Estudo
Um estudo recentemente realizado por especialistas em Reumatologia do Hospital Ortopédico de Sant'Ana e do Centro...

Apenas 14% dos doentes suspendeu ou alterou a dose ou a frequência da medicação imunossupressora para a AR durante o período de confinamento. Destes, apenas 18% reduziram ou suspenderam por iniciativa própria devido ao receio de contrair infeção ao SARS-CoV-2 (correspondendo a 2,5% da população total do estudo), e outros 18% fizeram-no por não terem receitas suficientes, por não se quererem deslocar à farmácia ou por não terem possibilidade de pagar a medicação. 

 Dos doentes com AR que se encontravam empregados antes do confinamento, 16,2% foram colocados em regime de lay-off e 3% perderam o emprego no seguimento do confinamento. A maioria dos doentes que se manteve empregado durante o confinamento praticou regime de teletrabalho (55,4%). 

 De acordo com Filipe Araújo, médico da Unidade de Reumatologia e Osteoporose do Hospital de Sant’Ana – SCML e principal autor do estudo: “A pandemia a SARS-CoV-2 levou à declaração do Estado de Emergência em Portugal entre 18 de março e 3 de maio de 2020, período no qual vigorou o confinamento obrigatório. Desde o início da pandemia que se verificou uma priorização da alocação dos recursos de saúde ao combate à COVID-19, o que limitou significativamente o acesso aos cuidados de saúde programados e prejudicou a qualidade assistencial aos doentes crónicos, incluindo doentes reumáticos”. 

Segundo os resultados apurados, 41% dos doentes com AR refere agravamento dos sintomas da doença (sobretudo da dor) durante o confinamento devido à pandemia a SARS-CoV-2, embora metade destes refira que o agravamento foi ligeiro. As principais causas apontadas pelos inquiridos para este agravamento foram a menor mobilidade e o aumento do stress, ansiedade e depressão. 

De referir ainda que, durante o confinamento, a maioria dos doentes com AR (56,8%) não praticou qualquer exercício físico e 23,7% reduziram a prática face àquilo que faziam antes do confinamento. 

Cerca de 67,3% dos doentes com AR desenvolveu ou agravou sintomas de ansiedade durante o confinamento, 29,9% dos quais moderados ou intensos. Mais de metade dos doentes inquiridos (51,9%) desenvolveu ou agravou sintomas de depressão durante o confinamento, 21,6% dos quais moderados ou intensos. 

“Esta avaliação do impacto do confinamento destes doentes, que por terem uma doença autoimune são de maior risco em caso de contaminação com o novo coronavírus, é fundamental para delinear uma abordagem adequada aos mesmos no período pós-confinamento e preparar uma eventual segunda vaga”, conclui Filipe Araújo. 

O estudo teve como co-autores Ana Filipa Mourão e Nuno Pina Gonçalves da Unidade de Reumatologia e Osteoporose do Hospital de Sant’Ana – SCML e do Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental EPE – Hospital de Egas Moniz. 

O questionário foi disponibilizado aos doentes com AR através das redes sociais e mailing lists da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatoide (ANDAR) e Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas. O questionário foi ainda preenchido presencialmente em dois serviços de Reumatologia da área de Lisboa: Unidade de Reumatologia e Osteoporose, Hospital de Sant’Ana – SCML e Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental EPE – Hospital de Egas Moniz). 

A AR é a mais frequente doença articular inflamatória crónica, afetando 0,7% da população portuguesa. Trata-se de uma doença imunomediada (ou autoimune), cujos sintomas geralmente melhoram com o movimento e com a atividade física e pioram com a imobilização. O tratamento é feito com fármacos que modulam certos alvos e/ou reduzem a atividade do sistema imunitário, conhecidos como imunossupressores. 

Os doentes com AR, pela natureza da doença autoimune e do tratamento imunossupressor, apresentam potencial maior risco de contrair a infeção SARS-CoV-2 e de ter complicações dela decorrentes. 

Balanço IHMT
O ciclo de Webinares “O que sabemos sobre a COVID-19 e como reorganizar os sistemas de saúde”, com especial enfoque nos PALOP,...

O Instituto de Higiene e Medicina Tropical, da Universidade Nova de Lisboa (IHMT-NOVA) e a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), com o apoio do Centro de Ciência LP e da Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP), lançaram em maio a primeira série “O que sabemos sobre a COVID-19”, a que se seguiu a série “Como reorganizar os sistemas de saúde na era COVID-19”. No total foram 11 Webinares, a que se juntaram mais duas sessões especiais dedicadas à Diplomacia em Saúde.

Consulte o dossier com a síntese e vídeos de todos os Webinares da série #1 e #2: O que sabemos sobre a Covid-19 e como reorganizar os sistemas de saúde.

Aceda também ao resumo dos Webinares especiais: Diplomacia em Saúde em tempo de pandemia.
 

 

Vídeo consciencializa para hábitos saudáveis durante o verão
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) está a promover uma campanha nacional de consciencialização para a...

A iniciativa, divulgada em formato vídeo, avança com os 10 conselhos principais para prevenir a doença coronária. “É importante que as pessoas estejam conscientes de que não devem ignorar os sintomas de alarme para o enfarte agudo do miocárdio. Mesmo em tempo de férias, é preciso manter os cuidados regulares com o coração”, afirma João Brum Silveira, presidente da APIC.

A doença coronária carateriza-se pela acumulação de depósitos de gordura no interior das artérias que fornecem sangue ao coração. Esses depósitos causam um estreitamento ou obstrução das artérias o que provoca uma diminuição dos níveis de oxigénio e nutrientes que chegam às células do músculo cardíaco.

A adoção de um estilo de vida saudável optando por uma alimentação equilibrada, evitando os alimentos ricos em sal e em gorduras, praticando exercício físico, e evitando situações de stress e o consumo excessivo de álcool e de tabaco, são cuidados essenciais na prevenção da doença coronária.

“Nunca é demais lembrar que é primordial tomar sempre a medicação prescrita pelo médico e não faltar às consultas agendadas; vigiar a pressão arterial e os níveis de colesterol; e caso tenha sintomas como dor no peito, suores, náuseas, vómitos, falta de ar e ansiedade, não os ignore, ligue o 112 e siga a instruções que lhe forem dadas. Mantenha-se sempre informado sobre a saúde cardiovascular”, conclui João Brum Silveira.

Veja o vídeo da campanha: 

Dependências
Uma equipa de investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) avaliou o impacto...

O objetivo deste estudo, coordenado por Ana Magalhães, investigadora no grupo Addiction Biology do i3S, passava por “perceber o impacto da combinação de fatores genéticos e ambientais na vulnerabilidade para o desenvolvimento de problemas de adição”. Isto porque “o desenvolvimento de problemas aditivos ocorre devido à combinação de diversos fatores de risco, nomeadamente a depressão e o stress em idades precoces, mas pouco se sabe sobre o efeito/impacto da combinação destes dois fatores na vulnerabilidade às substâncias psicoativas na adolescência”, acrescenta a investigadora.

Para desenvolver o estudo, “utilizámos duas estirpes de ratos com diferentes vulnerabilidades para a depressão, que foram separados das suas mães três horas por dia, durante as duas primeiras semanas de vida. Ou seja, comparámos os efeitos da separação precoce em ratos adolescentes cujas mães tinham maior predisposição para a ansiedade e depressão, com ratos adolescentes filhos de mães sem esse histórico”, explica Renata Alves, primeira autora do artigo.

