Oncologia
O serviço de oncologia do Hospital Pediátrico de Coimbra registou um aumento de cancros infantojuvenis em 2017, ano em que...

Segundo a especialista, os linfomas e as leucemias estão a aumentar, enquanto o número de tumores sólidos (em órgãos) se mantém estável.

"Tenho a impressão que o acréscimo de novos tumores se deve ao aumento dos fatores de risco ambientais, como a poluição, aliado a uma maior fragilidade das crianças e jovens aos mesmos fatores agressores", explicou.

Em 2017, de acordo com a diretora do serviço de oncologia, foram registados 70 novos casos de cancro no Hospital Pediátrico de Coimbra, que integra o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Aquele serviço foi criado na sequência da criação do CHUC, em janeiro de 2011, tendo alargado o seu atendimento até aos 18 anos, mas desde o final da década de 1970 que prestava cuidados diferenciados às crianças com cancro.

Os dados registados em Coimbra, refere Fátima Heitor, indicam que os níveis de doença oncológica se encontram dentro da média nacional.

De acordo com o registo oncológico, todos os anos cerca de 400 crianças e jovens são diagnosticadas com cancro em Portugal, doença que continua a ser a primeira causa de morte não acidental na população infantojuvenil, apesar dos grandes progressos a nível do diagnóstico e tratamento.

No sábado, o Hospital Pediátrico de Coimbra recebe o 4.º Seminário Oncologia Pediátrica, organizado pela Fundação Rui Osório de Castro, destinado a pais, familiares e amigos de crianças com cancro, que se realiza pela primeira vez fora de Lisboa.

"Este ano decidimos ir para Coimbra e no próximo para o Porto, pois a ideia é estarmos cada vez mais perto dos doentes e proporcionar um ponto de encontro de toda a comunidade que trabalha ou que tem, de alguma forma, a ver com o cancro infantil", disse Cristina Potier, diretora-geral da instituição.

Com base no "feedback" e testemunhos dos pais, o seminário vai discutir este ano "quase todo o processo de tratamento de uma criança", desde o internamento, o regresso a casa e ao dia-a-dia e a investigação em oncologia pediátrica.

Segundo Cristina Potier, vão também ser abordadas "todas as questões que têm a ver com o pós-doença: as possíveis sequelas, a parte social, o regresso à escola e à vida normal", com a participação da pediatra Ana Teixeira, que é a responsável pela única consulta que existe em Portugal para sobreviventes de cancro infantil.

 

Alimentação saudável
A Ordem dos Nutricionistas congratulou-se com os Projetos de Resolução aprovados no parlamento que recomendam ao Governo a...

A Assembleia da República aprovou na quinta-feira projetos de lei do CDS-PP, PSD e PCP que recomendam ao Governo a criação de uma plataforma que valorize o setor alimentar, a promoção de um comité científico e o reforço da investigação nesta área.

Alexandra Bento, Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, afirma que “é com grande satisfação que a Ordem dos Nutricionistas vê a alimentação na agenda política”, defendendo, todavia, que é necessário que estas recomendações se traduzam em ações concretas e que o Governo aja em conformidade.

Este comité científico, segundo os partidos promotores dos diplomas, seria constituído por entidades como as ordens dos Nutricionistas e dos Médicos academias científicas e institutos vocacionados para a investigação para “estabelecer um consenso a nível académico” de forma a “recuperar a confiança dos consumidores” e a “desfazer mitos”.

Pretendem ainda concentrar a informação dispersa, apoiar agricultores e produtores a desenvolverem produtos endógenos e reforçar a investigação, experimentação, apoio, acompanhamento e aconselhamento agrícola, criando condições para os agricultores mais pequenos acederem à inovação.

Já em janeiro de 2016, a Ordem dos Nutricionistas tinha recomendado ao Ministério da Saúde a criação de um órgão consultivo interministerial que pudesse auxiliar as instituições governamentais com competências na definição de políticas, propondo linhas de orientação estratégicas com impacto na alimentação e no estado nutricional da população.

A Ordem dos Nutricionistas considera fundamental que a criação de um comité agroalimentar defenda “a saúde em todas as políticas”, com a integração de vários setores governamentais, envolvendo os ministérios da Saúde, Educação, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Economia, Ambiente, Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

 

Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge
A atividade gripal mantém-se em níveis epidémicos, com baixa intensidade, e a proporção de consultas médicas nos cuidados...

Contudo, de acordo com os dados reportados pelo Instituto Ricardo Jorge, a taxa de incidência na semana entre 12 e 18 de fevereiro foi de 34,5/100.000 habitantes, uma ligeira subida relativamente à semana anterior, que apresentava uma taxa de 27,9/100.000 habitantes.

De acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS), nas últimas cinco semanas “verificou-se uma estabilidade da procura dos serviços de urgência, do número de doentes internados (por todas as causas), bem como da proporção de atendimentos”.

Na semana de 12 a 18 de fevereiro, foram internados 11 doentes nas Unidades de Cuidados Intensivos com gripe, menos seis do que na semana anterior, e a proporção de atendimentos da linha SNS 24 por síndrome gripal também baixou.

Quanto à procura do Instituto Nacional de Emergência Médica, mantém-se uma estabilidade do número de acionamentos registados.

De acordo com o Sistema de Vigilância Diária da Mortalidade, “a mortalidade por todas as causas registou valores acima do esperado para a semana em análise, o que se observa num contexto de temperaturas baixas, em especial nas regiões Norte e Centro”, refere a DGS.

 

Canábis
O GAT - Grupo de Ativistas em Tratamentos defendeu ontem no parlamento o uso da planta canábis e seus derivados para fins...

O presidente do GAT, Luís Mendão, foi ontem ouvido na comissão parlamentar de Saúde, no âmbito do grupo de trabalho para a utilização da canábis com fins medicinais, e que foi criado depois de o Bloco de Esquerda (BE) e o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) terem apresentado projetos de lei que preveem o autocultivo da planta e que 'baixaram' à especialidade.

A organização não-governamental em defesa dos direitos das pessoas com VIH/sida concorda com o "uso mais restrito, com indicação terapêutica", da planta e seus derivados, como óleos, mas discorda do autocultivo associado a esse fim, defendendo "a venda com prescrição médica".

Luís Mendão desafiou, no entanto, o parlamento a "fazer a discussão da legalização da canábis para consumo de adultos", independentemente do seu fim, depois de "resolvida a canábis terapêutica".

Para o dirigente do GAT, "a proibição de uma substância que é usada por dois por cento da população", para fins recreativos ou alívio de sintomas de doenças, e "fez crescer a venda no mercado negro não é uma resposta muito adequada".

O uso medicinal da canábis tem gerado controvérsia, com a Ordem dos Farmacêuticos a manifestar-se contra, alegando falta de dados científicos que comprovem a sua eficácia e segurança e a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) a concordar sob condições controladas e específicas.

