida pela UC, tanto por nós (ex: em Portugal e no Brasil), como em estudos independentes (ex: UK) e que confirmaram a eficiência deste novo método automático de rastreio que atualmente integra a nossa oferta”.

O Retmarker Screening é uma tecnologia portuguesa que se tem destacado na implementação de programas eficientes de rastreio oculares a diabéticos. Na prática, o Retmarker faz uma primeira despistagem automática das imagens que os pacientes diabéticos devem realizar todos os anos para evitarem complicações a nível ocular decorrentes da Retinopatia Diabética.

A Retinopatia Diabética é uma complicação da diabetes e a principal causa de cegueira evitável no Mundo Ocidental. É uma doença silenciosa (sem manifestações de sinais ou sintomas) e de evolução lenta até atingir uma fase avançada. A grande maioria dos casos de cegueira pode ser evitada com um bom controlo metabólico e um tratamento atempado (que pressupõe a identificação precoce das lesões na retina).

Segundo o responsável da Retmarker, “menos de 10% dos diabéticos necessitam de ser referenciados para consulta de especialidade. Existe por isso um elevado investimento de tempo e recursos na identificação dos casos relevantes e este é um problema onde a tecnologia pode ajudar e que justifica a aposta da Retmarker”.

Estudo
Novas tecnologias de imagem permitem a exploração do cérebro com mais detalhes do que nunca, abrindo caminho para um maior...

O estudo e as inovações foram realizadas por três cientistas americanos envolvidos num projeto lançado pelo ex-presidente Barack Obama em 2013, para superar as barreiras à investigação mais profunda do cérebro. O estudo foi divulgado esta semana durante a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência.

A Pesquisa do Cérebro através de Neurotecnologias Inovadoras Avançadas (BRAIN, em inglês), quer descobrir, por exemplo, aspetos desconhecidos do cérebro e tratamentos para as doenças de Alzheimer, Parkinson e a esquizofrenia.

Uma das tecnologias desenvolvidas, chamada Scape, permite aos cientistas verem as estruturas do cérebro a um nível microscópico, escreve o Sapo.

O Scape permite uma observação em três dimensões dos neurónios de uma mosca, enquanto esta voa procurando comida, ou temendo pela sua vida, disse a professora de Engenharia Biomédica, Elisabeth Hillman, da Universidade de Columbia.

"Podemos ver realmente uma luz verde a piscar quando o cérebro está a dizer ao corpo para se mover", disse a investigadora na conferência. "Podemos visualizar cada um dos neurónios desses organismos em todo o cérebro, o que antes não era possível", acrescentou.

Essa nova ferramenta abre múltiplos caminhos de pesquisa, inclusive para decifrar os sinais vistos atualmente nas imagens de ressonância magnética.

Ativar neurónios à distância
A recém-patenteada ressonância magnética portátil também promete avanços para o diagnóstico móvel, disse a professora Julie Brefczynski-Lewis, da Universidade da Virgínia Ocidental. O aparelho, que tem o tamanho de um capacete de futebol americano, é usado na cabeça e não interfere na habilidade dos pacientes de se mover livremente.

O novo dispositivo pode penetrar de forma profunda nas estruturas do cérebro, ao contrário dos exames de ressonância magnética mais antigos, que analisam apenas a superfície.

"Muitas coisas importantes que acontecem com as emoções, com a memória e com o comportamento estão no centro profundo do cérebro, áreas que podemos alcançar com a nossa tecnologia", afirmou Brefczynski-Lewis.

"Então é possível detetar as instruções no cérebro que são importantes para caminhar, para o equilíbrio e, eventualmente, vamos cobrir todo o cérebro", acrescentou.

O dispositivo pode ser usado em pacientes que sofrem acidentes vasculares cerebrais, epilepsia, ou lesões durante acidentes.

"Com esta técnica, é possível estudar alguém na sala de emergência com um acidente vascular cerebral e descobrir diferentes opções de tratamento que podem ser mais adequadas", explicou Brefczynski-Lewis.

Outra área de exploração do cérebro envolve uma tecnologia não invasiva que pode ativar, ou disparar nos neurónios remotamente, usando ondas de rádio, ou campos magnéticos.

