Análise a estudos
Uma revisão de 60 estudos publicada nos Anais da Academia de Ciências de Nova Iorque mostrou que a introdução de gengibre na...

Segundo a meta-análise publicada em meados de maio, várias investigações comprovaram os efeitos benéficos do gengibre, mesmo que administrado sob a forma de cápsulas, comprimidos ou pó.

Segundo os cientistas da Universidade Agrícola da China, escreve o Sapo, os estudos analisados revelaram que os constituintes desta especiaria podem ser benéficos o combate de problemas de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares , ao atuar sob diversos mecanismos, nomeadamente na destruição de células de gordura, digestão de hidratos de carbono, secreção de insulina e diminuição da sensação de fome.

Ao diminuir a gordura no sangue, o gengibre promove igualmente a redução da aterosclerose, uma doença inflamatória crónica que consiste na acumulação de gordura nas artérias, o que pode dar origem a doenças do aparelho circulatório, a principal causa de morte em Portugal.

O gengibre revelou também ter propriedades anti-inflamatórias, para além de atuar na diminuição do stress oxidativo, assim como nos níveis de colesterol e pressão arterial.

Estudo
Ficar grávida depois de um diagnóstico de cancro de mama não aumenta o risco de recidiva, segundo o maior estudo de sempre...

O estudo incluiu 1.207 mulheres com menos de 50 anos que tiveram cancro de mama não metastizado. A maioria das mulheres no estudo (57%) tinha cancro de mama com recetores de estrogénio (um tipo de cancro conhecido como RE-positivo), no qual os tumores são alimentados por essa hormona.

Alguns médicos acreditavam que essas mulheres podiam enfrentar um maior risco de recidiva de cancro na gravidez, devido às alterações hormonais da gestação. No total, 333 mulheres engravidaram durante o estudo, em média 2,4 anos após o diagnóstico e o tratamento do cancro, escreve o Sapo.

Após um acompanhamento de 10 anos, os investigadores não encontraram "nenhuma diferença na sobrevivência livre de doença entre as mulheres que ficaram grávidas e as que não ficaram", segundo o artigo divulgado na reunião da Sociedade Americana de Oncologia Clínica. A gravidez também mostrou benefícios surpreendentes para as mulheres que tinham sobrevivido a um cancro de mama sem recetores hormonais.

Gravidez não deve ser desencorajada
Essas mulheres tinham 42% menos hipóteses de morrer do que aquelas que não tinham engravidado. "As nossas descobertas confirmam que a gravidez depois de um cancro de mama não deveria ser desencorajada, nem mesmo para mulheres com cancro RE-positivo", disse Matteo Lambertini, médico que dirigiu o estudo no Instituto Jules Bordet em Bruxelas. "É possível que a gravidez possa ser um fator de proteção para pacientes com cancro de mama do tipo RE-negativo, através de mecanismos do sistema imunitário ou hormonais, mas é necessário mais investigações sobre isso", acrescentou.

Segundo o estudo, metade das mulheres jovens recém-diagnosticadas com cancro de mama deseja ter filhos, mas menos de 10% fica grávida depois de receber tratamento para combater a doença.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Catorze regiões do país apresentam hoje risco ‘muito elevado’ de exposição à radiação ultravioleta, segundo dados do Instituto...

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), as regiões de Beja, Bragança, Castelo Branco, Évora, Faro, Guarda, Penhas Douradas, Lisboa, Portalegre, Setúbal, Sines, Funchal e Porto Santo (Madeira) e Santa Cruz das Flores (Açores) apresentam hoje risco ‘muito elevado’ de exposição à radiação ultravioleta (UV).

As regiões de Santarém, Angra do Heroísmo (ilha Terceira, Açores) e Horta (ilha do Faial) estão em risco ‘elevado’ de exposição à radiação UV.

Coimbra, Leiria, Vila Real, Viseu e Ponta Delgada (ilha de São Miguel, Açores) apresentam hoje risco ‘moderado’ e Viana do Castelo, Porto, Braga e Aveiro com níveis ‘baixos’.

Para as regiões com risco 'muito elevado' e 'elevado', o Instituto recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'Baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

O IPMA prevê para hoje nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela céu pouco nublado, tornando-se muito nublado no Minho e Douro Litoral a partir da manhã, nebulosidade que se estenderá gradualmente às restantes regiões.

Estão também previstos períodos de chuva fraca ou chuvisco no Minho a partir do meio da tarde, estendendo-se gradualmente às restantes regiões, e que será pouco frequente no nordeste transmontano e na Beira Alta.

A previsão aponta ainda para vento fraco a moderado do quadrante oeste, soprando moderado nas terras altas durante a tarde e pequena descida da temperatura mínima.

Nas regiões a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela prevê-se céu pouco nublado ou limpo, tornando-se geralmente muito nublado no litoral a norte do cabo Espichel para o final do dia.

Está ainda previsto vento moderado de noroeste, rodando para sudoeste no sotavento algarvio durante a tarde, e soprando moderado a forte no litoral oeste a sul do cabo Espichel e nas terras altas, por vezes com rajadas até 60 quilómetros por hora.

Na Madeira prevê-se céu com períodos de muita nebulosidade, apresentando-se geralmente pouco nublado nas vertentes sudoeste da ilha e vento moderado de nordeste, soprando por vezes forte nas zonas montanhosas.

Para os Açores, a previsão aponta para períodos de céu muito nublado, com abertas ao longo da tarde, neblinas, períodos de chuva geralmente fraca durante a madrugada e manhã e vento fraco a bonançoso.

Quanto às temperaturas, em Lisboa vão oscilar entre 14 e 23 graus Celsius, no Porto entre 11 e 21, em Vila Real entre 10 e 21, em Viseu entre 08 e 21, em Bragança entre 08 e 23, na Guarda entre 08 e 20, em Castelo Branco entre 12 e 26, em Coimbra entre 11 e 22, em Santarém entre 13 e 25, em Évora e Beja entre 11 e 28 e em Faro entre 16 e 32.

Estudo
As alterações genéticas do cancro da mama metastático são detetadas “com igual ou mesmo com maior sensibilidade com biopsia...

Estas conclusões foram apresentadas pelo diretor do serviço de oncologia do Hospital do Mar (Espanha), Joan Albanell, no terceiro dia da 53.ª reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, que reúne em Chicago, até hoje, mais de 30 mil especialistas de todo o mundo.