 

Alimentação saudável
O Governo lança na sexta-feira a campanha "O Açúcar Escondido nos Alimentos" para promover a saúde dos portugueses,...

A campanha, financiada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e inserida no Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, pretende alertar os portugueses para os perigos que se podem esconder nos rótulos dos alimentos e para o risco associado ao elevado consumo de açúcar.

O lançamento da campanha conta com a participação do humorista Herman José, da atriz Joana Solnado e do ator Lourenço Ortigão e coincide com o dia em que será formalizado um protocolo inédito com aquelas quatro estações televisivas, "em moldes nunca antes vistos".

A cerimónia está prevista para o Palácio da Rocha do Conde d'Óbidos (Cruz Vermelha Portuguesa), em Lisboa, com a presença dos representantes dos quatro canais de televisão e do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo.

"Na base da responsabilidade social, os quatro canais aceitaram passar, em simultâneo, ao longo do ano, mensagens promotoras de saúde pública, sendo a primeira a do açúcar - realizada por André Badalo e produzida pela FunnyHow", indica um comunicado do Ministério da Saúde.

A mesma nota salienta que o Ministério definiu como um dos seus eixos prioritários de ação a promoção de saúde pública, dando especial ênfase às áreas da alimentação saudável, luta contra o tabagismo e atividade física.

"Sendo claro que a mudança de comportamentos se consegue, em grande parte, com educação, o Ministério da Saúde acredita que a aposta na literacia e, neste sentido, em campanhas nacionais de promoção de saúde pública se traduzirá em melhorias nos comportamentos e nos estilos de vida dos Portugueses. E, por conseguinte, na saúde de todos", justifica o Governo.

De acordo com dados governamentais, cerca de um terço das crianças portuguesas tem excesso de peso ou já sofre de obesidade e considerando a população adulta essa percentagem ultrapassa os 50 por cento.

"Os dados mais recentes mostram ainda que um em cada dez portugueses sofre de diabetes. É preciso inverter este caminho que está a roubar anos de vida saudáveis aos portugueses. E essa mudança terá de passar, desde logo, por uma alteração nos hábitos de consumo alimentares, como a redução na ingestão de sal, açúcar e gorduras trans", alerta o mesmo ministério.

 

Ordem dos Médicos
A Ordem dos Médicos criou uma morada eletrónica para os clínicos denunciarem situações de “deficiência e insuficiência” no...

O anuncio foi hoje feito pelo bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, após ter acompanhado um grupo de recém-especialistas da área hospitalar que entregaram no Parlamento uma carta aberta a contestar o facto de 700 profissionais estarem há largos meses à espera da abertura de concurso.

O bastonário explicou que estas duas “formas inéditas” dos médicos protestarem contra o estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que considerou “mau”, visam alertar a tutela para as situações de “deficiência e insuficiência” que atingem o setor.

Em relação à morada eletrónica (denuncias@ordemdosmedicos.pt), Miguel Guimarães espera que possa ser um meio para a OM conhecer os problemas que atingem os hospitais.

A outra medida pretende alertar o ministro da Saúde, mas também o da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, para “os problemas que pode causar a dita medicina tradicional chinesa”, a propósito da publicação da portaria que valida a criação de ciclos de estudo que conferem o grau de licenciado em medicina tradicional chinesa.

A portaria foi publicada este mês e recebeu a contestação imediata da OM, que acusou o Governo de ameaçar a saúde dos portugueses validando cientificamente práticas tradicionais chinesas através de uma licenciatura.

Na Comissão Parlamentar de Saúde, Miguel Guimarães esteve acompanhado de médicos recém-especialistas que aguardam colocação há meses, bem como por representantes da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Com 3.000 assinaturas, entre as quais nomes como o cirurgião Gentil Martins ou o especialista em transplantes Linhares Furtado, a carta foi apresentada por Miguel Guimarães como “feita por jovens médicos que esperam por concurso há meses, alguns há um ano”.

Para o bastonário, esta é “uma situação única”, uma vez que estas centenas de recém-especialistas aguardam há tanto tempo por concurso, apesar das carências destes profissionais nos hospitais.

Sobre a justificação do ministro da Saúde, que quarta-feira disse que está no Ministério das Finanças o processo para abrir o concurso para estes médicos, Miguel Guimarães disse que a mesma não pode ser aceite.

“Não podemos aceitar que as responsabilidades se passem para as Finanças”, afirmou, lembrando que “quem manda na saúde é o ministro da Saúde”.

Inês Mesquita, anestesiologista que aguarda pela abertura do concurso e que hoje esteve presente no Parlamento, apelou à ajuda para que estes médicos possam ajudar os portugueses.

“Temos de estar nos hospitais que nos deram a formação e não onde somos necessários”, lamentou, mostrando disponibilidade para ocupar uma vaga num hospital carenciado da sua especialidade.

Para o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, o ministro da Saúde “não é capaz de fazer o trabalho que lhe compete”.

O médico classifica como “paradoxo” a existência de 700 médicos a aguardar colocação, quando existem tantas unidades onde são precisos.

A situação foi igualmente lamentada por Guida da Ponte (FNAM) e José Carlos Almeida (SIM), para quem a situação é “incompreensível”.

O vice-presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, Moisés Ferreira, garantiu aos promotores da carta aberta que o atraso nos concursos para a colocação destes médicos está a ser acompanhado por este grupo.

 

Shire Portugal
O caminho até ao diagnóstico de doença rara é emocional, física e financeiramente desafiador, e impacta significativamente a...

"Reconhecemos que o Dia Mundial das Doenças Raras deve ser assinalado junto da comunidade que vive com uma doença, sendo que para isso trabalhamos todos os dias como um representante dos milhões de pessoas afetadas, das suas famílias e cuidadores e dos médicos que tratam doenças raras", afirma Carla Benedito, diretora geral da Shire Portugal. "A nossa missão é impulsionar a pesquisa e desenvolvimento, além de apoiar as pessoas que vivem com doenças raras, particularmente para aqueles que têm, ainda, muito poucas opções de tratamento disponíveis. Esforçamo-nos, através dos nossos medicamentos e abordagens científicas inovadoras e fornecendo recursos de acesso e apoio, para ser um líder e parceiro valorizado para a comunidade de doenças raras".

Uma das iniciativas a que a Shire se associou este ano foi à Comissão Global para Acabar com a Odisseia do Diagnóstico de Crianças com uma doença rara (Global Commission to End the Diagnostic Odyssey for Children with a Rare Disease). A Shire, a Microsoft e a EURORDIS uniram-se para enfrentar o desafio do diagnóstico multianual a que muitos pacientes são sujeitos, trabalhando com o objetivo de quebrar barreiras ao diagnóstico. A Comissão é parceira de especialistas vindos de vários setores, incluindo associações de doentes, instituições académicas e de investigação, sistemas hospitalares e de saúde, organizações políticas, empresas de tecnologia e biotecnologia, que se juntaram para desenvolver um roteiro necessário de apoio ao campo das doenças raras no acelerar do tempo de diagnóstico.

