Pedrógão Grande
Na Misericórdia de Castanheira de Pera, a solidariedade parece querer vingar sobre o pânico, com os profissionais a acalmar as...

Uma médica de Lisboa de passagem pela sua terra natal acabou a prestar cuidados durante dois dias na Santa Casa e uma enfermeira, com seis meses de experiência, teve de lidar com o "caos" de uma vila cercada.

A Santa Casa de Castanheira de Pera, um dos concelhos fustigados pelo incêndio que começou no sábado em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, serviu para tudo nos últimos três dias. Foi descanso, amparo, posto de saúde, dormitório, refeitório, ponto de encontro e, até, o local de referência para ligar a familiares - o único sítio com rede na vila durante bastante tempo.

"Tivemos uma médica, chamada Rosa Tomás, dois dias aqui, connosco na Santa Casa, que veio oferecer-se para prestar apoio médico. É médica em Lisboa, mas estava em Sarzedas de São Pedro, terra natal. Foi incansável. Dois dias sem parar. E as nossas enfermeiras também sem parar", sublinhou Vítor Silva, provedor da instituição de Castanheira de Pera, com a voz rouca do fumo.

Dos 30 utentes a quem a instituição prestava apoio domiciliário e serviço de centro de dia, três morreram no incêndio, contabilizou, após uma visita às suas casas.

"Nunca tinha visto nada disto. Nunca desta dimensão. A vila ficou completamente rodeada. Ficámos sem comunicações. Quando entrei no centro de saúde, caiu-me tudo", disse Vítor Silva.

O seu gabinete serviu de dormitório, sendo que pelos dois locais da instituição passaram mais de 150 pessoas.

"Algumas vieram só comer, outras vieram dormir, muita gente dormiu sentada, que não havia colchões para toda a gente", conta a contabilista da Santa Casa, Margarida, que ainda não pregou olho.

Até à instituição chegavam também pessoas à procura de familiares ou amigos, ou vinham apenas "para conseguirem fazer chamadas. Havia um sítio exato: nas escadas [de entrada], no terceiro degrau, em que o telemóvel tinha de estar numa determinada posição", contou.

O ambiente parece agora calmo. Apesar disso, há olhares apreensivos e cansados, idosos pedem para ir para casa - para saberem como está a sua habitação ou os seus animais - e, na cozinha da instituição, há sinais mais evidentes de uma terra em luto, ouvindo-se uma funcionária do estabelecimento a chorar.

Cristiana Rodrigues, enfermeira de 23 anos que começou a trabalhar em dezembro de 2016 na Santa Casa, teve de lidar com "o caos completo".

"Foi tudo muito rápido. Estava em casa, descansada, não tinha noção do que se estava a passar, que vivo no norte do concelho, e chamaram-me a mim e à minha colega Mariana [outra enfermeira da instituição]", disse, acrescentando que vieram logo acudir às pessoas.

Urgências, pessoas a precisarem de oxigénio, "bastantes hipertensões", ansiedade, agitação e nervosismo foram os problemas com que se depararam.

Até agora dormiu uma hora, sendo que sábado foi a noite de maior pânico, "com muitas pessoas a perguntarem por familiares e amigos".

"Não sabiam onde estava o pai, a filha, a tia, a prima e nós não conseguíamos responder", diz a enfermeira, que pelo meio teve de lidar com uma criança em choque, "que não sabia o que tinha acontecido".

"É uma experiência bastante traumatizante, principalmente para quem viu o perigo mais de perto, principalmente para as crianças", sublinhou Cristiana.

Em Castanheira, toda a gente parece cansada, numa vila onde o fumo continua muito presente, com o cheiro de mato queimado a sentir-se até dentro da Santa Casa da Misericórdia.

Apesar da situação, uma funcionária da Segurança Social de Leiria sublinhou que a solidariedade que se fez sentir foi crucial para um ambiente calmo, dentro do possível, com todos a procurarem dar apoio, principalmente aos idosos.

"Fale da humanidade, da solidariedade e da entreajuda que aqui se encontra. É impressionante", pediu a funcionária da Segurança Social.

“ELA em ConTaCto”
A Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica assinala o 20º aniversário este ano e organiza a 21 de Junho, Dia...

O evento vai reunir doentes, cuidadores, académicos e profissionais de saúde com o objetivo de despertar consciências e promover um maior conhecimento para a saúde na Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

À semelhança dos anos anteriores, a iniciativa irá debruçar-se sobre um dos cinco sentidos do corpo humano, de forma a sensibilizar para o impacto da ELA, na qual, apesar de todo o corpo estar incapacitado, os sentidos e capacidades intelectuais permanecem intactos.

O tema em destaque este ano é o tato, discutido em diversos painéis que abordam desde os sintomas e tratamento da doença, novas tecnologias de apoio à comunicação doente, usos do corpo na sociedade atual, até às novas formas de arte corporal, reinvenções e adaptações.

Pedro Souto, Presidente da Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica (APELA) refere: “com esta iniciativa de cariz social e humanitário pretendemos, não só, alertar para a importância do diagnóstico da ELA, mas também para as terapêuticas e perspetivas futuras de novos tratamentos, que se caracterizam pelo seu papel diferenciador no atraso da progressão da doença.”

O evento será inaugurado às 14h30 pela Dra. Graça Rebôcho da Fundação PT, com o tema “A tecnologia como mecanismo de inclusão: da necessidade à solução” e com a apresentação de Pedro Souto, que irá aprofundar o conceito do certame.

Os dois painéis irão contar com a presença de vários profissionais de saúde, que abordam temas como a sintomatologia, terapêuticas existentes, investigações em curso; reabilitação do doente de ELA, terapia da fala, entre outras áreas de conhecimento relevantes.

O certame terá também uma performance sobre ELA, dada pelo bailarino Pedro Correia Ramos; a moderação de um painel a cargo de Fernando Alvim; o testemunho do ator Luís Esparteiro e terminará com uma sessão de agradecimentos dada pela Professora Doutora Sales Luís, uma das fundadoras da APELA. 

Desenvolvida no Canadá
Uma nova vacina experimental contra o vírus ébola demonstrou eficácia até seis meses depois de ser administrada a um grupo de...

Os testes clínicos envolveram 40 voluntários saudáveis que foram inoculados com a vacina, e que seis meses depois continuam a apresentar níveis altos de anticorpos contra a doença que tem ressurgido em África.