Numa conversa com jornalistas, o médico espanhol explicou que uma das limitações com que se confrontaram os investigadores foi que em algumas pacientes “não há suficiente ADN circulante para poder observar este perfil de mutações”.

No entanto, acrescentou, “na grande maioria podem estudar-se bem no plasma e, inclusive, detetam-se algumas mutações que não tinham sido detetadas ao analisar o mesmo painel de genes no tumor primário”.

Os resultados do estudo levado a cabo pela plataforma Foundation ACT, da empresa Foundation Medicine de Roche, foram considerados “robustos” pelo especialista, que admitiu que no futuro será possível prescindir das biopsias sólidas em favor das líquidas, “pelo menos num número importante de doentes”.

Além disso, outro estudo realizado com outra plataforma da mesma empresa – Foundation ONU – permitiu perceber que algumas mulheres com tumores de mama triplos negativos têm alterações no gene BRAF, uma mutação que também ocorre em outros tipos de cancro, como o melanoma.

Com dados de mais de 10 mil pacientes com cancro da mama metastático, o trabalho mostrou que esta alteração ocorreu em 1,2% das pacientes, uma frequência que, apesar de baixa, “mostra muito claramente uma das realidades atuais da oncologia”, ou seja, a presença de alterações moleculares diversas que não são procuradas porque não são muito frequentes, mas que se encontram ao ampliar as sequenciações.

Segundo o médico, é muito útil para impulsionar ensaios clínicos em que são estudados pacientes com tumores com mutações concretas, independentemente do órgão afetado.

Segundo Albanell, na Europa está a ser desenvolvido um ensaio clínico internacional para testar fármacos destinados a uma alteração genómica concreta em tumores para os quais ainda não está aprovada a terapia.

Uma iniciativa semelhante existe para tumores de origem desconhecida, que representam cinco por cento do total.

“Nestes pacientes, não há um padrão de tratamento, pelo que se o resultado do estudo for positivo, poderia significar uma alteração do paradigma do tratamento”, concluiu.

Caçadores alertam
Os javalis tornaram-se numa praga em Portugal e já provocam “centenas” de acidentes nas estradas, além de prejudicarem a...

João Fernandes, de Arraiolos, no Alentejo, fala de uma “praga grande”, de “vários acidentes” nas estradas da região, e acrescenta: “Há pouco cruzei-me com um javali à entrada de Montemor”. Destroem os ninhos das perdizes e as tocas dos coelhos e lebres e agora que está a chegar o verão vão começar, diz, a destruir os tomatais e os milheirais.

Mas o problema, afirma José Baptista, do Movimento Caçadores Mais Caça, é nacional e preocupante.

O dirigente tem contabilizado casos de acidentes envolvendo javalis e cita exemplos, falando de centenas de casos. Em Portel, Grândola ou Santiago do Cacém, Gavião ou Moura, mas também mais a norte, da Malveira à Sertã, de Pampilhosa a Rio Maior, Lousã ou Vila Real.

A Lusa pediu dados sobre acidentes rodoviários envolvendo animais mas a GNR encaminhou o assunto para a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, que não tem dados específicos, embora nos relatórios anuais se note um aumento de atropelamento de animais (que provocaram pelo menos feridos), 66 casos em 2012, 76 no ano seguinte, e 104 em 2014 e 2015.

José Baptista, que já alertou os principais responsáveis políticos do país, fala ainda de outro problema relacionado com os javalis - as doenças, como a tuberculose, e o facto de na generalidade os javalis caçados não serem objeto de inspeção veterinária.

O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, admite, em declarações à Lusa, que há “um problema grave de incidência de tuberculose nos veados e javalis” e que é preciso “cuidado” porque a doença está a aumentar, “sobretudo na raia”.

Depois, acrescentou, já há casos de transmissão da doença a espécies pecuárias (“bovinos já tiveram de ser abatidos”) e há riscos para as pessoas.

Jorge Cid diz que por norma está presente um veterinário nas caçadas organizadas a javalis mas não nas esperas noturnas, porque tal seria impossível, dada a quantidade de eventos.

A Ordem “via com bons olhos que se criasse um corpo nacional de inspetores” e era “importante a aprovação da carreira dos inspetores sanitários”, de forma a que todas as espécies para consumo público fossem verificadas.

É que, admite, nem sempre há veterinários para as solicitações e atualmente mais de uma centena de autarquias não tem veterinário municipal (“não são repostos há oito anos”).

Além das doenças dos javalis há também outro caso grave, a doença hemorrágica do coelho bravo, diz o bastonário, no que é corroborado por Eduardo Santos, da Liga para a Proteção da Natureza.

Eduardo Santos não entende que os javalis sejam um problema em todo o país, mas admite “um acentuado declínio dos coelhos” devido a doenças.

“É uma questão de saúde animal e de saúde pública”, acrescenta João Branco, da organização ambientalista Quercus, também ele a lamentar que doenças tenham dizimado “quase metade da população dos coelhos” e que no caso de animais como o javali já tenham passado para os animais domésticos.

João Branco defende que há uma “epidemia” de javalis, que não têm predadores além do Homem e que acabam por prejudicar (por destruir as crias) espécies como perdizes, coelhos e lebres, além dos prejuízos na agricultura.

E aproveita para negar um “mito recorrente”: a Quercus não larga animais de qualquer espécie na natureza, e se as raposas ou as águias estão a aumentar é por falta de predadores e por ter diminuído a pressão urbana.

As águias, aliás, até ajudam a conter a devastação do coelho, eliminando os animais doentes, diz Joaquim Teodósio, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

De tudo isto, sintetiza José Baptista, resulta em mais predadores do que caça.

Rogério Rodrigues, presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), diz sobre o assunto: “Há menos espécies de caça menor devido ao habitat, já o javali vê um incremento pelo aumento do seu habitat, bosques e florestas”.

Garantindo também que não há largadas de animais, de águias ou raposas, o presidente do ICNF explica a proliferação do javali com números: há 30 anos havia mais um milhão de hectares de agricultura que hoje estão transformados em matas e florestas, há 40 anos o Alentejo tinha mais 40% de agricultura.

“O habitat natural para coelhos, codorniz e perdiz está a desaparecer, é lógico que estas populações tinham de ter um fortíssimo declínio”, diz o responsável, segundo o qual há quatro ou cinco séculos Portugal também tinha uma população de javalis como agora.

E sobre as doenças admite que é um problema, aconselhando os caçadores a terem alguma informação sobre como identificar se os javalis que abatem estão ou não doentes.

Doentes ou não, insiste José Baptista que se tornaram uma praga e são um perigo na via pública.

