Plataforma “EuroTMJ”
A Sociedade Europeia de Cirurgiões da Articulação Temporomandibular atribuiu a David Ângelo a missão de criar uma base de dados...

O médico português David Ângelo está a construir uma base de dados que irá registar todas as intervenções cirúrgicas na articulação temporomandibular realizadas na Europa. Depois de ter recebido o “Prémio de Investigação 2019” do S.O.R.G. – Strasbourg Osteosyntehesis Research Group, uma prestigiada sociedade científica europeia que promove investigação clínica – David Ângelo obteve financiamento da Sociedade Europeia de Cirurgiões da Articulação Temporomandibular (ESTMJS) e começou em 2020 a conceber uma plataforma informática que irá registar os diagnósticos, intervenções e evoluções pós-operatórias de todos os doentes no espaço europeu, de uma forma rigorosa e de fácil utilização pelos médicos.

A disfunção da articulação temporomandibular – é uma patologia incapacitante dos músculos da mastigação e/ou da articulação temporomandibular (área onde a mandíbula se articula com o osso do crânio), mais comum em mulheres entre os 20 e os 50 anos de idade. Para além de dores intensas no maxilar e na face, a disfunção pode comprometer a mastigação dos alimentos, bloquear a articulação e/ou limitar a abertura da boca, em alguns doentes de forma severa.

“Desenhei este projeto e candidatei-me ao financiamento, porque queria obter informação rigorosa de doentes operados à articulação temporomandibular na Europa, mas a informação que existe está muito desorganizada, é de difícil acesso, com registos muito heterogéneos, e assim não é possível tirar conclusões válidas”, afirma David Ângelo, que é o único cirurgião português a integrar a ESTMJS.

O projeto “EuroTMJ” – o nome que David Ângelo deu à sua base de registos europeus – tem precisamente o objetivo de uniformizar, sistematizar e simplificar a forma de registar a informação clínica relevante. Em alguns casos trata-se apenas de um processo de digitalização, dado que em muitos centros os dados ainda são registados em papel.

“A forma de registar a informação tem mesmo de ser ‘standard’, pois só isso abrirá a possibilidade de criar algoritmos que sejam preditores do maior sucesso de determinadas técnicas cirúrgicas”, afirma David Ângelo. “Pequenos detalhes técnicos podem fazer uma enorme diferença na evolução e recuperação dos doentes, por isso é crucial que a informação introduzida seja precisa e exata: só isso nos permitirá ter o ‘filme’ rigoroso de cada doente, desde a primeira observação na consulta médica até ao acompanhamento ao longo de décadas após a intervenção”.

Segundo o estomatologista português, interessa para a ciência médica saber como irá estar um doente que fez em 2020 uma artroscopia nível 2, por exemplo daqui a 30 anos. “Só o acompanhamento do doente numa base de dados rigorosa permitirá perceber com detalhe o diferente impacto, a médio e longo prazo, das distintas técnicas cirúrgicas”, afirma David Ângelo.

Serão os milhares de “filmes” clínicos introduzidos na base de dados que irão permitir atráves de “machine learning”, na área da articulação temporomandibular, chegar a novas conclusões sobre as técnicas mais seguras e eficazes a propor para cada patologia específica. “Em primeiro lugar, permitirá fazer uma simples análise quantitativa das diferentes intervenções cirúrgicas à articulação temporomandibular realizadas na Europa, dados que são desconhecidos neste momento”, afirma David Ângelo. Na Europa, não há dados sobre o número de artroscopias realizadas em 2019, ou número de próteses da articulação temporomandibular colocadas no 1º semestre de 2020: nos Estados Unidos, por exemplo, essa informação é facilmente acessível.

“Um parceiro informático forte”

David Ângelo encontrou na equipa que desenvolveu o “reuma.pt”, um “parceiro informático forte” para criar um bom software para a base de dados “EuroTMJ”. Lançado em 2012 pela Sociedade Portuguesa de Reumatologia, o reuma.pt não parou de crescer desde então, possibilitando aos reumatologistas portugueses um instrumento de trabalho de enorme utilidade.

“O modelo que estamos a criar poderá ser replicado noutras especialidades médicas, seja a nível europeu, seja a nível nacional”, afirma David Ângelo. “Portugal tem um problema estrutural no registo de informação no Serviço Nacional de Saúde: a maioria dos os médicos queixam-se de que os sistemas informáticos existentes estão desatualizados. Podemos facilmente perder 40 minutos à procura de registos antigos do doente, ou de um relatório de uma cirurgia, sendo depois muito difícil encontrar o raio-X que se precisa de consultar, ou abrir uma TAC, por exemplo”. E conclui: “Isto torna o trabalho pouco produtivo e frustrante – é fundamental encontrar soluções tecnológicas que facilitem aos profissionais de saúde as tarefas do dia-a-dia. É urgente que a inovação tecnológica seja integrada no Sistema Nacional de Saúde!”

O cirurgião português sublinha que a plataforma “EuroTMJ” terá de manter o rigor dos registos ao mais alto nível. Só isso permitirá que a informação reunida possa gerar novo conhecimento e proporcionar aos doentes tratamentos seguros e com resultados de excelência.

David Ângelo doutorou-se com uma tese sobre a Disfunção na Articulação Temporomandibular na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, da qual é Professor Auxiliar Convidado. No âmbito do seu trabalho científico e de investigação, está neste momento a desenvolver um biodisco com capacidades regenerativas para usar como substituto do disco nativo em articulações com patologia mais avançada. Para além da sua atividade profissional e académica nesta área, trabalha também com implantes zigomáticos no Instituto Português da Face, uma solução para doentes com grandes perdas de osso nos maxilares que exige menos intervenções e é mais eficaz do que os enxertos ósseos e implantes tradicionais.

Também no Instituto Português da Face, onde é diretor clínico, integra uma equipa clínica que intervém na feminização facial para pessoas transgénero. Realiza frontoplastias e cranioplastias em doentes transgénero com protocolos pioneiros em Portugal.

O impacto da Inteligência Artificial na evolução do setor da Saúde
O mais recente relatório do EIT Health e da McKinsey & Company, “Transformar os cuidados de saúde com a IA: o impacto no...

Prevê-se que até 2030 a economia global possa criar 40 milhões de novos empregos no setor da saúde. No entanto, no início da próxima década, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a nível global poderão existir menos 9,9 milhões de médicos, enfermeiros e parteiras.

