Opinião

Férias sem culpa: cinco dicas para se organizar sem ansiedade

Atualizado: 
28/07/2025 - 17:04
Para muitas pessoas, ir de férias está longe de ser sinónimo de descanso. A ansiedade por deixar projetos em curso, o medo de perder o controlo e a dificuldade em "desligar" são sintomas cada vez mais comuns e, muitas vezes, reflexo de algo mais profundo: a síndrome de impostor.

Segundo a psicóloga clínica Filipa Jardim da Silva: “o medo de não ser suficientemente competente ou de que algo corra mal na nossa ausência está muitas vezes ligado a uma autocrítica exagerada e à crença inconsciente de que temos de provar constantemente o nosso valor.”  
 
A boa notícia é que é possível, e necessário, desconectar para recarregar. E existem estratégias para o fazer de forma responsável e saudável. Aqui ficam algumas dicas simples e eficazes para ir de férias com a mente mais tranquila: 
 
1. Organize-se com clareza, não com perfeccionismo 

Antes de sair, deixe um ponto de situação claro, mas não caia na tentação de antecipar tudo o que “pode” acontecer. “Muitas pessoas confundem responsabilidade com controlo absoluto. Delegar com confiança é também um sinal de maturidade profissional.” 

2. Deixe orientações, não um manual de instruções 

Confie na sua equipa. Partilhe as informações essenciais e combine momentos de contacto apenas se forem estritamente necessários. Preparar um e-mail automático com os contactos alternativos e prazos realistas ajuda a evitar interrupções desnecessárias. 

3. Desligar é saudável e necessário 

Estar de férias não significa estar permanentemente disponível. “Muitas pessoas sentem culpa por não responderem imediatamente a um e-mail ou chamada. Mas o descanso é parte da produtividade. Não é um luxo, é uma necessidade.” 

4. Ansiedade pela ausência? Pergunte-se: o que de pior poderia realmente acontecer? 

Muitas vezes, o medo do “e se...” é desproporcional à realidade. Identificar estes pensamentos, escrever sobre eles e confrontá-los com lógica ajuda a diminuir o seu poder. 

5. Relembrar: não somos insubstituíveis e isso é uma coisa boa 

A crença de que “só eu faço bem” é uma armadilha da síndrome de impostor, que alimenta a ideia de que delegar é um sinal de fraqueza ou incompetência. Saber que outros conseguem continuar o trabalho é libertador e sinal de uma boa liderança. 

“Aprender a parar é também um ato de auto-validação. Quando nos permitimos descansar, estamos a reconhecer o nosso valor, sem precisar de estar constantemente a produzir para o justificar.” 

As férias são um espaço de reconstrução interior. Para o corpo, mas sobretudo para a mente. Porque um bom profissional não é aquele que nunca pára, mas o que sabe regressar com novas ideias, energia renovada e uma visão mais clara.

Autor: 
Filipa Jardim da Silva - psicóloga clínica e fundadora e CEO da Academia Transformar
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.