Rui Cândido, de Portel, no Alentejo, dava-lhe razão se o ouvisse. Há meses, quando ao início da noite conduzia entre Vidigueira e Pedrógão, na zona de Cortes de Cima atravessaram a estrada “15 ou 20 javalis” e ele não teve tempo para travar ou desviar-se.

“Matei dois, ficaram debaixo do carro”. Rui Cândido não se aleijou porque era “um carro de trabalho grande”, como eram grandes os javalis.

Contas feitas, sem contar com o reboque, foi “uma despesa de 2.700 euros” para arranjar o carro.

São uma praga os javalis? Tem havido mais acidentes na zona? Às perguntas diz que sim.

Infarmed
As autoridades portuguesas intercetaram mais de 460 mil unidades de medicamentos a circular ilegalmente em 2016, dos quais 11%...

Em comunicado, o organismo que regula o setor informou que no ano passado foram retidas, devolvidas ou destruídas 460.936 unidades de medicamentos, no âmbito do protocolo de colaboração entre o Infarmed e a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).

Destas unidades, 24.250 foram intercetadas no âmbito da operação internacional PANGEA, dos quais 57 produtos foram analisados pelo laboratório do Infarmed, que detetou 24 (42%) falsificados e/ou ilegais.

Segundo o Infarmed, os analgésicos passaram a ser a classe de medicamentos mais adquirida, passando de 6% a 16% do total, quando em 2012 a disfunção erétil dominava o rol de medicamentos intercetados pela alfândega.

Os Estados Unidos passaram a ser o país com maior volume de aquisições, o que o Infarmed atribui, em parte, “à maior confiança na qualidade por parte dos consumidores”.

Em áreas como a disfunção erétil, continuam a dominar países como a índia ou Singapura.

“Os principais remetentes de medicamentos destinados ao emagrecimento são o Brasil, Índia ou China”, refere este organismo do Ministério da Saúde.

Fundada há 25 anos
A Abraço foi o “projeto de vida” de Margarida Martins, sócia número um da associação que fundou há 25 anos e da qual nunca se...

Tudo começou no final 1991 quando Margarida Martins, juntamente com um pequeno grupo de voluntários, dava apoio aos doentes seropositivos internados na unidade de doenças infeciosas do Hospital Egas Moniz, em Lisboa.

Nessa altura, um amigo de Margarida Martins faleceu vítima de sida e foi então que nasceu a vontade de criar a Associação de Apoio a Pessoas com VIH/sida.

“Criámos um movimento de amigos. Fizemos um espetáculo no Coliseu a 26 de abril, há 25 anos, dia de aniversário do João Carlos, e no dia 05 de junho [de 1992] inaugurámos a nossa associação”, no Bairro Alto, contou Margarida Martins.

A Abraço começou com “o objetivo de criar melhores condições para os doentes do Hospital Egas Moniz e hoje em dia é uma associação nacional, que dá trabalho a cem pessoas no Porto, Madeira, Setúbal e com ligações aos países de língua portuguesa”, salientou.

“Apostámos muito na prevenção e formação à população que não sabia nada sobre a doença, tivemos apoio de centenas de milhares de pessoas, isso foi muito importante, e hoje em dia a sida está mais ou menos estável”, frisou.

Ao fim de 21 anos a presidir a associação, Margarida Martins decidiu deixar o projeto para abraçar um novo desafio, ser presidente da Junta de Freguesia de Arroios, em Lisboa, mas nunca se desligou totalmente.

“Continuo a acompanhar [o trabalho da associação], sou a sócia número um e pago as minhas contas”, disse, com uma sonora gargalhada.

“A Abraço foi o projeto da minha vida, o projeto que me traz lágrimas aos olhos. No fundo, é a minha filha mais velha”, desabafou, acrescentando que “tudo tem o seu tempo e as pessoas mais velhas têm que perceber que têm de formar pessoas para que os projetos não morram enquanto elas são necessários e muitas vezes o movimento associativo esquece-se disso”.

Sobre a nova direção liderada pelo psicólogo Gonçalo Lobo, Margarida Martins disse que “é fantástica, sempre com novos projetos para outro tipo de pessoas e situações”.

“Realmente posso dizer que sou uma mulher feliz porque deixei um trabalho feito e a equipa manteve-se e aumentou”, referiu, com orgulho.

“É importante ver que os novos tomam conta dos projetos e avançam para a frente com alicerces que nós deixamos e que eles são grande impulsionadores e investidores e isso para mim é a grande alegria”, sustentou.

Margarida Martins contou que ainda é abordada na rua pelo trabalho na associação. "É muito bonito, pessoas de 50 anos encontram-me na rua e dizem-me obrigado”, por as ter alertado para a doença.

A este propósito contou uma história recente com o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

“Fui apresentar-me e ele disse-me: ‘sei muito bem quem a Margarida é porque quando eu tinha 13 anos foi à minha escola no norte falar sobre o VIH/sida. Foi consigo que ouvi pela primeira vez falar da doença’”, recordou.

Para Margarida Martins, esta atitude dos portugueses manifesta “o reconhecimento” do trabalho da associação na luta contra a sida.

Dados oficiais indicam que, entre 1983 e 2016 foram notificados em Portugal 55.632 casos de VIH. Destes, 11.008 morreram.

VIH/sida
A Abraço nasceu há 25 anos para apoiar pessoas infetadas pelo VIH/sida, quando a doença era uma sentença de morte. Com o...

A associação Abraço abriu as portas no Bairro Alto, em Lisboa, no dia 05 junho de 1992, com o “grande desafio” de apoiar os doentes internados no Hospital Egas Moniz e “tornar mais humano” este hospital.

“Nessa altura o grande desafio era munir o Hospital Egas Moniz, que foi a base de todo o nosso trabalho, de capacidade logística e técnica”, para que conseguisse dar resposta às necessidades dos doentes, contou o presidente da Abraço, Gonçalo Lobo, que substitui Margarida Martins no cargo em 2014,

Nos anos 90 a “infeção foi galopante”, recorda, e “havia pessoas infetadas em Lisboa, no Porto, em Setúbal e também crianças órfãs de pais infetados pelo VIH que faleceram rapidamente devido à falta de medicamentos eficazes no combate à infeção”.

Na altura, o diagnóstico da doença era muito tardio. “As pessoas só eram diagnosticadas quando já tinham uma complicação inerente à debilitação do sistema imunitário” e morriam “num curto espaço de tempo”, contou Gonçalo Lobo.