De acordo com o relatório do EIT Health e da McKinsey & Company, a Inteligência Artificial pode revolucionar a assistência médica, através de melhores resultados neste acompanhamento, na experiência do paciente e no acesso a serviços de saúde, através da melhoria da produtividade e eficiência. O relatório reforça que conhecimentos digitais básicos, ciência biomédica e de dados, análise de dados e fundamentos de genómica serão cruciais, isto se a IA e o machine learning entrarem nos serviços de saúde e apoiarem o respetivo mercado de trabalho. Em Portugal, a iLoF (Intelligent Lab on Fiber), a Abtrace e a Libra são exemplos de sucesso de start-ups que utilizam a IA nos seus projetos

Este relatório destaca a Agenda de Competências para a Europa, o documento que a Comissão Europeia apresentou a 1 de julho sob o mote de melhorar a competitividade sustentável, a resiliência, bem como garantir justiça social para todos. De acordo com a Agenda, em 2019 pelo menos 85% dos empregos exigiu algum nível de competências digitais, embora apenas 56% dos adultos possua um mínimo de conhecimento digitais básicos. Importante ainda de referir, que entre 2005 e 2016, 40% dos novos empregos tiveram origem em setores com exigências digitais intensivas. À medida que a Europa inicia o seu processo de recuperação, cresce a necessidade de melhorar e adaptar competências – e tal é amplamente salientado pelo EIT Health e o relatório da McKinsey & Company, no sentido de incentivar a aplicação de soluções de IA na área da saúde. De acordo com o documento, competências digitais básicas, ciência biomédica e de dados, análise de dados e os fundamentos da genómica serão críticos, caso a IA e o machine learning sejam crescentemente aplicados nos serviços de saúde.

“Estas disciplinas raramente são ensinadas nas ciências clínicas tradicionais. E, portanto, sem culpa alguma, o mercado de trabalho na área da Saúde ainda não está preparado para a adoção da IA. Por nos encontrarmos na vanguarda da inovação em saúde na Europa, verificamos a criação de um crescente número de soluções de IA tangíveis, impactantes e emocionantes. No entanto, precisamos unificar todas as novas tecnologias que permitem aliviar parte da pressão sobre os serviços de saúde e integrá-las ao nível da prestação de cuidados. É hora de colmatarmos estas lacunas, para que a Europa não fique para trás na aplicação da IA”, explica Jorge Fernández García, diretor de inovação do EIT Health e co-autor do relatório.

Os dados falam por si. A recente Escola de Verão HelloAIRIS sobre IA em saúde, organizada pela GE Healthcare, Leitat e KTH Royal Institute of Technology, em Estocolmo, numa colaboração com o EIT Health, resultou em 900 candidaturas apenas este ano, tendo sido selecionados 400 candidatos para frequentar este curso on-line exclusivo. O principal objetivo desta ação visou envolver talentos das regiões da Europa central, de leste ou do sul, e construir uma comunidade de elite especializada em IA e equipada com as competências necessárias para o futuro, com o certificado do EIT Health.

“As nossas experiências ao trabalhar com start-ups em regiões emergentes mostram que há uma enorme necessidade de profissionais com qualificação superior, bem como da otimização da alfabetização digital em saúde. O curso on-line de verão que desenvolvemos com os nossos parceiros demonstra bem a importância da IA para o futuro. E tal verificou-se na elevada procura pelos candidatos, bem acima das nossas expectativas”, refere Monika Toth, Gestora de Programas do EIT Health InnoStars RIS.

Que profissionais de saúde mais necessitam de competência em IA?

Atualmente, na área da Saúde a IA é, por norma, aplicada nos processos de diagnóstico. No entanto, nos próximos 5 a 10 anos os profissionais de saúde esperam que a tomada de decisões clínicas passe a ser a aplicação digital mais relevante, de acordo com o estudo do EIT Health e da McKinsey & Company – que inclui uma pesquisa com 175 técnicos da linha de frente nos cuidados de saúde, e entrevistas junto de 62 decisores do setor. Os autores do relatório destacam que é necessário, não apenas atrair, treinar e reter mais profissionais de saúde, mas também garantir que exercem funções em tarefas onde podem agregar mais valor aos pacientes. Apoiar a ampla adoção e o dimensionamento da IA ​​pode ajudar a aliviar os déficits de recursos, agora e no futuro. Com base na automação, a Inteligência Artificial tem condições para revolucionar a assistência médica: desde apoiar a melhorar a vida quotidiana dos profissionais, e com isso permitir que estes concentrem a sua energia nos pacientes, até gastar menos tempo em tarefas administrativas em detrimento da prestação direta de cuidados. Por exemplo, com um potencial que pode libertar 20% ou mais do tempo empregue por radiologistas em processos administrativos, as soluções de IA possibilitam que estes concentrem os seus esforços na leitura das radiografias, bem como na melhor forma de trabalhar com pacientes e equipas clínicas, com vista a uma maior personalização e melhor atendimento. A IA pode potenciar a velocidade de diagnósticos e, inclusivamente, a sua precisão. Como exemplo, em 2015 os algoritmos ultrapassaram os seres humanos no reconhecimento visual, isto no Concurso de Reconhecimento Visual em Larga Escala do ImageNet Challenge, ao melhorarem de uma taxa de erro de 28% em 2010 para 2,2% em 2017, quando comparados com a típica taxa de erro humana, que ronda os 5%.

E cada vez mais soluções baseadas em IA têm origem nos países de leste e sul da Europa

Em Portugal, a iLoF, a Abtrace e a Libra são excelentes exemplos de start-ups que desenvolvem os seus projetos com recursos à IA. A iLof, vencedora do programa EIT Health Jumpstarter 2019 e Wild Card 2019, criou uma base de dados em Cloud de impressões digitais óticas, alimentada por fotónica e IA, que fornece um rastreio não invasivo, triagem e estratificação para descoberta de medicamentos, com total adaptação às necessidades de cada ensaio clínico. Já a Abtrace usa técnicas de inteligência artificial para fornecer aos médicos as informações necessárias que lhes permitam escolher o antibiótico e a dosagem correta para cada paciente e cada prescrição. A inovação promete melhorar o tratamento para os pacientes, diminuir os custos financeiros e reduzir o consumo de antibióticos errados. Quanto à Libra, é uma plataforma digital que pretende promover e manter comportamentos saudáveis junto de pacientes propensos à obesidade. Esta solução oferece um contacto digital personalizado, coaching, recolhe dados dos pacientes e permite uma comunicação remota com profissionais de saúde.

A nível internacional, existem outros bons exemplos. A Brainscan é uma start-up da Polónia que usa Inteligência Artificial para melhorar a eficiência das interpretações de tomografias computadorizadas do cérebro, com a integração de ferramentas para classificar, localizar e comparar mudanças de patologia cerebral no fluxo de trabalho radiológico. Outro exemplo bem-sucedido do uso da IA é a PatchAi, uma start-up italiana acelerada pelo EIT Health, a primeira plataforma cognitiva para a recolha e análise preditiva de dados relatados por pacientes em ensaios clínicos, com a incorporação de um assistente virtual com inteligência artificial capaz de imitar conversas empáticas humanas; o seu objetivo é motivar os pacientes a aderir ao protocolo. Na Hungria, o InSimu desenvolveu uma solução onde médicos e estudantes de medicina praticam em pacientes virtuais, através do diagnóstico numa situação quase real. Já o também húngaro Sineko pretende revolucionar a telerradiologia internacional com o seu software GRAID, que traduz relatórios radiológicos.