"Os resultados deste teste são positivos e muito promissores. A vacina foi bem tolerada pelos participantes e não foram identificados problemas de segurança", afirmou May ElSheriff, do Centro Canadiano de Vacinologia, em Halifax.

A persistência do vírus "sublinha a importância de continuar os esforços e colaborações que possam levar a vacinas contra o Ébola licenciadas que possam proteger humanos e prevenir ou controlar surtos no futuro", afirmam os autores da pesquisa, baseados no Canadá e nos Estados Unidos.

A febre hemorrágica provocada por este vírus é extremamente contagiosa e o período de incubação do vírus Ébola é de 21 dias.

Entre o final de 2013 e 2016, a epidemia de ébola na África Ocidental provocou mais de 11.300 mortos em 29.000 casos recenseados.

Em apenas cinco meses
Problema "é transitório", assegura um responsável do Ministério da Saúde. Em Julho vão ser contratados 290 novos...

O número de pessoas sem médico de família voltou a aumentar, depois de ter caído em 2016 e ficado, pela primeira vez, abaixo de um milhão, indicam os dados oficiais do Ministério da Saúde. Portugal nunca formou tantos especialistas em medicina geral e familiar como agora, mas as entradas não têm sido suficientes para dar resposta a toda a população e compensar as saídas de clínicos.

Parece paradoxal, mas, no final de Maio passado, eram mais de 858 mil as pessoas que não tinham médico assistente atribuído nos centros de saúde, quando cinco meses antes (final de 2016) não passavam de 769 mil, de acordo com os balanços divulgados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). Ou seja, são quase mais 90 mil pessoas em cinco meses, escreve o jornal Público.

“É um problema transitório", frisa o vogal da ACSS, Ricardo Mestre. Em Maio, a população não coberta era inferior em 350 mil do que no mesmo mês de 2016 e em 500 mil face a idêntico período de 2015. Mesmo assim, fica bem longe da meta traçada pelo ministro da Saúde que, no ano passado, antecipava que chegaria a Dezembro com apenas meio milhão de pessoas sem clínico atribuído.

Adalberto Campos Fernandes lembrou que, quando chegou ao Governo, em Novembro de 2015, “havia um milhão e 100 mil portugueses sem médico de família". E antecipou que, depois de ter sido efetuada "a maior colocação de médicos de família de que há memória em Portugal", 2016 iria terminar com cerca de “500 mil portugueses” nessa situação.

Mas a previsão não se concretizou. Em Fevereiro deste ano, num balanço, a ACSS sublinhava que em 2016 se atingira “o número mais elevado de sempre" de cobertura da população (92,1%)”, mas especificava que no final do ano se registava um total de “769.537 utentes sem médico de família". Um “ganho de 26,6%” face a 2015, enfatizava.

Por que motivo então é que estes cálculos saem furados – como já aconteceu com sucessivos ministros da Saúde, que prometeram sempre dar um médico de família a cada português, sempre sem sucesso? O problema é que os médicos de família vão-se reformando ou saindo por outros motivos ao longo de todo o ano (emigração, doenças, óbitos), enquanto as entradas de novos especialistas se concentram em dois períodos do ano, explica Ricardo Mestre.

Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, nota que nunca como agora o ministério teve condições para resolver este problema crónico. E lembra que há "cerca de 400" recém-especialistas que terminaram o internato (período de formação na especialidade) em Abril e que estão à espera do concurso de ingresso, que devia ter arrancado em Maio. “Estamos em meados de Junho e ainda não começou”, lamenta. Só isto, diz, permitiria quase resolver o problema (cada profissional pode ter 1900 utentes).

290 ainda este mês
Vai ser lançado um concurso para “290 vagas” ainda este mês, responde Ricardo Mestre, que acredita será possível colocar no terreno, já em Julho, os novos profissionais, porque os procedimentos para contratação estão agora “muito simplificados”. De resto, sublinha, o movimento de saídas por reformas está a aplanar-se.

Já o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, lembra que, ao longo dos últimos cinco anos, saíram com reformas antecipadas, para a emigração ou para trabalhar no sector privado, "mais de mil médicos de família" . O bastonário defende que, se não foram criadas condições de trabalho mais aliciantes, a situação não se alterará. "É uma pescadinha de rabo na boca."

"Os médicos de família têm que ter listas de utentes aceitáveis, não é só uma questão de remuneração, mas sobretudo de condições de trabalho. Quem não perceber isto não vai resolver o problema", diz Miguel Guimarães que recorda que as listas de 1900 utentes por médico foram negociadas, a título excecional, no tempo da troika. 

O problema da falta de médicos de família sente-se sobretudo nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve, ambas com significativas percentagens de população a descoberto, ao contrário do que acontece no Norte, Centro e no Alentejo, onde pouco mais de 2% dos residentes inscritos nos centros de saúde não têm médico. Para se ter uma ideia das discrepâncias, basta ver que, se para todo o país são necessários 494 médicos, só para LVT estão em falta 377.

Seja como for, os dados permitem perceber, de facto, que o cenário já foi mais complicado. Em 2011, quando o Governo liderado por Passos Coelho tomou posse, havia cerca de 1,8 milhões de portugueses sem médico de família. Várias medidas, que incluíram a limpeza dos ficheiros, nomeadamente retirando utentes que tinham morrido, permitiram reduzir o número para um milhão e 38 mil no final de 2015.

Associação Cardíaca Americana
Apesar de ser promovido como uma opção saudável, o óleo de coco tem o mesmo efeito nocivo para a saúde que a gordura animal e a...

Por também ser composto por gorduras saturadas, o óleo de coco pode aumentar o chamado colesterol "mau", o LDL, explicam os investigadores.

De acordo com a associação americana, 82% da gordura no óleo de coco é saturada. Esta percentagem é maior do que a da manteiga (63%), da gordura bovina (50%) e da banha de porco (39%). "Como o óleo de coco aumenta o colesterol LDL, uma das principais causas das doenças cardiovasculares, e não tem efeitos favoráveis que compensem isso, advertimos contra o seu consumo", conclui o relatório da Associação Cardíaca Americana, citado pela BBC.