Para atender a esta realidade, a fundadora da associação, Margarida Martins, e o infecciologista Kamal Mansinho desenvolveram vários projetos e a Abraço cresceu para outras cidades.

Nos finais dos anos 90 foi introduzido “um novo regime terapêutico de alta potência que veio permitir uma maior longevidade às pessoas e uma menor toxicidade dos medicamentos”.

Esta mudança colocou “novos desafios” à associação: “Hoje estamos com uma abordagem muito mais holística”, dando apoio desde o diagnóstico precoce até às pessoas que acompanham há mais de 20 anos e que “precisam de cuidados 24 horas dia”, adiantou Gonçalo Lobo.

É o acompanhamento esteve “sempre em mente” e que visa também garantir que as pessoas infetadas pelo VIH envelheçam com qualidade de vida.

O trabalho em prol dos seropositivos e das suas famílias passa ainda pelo apoio domiciliário, pelo apoio às crianças seropositivas e filhas de pais seropositivos, por uma casa de acolhimento para pessoas acamadas, apartamentos para situações de emergência e um gabinete dentário, entre outras valências

O desafio mais recente da associação passa por tentar perceber os efeitos que uma medicação crónica feita durante muito tempo pode provocar às pessoas em termos sociais, clínicos e psicológicos, para poder atuar e melhorar futuro destas pessoas, disse o psicólogo, voluntário da associação desde 2007.

Ao longo dos 25 anos a associação tem travado uma luta contra a discriminação, que ainda persiste na sociedade.

“Os avanços terapêuticos são muito grandes, mas a sociedade não acompanha tão rapidamente esta evolução como gostaríamos”, lamentou.

Questionado se a Abraço continua a ser uma referência para os portugueses, Gonçalo Lobo recordou um estudo de 2014 que a apontou como a segunda associação com maior notoriedade a nível nacional, depois da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

“Foi altamente positivo para nós perceber que o povo português e a sociedade portuguesa têm-nos como referência tanto no âmbito do VIH como na prestação de apoio direto às pessoas”, frisou.

Para assinalar os 25 anos, a Abraço vai lançar um novo ‘site’, o “VIH 360º, que pretende responder facilmente a todas as questões sobre sida.

“Queremos ter informação esclarecedora e de qualidade, ser ainda mais transparente e credíveis quanto ao que estamos a fazer para combater esta problemática, quer através da informação que dispomos, da imagem que apresentamos, dos projetos que temos, e da proximidade que procuramos junto da população”, sublinhou.

No dia 10 de junho haverá um baile de máscaras no Porto que pretende ”alertar a sociedade para a necessidade das pessoas com infeção pelo VIH darem cada vez mais a cara por esta infeção crónica” para lutar contra o estigma e a discriminação.

Dados oficiais apontam que, entre 1983 e 2016 foram notificados em Portugal 55.632 casos de VIH. Destes, 11.008 morreram.

“Smart Regions 2.0”
O robot humanizado Pepper, com pouco mais de um metro de altura, e que se assemelha a uma criança, foi a estrela da conferência...

De todos os expositores da conferência sobre regiões inteligentes organizada pela Comissão Europeia, o da Universidade de Ciências Aplicadas da localidade finlandesa de Satakunta (a mais de 200 quilómetros da capital) foi o que teve mais atenções, pois todos quiseram ver o Pepper em ação.

O robot mostrou aos conferencistas os seus dotes como dançarino, fez poses para as fotografias, disse a sua idade, a data atual e qual a sua cor, branca.

A par disso, Pepper também reconheceu o facto de não ter emoções e que, apesar de entender as perguntas que lhe eram feitas, é apenas uma máquina que não possui a capacidade de pensar, como os humanos.

Mesmo assim, com uma luz azul giratória no local dos olhos, o robot fala diretamente com quem o interpela. Quando percebe qual o comando ou a pergunta, os “seus olhos” ficam verdes.

Na opinião da responsável pelo departamento de tecnologia da universidade, Sari Merilampi, “o poder do Pepper é ser tão interativo e social”.

Ao longo de dois dias, várias entidades, empresas e responsáveis políticos estiveram reunidos a falar sobre regiões inteligentes e a debater a maximização do potencial inovador da Europa.

Fabricado em França, o robot vai entrar no programa do grupo de investigação da Universidade de Ciências Aplicadas de Satakunta, que se dedica a pôr a tecnologia ao serviço de crianças, pessoas com necessidades especiais e idosos.

Segundo a responsável, o objetivo deste grupo de seis investigadores é “adaptar a lógica da tecnologia às necessidades das pessoas com necessidades especiais, e não tentar adaptar as pessoas à tecnologia”.

Para isso, esta universidade estatal promove a “cooperação com o Estado e as empresas”, por forma a “envolver vários setores”.

“Tentamos mostrar às empresas tecnológicas que podem usar as suas mais-valias e conhecimentos para ajudar as pessoas”, explicou Sari Merilampi.

Admitindo algum ceticismo por parte dos responsáveis de algumas empresas, a investigadora observou que “é muito mais poderoso mostrar o que a tecnologia pode fazer e como é usada para ajudar, ao invés de fazer uma apresentação e apenas falar sobre isso”.

Com esta técnica, estes cientistas admitem conseguir mudar algumas mentalidades, principalmente dos profissionais de saúde.

Os investigadores querem agora programar o robot que conta com cinco “dedos” e uma câmara incorporada, para comunicar em linguagem gestual.

A par do Pepper e de outro robot mais pequeno, mas usado com as mesmas finalidades, esta universidade desenvolveu também um programa informático que permite a alguém que se desloque com recurso a um andarilho ou cadeira de rodas, ver qualquer local do mundo.

Este programa vai acompanhando os movimentos da pessoa e resulta numa espécie de simulação de uma viagem, que a pessoa vai acompanhando à medida que se desloca.

Também um tapete que promove a movimentação das pessoas que necessitam de fisioterapia ou um dispositivo que promove o equilíbrio, são outras das inovação apresentadas pelos investigadores nesta conferência.

A Universidade de Satakunta já estabeleceu parceiras em redor do mundo, em países como a Holanda, Irlanda e está a tentar chegar à China.

Onde também já conseguiu chegar foi a Portugal, através de uma parceria estabelecida com a Universidade da Beira Interior.

Venezuela
A Cáritas Venezuela lançou na sexta-feira um apelo à Cáritas de Portugal para que apoie as crianças venezuelanas e também os...

