Porto Business School
A CUF Academic Center e a CUF Oncologia realizam, dia 27 de maio, entre as 8h30 e as 16h30, na Porto Business School, as 5ª...

Este evento irá debater os grandes desenvolvimentos neste tipo de tumor, desde o diagnóstico precoce, terapêuticas inovadoras, e, ainda, o rastreio do cancro do pulmão em Portugal. 

“O cancro do pulmão tem sido um dos tumores que mais novidades tem trazido nos últimos anos e estamos convictos que teremos um importante dia de partilha de conhecimento”, refere Bárbara Parente da Comissão Organizadora. 

Os temas discutidos, organizados em mesas-redondas e em conferências, pretendem compreender a visão das várias especialidades que tratam esta patologia contribuindo para uma atualização e enriquecimento dos cuidados prestados.

O evento decorrerá em formato presencial e online e destina-se a todos os profissionais de saúde, desde médicos especialistas, enfermeiros e técnicos. As inscrições podem ser efetuadas através deste link, onde também é possível consultar o programa. 

 

 

 

O impacto da pandemia na população e no Sistema Nacional de Saúde
A Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra promove, a 11 de maio, uma conferência-debate com o tema ...

“A Imunidade dos Portugueses: perspetivas”, “A Saúde Mental dos Portugueses: desafios” e “A Organização e Gestão do Sistema de Saúde: soluções” são os temas das intervenções dos três oradores, às quais se seguirá um momento debate, moderado pelo jornalista José Manuel Portugal (RTP). “Agora que entrámos numa nova fase de gestão de pandemia, importa refletir sobre o que mudou na nossa Saúde nos últimos dois anos e perspetivar um futuro ajustado a esta nova realidade”, nota o presidente da ESTeSC-IPC, Graciano Paulo, lembrando que “os profissionais de Saúde e os decisores políticos enfrentam novos desafios”. “A ESTeSC-IPC, enquanto Escola de referência na área da Saúde, tem a obrigação de contribuir para esta reflexão”, assume.

Com início às 14h30, no auditório António Arnaut da ESTeSC-IPC, o Annual Meeting Talks terá acesso livre e aberto a todos os interessados. A sessão será também transmitida em direto nas páginas de Youtube e Facebook da Escola.

Esta é a primeira vez que o Annual Meeting surge em formato “talks”, concentrando o programa de trabalhos numa só tarde. “Depois de duas edições marcadas pela incerteza e em formato virtual, em 2022 procurámos marcar a diferença com um programa de trabalhos mais curto – e, portanto, menos sujeito a imprevistos – mas tão ou mais pertinente do que os anteriores, dada a urgência da temática em discussão”, justifica Graciano Paulo.

A edição 2022 do Annual Meeting é organizada pelos docentes Rui Soles Gonçalves, Sofia Viana e Óscar Tavares, da ESTeSC-IPC.

Estudo avaliou o desempenho de um sistema de Aprendizagem Profunda no diagnóstico ao COVID-19
Uma equipa de investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC)...

A pandemia por COVID-19 veio revolucionar os sistemas de saúde de todo o mundo e a sua velocidade de propagação, tornou fundamental o diagnóstico e uma deteção precoce de manifestações mais graves da doença. O Raio-X ao tórax tornou-se uma das formas mais utilizadas de diagnóstico complementar e acompanhamento da progressão da doença.

Um Raio-X deve ser interpretado por radiologistas experientes. No entanto, a pandemia provocou um aumento apreciável do número de exames radiológicos a observar, situação que conjugada com a escassez de radiologistas obrigou à utilização de outros clínicos menos experientes na interpretação destes exames. A análise automatizada de imagens através de técnicas de IA pode, assim, desempenhar um papel fundamental enquanto segunda opinião para apoiar as decisões clínicas de pacientes com COVID-19. De acordo com Aurélio Campilho um dos investigadores principais do projeto, "o objetivo da investigação foi exatamente estudar de que forma é que a Aprendizagem Profunda, pode ser colocado ao serviço do diagnóstico médico".

“Com este projeto quisemos avaliar de que forma as técnicas de Aprendizagem Profunda poderiam auxiliar a interpretação/leitura de Raio-X e consequente diagnóstico e acompanhamento de doentes COVID-19. Desde o início da pandemia houve um grande esforço por parte da comunidade científica em Aprendizagem Computacional em propor novas abordagens de apoio ao diagnóstico médico e muitos dos estudos inicialmente publicados reivindicaram resultados exageradamente prometedores indicando mesmo uma capacidade de diagnóstico de COVID-19 sobre-humana. O que o nosso estudo veio mostrar foi que a aplicação destes algoritmos num ambiente clínico é bastante mais complexa que o esperado. Em colaboração próxima com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN) foi possível identificar os principais desafios na aplicação destas ferramentas de Aprendizagem Profunda e desenvolver novas técnicas que consigam aumentar a robustez destes sistemas.”

A Aprendizagem Profunda é um ramo da Aprendizagem Computacional que pretende dotar o computador da capacidade de aprender e executar tarefas semelhantes às dos seres humanos, tais como a identificação de imagens, o reconhecimento de voz ou a realização de prognósticos.

