Estudos
As dificuldades linguísticas podem conduzir ao isolamento social dos imigrantes portugueses nos lares do Luxemburgo,...

A situação dos imigrantes nas instituições da terceira idade no país é abordada na revista "Biografias e redes de apoio social (trans)nacionais de migrantes idosos no Luxemburgo", que reúne uma série de estudos das investigadoras Ute Karl e Anne Carolina Ramos.

Os estudos dão voz a imigrantes, que continuam a ser uma minoria nos lares e centros de dia no Luxemburgo, reunindo entrevistas a 34 utentes de várias nacionalidades, incluindo 12 portugueses.

Cândida, uma das idosas portuguesas ouvidas pelas investigadoras, vive num lar de idosos no Luxemburgo e passa os dias fechada no quarto.

"Não saio do meu quarto. Para fazer o quê? Falar com os luxemburgueses?", disse às investigadoras.

A octogenária não fala luxemburguês e "treme da cabeça aos pés" quando a convidam para ir a encontros, porque não percebe a língua, e só consegue comunicar com a cozinheira portuguesa.

"Nesta casa, é a única pessoa com quem falo", afirmou.

Não é caso único. Conceição, outra das idosas portuguesas ouvidas no estudo, frequenta um centro de dia e também não fala luxemburguês, passando os dias sozinha, "sentada a um canto", a contar as horas que faltam para voltar para casa.

Os estrangeiros representam 47% da população do Luxemburgo, mas continuam a ser uma minoria nos lares: só 4% dos portugueses e 22% dos italianos no país têm mais de 65 anos, aponta o estudo, citando dados do Statec, o instituto de estatísticas luxemburguês.

A esmagadora maioria dos utentes são luxemburgueses e preferem falar luxemburguês, uma língua que é uma barreira para os imigrantes portugueses, que só aprenderam francês, um dos três idiomas oficiais no Luxemburgo.

"A maioria fala francês, mas alguns só se desenrascam, como eles próprios dizem", explicou Anne Carolina Ramos. "A maioria trabalhou sempre entre portugueses: os homens na construção e as mulheres nas limpezas, e não usavam a língua nem no trabalho, nem em casa", acrescentou a investigadora.

Por causa das dificuldades linguísticas, "o contacto com outros utentes não pode ser facilmente estabelecido, apesar de constituir um aspeto importante do bem-estar" dos idosos, concluem as investigadoras, sublinhando que as relações sociais protegem de "doenças cardiovasculares, cancro, depressão e demência".

"Eles acabam por se sentir socialmente isolados, porque não conseguem comunicar com as outras pessoas", apontou Anne Carolina Ramos.

Para a investigadora, é preciso encontrar soluções "para reduzir o isolamento social" dos imigrantes.

"Pensámos em criar departamentos para imigrantes portugueses e mediterrâneos, como italianos, porque alguns trabalharam com italianos e acham que têm muito mais em comum culturalmente com eles", defendeu, apontando que essa é uma solução já usada na Suíça.

Um segundo estudo da Universidade do Luxemburgo, publicado na mesma revista, questionou 17 imigrantes com mais de 65 anos, incluindo nove portugueses, sobre as suas preferências em relação aos cuidados de saúde na terceira idade.

Ir para um lar no Luxemburgo é a última opção, por causa das dificuldades linguísticas, segundo o estudo.

"Muitos deles imaginam voltar para Portugal para ir para um lar, porque lá vão poder falar na língua deles, apesar de a vontade ser ficar no Luxemburgo, porque têm aqui os filhos e os netos", explicou Anne Carolina Ramos.

Outro fator que preocupa os portugueses é o custo dos lares: com reformas baixas, "muitos não conseguem pagar as mensalidades", que rondam os 2.500 euros por mês, indica o estudo.

O Fundo de Solidariedade Nacional comparticipa o pagamento, mas para isso é preciso que os beneficiários hipotequem as casas a favor do Estado.

Mas para os imigrantes que deixaram Portugal para fugir à pobreza, "ser proprietário de uma casa é um símbolo de sucesso" e perdê-la representa "uma regressão", sublinha o estudo.

A coletânea de estudos foi enviada ao Ministério da Integração e a profissionais do setor, disse Anne Carolina Ramos, que considera que a questão é importante para "o planeamento das políticas de saúde públicas".

Centro de Reabilitação do Norte
Os dois primeiros exoesqueletos produzidos em Portugal foram apresentados no Centro de Reabilitação do Norte, em Valadares,...

Produzido pela Exotec, a criação do engenheiro Nuno Carmo tem vindo há dois anos "a ser ensaiada e melhorada, com o contributo de três paraplégicos, Carlos, Rute e António" cujas horas de treino permitirão "uma completa autonomia futura", revelou um dos empresários promotores, Manuel Alves Monteiro.

Constituindo-se como "um sistema robótico de locomoção assistida", o exoesqueleto, ainda sem denominação comercial, propõe-se ser "uma versão costumizada ao nível do ‘software’", funcionando a partir de comandos inseridos num relógio "com as imagens gráficas de todas as dinâmicas".

Adaptado ao corpo do paraplégico, que terá de ter ação nos membros superiores e equilíbrio de corpo, o exoesqueleto é complementado por duas canadianas que, "para além de auxílio quando se ergue e se senta, permite também definir a dinâmica da passada, bem como subir e descer escadas".

Com 19 horas de treino, Rute considera o equipamento, que tem um peso de 18,6 quilogramas, "confortável" e admite que lhe dará "acesso a todo o lado", caminhado graças a ele "tanto em casa como no centro comercial", uma vez que está apto para qualquer superfície.

Com um tempo estimado de treino na ordem das 40 horas, Nuno Carmo explicou que o exoesqueleto português foi produzido para indivíduos "com altura entre o 1,49 e 1,97 metros e peso até os 90 quilogramas".

Ao todo, os dois exoesqueletos apresentados "já funcionaram 230 horas" e as respetivas baterias têm uma "autonomia diária de quatro horas".

Sem adiantar preços, o segundo dos empresários envolvidos no projeto, Manuel Ferreira admitiu apenas que "será substancialmente mais barato" que o mais económico dos exoesqueletos norte-americanos, "cujo custo ronda os 70 mil dólares" (cerca de 61 mil euros).

Ambos os protótipos foram feitos à mão pelo engenheiro Nuno Carmo.

Incêndios
O luto nas comunidades atingidas por catástrofes deve ser trabalhado por técnicos com formação específica, que permitam...

“Infelizmente em Portugal ainda temos muito pouca atenção a estes fenómenos do luto. Achamos que toda a gente passa por perdas e toda a gente se irá, de uma forma ou de outra, reabilitar, digamos assim, no seu processo de vida futura. E só acontece alguma atenção a estes processos de luto quando leva mais do que uma pessoa”, disse Eduardo Carqueja.

