OMS alerta
Infeção por gonorreia está a ganhar cada vez mais resistência aos antibióticos e já há relatos de casos de tratamento...

A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um alerta sobre a resistência crescente da gonorreia, apontando mesmo alguns casos em que esta doença sexualmente transmissível se tornou intratável, devido à sua resistência aos antibióticos. A doença está cada mais forte e os medicamentos estão a ficar cada vez menos eficazes para a combater.

A conclusão foi tirada a partir da observação de 77 países, entre os quais a Organização encontrou mesmo alguns (países mais ricos e desenvolvidos estão incluídos neste grupo) onde foram identificadas infeções por gonorreia que resistiram aos antibióticos, escreve o Observador. “As bactérias que causam a gonorreia são particularmente inteligentes. Cada vez que usamos uma nova espécie de medicamento para tratar a infeção, elas evoluem para lhe resistirem”, explicou a médica da OMS, Teodora Wi, num comunicado divulgado no site da Organização.

A médica explica que mesmo nos países mais ricos, onde a vigilância funciona melhor, estão a ser encontrados casos de infeções impossíveis de tratar, devido à resistência a medicamentos. “Estes casos podem ser apenas a ponta do iceberg, já que a gonorreia é mais comum nos países mais pobres e onde faltam meios de diagnóstico e de tratamento”.

A infeções por gonorreia atingem todos os anos, de acordo com as estimativas mais recentes, 78 milhões de pessoas, com a doença a ser transmitida através de relações sexuais, podendo infetar os órgãos genitais, o reto e a garganta. A OMS está especialmente preocupada com esta última forma de infeção — e a propagação da doença através de sexo oral — já que há muitos diagnósticos errados, e os medicamentos normalmente usados para uma dor de garganta podem aumentar a resistência da bactéria. “Há uma mistura com a espécie Neisseria gonorrhoeae [o nome científico da doença] na garganta e isso resulta em resistência” aos medicamentos, detalhou a médica, citada pela BBC.

De acordo com a OMS, “o declínio do uso do preservativo, o aumento das viagens, os baixos níveis de deteção da doença e o tratamento errado estão a contribuir para este aumento” da gonorreia. Em muitos casos, a infeção não tem sintomas associados e pode provocar problemas mais tarde, como doenças pélvicas, gravidezes ectópicas e infertilidade.

A pesquisa por um novo fármaco, que possa combater a doença de forma mais eficaz e alargada, existe mas a OMS explica que o desenvolvimento de antibióticos “não é muito atrativo do ponto de vista comercial para as farmacêuticas”, já que os tratamentos são curtos e são também menos eficazes à medida que a doença se vai tornando resistente, o que significa a necessidade recorrente de se desenvolverem novos medicamentos.

“No curto prazo, pretendemos acelerar o desenvolvimento e a introdução de, pelo menos, um dos medicamentos em estudo, e avaliaremos o possível desenvolvimento de tratamentos combinados para uso em saúde pública”, explica a médica Manica Balasegaram, que pertence à organização sem fins lucrativos, criada pela OMS, para a pesquisa global de antibióticos e desenvolvimento de parcerias nesta matéria.

No mesmo comunicado onde detalha o estado da doença no Mundo, a OMS ainda alerta para os cuidados a ter para a sua prevenção, apontando “um comportamento sexual mais seguro”, concretamente pelo “uso consistente e correto do preservativo”. Isto além da divulgação de informação não só sobre esta matéria, como também sobre os sintomas da doença, para que possa ser diagnosticada mais cedo, bem como outras doenças sexualmente transmissíveis.

Em 2016
Portugal registou no ano passado a segunda taxa de natalidade mais baixa entre os 28 Estados-membros da União Europeia e foi um...

De acordo com os dados do gabinete oficial de estatísticas da União Europeia (UE), Portugal teve em 2016 cerca de 87 mil nascimentos — o que representa uma taxa de 8,4 nascimentos por cada 1.000 habitantes, a segunda mais fraca da UE, apenas à frente de Itália, com 7,8), contra 110 mil óbitos (uma taxa de 10,7 mortes por cada milhar de habitantes), tendo visto a sua população total recuar de 10,341 milhões em 1 de janeiro de 2016 para 10,309 milhões em 1 de janeiro de 2017, o que representa exatamente 2% da população comunitária.

O Eurostat sublinha que se registou um aumento da população da UE, de 510,3 milhões em 1 de janeiro de 2016 para 511,8 milhões em 1 de janeiro de 2017, mas registou-se sensivelmente o mesmo número de nascimentos e de óbitos (5,1 milhões), o que significa que a variação natural da população da União foi neutra e a variação demográfica positiva, de mais 1,5 milhões de habitantes, se deve ao saldo migratório.

Com 82,8 milhões de habitantes, o que representa 16,2% da população total da UE, a Alemanha é o Estado-membro mais populoso, seguida da França, 67 milhões), Reino Unido (65,8), Itália, (60,6), Espanha (46,5) e Polónia (38), escreve o Observador.

Em termos globais, a população aumento ao longo de 2016 em 18 Estados-membros e desceu em 10, tendo as taxas de natalidade mais elevadas sido observadas na Irlanda (13,5 por 1.000 habitantes), Suécia e Reino Unido (ambos com 11,8) e as mais baixas nos países do sul: depois de Itália e Portugal seguem-se Grécia (8,6) e Espanha (8,7).

“CANCRO 2020: RePensar para Fazer Melhor. Humanização e Partilha”
As associações de doentes que participaram num fórum sobre cancro defendem a criação de um provedor do doente, oriundo da...

Estas são duas das conclusões da 4ª edição do fórum “CANCRO 2020: RePensar para Fazer Melhor. Humanização e Partilha”, que quarta-feira serão apresentadas numa cerimónia na Assembleia da República.

Um dos objetivos desta iniciativa foi que “os principais prestadores de cuidados nestas patologias reunissem consenso sobre uma Agenda Comum para a Prestação de Cuidados no Cancro”.

Essa agenda deve ter por base “informação recolhida sobre key performance indicators (KPI), em contexto nacional e internacional, para o tratamento do cancro da mama e do cancro colo-retal (ainda que abarque questões referentes a todas as doenças oncológicas), tendo em conta as experiências e expectativas dos doentes”.

As associações de doentes que participaram na iniciativa, defendem a existência de um provedor do doente, oriundo da sociedade civil.

“As associações de doentes devem comunicar melhor, com os doentes e com o sistema”, segundo outra das recomendações, tal como uma partilha de recursos entre os hospitais e as associações de doentes.