O instituto afirma que as pessoas devem limitar a quantidade de gorduras saturadas que consomem, substituindo algumas por óleos vegetais não saturados - como o azeite e o óleo de girassol. As gorduras animais, como a banha de porco, são geralmente vistas como nocivas, enquanto os óleos vegetais não saturados, como o azeite, são apontados como opções mais saudáveis, escreve o Sapo.

No entanto, vários especialistas defendem que a gordura ainda é parte essencial de uma dieta equilibrada e saudável - ou seja, não deve ser totalmente eliminada da alimentação. A gordura é fonte de ácidos gordos essenciais e ajuda o corpo a absorver as vitaminas A, D e E.

"Comer bem, para a saúde do coração, não significa apenas reduzir a gordura, mas diminuir tipos específicos de gordura e pensar em bons substitutos - gorduras não saturadas e cereais integrais, em vez de açúcar refinado e hidratos de carbono", comenta Victoria Taylor, da Fundação Cardíaca Britânica. "Qualquer mudança deve ser avaliada no contexto da dieta como um todo. A dieta mediterrânea tradicional traz benefícios para uma série de fatores de risco de doenças cardíacas, não apenas os níveis de colesterol", acrescenta Taylor.

"Recomendamos substituir as gorduras saturadas na dieta por gorduras não saturadas - usando óleos em vez de manteiga e escolhendo alimentos como abacate, peixes oleosos, nozes e sementes em vez de alimentos ricos em gorduras saturadas, como bolos, biscoitos, chocolate e carne gordurosa", completa.

Estudo
A conclusão é de uma investigação do Brigham and Women’s Hospital, nos Estados Unidos, publicada numa revista do grupo &quot...

Um estudo publicado na semana passada no jornal científico "Scientific Reports" do grupo "Nature" analisou durante um mês o ritmo circadiano de 61 estudantes da Universidade de Harvard e comparou esses dados com o seu desempenho académico.

De acordo com o estudo, escreve o Sapo, os investigadores descobriram que apesar de todos os estudantes terem dormido o mesmo número de horas, os participantes que tinham um padrão de sono regular eram os mais bem sucedidos face aos que tinham horas de deitar e levantar irregulares.

"Os nossos resultados revelam que adormecer e acordar aproximadamente ao mesmo tempo é tão importante quanto o número de horas que se dorme. A regularidade do sono é um fator potencialmente importante e modificável, independentemente da duração do sono", comenta Andrew Phillips, principal autor do estudo, numa nota de imprensa adjacente à investigação.

Os investigadores concluem que cumprir um padrão de sono é fundamental para estabilizar o ritmo circadiano - o sistema que controla a fome, sono e outros mecanismos biológicos.

"Descobrimos que o relógio do corpo sofreu alterações de quase três horas nos estudantes com horários irregulares", acrescenta Charles Czeisler, outro dos autores, que adianta que os resultados do estudo são aplicáveis também no mundo do trabalho.

Dia 21 de Junho
No dia 21 de junho, a Associação de Apoio a Doentes com Insuficiência Cardíaca participa, pela primeira vez, na edição de Verão...

Em Portugal, a insuficiência cardíaca afeta mais de 4% da população, ou seja, cerca de 380 mil pessoas, sendo uma síndrome com elevada morbilidade e mortalidade. A pressão arterial elevada, muitas vezes associada a outros fatores de risco, é a principal causa do desenvolvimento de Insuficiência Cardíaca, no nosso país.

“A Insuficiência Cardíaca é um problema de saúde incapacitante quando não é controlado nem devidamente diagnosticado. Existe ainda um grande desconhecimento da população e, acima de tudo, uma clara desvalorização desta patologia.

Por esse motivo faz todo o sentido marcarmos presença na Check-Up e promovermos a avaliação de alguns parâmetros e fatores de risco que estão na origem desta doença. Pretendemos trabalhar ao nível da prevenção e aconselhamento, bem como do esclarecimento da população sobre causas e manifestações clínicas da insuficiência cardíaca, para que o diagnóstico e tratamento sejam cada vez mais precoces levando a uma redução substancial do número de casos e para que os doentes possam, efetivamente, viver com melhor qualidade de vida”, explica o Comandante Vicente de Moura, presidente da Associação de Apoio a Doentes com Insuficiência Cardíaca (AADIC).

A Associação convida a população a fazer uma avaliação da sua pressão arterial e a esclarecer dúvidas com os enfermeiros, nutricionistas e técnicos de reabilitação cardíaca sobre insuficiência cardíaca e os seus fatores de risco, no stand da AADIC. A entrada é gratuita, sendo que das 11H00 às 13H00 os rastreios destinam-se apenas aos moradores da freguesia de Santa Maria Maior e das 13H00 às 18H00 são para a restante população.

A Check-Up promove rastreios junto do grande público, valoriza e divulga iniciativas das diferentes Sociedades Médicas, Associações de Doentes e outras Instituições, promovendo campanhas de awareness, prevenção e educação, que visam contribuir para melhorar a saúde e a qualidade de vida dos portugueses. Este ano, pela primeira vez, é lançada uma edição de Verão, que conta como parceiro institucional a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior.

Nos EUA
A epidemia de opioides e heroína que atravessa os Estados Unidos afeta de forma grave a comunidade portuguesa de Massachusetts,...

"Esta epidemia afeta muito a nossa comunidade, em cidades como New Bedford, Fall River, Tautnon. Pessoas de todas as idades, desde adolescentes até pessoas com 60 anos, e de todos os estratos sociais", disse Connie Mimoso, diretora de serviços na Fundação Seven Hills que presta apoio a estas populações em Massachusetts.

A diretora do Centro de Apoio ao Imigrante de New Bedford, Helena da Silva Hughes, confirma que "a epidemia de droga está a afetar a comunidade de falantes de português, assim como as outras comunidades".

"Infelizmente, devido a barreiras de língua e falta de informação sobre o assunto em português, muitos pais não se apercebem de que os filhos estão a usar drogas durante muito tempo e quando descobrem eles já estão a usar heroína", diz Hughes.

As responsáveis descrevem um padrão que se tornou a regra em todo o país: as vítimas começam a usar medicamentos para dores muito poderosos apenas disponíveis por prescrição médica, ficam dependentes, e quando os médicos deixam de os prescrever viram-se para a heroína, mais barata.

"Comprar estes medicamentos no mercado negro pode custar entre 100 a 500 dólares por dia, tenho pacientes que estavam a gastar 500 dólares por dia. Uma dose de heroína para um dia pode ser comprado por 20 ou 30 dólares", compara Connie Mimoso.