O psicólogo, especialista em luto, salientou a importância de em casos como o incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande a 17 de junho (com 64 mortos e mais de 200 feridos) haver organização e uma “avaliação e monitorização” das comunidades afetadas pela tragédia.

O também presidente da direção regional do Norte da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) avisou que o país “carece de técnicos especializados na abordagem do luto”.

“Não chega ser só psicólogo se eu não tiver formação específica em intervenção em luto, não chega ser só psiquiatra se eu não tiver formação em luto”, frisou.

O especialista admitiu que a Direção-Geral da Saúde apresente em breve “linhas orientadoras” para intervenções nesta área, “porque senão podem ser mais prejudiciais na abordagem do que beneficiar a pessoa que está em luto”.

Nesse sentido, a OPP tem em curso um plano para colocar 1.000 psicólogos, formados para intervenção em catástrofe, à disposição das entidades de Proteção Civil.

Recuando a março de 2001, à queda do tabuleiro da Ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, que arrastou para a morte 59 pessoas, a maioria de Castelo de Paiva, o psicólogo explicou ser preciso continuar a trabalhar com familiares das vítimas, incidindo na forma de “contar a história” e na maneira de “encontrar um significado para a perda”.

O temporal que assolou a Madeira em fevereiro de 2010, provocando 43 mortos, seis desaparecidos, 250 feridos e 600 desalojados, ou os incêndios de 2016 na ilha, em que morreram três pessoas e foram destruídas 37 habitações, contribuíram para que os psicólogos insulares tenham mais experiência na resposta a estes fenómenos do que no continente, por aliarem o conhecimento teórico à prática, reconheceu Eduardo Carqueja.

Neste caso, notou, o trabalho desenvolvido em meio escolar e em grupos terapêuticos deve passar por “não deixar dramatizar em excesso” os acontecimentos e procurar fazer entender que determinados fenómenos decorrem da natureza e que não podem ser controlados pelas pessoas.

O que fazer então em relação ao incêndio que, em junho, deflagrou em Pedrógão Grande?

“Tudo isto que agora está a acontecer ainda vivemos em momentos de muita intensidade, que seguramente vai precisar de dois, três anos de acompanhamento”, estimou o dirigente da OPP, sublinhando que “as pessoas têm de ser abordadas no seu local”, por se tratar de uma população idosa, com dificuldades de mobilidade.

No seu entender, não basta dizer apenas que se pode recorrer a um centro de saúde e será preciso avaliar quem tem ânimo e se consegue deslocar, no pressuposto de que “tem de ser um serviço coordenado e organizado para se ir junto das pessoas”.

“É importante também percebermos que vai ser a primeira vez que estas pessoas vão viver uma noite de Natal seguramente sem muitas pessoas importantes. Como é que elas vão ser ajudadas a ultrapassar isto? Elas estão a ser preparadas para isto?”, questionou Eduardo Carqueja.

O psicólogo vincou que nos processos de luto as primeiras datas marcantes sem a presença de pessoas próximas são momentos “de grande sofrimento, de grande impacto emocional”.

“No fundo é a primeira vez que eu vou viver o Natal, por exemplo, sem a presença da minha mãe ou sem a presença do meu filho, coisa que nunca aconteceu, então é natural que emocionalmente eu esteja mais afetado”, disse.

Perante esta reação individual de ajustamento à realidade, Eduardo Carqueja antecipou que, provavelmente, no próximo período natalício, Pedrógão Grande estará cheio de pessoas que querem prestar o seu apoio, mas o seguinte “pode ser o primeiro Natal efetivo [em] que as pessoas vão sentir a ausência e o vazio”.

ONU
Os países da África Oriental estão em estado de alerta por causa da falta de chuva, situação que se repete pelo terceiro ano...

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) precisou que o número de pessoas que necessitam de assistência humanitária na Somália, Etiópia, Quénia, Tanzânia e Uganda já atinge os 16 milhões, mais 30% do que em finais de 2016.

Numa nota informativa de alerta, a agência da ONU avisou que a terceira temporada consecutiva de escassez de chuvas está a deixar as famílias daquela região sem recursos para lidar com tal cenário e por isso precisam de um apoio “urgente e eficaz”.

Várias áreas dos cinco países referenciados pela FAO estão a registar menos de metade dos níveis normais da precipitação sazonal e as famílias estão a perder culturas e pastos.

A par das pessoas, a ONU alertou que milhares de animais também estão a sofrer.

Na Somália, quase metade da população total sofre de graves carências alimentares e tem sido a ajuda humanitária que tem evitado a propagação do flagelo da fome no país, segundo a FAO, que estima que as condições na região vão piorar nos próximos meses com o início da estação seca.

No território somali, mas também no Quénia, a alimentação dos pastores – uma das mais importantes funções numa economia rural – está atualmente ameaçada por causa da elevada taxa de mortalidade do gado e a baixa produção de leite.

O preço dos animais que sobrevivem a estas condições adversas tem vindo a cair, devido à má condição física dos próprios animais. Já os cereais estão a ser comercializados fortemente inflacionados, o que também está a dificultar o acesso aos géneros alimentares.

A FAO assinalou ainda a ocorrência de pragas, nomeadamente da lagarta que se espalhou pela África Oriental provocando grandes danos nas culturas agrícolas daquela região do continente africano.

A agência da ONU estima que em 2017 a fome vai aumentar em todo o mundo, especialmente devido ao impacto da seca e dos conflitos, alertando que cerca de 30 milhões de pessoas estão à beira de sofrer de fome em países como o Sudão do Sul, Somália, Nigéria e Iémen.

Investigação
Um dispositivo descartável que permite detetar precocemente metástases em doentes com cancro está a ser desenvolvido por...

Este dispositivo possibilita o isolamento e a análise automática das células tumorais circundantes, que têm a capacidade de se soltarem do tumor inicial, entrar na circulação sanguínea (por exemplo) e, posteriormente, fixarem-se noutro local, disseram as investigadoras Lorena Diéguez e Silvina Samy, do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), de Braga.

A doença metastática "é diretamente responsável pela maior parte da mortalidade relacionada com cancro em todo o mundo", indicaram as especialistas, acrescentando que o estudo das células tumorais circundantes permite aos médicos a monitorização contínua e em tempo real da sua progressão.

De acordo com as investigadoras, o dispositivo desenvolvido no projeto RUBYnanomed pode levar a um prognóstico mais preciso e a um tratamento personalizado, contribuindo para um melhor equilíbrio entre o custo, a eficiência e a sustentabilidade do sistema de saúde.