Estima-se que existam 350 milhões de pessoas em todo o mundo com doenças raras.

 

Saúde mental
Estudo que incluiu mais de 100 mil homens e mulheres que já tiveram depressão considerou todos os tipos de antidepressivos mais...

Há evidências muito fortes de que os antidepressivos são eficazes no tratamento à depressão aguda em adultos. Esta é a conclusão de um estudo, que se prolongou durante seis anos, e que foi agora publicado. Os autores sublinham a importância de um estudo sobre uma doença que afeta 350 milhões de pessoas em todo o mundo e cuja prevalência está a aumentar.

A revista The Lancet publicou um estudo de revisão de 522 ensaios clínicos, com 21 antidepressivos diferentes. A recolha de dados abrangeu 116 477 homens e mulheres que tiveram depressão e que foram alvos de tratamento clínico, pelo menos, durante dois meses, escreve o Diário de Notícias.

Os cientistas envolvidos neste estudo são da opinião de que todos os tipos de antidepressivos estudados, sem exceção, foram mais eficazes no objetivo de diminuir os sintomas de depressão ao longo do tempo do que o placebo - considerando um antidepressivo eficaz aquele que conseguisse diminuir a sintomatologia em 50%.

"Os antidepressivos são uma ferramenta eficaz para a depressão. A falta de tratamento para a depressão é um enorme problema por causa do impacto na sociedade", justificou Andrea Cipriani do Oxford Health Biomedical Research Centre, que liderou o estudo

A surpresa foi parcial, pois esperava-se que alguns antidepressivos se mostrassem mais eficazes do que o placebo, mas ninguém perspetivava que todos se mostrassem superiores ao placebo. "Estávamos abertos a qualquer resultado, por isso podemos dizer que esta é a resposta final a uma dúvida de anos", disse o investigador principal do estudo, Andrea Cipriani, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Entre os antidepressivos também foi possível estabelecer um ranking de eficácia. Agomelatina, amitriptilina, escitalopram, mirtazapina, paroxetina , venlafaxina e vortioxetina foram aqueles que se mostraram mais combativos no ataque à redução dos sintomas. Os menos eficazes, concluíram os autores do estudo, mostraram ser a fluoxetina (Prozac, um dos menos eficazes mas dos mais bem tolerados), a fluvoxamina, a reboxetina e a trazodona.

 

Participação gratuita
Promover um maior conhecimento sobre as várias vertentes da saúde e incrementar o interesse da população sobre esta área é o...

Esta iniciativa da Universidade Nova, mais especificamente da Nova School of Business & Economics (Nova SBE) e da Nova Healthcare Initiative (Nova HI), pretende transmitir os conhecimentos produzidos em ambiente académico aos portugueses e abrir a universidade a todos aqueles que tenham interesse em explorar os temas da saúde e assim desenvolverem uma participação mais ativa na sociedade.

“Métodos estatísticos aplicados à saúde”, “Análise de intervenções em saúde”, “Value-based health care”, “Análise económica”, “Economia da saúde”, “Análise de desigualdades em saúde”, “Gestão em saúde: análise de processo” e “Liderança, cultura e gestão da mudança” são os módulos disponibilizados pela Nova SBE através da Nova HI.

Pedro Pita Barros, João Marques Gomes, Julian Perelman e Céu Mateus são alguns dos nomes que fazem parte desta iniciativa e que irão partilhar os seus conhecimentos com os presentes. A participação nesta iniciativa é gratuita mediante inscrição através do e-mail: info@novahi.pt.

A Nova SBE é uma das escolas portuguesas de gestão e de economia mais conceituadas e que dá agora a conhecer e põe em prática o trabalho desenvolvido pela Nova HI, unidade de investigação e de consultoria da Nova SBE para as áreas de gestão e de economia da saúde, de saúde pública e de políticas de saúde. Esta unidade produz e dissemina conhecimento científico com o objetivo de contribuir para tomadas de decisão informadas e devidamente fundamentadas.

Para mais informação consulte: https://www.facebook.com/novahealthcareinitiative/ e http://www.novahi.pt.

 

Doença afeta entre 50 a 60 mil portugueses
A Epilepsia é uma doença que resulta de uma perturbação do funcionamento do cérebro, devido a uma de

Conhecida desde a antiguidade, já era representada em papiros e atribuída a entidades sobrenaturais. Hipócrates (460-375 A.C.) reconheceu pela primeira vez que a epilepsia é uma doença do cérebro. Todavia, apesar da grande evolução e progresso no conhecimento médico, com novas opções de tratamento farmacológico e cirúrgico disponíveis, vários séculos depois ainda existe bastante desinformação e alguns preconceitos relacionados com esta doença. 

A sua incidência é elevada, atingindo cerca de 4 a 7 por cada mil habitantes, e estimando-se que existam cerca de 50 000 a 60 000 doentes com epilepsia em Portugal.

A Epilepsia é caracterizada pela repetição espontânea de crises epilépticas, de diversos tipos e cujas manifestações clínicas são diferentes, de acordo com o local de onde se originam as crises. Poderá manifestar-se por convulsões com contração maciça de toda a musculatura, ou apenas por uma perturbação do comportamento habitual. De uma forma simplista poderemos agrupar em crises focais, originadas em redes limitadas a uma área do cérebro ou em crises generalizadas, que rapidamente atingem as redes neuronais bilaterais.

A distinção entres estas duas categorias tem implicações terapêuticas e prognósticas, por isso é fundamental uma descrição exaustiva das crises com vista a identificar uma síndrome especifica.

O que causa a Epilepsia?

A expressão da epilepsia num indivíduo é o resultado de múltiplos fatores genéticos e ambientais. Esta é uma área em grande evolução e atualmente as causas são agrupadas em (1) Genéticas (2) Estruturais (3) Metabólicas (4) Imunológicas (5) Infeciosas e (6) Desconhecidas.

Como se faz o diagnóstico?

O diagnóstico é fundamentalmente clínico e baseia-se na história clínica, sendo importante a história familiar, os antecedentes pessoais e sobretudo a descrição pormenorizada dos acontecimentos. Na descrição da crise importa caracterizar muito bem a situação em que ocorreu (sono/alerta, repouso/exercício), o que estava a fazer, a sequência exata de acontecimentos e o estado após a crise. Na maioria dos casos será necessário recorrer a exames complementares, Electroencefalograma (EEG) e Ressonância magnética cerebral, para ajudar a definir o tipo de Epilepsia e orientar a terapêutica farmacológica ou eventualmente cirúrgica.

Qual é o tratamento?