Ativar os neurónios em localizações precisas pode ajudar os investigadores a descobrirem novos tratamentos, ao identificar quais células estão envolvidas em determinadas doenças.

Esta tecnologia também pode ajudar a melhorar a estimulação do cérebro profundo com impulsos elétricos, atualmente usada para minimizar os sintomas da doença de Parkinson.

Infarmed
A associação de defesa do consumidor Deco revelou que há pinturas faciais para crianças à venda com ingredientes...

De acordo com a Deco, numa amostra de nove produtos de maquilhagem para crianças usados no Carnaval, todos incluíam ingredientes desaconselhados para a saúde ou desrespeitavam as regras de rotulagem.

Na visita feita a algumas lojas entre os dias 10 e 13 deste mês, a Deco verificou que a lista de ingredientes obrigatória nestes produtos, por poderem conter químicos capazes de causar reações alérgicas e irritações em peles mais sensíveis, não estava indicada na embalagem de alguns deles.

“Ainda não havia muita oferta, nomeadamente nos supermercados. A pesquisa não foi exaustiva, mas reunimos uma amostra de nove produtos que não cumprem os nossos requisitos, por conterem ingredientes suspeitos de provocar doenças. Além disso, três [dos nove] não incluíam a lista de ingredientes, o que viola a lei”, refere a Deco numa nota disponível no seu ‘site’ na internet, sublinhando que vai denunciar o caso ao Infarmed para que os produtos sejam retirados do mercado.

“Se há suspeitas sobre a segurança dos ingredientes, porque são usados nos cosméticos”, questiona a Deco, que frisa que “ainda não existem estudos que comprovem de forma inequívoca os efeitos negativos dessas substâncias”.

Além disso, insiste, “vários fatores influenciam o impacto desses ingredientes na saúde, como o grau de exposição, de absorção ou até a sua formulação química”.

“Até que os estudos eliminem todas as dúvidas sobre a segurança de tais substâncias, seguimos o princípio da precaução. Para diminuir possíveis impactos negativos na saúde, desaconselhamos o uso de cosméticos com estes ingredientes, principalmente em crianças (em que a taxa de absorção pode ser maior) e em produtos que ficam na pele (o que contribui para uma maior absorção)”, acrescenta.

Como exemplo de ingredientes desaconselhados nas pinturas faciais a Deco aponta os parabenos Propyl e Buthylparaben, usados como conservantes em cosméticos e em produtos de higiene corporal.

"Suspeita-se que alguns atuem como desreguladores endócrinos e contribuam para o aparecimento de problemas hormonais e doenças, como diabetes e infertilidade", recorda a Deco.

Estudo
Mais de 400 pessoas sofreram intoxicações alimentares em Portugal em 2015, a maioria por consumo de alimentos fora de casa,...

De acordo com o estudo, o tratamento térmico inadequado, abusos tempo/temperatura e ocorrência de contaminações cruzadas continuam a ser os fatores que mais contribuem para a ocorrência de surtos de toxinfeções alimentares.

Esta é a principal conclusão do estudo do Instituto Ricardo Jorge que analisou dados de 20 surtos de toxinfeção alimentar ocorridos em Portugal em 2015, tendo sido afetadas 421 pessoas, das quais 96 foram hospitalizadas.

De 2010 a 2015 foram registados 62 surtos, que resultaram em 1.485 intoxicações e 171 hospitalizações.

Segundo a investigação laboratorial de surtos de toxinfeções alimentares, não foram reportados óbitos.

Em 2015, a força da evidência dos surtos foi forte em oito casos e fraca em 12, sendo que esta distinção está relacionada com a suspeita “forte” ou “fraca” dirigida a determinado veículo alimentar.

O agente causal e/ou suas toxinas foram identificados em 50 por cento dos surtos, nomeadamente toxina botulínica tipo B, C. per fringens, Salmonella Enteritidis, Listeria monocy togenes serogrupo IVb, E. coli verotoxigénica não-O157, Enterotoxina estafilocócica tipo A e Shigella sonnei.