Existem outras duas soluções semelhantes a esta no contexto da prática clínica, uma que analisa as células tumorais circundantes (CellSearch CTC Test) e outra para análise de ADN tumoral libertado pelas células (COBAS).

Para as especialistas, a solução proposta pelo RUBYnanomed possibilita uma deteção mais rápida, com maior sensibilidade e especificidade, do mesmo tipo de células e de outros tipos celulares, associados a formas mais agressivas de cancro.

Até ao momento já foi realizado um estudo pré-clínico com doentes com cancro colorretal metastático, estando a decorrer um segundo, com pacientes diagnosticados com cancro de bexiga metastático.

Da equipa do RUBYnanomed fazem ainda parte mais quatro profissionais, com experiência e conhecimento em diferentes áreas.  

Este projeto é apoiado pelo RESOLVE, um programa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) que auxilia a transferência de conhecimento científico e tecnológico de iniciativas inovadoras, em estágio inicial, com potencial de se traduzir em soluções para o benefício do doente e dos profissionais de saúde.

Apesar de críticas
O Registo Oncológico Nacional vai incluir o nome, o sexo, a data de nascimento, a morada e a profissão do doente, apesar das...

A lei que cria e regula o Registo Oncológico Nacional (RON) foi hoje publicada em Diário da República e visa “a recolha e a análise de dados de todos os doentes oncológicos diagnosticados e ou tratados em Portugal continental e nas regiões autónomas”.

Este registo deverá permitir – que irá incluir os dados existentes nos Registos Oncológicos Regionais (ROR) – a monitorização da atividade realizada pelas instituições, a efetividade dos rastreios organizados e a efetividade terapêutica, a vigilância epidemiológica, a investigação e, em articulação com o Infarmed, a monitorização da efetividade de medicamentos e dispositivos médicos.

No RON vai constar a “identificação do nome, do sexo, da data de nascimento, da morada, do número de utente, da identificação da instituição, do número de processo clínico, da profissão e da naturalidade do doente”.

A data e os resultados dos exames efetuados, para diagnóstico e estadiamento, que sejam relevantes para a história clínica, a identificação do código da Classificação Internacional da Doença (CID), na versão em vigor à data do registo no RON, correspondente à neoplasia diagnosticada constarão igualmente no registo.

No registo pediátrico, será aplicada a classificação pediátrica atualizada para cada grupo de neoplasias.

Entre outros dados, o RON terá “a data do diagnóstico e do início do tratamento, bem como das várias modalidades de tratamento, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia” e a caracterização de cada linha de tratamento, assim como a data de óbito e a causa de morte.

A identificação do doente no RON, que entra em vigor a 01 de janeiro do próximo ano, tem merecido várias críticas e receios, tendo a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) defendido um algoritmo ou um código que mascarasse o número de utente e o número de processo para impedir a identificação do doente.

Em janeiro, numa audição parlamentar no grupo de trabalho sobre a proposta de lei do Registo Oncológico Nacional, a presidente da CNPD explicou que as cautelas a aplicar a uma base de dados de doentes com cancro se prendem com o risco de discriminação a que esses utentes podiam ser sujeitos se fossem identificados.

No passado dia 16 de junho, O Presidente da República promulgou o diploma que cria e regula o RON, ressalvando que o articulado “suscita várias interrogações”.

Na nota publicada na página na Presidência da República enumeram-se as dúvidas levantadas, que em alguns casos já tinham também sido “relevadas pela Comissão Nacional de Proteção de Dados” (CNPD).

Entre elas estão: “o risco de identificação desnecessária dos titulares de dados pessoais, em certas situações em que haveria solução técnica para o evitar; a insuficiente segmentação de tipos de utilizadores da base de dados e de titulares de acesso à informação; a falta de autorização prévia da CNPD para articulação do novo registo com outras bases de dados; o contraste entre o prazo de 100 anos para a conservação de dados e o de 15 anos para a manutenção do anonimato”.

No final de 2016, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Vítor Veloso, disse estar preocupado com o Registo Nacional Oncológico, por poder vir a servir para “uma devassa da privacidade” dos doentes.

Na mesma altura o coordenador do Programa Nacional das Doenças Oncológicas garantiu que os bancos e as seguradoras não terão acesso ao registo e que se tal acontecesse seria um crime.

Congresso da ISTH 2017
A introdução dos novos anticoagulantes orais não-antagonistas da vitamina K (NOACs) no âmbito da terapêutica anticoagulante...

Ainda restam algumas indicações para as quais o uso dos NOACs se assume como vantajoso em relação aos AVKs, embora até ao momento não existam dados de evidência científica que comprovem o seu benefício. É o caso da utilização dos NOACs em doentes com tromboembolismo venoso (TEV) associado ao cancro.

No entanto, esta lacuna de conhecimento será preenchida em breve com os resultados do estudo Hokusai VTE-Cancer, que avalia o tratamento com LIXIANA® (edoxabano), um inibidor do fator Xa, de toma oral, uma vez por dia, desenvolvido pela Daiichi Sankyo, em doentes com TEV associado à doença oncológica.

De acordo com os peritos, os resultados do Hokusai VTE-Cancer, que serão apresentados no final do ano, poderão representar atualizações nas guidelines internacionais para o tratamento destes doentes. O papel do edoxabano em doentes com TEV associado ao cancro foi debatido num simpósio satélite sob a presidência do Prof. Doutor Jeffrey I. Weitz, professor de Medicina e Bioquímia, da McMaster University, e diretor-executivo do Thrombosis & Atherosclerosis Research Institute, Hamilton, Ontario, no Canadá, durante o Congresso da International Society on Thrombosis and Haemostasis - ISTH 2017*.

O TEV associado à doença oncológica representa cerca de 20% dos casos de TEV. A abordagem do TEV em doentes com cancro não deve interferir com a terapêutica para o tratamento do cancro e deve ter mínimo impacto na qualidade de vida dos doentes, já comprometida pela doença oncológica. As guidelines (ACCP, ASCO, ESMO) recomendam o tratamento com heparinas de baixo peso molecular (HBPM) para o tratamento inicial e a longo prazo1. “Os NOACs poderão constituir uma boa alternativa para estes doentes”, afirmou o Prof. Doutor Gary E. Raskob, do College of Public Health, e professor regente de Epidemiologia e Medicina da University of Oklahoma Health Sciences Center, em Oklahoma, nos EUA.

Os resultados da análise de subgrupo de doentes com cancro no estudo Hokusai-VTE2 demonstrou que o tratamento com edoxabano é eficaz e causa menos eventos hemorrágicos clinicamente relevantes do que varfarina nesse grupo de doentes. Mas, até agora, os NOACs não foram comparados com HBPM, o tratamento padrão recomendado para estes doentes. Preencher esta lacuna no conhecimento requer ensaios clínicos controlados e aleatorizados suficientemente sólidos, que avaliem a eficácia e a segurança da utilização dos NOACs versus HBPM em doentes com TEV associado à doença oncológica, analisando o risco/benefício relativos ao tratamento continuado com anticoagulantes durante mais de 6 meses.