O tratamento é geralmente farmacológico. A terapêutica deve ser mantida durante, pelo menos, dois anos com reavaliações periódicas. Em determinadas situações, sobretudo nalgumas crianças, será possível suspender a medicação, mas sempre sob aconselhamento médico. No entanto, na maioria dos casos deverá manter-se ao longo da vida. É importante salientar que nem todas as crises epilépticas são controláveis, cerca de um terço dos doentes poderão necessitar de várias tentativas de ajuste da medicação, alguns de uma dieta especial (dieta cetogénica) e nalguns doentes poderá estar indicado um tratamento cirúrgico. Este consiste em retirar uma parte do tecido cerebral, a zona onde se iniciam as crises, sem retirar tecido que possa prejudicar o normal funcionamento do cérebro, mas tem indicações específicas.

O que fazer perante uma crise epiléptica?

A principal atitude é:

  • manter a calma;
  • não tentar restringir os movimentos, desapertar o colarinho;
  • evitar traumatismo da cabeça, colocando a mão, ou um casaco dobrado, debaixo da mesma;
  • recomenda-se ainda desviar móveis ou objetos que possam magoar;
  • Colocar a pessoa na posição lateral de segurança quando os abalos (‘convulsões’) pararem.

O que não deve fazer

  • nunca colocar nada na boca, nem puxar a língua, não existe o perigo se enrolar ou obstruir a passagem de ar, como comummente se pensa;
  • nunca dar água;
  • deve manter-se junto à pessoa e esperar que a crise passe.

Quando levar ao Hospital

  • Dirija-se ao hospital apenas se tiver uma primeira crise, se esta durar mais de 5 minutos, se a pessoa não recuperar a consciência ou se houver algum traumatismo ou ferimento decorrente da crise;
  • Se o doente sofrer uma crise epiléptica como tantas outras, não é necessário chamar a ambulância ou ir ao hospital.
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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Presidente
A presidente da Raríssimas, Margarida Laygue, alerta que a associação corre o risco de fechar caso os mecenas deixem de a...

“Efetivamente há esse risco, não vou negar, mas estamos a trabalhar para inverter a situação”, afirmou, na Casa dos Marcos, na Moita, a nova presidente da Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras.

Segundo Margarida Laygue, o Estado “tem sido exemplar” e tem “permitido continuar” o trabalho da associação, que apoia 247 utentes.

[O Estado continua] “a apoiar-nos como sempre apoiou nas contratualizações que fazemos, dos utentes que recebemos do Estado”, o que permite continuar o serviço em determinadas valências, frisou.

No entanto, “há uma percentagem grande” do trabalho da instituição que “sobrevive com o apoio dos mecenas e essa parte está a ser afetada”.

“Não estarmos continuamente a receber esses apoios vai fazer com que haja um risco” de a instituição fechar portas, advertiu.

Quando fez um mês que tomou posse, no início de fevereiro, Margarida Laygue apelou em conferência de imprensa para a ajuda dos portugueses, principalmente dos mecenas, para salvar a instituição.

Depois deste apelo, disse que houve “algumas manifestações” de pessoas que escreveram a dizer que queriam contribuir com algum donativo e de duas empresas.

“Infelizmente não teve a extensão de impacto que pretendíamos que tivesse, mas não desistimos e vamos continuar”, afirmou Margarida Laygue, reconhecendo que “do ponto de vista geral” pensou que “iria mobilizar muito mais” apoios e reiterando que vai prosseguir o trabalho de recuperar a confiança dos portugueses.

Apesar de reconhecer que ainda “é muito pouco tempo” para a direção dar provas, pediu aos portugueses para darem “um voto de confiança” no trabalho que está a desenvolver.

Alguns passos já foram dados para salvar a instituição, como “cortar alguns custos que não eram imprescindíveis para a associação” e negociar com os fornecedores para se reduzir as despesas mensais.

Uma “auditoria certificada às contas de 2017”, “rever o orçamento traçado”, contactar com os mecenas e a criação de um sistema para que estes sejam informados sobre como foram aplicadas as verbas doadas são outras medidas em desenvolvimento, adiantou.

Apesar de toda a polémica que envolveu a Raríssimas e que levou à destituição da antiga presidente, Paula Brito da Costa, que foi constituída arguida, a associação conseguiu garantir que “todos os serviços continuassem a funcionar” com o apoio dos colaboradores que fizeram “um esforço para continuar com as suas obrigações”.

Os pais também “estão tranquilos”, porque “nada foi interrompido” nos serviços terapêuticos e de acompanhamento, no lar, na unidade de cuidados continuados e no centro de reabilitação.

Para Margarida Laygue, “o importante é a causa” e a instituição poder “permanecer para além das pessoas” que a estão a dirigir.

“Eu estou só a fazer um papel e por isso chamo a atenção e digo que a Paula Costa e a Margarida Laygue não são nada importantes ao lado da causa que é a Raríssimas”, vincou.

No entanto, reconheceu que o caso que envolve a anterior presidente levou a que se fizessem conotações com a instituição.

“Acho que, até certo ponto, foi personalizada essa obra e associada à pessoa que fez este trabalho notável efetivamente. Fazem essas ligações, o caso foi mediático, o foco foi muito nessa pessoa e é normal que façam essas conotações”, referiu.

Paula Brito da Costa, fundadora da Raríssimas, demitiu-se da presidência após uma reportagem da TVI em que se levantavam suspeitas sobre a sua gestão, nomeadamente a utilização de verbas da instituição para diversos gastos pessoais.

Sobre o que a levou a abraçar este desafio, Margarida Laygue disse que foi o facto de também ser mãe de “uma menina rara”, que frequenta diariamente há mais de um ano e meio a Casa dos Marcos para fazer os tratamentos e terapias que precisa.

“Quando surgiu esta polémica na televisão (…) fiquei bastante preocupada”, afirmou, porque “infelizmente não existem assim tantas respostas que congreguem tantas especialidades de reabilitação como a Raríssimas consegue fazer na Casa dos Marcos”.

Pensou que “era essencial ajudar de alguma forma, fosse ela qual fosse, para que a Raríssimas continuasse”.

Os impactos de não haver direção “podiam ser bastantes negativos” e alguém “tinha de assumir este papel”.

Quando pais e colaboradores decidiram apresentar uma lista, Margarida Laygue disse que se sentiu “impelida, quase que instintivamente, para o fazer”.

“Foi tudo muito rápido, acho que nem eu estava bem preparada na altura, mas era o meu coração de mãe a falar mais alto de que tínhamos de fazer qualquer coisa”, observou.

“Assim foi, a nossa lista ganhou e cá estamos nós com um desafio enorme pela frente para ajudar a Raríssimas a continuar o seu trabalho”, disse ainda.

 

Estudo da Empregabilidade
Cerca de 70% dos dentistas que trabalham no estrangeiro não pretendem regressar a Portugal, segundo dados da Ordem dos Médicos...