"O apelo é também para a Cáritas Portugal, para que colabore (…) com toda esta gente que hoje necessita e sobretudo para que apoie os portugueses que desde há muitos anos vivem no nosso país e que têm necessidades sobretudo de medicamentos", disse a diretora da Cáritas.

Janeth Márquez falava à margem de uma reunião, em Caracas, com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, que esteve acompanhado pelo secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus da Madeira, Sérgio Marques, e pelo embaixador português, Fernando Teles Fazendeiro.

"Também há muitas famílias que estão a ficar sozinhas, porque os filhos deixaram o país e queremos dar-lhes um atendimento preferencial, para que possam resolver esta problemática e estar no país, e além disso possam alimentar-se da melhor maneira", frisou.

Márquez explicou também que na Venezuela não há dados oficiais sobre a desnutrição infantil, mas que desde janeiro "já faleceram três crianças" e há "muitas crianças com desnutrição moderada e severa".

"Estamos em negociação com o Estado, a entregar relatórios, a dizer-lhe o que estamos a ver, a necessidade de medicamentos essenciais. Chegámos a alguns acordos para a entrada de alguns medicamentos específicos e queremos passar da negociação teórica à prática", disse.

Janeth Márquez explicou que o Estado venezuelano autorizou a entrada de medicamentos com a condição "de saber qual a origem e o grupo farmacêutico".

"Os medicamentos não chegam como se estivéssemos em crise humanitária, durante a qual os padrões e as normas se minimizam, e isso significa cumprir uma série de passos", frisou.

Por outro lado, na Venezuela não há "um processo de fome como alguns dizem, mas temos um processo em que as famílias não têm possibilidades de alimentar-se". Dos "12 alimentos que o ser humano necessita, se comerem nove estão medianamente (nutridos). Os venezuelanos nas zonas vulneráveis estão a comer apenas cinco alimentos, mas sem proteínas", disse.

"Vemos isso (até) na bolsa Clap, que o Estado entrega, que não tem proteínas e que além disso apenas chega para dez dias ao mês. Isso significa que muita gente, neste momento, não satisfaz as suas necessidades e por isso está usando estratégias de adaptação, de emergência, que têm que ver com procurar (alimentos) nos caixotes de lixo e com vender todos os ativos", explicou.

Além disso, disse, "estão a desmembrar as famílias, a enviar as crianças para os campos, a enviar os pais a comer noutro lado e em muitos casos, lamentavelmente, temos gente que deixa de dar de comer aos idosos para dar às crianças".

Segundo Janeth Márquez, todos os meses chegam mil novas pessoas à Cáritas, a pedir medicamentos para "doenças crónicas como a hipertensão, o colesterol e a tiroide, que vão a agravar-se porque as pessoas não tomam os medicamentos".

"A falta de abastecimento é um problema enorme. Segundo a câmara farmacêutica é de 85% e há (ainda) um problema de acesso, porque os poucos medicamentos que chegam têm um preço tão elevado que ninguém pode pagar. Um medicamento poder custar entre 50% a 60% do salário mínimo", disse.

A reunião com o secretário de Estado das Comunidades teve o propósito de "dar visibilidade à análise da Igreja e da Cáritas sobre a situação dos venezuelanos, sobretudo social", em temas considerados prioritários como a alimentação, saúde e insegurança.

Quanto à desnutrição entre crianças dos 0 aos 5 anos, Márquez explicou que em quatro estados da Venezuela atingiu 11,2%, um quadro "grave" que implica "perigo de morte".

Falta de investimento
A região Centro apresenta uma carência de investimento nas respostas de proximidade no âmbito da rede de cuidados continuados...

"No que toca a respostas de proximidade, a região Centro caracteriza-se por ter uma capacidade de resposta inferior à das outras regiões", disse o presidente da Comissão de Coordenação da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), Manuel José Lopes, que falava em Coimbra, à margem de uma reunião de avaliação do funcionamento da rede na região.

Para Manuel José Lopes, a resposta de proximidade é "uma área na qual se tem de investir", sublinhando que "a resposta que é levada a casa das pessoas, sempre que há condições para isso, é a mais efetiva de todas".

Segundo o responsável, a carência desse investimento é sentida "em toda a região".

Já no que diz respeito "à resposta institucionalizada, [a região] já tem uma resposta bastante interessante", em relação aos rácios definidos em 2006, ano de criação da RNCCI.

"Para as tipologias de institucionalização, a resposta é muito boa em toda a região, embora com assimetrias dentro da região", notou Manuel José Lopes.

Também nos elementos "mais procedimentais" há trabalho a desenvolver e a melhorar, referiu, acrescentando que as respostas na área mental e pediátrica, por serem áreas novas, necessitam "de um trabalho mais profundo".

Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
O presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna defendeu a mobilização de todos para enfrentar as alterações...

A atuação tem de ser "a vários níveis e em simultâneo", salientou Luis Campos, apontando a necessidade de medidas que diminuam o impacto da emissão de gases com efeito de estufa, e que "o setor da saúde seja um exemplo de compromisso com a proteção do ambiente".

"Temos de mobilizar toda a sociedade, não só o setor da saúde, mas todos os outros, para uma resposta mais eficaz perante a evolução das doenças [associadas à mudança do clima]", para proteger as populações mais vulneráveis, que "já estão a ser afetadas por estas alterações" climáticas, afirmou.

As alterações climáticas têm consequências na saúde, principalmente nos grupos mais vulneráveis, como os idosos, as crianças, grávidas, pessoas incapacitadas, pessoas com debilidade económica, ou sem abrigo.

Luís Campos lembrou que em 2013 o tempo quente em Portugal "produziu um excesso de 1.700 mortes e isso tem a ver com os efeitos diretos do calor".

Com as mudanças do clima, "há aumento das doenças cardíacas, nomeadamente do acidente vascular cerebral (AVC) e da doença isquémica do coração, não só pelo aquecimento, mas também pela concentração de ozono", apontou.

A lista de doenças referidas pelo especialista incluem as pulmonares devido à poluição atmosférica, como a doença pulmonar obstrutiva crónica e as alergias, que "estão a aumentar muito".

Com o aumento da temperatura, as doenças infecciosas, transmitidas através de mosquitos, como a malária ou a febre dengue, começam a aparecer em áreas geográficas que ficam agora mais quentes.

Luís Campos refere ainda as doenças relacionadas com a qualidade da água, como a cólera, e com a fome e desnutrição, além de doenças mentais, provocadas pelas alterações como as migrações ou as mortes violentas resultado de catástrofes naturais.