Quando os animais em estudo atingiram a adolescência, a equipa de investigadores fez a avaliação do seu estado emocional e do efeito de recompensa de drogas psicoativas.

“Os resultados mostraram que o stress durante o início de vida alterou o estado emocional dos adolescentes, tornando os animais depressivos mais ansiosos e os não depressivos mais exploratórios, tendo revelado, para ambas as estirpes (depressiva e não depressiva), um risco aumentado para a dependência”, acrescenta a investigadora.

O stress em idades precoces, conclui Ana Magalhães, “parece afetar a vulnerabilidade face ao uso de drogas na adolescência, independentemente de um histórico de depressão, indicando as alterações do estado emocional como um fator de maior risco. Ou seja, a separação maternal parece ter mais influência na experimentação e eventual dependência de drogas na adolescência do que o perfil depressivo do indivíduo”.

Unidades hospitalares da região Centro
A Secção Regional do Centro (SRCentro) da Ordem dos Enfermeiros concluiu um ciclo de visitas aos serviços responsáveis pelo...

Neste início do mês de agosto, a SRCentro realizou um périplo pelas unidades hospitalares da região Centro com o intuito de avaliar as condições de resposta no âmbito da pandemia. Para Ricardo Correia de Matos, Presidente do Conselho Diretivo Regional, estas visitas tiveram como objetivo “conhecer in loco as respostas atuais e as programadas para a segunda vaga de Covid-19, para que consigamos, todos juntos, proporcionar a melhor segurança e a melhor qualidade nos cuidados que prestamos. A vida das pessoas é prioritária. Sempre!”

No dia 3 de agosto, Ricardo Correia de Matos, Pedro Lopes, Presidente do Conselho de Enfermagem; e Valter Amorim, Presidente do Conselho Jurisdicional, visitaram o Centro Hospitalar Tondela-Viseu, onde se reuniram com o novo Conselho de Administração (CA).

No dia 4 de agosto, a comitiva da SRCentro, acompanhada por Maria Helena Rodrigues, Secretária do Conselho Diretivo Regional, deslocou-se ao Centro Hospitalar do Baixo Vouga (Aveiro) e ao Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga (Santa Maria da Feira), reunindo-se também com os respetivos CA de cada centro hospitalar.

No passado dia 7 (sexta-feira), os representantes da SRCentro foram recebidos pelo CA do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. No dia de ontem, a equipa da SRCentro visitou o Centro Hospitalar de Leiria, depois de, na segunda-feira, dia 10, ter visitado a Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, acompanhada por Rui Macedo, vogal do Conselho de Enfermagem Regional.

Como balanço destas visitas, o Presidente do Conselho Diretivo Regional afirma que “neste momento, o maior desafio é definir uma estratégia integrada com os vários stakeholders da saúde, de modo a permitir uma rápida resposta à segunda vaga da Covid-19, sem interferir na capacidade de resposta às patologias frequentes. Pensar que os hospitais, de forma isolada, conseguirão enfrentar o inverso, com segurança e qualidade, é um erro que custará milhares de vidas humanas. É urgente a definição de uma estratégia concertada entre hospitais, ACES, sector privado e o sector social. Nesta cooperação, as câmaras municipais poderão ser a chave do sucesso”.

Acrescenta que “esta é a altura para converter a reação em prevenção. Utilizar o conhecimento e a experiência dos últimos meses, para construirmos um Sistema de Saúde que proteja todas as pessoas. Mais uma vez, os profissionais de saúde lideraram a resposta e conseguiram um excelente resultado. Mas, neste Inverno, o argumento da surpresa não justificará a má preparação e o mau planeamento dos recursos humanos. A capacidade de responder às necessidades das pessoas estará sempre dependente da qualidade e quantidade dos recursos humanos. Portugal apresenta o maior desequilíbrio das equipas multidisciplinares”. E conclui deixando um forte apelo: “precisamos urgentemente de contratar e valorizar os projetos profissionais dos Enfermeiros”.

Durante estas visitas institucionais, os representantes da SRCentro tiveram oportunidade de avaliar os procedimentos e medidas (extraordinárias) implementadas no âmbito da pandemia por SARS-CoV-2 em seis unidades hospitalares da região Centro.

Investigação
A hipótese da colonização bacteriana intrauterina é fortalecida por um novo estudo coordenado por Conceição Calhau, do CINTESIS...

“Acreditamos que, durante a gestação, o feto seja exposto a bactérias e metabolitos provenientes do intestino e da vagina da grávida, influenciando a microbiota do mecónio do recém-nascido”, afirmam os autores do trabalho, publicado no jornal científico Gut Microbes.

Os investigadores realizaram um estudo observacional e longitudinal com o objetivo de “determinar a relação entre a microbiota intestinal da mãe e o mecónio de bebés prematuros”. O mecónio, que á a primeira matéria fecal eliminada após o nascimento, constitui “uma fonte de informação muito útil, pois reflete o ambiente microbiano dentro do útero”.

Para a realização deste trabalho, foram extraídas e analisadas amostras de ADN de bactérias do mecónio de cerca de uma centena de recém-nascidos, quer prematuros extremos (nascidos antes das 28 semanas de gestação), quer muito prematuros (nascidos entre as 28 e as 32 semanas de gestação).

Os resultados indicam que “o mecónio dos recém-nascidos muito prematuros tem uma maior correlação com a microbiota materna”. Contudo, a microbiota do mecónio dos prematuros extremos tem mais Lactobacillus, o principal género encontrado na microbiota vaginal, independentemente do tipo de parto”.

De modo geral, “estes dados permitem sustentar que as bactérias maternas, quer do intestino, quer da vagina, têm um papel na modulação da microbiota dos bebés e que a transmissão materno-fetal de bactérias é um processo controlado e específico no tempo”.

Conforme os cientistas sublinham, o tipo de bactérias presentes no trato gastrointestinal dos recém-nascidos pode influenciar significativamente o desenvolvimento do sistema imune e, portanto, ter consequências importantes em termos de saúde. Nos prematuros, esta questão é particularmente relevante, tendo em conta a sua imaturidade e vulnerabilidade.

Embora se saiba que a microbiota da mãe pode influenciar a composição das bactérias que vivem no intestino dos recém-nascidos, os mecanismos fisiológicos e moleculares dessa transmissão vertical (de mãe para filho) não são ainda completamente conhecidos, sendo necessário aprofundar os estudos nesta área.

“É importante perceber como este fenómeno acontece para otimizar a saúde das grávidas. Compreender o papel do ambiente intrauterino na microbiota fetal é essencial para o estabelecimento de intervenções clínicas, tais como a alimentação materna, a exposição a antibióticos, probióticos e pré-bióticos ou mesmo o transplante fecal”, avisam.

Coordenada por Conceição Calhau, a equipa integra investigadores do CINTESIS/NOVA Medical School, nomeadamente Juliana Morais e Cláudia Marques, e ainda outros investigadores da NOVA Medical School, como Diana Teixeira, Catarina Durão e Ana Faria, às quais se juntam Manuela Cardoso, Sara Brito, Israel Macedo e Teresa Tomé, do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central/Maternidade Dr. Alfredo da Costa.

A realização do estudo decorre de uma bolsa da MILUPA atribuída pela Sociedade Portuguesa Neonatologia em 2017 e financiada pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização – COMPETE 2020 e Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito do CINTESIS.

Inteligência Artificial
Uma equipa de investigadores da Universidade do Porto, ligados ao INESC TEC, está envolvida no projeto CADPath.AI – Computer...