A especialista disse que os portugueses "ainda tentam lidar com o problema de forma muito fechada, no seio da família, e quando procuram ajuda já é em estados muito avançados da doença".

Em 2015, mais de 52 mil norte-americanos morreram de overdose, 33 mil dos quais de opioides, um aumento de 23 por cento em relação ao ano anterior.

A maioria das mortes acontece em cidades como Baltimore e Chicago, mas a dependência tem mais expressão nos subúrbios de classe media e zonas rurais dos estados da Nova Inglaterra, que inclui Massachusetts, ou nas zonas do Appalachia e Midwest.

"Em New Beford, tivemos mais de 600 overdoses no ano passado, 42 das quais fatais. Em Fall River foram cerca de 900. Não temos dados que discriminem quantos casos aconteceram em famílias portuguesas, mas sabemos que é uma percentagem alta porque os portugueses representam uma grande parte da população nestas cidades", explicou Connie Mimoso.

A fundação para a qual Connie trabalha, a Seven Hills Foundation, lançou recentemente um protocolo com a polícia local para ser chamada em casos de overdoses e oferecer apoio no seu seguimento.

A organização de Helena da Silva Hughes também está a lançar um grupo de apoio em português para as famílias afetadas que não falam inglês e, no mês passado, o representante estadual Tony Cabral organizou uma conferência para mostrar que existe ajuda disponível para estas pessoas.

"Depois de muitos anos, começa finalmente a ser reconhecido este problema e a ser discutido a nível político. Mas é preciso fazer muito mais. Este tipo de serviços não existe sem dinheiro e é preciso que o estado disponibilize mais verbas para um fenómeno que está a crescer", explicou Connie Mimoso.

Entre 1991 e 2011, o número de prescrições para analgésicos quase triplicou nos EUA, e existem neste momento processos em tribunal lançados por organizações não-governamentais e procuradores de vários estados a tentar penalizar as empresas farmacêuticas por esta epidemia.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Portugal continental e os arquipélagos da Madeira e Açores apresentam hoje um risco ‘muito elevado’ de exposição à radiação...

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), as regiões de Beja, Viana do Castelo, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Penhas Douradas, Leiria, Lisboa, Portalegre, Santarém, Setúbal, Sines, Vila Real, Viseu, Aveiro, Porto, Funchal (Madeira) Ponta Delgada (ilha de São Miguel), Angra do Heroísmo (Terceira) e Horta (Faial) e Santa Cruz das Flores estão hoje com níveis ‘elevados’.

A região do Porto Santo está em risco ‘elevado’ de exposição à radiação ultravioleta (UV).

Para as regiões com risco 'muito elevado' e 'elevado', o Instituto recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'Baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

O IPMA prevê para hoje no continente continuação de tempo quente com períodos de céu muito nublado, condições favoráveis à ocorrência de aguaceiros e trovoada, em especial nas regiões do interior e durante a tarde.

Está também previsto vento fraco, soprando moderado de sueste no Algarve e temporariamente do quadrante oeste durante a tarde na faixa costeira ocidental a sul do Cabo Espichel.

Nas terras altas, prevê-se que o vento soprará fraco a moderado do quadrante sul, sendo por vezes moderado a forte na região Sul, em especial nas serras algarvias.

A previsão aponta ainda para pequena descida da temperatura máxima nas regiões do interior e no Algarve.

No que diz respeito às temperaturas, em Lisboa vão oscilar entre 23 e 37 graus Celsius, no Porto entre 16 e 31, em Leiria entre 18 e 38, em Santarém entre 21 e 42, em Coimbra entre 19 e 38, em Castelo Branco entre 23 e 38, em Viseu entre 21 e 25, em Vila Real entre 22 e 35, em Bragança entre 21 e 35, na Guarda entre 21 e 31, em Portalegre entre 22 e 36, em Évora entre 21 e 29, em Beja entre 22 e 28 e em Faro entre 22 e 33.

Pedrógão Grande
Onze feridos estão hospitalizados em unidades de queimados de hospitais de Lisboa, Coimbra e Porto em consequência do incêndio...

Segundo confirmou o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, nas unidades de queimados de hospitais de Lisboa estão internados dois feridos em Santa Maria e um no São José, além de outros sete no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Um bombeiro também deu entrada, na madrugada de domingo, no Hospital da Prelada, no Porto, “com queimaduras na face e nos membros superiores e inferiores”, informou fonte oficial da unidade.

O ferido, oriundo de Castanheira de Pera, foi assistido no local e transportado para a unidade portuense devidamente estabilizado e apresentava, durante a tarde, “prognóstico reservado”.

Seis feridos internados no CHUC estavam em estado grave, disse o presidente da unidade hospitalar, Fernando Regateiro, durante um balanço efetuado ao final da manhã de ontem, por ocasião de uma visita do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e do secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado.

Dos seis feridos graves, cinco estavam nos cuidados intensivos com ventilação, adiantou a fonte hospitalar.

Dos 45 feridos que deram entrada nas unidades do CHUC, 12 deviam receber tratamento nos serviços de cirurgias plástica, dez estavam em observação e 16 tinham já obtido alta médica.

O incêndio que deflagrou ao início da tarde de sábado numa área florestal em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), alastrou-se aos municípios vizinhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, obrigando a evacuar povoações ou deixando-as isoladas, e provou pelo menos 61 mortos, segundo o último balanço oficial.

Pedrógão Grande
A Ordem dos Médicos Dentistas ofereceu ajuda às autoridades para a identificação dos cadáveres da tragédia dos incêndios na...

Segundo Orlando Monteiro da Silva, os médicos dentistas, sobretudo com formação na área da medicina legal, podem ajudar a identificar cadáveres através dos dentes, sendo um dos meios “eficaz e rápido” de identificação.

O bastonário recordou que já no ano passado, nos fogos da Região Autónoma da Madeira, a Ordem ofereceu ajuda no trabalho da medicina legal, com identificação de cadáveres.

“Temos disponíveis pessoas com formação nesta área e podemos mobilizar uma equipa”, disse Monteiro da Silva, indicando que contactou o Ministério da Saúde e que poderá a Ordem ser contacta pelo Ministério da Justiça para ajudar.