TEV associado à doença oncológica: Estudo Hokusai VTE-Cancer
O estudo Hokusai VTE-Cancer foi iniciado para avaliar se o tratamento inicial com HBPM seguido da administração de edoxabano é não-inferior às HBPM (dalteparina) na prevenção combinada de dois objetivos primários: TEV recorrente ou hemorragia major em doentes com TEV e cancro, durante um período de 12 meses3.  Estas duas complicações ocorrem frequentemente em doentes com cancro que recebem tratamento anticoagulante e afetam significativamente o prognóstico e a qualidade de vida. Esta avaliação superior a seis meses irá preencher a lacuna atual na base de evidências para o tratamento a longo prazo desses doentes, disse o Prof. Doutor Gary E. Raskob.

Tendo em conta o facto de que o risco de TEV recorrente em doentes com cancro é similar ao risco dos que têm um histórico de cancro, o estudo Hokusai VTE-Cancer envolveu doentes cujo cancro tinha sido diagnosticado nos últimos dois anos. Além disso, os doentes com TEV incidental foram elegíveis para o estudo uma vez que o risco destes doentes de um episódio de TEV recorrente é equiparável ao risco dos doentes com doença sintomática. Os resultados do estudo Hokusai VTE-Cancer serão divulgados até ao final do ano e, de acordo com os peritos, podem alterar as guidelines de tratamento destes doentes.

Tromboemboslimo Venoso: o ponto alto do Hokusai
No geral, muitos estudos sobre o tratamento do TEV defendem a eficácia e segurança da utilização de NOACs em doentes com TEV4. Relativamente ao edoxabano, o estudo Hokusai VTE demonstrou uma eficácia equiparável e uma segurança superior em comparação com a terapêutica padrão2. O Prof. Doutor Harry R. Büller, professor de Medicina Interna no Academic Medical Center, em Amesterdão, Holanda, sintetizou principais resultados. O estudo Hokusai VTE envolveu 8,292 doentes com TEV agudo, que inicialmente receberam heparinas, e começaram a utilizar edoxabano na dose de 60 mg uma vez ao dia, ou 30 mg uma vez ao dia (i.e., no caso dos doentes com clearance de creatinina entre 30 a 50 ml por minuto ou peso corporal abaixo de 60 kg), ou doentes que começaram a utilizar varfarina. Os doentes receberam o tratamento definido entre 3 a 12 meses. O objetivo primário de eficácia foi o TEV sintomático recorrente. O objetivo primário de segurança foi a hemorragia major ou a hemorragia não-major clinicamente relevante. Edoxabano demonstrou não-inferioridade em relação à terapêutica padrão de excelência, e o número de hemorragias foi significativamente menor num vasto grupo de doentes com TEV, incluindo os doentes com embolia pulmonar grave2.

Tal como o Prof. Doutor Harry R. Büller salientou, foram realizadas várias análises de subgrupo no estudo Hokusai VTE. O especialista sumarizou os resultados de uma análise de subgrupo envolvendo 1,109 doentes aleatórios do leste asiático no estudo Hokusai VTE. O tratamento com edoxabano mostrou eficácia favorável e uma redução de eventos hemorrágicos quando comparado com a terapêutica padrão5. Noutra análise de subgrupo verificou-se que, mesmo com a redução de dose (30 mg), edoxabano manteve a eficácia e, mais uma vez, reduziu eventos hemorrágicos comparativamente à terapêutica padrão6. Além disso, novos dados mostram que a eficácia/segurança de edoxabano não é afetada por comorbilidades ou interações medicamentosas, disse o Prof. Doutor Harry R. Büller.

Fibrilhação auricular: abraçar uma nova opção
Na fibrilhação auricular (FA), os NOACs substituíram os AVKs enquanto terapêutica anticoagulante preferencial e recomendada. Edoxabano é o único NOAC que demonstrou redução significativa da mortalidade cardiovascular durante o ensaio clínico de fase III1: no estudo ENGAGE-AF-TIMI 48 (Effetive aNticoaGulation with Factor XA Next GEnaration in Atrial Fibrillation) verificou-se uma diminuição da mortalidade cardiovascular, 2.74% em doentes tratados com edoxabano comparativamente a 3.17% quando tratados com varfarina (p=0.013). Em toda a população estudada, o perfil de segurança de edoxabano foi vantajoso em relação ao tratamento com varfarina7, resultado que se mostrou consistente mesmo em análises com subgrupos de doentes de alto risco. Por exemplo, edoxabano demonstrou um benefício clínico mais elevado do que a varfarina no subgrupo de doentes idosos (≥ 75 anos), que geralmente têm um risco acrescido de AVC e de eventos hemorrágicos8. De acordo com o Prof. Doutor Peter Verhamme, professor associado do Departamento de Ciências Cardiovasculares da University Hospitals Leuven, na Bélgica, edoxabano combina a segurança e a comodidade da toma única diária de uma forma especial, no sentido de garantir a efetividade do tratamento tanto para o médico como para o doente.

Um aspeto importante, que simplifica o tratamento com edoxabano na prática clínica, diz respeito aos critérios clínicos bem definidos para a redução da dose standard, de 60 mg de edoxabano uma vez ao dia, para 30 mg: insuficiência renal moderada ou grave (CrCL 15-50 ml/min), baixo peso corporal (≤60 kg) ou uso concomitante de inibidores potentes da gp-P (dronedarona, eritromicina, cetoconazol, ciclosporina). Como conclui o especialista, “a redução da dose preservou a eficácia do edoxabano versus varfarina e melhorou o perfil de segurança”.

* “Engaging in New Options for Anticoagulation Therapy” foi o simpósio satélite que decorreu durante o ISTH 2017, em Berlim, Alemanha.

Estudo
Um grupo de investigadores da Universidade de Stanford (nos EUA) analisou os padrões de actividade física de 717 000 mil...

Os investigadores analisaram indicadores como a idade, género, peso e altura – de cada um dos indivíduos – através da aplicação de atividade física Azumiu Argus, durante um período de 95 dias. Através do cálculo entre o peso e a altura, foi possível obter o índice de massa corporal de cada individuo e estabelecer uma relação entre o nível de atividade física e a prevalência de obesidade. Apesar de incluir dados de 111 países, a equipa centrou a análise em apenas 46 países.