Na visão do doente, este “deve ser envolvido na decisão sobre o seu tratamento, depois de ser bem informado pelos profissionais de saúde”.

“O doente deve também poder ter acesso à informação sobre ensaios clínicos” e “quer ser ouvido na definição do seu percurso”.

“No que se refere à personalização do doente pelos profissionais, os doentes querem ter profissionais próximos de si, que comuniquem com eles de forma adequada ao seu estado de saúde”, lê-se nas conclusões do estudo.

Exercício de 2014
Um resultado líquido pior que o registado, contas inscritas inapropriadamente, dívidas para pagar e por cobrar foram algumas...

O relatório da auditoria ao CHLN (Hospitais de Santa Maria e Pulido Valente) foi hoje publicado e revela que as “demonstrações financeiras do centro hospitalar estão afetadas por distorções materialmente relevantes”.

Por esta razão, o Tribunal de Contas (TdC) emitiu “um juízo desfavorável sobre as contas” do CHLN.

Segundo o relatório, o resultado líquido do exercício de 2014 do CHLN, após ajustamentos de auditoria, é de -27,9 milhões de euros, ao invés dos -2,3 milhões de euros, constantes das demonstrações financeiras elaboradas e apresentadas pelo conselho de administração.

“Nesse ano, apesar de ter beneficiado de subsídios à exploração no total de 44,2 milhões de euros, atribuídos a título de verba de convergência, o centro hospitalar tinha capitais próprios negativos de -21 milhões de euros, ou seja, estava em falência técnica”, lê-se no documento.

Em fevereiro de 2013, quanto a atual administração do CHLN assumiu funções, a mesma reconheceu as dificuldades que a instituição atravessava e que contabilizavas 300 milhões de euros de dívidas.

O administrador Carlos Martins, entretanto reconduzido nas funções, assumiu mesmo que o hospital estava em “falência técnica”.

Da auditoria do TdC às contas do CHLN ressalva ainda que a instituição “apresenta um desequilíbrio económico-financeiro estrutural acentuado, em resultado de não produzir cuidados de saúde suficientes para a sua estrutura de custos, que tem vindo a ser coberto pelo Estado através da injeção periódica de meios líquidos, designadamente através de aumentos de capital estatutário ou da atribuição de verbas de convergência que são subsídios à exploração”.

Entre 2012 e 2014, o CHLN recebeu, segundo o TdC, cerca de 69,1 milhões de euros a título de verbas de convergência e 87,5 milhões de euros através de aumentos de capital.

“As verbas de convergência e os aumentos de capital estão a ser atribuídos para cobrir os custos de ineficiência resultantes da ausência de decisão do conselho de administração de reestruturar o centro hospitalar”, lê-se no relatório.

Em 2014, e de acordo com a auditoria, “o prazo médio de pagamento a fornecedores de bens e serviços foi de 504 dias, mais 26 dias do que em 2013, constituindo o sétimo maior prazo médio de pagamento das unidades de saúde do setor empresarial do Estado”.

“Na comparação com outros hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de dimensão semelhante o Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE, apresenta, em 2014, os piores resultados em termos de custos com produtos farmacêuticos e custos com fornecimentos e serviços externos por doente padrão, 931 euros e 456 euros, respetivamente”.

Segundo o TdC, as dívidas a receber de entidades públicas totalizaram 31,9 milhões de euros, das quais 18,2 milhões de euros (57%) permaneciam por cobrar há mais de dois anos.

Cerca de 68,6% (21,9 milhões de euros) do total das dívidas a receber destas entidades eram dívidas de entidades do Ministério da Saúde, destacando-se a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, IP, com 18,3 milhões de euros, incluindo faturas cuja antiguidade remonta até ao ano de 1995.

Do relatório consta que “também se encontram registadas dívidas das Administrações Regionais de Saúde do Norte, do Centro, do Alentejo e do Algarve que, no seu conjunto, ascendem a 700 mil de euros e cuja antiguidade remonta também até ao ano de 1995 e dívidas de hospitais, centros hospitalares, unidades locais de saúde e outras entidades do Serviço Nacional de Saúde com uma antiguidade que remonta até ao ano de 1991 e que, no seu conjunto, no final de 2014, ascendiam a 2,2 milhões de euros”.

No mesmo ano, as dívidas das regiões autónomas dos Açores e da Madeira ascendiam a 5,7 milhões de euros e 4,2 milhões de euros, respetivamente.

A dívida da Região Autónoma da Madeira foi regularizada em 2015, na sequência da celebração do Memorando de Entendimento entre o Ministério das Finanças, o Ministério da Saúde e a Direção-Geral de Proteção Social aos Funcionários e agentes da Administração Pública e a Região Autónoma da Madeira.

A dívida da Região Autónoma dos Açores, no montante de 5,7 milhões de euros, que representa cerca de 11,5% das dívidas de terceiros, continua por regularizar.

As dívidas de embaixadas, maioritariamente de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, totalizam 1,3 milhões de euros, das quais 60,6% respeitam a registos anteriores a 2013.

“Não obstante as diligências realizadas para a cobrança dos montantes em dívida e do pedido de colaboração efetuado junto da Administração Central do Sistema de Saúde, IP, para o efeito, a dívida continua a aumentar”, escrevem os auditores.

O TdC refere que, no final de 2014, “as taxas moderadoras por cobrar ascendiam a 14,1 milhões de euros, respeitantes ao período de 2007 a 2014, montante que se afigura de difícil cobrança dado que parte já se encontrava prescrito”.

No seguimento desta auditoria, o TdC emitiu um conjunto de recomendações, nomeadamente aos ministros das Finanças e da Saúde, entre as quais a de “considerar a possibilidade de retenção das transferências para a Região Autónoma dos Açores, prevista no artigo 12.º da Lei do Orçamento do Estado para 2017, para cobrança das dívidas vencidas desta Região Autónoma para com o CHLN, bem como para com outras unidades de saúde do SNS”.

Ao ministro da Saúde, o TdC recomenda que ajuste o contrato-programa do CHLN, “subordinando-o à oferta de cuidados de saúde das restantes unidades hospitalares da região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo”.

À administração do CHLN, a recomendação vai no sentido desta promover, “no final de cada trimestre, encontros de contas e regularização contabilística de saldos e transações não conciliados entre entidades que integram o Ministério da Saúde, garantindo que as entidades não acumulam dívidas entre elas e a fiabilidade da conta consolidada do Ministério da Saúde”.

Transplante em idade pediátrica
“A doença crónica rouba-lhes a saúde e sobretudo apaga-lhes a infância.