“A inteligência artificial tem um papel importante no futuro da saúde. Na Universidade do Porto, juntamente com o EIT Health, estamos constantemente a trabalhar no sentido de apoiar projetos que se encontrem a desenvolver soluções inovadoras na área da saúde, incluindo na área digital. Acreditamos verdadeiramente que o tratamento e o diagnóstico podem ser mais precisos e eficientes com a ajuda da IA. É também uma questão de sustentabilidade dos sistemas de saúde”, diz Elísio Costa, Coordenador do EIT Health Hub Universidade do Porto.

Além do upskilling, também foi identificado como necessidade essencial um maior envolvimento dos profissionais de saúde nos estágios iniciais de evolução da IA. Entre os pesquisados, escolhidos pelo seu interesse na inovação na área da Saúde, 44% nunca esteve envolvido no desenvolvimento ou implementação de uma solução de IA.

“A IA tem um enorme potencial para melhorar a produtividade e a eficiência dos sistemas de saúde e torná-los mais sustentáveis. Mais importante, tem potencial para proporcionar melhores resultados de saúde junto dos pacientes. Isso pode ser feito de várias maneiras: desde permitir melhores cuidados preventivos, até possibilitar que os profissionais de saúde passem mais tempo no atendimento direto ao paciente. Este relatório fornece um conjunto de orientações aos decisores do setor, é uma oportunidade de estes definirem o seu nível de ambição em relação à IA, bem como para desenvolver e implementar a abordagem correta para a sua organização ou para o sistema de saúde”, assegura a Dra. Angela Spatharou, partner da McKinsey & Company e co-autora do relatório.

No decorrer das entrevistas com responsáveis na área da saúde, reconheceu-se a urgência no desenvolvimento e incremento de formação, assim como a sugestão de que os sistemas nacionais de saúde devem trabalhar em conjunto com os profissionais da área, a academia e a indústria, no sentido de apoiar os prestadores de cuidados de saúde, em particular aqueles que não têm dimensão para integrar individualmente esses programas. Foi igualmente enfatizada a importância de garantir que a IA seja ética, transparente e confiável. O relatório foi complementado com análises macroeconómicas dedicadas ao Futuro do Trabalho para os Sistemas Europeus de Saúde, com base no estudo do McKinsey Global Institute (MGI).

 

Integração de dados de sequenciamento genómico e transcriptómico
A BostonGene Corporation (BostonGene), uma empresa de software biomédico especializada na definição de terapias ótimas de...

Nos termos do acordo de colaboração, a BostonGene realizará a análise do perfil molecular e microambiental de tumores para pacientes com cancro identificados em ensaios clínicos realizados pela NEC e/ou por afiliadas da NEC, para diversos tipos de cancro e estágios da doença. A colaboração visa fornecer a caracterização molecular dos tumores dos pacientes para melhorar a resposta ao tratamento, tanto em cenários de ensaios clínicos como para além deles.

A solução BostonGene integra o sequenciamento de próxima geração (NGS) obtido a partir do tumor de um paciente, com uma coorte de referência de dados obtida a partir de pacientes com diagnóstico semelhante, analisando simultaneamente o tumor e a atividade microambiental do tumor. A solução identificará todas as alterações somáticas significativas, expressão de proteínas, atividade de promoção e supressão de processos tumorais, composição celular do microambiente tumoral, heterogeneidade tumoral, clonabilidade tumoral, predisposição hereditária, infestação viral e farmacogenómica, entre outras características moleculares.

"Estamos muito entusiasmados com esta parceria com a NEC", afirmou Andrew Feinberg, Presidente e CEO da BostonGene. "A colaboração entre a NEC e a BostonGene demonstra o compromisso conjunto em proporcionar terapias verdadeiramente inovadoras que identifiquem tratamentos eficazes e personalizados para melhorar drasticamente as hipóteses de sobrevivência e a qualidade de vida dos pacientes".

"Estamos a trabalhar em parceria com a BostonGene devido aos seus avançados serviços de análise de doentes", disse Osamu Fujikawa, Vice-Presidente Sénior da NEC Corporation. "A colaboração estratégica com a BostonGene é o reflexo da nossa missão em contribuir para melhorar os resultados dos doentes com cancro. A plataforma inovadora de análise de dados da BostonGene, combinada com a tecnologia de IA de ponta da NEC, dá-nos as ferramentas necessárias para nos concentrarmos no avanço das opções de tratamento para doentes oncológicos".

Alguns conselhos
Caracterizada fundamentalmente por uma quebra do contacto com a realidade, a esquizofrenia é uma doe

De acordo com Ana Peixinho, coordenadora da Unidade de Psiquiatria e Psicologia do Hospital Lusíadas Lisboa, nenhuma família está preparada para aceitar uma doença como a Esquizofrenia. “O aparecimento desta doença numa fase da vida em que todas as expectativas estão centradas num jovem saudável e frequentemente com sucesso escolar abala profundamente a dinâmica familiar”, refere acrescentando que “frequentemente, as famílias necessitam de suporte profissional para aprender a lidar com esta realidade”. É aconselhado, deste modo, que procurem suporte psicológico para compreender a doença, “quer a nível individual quer a nível de grupo”. Só depois de compreender e aceitar a patologia poderão ajudar o seu familiar, afirma a especialista.

O que é então a esquizofrenia e quais as principais manifestações da doença?

“A esquizofrenia é um transtorno mental grave que interfere na forma como a pessoa pensa, sente e se comporta socialmente”, começa por explicar o psiquiatra Jorge Miranda.

Segundo Ana Peixinho, esta doença “caracteriza-se fundamentalmente por uma quebra do contacto com a realidade, que se expressa habitualmente por ideias delirantes persecutórias (o doente acha que está a ser perseguido) e alucinações auditivo-verbais, em que o doente ouve vozes que comentam a sua vida ou lhe dão ordens”. O doente acredita que o que está a vivenciar corresponde à realidade e é incapaz de, tal como explica a coordenadora da Unidade de Psiquiatria e Psicologia do Hospital Lusíadas Lisboa, ceder à argumentação lógica.