O estudo conclui, segundo o jornal Público, que nos países em que as pessoas andam aproximadamente o mesmo tempo (ou dão o mesmo número de passos diários) os níveis de obesidade são menores. Por outro lado, nos países em que esta diferença é maior (ou seja, a quantidade de atividade física entre indivíduos é muito variável), os níveis de obesidade tendem a aumentar.

A equipa de Stanford apelidou esta tendência como “desigualdade de atividade” – quanto maior for a diferença entre as pessoas mais ativas e as mais sedentárias, os níveis de obesidade daquele país tendem a ser mais elevados. De acordo com este estudo, os portugueses dão em média, entre 4500 a 5000 passos diários. Já o Japão, é o país que regista maior número de passos diários com 6000.

À BBC, Scott Delp, um dos investigadores afirmou que “este estudo é 1000 vezes maior do que anteriores relativos ao movimento humano”. E o que diferencia este estudo dos restantes? Para Scott Delp um dos principais pontos distintivos é o "rastreamento contínuo da atividade dos indivíduos".

Para exemplificar a “desigualdade de atividade” os investigadores de Stanford dão o exemplo da Suécia. “A Suécia possui um dos níveis mais pequenos de desigualdade de atividade física”, declarou Tim Althoff, um dos investigadores do estudo e principal autor do artigo publicado na Nature. O facto de a Suécia apresentar um dos menores níveis de desigualdade de atividade física, faz com que tenha um dos menores níveis de obesidade do conjunto de países analisados.

Do outro lado do espectro encontram-se os EUA, com o maior nível de “desigualdade de atividade” de todos os países analisados e, por isso, também o país com os níveis de obesidade mais elevados.

Para os investigadores, um dos fatores que terá influência na atividade física das pessoas é a forma como a cidade onde vivem está organizada. Para Jennifer Hicks, uma das investigadoras, as cidades mais “amigas” dos pedestres, registaram um menor número de “desigualdade de atividade”. “Nas cidades que são mais acessíveis para caminhar, todos [os indivíduos] tendem a dar mais passos diários” independentemente do género, idade ou do peso, destacou a investigadora.

Para Scott Delp, este estudo apoiado em dados fornecidos por uma aplicação de um telemóvel “abre portas para novas formas de fazer ciência” a uma escala mais ampla.

Estudo
Cientistas desenvolveram um método não invasivo para avaliar as artérias de um paciente, detetar inflamações e evitar doenças...

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte de homens e mulheres nos Estados Unidos. Todos os anos cerca de 750.000 norte-americanos sofrem ataques do coração.

Durante décadas, os médicos recorreram a tomografias e angiogramas para detetar doenças das artérias coronárias, onde os ataquem cardíacos têm origem. Estes exames concentram-se em encontrar vasos que se tornaram mais estreitos devido ao colesterol ou por outras causas, restringindo o fluxo de sangue para o coração. Mas estes exames estão longe de serem perfeitos e muitas vezes só encontram o problema quando a condição do paciente já é muito grave, escreve o Sapo.

Além disso, o estreitamento das artérias nem sempre é um sinal de ataque cardíaco iminente. Na verdade, a inflamação é a principal responsável pelos bloqueios nas artérias que causam os ataques do coração, explica o investigador Keith Channon, professor de medicina cardiovascular na Universidade de Oxford. "Até agora, não havia nenhuma maneira de detetar uma inflamação nas artérias coronárias", comentou Channon numa conferência de imprensa antes da publicação do estudo na revista Science Translational Medicine.

O novo método funciona através da análise das mudanças no tecido adiposo que envolve as artérias, conhecido como gordura perivascular. Esta torna-se mais líquida e menos gordurosa quando está perto de uma artéria inflamada, explicaram.

Utilizando uma medida chamada Índice de Atenuação da Gordura (FAI), os cientistas encontraram sinais de inflamação de artérias em tomografias existentes. Também descobriram ser possível rastrear mudanças na gordura perivascular através do tempo, permitindo detetar sinais precoces que poderiam prevenir acidentes cardiovasculares. No entanto, ainda são necessários estudos mais amplos para assegurar a eficácia deste novo método na prevenção de ataques cardíacos. Os resultados finais deste estudo serão publicados no final do ano, segundo os investigadores.

Estudo
É difícil manter uma alimentação regrada a vida inteira, mas tomar pequenas decisões nas escolha dos alimentos mais saudáveis...

O estudo publicado no "New England Journal of Medicine" é o primeiro a mostrar que melhorar a qualidade da dieta ao longo de pelo menos 12 anos está relacionada com um diminuição da taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares e outras causas.

Investigadores da Universidade de Harvard rastrearam algumas mudanças na dieta de uma população de quase 74.000 profissionais de saúde, escreve o Sapo. Para isso, utilizaram um sistema de pontuações da qualidade da dieta para avaliar essas melhorais. Por exemplo, um aumento de 20% nas pontuações poderia "ser alcançado trocando apenas uma porção de carne vermelha ou processada por uma porção diária de nozes ou legumes", revela a pesquisa.

Ao longo do período de 12 anos, aqueles que passaram a comer um pouco melhor do que no início - mais grãos integrais, frutas, vegetais e peixes gordurosos, por exemplo - tiveram um risco 8% a 17% menor de morrer precocemente nos 12 anos seguintes.

Aqueles cujas dietas pioraram ao longo do tempo tiveram um aumento de 6% a 12% no risco de morte nos 12 anos de acompanhamento. "Os nossos resultados destacam os benefícios a longo prazo de melhorar a qualidade da dieta, com ênfase nos padrões alimentares gerais, em vez de em alimentos ou nutrientes individuais", disse o autor sénior do estudo, Frank Hu, professor e presidente do Departamento de Nutrição da Escola Harvard Chan.

"Um padrão de alimentação saudável pode ser adotado de acordo com as preferências alimentares e culturais e condições de saúde dos indivíduos", acrescentou. "Não há uma dieta única para toda a gente".

Estudo
Pessoas que tomaram antibióticos de forma frequente entre os 20 e os 60 anos apresentaram maior frequência de pólipos, pequenas...

O estudo analisou 16.600 mulheres norte-americanas com mais de 60 anos, 1.195 das quais com pólipos ou adenomas colorretais.

Os autores do estudo, publicado na revista do British Medical Journal, observaram que mulheres submetidas a tratamento com antibióticos durante pelo menos dois meses acumulados entre os 20 e os 39 anos tinham 36% mais probabilidade de ter pólipos no colo ou no reto em relação às demais.

Entre as mulheres que receberam antibióticos durante pelo menos dois meses entre os 40 e os 59 anos, a possibilidade de pólipos é 69% maior, segundo os autores do estudo, da Harvard Medical School e da Harvard TH Chan School of Public Health, em Boston.