A doença crónica rouba-lhes a saúde e sobretudo apaga-lhes a infância. A casa passa a chamar-se hospital, e a família passa a incluir batas azuis e brancas. Os olhitos movem-se inquietos, como um radar, perscrutando todos os nossos gestos, potencialmente ameaçadores. Os sorrisos rasgam-se quando trazemos prendas ou boas notícias.

A capacidade que eles têm de decifrar a nossa mímica obriga-nos tantas vezes a deixar à entrada do quarto, não só a bata, mas nós mesmos como pessoas.

As mães (qual Pietà) estendem braços enormes, que crescem como o cansaço. Tentam manter a distância e semear afectos entrelaçando os dias numa malha tecida de resiliência.

Com o tempo chega também o «hospitalismo», termo indecifrável, descrito em 1946 por René Spitz. Para ele, designava um conjunto de perturbações físicas e psíquicas que as crianças podem apresentar em consequência de um internamento prolongado, se privadas do afecto materno.

Eu não sei ao certo o que é, mas sei que existe, com ou sem afecto materno. Está presente no olhar baço, nas brincadeiras e discursos que só falam de seringas, picas, drenos e cateteres. Nas birras porque sim e porque não. Nas longas horas de imobilidade, retorcendo cabelos ou destacando com precisão cirúrgica as películas dos lábios ressequidos.

A Princesa Algodão -Doce: hospitalismo*

A Princesa Algodão-Doce teve, com apenas 3 anos de idade, uma falência aguda do fígado e precisou de um transplante urgente. Na semana seguinte, com vida renovada, falava sem cessar da sua casa numa aldeia beirã, onde ratos, patos e galinhas eram companheiros de brincadeira. A família, muito carenciada, pouco a podia acompanhar (tantos irmãos e tanta terra para amanhar). A pequenita parecia aceitar a situação sem sobressaltos. No hospital, as educadoras liam-lhe histórias, que ela questionava constantemente. As enfermeiras cantavam-lhe músicas ou pintavam -lhe as unhas, que ela exibia graciosamente.

Ainda que rodeada de mimos, cateteres, pensos e perfusores, continuava a ser a Princesa Algodão-Doce. Mas, em poucas semanas, a situação complicou-se com aplasia medular (isto é, a falência da medula óssea na produção de glóbulos, vermelhos, brancos e plaquetas) e, em vez de lhe tirarem os «fios», estes cresceram… e a casa era um lugar cada vez mais longínquo.

De repente, o seu pequeno mundo ficou muito cinzento e todos nós, actores e actrizes no mesmo filme, éramos pessoas muito pouco confiáveis! Deixou de querer contar histórias, muito menos de as ouvir, e já não podia pintar as unhas, porque «estragava os monitores» e os doutores não deixavam. Nem sequer podia falar ou sorrir, porque sangrava das «engivas» e depois tinha de fazer plaquetas... Estava tudo errado, e ela não percebia nada.

Alguns meses (de sofrimento) depois, fez um transplante de medula que correu muito bem, mas a Princesa Algodão-Doce nunca mais foi a mesma. Regressou curada de corpo mas entorpecida de sentimentos. Passava horas na cama a olhar para a única parede branca onde a cama encostava e ninguém podia espreitar ou perturbar o seu estado de silêncio. Vieram os pediatras, os psicólogos e os pedopsiquiatras.

Chegaram também os sedantes, os antidepressivos e até a alimentação artificial. Mas ela só definhava, e não havia explicação técnica. Recusava-se a comer, com excepção de uma única refeição, sempre a mesma, impermeável a qualquer tentativa de persuasão ou argumento: um ovo estrelado e duas salsichas. Não a comia por prazer mas pelo prazer de nos provocar!

Tinha de ir para casa. Era hospitalismo, murmuravam os técnicos, embaraçados pelo termo e pela falta de conhecimento.

Mas a casa estava em obras, com o apoio da Segurança Social: era preciso uma casa de banho. Afinal, a pequena tinha dois transplantes, ia usar máscara, era preciso criar condições…

Temíamos pelo tempo de espera. A continuar assim, talvez a Princesa não chegasse ao dia da inauguração. Foi então que alguém sugeriu a transferência para o lar de idosos próximo da sua casa. Era novinho em folha e conseguia-se uma suíte para a mãe e para a criança. Havia também uma sala grande onde podia rever os irmãos, primos e tios. Maravilha! Ficou eufórica com a notícia, com a ideia de partir, mesmo sem saber para onde. Sair do hospital, sair, sair, era só o que importava.

Voltou à consulta uma semana depois, com mais três quilos de peso e faces coradas (ainda hoje lhe chamo carinhosamente Besuga, pela parecença com o quadro de José Malhoa Besuga e Irmão). Vinha de língua desatada e a saber de cor os nomes de todos os companheiros de 60 anos que lhe devolveram a importância de ser menina e princesa: a Princesa Algodão-Doce.

O menino Sorriso Fácil: lágrimas*

Quando o menino Sorriso Fácil atravessava os seus piores 12 dias, a mãe dividia-se entre o quarto dele e a sala de espera da Unidade. Nesta sala estava o pai, a tristeza espelhada no rosto, embalando carinhosamente o segundo filho, de apenas 3 semanas. De três em três horas, o bebé precisava de ser saciado, e a mãe amamentava. Admirável a coragem expressa no rosto desta mulher e na firmeza dos

gestos ao cuidar de um e outro filho.

Nestes 12 dias, a médica de serviço também circulava entre a preocupação com o paciente e o turbilhão de emoções que a situação familiar despertava. Entre o cansaço e a incerteza acerca do que poderia melhorar, revia tabelas, «decorava» os monitores e limpava uma ou outra lágrima que, teimosamente, por ali se instalava. Foi num

desses estados de alma, e com voz sumida, que teve de ir comunicar à mãe a necessidade de um terceiro transplante. Na sala sem cor (como todas as salas de hospital), a mãe amamentava, tranquila. Olhava embevecida o seu bebé e acariciava -lhe os deditos, um a um, como se desfiasse um rosário.

Percebeu que deveria haver uma boa razão para a médica ir até ali.

Ouviu com uma serenidade que emudecia qualquer um. Tinha muita fé, dizia, em Deus e na equipa. A médica esperava lágrimas ou a pergunta habitual (e tão temida): «Diga -me que vai correr tudo bem?» Ficou baralhada. Vinha preparada para dar explicações técnicas ou para a confortar, mas inverteram -se os papéis… Era ela quem, de nó na garganta, estava à beira das lágrimas. Que vergonha, lá estavam elas, as teimosas, irremediavelmente «cascatando».