Entre os principais sintomas, refere Jorge Miranda, estão:

  • Sensação constante de estar a ser vigiado;
  • Ver ou ouvir coisas que não existem;
  • Sentir profunda indiferença perante situações importantes;
  • Queda profunda no desempenho (estudos, trabalho...)
  • Alterações nítidas na higiene pessoal e na aparência;
  • Isolamento social;
  • Respostas irracionais, como medo ou raiva da família e amigos;
  • Dificuldade de dormir e de se concentrar;
  • Interesse exagerado por ocultismos ou religião;
  • Comportamentos que parecem estranhos e inapropriados em situações sociais.

No entanto, o médico admite que em caso de pessoas muito jovens, sobretudo nos adolescentes, “torna-se difícil perceber o que é uma atitude comum para a idade e o que é sintoma de esquizofrenia”. Em todo o caso, aconselha a que os pais estejam atentos a sinais como “problemas para dormir, irritabilidade, oscilações de humor, diminuição de desempenho na escola, afastamento de colegas e familiares e falta de motivação”.

Ana Peixinho chama ainda à atenção que em fase iniciais, “o doente fica de tal forma assustado com o que lhe está a acontecer, que se isola e modifica o seu comportamento habitual, podendo inclusivamente, e para se defender, tomar atitudes mais bizarras e agressivas”. Um aspeto que contribui ainda mais para a estigmatização da doença.

Como é tratada a esquizofrenia?

“A esquizofrenia trata-se com fármacos antipsicóticos. Atualmente, existem fármacos eficazes e com menos efeitos adversos que os anteriores, os chamados antipsicóticos atípicos que controlam os sintomas da doença”, explica a psiquiatra Ana Peixinho. Para o sucesso do tratamento, como em qualquer outra doença crónica, deve ser mantido o acompanhamento médico regular bem como a medicação prescrita.

Contudo, um dos principais problemas no tratamento da esquizofrenia é a fraca adesão terapêutica por parte dos doentes que, frequentemente, não cumprem devidamente ou interrompem a medicação prescrita. “Esta situação deve-se não só ao aparecimento de efeitos secundários indesejáveis (que devem sempre ser discutidos com o médico com o objetivo de escolher a melhor opção terapêutica  (eficaz e com poucos efeitos adversos); bem como à falta de crítica para a situação patológica, ou seja o doente acha que não está doente e por isso não há necessidade de tomar medicamentos”, esclarece a especialista.

A este nível, o psiquiatra Jorge Miranda, defende ainda que a terapia familiar pode ser uma ajuda preciosa para manutenção do tratamento destes doentes.

Como ajudar um doente esquizofrénico?

Segundo Jorge Miranda, depois de entender a doença, tente ser paciente e saiba respeitar o doente com esquizofrenia. “Para estes doentes as alucinações parecem realmente ser parte da realidade.  Por isso, converse calmamente com ele para explicar que você vê as coisas de uma forma diferente”.

A seguir é essencial que seja capaz de prestar atenção a possíveis gatilhos. “Existem muitas coisas que podem provocar o aparecimento ou agravar os sintomas. Se você perceber, por exemplo, que o consumo excessivo de álcool, drogas e outros vícios pode desencadear os sintomas, fique atento e ajude o doente a evitar esses hábitos”, refere o médico.

Por outro lado, ajude-o a tomar os medicamentos. “Muitas pessoas com esquizofrenia perguntam sobre a necessidade dos remédios que tomam. Incentive seu amigo ou familiar a utilizá-los da maneira correta”, acrescenta Jorge Miranda.

Segundo o especialista, é essencial ainda que procure apoio psicológico. “Nestes casos, a terapia pode ajudar a criar ferramentas e caminhos para lidar com as situações que afetam diretamente a sua vida”, conclui.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Medida permitiria salvaguardar bem-estar dos utentes
O antigo presidente da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), Rui Nunes, defende que o licenciamento, fiscalização e auditoria dos...

A proposta surge numa altura em que “muito se tem debatido o impacto da COVID-19 nos lares e residências de Terceira Idade e ainda nos últimos dias se sugeriu que numa destas residências vários idosos morreram de desidratação”. “É fulcral um acompanhamento das condições em que os cuidados médicos e de enfermagem são prestados aos utentes e essa é uma área onde, com as devidas alterações legais, a ERS pode e deve intervir”, frisa Rui Nunes. Para o presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB) “impõe-se, por isso, uma fiscalização mais musculada dos lares de idosos para que os utentes e as suas famílias mantenham plena confiança nestas instituições”.

A tutela da Reguladora da Saúde é, no entender de Rui Nunes, fácil de concretizar. “Basta proceder a uma alteração do Decreto-Lei n.º 127/2009, de 27 de maio, que regulamenta a atividade da Entidade Reguladora da Saúde, de modo a que passe a incluir os lares de Terceira Idade no seu âmbito de atuação”.

Na opinião do antigo presidente da ERS, “este seria o primeiro passo para uma alteração de fundo no setor social, levando à criação de uma Entidade Reguladora do Setor Social”. “Com o aumento da esperança média de vida, a melhoria dos cuidados de Saúde prestados e a generalização do acesso aos mesmos, temos assistido à inversão acelerada da pirâmide demográfica”, explica. As Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas vão assumir um papel cada vez mais importante no apoio à Terceira Idade, o que reforça “a urgência de fortalecer o sistema de supervisão deste tipo de estruturas”.

 

Projeto estuda eficácia de novos compostos no combate ao cancro
O Instituto das Ciências da Vida e da Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho está a desenvolver um projeto...

“Os cromenos naturais existem em todo o lado – raízes, vegetais, frutas, entre outros – e os nossos derivados demonstraram ter propriedades anticancerígenas potentes e seletivas, especialmente quando aplicados em células de cancro da mama triplo negativo, assim como em outros tipos de tumores, e sem toxicidade”, explica Marta Costa, investigadora responsável pelo projeto, especialista em Química Medicinal.

E continua: “Muitas vezes, este tipo de compostos mostra-se eficaz contra as células cancerígenas. Contudo, mata também as células saudáveis. Desta vez, foi surpreendente, porque os nossos cromenos não revelaram toxicidade em nenhum dos testes e mostraram eficácia em vários modelos animais, reduzindo consideravelmente o tamanho do tumor. Além disso, não foi detetada qualquer reação adversa.”

Marta Costa afirma que este tratamento é “uma esperança” para quem tem cancro da mama triplo negativo, uma vez que, até à data, “não existe uma terapêutica específica, nem eficaz”. “A quimioterapia não tem bons resultados, porque, apesar de numa primeira fase poder ter alguns efeitos positivos, a taxa de reincidência do tumor é muito elevada e, muitas vezes, reaparece de uma forma mais severa, associada a uma alta taxa de mortalidade”, refere a investigadora.

A propriedade intelectual deste projeto está já protegida por patente internacional. A investigação recebeu, recentemente, financiamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional para a Patente Internacional, também apoiada pela Associação Ciência, Inovação e Saúde (B.ACIS).