Na especialidade médica de Anatomia Patológica, a doença oncológica e o seu diagnóstico são, cada vez mais, uma preocupação central. Ainda para mais, sabendo-se que o diagnóstico atempado e rigoroso é um instrumento essencial para o combate ao cancro.

Até 2022, o consórcio, liderado pelo IMP Diagnostics, numa parceria tecnológica com o INESC TEC e com a empresa Leica Biosystems, propõe-se então a desenvolver algoritmos para apoiar o trabalho dos anatomopatologistas na identificação de anomalias.

A solução é inovadora e vai permitir dar um salto considerável na forma como o diagnóstico anátomo-patológico de amostras histológicas é realizado, avançou a Universidade do Porto.

Uma segunda opinião baseada em algoritmos inteligentes

Segundo a notícia avançada, a elevada complexidade que a realização do diagnóstico oncológico apresenta, recomenda muitas vezes a necessidade de se obter uma segunda opinião, e é aqui, dizem, “que a tecnologia se torna num aliado imprescindível dos médicos, tendo-se assistido nos últimos anos à proliferação de scanners para digitalização de lâminas histológicas, um novo instrumento ao serviço da chamada patologia digital”.

Além de possibilitar a realização de um diagnóstico em rede, auxiliada por outras ferramentas tecnológicas, a patologia digital vai permitir diminuir o tempo que o patologista despende na observação microscópica.

“Tarefas como, por exemplo, a identificação das células tumorais, a contagem de células mitóticas, ou a identificação de crescimento invasivo, assim como a sua medição, podem agora ser realizados através da utilização da inteligência artificial”, explica Jaime Cardoso, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e investigador do INESC TEC.

A patologia digital vai permitir ainda diminuir o tempo que o patologista despende na observação microscópica, agilizando assim o diagnóstico.

Com a possibilidade de digitalização das lâminas histológicas, surgiu um grande interesse científico no desenvolvimento de algoritmos de análise de imagem, que possam complementar e tornar mais eficiente a função dos médicos patologistas, em particular no diagnóstico dos cancros colorretal e cervical.

“Continuamos focados na melhoria contínua do diagnóstico, mas pretendemos ir mais longe e disponibilizar ao mercado uma ferramenta de diagnóstico automático de patologias oncológicas; uma base de dados, contemplando as lâminas digitalizadas e respetivas anotações, história clínica e diagnóstico; e uma plataforma para geração de conhecimento científico”, salienta Ana Monteiro, gestora de projetos no IMP Diagnostics.

O projeto CADPath.AI conta com um financiamento de cerca de 70% através do programa COMPETE2020, num investimento total de 1 milhão de euros.

Transferência de serviço
O Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) regressou à Unidade Hospitalar de Abrantes, no dia 3 de agosto...

Depois de quatro meses a funcionar na Unidade Hospitalar de Tomar, o Serviço de Ortopedia volta à Unidade Hospitalar de Abrantes em todas as suas valências: urgência, internamento e cirurgia. Um regresso efetuado cumprindo as normas de segurança definidas pela Direção-Geral de Saúde, garantindo as condições de segurança para doentes e profissionais de saúde.

O retorno do Serviço de Ortopedia à Unidade Hospitalar de Abrantes faz-se perspetivando, a médio prazo, um aumento do número de camas para cirurgia ortopédica programada, o que permitirá diminuir a pressão sobre as situações de ortotrauma. Este futuro aumento do número de camas permitirá, também, retomar com maior expressão a atividade cirúrgica e reduzir, desta forma, os tempos de espera para a realização de cirurgia ortopédica.

 

 

Investigação
A Nova Zelândia tem investigado a misteriosa causa do surto de Covid-19 que voltou a invadir o país, depois de 102 dias sem...

A hipótese de que o foco de transmissão tenha tido origem em produtos congelados importados, nomeadamente carnes, foi agora colocada em cima da mesa, segundo o ‘El Confidencial’. “Estamos a trabalhar arduamente para juntar as peças deste quebra-cabeças e descobrir a origem das infeções”, disse a Diretora Geral de Saúde da Nova Zelândia, Ashley Bloomfield, na quarta-feira.

O governo da Nova Zelândia, elogiado a nível global por conseguir travar a propagação do novo coronavírus e restaurar praticamente a normalidade no dia 9 de junho, anunciou na terça-feira que quatro membros de uma família tinham contraído a Covid-19.

Sem saberem a origem do contágio e sendo os primeiros casos moradores locais em mais de três meses, as autoridades ficaram intrigadas com o sucedido, já que nenhum deles tinha viajado recentemente para o exterior ou tido contacto com viajantes (que ao chegarem à Nova Zelândia são colocados em quarentena).

Em países como Espanha, Estados Unidos, Reino Unido ou Alemanha, as indústrias globais de carnes e congelados tornaram-se focos de especial atenção ao contágio por Covid-19. Desta forma, para perceber a origem da infeção, o governo da Nova Zelândia vai realizar testes de genoma e reforçar os esforços de rastreio na cidade de Rotorua, a 192 quilómetros a sul de Auckland, já que dois membros da família infetada, incluindo um menor, viajaram para lá na semana passada.

Para além disso as autoridades também vão analisar as superfícies de uma instalação de refrigeração de alimentos em Auckland, onde trabalha uma das pessoas infetadas, para determinar se a origem dos novos casos é de uma carga importada. “Há muito tempo que não temos transmissão local”, sublinhou Bloomfield, afirmando que “sabemos que o vírus pode sobreviver durante muito tempo em ambientes refrigerados”.

As suspeitas de que o foco possa ter surgido de produtos congelados importados agravaram-se depois de a China ter descoberto o vírus da Covid-19 em frutos do mar congelados importados, que chegaram da cidade portuária de Dalian, que recentemente registou um surto de infeções da doença, avança o ‘Independent’.

O vírus foi descoberto nas embalagens dos produtos adquiridos por três empresas em Yantai, uma cidade portuária na província oriental de Shandong.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, atualmente não existem casos confirmados de coronavírus, cuja transmissão aconteça através de alimentos ou embalagens, contudo há estudos que mostraram que o vírus pode sobreviver numa superfície de plástico por um período de até 72 horas.

Doença Neuromuscular
A Atrofia Muscular Espinhal é uma doença rara, genética, progressiva e muitas vezes fatal, que afeta

De acordo com a neuropediatra Eulália Calado, “a Atrofia Muscular Espinhal (AME) inclui um grupo de doenças neuromusculares que se caracterizam por degenerescência progressiva dos neurónios motores, localizados no corno anterior da medula e tronco cerebral, com atrofia muscular progressiva, diminuição da força muscular e paralisia”, embora a capacidade cognitiva seja preservada.

Estima-se que afete 1 em cada 10 mil pessoas, o que faz dela uma patologia mais frequente do que o desejável e altamente mortal.

A forma mais frequente de AME é devida a uma mutação ou deleção do gene “survival motor neuron” tipo 1 (SMN1), localizado no cromossoma 5, com fabrico duma proteína anómala em vez da proteína normal SMN. Segundo a explicação da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, é uma doença de transmissão autossómica recessiva, ou seja, os pais são saudáveis, mas portadores da doença, com uma probabilidade de transmitir a doença a 25% dos seus filhos.

No entanto, no “nosso organismo existe ainda outro gene (SMN2) que produz apenas cerca de 25 % de proteína normal. O número de cópias (aleatório) que um doente possui desse segundo gene, determina a gravidade do quadro clínico”, revela a SPN.

Como se manifesta a doença?