Aflita, a mãe fitou -a, um braço segurando o recém -nascido ao peito, o outro erguido para ajudar a médica a secar o rosto. E disse: «Tenha calma, doutora, ele é rijo, vai sobreviver.»

E sobreviveu – pela fé da mãe, pelas mãos hábeis do professor que o operou e pela lição de vida que a jovem médica precisava de aprender.

É hoje um jovem universitário, saudável, activo, com um fígado doado, o presente mais importante que alguma vez recebeu.

*esta e outras estórias são relatadas no livro “Uma Vida, Duas Vidas...”, da Bertrand Editora. Um livro inédito e inspirador que retrata na primeira pessoa a relação dos médicos com o seus doentes. Os direitos de autor desta obra revertem para a Sociedade Portuguesa de Transplantação

 

Dra. Isabel Gonçalves, membro da Sociedade Portuguesa de Pediatria e atual presidente da Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia Hepatologia e Nutrição Pediátrica. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Todas as regiões do continente e arquipélagos da Madeira e Açores apresentam hoje risco ‘muito elevado’ de exposição à radiação...

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) recomenda para as regiões com risco ‘muito elevado’ o uso de óculos de sol com filtro ultravioleta (UV), chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'Baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

O IPMA prevê para hoje no continente períodos de céu muito nublado, tornando-se gradualmente pouco nublado ou limpo na região Sul a partir do meio da manhã e nas regiões Norte e Centro a partir do início da tarde e possibilidade de ocorrência de períodos de chuva fraca no litoral das regiões Norte e Centro até ao início da manhã.

A previsão aponta ainda para vento fraco a moderado de noroeste, soprando moderado a forte com rajadas até 65 quilómetros por hora no litoral oeste, a partir do final da manhã, e nas terras altas, neblina ou nevoeiro matinal e pequena descida da temperatura mínima.

Para a Madeira prevê-se períodos de céu muito nublado, possibilidade de ocorrência de aguaceiros, em geral fracos, nas vertentes norte e terras altas, vento moderado do quadrante norte, tornando-se forte de nordeste nas terras altas a partir do fim da tarde.

O Instituto prevê para os Açores, céu geralmente pouco nublado e vento fraco a bonançoso.

Quanto às temperaturas, em Lisboa vão oscilar entre 17 e 25 graus Celsius, no Porto entre 16 e 24, em Vila Real entre 13 e 29, em Viseu entre 11 e 27, em Bragança entre 13 e 30, em Coimbra entre 15 e 25, em Castelo Branco entre 14 e 31, em Santarém entre 16 e 27, em Portalegre entre 12 e 30, em Évora entre 14 e 31, em Beja entre 13 e 31 e em Faro entre 17 e 31.

Infarmed
Os ministros da Saúde de Portugal e Espanha assinam hoje, em Madrid, uma declaração de intenções para iniciar negociações sobre...

O documento vai incidir no financiamento e na fixação de preços de medicamentos e outras tecnologias de saúde, na partilha de informações e na elaboração de documentos nesta área, especifica uma nota divulgada pelo Infarmed, entidade reguladora do medicamento em Portugal.

“Esta declaração surge no seguimento de um trabalho intenso de colaboração entre os dois países, desenvolvido no último ano, e que tem vindo a ser adotado recentemente” por outros estados europeus, segundo a mesma fonte.

Em maio, à margem da mesa-redonda de ministros da saúde, nove países europeus assinaram a Declaração de La Valletta, “um consenso multilateral que traçou objetivos semelhantes de defesa do acesso à inovação” na área do medicamento, garantindo a “sustentabilidade dos sistemas de saúde”, justiça-se no documento.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, um dos subscritores da Declaração de La Valletta, irá agora assinar esta declaração bilateral juntamente com a ministra da Saúde, Serviços Sociais e Igualdade de Espanha, Dolors Montserrat.

Amostra de sangue
Investigadores da Universidade de Valência, em Espanha, estão a liderar um projeto europeu que visa o desenvolvimento de um...

Segundo a agência de notícias espanhola EFE, o resultado é revelado em menos de 30 minutos.

O atual método de diagnóstico baseia-se em testes de pele, os quais consistem em aplicar uma pequena quantidade de fármacos e observar o efeito, sendo este um teste desconfortável para os pacientes, com uma elevada probabilidade de diagnóstico falso, demora várias horas e pode atingir os 500 euros por fármaco.

Em contrapartida, esta investigação, desenvolvida no âmbito do projeto europeu Cobiophad, financiado pelo programa Horizonte 2020, desenvolveu este novo sistema para diagnosticar a alergia "de forma eficiente, rápida, simples e barato - menos de dois euros - apenas com a análise de uma pequena amostra de sangue".

O investigador do Instituto Interuniversitário de Investigação de Reconhecimento Molecular e Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Valência Luís Tortajada explicou à EFE que a “estratégia desenvolvida baseia-se num teste ‘in vitro', a partir de uma pequena quantidade de sangue, para detetar um biomarcador de alergias a medicamentos, que são as imunoglobulinas específicas”.

ASAE
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica apreendeu 1.200 quilos de alimentos e três balanças, num valor de mais de três...

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) precisou ter fiscalizado cerca de 200 vendedores em mercados municipais, onde instaurou 23 processos de contraordenação e apreendeu cerca de “1.200 kg de géneros alimentícios, resultante do incumprimento das regras de rotulagem em pescado fresco e produtos hortofrutícolas”.

Foram ainda apreendidos “três instrumentos de pesagem por falta de controlo metrológico, tudo num valor global que ascendeu a cerca de 3.300 euros”.

Entre as principais infrações detetadas estavam a falta de indicações obrigatórias em géneros alimentícios, de controlo metrológico de pesos, de preços em bens, a ausência de rastreabilidade dos produtos e a falta de requisitos gerais e específicos de higiene, segundo a ASAE.

Investigador diz
O consumo de pornografia na internet perfila-se como um novo fator que pode causar disfunção erétil, a partir de uma alteração...

A dopamina é uma neuro hormona libertada pelo cérebro quando se recebe uma série de estímulos, entre os quais a novidade e a sexualidade.

“A pornografia da internet tem mais formas de aumentar a dopamina do que a novidade sexual simples”, explicou o investigador, que advertiu que hoje em dia o utilizador de internet chega ao orgasmo após ver dezenas de vídeos”, reformulando-se a experiência sexual e hedonista.