O cancro da mama triplo negativo é o subtipo mais agressivo, representando 15 a 20 por cento de todos os tumores malignos da mama. Este subtipo de cancro da mama não responde a terapias mais específicas, sendo a única opção a quimioterapia clássica, com resultados muito limitados.

 

Estudo
A história da medicalização do nascimento na China e no Japão é o tema de uma secção especial da Technology and Culture,...

Gonçalo Santos, docente do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e investigador integrado do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), Universidade de Coimbra, é um dos coordenadores desta secção especial (e também autor de dois artigos, um introdutório e outro sobre a China), onde são analisadas as tensões sociais e morais causadas pelo processo de medicalização do nascimento nestes dois países do leste asiático. Inclui artigos escritos por antropólogos e historiadores e é uma contribuição interdisciplinar importante para a análise crítica de processos de medicalização do nascimento no leste da Ásia e no mundo.

Com o crescimento institucional da medicina científica, o nascimento passou do espaço doméstico para o hospital e começou a ser abordado como um evento perigoso que requer intervenção obstétrica para minimizar riscos e salvar vidas. Este processo de medicalização foi intensificado ao longo do século XX, culminando na normalização de um modelo de assistência ao nascimento que impõe às mulheres a necessidade de estruturar o parto em função de uma cascata de intervenções obstétricas. «Na China e no Japão, como na Europa e nos Estados Unidos, esta transformação foi acompanhada por tensões morais crescentes entre partidários do modelo tecnocrático dominante e defensores de um modelo mais humanizado do nascimento, mas existem poucos estudos sobre os contornos destas ‘guerras de parto’. Esta secção especial dá um primeiro pequeno passo nessa direção», afirma Gonçalo Santos.

Tanto no Japão como na China de hoje, a assistência ao nascimento é largamente dominada por valores tecnocráticos, especialmente na China, onde a taxa de cesarianas está entre as mais altas do mundo, «bem acima dos 10-15% recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Em ambas as sociedades, a medicalização do nascimento gerou um sistema de valores tecnocráticos muito poderoso que não foi contestado como na Europa e nos Estados Unidos por movimentos sociais radicais questionando a lógica da medicalização e defendendo um retorno a práticas mais “naturais” e sem qualquer tipo de intervenção médica», salienta Gonçalo Santos.

Existem na China e no Japão movimentos sociais que defendem um modelo mais humanizado do nascimento e que valorizam as abordagens mais naturais das medicinas tradicionais, mas estes movimentos não rejeitam a autoridade dos médicos e dos hospitais. «Isto resulta numa espécie de duplo vínculo moral que coloca demandas irreconciliáveis às mulheres: por um lado, é preciso aceitar dar à luz no hospital com intervenções médicas constantes; por outro lado, é preciso cultivar um “corpo natural” e procurar evitar intervenções médicas desnecessárias sem pôr em risco o bem-estar do bebé. Esta secção especial mostra a génese histórica e os contornos etnográficos deste duplo vínculo moral no período contemporâneo», nota.

O artigo sobre a China do docente da FCTUC debruça-se sobre o crescimento exponencial das taxas de cesariana em zonas rurais a partir do virar do milénio, ilustrando esta transformação com materiais etnográficos coletados ao longo de duas décadas de visitas de trabalho de campo a uma comunidade rural no sul da China.

O autor compara as experiências de nascimento de duas gerações diferentes de mulheres, mostrando que estas diferentes experiências geracionais resultaram em visões radicalmente distintas do significado e do valor moral da crescente popularidade de cesarianas. «A China é um exemplo perfeito de modernidade reprodutiva comprimida, ou seja, é uma economia emergente que passou de um sistema low-tech de nascimento para um sistema high-tech no espaço de uma geração. Este processo de “leapfrogging tecnológico” gerou muitas tensões geracionais e é importante perceber o papel destas tensões nos processos de negociação familiares que ajudam a moldar as preferências e experiências de nascimento das mulheres», declara Gonçalo Santos.

A relevância das experiências das mulheres desta pequena comunidade rural vai muito para além das zonais rurais da China ou da própria China como um todo. As mulheres de outros países no leste asiático e noutras partes do mundo «estão também a ser confrontadas com uma dinâmica de medicalização sem precedentes. Uma importante contribuição dos artigos desta secção especial é chamar a atenção para a importância do ponto de vista das próprias mulheres sobre as dinâmicas de medicalização e de tecnologização em curso. Em suma, pretendemos chamar a atenção para a importância de desenvolver políticas de saúde pública que tomem em consideração o ponto de vista das mulheres», conclui.

Esta publicação foi apoiada pelo Research Grants Council of Hong Kong, pela Universidade de Hong Kong e pelo Smith College (East Asian Studies Fund) e é uma iniciativa de um grupo de pesquisa internacional sobre tecnologias de trabalho reprodutivo no leste da Ásia, liderado por Gonçalo Santos, por Jacob Eyferth (University of Chicago) e por Suzanne Gottschang (Smith College). Para realizar este projeto, o docente da FCTUC, que atualmente coordena a rede internacional Sci-Tech Asia (https://www.scitechasia.org), beneficiou de uma Visiting Scholar Fellowship atribuída pelo Max Planck Institute for the History of Science, em Berlin, em 2018/2019.

Trabalhadores querem maior flexibilidade
O trabalho remoto tem sido um desafio mental para alguns, mas o regresso aos locais de trabalho físicos pode ser ainda mais...

Mas o trabalho remoto também é mais inclusivo – o estudo também revelou que 52% dos colaboradores remotos sentem que os seus contributos em reuniões são mais valorizados, dado estarem todos na mesma sala virtual ao mesmo nível. No entanto, também é verdade que quase 60% dos colaboradores relataram sentir-se menos conectados com os seus colegas desde que trabalham em casa.
 
Então, qual é o equilíbrio? O futuro deve ser híbrido

O mundo está pronto para o "trabalho híbrido", já que empresas e colaboradores pedem maior flexibilidade após o Covid-19.

Os gestores estão a analisar os benefícios da mudança e a reconhecer o valor complementar de um modelo híbrido de escritório / trabalho remoto. Isso representa uma oportunidade para repensar os modelos operacionais para identificar o melhor novo equilíbrio do trabalho flexível, a fim de maximizar os benefícios para os seus próprios funcionários e negócios.

No entanto, embora o aumento da flexibilidade e o trabalho em casa sejam uma aspiração para os colaboradores, os empregadores devem garantir que a colaboração e os relacionamentos com os colegas não sofram, pois, o trabalho remoto permanece. 74% dos entrevistados disseram que uma mistura de trabalho remoto e no escritório será o melhor caminho a seguir.