O estudo agora publicado avaliou o desempenho de um sistema de Aprendizagem Profunda no diagnóstico ao COVID-19 estabelecendo a comparação com a análise de radiologistas. Uma das conclusões apresentadas na investigação é que a distinção entre COVID-19 e outras patologias em Raio-X é uma tarefa realmente difícil e subjetiva, até para radiologistas experientes. No entanto, foi possível demonstrar que o desempenho dos algoritmos de Aprendizagem Profunda na identificação de COVID-19 pode ser melhorado significativamente se estes aprenderem diretamente com os radiologistas, identificando de forma mais clara os sinais radiológicos da COVID-19 e levando a um melhor diagnóstico.

Apesar desta metodologia estar ainda numa fase inicial, o objetivo é estender a investigação a outras patologias identificadas através de Raio-X: "Apesar da COVID-19 ter sido o foco de atenção principal da investigação, nos últimos dois anos, existe uma panóplia de patologias e achados que podem ser identificados em Raio-X. O nosso objetivo é desenvolver um sistema que permita identificá-las de modo automático. Uma ferramenta deste tipo seria extremamente útil para ajudar radiologistas, técnicos e médicos menos experientes na interpretação de Raio-X", conclui Aurélio Campilho.

Num âmbito mais alargado, o projeto TAMI propõe colocar a IA ao serviço do setor da saúde, desenvolvendo ferramentas de apoio à decisão de forma a auxiliar o processo de decisão médica , com especial enfoque no cancro cervical, doenças pulmonares e doenças oculares. Além da decisão diagnóstica, os algoritmos de IA desenvolvidos permitirão ainda explicar a forma como o sistema alcançou uma determinada decisão, tornando o processo mais transparente e acessível. Estas explicações podem ser visuais (identificando as regiões da imagem relevantes para a decisão ou textuais (através de um conceito ou frase que faça sentido para o ser humano).

 

GS1 Portugal promove 8.ª Edição do Seminário de Saúde
Num contexto pandémico global ainda em atenta monitorização, com um conflito armado na Europa e crescente tensão geopolítica...

A GS1 Portugal promove, no próximo dia 12 de maio, a 8.ª edição do Seminário de Saúde, subordinado ao tema das cadeias de abastecimento na saúde em contexto de crise globais. O evento conta, para já, com a participação da APIFARMA, Deloitte, Cruz Vermelha Portuguesa, Serviço Jesuíta aos Refugiados e UNICEF.

Realizado em formato híbrido, das 10h00-12h00, a iniciativa procurará analisar e debater os principais “Desafios das cadeias de abastecimento em tempos de emergência”, abordando ângulos como: Qual o envolvimento e contributo mais eficientes da sociedade civil no apoio às organizações com a intervenção na prestação de cuidados? No epicentro da crise e nos territórios fronteiriços, qual o papel do setor privado, do terceiro setor e dos Governos e entidades tuteladas? E nos Estados de acolhimento, para que se dirigem as populações em êxodo devido ao conflito? Como se gere uma cadeia de abastecimento em tempos de crise humanitária? Que princípios garantem a sustentabilidade da cadeia de abastecimento de emergência? E ainda a Gestão de fundos humanitários em tempos de crise geopolítica.

Além de um Painel Debate, que equacionará estas vertentes da crise, o 8.º Seminário de Saúde da GS1 Portugal irá contar ainda com a apresentação de um estudo da Deloitte de que resultam perspetivas globais para o setor da saúde em 2022; com uma apresentação da GS1 HealthCare sobre a importância da colaboração na cadeia de abastecimento da saúde em contexto de emergência; bem como com a  apresentação das conclusões de um estudo de caso de eficiência em armazém, realizado pela GS1 Portugal com a cadeia de parafarmácias do Grupo Sonae, Wells.

 

"Os desafios da gripe: o que aprendemos com a pandemia?"
Abordar os desafios da gripe, para além de infeção respiratória per si, e utilizar os ensinamentos retirados da pandemia para...

O evento que se realiza no Hotel Vidamar Madeira irá levar ao Funchal alguns dos mais prestigiados especialistas nacionais para debater as patologias respiratórias, diagnóstico, prevenção e novas terapêuticas.

O simpósio promovido pela Sanofi terá como palestrante Filipe Froes, pneumologista e coordenador do gabinete de crise covid-19 da Ordem dos Médicos (OM).

Para Helena Freitas, diretora-geral da área de vacinas da Sanofi, “O nosso contributo para o conhecimento científico está no ADN da Companhia. Nesse sentido, é para nós de extrema importância apoiarmos iniciativas que visem a formação dos profissionais de saúde, dotando-os de ferramentas que lhes sejam úteis na prática clínica”.

A Sanofi tem como missão, não apenas a investigação e desenvolvimento de inovadoras terapêuticas, mas também apoiar e promover iniciativas com o objetivo de levar novos conhecimentos à comunidade médica para que possa, por sua vez, responder às necessidades dos seus doentes com as soluções mais eficazes e adequadas a cada população.

 

12 de maio
Comemora-se a 12 de maio o Dia Internacional do Enfermeiro. Todos os anos é eleito um tema para esta celebração, sendo este ano...

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) vai assinalar o dia com uma sessão híbrida que terá início pelas 13:30h, nos auditórios dos HUC-CHUC e transmissão na plataformaTeams e Facebook do CHUC (https://bit.ly/38B1bTt).