O local onde os alimentos foram consumidos ou onde ocorreu uma ou mais etapas finais de preparação foi identificado em 90 por cento dos surtos: 75 por cento em locais públicos (instituições, residenciais, cantinas/bares de escolas, colégios, infantários, creches, restaurantes, hospitais, lares de idosos) e 25 por cento em casa, ou seja todos os doentes envolvidos pertenciam ao mesmo agregado familiar.

Em 2014, o agente etiológico causal foi identificado em 52% dos surtos reportados pelo INSA e em 71% do total de surtos reportados pela European Food Safety Authority (EFSA).

De acordo com o estudo, considera-se um surto de toxinfeção alimentar uma doença infeciosa ou tóxica que afeta dois ou mais indivíduos, causada, ou que se suspeita ter sido causada, pelo consumo de género(s) alimentício(s) ou água contaminados por microrganismos, suas toxinas ou metabolitos.

Embora as toxinfeções alimentares sejam causa de morbilidade e mortalidade em todo o mundo, podem ser prevenidas pela minimização dos fatores que estão na sua origem.

O Departamento de Alimentação e Nutrição, em parceria com outros Departamentos do Instituto Ricardo Jorge e em colaboração com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, notifica anualmente à EFSA os dados dos surtos ocorridos em Portugal.

Deste modo, ao abrigo da Diretiva 2003/99/CE, a EFSA analisa os dados enviados pelos Estados-Membros e prepara um relatório anual, em colaboração com o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), de modo a gerar evidência científica que permita a otimização dos sistemas de segurança alimentar implementados, assim como os programas de educação para a saúde, minimizando o impacte humano, económico e social destas doenças na Europa.

UNESCO
Um grupo de especialistas portugueses, que integra peritos em direitos humanos nas mais diversas áreas, elaborou uma proposta...

O grupo é constituído por sete pessoas, um homem e seis mulheres, especialistas em direitos humanos, oriundos de áreas como a psicologia, direito, economia da saúde ou linguística, que no ano passado participaram num concurso da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e ganharam.

“A nossa proposta nesse concurso foi aprofundar as questões de igualdade de oportunidade e igualdade de género com vista a propor à UNESCO uma declaração universal nessa temática”, explicou o mentor e coordenador da equipa, Rui Nunes, também presidente da Associação Portuguesa de Bioética.

Na sequência do concurso, o grupo elaborou a proposta de declaração, que enviou para a Comissão Nacional da UNESCO em Portugal, estando agora em período de discussão pública até março.

“Estamos a fazer diligências, junto do ministro-adjunto do primeiro-ministro, que é quem tutela a igualdade de género, para haver uma posição concertada e não ser apenas uma proposta de um grupo de especialistas e passar a ser proposta do país”, revelou o responsável, acrescentando que o “acolhimento é muito favorável”.

De acordo com Rui Nunes, “estão reunidas todas as condições para que esta declaração seja aprovada ao longo deste ano se houver vontade da parte das partes envolvidas”.

Explicou que a proposta de declaração tem duas componentes, uma mais ético-jurídica, que consolida matérias incluídas em várias convenções internacionais, e uma outra componente, que materializa áreas específicas.

O responsável adiantou que em relação à componente ético-jurídica estão em causa princípios e valores universais, “mas que vale sempre a pena recordar”, como o exercício da liberdade ética, a dignidade, a justiça e a equidade, a igualdade de oportunidades.

Inclui também que “numa sociedade verdadeiramente livre e pluralista as pessoas não podem ser discriminadas em razão de características arbitrárias, quaisquer que elas sejam e obviamente que o género é uma delas”.

Numa segunda componente, estes princípios gerais são aprofundados, uma vez que, sublinhou Rui Nunes, “há falhas em todo o mundo no domínio da igualdade de oportunidades, em geral, e no domínio da igualdade de género, em particular”.

O coordenador do grupo admite que não é uma tarefa fácil e que pode até parecer a “quadratura do círculo”, já que aquilo a que se propõem é elaborar uma declaração que tanto possa ser aplicada em Portugal ou em qualquer outro país europeu, como nos Estados Unidos, na China ou na República Centro-Africana.

Rui Nunes adiantou que as medidas concretas estão divididas em três grandes grupos, desde logo acesso à educação, saúde e equidade no mercado laboral.