Os neurónios que partem da espinal medula e que transmitem informação aos músculos, vão progressivamente morrendo. Isto significa que o doente vai perdendo força e desenvolvendo atrofia muscular, o que, inevitavelmente, resultará numa paralisia progressiva e perda de capacidades motoras. “Além da fraqueza dos músculos membros, os músculos respiratórios são afetados condicionando insuficiência respiratória progressiva e geralmente numa fase mais avançada, dificuldades na deglutição”, descreve a Sociedade Portuguesa de Neuropediatria.

Existem quatro tipos de Atrofia Muscular Espinhal, sendo a AME1 a forma mais grave da doença e aquela que cujos sintomas surgem nos primeiros três meses de vida.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, a doença é assim classificada:

  • AME Tipo 1 (anteriormente conhecido como doença de Werdnig-Hoffman), que se manifesta antes dos 6 meses de vida, na qual as crianças nunca adquirem a posição de sentado independente e falecem (ou ficam dependentes de ventilação 24h) antes dos 2 anos de vida. Caracteriza-se por uma hipotonia grave, dificuldade no controle cefálico, dificuldades com o controlo da deglutição e insuficiência respiratória precoce.
  • AME Tipo 2 - de início no 1º ano de vida, adquirem a posição sentada, mas nunca a marcha independente. Geralmente existe um atraso nas etapas motoras iniciais, pouco ganho ponderal, evoluindo com contracturas articulares e escoliose. A disfunção bulbar com dificuldades na deglutição e mastigação e dismotilidade gastro intestinal são frequentes com a evolução da doença. Sobrevivem atualmente além da 3ª década, se existirem cuidados respiratórios atentos, como a utilização BIPAP noturno, tosse assistida e uma boa reabilitação respiratória, nutricional e ortopédica.
  • AME Tipo 3- de início muito variável, já após a aquisição da marcha, levando à perda da mesma durante a evolução, e condicionando na maioria dos doentes uma sobrevida normal.
  • AME Tipo 4 – com início já em vida adulta e sem interferência com a sobrevida.

Qual o tratamento?

Até recentemente não existia nenhuma medicação especifica que influenciasse a causa da doença. No entanto, desde 2017 que existe em Portugal uma terapêutica (Nusinersen) que inibe a produção da proteína anormal, causada pelo erro genético e responsável pela neurodegenerescência e permitir o fabrico de alguma proteína normal SMN, com aquisição de funções motoras e melhoria da capacidade respiratória. É recomendado que o seu tratamento se inicie o mais precocemente possível, no entanto, nem todos os doentes cumprem os critérios para a utilização deste fármaco. Este tratamento é feito com administração intra-tecal (que obriga a internamento e punção lumbar) nos dias 1, 15, 30 e 60 e depois doses de manutenção de 4 em 4 meses, no entanto, os seus custos são elevados.

Mais recentemente, foi aprovado um novo medicamento, mas cuja utilização depende de autorização do Infarmed. O Zolgensma, considerado o fármaco mais caro do mundo já foi administrado em oito bebé portugueses e, segundo os especialistas, é aquele que está mais perto de oferecer uma cura para a doença.

Em todo o caso, na maioria dos casos segue-se o tratamento conservador “que ajuda a minorar as dificuldades respiratórias, a evitar deformações esqueléticas e a manter o estado nutricional, mas não evitam a deterioração motora e a falência respiratória”, explica Eulália Calado, especialista em Neuropediatria no centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas.

Estes doentes devem ser seguidos por uma equipa multidisciplinar, onde se inclui um “neuropediatra, pneumologista pediátrico, reabilitação, nutricionista e quando solicitados gastroenterologista e ortopedista, assistente social, psicólogo”.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dados provisórios
Os dados, provisórios, constam do Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional de 2019 e foram divulgados pelo...

Segundo o documento, em 2018, a despesa (pública e privada) em I&D tinha aumentado 184 milhões de euros, para 2.769 milhões de euros, representando 1,36 % do PIB.

O Governo estabeleceu para Portugal a meta de chegar em 2030 aos 3% do PIB em gastos com investigação e desenvolvimento, para aproximar o país da Europa.

Pelo segundo ano consecutivo, a despesa privada (que inclui a das empresas) superou, em 2019, a pública (Estado e instituições de ensino superior), representado 53% do investimento total em I&D, assinala uma nota informativa da tutela.

No ano passado, a despesa das empresas em I&D cresceu cerca de 145 milhões, para 1.569 milhões de euros, face a 2018, ao passo que a das instituições de ensino superior (universidades e institutos politécnicos) aumentou 56,23 milhões, para 1.209 milhões de euros.

De acordo com os dados apurados por este inquérito, o ano passado as empresas tinham 19.283 investigadores a tempo integral, o equivalente a 38% do universo total em Portugal (a maioria dos cientistas, 29.027, continuava ainda no ensino superior e 1.591 no setor do Estado).

Segundo o ministério, o número de investigadores nas empresas aumentou mais de 60% nos últimos quatro anos, com a subida da despesa privada em I&D a refletir "o crescimento do emprego qualificado nas empresas e o esforço do setor privado em acompanhar o desenvolvimento científico e a capacidade tecnológica instalada em Portugal".

Apesar destes indicadores, a comissão de avaliação da execução do emprego científico, nomeada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, defendeu, num relatório divulgado em julho, que a integração de doutorados nas empresas "não tem sido bem-sucedida", salvo "algumas exceções", propondo o lançamento de um programa que incentive essa integração, com os doutorados a passarem por um "período de aprendizagem" dividido entre empresas e instituições científicas antes de ingressarem nas empresas.

Em termos globais, de acordo com a tutela, o número de cientistas (abrangendo os que trabalham em empresas, laboratórios do Estado e universidades) aumentou em 2019 para 9,6 por cada mil habitantes ativos (em 2018 eram 9,1).

Ao todo, a tempo integral, foram registados no ano passado 50.431 investigadores, mais 2.779 do que em 2018 e mais 11.759 do que em 2015.

O Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional, da responsabilidade da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, é a base de informação oficial sobre os recursos humanos e financeiros afetos a atividades de investigação e desenvolvimento.

 

Mais perto de uma cura
Ao todo são já oito os bebés em Portugal, até aos dois anos, que tiveram autorização para serem medicados com o remédio mais...

Esta quarta-feira, 12 de agosto, é a vez de Pedro, de seis meses, que está internado no Centro Universitário Hospitalar de Coimbra, receber o medicamento. Para já, este bebé é o último candidato para a toma do fármaco. 

A doença degenerativa neuromuscular rara, de origem genética, começou por ser tratada na maioria dos casos com Spinraza, um medicamento que ajuda a controlar os sintomas, sendo uma injeção na coluna que tem que ser administrada nos primeiros dois meses, quatro vezes, e depois de quatro em quatro meses, para o resto da vida.

No entanto, o medicamento inovador Zolgensma, aplicado na bebé Matilde e suportado pelo Serviço Nacional de Saúde português, é visto como "o mais perto de uma cura".

A questão da autorização de utilização excecional do medicamento foi suscitada com o caso da bebé Matilde, na altura com dois meses e meio, a quem foi diagnosticada aquela doença, numa altura em que o medicamento inovador só estava autorizado nos Estados Unidos da América e com um custo de dois milhões de euros.

O Infarmed autorizou o pedido do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, para utilização do medicamento inovador no tratamento da atrofia muscular espinhal de duas crianças.

O Zolgensma, é uma injeção de dose única, apresentada como uma terapia genética dirigida "à raiz" da doença, que tem de ser administrado até aos dois anos de idade. Trata-se do medicamento mais caro do mundo em 2019.