Haverá mais flexibilidade no nosso futuro, mas a questão de como isso é sustentado a longo prazo, para além da pandemia, permanece um desafio fundamental para as empresas.

Com todas as partes a exigir maior flexibilidade, é imperativo que todos estejam alinhados no modelo ideal. Auscultar as necessidades dos colaboradores para identificar quais os elementos do trabalho flexível que funcionaram bem e onde ainda há espaço para melhorias é o primeiro passo para estabelecer a nova norma.

Para garantir o sucesso, os líderes devem considerar as mudanças que ainda devem ser tomadas nos estilos de trabalho, ritmo de comunicação e organização da equipa, ao adotar um modelo de trabalho híbrido e evitar simplesmente aplicar as estruturas do passado.

Com a preferência para a divisão uniforme entre escritório e trabalho remoto, os líderes devem considerar qual a funcionalidade e o objetivo do escritório e, enquanto espaço de trabalho partilhado, como pode agregar mais valor a uma força de trabalho que pode e funcionará em qualquer lugar do mundo.

Vacina preventiva e terapêutica
A Universidade da Beira Interior (UBI) anunciou, esta segunda-feira, que uma aluna está a trabalhar no desenvolvimento de uma...

"Este projeto insere-se na área de investigação do grupo biofármacos e biomateriais e tem como principal objetivo o desenvolvimento de uma nanovacina preventiva e terapêutica contra a doença covid-19", refere a UBI em comunicado, explicando que o projeto está a ser desenvolvido por Dalila Eusébio, uma aluna de doutoramento em Biomedicina.

Esta investigação decorre no Centro de Investigação em Ciências da Saúde da UBI (CICS-UBI) com o nome "Mannosylated minicircle DNA nanovaccine against covid-19", tendo sido também contemplada com uma bolsa de investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), no âmbito do concurso "Doctorates 4 covid-19".

Durante o estudo vão ser explorados “processos biotecnológicos para a obtenção de um vetor de DNA inovador, o DNA minicircular (mcDNA), que vai codificar as proteínas antigénicas 'Spike' e 'Nucleocapsid' do coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2)", pode ler-se no comunicado.

 

Estudo
O Instituto Doutor Ricardo Jorge concluiu que existem 1405 produtos alimentares com “elevados valores energéticos, excesso de...

Estes novos dados fazem parte de estudo a cargo do Instituto, que descobriu ainda que apenas 225 alimentos, pouco mais de 13,8% do total, estão dentro dos parâmetros considerados normais, de acordo com a atual legislação, que visa combater problemas de saúde, nomeadamente a obesidade.

O relatório, a que o ‘CM’ teve acesso, revela que “nenhuma das bolachas e biscoitos, bem como batatas fritas e snacks avaliados apresentam perfis nutricionais compatíveis com os definidos”. Ficou ainda provado que “o mesmo se verifica para a quase totalidade de leites aromatizados, nos quais somente um produto cumpre com os critérios nutricionais definidos”.

Os investigadores conseguiram concluir que o produto com maior quantidade de nutrientes que ainda cumpre os valores-limite estabelecidos na lei para a alimentação infantil, é o iogurte.

Já as bolachas e os biscoitos representam aqueles com maior excesso de valor energético, ou seja, quilocalorias. Já as batatas fritas e snacks apresentam excesso de ácidos gordos saturados.

Quanto ao açúcar, 96,8% dos leites aromatizados, 73,1% dos refrigerantes e 72,4% dos cereais de pequeno-almoço revelam valores excessivos deste produto. 

 

Para Unidades de Saúde EPE
O Governo autorizou o recrutamento de 220 médicos, em regime de mobilidade, para unidades de saúde EPE (Entidade Pública...

De acordo com despacho, assinado pelo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, 56 postos de trabalho são para a especialidade de medicina geral e familiar, 16 para saúde pública e os restantes 148 para as especialidades hospitalares.

Este recrutamento vai abranger os médicos que, cumulativamente, “sejam detentores do grau de especialista, ou do grau de consultor, numa das correspondentes áreas de especialização, integrados na carreira especial médica ou na carreira médica, e sejam, respetivamente, detentores de um vínculo de emprego público por tempo indeterminado previamente constituído ou de um contrato de trabalho sem termo”, explica o documento.

Na área hospitalar, pneumologia é a especialidade com mais postos a recrutar em regime de mobilidade (13). Segue-se a ortopedia (nove), anestesiologia, cardiologia, doenças infeciosas, ginecologia/obstetrícia e neurologia, (sete postos de trabalho cada).

Ainda na área hospitalas, segundo este despacho as especialidades de radiologia, psiquiatria, gastroenterologia, cinco em urologia, pediatria, oncologia médica, oftalmologia e medicina intensiva e quatro em anatomia patológica, cirurgia geral, medicina física e de reabilitação, medicina interna e otorrinolaringologia terão mais 6 postos de trabalho cada.

Para psiquiatria da infância e da adolescência, nefrologia, endocrinologia e nutrição e dermatovenereologia estão identificados três postos de trabalho cada e para hematologia clínica, imuno-hemoterapia, medicina do trabalho e patologia clínica dois postos de trabalho cada.

Em regime de mobilidade estão identificados um posto de trabalho nas seguintes especialidades: reumatologia (Hospital do Espírito Santo, em Évora), neurocirurgia (Centro Hospitalar Universitário do Algarve), imunoalergologia (Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental), genética médica (Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central), cirurgia torácica (Centro Hospitalar e Universitário de S. João), cirurgia pediátrica (Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca) e cirurgia cardíaca (Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central).

Na área da medicina geral e familiar, existem 14 postos de trabalho na área da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, 13 na ARS Centro, 17 na ARS de Lisboa e Vale do Tejo, cinco na ARS do Alentejo e cinco na ARS Algarve.

Já os 16 postos de trabalho na área da saúde pública estão distribuídos pela ARS Algarve – serviços centrais (dois) e pelos agrupamentos de centros de saúde do Baixo Alentejo (dois), Alentejo Central (dois), Arco Ribeirinho (dois).

Segundo o documento, há ainda um posto de trabalho na área da saúde pública para a ARS do Alentejo – serviços centrais, outro para a Unidade Local de Saúde do Nordeste, e um em cada um dos agrupamentos de centros de saúde: Baixo Mondego, Pinhal Interior Norte, Arrábida, Algarve Barlavento, Algarve Central e Algarve Sotavento.

“Existe um conjunto de profissionais que pretende alterar o seu local de trabalho, não obstante os mecanismos de mobilidade legalmente previstos, pelo que importa, desde já, criar as condições necessárias para que (…) tenham a possibilidade de conciliar s suas necessidades pessoais com as necessidades existentes”, pode ler-se no despacho que sublinha que o objetivo é “a mobilidade de médicos já integrados nas carreiras médicas”, contribuindo “para um melhor aproveitamento destes recursos”.