Através da identificação de dentes e próteses dentárias, cruzando e comprando com registos dentários dos médicos dentistas, pode ser possível identificar os cadáveres.

O fogo em Pedrógão Grande, que causou pelo menos 61 mortos, deflagrou ao início da tarde de sábado numa área florestal em Escalos Fundeiros, em Pedrógão (distrito de Leiria), e alastrou-se aos municípios vizinhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, obrigando a evacuar povoações ou deixando-as isoladas.

Incêndios
A Direção-Geral de Saúde avisou que o leite não tem utilidade como antídoto do monóxido de carbono libertado pelos incêndios,...

Numa nota sobre o risco de lesões por inalação de fumos, a Direção-Geral de Saúde (DGS) lembra que é um mito a ideia de que o leite é um antídoto do monóxido de carbono, sendo uma ideia sem fundamento científico.

“Não é [um antídoto] e não se deve atrasar a referenciação e o tratamento a nível hospitalar correto”, refere a autoridade de saúde.

A DGS reforça que não está descrita utilidade do leite para estes fins em artigos científicos.

Em caso de inalação de fumos, a DGS aconselha a retirar a pessoa do local e evitar que esteja exposta ao calor, bem como a pesquisar sinais de alarme: presença de queimaduras, sinais de dificuldade respiratória ou alterações do estado de consciência.

As crianças e os idosos são os mais vulneráveis aos riscos da inação de fumos.

Presidente da República
O Presidente da República pediu uma “unidade nacional o mais ampla possível”, em torno da localidade a candidatar à Agência...

Marcelo Rebelo de Sousa comentava desta forma a decisão, anunciada pelo Governo, de reabrir o processo de candidatura de Portugal à Agência Europeia do Medicamento (EMA), de forma a incluir também a cidade do Porto no processo.

“Trata-se, agora, de estabilizar uma posição. O ideal é que seja consensual e que rememos todos na mesma direção porque a candidatura aproxima-se da fase final. O objetivo é que haja uma unidade nacional o mais ampla possível em torno da localização que for escolhida”, afirmou o chefe de Estado, no Porto, à margem da sessão de encerramento do 2.º Encontro Nacional de Cuidadores Informais de Pessoas com Doença de Alzheimer e outras Demências Similares.

Questionado sobre se foi importante a ponderação que levou o Governo a rever a candidatura, que inicialmente se restringia a Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa indicou que “todas as reflexões são boas desde que, no fim, se escolha a hipótese com mais probabilidade de vitória e que tenha maior unidade nacional”.

“Como o grande objetivo é conseguir ganhar para Portugal, e porque Governo e partidos estão a apostar muito nisso, vamos ver se ganhamos”, frisou o Presidente da República (PR).

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que “vários partidos, pensando duas vezes, decidiram repensar as suas posições” sobre a localidade que Portugal deve candidatar à sede da EMA, que deve abandonar Londres com a saída do Reino Unido da União Europeia.

“Pelos vistos, aconteceu também [pensar duas vezes e repensar a posição] com o Governo. Trata-se, agora, de estabilizar uma posição”, vincou.

Questionado sobre o que terá originado a decisão do Governo, ou se o Governo decidiu olhar “para lá do Tejo”, como defende o PR esta manhã em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que a pergunta teria de ser feita “ao primeiro-ministro”.

“Na primeira ocasião, havia uma posição unânime. Depois os partidos começaram a refletir e apresentar outras ideias. Pelos vistos chegou ao Governo. Agora é estabilizar ideias e fazer o possível e o impossível para Portugal ganhar”, defendeu.

“Era muito importante que Portugal ganhasse”, sublinhou.

Na quinta-feira, o chefe de Estado pediu que os partidos “estabilizem a opinião” sobre a localidade portuguesa a candidatar à EMA, escolham “a que tem melhores hipóteses de ganhar” e “remem na mesma direção”.

“O que o PR pode desejar, em primeiro lugar, é que rapidamente os partidos definam uma posição. Se é a que tinham, se é outra e qual: Porto ou Braga. Depois, que definam por consenso, para um não defender uma coisa e outro defender outra”, pediu Marcelo Rebelo de Sousa.

Um comunicado do Ministério da Saúde revelou que Governo decidiu reabrir o processo de candidatura, referindo que só o Porto, a par de Lisboa, "parece reunir condições para uma candidatura muito exigente e competitiva em termos europeus".

"Neste contexto, o Governo tomou a iniciativa de contactar a Câmara do Porto para que a cidade se associasse, no âmbito da Comissão de Candidatura Nacional, ao processo de avaliação que irá decorrer à luz dos critérios oficiais definitivos", lê-se na nota.

Os "critérios definitivos" para a nova localização EMA serão definidos num conselho europeu que vai decorrer a 22 e 23 de junho e as candidaturas devem ser oficialmente apresentadas até final de julho, esclarece o ministério.

A reabertura do processo de candidatura de Portugal, de modo a incluir também o Porto, pretende, segundo o Governo, "gerar soluções alternativas qualificadas, promotoras de uma única candidatura nacional, forte e afirmativa em termos europeus".

Governo
O processo de candidatura de Portugal a acolher a Agência Europeia do Medicamento vai ser reaberto de forma a incluir também a...

De acordo com uma nota do ministério, o Governo decidiu reabrir o processo de candidatura, referindo que só o Porto, a par de Lisboa, "parece reunir condições para uma candidatura muito exigente e competitiva em termos europeus".

"Neste contexto, o Governo tomou a iniciativa de contactar a Câmara Municipal do Porto para que a cidade se associasse, no âmbito da Comissão de Candidatura Nacional, ao processo de avaliação que irá decorrer à luz dos critérios oficiais definitivos", lê-se na nota.

Os "critérios definitivos" para a nova localização da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa), que vai deixar Londres por causa da saída do Reino Unido da União Europeia, serão definidos num conselho europeu que vai decorrer a 22 e 23 de junho e as candidaturas devem ser oficialmente apresentadas até final de julho, esclarece o ministério.

A mesma nota lembra que "no final de 2016, à luz dos requisitos pré-definidos pela Agência, foi considerado que Lisboa seria a cidade que reunia, à partida, as melhores condições para uma candidatura ganhadora" e que esta candidatura foi aprovada pelo Conselho de Ministros de 27 de abril, a que se seguiu um voto de saudação, aprovado por unanimidade, pela Assembleia da República a 11 de maio.