A Atrofia Muscular Espinhal afeta cerca de 10 mil pessoas anualmente, e se não for tratada até aos dois anos, pode ser mortal.

 

Decreto
A Direção-Geral da Saúde (DGS) é a entidade responsável pela gestão e tratamento de dados da aplicação de rastreio de contactos...

O STAYAWAY COVID é um sistema digital para dispositivos móveis pessoais que notifica os utilizadores da exposição individual a fatores de contágio por SARS-CoV-2, funcionando como um instrumento complementar e voluntário de resposta à situação epidemiológica pelo reforço da identificação de contactos.

Segundo o diploma, a DGS fica como entidade responsável pelo tratamento de dados do sistema STAYAWAY COVID, para efeitos da legislação europeia e nacional aplicável à proteção de dados pessoais, e a quem cabe também definir o funcionamento do sistema, a geração, comunicação, armazenamento e processamento de dados, bem como a articulação entre todos os intervenientes no sistema.

A aplicação deve, de acordo com o despacho agora publicado, respeitar a legislação europeia e nacional aplicável à proteção de dados pessoais, bem como as iniciativas europeias adotadas no âmbito do combate à Covid-19 através do recurso a soluções baseadas em dados pessoais.

O diploma refere ainda que o tratamento de dados para funcionamento do sistema STAYAWAY COVID é excecional e transitório, mantendo-se apenas enquanto a situação epidemiológica provocada pela Covid-19 o justificar.

 

Relatório
O Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, entidade que supervisiona os produtos cosméticos, divulgou...

A análise do laboratório do Infarmed incidiu sobre 20 formulações de protetores solares, correspondentes a 140 ensaios realizados. Os produtos analisados foram colhidos em fevereiro de 2020, em diversos pontos da cadeia de distribuição, nomeadamente, distribuidores e locais de venda ao público como farmácias e supermercados.

Foram analisados produtos com diferentes fatores de proteção solar: 13 produtos 50+ , seis produtos com SPF 30 e um produto SPF 50.

O relatório conclui que, do ponto de vista laboratorial, os 20 produtos analisados apresentaram um Fator de Proteção Solar correspondente à categoria declarada no rótulo.

Relativamente à qualidade microbiológica, todos os produtos analisados cumpriram os limites estabelecidos no referencial normativo aplicável para os parâmetros avaliados.

Do ponto de vista da rotulagem, o Infarmed refere que todos os produtos apresentam-se conformes perante a lista de verificação considerada. Na apreciação, houve um especial enfoque na lista de ingredientes, de forma a responder às preocupações de segurança a respeito de determinadas substâncias que se destinam a ser usadas em produtos cosméticos, tais como filtros para radiações ultravioletas.

A análise do Infarmed conclui que os 20 protetores solares em análise encontram-se em conformidade, no que respeita aos parâmetros analíticos e regulamentares avaliados.

 

Plataforma “EuroTMJ”
A Sociedade Europeia de Cirurgiões da Articulação Temporomandibular atribuiu a David Ângelo a missão de criar uma base de dados...

O médico português David Ângelo está a construir uma base de dados que irá registar todas as intervenções cirúrgicas na articulação temporomandibular realizadas na Europa. Depois de ter recebido o “Prémio de Investigação 2019” do S.O.R.G. – Strasbourg Osteosyntehesis Research Group, uma prestigiada sociedade científica europeia que promove investigação clínica – David Ângelo obteve financiamento da Sociedade Europeia de Cirurgiões da Articulação Temporomandibular (ESTMJS) e começou em 2020 a conceber uma plataforma informática que irá registar os diagnósticos, intervenções e evoluções pós-operatórias de todos os doentes no espaço europeu, de uma forma rigorosa e de fácil utilização pelos médicos.

A disfunção da articulação temporomandibular – é uma patologia incapacitante dos músculos da mastigação e/ou da articulação temporomandibular (área onde a mandíbula se articula com o osso do crânio), mais comum em mulheres entre os 20 e os 50 anos de idade. Para além de dores intensas no maxilar e na face, a disfunção pode comprometer a mastigação dos alimentos, bloquear a articulação e/ou limitar a abertura da boca, em alguns doentes de forma severa.

“Desenhei este projeto e candidatei-me ao financiamento, porque queria obter informação rigorosa de doentes operados à articulação temporomandibular na Europa, mas a informação que existe está muito desorganizada, é de difícil acesso, com registos muito heterogéneos, e assim não é possível tirar conclusões válidas”, afirma David Ângelo, que é o único cirurgião português a integrar a ESTMJS.

O projeto “EuroTMJ” – o nome que David Ângelo deu à sua base de registos europeus – tem precisamente o objetivo de uniformizar, sistematizar e simplificar a forma de registar a informação clínica relevante. Em alguns casos trata-se apenas de um processo de digitalização, dado que em muitos centros os dados ainda são registados em papel.

“A forma de registar a informação tem mesmo de ser ‘standard’, pois só isso abrirá a possibilidade de criar algoritmos que sejam preditores do maior sucesso de determinadas técnicas cirúrgicas”, afirma David Ângelo. “Pequenos detalhes técnicos podem fazer uma enorme diferença na evolução e recuperação dos doentes, por isso é crucial que a informação introduzida seja precisa e exata: só isso nos permitirá ter o ‘filme’ rigoroso de cada doente, desde a primeira observação na consulta médica até ao acompanhamento ao longo de décadas após a intervenção”.

Segundo o estomatologista português, interessa para a ciência médica saber como irá estar um doente que fez em 2020 uma artroscopia nível 2, por exemplo daqui a 30 anos. “Só o acompanhamento do doente numa base de dados rigorosa permitirá perceber com detalhe o diferente impacto, a médio e longo prazo, das distintas técnicas cirúrgicas”, afirma David Ângelo.

Serão os milhares de “filmes” clínicos introduzidos na base de dados que irão permitir atráves de “machine learning”, na área da articulação temporomandibular, chegar a novas conclusões sobre as técnicas mais seguras e eficazes a propor para cada patologia específica. “Em primeiro lugar, permitirá fazer uma simples análise quantitativa das diferentes intervenções cirúrgicas à articulação temporomandibular realizadas na Europa, dados que são desconhecidos neste momento”, afirma David Ângelo. Na Europa, não há dados sobre o número de artroscopias realizadas em 2019, ou número de próteses da articulação temporomandibular colocadas no 1º semestre de 2020: nos Estados Unidos, por exemplo, essa informação é facilmente acessível.

“Um parceiro informático forte”

David Ângelo encontrou na equipa que desenvolveu o “reuma.pt”, um “parceiro informático forte” para criar um bom software para a base de dados “EuroTMJ”. Lançado em 2012 pela Sociedade Portuguesa de Reumatologia, o reuma.pt não parou de crescer desde então, possibilitando aos reumatologistas portugueses um instrumento de trabalho de enorme utilidade.

“O modelo que estamos a criar poderá ser replicado noutras especialidades médicas, seja a nível europeu, seja a nível nacional”, afirma David Ângelo. “Portugal tem um problema estrutural no registo de informação no Serviço Nacional de Saúde: a maioria dos os médicos queixam-se de que os sistemas informáticos existentes estão desatualizados. Podemos facilmente perder 40 minutos à procura de registos antigos do doente, ou de um relatório de uma cirurgia, sendo depois muito difícil encontrar o raio-X que se precisa de consultar, ou abrir uma TAC, por exemplo”. E conclui: “Isto torna o trabalho pouco produtivo e frustrante – é fundamental encontrar soluções tecnológicas que facilitem aos profissionais de saúde as tarefas do dia-a-dia. É urgente que a inovação tecnológica seja integrada no Sistema Nacional de Saúde!”