Luís Campos falava a propósito do Dia Mundial do Ambiente, que se assinala hoje, e que a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna aproveita para recordar alguns conselhos para preservar a natureza e o clima.

Apesar de reconhecer que o tema já faz parte das preocupações da Direção-Geral da Saúde e do Ministério da Saúde, e que "alguma coisa está a ser feita", como a aprovação de investimento para os hospitais visando conseguir uma maior eficiência energética, para o especialista "muito ainda falta fazer".

Recordou que, em Portugal os hospitais são responsáveis por 11% do consumo de eletricidade e 18% do de gás natural e produzem 108 mil toneladas de resíduos.

"Cada médico, cada profissional de saúde, tem de ser um exemplo de adesão a comportamentos que diminuem os fatores que causam aquecimento global", defendeu Luís Campos.

Entre as opções que contribuem para reduzir os gases com efeito de estufa, principais responsáveis pelas alterações climáticas e consequentes fenómenos extremos (ondas de calor ou de frio, secas ou grandes quantidades de chuva em pouco tempo), está a escolha de deslocações a pé, de bicicleta ou transportes públicos e a poupança de água, assim como a redução do consumo de energia e do desperdício.

'Fingermed'
Uma luva criada por alunos do secundário que ajuda socorristas a medir os sinais vitais, sem recorrer a outros equipamentos,...

A luva, resultante do projeto 'Fingermed', desenvolvido pelos alunos Inês Fortunato, Pedro Almeida e Mariana Guedes, da Escola Secundária da Azambuja, em Lisboa, incorpora vários sensores, como oxímetro (mede a percentagem do oxigénio no sangue), termómetro, medidor de frequência cardíaca e uma luz para verificar a dilatação pupilar.

"Cada vez mais é necessário melhorar a eficiência dos serviços médicos de emergência prestados a doentes, nomeadamente numa realidade onde as catástrofes naturais e os acidentes têm aumentado a sua intensidade, frequência e danos causados", indicaram os responsáveis pelo projeto.

Esta luva pode ser uma das soluções para aumentar a "eficiência, a rapidez e a qualidade" dos serviços de socorrismo, visto que "dispensa o socorrista de levar equipamentos consigo", chegando, assim, "mais rapidamente ao local", referiram os alunos.

O dispositivo pode ser também utilizado para uso doméstico, no caso de doentes que necessitem ser monitorizados constantemente, tendo assim as suas medições em dia.

A Mostra Nacional de Ciência é uma iniciativa organizada pela Fundação da Juventude, com o apoio da Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, entidade responsável pela escolha do júri que avalia os 100 trabalhos escolhidos durante a 25.ª edição do concurso de Jovens Cientistas.

Na opinião da docente Rita Rocha, do Colégio Luso-Francês, do Porto, eventos como a Mostra Nacional de Ciência ajudam os alunos a "sair das paredes das escolas, a comunicar e a cooperar entre si".

A trabalhar há mais de 15 anos na área de desenvolvimento de projetos com alunos do 12.º ano, a docente acredita que este tipo de iniciativa ensina ainda os alunos a entender o que é a interdisciplinaridade e "que o erro tem que existir como um motor de evolução".

Do ponto de vista metodológico, este evento serve para "quebrar com um tipo de ensino mais padronizado, que existe normalmente nas escolas", referiu, acrescentando que é também importante para ajudar os alunos nas escolhas das áreas que querem seguir no ensino superior.

Para o professor de Geologia Rui Duarte, da Escola Secundária de Amato Lusitano, de Castelo Branco, também presente na mostra, iniciativas deste género auxiliam os alunos a chegar ao ensino superior com um conjunto de conhecimentos práticos relativos ao aspeto formal dos trabalhos, que nunca teriam de outra forma.

"O facto de virem a um evento com esta importância, abre-lhes completamente os horizontes a nível do ensino superior", existindo, inclusive, casos de alunos que não queriam continuar os estudos, tendo entrado na universidade depois de participarem na mostra.

Segundo o presidente da Fundação da Juventude, Ricardo Carvalho, esta é a primeira vez que a mostra se realiza no Porto, havendo intenção de manter a edição de 2018 na cidade.

O responsável considera que a Mostra Nacional de Ciência permite aos jovens mudar a sua forma de pensar e reforçar o gosto por estas áreas, acreditando ainda que esta iniciativa possibilita formar uma nova geração de investigadores, cientistas e engenheiros.

S. Domingos de Rana
Cascais vai passar a contar com mais uma Unidade de Cuidados Continuados e Residências Seniores. O projeto, que será...

Este investimento na saúde vai ao encontro de uma necessidade real da população, cada vez mais envelhecida. A urgência destes equipamentos é a premência de suprir a única lacuna identificada, ao nível dos Serviços de Saúde.  

Há cerca de 2 milhões de idosos no país onde a população com mais de 65 anos aumentou, nos últimos 50 anos, 2,8 vezes. A população nesta faixa etária tem vindo a aumentar correspondendo já a 19% da população nacional. Este desenvolvimento, que em parte resulta do aumento da esperança de vida, traduz-se também num crescimento das situações de dependência.

Ora, em consonância com essa realidade, o concelho vem procurando dar uma resposta adequada, aumentando o número de camas para cudados continuados, mas também criando condições para que os equipamentos geriátricos surjam, cada vez mais, junto das populações que deles necessitam. Este projeto em concreto diferencia-se pela aposta na inovação tecnológica, única no país, e pela originalidade de ser servido de gatis e canis, permitindo que os donos não sejam separados dos seus animais de estimação.

Os equipamentos serão construídos na freguesia de S. Domingos de Rana, aproveitando um terreno com mais de 5.300 m2, cujo direito de superfície será cedido à entidade Quimera Saúde, por um período de 50 anos, renovável por períodos de dez. 

Parceria com a AdvanceCare
A mutualista francesa Adrea escolheu Portugal para iniciar a sua expansão internacional com uma solução de cobertura de saúde...

Num encontro com jornalistas que decorreu hoje em Lisboa, o diretor-geral da Adrea Mutuelle, Dominique Chaignon, e os promotores do projeto, o francês Charles Vaquier e o luso-francês Paulo Maurício, adiantaram que Portugal é, assim, o seu primeiro destino para expansão internacional e identificaram um milhão de potenciais beneficiários.

"Há um potencial de quase um milhão de pessoas. O nosso foco são os reformados portugueses que mantêm a Segurança Social francesa e que vêm a Portugal de tempos a tempos, para passar férias ou estar mais uns meses", disse Charles Vaquier, explicando que estes podem ter acesso local a cuidados de saúde, sem seleção médica e vitalícia.