Pelas 14h, terá lugar uma mesa-redonda sobre “A literacia em saúde e a qualidade dos cuidados de enfermagem” com moderação de Emília Torres, Enfermeira Gestora em Funções de Direção no CHUC, com palestrantes de várias instituições nacionais que irão abordar temas como: “A Satisfação do Cliente”, “A Promoção da Saúde”, “O bem-estar e o autocuidado”, a “Organização dos Cuidados de Enfermagem”, entre outros.

Pelas 16h, terá lugar a sessão solene de homenagem aos enfermeiros que completaram "35 Anos a Cuidar" com entrega de placas comemorativas, sessão que será presidida pelo Presidente do Conselho de Administração do CHUC, Carlos Santos, e por Áurea Andrade, Enfermeira Diretora do CHUC.

A sessão de encerramento terá lugar pelas 16:45h e às 17h haverá um momento musical, seguido de Porto D’Honra pelas 17:30h.

A celebração do Dia Internacional do Enfermeiro nesta data, remete para o aniversário de Florence Nightingale, considerada a fundadora da enfermagem moderna.

 

 

Destinado a equipas de profissionais de saúde e de outros profissionais
A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) promove a 9.ª edição do Prémio Healthcare Excellence, em...

Destinado a equipas de profissionais de saúde e de outros profissionais, esta distinção pretende reconhecer e incentivar projetos nacionais no âmbito da garantia do acesso, da qualidade e da integração e gestão de respostas às necessidades dos utentes, que tenham sido desenvolvidos e implementados no ano 2021. Os projetos apresentados deverão resultar numa melhoria significativa da segurança, do acesso e da eficiência nos cuidados de saúde.

As candidaturas ao Prémio Healthcare Excellence terão de ser enviadas à APAH através do seu correio eletrónico: [email protected] até ao próximo dia 30 de junho.

Segundo os critérios de inovação, replicabilidade noutras instituições e da qualidade da apresentação na reunião final do Prémio Healthcare Excellence, todos os projetos candidatos serão avaliados por um júri independente que inclui quatro profissionais de reconhecido mérito na área da saúde.

A reunião final do Prémio Healthcare Excellence vai realizar-se no dia 21 de outubro de 2022, no Hotel Eurostars Figueira da Foz, onde os finalistas farão uma apresentação dos projetos selecionados. No evento será ainda anunciado o grande vencedor, a quem será atribuído um prémio no valor de 5.000 euros destinado à instituição onde o projeto foi desenvolvido e implementado.

O regulamento do Prémio Healthcare Excellence está disponível no site da APAH.

 

 

Prémio de Saúde da União Europeia
O Instituto Piaget arrecadou o terceiro prémio dos EU Health Award – 2021, com o projeto “Dar Palco à Saúde”, na categoria de...

O projeto “Dar Palco à Saúde” é promovido pelo Instituto Piaget, através da RECI (Unidade de Investigação em Educação e Intervenção Comunitária), em colaboração com o i3S/Ipatimup e as escolas do concelho de Almada.

O projeto utiliza a técnica do Teatro-Fórum como metodologia de transformação social para melhorar a literacia dos jovens sobre o cancro e o seu pensamento crítico. Isto já depois de, numa fase anterior, se ter procedido a uma extensa caracterização das perceções, conhecimentos e comportamentos de centenas de jovens relacionados com a prevenção do cancro.

O Prémio de Saúde da União Europeia premiou várias iniciativas de destaque levadas a cabo por organizações não governamentais e instituições de ensino que procuram promover a comunicação e a literacia em saúde sobre a prevenção do cancro entre crianças e jovens (dos 6 aos 24 anos), bem como iniciativas comunitárias destinadas a aliviar o impacto da Covid-19 na saúde mental.

O objetivo do prémio, instituído pela Comissão Europeia, é sensibilizar para o papel vital que aquele tipo de entidades desempenha no reforço da democracia participativa e da cidadania ativa na saúde pública.

No total, foram apresentadas 110 candidaturas de 15 países da União Europeia, tendo a Comissão Europeia eleito os vencedores, onde se inclui o Instituto Piaget, com base nas iniciativas pré-selecionadas e avaliadas por um júri composto por elementos da Comissão e peritos externos.

O prémio atribuído ao Instituto Piaget, no valor de 12 mil euros, será integralmente aplicado na operacionalização do projeto “Dar Palco à Saúde”.

 

"I See You" do artista plástico Rui Nunes
O Sindicato dos Enfermeiros – SE assinala o Dia Internacional do Enfermeiro no próximo dia 12 de maio com a inauguração de uma...

A série de pinturas em acrílico do autor, patente na sede do Sindicato dos Enfermeiros até 11 de junho, espelha o aparato que nas nossas rotinas diárias transformou as relações sociais nas sociedades contemporâneas, sobretudo a ocidental, tanto ao nível físico como psicológico. As obras retratam, em muito grande plano, vários profissionais do Serviço Nacional de Saúde português de máscara e touca.

A pintura de Rui Nunes apresenta um realismo cru baseado na vertente visível da relação Homem-Sociedade e nos antagonismos criados por essa interação. A busca por uma representação da figura humana, quer na sua totalidade quer na utilização de momentos de ação localizada, inserida em ambientes contadores de histórias, assim como a utilização de elementos gráficos metafóricos, obrigam a uma análise além da obra e a uma atenta interpretação concetual.