O cirurgião português sublinha que a plataforma “EuroTMJ” terá de manter o rigor dos registos ao mais alto nível. Só isso permitirá que a informação reunida possa gerar novo conhecimento e proporcionar aos doentes tratamentos seguros e com resultados de excelência.

David Ângelo doutorou-se com uma tese sobre a Disfunção na Articulação Temporomandibular na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, da qual é Professor Auxiliar Convidado. No âmbito do seu trabalho científico e de investigação, está neste momento a desenvolver um biodisco com capacidades regenerativas para usar como substituto do disco nativo em articulações com patologia mais avançada. Para além da sua atividade profissional e académica nesta área, trabalha também com implantes zigomáticos no Instituto Português da Face, uma solução para doentes com grandes perdas de osso nos maxilares que exige menos intervenções e é mais eficaz do que os enxertos ósseos e implantes tradicionais.

Também no Instituto Português da Face, onde é diretor clínico, integra uma equipa clínica que intervém na feminização facial para pessoas transgénero. Realiza frontoplastias e cranioplastias em doentes transgénero com protocolos pioneiros em Portugal.

O impacto da Inteligência Artificial na evolução do setor da Saúde
O mais recente relatório do EIT Health e da McKinsey & Company, “Transformar os cuidados de saúde com a IA: o impacto no...

Prevê-se que até 2030 a economia global possa criar 40 milhões de novos empregos no setor da saúde. No entanto, no início da próxima década, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a nível global poderão existir menos 9,9 milhões de médicos, enfermeiros e parteiras.

De acordo com o relatório do EIT Health e da McKinsey & Company, a Inteligência Artificial pode revolucionar a assistência médica, através de melhores resultados neste acompanhamento, na experiência do paciente e no acesso a serviços de saúde, através da melhoria da produtividade e eficiência. O relatório reforça que conhecimentos digitais básicos, ciência biomédica e de dados, análise de dados e fundamentos de genómica serão cruciais, isto se a IA e o machine learning entrarem nos serviços de saúde e apoiarem o respetivo mercado de trabalho. Em Portugal, a iLoF (Intelligent Lab on Fiber), a Abtrace e a Libra são exemplos de sucesso de start-ups que utilizam a IA nos seus projetos

Este relatório destaca a Agenda de Competências para a Europa, o documento que a Comissão Europeia apresentou a 1 de julho sob o mote de melhorar a competitividade sustentável, a resiliência, bem como garantir justiça social para todos. De acordo com a Agenda, em 2019 pelo menos 85% dos empregos exigiu algum nível de competências digitais, embora apenas 56% dos adultos possua um mínimo de conhecimento digitais básicos. Importante ainda de referir, que entre 2005 e 2016, 40% dos novos empregos tiveram origem em setores com exigências digitais intensivas. À medida que a Europa inicia o seu processo de recuperação, cresce a necessidade de melhorar e adaptar competências – e tal é amplamente salientado pelo EIT Health e o relatório da McKinsey & Company, no sentido de incentivar a aplicação de soluções de IA na área da saúde. De acordo com o documento, competências digitais básicas, ciência biomédica e de dados, análise de dados e os fundamentos da genómica serão críticos, caso a IA e o machine learning sejam crescentemente aplicados nos serviços de saúde.

“Estas disciplinas raramente são ensinadas nas ciências clínicas tradicionais. E, portanto, sem culpa alguma, o mercado de trabalho na área da Saúde ainda não está preparado para a adoção da IA. Por nos encontrarmos na vanguarda da inovação em saúde na Europa, verificamos a criação de um crescente número de soluções de IA tangíveis, impactantes e emocionantes. No entanto, precisamos unificar todas as novas tecnologias que permitem aliviar parte da pressão sobre os serviços de saúde e integrá-las ao nível da prestação de cuidados. É hora de colmatarmos estas lacunas, para que a Europa não fique para trás na aplicação da IA”, explica Jorge Fernández García, diretor de inovação do EIT Health e co-autor do relatório.

Os dados falam por si. A recente Escola de Verão HelloAIRIS sobre IA em saúde, organizada pela GE Healthcare, Leitat e KTH Royal Institute of Technology, em Estocolmo, numa colaboração com o EIT Health, resultou em 900 candidaturas apenas este ano, tendo sido selecionados 400 candidatos para frequentar este curso on-line exclusivo. O principal objetivo desta ação visou envolver talentos das regiões da Europa central, de leste ou do sul, e construir uma comunidade de elite especializada em IA e equipada com as competências necessárias para o futuro, com o certificado do EIT Health.

“As nossas experiências ao trabalhar com start-ups em regiões emergentes mostram que há uma enorme necessidade de profissionais com qualificação superior, bem como da otimização da alfabetização digital em saúde. O curso on-line de verão que desenvolvemos com os nossos parceiros demonstra bem a importância da IA para o futuro. E tal verificou-se na elevada procura pelos candidatos, bem acima das nossas expectativas”, refere Monika Toth, Gestora de Programas do EIT Health InnoStars RIS.

Que profissionais de saúde mais necessitam de competência em IA?

Atualmente, na área da Saúde a IA é, por norma, aplicada nos processos de diagnóstico. No entanto, nos próximos 5 a 10 anos os profissionais de saúde esperam que a tomada de decisões clínicas passe a ser a aplicação digital mais relevante, de acordo com o estudo do EIT Health e da McKinsey & Company – que inclui uma pesquisa com 175 técnicos da linha de frente nos cuidados de saúde, e entrevistas junto de 62 decisores do setor. Os autores do relatório destacam que é necessário, não apenas atrair, treinar e reter mais profissionais de saúde, mas também garantir que exercem funções em tarefas onde podem agregar mais valor aos pacientes. Apoiar a ampla adoção e o dimensionamento da IA ​​pode ajudar a aliviar os déficits de recursos, agora e no futuro. Com base na automação, a Inteligência Artificial tem condições para revolucionar a assistência médica: desde apoiar a melhorar a vida quotidiana dos profissionais, e com isso permitir que estes concentrem a sua energia nos pacientes, até gastar menos tempo em tarefas administrativas em detrimento da prestação direta de cuidados. Por exemplo, com um potencial que pode libertar 20% ou mais do tempo empregue por radiologistas em processos administrativos, as soluções de IA possibilitam que estes concentrem os seus esforços na leitura das radiografias, bem como na melhor forma de trabalhar com pacientes e equipas clínicas, com vista a uma maior personalização e melhor atendimento. A IA pode potenciar a velocidade de diagnósticos e, inclusivamente, a sua precisão. Como exemplo, em 2015 os algoritmos ultrapassaram os seres humanos no reconhecimento visual, isto no Concurso de Reconhecimento Visual em Larga Escala do ImageNet Challenge, ao melhorarem de uma taxa de erro de 28% em 2010 para 2,2% em 2017, quando comparados com a típica taxa de erro humana, que ronda os 5%.