Segundo o Estudo da Empregabilidade realizado aos dentistas portugueses, apenas 30% dos profissionais emigrados pretende voltar a Portugal, mas sem um horizonte de tempo definido.

De acordo com a Ordem dos Médicos Dentistas, um em cada dez dentistas portugueses está a trabalhar no estrangeiro, sendo um total de 1.500 em 11 mil profissionais no ativo.

“Não estamos a dar condições de segurança, condições de remuneração e de carreira. O que estamos a oferecer em Portugal é uma grande precariedade a estes jovens médicos dentistas. E grande parte deles vai exercer para o estrangeiro, nomeadamente para países da Europa”, afirmou o bastonário, Orlando Monteiro da Silva.

A larga maioria dos emigrados que não pretende sequer regressar a Portugal indica que, no estrangeiro, tem melhores condições de trabalho e de vida.

Segundo o Estudo da Empregabilidade, realizado no ano passado e agora divulgado, 60% dos dentistas a exercer em Portugal trabalham em dois ou mais consultórios e mais de metade dos que se formaram há menos de uma década trabalha em mais de quatro consultórios.

O bastonário dos Médicos Dentistas sublinha que as condições de trabalho são difíceis, sobretudo para os médicos mais jovens, que trabalham muitas horas, em vários consultórios ao mesmo tempo e com deslocações grandes, por vezes a uma ou duas horas do local de residência.

“Os nossos colegas mais jovens, sobretudo com menos de 10 anos de profissão têm uma grande precariedade, remunerações baixas, sem perspetivas de carreira e isso leva-os, nomeadamente, à emigração. É fundamental que a sociedade e os candidatos ao curso de Medicina Dentária se informem sobre as condições de emprego que vão encontrar e que desfaçam essa ideia de que a medicina dentária é uma profissão onde se ganha muito bem. Não é assim de há muito tempo a esta parte”, aconselha Orlando Monteiro da Silva.

Ao Governo, a Ordem dos Médicos Dentistas recomenda e apela a que sejam reduzidas as vagas nos sete cursos de Medicina Dentária existentes em Portugal.

“Parece-me óbvio que as faculdades têm de repensar a sua oferta para não continuarmos a formar pessoas para as convidarmos a exercer fora de Portugal”, indica o bastonário, lembrando que todos os anos saem dos cursos entre 600 a 700 novos licenciados em medicina dentária.

O responsável defende que este valor devia ser progressivamente reduzido, pelo menos 10 a 15 por cento por ano, apostando antes na formação pós-graduada.

Aliás, Portugal tem um médico dentista por cada mil habitantes, quando as recomendações internacionais apontam para um profissional para 1.500 a 2.000 habitantes.

“As próprias faculdades sabem que estão a formar médicos dentistas ou para o desemprego ou, talvez ainda mais grave, para o subemprego, a precariedade. Um médico dentista, por ser uma profissão ainda liberal, raras vezes se pode considerar desempregado. Ele está é numa situação grave de subemprego”, comenta o bastonário dos Médicos Dentistas.

 

Saúde oral
A Ordem dos Médicos Dentistas quer que o Estado comparticipe cuidados de saúde oral aos utentes do Serviço Nacional de Saúde,...

“Era fundamental [criar] uma comparticipação para os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) quando não exista médicos dentistas nos centros de saúde, para complementar o programa do cheque dentista e para a generalidade da população. É preciso criar mecanismos de comparticipação das consultas. Para ajudar as famílias, até da classe média, a ter acesso à medicina dentária”, refere o bastonário dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva.

De acordo com o Estudo da Empregabilidade realizado no ano passado e agora divulgado pela Ordem, entre 50 a 60 por cento dos utentes em Portugal pagam integralmente no ato da consulta ou do tratamento no médico dentista.

Há ainda 13 a 16% que paga através de seguro de saúde, 10 a 13% por subsistema público e cinco a sete por cento por plano de saúde. Depois, cerca de 6% por cheque dentista e três a cinco por cento a crédito.

Apesar de 44% dos médicos dentistas considerarem que o número de utentes subiu entre 2016 e 2017, a Ordem sublinha que há uma larga fatia da população que “não tem capacidade económica para ir ao médico dentista”.

“As pessoas que não têm capacidade económica não vão ao médico dentista e as que não vão também não têm capacidade para fazer um seguro [de saúde]. É preciso investir muito no acesso à medicina dentária, criar outros mecanismos que ajudem os portugueses com menores recursos. Mesmo a classe média está impedida, em grande parte, de ter acesso à medicina dentária, porque apenas está presente no setor privado”, afirma Orlando Monteiro da Silva.

Embora aplauda os projetos que há menos de dois anos começaram a integrar médicos dentistas nos centros de saúde, o bastonário indica que a presença de dentistas no SNS ainda é tímida.

Por isso, defende comparticipações para ajudar a população a recorrer à medicina dentária.

A Ordem dos Médicos Dentistas chegou já a propor a criação de um seguro estatal para a saúde oral que funcione à semelhança da ADSE dos funcionários públicos.

Segundo um estudo apresentado pela Ordem em 2016, o Estado precisaria de 280 milhões de euros anuais para dar a todos os utentes acesso a cuidados de medicina dentária em regime de convenção com consultórios privados.

O custo anual de 280 milhões de euros permitiria incluir cerca de 90% dos cuidados de saúde para todos os utentes do SNS. Ou seja, naqueles custos estão contemplados os cuidados e tratamentos mais frequentes, como extrações, desvitalizações ou limpezas.

O estudo e 2016 apresentou vários cenários para aumentar o acesso dos portugueses a cuidados de saúde oral e recomenda que se opte pelo aumento da cobertura pública através de prestação privada, um regime convencionado como já acontece noutras áreas (análises clínicas, por exemplo).

A aplicação deste regime aponta para um encargo SNS de 280 milhões de euros por ano, o que daria uma despesa de 28 euros por cada português.

 

Casa de Saúde da Idanha
A robótica e terapias digitais no apoio a vítimas de demência está em destaque no congresso internacional dedicado às doenças...

O psiquiatra Pedro Varandas, diretor da Casa de Saúde da Idanha, onde se realiza o congresso, disse que já começou o uso de robôs e meios digitais na assistência a doentes em países como os Estados Unidos e o Japão.

Assinalando o envelhecimento da população portuguesa, o coordenador científico do congresso defendeu que "Portugal terá que pensar muito seriamente o que quer fazer nesta área", uma vez que não existe uma rede de cuidados específicos para estas doenças, que se estima que afetem "entre 50 mil a 60 mil pessoas" no país.

"Os equipamentos para internamento, por exemplo, são muito escassos. Quando as pessoas precisam de ser internadas, até por outras patologias, vão para dispositivos desadequados", referiu.