Acrescentou, por outro lado, que se esta declaração universal for adotada por todos os países, isso depois poderá influenciar a legislação de cada uma das nações, “mesmo com a geometria variável” que existe atualmente.

Rui Nunes lembrou que em muitos países do mundo, a mulher não pode sequer sair de casa sem a companhia de um elemento do sexo masculino, e que se Portugal é considerado um exemplo nesta matéria, também é verdade que continua a haver muitas desigualdades no acesso às profissões.

Adiantou ainda que a declaração inclui medidas como o acesso verdadeiramente paritário e equitativo na educação em qualquer grau de ensino, o acesso à saúde em geral, ao planeamento familiar em particular, fertilização ‘in vitro’, procriação medicamente assistida, ou interrupção de gravidez.

Infarmed
A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde e a farmacêutica Gilead Sciences Portugal renovaram acordo...

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) e a farmacêutica tinham celebrado em fevereiro de 2015 um acordo que estabelecia um plano para tratamento dos doentes com hepatite C, determinando que a farmacêutica é paga quando o doente fica tratado.

No dia 18 de fevereiro de 2015, o Ministério da Saúde apresentou a nova estratégia de tratamento da hepatite C, que incluía os medicamentos inovadores comparticipados a 100% pelo Estado.

A partir desta data os hospitais que tratam doentes com hepatite C puderam encetar o plano de tratamento com os medicamentos do laboratório Gilead.

Segundo um comunicado divulgado pela Gilead, o laboratório e o Infarmed “chegaram a acordo relativamente à comparticipação dos medicamentos para o tratamento da Hepatite C, renovando o entendimento formalizado há dois anos entre as duas entidades”, em 2015.

Segundo a mesma fonte, “o processo negocial desenrolou-se ao longo dos últimos meses de forma construtiva, tendo como principais preocupações garantir, por um lado, a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e, por outro, assegurar que todos os doentes portugueses com Hepatite C continuarão a ter acesso a estes tratamentos inovadores e com elevada taxa de eficácia”.

O acordo firmado permite a continuação da “estratégia de eliminação da hepatite C no nosso país, à semelhança de outros países europeus, seguindo as orientações estratégicas definidas pelas mais importantes organizações internacionais de saúde”.

O mesmo documento o diretor-geral da Gilead Sciences Portugal, Vítor Papão, realça o facto de que os “tratamentos inovadores” revelaram “taxas de cura superiores a 96%”, e “contribuem para a melhoria significativa da qualidade de vida não só dos doentes mas também das suas famílias”.

Segundo o Infarmed, os “tratamentos inovadores disponibilizados” permitiram o tratamento de “mais de 10 mil doentes”, “sendo que mais de cinco mil estão curados”, lê-se no mesmo documento.

Infarmed
Os doentes com hepatite C vão passar a ter disponíveis no Serviço Nacional de Saúde oito medicamentos para tratar a doença,...

De acordo com um comunicado hoje divulgado pelo Infarmed – autoridade do medicamento – o organismo público “concluiu as negociações com quatro empresas para o financiamento do tratamento da hepatite C” e “na sequência destas negociações vão passar a estar disponíveis oito medicamentos distintos, três dos quais aprovados em 2017”.

O comunicado refere ainda que “foi obtida aprovação da utilização no Serviço Nacional de Saúde (SNS) de um novo medicamento para o tratamento de todos os genótipos do vírus da hepatite C”.

“As condições negociadas são favoráveis, já que a concorrência gerada veio reduzir substancialmente os preços destes medicamentos, permitindo o tratamento de todos os doentes que deles necessitam e garantindo a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde”, acrescenta o documento.

Segundo dados do Infarmed já foram autorizados mais de 15 mil tratamentos, um número que excede as expectativas iniciais de 13 mil tratamentos em dois anos.

“A decisão de tratar todas as pessoas infetadas pelo vírus da hepatite C faz com que Portugal seja um dos primeiros países europeus, e mesmo a nível mundial, a implementar uma medida estruturante para a eliminação deste grave problema de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde tem definido enquanto meta para 2030 uma redução de 90% de novas infeções crónicas e de 65% na mortalidade por estas doenças”, lê-se no comunicado.

Ministro da Saúde
O Serviço Nacional de Saúde vai ter este ano um centro de diagnóstico em Lisboa para realizar exames, respondendo a pedidos de...