Dominique Chaignon ereforçou "o potencial significativo" e detalhou que existem 500 mil reformados de nacionalidade portuguesa, com reforma francesa, aos quais acrescem 480 mil ativos que serão futuros reformados, citando dados das embaixadas dos dois países.

Apesar do foco nos portugueses com reforma francesa, a solução, chamada Lusoflex, também está disponível para os reformados franceses residentes em Portugal, desde que também mantenham a segurança social francesa.

Trata-se de uma só mutualista para reembolsar as despesas de saúde em França e Portugal.

Com o lema 'Cuidar de si em Portugal como em França', a Adrea tem como "filosofia romper as fronteiras", disse Dominique Chaignon, acrescentando que, para já, a Adrea não terá escritórios em Portugal, operando assim através dos promotores do projeto e beneficiando da parceria com a AdvanceCare, que hoje integra a Seguradoras Unidas, detida pelos norte-americanos da Apollo, após a fusão da Açoreana com a Tranquilidade.

O administrador da AdvanceCare e o diretor executivo da mesma seguradora, Luís Drummond Borges e Sérgio Marcos Melro, respetivamente também marcaram presença no encontro, detalhando que todos os clientes terão um cartão da Adrea e acesso a toda a rede privada da AdvanceCare de médicos em território português.

A Adrea transformou-se numa só mutualista em dezembro de 2001, após a fusão de oito mútuas, tem hoje mais de um milhão de pessoas protegidas e um volume de negócio de 563 milhões de euros.

Intengra ainda o Groupe Aesio, composto por três mutualistas e conta com mais de três milhões de pessoas protegidas.

Crianças
O Centro Hospitalar Barreiro Montijo vai criar uma equipa de Cuidados Paliativos Pediátricos, a primeira na região de Setúbal,...

"A equipa de Cuidados Paliativos Pediátricos do Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM) tem como missão assegurar cuidados paliativos de qualidade à criança e família, duma forma holística e humanizada, satisfazendo as suas necessidades, preferências e desejos, sempre que possível em ambulatório, de acordo com as suas especificidades e reconhecimento da sua trajetória de doença e fase em que se encontra", refere o centro hospital em comunicado.

Constituída por dois pediatras, dois enfermeiros, um psicólogo e um assistente social, a equipa está disponível 24 horas por dia.

"Funciona no Serviço de Pediatria e abrange a população pediátrica dos concelhos do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, com idade compreendida entre os 0 e os 18 anos", lê-se no comunicado.

Segundo o centro, os cuidados paliativos pediátricos são reconhecidos como um direito humano básico para todas as crianças e adolescentes portadoras de doença crónicas complexas limitantes ou ameaçadoras da vida.

Associação Portuguesa de Pais e Amigos de Apoio a Deficiente Mental
A Associação Portuguesa de Pais e Amigos de Apoio a Deficiente Mental de Coimbra quer criar uma rede com os países africanos de...

"O objetivo é criar uma rede de partilha de conhecimentos com instituições" dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) que trabalhem na área de apoio e reabilitação de pessoas com deficiência intelectual, disse a presidente da Associação Portuguesa de Pais e Amigos de Apoio a Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra, Maria Helena Albuquerque.

A APPACDM assinou hoje, em Coimbra, um acordo de cooperação com a APEGADA (Associação de Apoio a Pessoas Autistas e de Transtornos Globais de Desenvolvimento), de Angola, com vista ao levantamento das necessidades daquela instituição sediada em Luanda e à ajuda na melhoria do apoio às pessoas com deficiência intelectual.

Já em 2016, a associação de Coimbra assinou um acordo semelhante com a associação Colmeia, sediada em Cabo Verde, cujo protocolo já levou à partilha de projetos e a obter financiamento junto do Governo português para a construção de um "centro de avaliação, atendimento, habilitação e orientação para a inclusão de crianças, jovens e adultos com perturbações de desenvolvimento", explanou Maria Helena Albuquerque.

No âmbito da cooperação entre instituições, a APEGADA já visitou as instalações e valências da APPACDM, sendo que, futuramente, a associação de Coimbra irá deslocar-se a Angola para "perceber quais é que são as principais" necessidades.

"Nesta área, as sinergias são muito importantes. Uma rede deste tipo tem muito mais força do que uma instituição a trabalhar de forma isolada. É esse o nosso objetivo", sublinhou Maria Helena Albuquerque, referindo que a rede poderá levar à dinamização de ações de formação e encontros, podendo também ser um mecanismo de "pressão política".

A APPACDM espera celebrar um acordo de cooperação por ano em cada um dos PALOP, sendo que no próximo ano será com uma instituição de Moçambique, disse, realçando ainda que, ao contrário da associação de Coimbra que tem quase 50 anos, a maioria destas associações "são muito recentes".

De acordo com o presidente da APEGADA, António Teixeira, as necessidades mais prementes da instituição que lidera prendem-se com "a formação de quadros", considerando que a cooperação vai ajudar a criar um tratamento mais especializado.

"Este é um grande passo para que possamos continuar o incremento da qualidade de vida destas pessoas em Angola", salientou o presidente da APEGADA, associação criada em 2013 e que tem cerca de 680 utentes.

Após reforço
Os enfermeiros tornaram-se hoje na única categoria profissional do INEM com o mapa de pessoal totalmente preenchido, após o...

Estes 60 enfermeiros representam “um reforço importantíssimo do INEM”, como reconheceu o seu presidente, Luís Meira.

A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, presente nesta cerimónia, reconheceu a importância do ingresso nos quadros do INEM de um número de enfermeiros desta grandeza, aproveitando para recordar como a mesma foi “suada”.

A Ordem pretende que a rede de ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV) aumente, mas o presidente do INEM reconheceu que esse crescimento só resultará de gestão dos meios disponíveis.

“O INEM gostaria de ter meios em todos os locais para garantir a resposta completamente eficaz e absoluta, mas temos de gerir os meios disponíveis”, disse.

Centro de Investigação em Saúde de Angola
Uma investigação realizada na província angolana do Bengo concluiu que a prevalência de doenças tropicais negligenciadas, como...

O Centro de Investigação em Saúde de Angola (CISA), em colaboração com instituições de ensino portuguesas, norte-americana e inglesa, realizou três estudos, cujos resultados preliminares são hoje apresentados em Caxito, capital do Bengo.