Meios digitais e robóticos que interagem com os doentes providenciam "conforto e dignidade" para os doentes, como "Paro", um robô com um grau de inteligência artificial que permite a interação com pessoas como se fosse um animal de estimação, e cujo criador, Takanori Shibata, estará presente no congresso.

"Estas doenças não podem ser travadas, mas podem ser estabilizadas", disse Pedro Varandas, acrescentando que há "técnicas neuro-psiquiátricas" modernas que visam alguma "reabilitação cognitiva", tentando recuperar áreas da memória e melhorar o desempenho intelectual dos doentes, maioritariamente de idade avançada.

O risco genético é um fator importante no desenvolvimento destas doenças, entre as quais sobressai o Alzheimer, mas os riscos ambientais decorrentes de "estilo de vida, alimentação, exercício", são também determinantes, disse.

Com as comunicações do congresso, que decorre quinta e sexta-feira, pretende-se fazer um ponto de situação nos cuidados prestados e no conhecimento científico mais atual.

 

Banco Farmacêutico
Os portugueses doaram 15.000 medicamentos e produtos de saúde, com um valor estimado em 60.000 mil euros, a 100 instituições de...

A X jornada de recolha de medicamentos, principal iniciativa do Banco Farmacêutico, realizou-se no sábado em 230 farmácias de todo o país e contou com o apoio de 600 voluntários.

Dados divulgados hoje pelo Banco Farmacêutico revelam que os portugueses doaram 15 mil medicamentos e produtos de saúde, mais 1.000 face ao anterior.

O número de farmácias aderentes também aumentou com mais dez a juntarem-se à iniciativa. “Embora tenha sido uma subida ligeira, permitiu ao Banco Farmacêutico estar, pela primeira vez, presente em todos os distritos de Portugal Continental”, referiu a organização em comunicado.

“Aumentamos o número de farmácias, de voluntários, de instituições apoiadas e de medicamentos doados, o que nos possibilita ajudar milhares de pessoas, que de outra forma não teriam possibilidade de adquirir estes medicamentos”, afirma o presidente do Banco Farmacêutico, Luís Mendonça, citado no comunicado.

Desde 2009, ano em que a iniciativa decorreu pela primeira vez em Portugal, o Banco Farmacêutico ajudou instituições de solidariedade social com 97.000 medicamentos e produtos de saúde.

O Banco Farmacêutico afirma que “o empenho das farmácias aderentes e respetivas equipas foi essencial para o sucesso da iniciativa, pela sua participação ativa na divulgação e ligação às comunidades onde se inserem, sensibilizando-as para esta causa”.

Foi “igualmente importante o papel que os voluntários desempenharam ao longo de toda esta ação, estando presentes em cada farmácia e divulgando o Banco Farmacêutico a todos os utentes”, sublinha.

 

Pediatra IPO/Porto
As células dendríticas foram um negócio que entrou em decadência, pois os pais das crianças com cancro deixaram de falar nelas,...

Armando Pinto falava durante o Fórum “Cancro Pediátrico”, organizado pela associação Lions e que hoje reúne, em Lisboa, vários especialistas em oncologia pediátrica.

Para o diretor do serviço de pediatria do Instituto Português de Oncologia (IPO), faz parte do dia a dia dos médicos que atendem crianças com cancro responder a dúvidas dos pais sobre as terapias alternativas.

“O dr. google entra todos os dias nos nossos serviços e consultórios. O que eu tento explicar é que algumas dessas terapias são puramente experimentais e, embora não seja contra as experiências, elas não passam disso”, disse.

Há alguns anos, muitos foram os pais de crianças com cancro que questionaram a eficácia das células dendríticas - que atuam ao nível do sistema imunitário e são usadas em tratamentos ainda experimentais - sobre as quais existia um aceso debate nas redes sociais, mas o assunto “saiu de cena”.

“Inicialmente foi uma experiência e depois transformou-se num negócio rentável que está a entrar em decadência. Saiu de cena, pois os pais deixaram de falar nele”, adiantou Armando Pinto.

Este médico recordou que o IPO do Porto está ligado em rede aos outros centros europeus e que às crianças e aos seus pais é sempre proposto o tratamento considerado mais adequado.

Nesta escolha não são feitas contas, conforme afirmou Armando Pinto: “Tratamos os doentes e não pensamos em contas”, disse.

Em relação a esta área da medicina, o especialista partilhou com a audiência que é muitas vezes questionado sobre como consegue tratar estes doentes, tão novos.

“Aos doentes é que deve ser perguntado como aguentam as doenças. Os médicos são uns privilegiados porque podem ajudar os doentes e fazer qualquer coisa para mudar o mundo”, sublinhou.

Ao serviço de pediatria do IPO do Porto chegam todos os anos 100 novos casos, o que representa um por cento dos 10.000 novos doentes que a instituição trata.

“Somos os senhores um por cento do IPO do Porto”, ironizou, recordando que, apesar de todos os profissionais de saúde reconhecerem a importância de as crianças serem tratadas o melhor possível, estes são os primeiros a recusar fazê-lo, alegando tratar-se de casos para a pediatria.

Neste serviço, um novo caso é tratado como um incêndio: “Todos os canais têm de ser ativados e depressa. Os pediatras têm pressa”, disse, referindo-se ao facto de a maioria das doenças oncológicas serem de crescimento rápido nas crianças.

Em Portugal surge uma nova criança com cancro todos os dias.

Na Europa, todos os anos são registados 35.000 novos casos de cancro em crianças e jovens até aos 24 anos.

 

Câmara de Gaia
A Câmara de Vila Nova de Gaia vai distribuir gratuitamente vacinas que não estão previstas no Plano Nacional de Vacinação,...

Em declarações, Eduardo Vítor Rodrigues explicou que o Programa Municipal de Vacinação, que foi aprovado na segunda-feira em reunião de câmara, "pela primeira vez faz uma cobertura de várias faixas etárias vulneráveis com vacinas para além do Plano Nacional de Vacinação".

"A expectativa é que o plano sirva para um objetivo social e seja interpretado como uma mais valia para quem nasce em Vila Nova de Gaia. Queremos garantir que ninguém fica fora de vacinas que são absolutamente decisivas", disse o autarca.

Em causa estão a Rotavirús (sobre a principal causa de gastroenterite aguda em todo o mundo), a Pneumocócica (evita infeções graves, indicada para crianças até aos dois anos) e a Bexero (protege contra a meningite B).

Serão abrangidos bebés nascidos no hospital de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, bem como idosos, adultos portadores de doenças crónicas e outros grupos de acordo com a sinalização que a rede venha a fazer.

"Associamos algum deste trabalho a uma relação forte com as unidades de pediatria e obstetrícia do Hospital de Gaia. Além do aspeto social, temos uma missão de caráter estratégico que visa a sustentabilidade dos nascimentos em Gaia", disse Eduardo Vítor Rodrigues.