Na comissão parlamentar de Saúde, o ministro da Saúde anunciou que já este ano irá abrir o primeiro centro integrado de diagnóstico e terapêutica do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que irá realizar vários tipos de exames e análises.

“Vai ser instalado no Parque do [Hospital] Pulido Valente este ano. Estão a ser feitos os estudos preparatórios. Numa linguagem simples, é uma clínica de diagnóstico do SNS. Pretende-se ter no país vários núcleos destes, onde se concentrem respostas de meios complementares de diagnóstico e terapêutica para responder aos hospitais que criem este modelo e também para os centros de saúde”, afirmou o ministro Adalberto Campos Fernandes em declarações aos jornalistas no final da sessão com os deputados.

Campos Fernandes lembrou que está a ser finalizada legislação para reduzir o tempo máximo de resposta garantida no caso das cirurgias, estabelecendo também tempos máximos para os meios complementares de diagnóstico.

Vai passar a ser possível que, à semelhança do que acontece nas cirurgias, os meios de diagnósticos possam ser também feitos como produção adicional, que é a que excede a produção base contratualizada com os hospitais do SNS.

Os hospitais contratualizam com as administrações de saúde a sua produção, estipulando metas para a produção base e para a produção adicional. A produção que vai além do valor base contratado favorece o hospital em termos de financiamento.

A criação deste centro de diagnóstico do SNS pretende, segundo o ministro, ajudar a contornar o problema que ainda constitui a realização de exames complementares nos serviços públicos de saúde.

Síndrome de Asperger
No âmbito do dia Internacional da Síndrome de Asperger, que se assinalou no passado dia 18 de Fevere

 

A perturbação de Asperger é uma perturbação do espectro do autismo que se diferencia por não existir geralmente atraso global de desenvolvimento e pelo melhor prognóstico e maior capacidade de adaptação dos pacientes.

 

 

As perturbações do Espectro do Autismo são um grupo de alterações caracterizadas por três aspectos clínicos fundamentais:

1.      Défices qualitativos das interacções sociais

2.      Défices qualitativos na comunicação verbal e não-verbal

3.      Leque de interesses restrito e repetitivo

Outras características destas alterações incluem o início precoce na vida, atraso no desenvolvimento psicoafectivo, etiologia multifactorial (as causas são diversas e não se conhece um único factor responsável pelo aparecimento da perturbação).

Por outro lado, sabe-se que existem alterações genéticas que interagem entre si e com os factores do meio, que os sintomas têm várias expressões ao longo das diferentes fases da vida e que a evolução da doença é crónica, com presença de défices ao longo do tempo.

Clinicamente as alterações são muito heterogéneas entre as diferentes perturbações autísticas, que diferem umas das outras pela variação do nível de funcionamento cognitivo e pelas capacidades de comunicação e linguagem.

Em 1944, Hans Asperger, psiquiatra e pediatra austríaco, escreveu o primeiro artigo acerca do que viria a ser conhecido como a “sua perturbação”.

Ele descreveu o quadro clínico de quatro crianças com QI (nível de inteligência) normal, que eram socialmente “estranhas” ou bizarras, ingénuas e desadequadas, tinham boa gramática e vocabulário extenso, comunicação não-verbal pobre, interesses restritos e circunscritos, e alterações da coordenação motora. Este artigo ficou mais ou menos desconhecido até ter sido amplamente discutido anos mais tarde, numa publicação inglesa (Wing, 1981).

A síndrome de Asperger foi pela primeira vez considerada uma categoria de diagnóstico na DSM-IV (Associação Americana da Psiquiatria, 2000) e na ICD-10 (Organização Mundial de Saúde, 1996).

Recentemente, foi excluída da classificação de perturbações mentais da Associação Americana (DSM-V) e chamada de perturbação autística, embora diferenciada das demais. O termo continua, no entanto, a ser utilizado para definir o quadro clínico.

Nas duas últimas décadas, o conceito de síndrome de Asperger usado por investigadores e clínicos serviu para salientar a ocorrência de uma perturbação do espectro do autismo em indivíduos com bom potencial intelectual e fluência verbal.