Antibióticos alteram a flora intestinal
O estudo constata uma situação estatística, escreve o Sapo, mas não estabelece uma relação de causa e efeito entre o consumo de antibióticos e o surgimento de pólipos. Mas esta relação teria uma "explicação biológica plausível", já que os antibióticos alteram a flora intestinal ao reduzir a quantidade e a diversidade das bactérias presentes, explica o estudo.

Outros estudos já observaram a redução de algumas bactérias e a proliferação de outras em pacientes com cancro colorretal. "A estes dados somam-se o que já se conhece sobre a importância da flora intestinal para a nossa saúde", comentou Sheena Cruickshank, especialista em imunologia da Universidade de Manchester, que não participou no estudo.

No entanto, neste estudo, os cientistas não tiveram em conta os hábitos alimentares das mulheres que apresentaram pólipos, nem o eventual impacto da presença de antibióticos na alimentação, provenientes dos tratamentos aplicados a animais de abate. Os antibióticos são "medicamentos essenciais para tratar as infeções bacterianas e, quando utilizados corretamente, podem salvar vidas", acrescenta Cruickshank.

Aveiro
Apreensão aconteceu em Ílhavo, no distrito de Aveiro, na sequência das deficientes condições de transporte e armazenamento do...

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), através da Unidade Regional do Centro, precedeu à apreensão de mais de três toneladas de atum congelado num valor total de 5.500 euros.

A ação decorreu no concelho de Ílhavo, escreve o Sapo, na sequência da interceção, por parte da GNR, de uma viatura de transporte de pescado com destino a um estabelecimento de armazenagem de produtos de origem animal ultracongelado, tendo sido verificadas as condições em que tal transporte estava a ser realizado, por forma a garantir a Segurança Alimentar.

Após ter sido constatado que o produto se encontrava a ser transportado em deficientes condições de transporte, em tinos metálicos, sem qualquer proteção do pescado ou existência de sistema de refrigeração que permitisse garantir a temperatura mínima exigível, foi o produto apreendido e instaurado um processo de contraordenação.

EUA
Conselheiros da FDA, que autoriza medicamentos nos EUA, aprovaram terapêutica revolucionária que altera a genética do sistema...

Os conselheiros externos da Food and Drug Administration (FDA), a empresa que garante o controlo alimentar e autoriza medicamentos nos Estados Unidos, aprovou um tratamento revolucionário que dá ordens genéticas às células do sistema imunitário para identificar e atacar um cancro. É a primeira vez que uma terapêutica que implica manipulação genética das células do corpo humano é aprovada por especialistas para combater o cancro, sublinha a Nature News. A FDA não tem de seguir os pareceres desses conselheiros, mas normalmente fá-lo. A seguir a ela, podem seguir-se outras empresas de aprovação de medicamentos na Europa, escreve o Observador.

Esse tratamento baseia-se numa antiga aposta do mercado dos medicamentos: a terapia CAR-T. O tratamento modifica as células T, um grupo de glóbulos brancos responsáveis pela defesa do organismo contra ataques externos, através da chamada “engenharia genética”. Primeiro, os médicos extraem células T dos pacientes e, em laboratório, limpam-nas. A seguir, é introduzido um vírus que leva à boleia moléculas que têm por função identificar as células cancerígenas. Essas moléculas, que são criadas especialmente para cada um dos pacientes, chamam-se recetores de antigénios quiméricos (CAR) e reduzem a capacidade que as células cancerígenas têm de escapar ao ataque do sistema imunitário. Isso é possível porque, no fundo, as células T sofrem uma reprogramação genética que lhes permite serem mais sensíveis a reconhecer o cancro e mais capazes de o atacar. Assim que essa modificação é feita, as células T reprogramadas são reintroduzidas no corpo do doente. Todo este processo demora, no máximo, 22 dias.

No caso específico do tratamento aprovado pelos conselheiros da FDA, a terapêutica utiliza um produto da Novartis com base em tisagenlecleucel, que trata crianças e jovens adultos com leucemia linfoblástica aguda. Num estudo com a participação de 63 pacientes em que se testou este tratamento, 52 das pessoas ficaram completamente curadas, o que simboliza 82,5% da amostra. Por este estudo não ter um grupo de controlo, não foi possível verificar se o cancro desaparece para sempre ou se há hipóteses de regressar, mas esta não é a primeira experiência com tisagenlecleucel com resultados animadores. Num estudo da Fred Hutchinson Cancer Research Center (EUA) que testou esta terapêutica em 35 pessoas com leucemia linfoblástica aguda, em 94% dos casos o cancro entrou em remissão. Noutro estudo, o tratamento funcionou em 80% da amostra de pacientes com linfoma não-Hodgkin. Mas em todas estas investigações, o número de pessoas testadas é baixo, o que condiciona as conclusões que se podem tirar delas.

Mas muitas outras dúvidas deixaram a FDA e os seus conselheiros de pé atrás quanto a este tratamento até agora. Depois de um teste feito com tisagenlecleucel em 2015, 47% dos doentes-cobaia apresentaram sinais de hipercitocinemia, uma reação inflamatória extrema que provoca febres altas e insuficiência dos órgãos, podendo conduzir à morte. Houve até registo de doentes que morreram com um inchaço grave no cérebro. Desta vez, a Novartis diz que esses problemas já foram contornados. A empresa admite que muitos dos pacientes tiveram convulsões e alucinações, mas apenas temporariamente. E os conselheiros da FDA concordam que “os benefícios da terapia CAR-T ultrapassam os seus riscos”.

Agora, a FDA tem dois meses para decidir se aprova ou chumba a terapia CAR-T. É o tempo que a comunidade científica tem para refletir sobre outros aspetos que ainda não têm resposta: os investigadores ainda não sabem se o vírus usado para introduzir a molécula nas células ganha ou não capacidade para se replicar e espalhar pelo corpo quando chega ao organismo do paciente. Também ainda não se sabe se, perante alguma falha em laboratório — por mais pequena que seja — o vírus pode atacar a célula-T e torná-la numa célula cancerígena. Mas acima de tudo, ainda é muito cedo para perceber se esta é uma terapêutica definitiva ou se o cancro pode voltar a uma pessoa supostamente curada.

Infarmed
Os hospitais portugueses autorizados para a realização de abortos adquiriram nos últimos dez anos 134.564 comprimidos de...

Dados fornecidos pelo instituto que regula o setor do medicamento (Infarmed), indicam que atualmente dois laboratórios têm autorização de introdução no mercado para a mifepristona.

Segundo o Infarmed, 28 hospitais do Serviço Nacional da Saúde (SNS) com gestão pública consumiram mifepristona em 2016.

A comercialização de mifepristona - que bloqueia a hormona fundamental para a manutenção da gravidez (progesterona) – está autorizada em Portugal desde julho de 2007, o mesmo mês em que entrou em vigor a lei que despenalizou o aborto até às dez semanas, cujo aniversário se assinala sábado.