O presidente da câmara avançou que o plano "deverá entrar em vigor rapidamente", tendo um financiamento entre os 380 mil euros e os 400 mil euros por ano.

A expectativa é de que venha a beneficiar cerca de 1.800 crianças, 25.000 idosos e entre 10.000 e 15.000 pessoas de outros grupos, cuja adesão dependerá da vontade das famílias e da sinalização feita.

"Espero que se traduza para as famílias numa resposta economicamente vantajosa", concluiu o autarca.

 

Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge
A representatividade dos doentes e das associações é o mote para a conferência 2018 da Aliança Portuguesa para as Doenças Raras...

O debate terá lugar a 27 de fevereiro, a partir das 9h30, no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), antecipando o Dia Mundial das Doenças Raras que se assinala a 28 de fevereiro.

“Na Europa existem vários exemplos de Alianças Nacionais que congregam centenas de associações de doentes. Em Portugal muitas das associações de doenças raras não se encontram representadas em nenhuma das duas estruturas agregadoras existentes”, explica Marta Jacinto, presidente da Aliança Portuguesa de Associações de Doenças Raras. “É urgente analisar e avaliar a forma como se congregam as associações para as doenças raras. No panorama atual é necessária uma estrutura forte, coesa, agregadora e representativa de todas as associações de doenças raras, para que se possa defender as necessidades de quem vive com uma doença rara, sensibilizar a opinião pública e representar as associações e as doenças raras de forma transversal junto das entidades decisoras tanto em Portugal como na Europa”, acrescenta a responsável justificando a escolha do tema para o debate deste ano.

O evento “Mostre que apoia as Doenças Raras” irá ainda promover e divulgar as práticas de investigação e acesso a tratamento em doenças raras em Portugal, chamando a atenção para a importância do papel das associações no desenvolvimento de políticas, programas de investigação e protocolos para doenças raras específicas.

Durante a parte da manhã, as temáticas irão assim incidir sobre as questões da investigação. A parte da tarde terá como foco de discussão a representação dos doentes e das associações, desde os fundamentos legais aos modelos de funcionamento das Alianças Nacionais de Associações na Europa.

Consulte o programa completo em www.aliancadoencasraras.org/ddr2018.html

 

Desafio da Quercus
A Quercus desafia os portugueses a desistirem dos produtos descartáveis durante 40 dias, no âmbito de uma iniciativa europeia...

Chamada "#40 dias sem plástico", a campanha vai decorrer no período da Quaresma (assinalado por alguns grupos cristãos antes da Páscoa) e é divulgada em Portugal pela associação de defesa do ambiente Quercus.

Trata-se de "um desafio ambiental europeu e diário que convida a desistirmos dos produtos descartáveis e a sensibilizar as populações para modos de vida mais amigos do ambiente", explica a Quercus em comunicado.

Segundo a coordenadora da área dos resíduos da associação, Carmen Lima, "Portugal está em linha com os países que mais consomem este tipo de produtos, mas alguns deles, como a França e o Reino Unido, já [têm] legislação pronta para eliminar o [seu] uso" e reduzir o consumo de plásticos, escreve o Sapo.

A associação espera que Portugal passe rapidamente a fazer parte deste grupo de países e avança que, estimativas citadas pelos ambientalistas referem ser consumida por ano nos restaurantes uma quantidade de palhinhas suficiente para dar a volta ao planeta cinco vezes.

Vários partidos apresentaram já propostas visando a proibição ou redução do uso de utensílios descartáreis nos restaurantes, diplomas que estão a ser analisados na Assembleia da República.

Partículas levam à morte e contaminação de animais
"A situação não é animadora", salienta a associação, já que o consumo de produtos descartáveis está a crescer e estudos recentes mostram que 259 milhões de copos de café, 10 mil milhões de beatas de cigarros, 40 milhões de embalagens de 'take-away', mil milhões de palhinhas de plástico e 721 milhões de garrafas descartáveis são consumidos em Portugal em cada ano.

Plásticos, como cotonetes, palhinhas ou sacos de plásticos descartáveis, vão parar aos oceanos e deterioram-se, dando origem a pequenas partículas que são ingeridas pelos animais e levam à sua morte.

Saúde dos humanos em risco
Os microplásticos também são um ingrediente de muitos cosméticos e produtos de higiene pessoal, como exfoliantes para cabelo, corpo e rosto, pastas e cremes dentais, entrando na rede de esgotos, mas como são demasiado pequenos para serem completamente filtrados nos sistemas de tratamento vão para os rios e mares.

Estas partículas acabam por entrar na cadeia alimentar dos humanos, "podendo colocar a saúde em risco", alerta a Quercus.

A poluição do mar pelos plásticos é um problema global. Em 1990, a produção de plástico era metade da atual e daqui a alguns anos poderá existir no oceano mais plástico do que peixe, se nada for feito para evitar o elevado consumo deste material, conclui.

 

Entrevista
Qual a diferença entre erro médico e evento adverso?

AdS: O que se pode entender por erro médico e evento adverso?

Um erro médico é uma falha, não intencional, que ocorre numa ação que é previamente planeada para se atingir determinado resultado. Ou seja, um desvio ou engano de um plano de cuidados previamente estabelecido, que resulta ou tem potencial em resultar em dano para o paciente.

Já o termo «evento adverso» é mais abrangente, englobando todo o tipo de incidentes que causam dano ao paciente e que estão relacionados com os cuidados que lhe são prestados e não com o curso da sua doença.

O erro médico é um dos exemplos que pode contribuir para um evento adverso, mas este não tem de ser necessariamente uma consquência de um erro.

AdS: Qual a diferença entre erro médico e negligência médica? São termos que facilmente se confundem? Porquê?

O erro médico, como referido anteriormente, pode ser traduzido numa falha, engano ou lapso de um plano que vai prejudicar o resultado esperado. No erro médico pressupõem-se que foram realizados todos os cuidados inerentes ao processo em causa e tomadas todas as devidas providências para o plano previamente estabelecido, no entanto, ocorre um desvio indesejado desse plano. Este erro pode acontecer a qualquer profissional diligente e, habitualmente, não está relacionado com a violação do dever ou dos cuidados daquele profissional.

No caso da negligência médica ocorre uma violação do dever e dos cuidados que são da responsabilidade do profissional e para os quais ele está capacitado. Ou seja, está relacionado com o incumprimento das regras ou dos cuidados médicos, transgressão do dever e pressupõe a existência de um tipo de culpa ou de atuação ilícita.

Como podemos perceber pelas suas definições, são termos que facilmente se confundem, até porque, na prática, nem sempre é fácil esmiuçar se o dano derivou de um erro não culposo ou, se pelo contrário, adveio de um erro culposo proveniente da falta de cuidado adequado e exigível a um profissional médico. E é deste dilema que é importante a abertura de processos de inquérito e investigação, para se descortinar e analisar o tipo de ocorrência.