E cada vez mais soluções baseadas em IA têm origem nos países de leste e sul da Europa

Em Portugal, a iLoF, a Abtrace e a Libra são excelentes exemplos de start-ups que desenvolvem os seus projetos com recursos à IA. A iLof, vencedora do programa EIT Health Jumpstarter 2019 e Wild Card 2019, criou uma base de dados em Cloud de impressões digitais óticas, alimentada por fotónica e IA, que fornece um rastreio não invasivo, triagem e estratificação para descoberta de medicamentos, com total adaptação às necessidades de cada ensaio clínico. Já a Abtrace usa técnicas de inteligência artificial para fornecer aos médicos as informações necessárias que lhes permitam escolher o antibiótico e a dosagem correta para cada paciente e cada prescrição. A inovação promete melhorar o tratamento para os pacientes, diminuir os custos financeiros e reduzir o consumo de antibióticos errados. Quanto à Libra, é uma plataforma digital que pretende promover e manter comportamentos saudáveis junto de pacientes propensos à obesidade. Esta solução oferece um contacto digital personalizado, coaching, recolhe dados dos pacientes e permite uma comunicação remota com profissionais de saúde.

A nível internacional, existem outros bons exemplos. A Brainscan é uma start-up da Polónia que usa Inteligência Artificial para melhorar a eficiência das interpretações de tomografias computadorizadas do cérebro, com a integração de ferramentas para classificar, localizar e comparar mudanças de patologia cerebral no fluxo de trabalho radiológico. Outro exemplo bem-sucedido do uso da IA é a PatchAi, uma start-up italiana acelerada pelo EIT Health, a primeira plataforma cognitiva para a recolha e análise preditiva de dados relatados por pacientes em ensaios clínicos, com a incorporação de um assistente virtual com inteligência artificial capaz de imitar conversas empáticas humanas; o seu objetivo é motivar os pacientes a aderir ao protocolo. Na Hungria, o InSimu desenvolveu uma solução onde médicos e estudantes de medicina praticam em pacientes virtuais, através do diagnóstico numa situação quase real. Já o também húngaro Sineko pretende revolucionar a telerradiologia internacional com o seu software GRAID, que traduz relatórios radiológicos.

“A inteligência artificial tem um papel importante no futuro da saúde. Na Universidade do Porto, juntamente com o EIT Health, estamos constantemente a trabalhar no sentido de apoiar projetos que se encontrem a desenvolver soluções inovadoras na área da saúde, incluindo na área digital. Acreditamos verdadeiramente que o tratamento e o diagnóstico podem ser mais precisos e eficientes com a ajuda da IA. É também uma questão de sustentabilidade dos sistemas de saúde”, diz Elísio Costa, Coordenador do EIT Health Hub Universidade do Porto.

Além do upskilling, também foi identificado como necessidade essencial um maior envolvimento dos profissionais de saúde nos estágios iniciais de evolução da IA. Entre os pesquisados, escolhidos pelo seu interesse na inovação na área da Saúde, 44% nunca esteve envolvido no desenvolvimento ou implementação de uma solução de IA.

“A IA tem um enorme potencial para melhorar a produtividade e a eficiência dos sistemas de saúde e torná-los mais sustentáveis. Mais importante, tem potencial para proporcionar melhores resultados de saúde junto dos pacientes. Isso pode ser feito de várias maneiras: desde permitir melhores cuidados preventivos, até possibilitar que os profissionais de saúde passem mais tempo no atendimento direto ao paciente. Este relatório fornece um conjunto de orientações aos decisores do setor, é uma oportunidade de estes definirem o seu nível de ambição em relação à IA, bem como para desenvolver e implementar a abordagem correta para a sua organização ou para o sistema de saúde”, assegura a Dra. Angela Spatharou, partner da McKinsey & Company e co-autora do relatório.

No decorrer das entrevistas com responsáveis na área da saúde, reconheceu-se a urgência no desenvolvimento e incremento de formação, assim como a sugestão de que os sistemas nacionais de saúde devem trabalhar em conjunto com os profissionais da área, a academia e a indústria, no sentido de apoiar os prestadores de cuidados de saúde, em particular aqueles que não têm dimensão para integrar individualmente esses programas. Foi igualmente enfatizada a importância de garantir que a IA seja ética, transparente e confiável. O relatório foi complementado com análises macroeconómicas dedicadas ao Futuro do Trabalho para os Sistemas Europeus de Saúde, com base no estudo do McKinsey Global Institute (MGI).

 

Integração de dados de sequenciamento genómico e transcriptómico
A BostonGene Corporation (BostonGene), uma empresa de software biomédico especializada na definição de terapias ótimas de...

Nos termos do acordo de colaboração, a BostonGene realizará a análise do perfil molecular e microambiental de tumores para pacientes com cancro identificados em ensaios clínicos realizados pela NEC e/ou por afiliadas da NEC, para diversos tipos de cancro e estágios da doença. A colaboração visa fornecer a caracterização molecular dos tumores dos pacientes para melhorar a resposta ao tratamento, tanto em cenários de ensaios clínicos como para além deles.

A solução BostonGene integra o sequenciamento de próxima geração (NGS) obtido a partir do tumor de um paciente, com uma coorte de referência de dados obtida a partir de pacientes com diagnóstico semelhante, analisando simultaneamente o tumor e a atividade microambiental do tumor. A solução identificará todas as alterações somáticas significativas, expressão de proteínas, atividade de promoção e supressão de processos tumorais, composição celular do microambiente tumoral, heterogeneidade tumoral, clonabilidade tumoral, predisposição hereditária, infestação viral e farmacogenómica, entre outras características moleculares.

"Estamos muito entusiasmados com esta parceria com a NEC", afirmou Andrew Feinberg, Presidente e CEO da BostonGene. "A colaboração entre a NEC e a BostonGene demonstra o compromisso conjunto em proporcionar terapias verdadeiramente inovadoras que identifiquem tratamentos eficazes e personalizados para melhorar drasticamente as hipóteses de sobrevivência e a qualidade de vida dos pacientes".

"Estamos a trabalhar em parceria com a BostonGene devido aos seus avançados serviços de análise de doentes", disse Osamu Fujikawa, Vice-Presidente Sénior da NEC Corporation. "A colaboração estratégica com a BostonGene é o reflexo da nossa missão em contribuir para melhorar os resultados dos doentes com cancro. A plataforma inovadora de análise de dados da BostonGene, combinada com a tecnologia de IA de ponta da NEC, dá-nos as ferramentas necessárias para nos concentrarmos no avanço das opções de tratamento para doentes oncológicos".

Alguns conselhos
Caracterizada fundamentalmente por uma quebra do contacto com a realidade, a esquizofrenia é uma doe

De acordo com Ana Peixinho, coordenadora da Unidade de Psiquiatria e Psicologia do Hospital Lusíadas Lisboa, nenhuma família está preparada para aceitar uma doença como a Esquizofrenia. “O aparecimento desta doença numa fase da vida em que todas as expectativas estão centradas num jovem saudável e frequentemente com sucesso escolar abala profundamente a dinâmica familiar”, refere acrescentando que “frequentemente, as famílias necessitam de suporte profissional para aprender a lidar com esta realidade”. É aconselhado, deste modo, que procurem suporte psicológico para compreender a doença, “quer a nível individual quer a nível de grupo”. Só depois de compreender e aceitar a patologia poderão ajudar o seu familiar, afirma a especialista.

O que é então a esquizofrenia e quais as principais manifestações da doença?

“A esquizofrenia é um transtorno mental grave que interfere na forma como a pessoa pensa, sente e se comporta socialmente”, começa por explicar o psiquiatra Jorge Miranda.