 

 

Reflexão
As UCC prestam “cuidados de saúde e apoio psicológico e social, de âmbito domiciliário e comunitário

De acordo com o Despacho n.º 10143/2009, mais concretamente a nível das atividades da Carteira de Serviços das UCC (alínea c, ponto 4, artigo 9º - Carteira de Serviços) a contratualizar com o ACeS, deve incidir, também, prioritariamente, na seguinte área: “Projetos de intervenção com pessoas, famílias e grupos com maior vulnerabilidade e sujeitos a fatores de exclusão social ou cultural, pobreza económica, de valores ou de competências, violência ou negligência”, tais como:

  1. Acompanhar utentes e famílias de maior risco e vulnerabilidade;
  2. Cooperar com outras unidades funcionais, no tocante a ações dirigidas aos utentes, às suas famílias e à comunidade, nomeadamente na implementação de programas de intervenção especial, na criação de redes de apoio às famílias e no recurso a unidades móveis;
  3. Promover, organizar e participar na formação técnica externa, designadamente nas áreas de apoio domiciliário e familiar, bem como no voluntariado;
  4. Participar nas atividades inerentes à Rede Social, na vigilância de saúde e acompanhamento social das famílias com deficientes recursos socioeconómicos;
  5. Participar nas atividades do programa de intervenção precoce a crianças, nomeadamente na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.

À Rede Social cabe impulsionar o trabalho de parceria baseada na planificação estratégica da intervenção social local, com diferentes atores sociais, contribuindo para erradicação da pobreza e exclusão social, que atingem os grupos populacionais mais vulneráveis, promovendo o desenvolvimento social local (Resolução do Conselho de Ministros n.º 197/97, 18 novembro), coadunando-se perfeitamente as intervenções.

A Rede Social permite a rentabilização dos recursos concelhios, constituindo parcerias, atuando de forma concertada, os seus órgãos são: Conselhos Locais de Ação Social (CLAS) e CSF (DL n.º 115/2006, 14 junho). As CSF desenvolvem trabalho de proximidade que não substitui, mas complementa o trabalho desenvolvido pelas instituições locais, funcionando como estrutura integradora.

A UCC Pombal integrou em 2014 o CLAS e CSF, integrando o seu Núcleo Executivo (NE), o que implica reuniões mensais, preparação/participação nos plenários, execução de procedimentos e documentos, atendimento psicossocial e intervenção comunitária. As funções desempenhadas no NE permitiram desenvolver muitas das competências do EEEC como o estabelecimento de programas e projetos de intervenção com vista à resolução de problemas identificados, liderando processos comunitários com vista à capacitação, integrando nestes processos conhecimentos de diferentes disciplinas.

Assim, as competências específicas do EEEC aliadas ao conhecimento concelhio (imprescindível ao desenvolvimento de funções na UCC) permitem uma intervenção ativa no desenvolvimento do Plano de Desenvolvimento Social, com trabalho de proximidade efetivo, orientando respostas às necessidades individuais e coletivas da população e instituições, através de projetos existentes, permitindo maior rentabilização de recursos e abrangência na intervenção.

Também a Especialidade de Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública tem como alvo de intervenção a comunidade e dirige-se aos projetos de saúde dos grupos a vivenciar processos de saúde/doença, processos comunitários e ambientais com vista à promoção da saúde, prevenção e tratamento da doença, readaptação funcional e reinserção social em todos os contextos de vida. O foco da sua atenção são as respostas humanas aos processos de vida e aos problemas de saúde de grupos, comunidade e população, designadamente através do desenvolvimento de programas de intervenção com vista à capacitação e empowerment das comunidades na consecução de projetos de saúde coletiva e ao exercício da cidadania. Assim, e de acordo com o Regulamento dos Padrões de Qualidade dos Cuidados Especializados em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública espera-se que o Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública:

  • Tenha um entendimento profundo sobre os determinantes dos problemas de saúde de grupos ou de uma comunidade na conceção do diagnóstico de saúde de uma comunidade;
  • Identifique as necessidades em saúde de grupos ou de uma comunidade;
  • Conceba, planeie, implemente projetos de intervenção com vista à consecução de projetos de saúde de grupos e/ou comunidades;
  • Intervenha em grupos e/ou comunidades com necessidades específicas assegurando o acesso a cuidados de saúde eficazes, integrados, continuados e ajustados;
  • Coordene e dinamize programas de intervenção no âmbito da prevenção, proteção e promoção da saúde em diferentes contextos;
  • Participe, em parceria com outras instituições da comunidade e com a rede social e de saúde, em projetos de intervenção comunitária dirigida a grupos com maior vulnerabilidade;
  • Mobilize os parceiros/grupos da comunidade para identificar e resolver os problemas de saúde;
  • Coopere na coordenação, otimize a operacionalização, e monitorização dos diferentes Programas de Saúde que integram o Plano Nacional de Saúde;
  • Monitorize a eficácia dos Programas e Projetos de intervenção para problemas de saúde com vista à quantificação de ganhos em saúde da comunidade.
  • Participa na gestão de sistemas de vigilância epidemiológica;
  • Utiliza a evidência científica para soluções inovadoras em problemas de saúde pública.

Importa referir que em 2014 foi construída a primeira CSF do concelho de Pombal, contando no seu NE com uma EEEC em representação da saúde. No quadriénio 2014-2017 foram acompanhadas pelo NE da mesma, uma média 160 famílias/ano, maioritariamente famílias multiproblemáticas: com carência económica e desemprego; menores em risco; baixas qualificações; consumo substâncias aditivas; idosos com multipatologia crónica sem apoio familiar; fragilidade habitacional; crianças e idosos negligenciados.