Novo equipamento avalia danos no fígado
O Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) já dispõe de um equipamento Fibroscan para realização...

O Fibroscan, que está disponível não só para os doentes do Serviço de Medicina Interna, mas também para os doentes de Gastrenterologia, permite avaliar a fibrose hepática, que reflete a saúde e os danos no fígado causados por doenças crónicas nesse órgão, como hepatite, cirrose, presença de gordura, entre outras.

O facto deste equipamento ser raro faz com que este tipo de exame tenha listas de espera consideráveis. Com a sua aquisição pelo CHMT, os doentes de todo o distrito de Santarém e distritos vizinhos deixam de ficar sujeitos a essas listas de espera, o que, para as patologias hepáticas, é um aspeto muito relevante.

Em comunicado, Presidente do Conselho de Administração do CHMT, Carlos Andrade Costa, sublinha o contínuo investimento em novos equipamentos, de tecnologia avançada, que têm permitido a capacitação e a diferenciação clínica do centro hospitalar.

"Sempre no CHMT fomos desenvolvendo competências clínicas para diferenciarmos a atividade assistencial que a instituição pratica. Este é um investimento que permite dotar este centro hospitalar e os seus profissionais de recursos cada vez mais diferenciados ao serviço da população não só do Médio Tejo, mas também de todo do distrito de Santarém e dos territórios limítrofes", afirmou.

 

Balanço oficial
O Secretário de Estado da Saúde salientou, durante conferência de imprensa, a tendência de decréscimo de novos casos de Covid...

Na conferência de imprensa sobre a situação da pandemia em Portugal, António Lacerda Sales adiantou que também os números referentes aos internamentos hospitalares “confirmam a tendência de decréscimo nas últimas semanas”, registando-se agora nas Unidades de Cuidados Intensivos “o menor número de internados desde 20 de março”. 

“São números que nos dão alento, mas que reforçam que é preciso continuar esta caminhada longa e com obstáculos sobretudo quando o mundo está quase a atingir a barreira dos 20 milhões de infetados”, observou.

O Secretário de Estado revelou, ainda, que mais de 940 mil pessoas foram acompanhadas pela plataforma Trace Covid. No balanço da pandemia, o governante adiantou, também, que linha de atendimento psicológico já atendeu cerca de 28 mil chamadas desde 01 de abril e a linha de atendimentos para surdos registou mais de 280 contactos. 

 

13 de agosto
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve está a recrutar enfermeiros ao abrigo das medidas excecionais relativas à...

De acordo com o Aviso publicado, estão a ser aceites candidaturas com vista ao recrutamento de 17 enfermeiros, sob forma de contrato de trabalho a termo resolutivo certo, pelo prazo de quatro meses e para exercer funções nas unidades de cuidados de saúde primários da região algarvia.

As candidaturas devem ser formalizadas através do preenchimento de formulário, devendo o mesmo ser remetido até às 23:59 horas do dia 13 de agosto de 2020, para o endereço eletrónico [email protected]

Para mais informações e esclarecimentos adicionais os interessados podem contactar a Unidade de Gestão de Recursos Humanos da ARS Algarve através do contacto telefónico 289 889 900 ou do endereço eletrónico  [email protected].

 

Continente africano
O estudo, publicado na revista Nature, revelou que os parasitas eram capazes de resistir ao tratamento com a artemisinina, um...

Esta é a primeira vez que cientistas observam resistência ao medicamento artemisinina em África, o que na opinião dos investigadores pode representar “uma grande ameaça à saúde pública” neste continente.

Cientistas do Instituto Pasteur, em colaboração com o Programa Nacional de Controlo da Malária no Ruanda (Rwanda Biomedical Center), a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Cochin Hospital e a Columbia University (em Nova York, nos EUA) analisaram amostras de sangue de pacientes deste país.

Segundo a análise, foi possível encontrar uma mutação específica do parasita, resistente à artemisinina, em 19 de 257 (ou sejam 7,4%) dos pacientes em um dos centros de saúde que monitorizaram.

Segundo a OMS, a malária causou a morte a 405 mil pessoas em todo o mundo, em 2018.

Evolução de parasitas

No artigo, os cientistas alertaram que os parasitas da malária que desenvolveram resistência a medicamentos anteriores são "suspeitos de terem contribuído para milhões de mortes adicionais por malária em crianças africanas na década de 1980".

Quando o primeiro medicamento contra a malária, a cloroquina, foi desenvolvido, os pesquisadores pensaram que a doença seria erradicada em poucos anos.

No entanto, desde 1950 os parasitas evoluíram para desenvolver resistência a sucessivos medicamentos.

Retrocesso no combate à Malária

O repórter de saúde e ciência da BBC, James Gallagher, avalia que "este é um momento profundamente preocupante e altamente significativo", e que marca um retrocesso no combate à malária.

Ele aponta que a resistência à artemisinina não é nova, pois tem sido vista em partes do Sudeste Asiático por mais de uma década. Em algumas regiões, 80% dos pacientes estão infetados com parasitas da malária que resistem ao tratamento.

"Mas África sempre foi a maior preocupação. É onde ocorrem mais de nove em cada dez casos da doença", refere.

Segundo Gallagher, parece a resistência evoluiu em parasitas da malária em África, e não que tenha se espalhado do Sudeste Asiático para o continente africano.

"O resultado, porém, é o mesmo: a malária está a ficar mais difícil de tratar."

A infeção por malária é agora comumente tratada com uma combinação de dois medicamentos: artemisinina e piperaquina.

Mas, os parasitas da malária começaram a desenvolver resistência à artemisinina, o que foi registado pela primeira vez em 2008 no sudeste da Ásia.

Na época, os cientistas temiam que a resistência à artemisinina também pudesse ocorrer em África e ter consequências devastadoras. Agora, a pesquisa indica que esses temores podem se ter concretizado.

Em 2018, os países africanos responderam ​​por mais de 90% das mais de 400 mil mortes por malária registadas, sendo as crianças as mais afetadas.

Balanço da pandemia
Mais três pessoas morreram nas últimas 24 horas em Portugal devido à pandemia, no mesmo período em que foram confirmados mais...

O número de mortos em Portugal por infeção ao novo coronavírus subiu nas últimas 24 horas para os 1.759. Já o número de casos confirmados, desde o início da pandemia, está agora nos 52.825.

Estão internadas ainda 374 pessoas, 29 em unidades de cuidados intensivos.

Estes dados foram divulgados na tarde desta segunda-feira no relatório epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

A pandemia do novo coronavírus causou pelo menos 731.518 mortos em todo o mundo desde o aparecimento da doença na China em dezembro, segundo o balanço hoje às 11:00 TMG (12:00 em Lisboa) da agência France-Presse.