Além do mais, a internet oferece ao utilizador a visão de diferentes experiências sexuais, desde fetiches a estranhas fantasias perturbadoras que, “além de poderem provocar ansiedade, aumentam os níveis de excitação sexual”, sublinhou numa conferência sobre sexualidade na capital mexicana.

Os níveis de dopamina elevam-se de forma mais rápida do que no sexo tradicional, pois a pornografia pode ser considerada como um estímulo “supernormal”.

“Estes estímulos são aqueles que duplicam as causas que consideramos muitos atrativas”, afirmou.

Mas não apenas isso, acrescentou Wilson, “a pornografia de alta velocidade também permite controlar a dopamina com o rato do computador”.

“Isto não o podíamos fazer nem com as revistas, nem com os encontros reais”, indicou.

O cérebro experimenta assim dois processos gémeos, a sensibilização e a dessensibilização.

O primeiro permite elevar os níveis de dopamina, enquanto o segundo aumenta a tolerância, fazendo as pessoas dependentes de cada vez mais estímulos para obter prazer.

Estudo
Investigadores querem desenvolver uma injeção anual para combater o colesterol mau e as doenças cardíacas associadas, criando...

A eficácia da vacina foi demonstrada em ratos alterados geneticamente para terem um metabolismo parecido ao do ser humano e desenvolverem aterosclerose, a acumulação de placas que entopem as artérias devido a uma alimentação com muito teor de gorduras.

O sucesso da experiência foi publicado no European Heart Journal, o jornal oficial da Sociedade Europeia de Cardiologia, no qual se indica que a injeção, denominada AT04A, conseguiu reduzir em 53% a quantidade total de colesterol e em 63% os danos provocados pela aterosclerose nos vasos sanguíneos dos ratos tratados, em comparação com os que não foram injetados.

“A ideia subjacente ao nosso produto é estimular o sistema imunitário humano para que desenvolva uma resposta de anticorpos contra uma proteína chamada PCSK9, envolvida no desenvolvimento de um elevado LDL, o colesterol mau”, disse Gunther Staffler, diretor de tecnologia da empresa que está a desenvolver o produto, citado pela agência de notícias Efe.

O problema, disse o responsável, é que essa proteína é produzida pelo organismo humano e por isso tolerada pelo sistema imunitário, ao contrário do que acontece com os agentes patogénicos contra os quais normalmente atuam as vacinas.

Por isso, o que a AT04A faz, explicou Staffler, é “enganar” o sistema imunitário, dando-lhe um antigénio suficientemente parecido com a PCSK9 para que o corpo desenvolva anticorpos que ataquem tanto a proteína como essa substancia estranha.

Gunther Staffer explicou que se trata na verdade mais de um tratamento por imunoterapia do que uma vacina propriamente dita.

A empresa salienta que bastaria uma injeção por ano, o que será uma vantagem em relação aos atuais tratamentos contra o colesterol à base de estatinas, que têm de ser tomadas diariamente.

A vacina, disse Staffler, em princípio não se aplicará a alguns tipos de colesterol alto de origem genética.

Segundo o responsável até final do ano terminará a fase inicial do teste, em 72 pessoas sãs, em colaboração com a Universidade de Medicina de Viena. E o medicamento pode estar no mercado entre 2023 e 2025.

Cerca de 2,6 milhões de pessoas morrem em cada ano devido a problemas relacionados com o alto colesterol.

Autoridade da Concorrência
O grupo Luz Saúde recebeu ‘luz verde’ da Autoridade da Concorrência para comprar o grupo British Hospital, segundo informação...

A compra pela Luz Saúde (pertencente aos chineses da Fosun) do grupo British Hospital inclui o hospital das Torres de Lisboa, que é a unidade de maior dimensão, com 46 camas, três salas de bloco e 34 gabinetes de consulta, que realizou em 2016 cerca de 75 mil consultas e 4.400 cirurgias.

No negócio inclui-se ainda o British Hospital Saldanha Microcular, unidade em Lisboa de cuidados de saúde sobretudo da área oftalmológica, especializada em cirurgia laser, e 90,41% do capital social do British Hospital Management Care, também integrado no campus das Torres de Lisboa, que presta cuidados na área da sinistralidade, caso de acidentes de trabalho, e serviços de fisioterapia.

O negócio deverá estar concluído no prazo que seja acordado entre as partes e no espaço de 20 dias úteis.

A Luz Saúde (antiga Espírito Santo Saúde, do Grupo Espírito Santo) foi comprada pela seguradora Fidelidade, que pertence aos chineses da Fosun, em outubro de 2014.

A empresa é dona Hospital da Luz, em Lisboa, entre outras unidades hospitalares.

Especialista defende
O homem moderno precisa cada vez menos de comida, porque não tem a mesma exigência em termos físicos do que os antigos, disse o...

"O homem moderno precisa cada vez menos de comida, porque não tem a mesma exigência em termos físicos do que os antigos. Tornámo-nos tecnologicamente demasiado dependentes, porque já não temos o mesmo nível de consumo de calorias que antes, mas ainda assim continuamos a consumi-las", argumentou Raja Kandaswamy.

O especialista, líder do maior centro de transplante do pâncreas do mundo, na University of Minnesota Medical Center, em Mineapolis, nos Estados Unidos da América, foi convidado para falar sobre a sua área no HEBIPA Meeting 2017, um encontro que decorreu no Porto e organizado pela Unidade Hepatobiliar e Pancreática do Centro Hospitalar do Porto.

Sobre a evolução da doença no planeta, explicou-o de forma simples: "há quem chame à diabetes a doença dos ricos e como o mundo está a tornar-se cada vez mais rico, a doença acompanha-o, porque cada vez se faz mais exercício em frente à televisão".

Pioneiro dos transplantes do pâncreas nos Estados Unidos da América, este especialista indiano considerou "encorajador verificar que as transplantações do pâncreas têm vindo a aumentar fora dos Estados Unidos nos últimos 15 anos".

"Os países líderes nesse particular são o Reino Unido e o Brasil, depois a Coreia do Sul e a Itália, com Portugal a surgir no Top 7 dos países com o melhor registo por número de habitantes, o que é impressionante", elogiou Raja Kandaswamy.

Numa curta viagem pelos últimos 51 anos na história dos transplantes, Kandaswamy lembrou que quando em 1966 começaram os transplantes do pâncreas "nos primeiros 30 anos a taxa de sucesso foi muito baixa".

"Depois disso, a cada cinco anos surgiram melhoramentos e, aqui chegados, temos um registo superior a 90% de casos de sucesso nos Estados Unidos", revelou.