No segundo semestre de 2007 foram vendidas 4.427 unidades desta “pílula abortiva”.

Em 2008, primeiro ano completo de comercialização legal deste medicamento em Portugal, foram vendidas 14.431 unidades.

Em 2009 foram vendidas 16.339 unidades, 16.298 em 2010, 15.259 em 2011, 13.558 em 2012, 13.234 em 2013, 12.147 em 2014, 11.614 em 2015 e 11.837 em 2016.

Entre janeiro e março desde ano foram vendidos 5.420 comprimidos.

Todos os anos
Dez anos após a despenalização do aborto em Portugal, cerca de 500 portuguesas vão anualmente a Espanha para interromper a...

De acordo com Associação de Clínicas Acreditadas para a Interrupção da Gravidez (ACAIVE), de Espanha, a maioria das mulheres que opta por realizar um aborto no país vizinho fá-lo por estar grávida há mais de dez semanas, o prazo máximo previsto na lei portuguesa, que entrou em vigor há dez anos, a 15 de julho de 2017.

Em Espanha, a interrupção da gravidez a pedido da mulher é permitida até às 14 semanas.

Outra das razões que, segundo esta associação, levam as mulheres portuguesas a abortar em clínicas espanholas é a confidencialidade que acreditam conseguir noutro país.

A ACAIVE estima que, anualmente, 400 portuguesas abortem em clínicas situadas em Badajoz, 60 em estabelecimentos na Galiza, 26 em Huelva e entre duas a três em Valladolid.

Em relação a espanholas que viajam até Portugal para abortar, esses valores “não são relevantes”, segundo esta associação.

Os dados oficiais da Direção-Geral da Saúde (DGS) de 2016 ainda não estão disponíveis, mas as estatísticas dos oito anos completos de despenalização da interrupção da gravidez (2008 a 2015) mostram uma tendência de decréscimo, sobretudo a partir de 2012.

No último relatório com os registos de interrupção da gravidez, mostra-se que, quanto ao aborto por opção da mulher, houve uma diminuição de 1,9% entre 2014 e 2015, tendo sido feitas 15.873 interrupções por decisão da grávida nesse ano.

Trata-se do número mais baixo desde 2008, primeiro ano completo desde que entrou em vigor a lei que despenalizou o aborto até às 10 semanas de gravidez.

Entre 2008 e 2011 houve uma tendência de subida das interrupções, que começaram a descer depois a partir de 2012, com um decréscimo acentuado de 6,6% nesse ano. Também de 2013 para 2014 se verificou outra descida significativa, de 8,7 por cento.

Em relação aos últimos dados disponíveis, relativos a 2015, o relatório mostra que metade das mulheres que abortaram por opção referiram ter um ou dois filhos, sendo que 42,3% ainda não era mãe, dados semelhantes aos verificados em anos anteriores.

Quanto a interrupções de gravidez anteriores, 70% das mulheres que decidiram abortar em 2015 nunca tinha realizado qualquer outro aborto, 21% já tinham feito uma intervenção, quase 6% tinham feito duas e 2,5% já tinham realizado três ou mais.

O documento da DGS exibe ainda que mais de sete em cada dez abortos foram feitos em unidades oficiais do Serviço Nacional de Saúde.

Noutro relatório da autoridade de saúde é ainda possível perceber que entre 2001 e 2014 foram sendo reduzindo as complicações pelo aborto ilegal a partir de 2007/2008.

Verificou-se uma “redução significativa tanto do número total de complicações como do número de complicações graves a partir de 2008”, uma diminuição ainda mais nítida a partir de 2013.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
As temperaturas vão descer entre dois a cinco graus Celsius no fim de semana em Portugal continental, mas hoje ainda deverão...

“Hoje já temos uma pequena descida da temperatura, mas apenas na região Sul. Ainda vamos ter temperaturas entre os 40 e os 42 graus nas capitais de distrito do Alentejo e entre 35 e 39 no interior Norte e Centro”, adiantou à agência Lusa o meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Por causa do tempo quente, o IPMA colocou em ‘aviso laranja’ os distritos da Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja até às 22:00 de hoje.

Também devido à persistência de valores elevados da temperatura máxima, o Instituto colocou os distritos de Braga, Vila Real, Viseu, Bragança, Setúbal e Faro sob ‘aviso amarelo’ até às 21:00 de hoje.

O ‘aviso laranja’ é o segundo mais grave de uma escala de quatro e indica situação meteorológica de risco moderado a elevado.

Segundo o IPMA, o ‘aviso amarelo’, o terceiro mais grave, significa situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

“No sábado há uma descida da temperatura máxima e mínima, não devendo ultrapassar os 40 graus. No domingo desce de uma forma mais generalizada e a temperatura na região do Alentejo não deverá ultrapassar os 37 graus”, disse Bruno Café.

De acordo com o meteorologista do IPMA, no sábado estão previstas descidas entre 02 e 04 graus e no domingo entre 02 e 05 graus de um modo geral.

“Há uma tendência de descida da temperatura que se prolonga na primeira parte da próxima semana. Em geral vamos ter descidas, mas que não serão de forma igual em todos os distritos”, disse.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Oito regiões do continente e da Madeira apresentam hoje risco ‘extremo’ de exposição à radiação ultravioleta, enquanto o resto...

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em risco ‘extremo’ de exposição à radiação ultravioleta (UV) estão as regiões de Beja, Évora, Faro, Guarda, Portalegre, Santarém, Setúbal e no Funchal (Madeira).

O Instituto recomenda para as regiões em risco ‘extremo’ que se evite o mais possível a exposição ao sol.

O resto do país está com níveis ‘muito elevados’ e ‘elevados’ de exposição à radiação UV.

Para as regiões com risco 'muito elevado' e 'elevado', o Instituto recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo e vento em geral fraco predominando do quadrante norte, soprando moderado no litoral oeste, em especial durante a tarde, e sendo moderado a forte de nordeste nas terras altas das regiões Norte e Centro até meio da manhã e para o final do dia.

A previsão aponta ainda para neblina ou nevoeiro matinal em alguns locais do litoral nas regiões Norte e Centro, pequena descida da temperatura máxima na região Sul e pequena subida no Minho.

Na Madeira prevê-se céu geralmente muito nublado, apresentando-se em geral pouco nublado nas vertentes sul da ilha e nas terras altas e vento moderado de nordeste.

Para os Açores prevê-se períodos de céu muito nublado com boas abertas e vento fraco.