Segundo Ana Peixinho, esta doença “caracteriza-se fundamentalmente por uma quebra do contacto com a realidade, que se expressa habitualmente por ideias delirantes persecutórias (o doente acha que está a ser perseguido) e alucinações auditivo-verbais, em que o doente ouve vozes que comentam a sua vida ou lhe dão ordens”. O doente acredita que o que está a vivenciar corresponde à realidade e é incapaz de, tal como explica a coordenadora da Unidade de Psiquiatria e Psicologia do Hospital Lusíadas Lisboa, ceder à argumentação lógica.

Entre os principais sintomas, refere Jorge Miranda, estão:

  • Sensação constante de estar a ser vigiado;
  • Ver ou ouvir coisas que não existem;
  • Sentir profunda indiferença perante situações importantes;
  • Queda profunda no desempenho (estudos, trabalho...)
  • Alterações nítidas na higiene pessoal e na aparência;
  • Isolamento social;
  • Respostas irracionais, como medo ou raiva da família e amigos;
  • Dificuldade de dormir e de se concentrar;
  • Interesse exagerado por ocultismos ou religião;
  • Comportamentos que parecem estranhos e inapropriados em situações sociais.

No entanto, o médico admite que em caso de pessoas muito jovens, sobretudo nos adolescentes, “torna-se difícil perceber o que é uma atitude comum para a idade e o que é sintoma de esquizofrenia”. Em todo o caso, aconselha a que os pais estejam atentos a sinais como “problemas para dormir, irritabilidade, oscilações de humor, diminuição de desempenho na escola, afastamento de colegas e familiares e falta de motivação”.

Ana Peixinho chama ainda à atenção que em fase iniciais, “o doente fica de tal forma assustado com o que lhe está a acontecer, que se isola e modifica o seu comportamento habitual, podendo inclusivamente, e para se defender, tomar atitudes mais bizarras e agressivas”. Um aspeto que contribui ainda mais para a estigmatização da doença.

Como é tratada a esquizofrenia?

“A esquizofrenia trata-se com fármacos antipsicóticos. Atualmente, existem fármacos eficazes e com menos efeitos adversos que os anteriores, os chamados antipsicóticos atípicos que controlam os sintomas da doença”, explica a psiquiatra Ana Peixinho. Para o sucesso do tratamento, como em qualquer outra doença crónica, deve ser mantido o acompanhamento médico regular bem como a medicação prescrita.

Contudo, um dos principais problemas no tratamento da esquizofrenia é a fraca adesão terapêutica por parte dos doentes que, frequentemente, não cumprem devidamente ou interrompem a medicação prescrita. “Esta situação deve-se não só ao aparecimento de efeitos secundários indesejáveis (que devem sempre ser discutidos com o médico com o objetivo de escolher a melhor opção terapêutica  (eficaz e com poucos efeitos adversos); bem como à falta de crítica para a situação patológica, ou seja o doente acha que não está doente e por isso não há necessidade de tomar medicamentos”, esclarece a especialista.

A este nível, o psiquiatra Jorge Miranda, defende ainda que a terapia familiar pode ser uma ajuda preciosa para manutenção do tratamento destes doentes.

Como ajudar um doente esquizofrénico?

Segundo Jorge Miranda, depois de entender a doença, tente ser paciente e saiba respeitar o doente com esquizofrenia. “Para estes doentes as alucinações parecem realmente ser parte da realidade.  Por isso, converse calmamente com ele para explicar que você vê as coisas de uma forma diferente”.

A seguir é essencial que seja capaz de prestar atenção a possíveis gatilhos. “Existem muitas coisas que podem provocar o aparecimento ou agravar os sintomas. Se você perceber, por exemplo, que o consumo excessivo de álcool, drogas e outros vícios pode desencadear os sintomas, fique atento e ajude o doente a evitar esses hábitos”, refere o médico.

Por outro lado, ajude-o a tomar os medicamentos. “Muitas pessoas com esquizofrenia perguntam sobre a necessidade dos remédios que tomam. Incentive seu amigo ou familiar a utilizá-los da maneira correta”, acrescenta Jorge Miranda.

Segundo o especialista, é essencial ainda que procure apoio psicológico. “Nestes casos, a terapia pode ajudar a criar ferramentas e caminhos para lidar com as situações que afetam diretamente a sua vida”, conclui.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Medida permitiria salvaguardar bem-estar dos utentes
O antigo presidente da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), Rui Nunes, defende que o licenciamento, fiscalização e auditoria dos...

A proposta surge numa altura em que “muito se tem debatido o impacto da COVID-19 nos lares e residências de Terceira Idade e ainda nos últimos dias se sugeriu que numa destas residências vários idosos morreram de desidratação”. “É fulcral um acompanhamento das condições em que os cuidados médicos e de enfermagem são prestados aos utentes e essa é uma área onde, com as devidas alterações legais, a ERS pode e deve intervir”, frisa Rui Nunes. Para o presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB) “impõe-se, por isso, uma fiscalização mais musculada dos lares de idosos para que os utentes e as suas famílias mantenham plena confiança nestas instituições”.

A tutela da Reguladora da Saúde é, no entender de Rui Nunes, fácil de concretizar. “Basta proceder a uma alteração do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio, que regulamenta a atividade da Entidade Reguladora da Saúde, de modo a que passe a incluir os lares de Terceira Idade no seu âmbito de atuação”.

Na opinião do antigo presidente da ERS, “este seria o primeiro passo para uma alteração de fundo no setor social, levando à criação de uma Entidade Reguladora do Setor Social”. “Com o aumento da esperança média de vida, a melhoria dos cuidados de Saúde prestados e a generalização do acesso aos mesmos, temos assistido à inversão acelerada da pirâmide demográfica”, explica. As Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas vão assumir um papel cada vez mais importante no apoio à Terceira Idade, o que reforça “a urgência de fortalecer o sistema de supervisão deste tipo de estruturas”.

 

Projeto estuda eficácia de novos compostos no combate ao cancro
O Instituto das Ciências da Vida e da Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho está a desenvolver um projeto...

“Os cromenos naturais existem em todo o lado – raízes, vegetais, frutas, entre outros – e os nossos derivados demonstraram ter propriedades anticancerígenas potentes e seletivas, especialmente quando aplicados em células de cancro da mama triplo negativo, assim como em outros tipos de tumores, e sem toxicidade”, explica Marta Costa, investigadora responsável pelo projeto, especialista em Química Medicinal.

E continua: “Muitas vezes, este tipo de compostos mostra-se eficaz contra as células cancerígenas. Contudo, mata também as células saudáveis. Desta vez, foi surpreendente, porque os nossos cromenos não revelaram toxicidade em nenhum dos testes e mostraram eficácia em vários modelos animais, reduzindo consideravelmente o tamanho do tumor. Além disso, não foi detetada qualquer reação adversa.”

Marta Costa afirma que este tratamento é “uma esperança” para quem tem cancro da mama triplo negativo, uma vez que, até à data, “não existe uma terapêutica específica, nem eficaz”. “A quimioterapia não tem bons resultados, porque, apesar de numa primeira fase poder ter alguns efeitos positivos, a taxa de reincidência do tumor é muito elevada e, muitas vezes, reaparece de uma forma mais severa, associada a uma alta taxa de mortalidade”, refere a investigadora.

A propriedade intelectual deste projeto está já protegida por patente internacional. A investigação recebeu, recentemente, financiamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional para a Patente Internacional, também apoiada pela Associação Ciência, Inovação e Saúde (B.ACIS).

O cancro da mama triplo negativo é o subtipo mais agressivo, representando 15 a 20 por cento de todos os tumores malignos da mama. Este subtipo de cancro da mama não responde a terapias mais específicas, sendo a única opção a quimioterapia clássica, com resultados muito limitados.

 

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