E prosseguiu: "não há razões para pensar que nos outros países os números sejam muito mais baixos. Veja-se o caso da Itália, onde essa percentagem é ainda melhor, ainda que feita num só centro. E embora no que concerne ao resto do mundo eu não tenha números reais, a verdade é que quem se interessa pelo problema do pâncreas tem tido muito bons resultados".

Das inovações verificadas ao nível das cirurgias destacou "o uso do robô para os transplantes", uma técnica já praticada em Itália e nos EUA e que, "apesar de ser uma inovação recente, os registos são muito encorajadores, até porque se trata de uma técnica pouco invasiva, tipo uma laparoscopia".

Lamentando a "falta de tempo para visitar o Centro Hospitalar do Porto", a conversa com a responsável pelo serviço Donzília Silva fê-lo perceber que "o programa de transplantes do pâncreas parece ser de grande nível".

"Até à data fizeram entre 200 e 300 transplantes e com uma alta percentagem de sucesso. Trata-se, sem dúvida, de um dos melhores centros hospitalares da Europa", disse o pioneiro na área.

E com a diabete tipo 2 a "aumentar muito nos Estados Unidos, em comparação com outros países", é na China que encontra o próximo grande foco de preocupação.

"A China é a última vítima da indústria da ‘fast food’ e há cada vez mais obesos no país", denunciou.

Infarmed
O consumo de antibióticos em Portugal decresceu nos primeiros quatro meses do ano, uma tendência que se verifica desde o ano...

De acordo com os dados da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), nos primeiros quatro meses foram dispensadas menos 4,8% de embalagens de antibióticos em ambulatório e nos hospitais o número de doses diminuiu 3,75%, comparando com igual período do ano passado.

Em números, foram dispensadas de janeiro a abril 2.847.560 embalagens, menos 143.663.

“No caso das quinolonas, que são antibióticos que estão associados a um elevado número de resistências, os dados são ainda mais favoráveis, uma vez que houve uma redução de 17.569 embalagens no mesmo período, com um consumo de 282.742”, pode ler-se no documento.

Quanto os hospitais, e nos mesmos meses de referência, os carbapenemes (antibióticos para infeções de elevada gravidade) tiveram uma redução de consumo de 13,4%, para 108.267 doses.

A Comissão Europeia (CE) adotou no final do mês passado um plano para combater a resistência aos antibióticos, uma ‘ameaça’ que mata anualmente 25 mil pessoas na União Europeia (UE) e custa 1,5 mil milhões de euros.

Em paralelo ao plano, Bruxelas apresentou ainda regras para um “uso prudente de antibióticos”.

Por outro lado, a CE vai investir na inovação e investigação contra a resistência aos antibióticos.

Segundo dados de Bruxelas, em Portugal foram prescritos em 2014 cerca de 20 doses de antibióticos por mil habitantes por dia, sendo a média da UE de 25.

A Holanda (10,6 doses diárias por mil habitantes) é o país da UE com menos prescrições e a Grécia com mais (quase 45).

Poucos dias antes o Observatório Português dos Sistemas de Saúde tinha anunciado querer medidas concretas para reduzir o consumo de antibióticos, sugerindo que, nalguns casos, o médico só os possa prescrever após identificar a causa da infeção.

Governo açoriano
As unidades de saúde dos Açores vão dispor de uma carta com linhas orientadoras para a humanização do Serviço Regional de Saúde...

“Esta carta tem a ver com todas as questões e estratégias que tenham como foco o utente. Isto é que é fundamental, porque temos que perceber que os utentes estão cada vez mais informados”, afirmou o secretário regional da Saúde, Rui Luís, em declarações aos jornalistas.

O titular pela pasta da Saúde nos Açores falava no inicio de uma reunião com o grupo de trabalho para a humanização do Serviço Regional de Saúde, no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.

O governante explicou que se trata da primeira reunião de trabalho com vista à criação da carta "onde estarão vertidos os princípios da humanização para que cada profissional de saúde possa beber desta informação".

“Podemos estar a falar de pequenos atos como olhar o doente, ouvir o que ele tem a dizer. A questão das instalações, a forma de estarmos à vontade em determinado espaço, ou ainda a área da informática que pode ajudar-nos e não ser um processo burocrático ainda maior”, adiantou Rui Luís, acrescentando que além da carta deverá sair "uma estratégia de formação" para os profissionais ao nível da humanização "no atendimento e relacionamento entre pessoas".

O secretário regional da Saúde destacou que este grupo de trabalho reúne os representantes de cada ordem profissional, indicando ainda que deverão ser também auscultadas as comissões de ética de cada um dos três hospitais dos Açores, localizados nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial, e os conselhos de administração.

Este grupo de trabalho integra ainda representantes das instituições de apoio ao doente e da Universidade dos Açores, segundo avançou o secretário regional da Saúde, afirmando que a ideia é elaborar um documento final que reflita uma estratégia para que "a humanização seja uma realidade diária em todas as instituições do Serviço Regional de Saúde".

"Tendo em conta que se fala muito na necessidade de humanizar o Serviço Regional de Saúde, a nossa intenção é não ficarmos pelas palavras e agirmos em conformidade, daí que pretendemos que todos os profissionais estejam representados através das suas ordens e tenham acesso a um documento elaborado por todos", sustentou.

Rui Luís destacou ainda a importância da criação deste documento, frisando que "os utentes chegam às consultas já com uma outra informação que não tinham há uns anos atrás", pelo que "os profissionais também têm que se adaptar a esta realidade".

Astrocitoma pilocítico é o tumor cerebral mais comum nas crianças
Cláudia Faria, Neurocirurgiã no Hospital de Santa Maria, Investigadora no Instituto de Medicina Molecular e Coordenadora do...

“O astrocitoma pilocítico é o tumor cerebral mais comum nas crianças. Embora seja um tumor histologicamente benigno, as crianças com tumores inoperáveis ou recorrentes necessitam de tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia. As consequências a longo prazo destes tratamentos incluem defeitos neurológicos visuais, motores, neurocognitivos e endocrinológicos que afetam gravemente a integração destas crianças na sociedade e o seu futuro profissional”, explica Cláudia Faria, adiantando que, “com este trabalho, agora distinguido com a Bolsa D. Manuel de Mello, pretendemos desenvolver novas terapias, dirigidas a alvos específicos e com menor toxicidade, melhorando assim o controlo da doença a longo prazo e a qualidade de vida dos doentes”.