Depois de, "no último mês, terem surgido "expressões de vontade de outras cidades com o objetivo de acolher” a EMA, o ministério acrescenta que "tendo em conta os requisitos já conhecidos, só o Porto, a par de Lisboa, parece reunir condições para uma candidatura muito exigente e competitiva em termos europeus".

A reabertura do processo de candidatura de Portugal, de modo a incluir também o Porto, pretende, segundo o Governo, "gerar soluções alternativas qualificadas, promotoras de uma única candidatura nacional, forte e afirmativa em termos europeus".

Bastonário
A Ordem dos Médicos considera obrigatório e urgente reduzir a lista de utentes por médico de família, a única forma de reter no...

“Se não quisermos continuar a perder médicos de família temos de reter no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e temos de oferecer melhores condições de trabalho. Melhorar as condições de trabalho é dar-lhes listas de utentes adequadas”, afirmou aos jornalistas o bastonário Miguel Guimarães.

A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar apresentou na sede da Ordem dos Médicos, em Lisboa, uma proposta para que as listas de utentes passem a ter em conta as dificuldades de acesso a serviços de saúde em cada município, sugerindo listas que vão de 800 até menos de 1.800 doentes.

Atualmente, o limite máximo é de 1.900 doentes por médico, na prática, esse limite é aplicado como norma. Este número, que era para ser transitório, foi uma condescendência dos sindicatos médicos na altura da crise económica e da assistência financeira a Portugal e já devia ter sido revisto.

Agora, até porque Portugal já não atravessa a escassez de médicos de medicina geral e familiar de há poucos anos, a Associação vai sugerir que se introduza uma nova dimensão na constituição de listas de utentes por médico de família.

A ideia é ter em conta, em cada município, o contexto em que os médicos exercem a profissão, seja devido ao envelhecimento populacional, ao número de domicílios que necessitam de fazer e às distâncias que têm de percorrer, seja as próprias condições das unidades de saúde, como explicou o presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar, Rui Nogueira.

A sugestão dos médicos de família surge na sequência de um estudo feito pela própria associação.

“A proposta agrada-nos. Independentemente dos estudos que vão ser feitos, este estudo é muito importante para mostrar que os médicos de família têm uma lista excessiva de utentes. Mas é preciso é tomar decisões. Temos uma deficiência no tempo da relação médico/doente. Os médicos têm claramente doentes em excesso. A decisão tem é de ser tomada”, afirmou o bastonário Miguel Guimarães.

O representante máximo dos médicos defende que o Ministério da Saúde devia “olhar com atenção” para este estudo da Associação de Medicina Geral e Familiar, lembrando que a redução das listas de utentes é uma medida essencial para melhorar a qualidade da medicina nos cuidados de saúde primários.

Norte e Sul
O Partido Ecologista Os Verdes quer que dois hospitais públicos ofereçam a possibilidade de experimentar o parto em meio...

Um projeto de resolução do grupo parlamentar do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) defende que seja criado um projeto-piloto, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, que permita a experiência de prática do parto em meio aquático.

A ideia é estabelecer um protocolo com dois hospitais, um no Norte e outro no Sul de Portugal, para permitir partos em meio aquático, com o consentimento informado das mulheres grávidas e em condições de segurança.

O PEV quer ainda que a Direção-Geral da Saúde elabore um relatório sobre o parto em meio aquático, relatando estudos e experiências de outros países. Propõe-se ainda a criação de um guia informativo destinado a futuras mães e pais.

Os Verdes elaboraram ainda um projeto de lei que propõe que os estabelecimentos de saúde onde seja realizado qualquer parto disponibilizem um contacto direto 24 horas por dia para que as mulheres puérperas possam solicitar esclarecimentos e obter respostas de forma a tranquilizar dúvidas que surjam.

A ideia é que as unidades públicas onde se realizam os partos possam ajudar a esclarecer dúvidas, 24 horas por dia, sobre cuidados a ter com o recém-nascido ou sobre o estado físico e emocional da mãe.

“Finalizado o internamento por parto, não é incomum que comecem a surgir inseguranças e dúvidas sobre cuidados práticos a ter com o recém-nascido ou sobre o próprio estado emocional e físico da mãe”, justifica o projeto de diploma.

No mesmo projeto de lei pretende-se introduzir um esclarecimento sobre o acompanhamento da mulher grávida durante todas as fases do trabalho de parto, que já é possível em Portugal.

“A mulher grávida pode, a qualquer momento, prescindir do direito ao acompanhamento durante todas ou algumas fases do trabalho de parto”, sugere o PEV, no sentido de esclarecer que é à mulher grávida que deve sempre caber a decisão.

Doentes com cancro
O presidente da República promulgou o diploma que cria e regula o Registo Oncológico Nacional, segundo uma nota publicada na...

Na nota publicada na página na Presidência da República enumeram-se as dúvidas levantadas, que em alguns casos já tinham também sido “relevadas pela Comissão Nacional de Proteção de Dados” (CNPD).

Entre elas estão: “o risco de identificação desnecessária dos titulares de dados pessoais, em certas situações em que haveria solução técnica para o evitar; a insuficiente segmentação de tipos de utilizadores da base de dados e de titulares de acesso à informação; a falta de autorização prévia da CNPD para articulação do novo registo com outras bases de dados; o contraste entre o prazo de 100 anos para a conservação de dados e o de 15 anos para a manutenção do anonimato”.

Ainda assim, o Presidente da República promulgou o diploma.

“Apesar destas questões e atendendo quer à relevância global do Registo, quer a considerações de saúde pública pertinentes, quer, finalmente, à unanimidade parlamentar sobre a matéria, o Presidente da República promulgou o diploma que cria e regula o Registo Oncológico Nacional”, conclui a nota.

Em janeiro, numa audição parlamentar no grupo de trabalho sobre a proposta de lei do Registo Oncológico Nacional, a presidente da CNPD explicou que as cautelas a aplicar a uma base de dados de doentes com cancro se prendem com o risco de discriminação a que esses utentes podiam ser sujeitos se fossem identificados, sugerindo aos deputados o uso de um algoritmo ou um código que mascare o número de utente e o número de processo para impedir a identificação do doente.

No final de 2016, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Vítor Veloso, disse estar preocupado com o Registo Nacional Oncológico, por poder vir a servir para “uma devassa da privacidade” dos doentes.