O estudo revela que Angola é um país prioritário para a eliminação da oncocercose e da filaríase linfática ou elefantíase, mas a co-distribuição do parasita filarial Loa Loa (loíase) - uma verminose transmitida por moscas diurnas, que afeta o olho, causando inflamação, dor e problemas de vista - é um entrave a este resultado.

Angola tem uma zona de alto risco identificada na província do Bengo, onde podem ser necessárias intervenções alternativas, no entanto, a presença e a sobreposição geográfica das três infeções causadas por filaríase não estão bem definidas.

Este estudo epidemiológico, que contou com a colaboração da Universidade da Florida do Sul, Estados Unidos da América, e da Escola de Liverpool de Medicina Tropical, Reino Unido, envolveu o mapeamento filarial integrado rápido, com base num questionário, teste rápido e biologia molecular, para se determinar padrões de prevalência e co-distribuição na região do Bengo.

Os resultados apontaram que o nível endémico é baixo, com diferentes distribuições de sobreposição, tendo participado do estudo 1.603 pessoas de 22 comunas.

A loíase foi encontrada em 15 comunas, com uma prevalência de 11,1% (178 pessoas do total estudado), o que contrasta com a literatura que define a área como uma zona de alto risco.

Já a prevalência da cegueira dos rios foi de 4,6% (74 pessoas do total estudado) em 15 comunas, enquanto a presença da filaríase linfática foi de 0,4% para a linfedema - fluído corporal que se acumula nos tecidos moles do corpo, habitualmente num braço ou perna - em sete comunas e de 2,6% para hidrocelo - acumulação de líquido entre as membranas que envolvem o testículo no interior do escroto - em 12 comunas.

Herbicidas
Investigação do jornal Le Monde denuncia práticas de pressão sobre os investigadores da agência da Organização Mundial de Saúde...

A empresa Monsanto tem feito vários esforços para conseguir ver prolongado o uso da substância que está na base do seu famoso herbicida Roundup: o glifosato – que tem vindo a ser associado em vários estudos a possíveis efeitos cancerígenos. Uma investigação que o Le Monde começou a publicar nesta quinta-feira, com o nome Monsanto Papers, indica que a empresa tem tentado destruir a credibilidade da Agência Internacional para a Investigação do Cancro da Organização Mundial de Saúde.

O diretor desta agência internacional, com sede em Paris, admitiu ao Le Monde que já tinham sido “atacados no passado com campanhas de difamação”, mas nunca tinham enfrentado uma “campanha orquestrada com esta magnitude”. Christopher Wild explicou que este problema arrasta-se já há dois anos, com impacto na credibilidade e integridade da instituição e dos especialistas que ali trabalham que, segundo este responsável, são “denegridos” e “assediados” por advogados. As consequências têm-se feito sentir no próprio orçamento que a agência recebe, escreve o jornal Público.

O Le Monde avança que tudo começou numa data certa: 20 de Março de 2015. Nesse dia, a agência de Christopher Wild publicou as conclusões de um estudo que conduziu sobre os efeitos do glifosato, deixando o mundo atordoado: este pesticida, dos mais célebres do mundo, foi considerado genotóxico, com efeitos ao nível do ADN, efeitos cancerígenos nos animais e “provavelmente cancerígenos” nos humanos.

A partir desse momento, advogados com ligações à Monsanto enviaram aos vários cientistas e investigadores envolvidos no trabalho cartas intimidatórias a pedir todos os documentos utilizados para chegar às conclusões publicadas. Caso decidissem não o fazer, eram ameaçados com uma ação judicial. Houve também o caso de um jornalista supostamente chamado Christopher Watts e com um mail ligado à The Economist que tentou obter informações junto dos investigadores e que fez perguntas mais intimidatórias. Na revista, ninguém sabe quem é.

Ao mesmo tempo, o Conselho Americano de Química, que defende a indústria dos Estados Unidos, terá promovido alguma influência junto de jornalistas para que publicassem histórias que comprometessem a independência da agência da OMS. O mesmo foi feito nas redes sociais. A situação, diz o Le Monde, piorou com a chegada da Administração de Donald Trump.

De acordo com dados publicados pela Agência Internacional para a Investigação do Cancro, em 2010 o glifosato estava registado em cerca de 130 países e é um dos herbicidas mais usados do mundo. O Le Monde estima que a sua utilização tenha aumentado de 3200 toneladas por ano, quando surgiu em 1974, para 825.000 toneladas em 2014. Se o glifosato for proibido na Europa, os analistas estimam que a Monsanto possa perder à volta de 90 milhões de euros em vendas.

Apesar destes resultados da agência da OMS, em Maio, a Comissão Europeia propôs o alargamento por mais dez anos da autorização de uso do glifosato. A contenda transatlântica sobre os possíveis riscos para a saúde humana do glifosato motivou investigações de comités do Congresso dos Estados Unidos, e a Europa tem sido forçada a atrasar a reautorização de um dos produtos que a Monsanto mais vende, o herbicida Roundup.

A decisão da comissão tem como base um outro estudo, publicado em Março pela Agência Europeia de Produtos Químicos (Echa), que preparou o caminho para a decisão da Comissão Europeia recomeçar as negociações com os Estados-membros sobre a reautorização da licença do glifosato, apesar da oposição dos grupos ambientalistas. Aquele organismo da Comissão Europeia, que regula as substâncias químicas e biocidas, disse que o glifosato, o ingrediente principal do Roundup, não era uma substância cancerígena. Também a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar, uma agência independente financiada pela União Europeia, considerou “pouco provável que [o glifosato] tenha perigo carcinogénico para os humanos”.

Enquanto esperava pelos resultados do estudo da Echa, em Junho de 2016 a Comissão Europeia estendeu por 18 meses a autorização do uso do herbicida, depois de uma proposta de renovação total da licença ter tido a oposição de alguns Estados-membros (Portugal absteve-se) e de grupos ativistas.

De acordo com dados publicadas pela Agência Internacional para a Investigação do Cancro, em 2010 o glifosato estava registado em cerca de 130 países e é um dos herbicidas mais usados do mundo.

A Monsanto, que teve em 2015 receitas de 15 mil milhões de dólares, atua em vários mercados e é conhecida sobretudo pelas sementes geneticamente modificadas, que têm suscitado críticas por parte de ambientalistas e de alguns grupos de defesa do consumidor. O recurso a estas sementes é muito mais frequente nos EUA do que na Europa, mas a Monsanto vende sementes de milho geneticamente modificado dentro da União Europeia.

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