E acrescenta: “Esperamos que os resultados deste projeto possam dar um contributo significativo no conhecimento da biologia molecular dos astrocitomas pilocíticos em idade pediátrica e permitam identificar novos fármacos com maior eficácia e baixa toxicidade no tratamento destes tumores cerebrais das crianças”.

A Bolsa D. Manuel de Mello, atribuída anualmente, é uma iniciativa da Fundação Amélia de Mello com o objetivo de contribuir para a investigação e progresso das Ciências da Saúde em Portugal. Destina-se a premiar jovens médicos, até aos 35 anos, que desenvolvam projetos de investigação clínica, individualmente ou integrados em equipas, no âmbito das unidades de investigação e desenvolvimento das Faculdades de Medicina portuguesas.

Em 2016
ADSE chega ao fim de 2016 com um excedente de 120 milhões e com menos beneficiários.

As isenções dadas aos beneficiários da ADSE (Assistência à Doença dos Servidores do Estado) custaram ao sistema mais de 10 milhões de euros no ano passado, um valor que está registado no relatório e contas de 2016 como uma dívida do Estado ao sistema. Embora não contabilize o número de aposentados abrangidos pelas isenções - porque o valor da sua pensão, após a aplicação do desconto de 3,5%, é inferior ao salário mínimo - a ADSE dá conta de 10 milhões de euros que não foram arrecadados.

A direção-geral que até ao final do ano passado foi responsável por gerir o sistema de saúde dos funcionários públicos e aposentados, e que entretanto se transformou num instituto público, adota as recomendações do Tribunal de Contas e considera que estas isenções resultam da “execução da política social da competência do Governo”, e, por isso, considera o montante como dívida do Estado.

O mesmo acontece com os mais de cinco milhões de euros gastos com o controlo das baixas médicas. Para a ADSE trata-se de uma prestação de serviço ao Estado, registando este montante como dívida, escreve o jornal Público.

Estas questões deverão ser resolvidas no quadro do novo instituto da ADSE que está em funcionamento desde o início do ano, mas cuja tomada de decisões relacionadas com o sistema depende de um Conselho Geral e de Supervisão onde terão lugar representantes dos sindicatos e dos beneficiários. E que ainda não está constituído.

O relatório e contas revela ainda que, em 2016, acentuou-se a tendência de redução do número de beneficiários da ADSE. Havia, no final do ano 1.222.809 pessoas inscritas, menos 2,5% do que em 2015 e o nível mais baixo desde pelo menos 2005.

Esta tendência é particularmente visível entre os familiares e é explicada, segundo o documento, por uma limpeza dos ficheiros, eliminando situações de óbito e de cônjuges que já haviam perdido os requisitos para se manterem como beneficiários familiares. Por outro lado, saíram dos ficheiros os trabalhadores que rescindiram com o Estado, mantiveram a inscrição na ADSE e que, entretanto, deixaram de entregar o respetivo desconto.

No relatório assume-se que do universo total de beneficiários só cerca de 41% são titulares no ativo e que contribuem para o sistema. Cerca de 27% são aposentados, e nem todos contribuem por causa do regime de isenções, e 32% são beneficiários familiares que não pagam qualquer desconto para usufruírem da rede de cuidados de saúde.

Neste momento está em cima da mesa uma revisão do regime de benefícios e um alargamento do universo de potenciais beneficiários, que serão obrigados a pagar uma quota. O documento enviado aos sindicatos, e cuja aprovação depende do parecer do Conselho Geral e de Supervisão, prevê a abertura da ADSE aos trabalhadores das empresas públicas, aos cônjuges e aos filhos até aos 35 anos, mas todos terão de contribuir para o sistema. Os pais dos beneficiários, que atualmente podem beneficiar mediante algumas circunstâncias sem pagarem, passam também a ter de descontar.

Excedente aumenta para 120 milhões
No ano em que se acentuou a queda do número de beneficiários, a ADSE fechou com um excedente de 120 milhões de euros. De acordo com o relatório, o saldo ficou 6,4% acima do registado em 2015.

Os dados mostram que as receitas dos descontos e contribuições superaram as despesas com a saúde dos beneficiários e com a atividade da direção-geral. A ADSE arrecadou 613,27 milhões de euros (mais 1,9% do que em 2015) provenientes maioritariamente dos descontos dos beneficiários, mas também das contribuições das entidades empregadoras (sobretudo pagamentos em atraso, uma vez que os serviços já não contribuem para o sistema) e de reembolsos.

Apesar de o universo de pessoas a beneficiar da ADSE estar a cair, o salário sobre o qual incidem os descontos aumentou (resultado do fim dos cortes nas remunerações dos funcionários públicos), o que explica que as receitas provenientes dos descontos tenham aumentado 3,2% entre 2015 e 2016.

A despesa registou um aumento inferior a 1%. Os 493,2 milhões euros gastos no ano passado destinaram-se sobretudo a suportar os encargos com saúde dos beneficiários da ADSE, sendo de notar o aumento das despesas com o regime convencionado (a rede de prestadores de saúde que tem convenção com a ADSE).

O custo médio por beneficiário, nota-se no relatório, registou um aumento superior a 21%, passando de 392,5 euros, em 2015, para 475,8 euros, no ano passado.

Estudo
Um grupo de investigadores americanos analisou o impacto da quimioterapia em pacientes com cancro da mama e concluiu que o...

A quimioterapia é, muitas vezes, a primeira opção de tratamento para doentes com cancro da mama, em alternativa ou como complemento à cirurgia. No entanto, cientistas da Universidade de Medicina Albert Einstein, de Nova Iorque, estudaram o efeito desta medicação e chegaram à conclusão de que não só esta é uma solução apenas a curto prazo, como pode mesmo revelar-se perigosa e contraproducente, escreve a Visão.

A investigação sugere que, apesar de promover a redução do tamanho dos tumores, a quimioterapia abre também caminho às células cancerígenas para entrarem na corrente sanguínea, provocando não só o aparecimento de metástases como aumentando as hipóteses de voltar a aparecer e ainda mais forte.

Em declarações ao Telegraph, George Karagiannis, principal autor do estudo, publicado na última quarta-feira, sublinha que estas conclusões não devem levar os pacientes a não procurarem tratamento, mas defende a criação de uma forma de monitorizar melhor o comportamento dos tumores em doentes submetidos a quimioterapia.

Administrada oralmente ou por via intravenosa, a medicação é vista atualmente como uma forma eficaz de atacar as células cancerígenas que possam ter-se afastado do tumor. Mas este não é o primeiro estudo a alertar que a quimioterapia pode desencadear casos de cancro secundários. Em 2012, um estudo do Centro Fred Hutchinson para a Investigação sobre o Cancro concluiu que a quimioterapia ativa células saudáveis para alimentar o crescimento do tumor.