Na mesma altura o coordenador do Programa Nacional das Doenças Oncológicas garantiu que os bancos e as seguradoras não terão acesso ao registo e que se tal acontecesse seria um crime.

Doença genérica
Também conhecida como anemia de células falciformes, a Drepanocitose é uma doença genética, sem cura

A drepanocitose, também conhecida por anemia das células falciformes, é uma doença hereditária associada à produção anómala da molécula de hemoglobina, a chamada hemoglobina S.

A drepanocitose é mais frequente em indivíduos descendentes ou originários de países da região de África subsariana. Este diferencial de distribuição dos indivíduos afectados pela drepanocitose é explicado pela protecção que a presença de hemoglobina S confere contra a malária. Estima-se que esta doença afecte cerca de 4 a 5 milhões de pessoas em todo o mundo.

Sendo uma doença recessiva, esta só se manifesta na sua plenitude se o indivíduo herdar a alteração genética tanto do pai como da mãe.

Existem ainda pessoas que têm o chamado traço drepanocítico, ou seja, que herdaram a alteração genética só de um progenitor, sendo que do outro receberam o gene “normal” da hemoglobina.

As pessoas com traço drepanocítico têm uma variabilidade quanto às manifestações de doença, apresentado habitualmente uma ligeira anemia, sem outras manifestações de doença. Estes indivíduos têm, no entanto, de ser vigiados uma vez que, em algumas circunstâncias, podem desencadear sintomas idênticos aos das pessoas com a doença (sobretudo em contexto cirúrgico, requerendo especial atenção quando são operadas).

As pessoas com traço drepanocítico são também apelidadas de “portadoras”, podendo transmitir a alteração genética à descendência.

A hemoglobina é transportada no interior dos glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigénio dos pulmões para os tecidos. No caso da presença de hemoglobina S, esta apresenta uma estrutura diferente do normal, que confere uma rigidez anormal ao glóbulo vermelho, dificultando a sua passagem dentro dos vasos sanguíneos de menor calibre (os capilares).

Consequentemente, os glóbulos vermelhos são mais susceptíveis a serem destruídos ao passarem pelos capilares, sendo esse o motivo pelo qual os indivíduos com drepanocitose sofrem de anemia.

Os glóbulos vermelhos, sendo menos flexíveis, terão tendência a provocar obstruções/oclusões dos pequenos vasos, presentes no interior de tecidos como os músculos, o baço, os ossos, os pulmões e o cérebro, sendo estes territórios os mais atingidos pelo fenómeno que se chama de vaso-oclusão. Este fenómeno é agravado em várias circunstâncias físico-químicas, sendo mais comum no contexto de infecção, exercício físico intenso, desidratação e alterações drásticas da temperatura corporal.

A oclusão dos capilares provoca dor recorrente, chamada de crise vaso-oclusiva, obrigando frequentemente a internamento para hidratação e terapêutica para a dor. Assim, os indivíduos com drepanocitose sofrem frequentemente de episódios agudos de dor, que pode surgir em várias localizações (mais frequentemente nos membros), que os obriga a recorrer ao hospital, sendo internados para hidratação e tratamento intensivo da dor.

Ao longo do tempo, estes episódios provocam alterações a nível dos vasos sanguíneos, facilitando complicações mais graves como acidentes vasculares cerebrais (AVC), insuficiência renal, enfartes do baço, necroses ósseas e alterações da circulação pulmonar que provocam hipertensão pulmonar.

Actualmente o tratamento dos doentes com drepanocitose começa logo na infância, sendo as manifestações da doença comuns a partir dos 6 meses, tratando as crises vaso-oclusivas e tentando prevenir as complicações mais graves.

Assim, os doentes em maior risco de complicações, como o AVC, são submetidos a transfusões sanguíneas regulares, que têm como objectivo a diminuição da percentagem de hemoglobina S no sangue. Esta é uma estratégia comum ao tratamento das complicações pulmonares agudas (a chamada síndrome torácica aguda).

Nos doentes com mais sintomatologia, maior frequência de crises vaso-oclusivas ou em risco de complicações mais graves também está indicado o início de medicação que permite aumentar um subtipo de hemoglobina presente durante a vida intra-uterina e à nascença, a hemoglobina fetal, que se sabe ser protectora contra as complicações da doença. Este medicamento é a hidroxiureia.

Devido aos fenómenos de oclusão dos vasos sanguíneos do baço (enfarte esplénico), os indivíduos com drepanocitose encontram-se em maior risco de desenvolver infecções bacterianas graves, pelo que a prevenção deste fenómeno passa por fazer antibióticos de forma preventiva (profilaxia) durante a infância e a vacinação contra a pneumonia e a meningite.

Nos adultos, o objectivo é minimizar as complicações tardias da doença, como o AVC, a insuficiência renal, a hipertensão pulmonar (que pode evoluir com insuficiência cardíaca), as alterações ósseas, sendo importante uma abordagem multidisciplinar entre várias especialidades de forma a manter o suporte necessário para atrasar a evolução das sequelas da doença.

Nas últimas décadas, graças às medidas preventivas e ao melhor tratamento das complicações, foi possível prolongar a esperança média de vida (actualmente perto dos 60 anos), com qualidade, dos indivíduos com drepanocitose.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Especialista esclarece
No âmbito do ciclo de sessões práticas e informativas sobre Acidente Vascular Cerebral dirigido a cu

De que forma é que um AVC pode afetar a vida ocupacional da pessoa?

Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre de forma súbita e tem uma recuperação com duração significativa, que dependendo de caso para caso deixará sequelas ao longo da vida do utente. Ou seja, não é uma patologia na qual a pessoa vai perdendo gradualmente as suas competências, trata-se sim de uma rutura abrupta, que provoca um momento emocionalmente delicado de perda de papéis ocupacionais.

Com a ocorrência de um AVC, a pessoa irá enfrentar a perda de competências cognitivas e/ou físicas, bem como uma alteração no seu estado emocional. Estas alterações poderão provocar dificuldades no trabalho, na gestão das finanças, nas atividades domésticas, nos cuidados pessoais, nas atividades de lazer, entre outros.

Assim sendo, uma pessoa que antes do AVC era completamente autónoma, poderá ver-se afastada das suas ocupações mais significativas; perder as suas anteriores responsabilidades, o que poderá provocar um sentimento de frustração; e depender de um cuidador.