O diagnóstico é muitas vezes mais tardio do que nas restantes perturbações autísticas. Ainda não é clara a diferença de padrões de défice neurocognitivo e evolução entre a Perturbações Asperger e autismo.

As características essenciais da Perturbação da Asperger são: um défice grave e persistente da interacção social (pouca habilidade para comunicar, para se relacionar, dificuldade em perceber as brincadeiras, sentido de humor, ironia e atitudes dos outros) e desenvolvimento de padrões de comportamento, interesses e actividades restritos e repetitivos (quando há um interesse “fixado” num assunto há tendência para conhecer tudo sobre o mesmo, repetindo-se o tema de forma reiterada ou obsessiva). Pode existir ou não atraso do desenvolvimento da linguagem e, geralmente, o desenvolvimento global está preservado, bem como as aptidões cognitivas.

As capacidades intelectuais podem ser superiores à média ou ter aspectos muito diferenciados como a memória, o cálculo, apetência para a música, artes, etc.

Podem existir todas ou algumas das seguintes características:

- défice da comunicação não-verbal: contacto ocular, postura corporal, outros gestos que regulam a interacção social

- alterações do desenvolvimento psicomotor

- alterações da modulação da voz

- incapacidade para se relacionar adequadamente com os pares

- ausência de espontaneidade ou partilha de interesses ou objetivos na relação com os outros

- falta de empatia ou reciprocidade social

- rotinas ou rituais persistentes, não funcionais e rigidamente cumpridos

- gestos repetitivos (estereotipias)

- preocupação com partes de objectos

- sentimentos de solidão, incompreensão e inadequação, que podem gerar agressividade ou tristeza e quadros de alterações de comportamento, ou depressivos

- ingenuinidade e falhas na compreensão de mensagens com duplo sentido, o que origina uma grande sensibilidade ao que os outros dizem, que pode muitas vezes ser entendido como ofensivo.

A evolução e o prognóstico dependem da forma como o indivíduo se adapta e do grau de gravidade da doença.

Na vida adulta pode haver um défice de empatia e na modulação da interacção social, mas os períodos mais conturbados e de maior sofrimento são geralmente a infância e a adolescência, em que as dificuldades de adaptação e de integração social são quase sempre sentidas com sofrimento e revolta, podendo originar psicopatologia concomitante.

A importância de se estabelecer precocemente um diagnóstico é fulcral, uma vez que a família e o próprio precisam de encontrar uma definição para as alterações que observam e com as quais lidam, no sentido de estabelecer estratégias e encontrar respostas que permitam uma melhor adaptação do jovem na escola, na família ou em qualquer contexto social.

Sentimentos de estranheza, de solidão, de não-pertença, podem causar grande mal-estar e devem ser identificados precocemente e abordados em contexto terapêutico. Muitos indivíduos com esta perturbação têm percursos de grande relevo e êxito profissional, distinguindo-se em várias áreas do conhecimento, com níveis de desempenho superiores à média

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Lisbon Living+
A inteligência artificial ao serviço da medicina ou o turismo de saúde são algumas das áreas alvo de um consórcio criado pela...

O pró-reitor da Universidade de Lisboa, Rogério Gaspar afirmou que o objetivo do consórcio, que junta mundo académico, empresas, setor social é pensar em projetos "não a meses ou mesmo a um ou dois anos, mas a uma década".

Com o consórcio, que começou a ser montado em 2013 e esteve até agora "na fase de construção", pretende-se também encaminhar os parceiros para os financiamentos europeus em disputa do Horizonte 2020.

Um dos setores em que o consórcio pode produzir resultados é nos serviços de processamento de dados em grande volume ("Big Data") e medicina personalizada, que pode empregar técnicas semelhantes à inteligência artificial para ajudar os médicos no processo de decisão.

Por exemplo, um projeto da empresa IBM chamado "Watson" consegue ler centenas de milhares relatórios clínicos de doentes e juntar milhares de artigos, conseguindo "big data" que se caracterizam pelo "volume, variedade, velocidade e verdade".

Embora "não esteja suficientemente afinado", é tecnologia "de primeira linha a nível global", combinando algoritmos de decisão e matemática aplicada no tratamento dos dados.

