Mais de metade dos portugueses conhece alguém com cancro do pulmão, mas mais de 80% reconhece falta de informação junto da população

A maioria dos portugueses afirma conhecer alguém com o cancro do pulmão, mas continua desinformada sobre ferramentas de diagnóstico, sinais e sintomas e que cuidados de saúde procurar. Estas são algumas das principais conclusões do estudo “O Cancro do Pulmão em Portugal – A Visão dos Portugueses”, desenvolvido pela Spirituc-Investigação Aplicada com o apoio da AstraZeneca. Este estudo, agora divulgado no âmbito da 5.ª edição da campanha nacional “O Cancro do Pulmão Não Tira Férias”, assinala o Dia Mundial do Cancro do Pulmão, a 1 de agosto.
De acordo com os resultados do estudo, mais de metade dos inquiridos (52,7%) afirma conhecer alguém que foi diagnosticado com cancro do pulmão. Em mais de metade destes casos (54,7%), a relação é próxima, envolvendo familiares ou amigos chegados. O dado traduz o impacto transversal da doença na sociedade portuguesa, tocando diretamente milhares de famílias. No entanto, apesar dessa proximidade, metade dos portugueses desconhece que estão a ser desenvolvidos programas de rastreio para a deteção precoce da patologia, bem como a que sinais e sintomas estar atento.
Este aparente paradoxo – elevado contacto com a doença, mas reduzida literacia sobre a patologia – revela-se preocupante à luz dos dados epidemiológicos. Em 2022, o cancro do pulmão foi responsável por 6.155 novos casos em Portugal, assumindo a posição de quarta neoplasia mais diagnosticada. No entanto, lidera o número de mortes por cancro, com 5.077 óbitos registados nesse mesmo ano. A nível mundial, foram diagnosticados cerca de 2,4 milhões de casos e mais de 1,8 milhões de pessoas perderam a vida, segundo o Globocan.1,2
“Estes dados são um alerta claro: muitas pessoas têm contacto direto com a doença e, ao mesmo tempo, desconhecem ferramentas vitais como o desenvolvimento dos programas de rastreio. A prevenção e o diagnóstico precoce são pilares fundamentais para aumentar as hipóteses de tratamento e remissão da doença”, sublinha Isabel Magalhães, presidente da Pulmonale, associação parceira da campanha.
Um dos dados encorajadores do estudo aponta que cerca de 67% dos inquiridos afirma aproveitar o período de férias para realizar check-ups de saúde. A campanha “O Cancro do Pulmão Não Tira Férias” pretende justamente reforçar a importância de aproveitar o verão como uma oportunidade para parar, reconhecer sinais e sintomas e agir a tempo, permitindo uma identificação mais precoce desta doença.
A análise evidencia também que a maioria da população reconhece a gravidade do cancro do pulmão: ~59% dos inquiridos considera-o mais agressivo/mortal em comparação com outros tipos de cancro. Ainda assim, essa perceção não se traduz em conhecimento efetivo. Quase 9 em cada 10 portugueses (85,2%) considera que deveria existir mais informação e divulgação sobre o cancro do pulmão, o que denuncia uma clara lacuna na comunicação em saúde.
O estudo mostra que a perceção sobre os fatores de risco está relativamente bem consolidada. Quase 90% dos inquiridos identificam o tabagismo como o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença, seguido da poluição ambiental (73,9%) e do contacto com substâncias químicas (67,4%). Ainda assim, é importante lembrar que a doença pode afetar também não fumadores, sendo o fumo passivo, a exposição ao radão, ao amianto ou fatores genéticos outros elementos de risco a considerar.3
"Em primeiro lugar, importa perceber quais são os fatores de risco e o que podemos fazer para evitar o aparecimento de cancro do pulmão. A prioridade máxima tem de ser impedir o desenvolvimento da doença”, afirma Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).
A importância do reconhecimento dos sinais e sintomas é outro ponto-chave da campanha deste ano. Os sinais de alerta associados à doença podem ser tardios e inespecíficos, o que torna ainda mais urgente a sua divulgação junto da população. Tosse persistente, dor no peito, falta de ar, rouquidão, perda de peso inexplicável, perda de apetite, cansaço extremo e infeções respiratórias frequentes como bronquites ou pneumonias são alguns dos sintomas que devem motivar avaliação médica.4
A maioria da população portuguesa (64,5%) acredita que o número de casos de cancro do pulmão irá aumentar nos próximos cinco anos – uma visão preocupante, mas que pode ser mitigada se houver uma aposta efetiva na prevenção e na deteção precoce.
A campanha “O Cancro do Pulmão Não Tira Férias”, promovida pela AstraZeneca, regressa este verão com o apoio de um conjunto alargado de parceiros institucionais, entre os quais a Associação Pulmonale, Careca Power, Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), Associação Nacional das Farmácias (ANF), APMGF, Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da APMGF (GRESP) e Rede Expressos. Através de ações de sensibilização em espaços de grande visibilidade, pretende-se chegar a mais portugueses com mensagens claras, baseadas em evidência científica e adaptadas ao público em geral.
“É fundamental que toda a população compreenda que o cancro do pulmão, apesar de agressivo, tem terapêuticas inovadoras e maior hipótese de sobrevivência com qualidade de vida, quando diagnosticado precocemente. Os resultados deste estudo são um alerta e um apelo à ação coletiva. Esta campanha é o nosso compromisso renovado em promover a literacia em saúde em Portugal”, conclui Isabel Magalhães, presidente da Pulmonale.
Referências:
1. Global Cancer Observatory. World Fact Sheet Disponível em https://gco.iarc.who.int/media/globocan/factsheets/populations/900-world-fact-sheet.pdf, consultado em julho de 2025.
2. Global Cancer Observatory. Portugal Fact Sheet. Disponível em https://gco.iarc.who.int/media/globocan/factsheets/populations/620-portugal-fact-sheet.pdf, consultado em julho de 2025.
3. Lung Cancer Risk Factors. American Cancer Society. Disponível em https://www.cancer.org/cancer/types/lung-cancer/causes-risks-prevention/risk-factors.html, consultado em julho de 2025.
4. Signs and Symptoms of Lung Cancer. American Cancer Society. Disponível em https://www.cancer.org/cancer/types/lung-cancer/detection-diagnosis-staging/signs-symptoms.html, consultado em julho de 2025.