Mais de 19.884.260 casos foram diagnosticados em 196 países e territórios desde o início da epidemia, dos quais 11.879.100 foram considerados curados.

O número de casos diagnosticados só reflete, no entanto, uma fração do número real de infeções, já que alguns países testam apenas casos graves, outros fazem os testes para rastreio e muitos países mais pobres têm uma capacidade limitada de fazer testes.

Nas últimas 24 horas foram registados 4.117 mortos e 213.167 infetados em todo o mundo. Os países que registaram mais novas mortes foram a Índia (1.007 novos óbitos), Brasil (572) e os Estados Unidos (532).

 

Procura tem vindo a aumentar
A Associação Portuguesa de Podologia (APP) alerta os estudantes para a abertura da primeira fase das candidaturas ao curso em...

“A licenciatura em Podologia conta com um corpo docente próprio e especializado, bem como com uma elevada componente prática, obtida através dos estágios curriculares. O objetivo deste curso é proporcionar aos alunos uma formação académica que lhes permita adquirir as competências e as capacidades necessárias para uma vida profissional de sucesso”, explica Manuel Portela, presidente da Associação Portuguesa de Podologia.

E acrescenta: “Existem fatores que influenciam os alunos na escolha deste curso, tais como o gosto pela área das Ciências da Saúde. Por outro lado, os estudantes procuram experiências e profissões que tenham autonomia profissional e ao mesmo tempo uma grande taxa de empregabilidade.  Atualmente, a procura por este curso tem vindo a aumentar, uma vez que apresenta uma taxa de empregabilidade de 98 por cento e pelo facto de existirem ainda poucos profissionais especialistas em Podologia.”

Este curso pioneiro pode ser encontrado em instituições de ensino superior como a CESPU – Cooperativa de Ensino Superior Politécnico - e a ESSCVP - Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa.

Covid-19
São vários os países que depois da epidemia ter parecido estagnar e dar tréguas, voltaram a registar um aumento no número de...

Contudo, a questão da segunda vaga é relativa e depende muito de cada profissional. Se para uns ainda estamos no final da primeira vaga, outros dizem que já chegou a segunda e outros dizem ainda que o conceito nem existe.

Para Pasi Penttinen, especialista em imunização do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês, "estamos no meio da primeira onda na Europa e globalmente. Só vimos declínios [no número de casos] na Europa, por causa das medidas de distanciamento físico”, disse citado pelo ‘Observador’.

“O vírus não mudou a dinâmica. No momento em que relaxarmos essas medidas, vão criar-se oportunidades para o vírus se espalhar novamente”, acrescentou o especialista à mesma publicação, dizendo que este cenário acontece também em Portugal, onde depois do pico da epidemia, se chegaram a registar apenas 92 casos diários, números que voltaram a aumentar assim que o confinamento terminou.

Ainda assim, no caso do nosso país o aumento foi sempre controlado, com o número de casos diários a nunca exceder os 500 desde maio até agora e também a nunca ser inferior a 106.

Por sua vez, Miguel Castanho, líder do grupo de bioquímica física de fármacos no Instituto de Medicina Molecular (IMM), defende que o conceito ‘segunda vaga’ não existe. “É uma muleta que nos ajuda a expressar a ideia de que, nas doenças infectocontagiosas, há uma fase de grande expansão, depois há uma retração e pode haver uma nova expansão. A essa nova expansão chamamos segunda vaga”, explicou ao ‘Observador’.

O momento da epidemia em que Portugal se encontra varia tanto quanto o conceito de ‘segunda vaga’. Gabriela Gomes, epidemiologista, investigadora da Escola de Medicina Tropical de Liverpool e do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto, considera que “estamos na segunda onda”.

Já Manuel Carmo Gomes, professor de epidemiologia de doenças transmissíveis da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, acredita que “estamos no fim da primeira vaga”. O especialista considera que no próximo mês de setembro a segunda vaga poderá chegar, com o regresso às aulas e ao trabalho e também com o frio do inverno.

Miguel Castanho também prevê uma segunda vaga no inverno. “Num raciocínio lógico, dir-se-ia que, sendo este um vírus respiratório e não tendo desaparecido no verão, é plausível que no inverno tenhamos mais casos por termos condições mais propícias à infeção”, afirmou ao jornal Observador.

Covid-19
Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), voltou a alertar, durante uma conferência de...

“Temos que evitar a transmissão em comunidade. Se travarmos o vírus com eficácia, vamos poder reabrir as nossas sociedades com segurança”, afirmou o responsável da OMS. “Mesmo em países onde a transmissão é intensa, pode ser controlada aplicando as medidas adequadas”, acrescentou dando como exemplo o caso de Nova Iorque.

Tedros antecipou ainda que o número de casos globais da Covid-19 pode chegar aos 20 milhões esta semana, e o número de vítimas mortais aos 750 mil.  “Esta semana vamos atingir os 20 milhões de casos confirmados e as 750 mil mortes”, afirmou, salientando, ainda assim, que “há esperança, independentemente da situação em que se encontre o país. Nunca é tarde para reverter a pandemia”.

O diretor geral da OMS explica que se encontram em fase de análise mais de 50 medicamentos contra a doença viral, contudo lamenta que o trabalho científico seja prejudicado pela falta de financiamento. “São necessários mais 100 mil milhões de dólares apenas para vacinas”, esclareceu Tedros Adhanom Ghebreyesus.

 

 

Investigação
Segundo um novo estudo, publicado, na passada sexta-feira, na revista científica Science Advances, período médio de incubação...

O método do novo estudo é fundamentado numa base de dados pública de datas de infeção. Os cientistas identificaram indivíduos pré-sintomáticos e monitorizaram-nos até à manifestação dos primeiros sinais de Covid-19, lê-se no resumo da publicação.

Ao utilizarem uma nova abordagem, os investigadores calcularam que o período médio de incubação era de 7,75 dias. Além disso, 10% dos doentes chegaram a apresentar um período de incubação de cerca de 14,28 dias.

De acordo com os autores do estudo, estes resultados devem preocupar as autoridades sanitárias, já que neste momento é esse o tempo recomendado de quarentena.

Segundo a equipa de investigação, as estimativas anteriores e que indicava um período de incubação que não ultrapassava os 5 dias, basearam-se em “pequenas amostras”, “dados limitados” e “autorrelatos que poderiam ser enviesados pela memória ou julgamento do paciente ou entrevistador”.

Paraestimar os períodos de incubação ,o atual estudo utilizou uma abordagem de baixo custo, que foi aplicada a 1084 casos confirmados de covid-19 que tinham viajado ou residido em Wuhan.

 

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