Como é que estas alterações cognitivas e físicas podem influenciar o envolvimento em ocupações?

Antes de mais é importante compreender que o envolvimento em ocupações não depende apenas da pessoa, depende também das exigências da ocupação em si e do ambiente no qual esta se desenvolve. Quando fazemos algo, ocorre sempre a interação do que somos (pessoa), do que a tarefa exige (ocupação) e do que o ambiente proporciona (ambiente).

Por exemplo, cozinhar não depende apenas das competências cognitivas (como funções executivas e memória) e competências físicas (como força e coordenação), depende também do que a ocupação exige (neste caso, conseguir planear os ingredientes e utensílios; conseguir distinguir os vegetais; conseguir cortar frutas; reconhecer quando os alimentos estão cozinhados; entre outros) e do ambiente (neste caso, a altura da bancada da cozinha, o ruído na divisão; o apoio de um ajudante; entre outros).

Todos estes aspetos podem atuar como agentes facilitadores ou limitadores, sendo essencial que um Terapeuta Ocupacional identifique cada um deles e os adeque às necessidades da pessoa, facilitando assim o seu envolvimento ocupacional. Trata-se de equilibrar a balança pessoa-ocupação-ambiente, colocando mais ênfase num aspeto e retirando a outro.

O que é que pode ser feito para promover a ocupação após AVC?

Uma vez identificados os agentes facilitadores e limitadores, devemos aproveitar os facilitadores ao máximo e tentar encontrar estratégias para superar os limitadores.

Utilizando ainda o exemplo da cozinha: se compreendemos que a pessoa tem facilidade em memorizar os passos, podemos sugerir uma receita mais elaborada. Isto irá fazer com que a pessoa se sinta desafiada e mais realizada ao alcançar o sucesso. Já no caso de nos apercebermos que a pessoa não consegue cortar os legumes por défices ao nível da força muscular, podemos sugerir a utilização de um produto de apoio (faca adaptada e/ou tábua de corte adaptada) que facilite a tarefa. Esta é uma forma de aproveitar uma facilidade para aumentar a motivação para a ocupação e de eliminar uma dificuldade, utilizando produtos de apoio. Existem diversas graduações e adaptações que devem ser utilizadas de acordo com cada caso.

Será realmente importante promover a participação ocupacional da pessoa após AVC?

Os Seres Humanos são definidos por aquilo que fazem ao longo do seu dia e ao longo das suas vidas, por isso é que existe a ideia de que nós somos aquilo que fazemos. Eu posso ser uma professora, uma dona de casa ou uma mãe. Essas responsabilidades, esses papéis ocupacionais definem quem eu sou. É portanto crucial que qualquer pessoa (com ou sem sequelas de AVC) se envolva em ocupações que preenchem as suas necessidades e os seus desejos.

Sabe-se que o envolvimento em ocupações é essencial para a qualidade de vida e saúde de qualquer pessoa e que contribui de forma significativa para a forma como a própria e outros a veem na sociedade.

 

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Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica
Investigadores da Universidade Católica do Porto estão a desenvolver um hidrogel fluído, que gelifica no leito da ferida após a...

Este hidrogel fluído é constituído por uma proteína à base de seda - sericina - e está a ser concebido para feridas não infetadas e com pouco exsudado (fluído que é, muitas vezes, produzido no leito da ferida, prejudicial ao progresso da cicatrização), disse à Lusa Ana Leite Oliveira, investigadora da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica.

"É importante salientar que esta proteína constitui um resíduo proveniente da indústria têxtil", que é "eliminado durante o desenrolar do casulo por imersão em água quente", processo ao qual se dá o nome de "degomagem", explicou.

Para Ana Oliveira, esta possibilidade de transformar um resíduo que contamina os efluentes, como é o caso desta proteína, "num produto de alto valor acrescentado", é um dos pontos relevantes do projeto.

As feridas complexas, em particular as crónicas, são de "difícil cicatrização", o que representa "um desafio para as equipas clínicas e causa um enorme impacto na qualidade de vida dos pacientes", acrescentou.

"Este tipo de feridas pode passar por diversas etapas", adquirindo “diferentes aspetos, tamanhos e profundidades, levando o clínico a ter de improvisar, para adaptar o penso à forma e ao local da ferida já que, comercialmente, os materiais de penso têm formatos limitados", explicou.

Segundo a especialista, este conhecimento prático é essencial e, por isso, a equipa integra um clínico especialista em feridas complexas, o enfermeiro Paulo Alves, investigador no Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica, que ajuda a definir e a validar todos os parâmetros que permitem a sua aplicabilidade.

"A utilização de hidrogéis naturais no tratamento de feridas tem vindo a ser proposta devido à sua biocompatibilidade", à "capacidade de gelificação (contribuindo para a melhor oclusão de feridas e para um fácil preenchimento do defeito)" e à facilidade de incorporação de agentes terapêuticos, tais como células e biomoléculas, referiu.

De acordo com a investigadora, a maior parte dos hidrogéis existentes no mercado, designados como amorfos, têm "uma elevada fluidez", necessitando de um penso secundário para serem retidos no leito da ferida.

Existem ainda outros produtos comercializados em pó, com capacidade de gelificar quando humedecidos pelo próprio exsudado ou após pulverização com soro fisiológico mas, tratando-se de polímeros sintéticos, são "menos biocompatíveis" e "não são biodegradáveis".

"O total preenchimento do leito da ferida é uma questão importante, evitando o desperdício como acontece com os pensos tradicionais, que têm de ser cortados para melhor se adaptarem", defendeu.

Os investigadores acreditam que este produto possa ser adaptado para outros usos, visto que a sericina tem sido "largamente comercializada" na área da cosmética, dadas as suas propriedades antioxidantes e hidratantes, existindo também estudos que demonstram as propriedades antitumorais desta proteína.

Após o desenvolvimento do hidrogel, e para realizar estudos avançados 'in vitro' (celulares) e 'in vivo' (modelos de feridas animais), a equipa já tem estabelecida uma parceria com o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), do Porto.

Ana Oliveira prevê que o projeto, designado HYDROSER - Hidrogel à Base de Sericina de Seda e respetivo Método de Produção, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), demore, pelo menos, mais três anos, altura em que espera ter dados suficientes para viabilizar a tecnologia, para a qual o pedido de patente já se encontra em decurso.

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