Sobre a investigação mais recente, George Karagiannis explica que a sua equipa está já a estudar outros tipos de cancro para ver se os efeitos verificados no cancro da mama se repetem.

Estudo
Mais de 10 anos de investigação de uma equipa portuguesa resultaram na descoberta de uma nova alteração genética que causa a...

É a primeira vez que uma mutação no gene DAB1, um dos maiores do genoma humano e conhecido por ser essencial no desenvolvimento neurológico durante o período embrionário, é associado a uma doença neurodegenerativa.

O estudo de várias gerações de três grandes famílias portuguesas com esta ataxia ajudou a chegar a estes resultados e permitiu também o desenvolvimento de um novo teste genético que irá alargar as possibilidades de diagnóstico e aconselhamento genético a familiares mesmo antes dos sintomas aparecerem, escreve o Sapo.

O teste permite também orientar a nível reprodutivo e psicossocial as muitas famílias com ataxias hereditárias de transmissão dominante, em que os filhos de um progenitor afetado tem 50% de probabilidade de herdar a mutação e vir a desenvolver ataxia ao longo da vida.

Segundo a investigadora Ana Seixas, “muitas vezes os familiares, sabendo que as hipóteses de tratamento são limitadas, dizem-nos que saber qual a doença que têm já ajudava”. Ana Seixas refere também que “foi um trabalho de grande complexidade, mas que valeu ainda mais a pena realizar porque podemos finalmente responder à generosa colaboração de gerações de famílias portuguesas com ataxia hereditária que participaram neste, e outros, estudos”.

Os investigadores do i3S descobriram que uma sequência repetitiva de nucleótidos – os blocos básicos do ADN onde está armazenada a nossa informação genética – no cromossoma 1 causa esta doença neurodegenerativa chamada ataxia SCA37, clinicamente muito semelhante à doença de Machado-Joseph, a ataxia hereditária mais comum em Portugal e com elevada prevalência nas ilhas dos Açores. No trabalho, explicam igualmente a razão pela qual os efeitos desta doença são mais precoces e, consequentemente, mais graves de geração para geração.

Ataxias são doenças neurodegenerativas caracterizadas pela falta de coordenação de movimentos e pela falta de equilíbrio para as quais não existe tratamento. Estão associadas à degenerescência de determinadas áreas do cérebro e sobretudo do cerebelo, na sua maioria com origem genética. A SCA37, alvo deste estudo, já havia sido clinicamente descrita, mas a causa genética escapava ao escrutínio dos investigadores. Isabel Silveira, coordenadora do estudo, confessa que há mais de uma década tem andado à procura da mutação que causa esta doença e que a tarefa não foi simples, por diversos motivos. As três referidas famílias portuguesas permitiram-lhe seguir o rasto genético da doença e desvendar o segredo do problema.

Foi no gene DAB1 que se encontrou “uma nova sequência genética apenas presente nos doentes e ausente nos indivíduos saudáveis, a qual é responsável pelo desenvolvimento da ataxia” afirma Joana Loureiro, uma das autoras do artigo. “O DAB1 é essencial para o desenvolvimento neurológico no período fetal e mantém importante atividade na vida adulta especialmente no cerebelo, a região do cérebro mais afetada pela ataxia”, acrescenta Joana Loureiro.

Quando os investigadores introduziram a sequência alterada num embrião do peixe-zebra observaram o aparecimento de malformações graves e uma baixa taxa de sobrevivência dos embriões, provando a toxicidade que a sequência acarreta.

Por outro lado, “o acompanhamento das famílias, e 41 doentes em particular, foi essencial para perceber que esta ataxia apresenta efeitos mais graves de geração para geração”, afirma Isabel Silveira. Na verdade a doença pode surgir entre os 18 e os 60 anos e quanto mais cedo se inicia mais graves serão as consequências, pois progride com a idade. A equipa percebeu que o tamanho da sequência alterada aumentava ao passar de geração, particularmente se o progenitor portador for homem. E que quanto maior for o tamanho da sequência, mais cedo a doença se desenvolve. Até ao momento, todas as famílias identificadas são do sul do país, onde a frequência desta doença rara é elevada. Isabel Silveira pensa que “a causa genética agora descrita poderá estar também na origem da condição clínica de indivíduos de famílias de outras origens geográficas, nomeadamente algumas famílias espanholas que clinicamente estavam descritos como possuindo a SCA37, mas cuja causa genética ainda não é conhecida”.

A descoberta publicada na prestigiada revista científica norte-americana American Journal of Human Genetics é o ponto de partida para a investigação laboratorial de estratégias para o tratamento desta doença.

Estudo
A tese é defendida por um novo estudo norte-americano. Em Inglaterra, uma outra investigação também enaltece os benefícios...

Um estudo da Universidade de Iowa, nos EUA, publicado na revista científica Cancer Cell, demonstrou que a administração de doses elevadas de vitamina C em doentes com cancro do cérebro e do pulmão, via intravenosa, numa quantidade 800 a 1000 vezes superior à dose diária recomendada, aliada à terapêutica comum (quimioterapia e radioterapia), desacelera a progressão da doença, aumenta a esperança de vida e reduz os efeitos secundários da quimioterapia.

A eficácia pode estar relacionada com o metabolismo defeituoso da mitocôndria das células do cancro, que leva à produção de moléculas que reagem com a vitamina, formando peróxido de hidrogénio e radicais livres, escreve o Sapo. Os cientistas creem que os radicais livres levam à morte destas células, danificando o seu ADN. Um outro estudo da Universidade de Salford, em Inglaterra, divulgado no primeiro trimestre deste ano, também enaltece as propriedades terapêuticas desta substância.

Um grupo de investigadores deste estabelecimento universitário assegura que uma combinação de vitaminas e antibióticos pode ser até 100 vezes mais eficaz do que outros dos fármacos atualmente em uso. Os efeitos secundários desta terapêutica também serão menores. “A vitamina C e outros componentes atóxicos [foi usado Doxiciclina] podem desempenhar um papel na luta anticancro”, afirma Michael Lisanti.

Segundo o professor, um dos autores do estudo, “os resultados indicam que é um agente promissor nos ensaios clínicos [que teremos ainda de fazer]”. “Pode ainda ser usado como um complemento a teorias mais convencionais para prevenir a reincidência de tumores e para travar a progressão da doença e o desenvolvimento de metástases”, acrescenta ainda o especialista.

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