Reconhecendo a importância do trabalho desenvolvido pela CSF, entre 2018 e 2019 a resposta CSF foi alargada a todo o concelho, tendo sido criadas várias CSF e CSIF (Comissões Sociais Interfreguesias), de modo a dar resposta à população de Pombal, 51170 indivíduos (dados provisórios do INE referentes a 2021, disponível na web https://www.ine.pt/scripts/db_censos_2021.html). A UCC Pombal integrou o NE de todas as CSF e CSIF, à exceção de duas comissões cuja representação da saúde ficou a cargo de uma UCSP.

Atualmente, considerando os dados dos relatórios de atividades das diferentes CSF e CSIF, cujo o NE integra a UCC, acompanharam em 2021 cerca de 600 agregados familiares com problemáticas diversas sendo, as de maior incidência: precariedade económica, imigração ilegal, desemprego, fragilidade habitacional, saúde e envelhecimento.

Em todas as CSF e CSIF foram desenvolvidos projetos dirigidos às populações mais vulneráveis, de acordo, com os cinco eixos estratégicos do Plano de Desenvolvimento Social, definidos tendo por base o Diagnóstico Social do Concelho de Pombal, nomeadamente: Infância e Juventude, Envelhecimento, Intervenção social de Proximidade, Promoção da Saúde e Empregabilidade.

Contudo, ainda não existem indicadores relativos à Intervenção Comunitária, nomeadamente, a nível da Rede Social e Comissões Sociais de Freguesia, associados ao Desempenho Assistencial da Matriz dimensional com Impacto no Índice de Desempenho Global das UCC.

As CSF constituem uma oportunidade para uma efetiva Intervenção Comunitária, dada a sua proximidade das comunidades e porque comportam diferentes atores sociais, que atuam em complementaridade em prol do utente/família/comunidade.

No âmbito da atividade desenvolvida é de validar que as UCC são unidades funcionais que melhor respondem às necessidades da Rede Social ao nível das CSF, afigurando-se o EEEC, como o profissional mais adequado à prossecução dos seus objetivos.

Referências Bibliográficas:

- INE (2022), CENSOS 2021, informação disponível na web em https://www.ine.pt/scripts/db_censos_2021.html.

- Portugal, Ordem dos Enfermeiros, Diário da República n.º 118 de 19 de junho, Regulamento n.º 348/2015 – Regulamento dos Padrões de Qualidade dos Cuidados Especializados em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública, pp. 16481-16486. Disponível na web em https://dre.pt/application/file/a/67540465.

- Portugal, Ordem dos Enfermeiros, Diário da República n.º 135 de 16 de julho, Regulamento n.º 428/2018 – Regulamento de Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária na área de Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública e na área de Saúde Familiar, pp. 19354-19359. Disponível na web em https://dre.pt/application/file/a/115698536.

- Portugal, Presidência do Conselho de Ministros, Diário da República n.º 267/1997, Resolução do Conselho de Ministros n.º 197/97, de 18 de novembro, pp. 6253-6255. Disponível na web em https://dre.pt/application/file/a/685747.

- Portugal, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, Diário da República, Decreto-Lei n.º 115/2006 de 14 junho, pp. 4276-4282. Disponível na web em https://dre.pt/application/file/a/345018.

- Portugal, Ministério da Saúde, Diário da República, Decreto-Lei n.º 28/2008, 22 de fevereiro, republicado pelo Decreto-Lei n. º137/2013, de 7 de outubro e Decreto-Lei n.º 253/2012, 27 de novembro, pp. 1182-1189. Disponível na web em https://dre.pt/application/file/a/247597.

- Portugal, Gabinete do Secretário de Estado da Saúde, Diário da República n.º 74 de 16 de abril, Despacho n.º 10143/2009, pp. 15438-15440. Disponível na web em https://dre.pt/application/file/a/2216123.

     

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Vigilância epidemiológica da infeção VIH e SIDA
Helena Cortes Martins, responsável pelo Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Imunodeficiência Humana e Vírus das...

Esta estrutura tem como objetivo fornecer aconselhamento ao ECDC sobre matérias relacionadas com a infeção por VIH e SIDA.

A representação do INSA nesta rede de vigilância do ECDC justifica-se pelo papel histórico da instituição na vigilância epidemiológica da infeção VIH e SIDA, gerindo a base de dados nacional que agrega a informação proveniente das notificações de casos de infeção e de SIDA, em estreita colaboração com o Programa Prioritário para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção VIH da Direção-Geral da Saúde (DGS).

 

Oncologia
Não sendo um dos tumores mais frequentes, o cancro do ovário está associado a uma taxa de mortalidad

Segundo dados do Globocan, em 2020 foram diagnosticados 561 novos casos em Portugal e registadas 408 mortes por este tumor. Para mudar este cenário há informação que importa não esquecer:

A idade é um fator de risco para o cancro do ovário.

Cristina Frutuoso explica que este tipo de tumor “surge sobretudo depois da menopausa”, o que não significa, no entanto, que as mulheres não devam estar atentas desde sempre.

Os sintomas associados ao cancro do ovário são, na sua maioria, inespecíficos.