No domínio da oncologia, é "uma ajuda para o clínico decidir pelo melhor cuidado" para o doente, referiu.

O projeto da IBM está já em Portugal, mas na vertente das "cidades inteligentes" com experiências piloto em Tomar e Évora.

Outro dos projetos que germinou com a rede de parcerias estabelecida pelo Lisbon Living+, chamado Altur, destina-se a promover o turismo sénior e o turismo de saúde, divulgando práticas médicas inovadoras em Lisboa.

Os benefícios surgem de duas maneiras, referiu Rogério Gaspar, indicando que a tecnologia nova é sempre providenciada pelo Serviço Nacional de Saúde e que "vai sempre primeiro para cidadãos nacionais" mas que, simultaneamente, pode ser ainda mais rentabilizada apelando ao turismo de saúde, em que estrangeiros procuram Portugal para se tratar.

No futuro, encaminha-se a criação de centros de excelência em medicina de precisão e regenerativa, um investimento de 60 milhões de euros, em Lisboa, Aveiro e no Minho.

Rogério Gaspar afirmou que da interação entre os parceiros, que incluem associações de doentes, câmaras municipais e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, sairão "algumas grandes coisas mas muitas pequenas coisas que têm grande impacto".

"Este é um trabalho que nunca estará terminado", reconheceu.

Na segunda-feira, a Universidade organiza a primeira conferência do Lisbon Living+, em que se debaterão o rumo da medicina na Europa, focada nas necessidades dos doentes e a tecnologia e inovação na saúde dirigidas à população da Europa, um continente a envelhecer.

O comissário europeu para a Investigação, Carlos Moedas e os ministros portugueses da Saúde e da Ciência são alguns dos participantes na conferência.

Hospitais de Coimbra
O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, disse hoje que o Programa TeleTrauma do Centro Hospitalar e Universitário de...

Falando na apresentação da conferência "Inovação e Internacionalização em Telesaúde", no polo do hospital universitário do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), em que foi apresentado aquele projeto, o governante frisou que, por vários motivos, a integração dos cuidados de saúde "tem falhado em Portugal".

"Com a telemedicina desenvolvida nestes moldes, com grande eficácia, segurança e qualidade da comunicação, nós conseguimos colocar os médicos de família com os médicos hospitalares a trocarem opiniões sobre uma queixa ou um sintoma que o doente apresente e tornar mais fácil o acesso a um diagnóstico diferenciado", disse Manuel Delgado, salientando que este é o caminho.

Para o secretário de Estado, "muitas vezes o erro dos sistemas de saúde está na separação, quase total, como se fossem caixas autónomas, entre a medicina familiar e os hospitais, e quem circula não é a comunicação nem a troca de opiniões entre os profissionais, é o doente, que anda de um lado para o outro".

"Em vez de ser o doente, quem deve circular são os profissionais", salientou Manuel Delgado, que apontou a telemedicina como um instrumento capaz de centralizar competências e economizar recursos, além de tornar mais fácil o acesso a um diagnóstico mais diferenciado.

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) assinou hoje, simultaneamente com o lançamento do Programa TeleTrauma, um acordo de parceria com o Centro de Trauma da Universidade de Miami, um dos mais experientes e avançados centros americanos.

O projeto prevê que, através de telemedicina, especialistas em trauma possam interagir com o cenário de acidente e com outros centros de emergência médica no local de um acidente em massa ou situação de catástrofe, usando dispositivos móveis de Internet para determinar a gravidade das lesões.

"Podem ser fornecidas avaliações clínicas e determinado se os feridos devem ser transferidos para os Centros de Trauma de referência e os especialistas em trauma remoto podem fornecer a mesma qualidade de avaliação clínica e plano de cuidados como um especialista em trauma localizado fisicamente junto do paciente", explicou Martins Nunes, presidente do CHUC.

O programa visa reduzir a mortalidade de pacientes de trauma em zona remotas, encurtar tempos de intervenção, encurtar distâncias e ‘colocar’ o médico especialista no cenário de trauma durante a primeira hora após o acidente, através das mais avançadas tecnologias.

O Programa TeleTrauma vai abranger ainda todos os hospitais da região Centro, estando previsto que o serviço regional seja ativado em julho.

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