Férias sem culpa: cinco dicas para se organizar sem ansiedade

Segundo a psicóloga clínica Filipa Jardim da Silva: “o medo de não ser suficientemente competente ou de que algo corra mal na nossa ausência está muitas vezes ligado a uma autocrítica exagerada e à crença inconsciente de que temos de provar constantemente o nosso valor.”
A boa notícia é que é possível, e necessário, desconectar para recarregar. E existem estratégias para o fazer de forma responsável e saudável. Aqui ficam algumas dicas simples e eficazes para ir de férias com a mente mais tranquila:
1. Organize-se com clareza, não com perfeccionismo
Antes de sair, deixe um ponto de situação claro, mas não caia na tentação de antecipar tudo o que “pode” acontecer. “Muitas pessoas confundem responsabilidade com controlo absoluto. Delegar com confiança é também um sinal de maturidade profissional.”
2. Deixe orientações, não um manual de instruções
Confie na sua equipa. Partilhe as informações essenciais e combine momentos de contacto apenas se forem estritamente necessários. Preparar um e-mail automático com os contactos alternativos e prazos realistas ajuda a evitar interrupções desnecessárias.
3. Desligar é saudável e necessário
Estar de férias não significa estar permanentemente disponível. “Muitas pessoas sentem culpa por não responderem imediatamente a um e-mail ou chamada. Mas o descanso é parte da produtividade. Não é um luxo, é uma necessidade.”
4. Ansiedade pela ausência? Pergunte-se: o que de pior poderia realmente acontecer?
Muitas vezes, o medo do “e se...” é desproporcional à realidade. Identificar estes pensamentos, escrever sobre eles e confrontá-los com lógica ajuda a diminuir o seu poder.
5. Relembrar: não somos insubstituíveis e isso é uma coisa boa
A crença de que “só eu faço bem” é uma armadilha da síndrome de impostor, que alimenta a ideia de que delegar é um sinal de fraqueza ou incompetência. Saber que outros conseguem continuar o trabalho é libertador e sinal de uma boa liderança.
“Aprender a parar é também um ato de auto-validação. Quando nos permitimos descansar, estamos a reconhecer o nosso valor, sem precisar de estar constantemente a produzir para o justificar.”
As férias são um espaço de reconstrução interior. Para o corpo, mas sobretudo para a mente. Porque um bom profissional não é aquele que nunca pára, mas o que sabe regressar com novas ideias, energia renovada e uma visão mais clara.