Nas fases iniciais da doença, é mesmo comum a inexistência de sintomas, sendo este um fator responsável pelos atrasos no diagnóstico.

De entre os sintomas mais comuns, numa fase mais precoce, contam-se a sensação de peso, dor pélvica e alterações urinárias, e em fases mais avançadas - sensação de enfartamento e aumento do volume abdominal.

O cancro do ovário pode ser causado por mutações BRCA.

“Ter esta mutação significa risco muito acrescido de ter cancro do ovário e de outros órgãos, como da mama, do pâncreas e da próstata”, explica Cristina Frutuoso, que confirma que as doentes com cancro do ovário têm indicação para fazer estudo genético independentemente do seu histórico familiar. E que adicionalmente, existe um conjunto de fatores de risco definidos que orientam para o estudo genético na mulher saudável. “E se a mulher com cancro do ovário tiver mutação BRCA, tem indicação para o tratamento com fármacos alvo, os chamados inibidores da PARP, e consequentemente melhor resposta. Estas abordagens podem ser usadas em consolidação, logo na primeira fase do tratamento.” Ser portadora da mutação, refere ainda, “permite tomar medidas preventivas, ainda que mutilantes’’. Recomenda-se que a mulher saudável com probabilidade de ter mutação BRCA, faça consulta de aconselhamento genético.

São cada vez mais os tratamentos para o cancro do ovário.

De acordo com a especialista, “a sobrevivência tem vindo a aumentar. A especialização dos centros na cirurgia do cancro do ovário avançado, com concentração dos casos em poucos hospitais, permite melhor tratamento cirúrgico. Por outro lado, tem havido grande evolução no tratamento médico.”

Há formas de preservar a fertilidade das mulheres com o diagnóstico de cancro do ovário.

Cristina Frutuoso explica que “o cancro epitelial seroso de alto grau, que é o cancro do ovário mais prevalente, surge mais frequentemente depois da menopausa. Quando surge em idade fértil, são excecionais as situações em que a preservação da fertilidade é possível”. No entanto, outros tumores malignos do ovário, mais raros, que surgem em idades mais jovens, “permitem habitualmente cirurgias que preservam a fertilidade. Nos casos em que há indicação para quimioterapia, pode recorrer-se a técnicas de preservação da fertilidade, como a criopreservação de ovócitos”.

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Estudo
Mais de 400 anos de vida foram perdidos por morte prematura ou incapacidade devido à Atrofia Muscular Espinhal (AME) em...

O “Estudo do Impacto Socioeconómico da AME em Portugal” foi desenvolvido pelo Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

A análise conclui que dos 403 anos de vida perdidos, 86% se deveram a mortalidade prematura (mais de 340 anos) e 14% a incapacidade.

Em termos individuais, a carga da Atrofia Muscular Espinhal é muito significativa, o que se reflete igualmente nos anos de vida perdidos por cada doente. A título de exemplo, uma criança com AME tipo 1 vive, em média, o equivalente a 4,8 meses sem incapacidade num ano de vida.

O estudo concluiu que a prevalência da AME em Portugal foi estimada, segundo os dados de 2019, em 147 doentes: 18 com tipo 1, 46 com tipo 2 e 83 com tipo 3.

A AME é usualmente classificada em três tipos principais, baseados sobretudo na idade em que surgem os primeiros sintomas. O tipo 1 desenvolve-se em bebés com menos de seis meses; o tipo 2 manifesta-se em crianças dos seis aos 18 meses e o tipo 3 pode não ser evidente até à infância tardia ou adolescência.

O mesmo estudo, que vai ser apresentado na Conferência “Cuidar em Sociedade na Atrofia Muscular Espinhal”, demonstra ainda que o impacto económico da doença é significativo, apesar da sua reduzida prevalência.

Um doente com AME representa um custo total de 114 mil euros por ano. O custo global de tratar a doença em Portugal foi, em 2019, de 16,8 milhões de euros, sendo que 42% desse valor correspondeu à forma mais grave da doença (o tipo 1).

Do total de quase 17 milhões, há 1,6 milhões que correspondem a custos diretos não médicos, como dispositivos de apoio, adaptações ao domicílio, apoios sociais ou cuidadores informais.

Ainda assim, comparando com outros países, e excluindo o custo das terapêuticas modificadoras da história natural da doença, o custo anual médio por doente em Portugal é um terço do custo na Alemanha e 17% do custo em Espanha, por exemplo.

O estudo foi realizado em 2020/ 2021, mas reflete dados de 2019. Naturalmente, a realidade é dinâmica e os números atuais serão diferentes, tanto no número de doentes como no impacto do custo económico da doença. 

Estudo Etnográfico - Da Odisseia do Diagnóstico ao Desconhecimento Generalizado

Durante a Conferência “Cuidar em Sociedade na AME” que se realizou este sábado, dia 7 de maio,  foi apresentado outro estudo fruto do acompanhamento diário feito a várias famílias portuguesas que convivem com a Atrofia Muscular Espinhal.

Esta análise resultou, por exemplo, de entrevistas a portadores de AME, conversas com familiares e cuidadores, entrevistas a médicos, cuidadores informais ou associações de doentes, com o objetivo de acompanhar o mais de perto possível a vivência das pessoas com AME.