AdS: Quais a causas de erro médico mais frequentes? E como podem estes ser classificados?

As principais causas de erro médico são lapsos ou erros de destreza, que resultam de distrações momentâneas e que fazem com que a ação planeada não seja realizada, sendo substituída por outra indesejada. Ocorrem, habitualmente, em pessoas mais experientes por défice de observância de regras, nomeadamente na repetição de atos habituais, omissões após uma interrupção, interferências, confusão na percepção, quebras na atenção.

Outro tipo de erro está associado a má aplicação de regras, por inadequada aplicação de regras boas (excesso de informação, força da regra, generalidade e adequação, rigidez na aplicação) ou má aplicação de regras más (regra mal concebida, desadequada para o caso ou mal aplicada). Os erros podem decorrer também, por exemplo, de má utilização do conhecimento.

Podem também ser classificados quanto à sua preventabilidade: erros preveníveis (os mais frequentes), potencialmente preveníveis ou não preveníveis. Ou quanto à fase do processo clínico: erros de diagnóstico, de terapêutica (os mais frequentes) ou de prevenção.

AdS: Tendo em conta que os cuidados de saúde podem ser prestados por uma equipa multidisciplinar, como se apuram responsabilidades?

Por regra há uma sucessão de pequenas falhas para que um evento adverso ocorra, e não é fruto exclusivo dum erro individual.

O modelo do queijo Suíço, proposto por James Reason em 2000, é uma interessante forma de analisar este contexto, onde para acontecer um evento grave é, por regra, necessário um alinhar de falhas, humanas e do sistema, até ocorrer esse evento. Em muitas ocasiões, acontece o designado “quase evento” em que são quebradas algumas regras de segurança mas felizmente o evento acabou por não suceder. Quer nos eventos, quer nos quase eventos é desejável uma consciencialização coletiva que falhas ou erros ocorrem a todos os profissionais, em todas as organizações, e para o seu bom funcionamento é importante haver um sistema de deteção, monitorização e correção precoce dos erros, objetivando eliminar a sua replicação futura.

Assim, por regra, deve-se evitar procurar o “bode expiatório” quando ocorre um evento grave, mas sim, procurar perceber melhor todas as falhas ocorridas que culminaram nesse evento e trabalhar, desde logo, coletivamente, no mecanismo de correção e evitar eventos futuros.

Portanto, de facto, em muitos casos há uma responsabilização coletiva, com menos ou mais responsabilidade de cada elemento, que deve ser ponderada, analisada, com eventuais punições se for oportuno, mas acima de tudo trabalhar-se para minimizar a probabilidade de erros voltarem a ocorrer.

AdS: São sempre abertos processos de inquérito ou investigação?

Na ocorrência de um evento ou quase-evento há varias formas de analisar a situação. Podem, por exemplo, ser contactadas as Ordens Profissionais respetivas para uma eventual investigação, pode ser ativado um mecanismo interno nos hospitais designado “Gestão de Risco”, que é analisado por uma equipa específica intra-hospitalar para esse fim.

Pouco comum ainda, em Portugal, é a implementação de equipas de “Segurança do Doente”, nas unidades de saúde, que analisam eventos e quase eventos ocorridos num determinado período de tempo, dialogando construtivamente sobre a possibilidade da implementação de medidas de melhoria para evitar a sua ocorrência futura. Um problema no contexto português na implementação deste tipo de mecanismos prende-se com uma excessiva cultura de culpabilização individual, que desincentiva os profissionais a partilharem com os colegas, de forma construtiva, as condições que foram propícias aos eventuais erros e que podem e devem ser corrigidas no futuro para uma melhor prestação de cuidados de saúde.

AdS: Quando dá conta da ocorrência de um erro médico ou evento adverso, o que deve o profissional de saúde fazer? 

No livro “Competências Clínicas Práticas e Preparação para OSCE”, no capítulo Segurança do Doente, os autores Ana Cláudia Carneiro e Jorge Fonseca fazem uma boa descrição de como agir nessas circusntâncias. Há um processo que deve ser seguido e, sem entrar em demasia nos detalhes explicitados pelos autores nessa obra, é importante reunir toda a informação necessária, as pessoas envolvidas, incluindo a presença do responsável superior que deve liderar o processo de comunicação.

O diálogo com os doentes e seus familiares deve ocorrer, sempre que possível, num local onde se garanta a adequada privacidade, e explicar calma e transparentemente os detalhes da ocorrência, mantendo disponibilidade para esclarecer quaisquer dúvidas nesse momento ou futuramente.

Deve ser dialogado sobre os possíveis passos clínicos futuros e, como em todas as decisões médicas, deve ser decidido em consenso com o doente ou seus tutores. Adicionalmente, é importante providenciar apoio adequado à família ou doente, como é o caso do apoio psicológico.

AdS: Já que refere que deve ser prestado apoio aos doentes e familiares, que tipo de apoio tem o profissional de saúde nestas circunstâncias?

Esta é uma excelente questão. O apoio aos doentes e seus familiares deve ser a prioridade de todas as instituições de saíde, e deve ser providenciado conforme descrito anterimente, com uma equipa dedicada, incluindo médicos, psicólogis e assistentes sociais que devem dar os cuidados necessários ao doente e familiares. Infelizmente, nem sempre existe capital humano suficiente para que esse apoio decorra conforme desejado.

Mas um aspeto muito negligenciado prende-se com o apoio adicional que pode e devia ser dado aos profissionais de saúde perante as circunstâncias de lidarem frequentemente com situação clínicas complexas, não apenas decorrente de eventuais erros mas muito frequentemente no seguimento de situações que culminaram com um desfecho clínico desfavorável, em que os doentes e seus familiares são os principais a sofrer com essas circunstâncias, mas os profissionais de saúde também são afetados. Na grande maioria das ocasiões deram o seu melhor, com adequada abordagem técnica, mas o desfecho infeliz cria um sentimento de impotência e até insegurança. É, de facto, importantíssimo maior apoio aos profissionais de saúde expostos frequentemente a estas circunstâncias, por vezes traumatizantes, e que contribuem também para os elevados índices de esgotamento que afetam muitos profissionais de saúde.

AdS: Para terminar, como se pode prevenir o erro em medicina?

Do ponto de vista institucional dever ser implementadas medidas facilitadoras de boas práticas em saúde, como por exemplo haver espaço físico, material e recursos humanos adequados às necessidades em cada organização. E esta é um responsabilidade maioritariamente do gestores da instituição.

Do ponto de vista profissional, em cada classe devem ser seguidas as boas práticas em saúde, ajustadas a cada contexto, se possível seguindo protocolos devidamente validados.

Será importante também a implementação de mecanismos de monitorização de eventuais erros, para os identificar, analisá-los e trabalhar no sentido de minimizar a possibilidade de novos eventos.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

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