No que diz respeito às temperaturas, em Lisboa vão oscilar entre 18 e 32 graus Celsius, no Porto entre 15 e 29, em Vila Real entre 18 e 35, em Viseu entre 17 e 36, em Bragança entre 16 e 35, na Guarda entre 18 e 34, em Coimbra entre 15 e 32, em Castelo Branco entre 23 e 41, em Santarém entre 17 e 34, em Évora entre 19 e 42, em Portalegre entre 24 e 40, em Beja entre 19 e 41 e em Faro entre 24 e 34.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Trinta e sete concelhos de Faro, Portalegre, Castelo Branco, Coimbra, Santarém, Viseu e Bragança apresentam hoje risco ‘máximo’...

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em risco ‘máximo’ de incêndio estão 37 concelhos de Faro (sete), Santarém (dois), Portalegre (três), Castelo Branco (sete), Coimbra (dois), Guarda (seis), Viseu (três) e Bragança (sete).

O IPMA colocou ainda em risco ‘muito elevado’ e ‘elevado’ de incêndio vários concelhos de todos os distritos (18) de Portugal continental.

O risco de incêndio determinado pelo IPMA engloba cinco níveis, que podem variar entre "reduzido" e "máximo".

O cálculo é feito com base nos valores observados às 13:00 em cada dia relativamente à temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo e vento em geral fraco predominando do quadrante norte, soprando moderado no litoral oeste, em especial durante a tarde, e sendo moderado a forte de nordeste nas terras altas das regiões Norte e Centro até meio da manhã e para o final do dia.

A previsão aponta ainda para neblina ou nevoeiro matinal em alguns locais do litoral nas regiões Norte e Centro, pequena descida da temperatura máxima na região Sul e pequena subida no Minho.

No que diz respeito às temperaturas, em Lisboa vão oscilar entre 18 e 32 graus Celsius, no Porto entre 15 e 29, em Vila Real entre 18 e 35, em Viseu entre 17 e 36, em Bragança entre 16 e 35, na Guarda entre 18 e 34, em Coimbra entre 15 e 32, em Castelo Branco entre 23 e 41, em Santarém entre 17 e 34, em Évora entre 19 e 42, em Portalegre entre 24 e 40, em Beja entre 19 e 41 e em Faro entre 24 e 34.

Centro Hospitalar do Oeste
O Governo vai avançar com as obras de remodelação das urgências do Hospital de Torres Vedras e da farmácia do Centro Hospitalar...

O Governo quer garantir que o Centro Hospitalar do Oeste (CHO) “chega ao inverno com melhores condições”, afirmou Adalberto Campos Fernandes, no final de uma reunião em que anunciou a intenção de avançar com “obras nas urgências de Torres Vedras”, a par com “um conjunto importante de investimentos”, entre os quais “a formulação da farmácia hospitalar”.

O ministro, que ontem reuniu com a administração do CHO e com os presidentes dos três concelhos onde se localizam as unidades hospitalares daquele centro [Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche], afirmou, no final do encontro, que “é prioritário reformular a farmácia, tal como é prioritário reabilitar as condições do Bloco Operatório das Caldas da Rainha”.

No final da reunião de cerca de três horas, que decorreu no Museu do Hospital e das Caldas, o Ministro disse aos jornalistas lamentar que o processo de passagem do CHO de uma unidade do setor público administrativa SPA) a entidade pública empresarial (EPE) “se tenha atrasado tanto” e que, depois de anunciado há mais de ano, não esteja ainda concretizado.

O governante, que já tinha estimado que o processo estivesse concluído no início deste ano recusou hoje avançar novas datas, esclarecendo apenas que o mesmo se encontra “na comissão do Ministério da Finanças que faz essa avaliação”.

Ana Paula Harfouche, presidente do Conselho de Administração do CHO, expressou no final satisfação pelos investimentos anunciados pelo ministro, sem especificar valores do investimento que, no caso das urgências de Torres Vedras, incidirá numa remodelação “muito similar à do serviço das Caldas da Rainha”, orçamento em 1,7 milhões de euros.

A requalificação da farmácia, disse ainda a mesmo responsável, “irá permitir retomar a preparação dos tratamentos de quimioterapia”, que havia sido suspensa por falta de condições.

Ana Paula Harfourche adiantou ainda ter já agenda para o mês de agosto uma reunião com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo para avançar coma formulação dos respetivos projetos que serão depois objeto de candidatura a fundos.

O (CHO) foi criado no dia 01 de outubro de 2012, resultado da fusão hospitalar do antigo Centro Hospitalar do Oeste Norte e do antigo Centro Hospitalar de Torres Vedras e integra os hospitais das Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras.

Serve uma população de mais de 300 mil habitantes dos concelhos das Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estevão das Galés e Venda do Pinheiro).

Autoridade de Saúde Pública
Um caso de tuberculose foi detetado na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, do Instituto Politécnico de Leiria,...

"É um caso de tuberculose complicado. A jovem não aderiu bem ao que foi solicitado e não colaborou logo na identificação dos amigos mais próximos. Mas já rastreámos o grupo mais íntimo e ninguém tem sinais da doença", revelou a adjunta da Autoridade de Saúde de Leiria e responsável do programa de doenças transmissíveis do Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) do Pinhal Litoral, Ana Silva.

A responsável sublinhou que "não há razão nenhuma para alarme".

Segundo explicou, a aluna frequenta os três anos do curso, porque tem cadeiras em atraso, o que obrigou a que o rastreio dos restantes alunos fosse feito através de um meio móvel, que se deslocou à Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG).

"Na próxima semana, todos os colegas serão rastreados para que possam ir descansados para férias. Sabemos onde a aluna foi infetada e não foi na ESTG, nem em Leiria", assegurou ainda Ana Silva.

Todas as medidas de prevenção foram tomadas pela Autoridade de Saúde de Leiria, pelo que Ana Silva afirmou não "haver motivo para preocupação".

A jovem encontra-se internada num hospital do país.

"Normalmente, a tuberculose trata-se em ambulatório, mas este é um caso que exige internamento porque é necessário cumprir o tratamento escrupulosamente", explicou a médica.

Ana Silva adiantou também que a tuberculose é uma doença infectocontagiosa cuja transmissão do bacilo se faz por "via respiratória" e de "forma direta".

"Pode ser a conversar com alguém, que emite gotículas de saliva quando fala, que podem estar infetadas e entram no corpo por via respiratória, ou através do cumprimento com um 'beijinho'", exemplificou.

Em resposta, o Instituto Politécnico de Leiria esclarece que a Autoridade de Saúde Pública está a acompanhar o caso e que a "pessoa em causa se encontra internada num hospital público, estando a ser acompanhada por equipa de especialistas na matéria".

"Foram tomadas e serão tomadas pelo Politécnico de Leiria todas as medidas necessárias e adequadas que nos forem indicadas pela Autoridade de Saúde Pública", acrescentou o IPL.

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