Deste acompanhamento, resultaram várias conclusões, a primeira que há graves atrasos no diagnóstico. A falta de conhecimento sobre os sinais da doença resulta na dificuldade em chegar a um diagnóstico. A importância do diagnóstico precoce é salientada, sendo visto como a única forma de minimizar o impacto da doença.

A análise mostra ainda que cada caso é um caso. A informação e características usadas para definir atualmente os tipos da doença não são suficientes para ilustrar a diversidade de situações e necessidades dos doentes. Isto traz imensos problemas no momento do diagnóstico e tratamento, pela dificuldade em definir e atender às necessidades reais e específicas de cada doente.

Por outro lado, confirma que o cansaço é um fator determinante para gerir a doença e a vida. O cansaço afeta a forma como se tomam decisões e se gerem as atividades do dia a dia. Pode levar a que os doentes tenham de abdicar de atividades para que possam fazer outras.

De acordo com este estudo, os serviços não estão desenhados para resolver ativamente os problemas dos doentes e das famílias. Há um claro excesso de passividade, uma falta de acompanhamento e de intervenção ativa no ecossistema da AME. Os serviços existem, mas têm graves problemas de eficácia quando são requisitados. Há excesso de burocracia, tornando os processos lentos, uma lentidão que pode ter consequências desastrosas no contexto da doença, como por exemplo a dificuldade de aceder a uma cadeira de rodas;

Por outro lado, um dos grandes entraves ao desenvolvimento e estímulo dos portadores de AME é a postura limitadora da sociedade em geral, incluindo da própria comunidade de apoio. Um exemplo destas limitações é a atitude sexista e paternalista das famílias para com a sexualidade e a parentalidade destes doentes, principalmente relacionado às doentes mulheres. O desconhecimento geral acerca da doença, que existe na sociedade, faz com que muitas vezes se assuma que as capacidades intelectuais dos doentes também são limitadas.

A Conferência “Cuidar em Sociedade na AME” é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Neuromusculares e da Sociedade Portuguesa de Estudos das Doenças Neuromusculares, com o apoio da Roche.

Candidaturas até 14 de junho
Está a decorrer o processo de submissão de propostas a um Programa Competitivo de Bolsas promovido pela Pfizer, para apoiar...

Está prevista a atribuição de 3 bolsas com financiamento a projetos de educação médica dedicados às áreas especificadas abaixo. Apenas serão aceites as propostas que sejam submetidas até dia 14 de junho de 2022.

Posteriormente, os projetos serão analisados por um painel de revisores da Pfizer, que irá selecionar os projetos para financiamento. A Pfizer não tem influência sobre qualquer aspeto dos projetos e apenas solicita relatórios sobre os resultados e o seu impacto, para partilha pública.

Estas bolsas estão inseridas no programa Pfizer Global Medical Grants (GMG), criado para apoiar iniciativas independentes, com o objetivo de melhorar os resultados em saúde e responder a necessidades médicas não satisfeitas, alinhadas com a estratégia científica da Pfizer.

 

Investigação usa a mosca da fruta
Esta rede neural serve, de uma forma notável, para acompanhar a marcha em duas escalas de tempo diferentes simultaneamente.

Uma mosca da fruta caminha sobre uma pequena bola de esferovite numa passadeira 3D flutuante. Numa sala completamente escura, um elétrodo regista neurónios do sistema visual no cérebro da mosca, transmitindo um misterioso fluxo de atividade neural, subindo e descendo como uma onda senoidal.

Quando Eugenia Chiappe, neurocientista na Fundação Champalimaud em Portugal, viu pela primeira vez estes resultados, a sua intuição dizia-lhe que a equipa estava perante uma descoberta excecional. Estavam a gravar a atividade de neurónios do sistema visual, mas a sala onde se encontravam estava completamente escura, pelo que não havia qualquer estímulo visual que pudesse estar a desencadear aquela atividade neuronal.

“Isto só podia querer dizer que ou aquela atividade inesperada era algum tipo de “barulho de fundo”, o que nos parecia improvável, ou então era resultado de um estímulo não visual”, recorda Chiappe. “Depois de termos investigado a possibilidade de estarmos perante algum tipo de interferência, descartamos essa hipótese e tivemos a certeza: os neurónios estavam a acompanhar de forma fiel os passos que o animal dava.”

Alguns anos e muitos novos insights depois, Chiappe e sua equipa apresentam agora a sua descoberta na revista científica Neuron: a existência de uma rede neural bidirecional que liga as pernas e o sistema visual com a função de moldar o andar.

"Um dos aspetos mais notáveis da nossa descoberta é que esta rede suporta a caminhada em duas escalas de tempo diferentes simultaneamente", explica Chiappe. “Ao mesmo tempo que opera numa escala de tempo rápida, capaz de monitorar e corrigir cada etapa, também promove o objetivo comportamental do animal”.


Neurónios no cérebro da mosca da fruta acompanham o ciclo de marcha do animal.
Crédito: Terufumi Fujiwara & Eugenia Chiappe, Fundação Champalimaud.

Acompanhar o “humor” neural

“A visão e a ação podem parecer pouco relacionadas, mas na verdade estão intimamente associadas; basta escolher um ponto na parede e tentar colocar o dedo nele com os olhos fechados”, disse Chiappe. “Ainda assim, pouco se sabe sobre a base neural desta ligação.”

Neste estudo, o grupo centrou a sua atenção num tipo específico de neurónio visual que é conhecido por se ligar às áreas motoras do cérebro. “Queríamos identificar os sinais que este tipo de neurónios recebe e entender se, e como, participa no movimento”, explicou Terufumi Fujiwara, primeiro autor do estudo.

Para responder a estas perguntas, Fujiwara usou uma técnica poderosa chamada gravação de patch de célula inteira que lhe permitiu explorar o “humor” dos neurónios, que pode ser “positivo” ou “negativo”.

“Os neurónios comunicam entre si através de correntes elétricas que alteram a carga geral do neurónio recetor. Quando a carga do neurónio é mais positiva, é mais provável que este se torne ativo e depois transmita sinais para outros neurónios. Por outro lado, se a carga for mais negativa, o neurónio fica mais inibido”, explica Fujiwara.

No imediato: observando cada passo

A equipa seguiu a carga dos neurónios e revelou que esta estava sincronizada com os passos do animal de maneira a que cada movimento pudesse ser ajustado de forma ideal.

“Quando o pé estava no ar, o neurónio estava mais positivo, pronto para, se necessário, enviar instruções de ajuste para a região motora. Por outro lado, quando o pé estava no chão, impossibilitando ajustes, a carga era mais negativa, inibindo efetivamente o neurónio”, disse Chiappe.

A longo prazo: continuar a avançar

Quando a equipa analisou os resultados em maior detalhe, observou que a carga dos neurónios também estava a mudar numa escala temporal mais longa. Especificamente, quando a mosca andava rápido, a carga tornava-se cada vez mais positiva.

“Acreditamos que essa variação ajuda a manter o objetivo comportamental do animal”, disse Fujiwara. “Quanto mais tempo a mosca estiver a andar rápido, maior é a probabilidade de precisar de ajuda para manter esse plano de ação. Portanto, os neurónios ficam cada vez 'mais alerta' e prontos para serem recrutados para garantirem o controlo do movimento".

Nem sempre é o cérebro que manda

Seguiram-se muitas experiências, que permitiram criar uma descrição mais completa da rede neural e demonstrar o seu envolvimento direto na marcha. Mas de acordo com Chiappe, este estudo para além de revelar um novo circuito visuomotor, fornece também uma nova perspetiva sobre os mecanismos neurais de movimento.

"A atual visão de como o comportamento é gerado é muito 'top-down', isto é, o cérebro é que comanda o corpo. Mas os nossos resultados fornecem um exemplo claro de como os sinais provenientes do corpo contribuem para o controlo do movimento. Embora estas descobertas tenham sido feitas no modelo animal mosca da fruta, especulamos que mecanismos semelhantes possam existir noutros organismos. As representações relacionadas com a velocidade são críticas durante a exploração, navegação e perceção espacial, funções comuns a muitos animais, incluindo os humanos", conclui.

Neuropsicologia
Antes de nos debruçarmos sobre a dinâmica do sono na população sénior, respondo à pergunta formulada

Portanto e tal como acima referimos, o “mito” segundo o qual os seniores dormem menos horas porque não necessitam de tantas como os mais jovens é uma inverdade. Na realidade e em situação normal, os seniores dormem em média seis horas e meia, cerca de menos 20 minutos do que os adultos entre os 40 e os 55 anos e menos 45 minutos do que os jovens adultos entre os 20 e os 30 anos.

Abordemos agora (de modo breve e acessível) a questão dos mecanismos neurofuncionais do sono nos seniores, não fazendo do que se segue Teoria Geral Imutável dado que todos nós temos diferentes dinâmicas de sono, sendo que cada pessoa está sujeita, face à variabilidade das suas condições de vida (num sentido lato do termo), a modificações temporais e estruturais do mesmo. Sabemos que após os 50/60 anos há uma tendência a ter um sono mais superficial em detrimento da regularidade das fases mais profundas e da fase paradoxal ou REM (devido à existência de movimentos rápidos dos olhos), sendo o sono mais fragmentado; por outro lado há, não raro, uma maior dificuldade em adormecer. Estas circunstâncias adversas poderão traduzir-se em alterações do sono de que destacamos, pela sua frequência e impacto nefasto quer ao nível da existência idiossincrática, quer no que respeita à vida de relação, a insónia que pode ser inicial, intermédia (dificuldade em manter o sono com despertares, mais ou menos frequentes) ou terminal (acordar cedo demais).

Essas mudanças estão relacionadas, principalmente, com alterações anatomo-fisiológicas dos recetores neuronais que se conectam com as substâncias químicas que sinalizam do sono (neurotransmissores) com destaque para a adenosina, a melatonina, o GABA, a galanina e a acetilcolina (na fase REM). Assim sendo e devido às referidas mudanças, podemos dizer que o encéfalo tem dificuldade para se aperceber do nosso grau de cansaço e, portanto, da necessidade para adormecer e ter um sono reparador. De referir, por outro lado, a existência mais ou menos frequente de outras duas alterações patológicas que ocorrem durante o sono dos seniores, sendo que a segunda é de elevada perigosidade; referimo-nos ao síndroma das pernas inquietas e à apneia obstrutiva do sono.

E como poderão compensar os seniores o seu sono, potencialmente, “atribulado” pelas alterações acima referidas e condicionam a qualidade? Bom, haverá sempre a sesta durante a tarde, que deverá durar, aproximadamente, entre 20 e 30 minutos, trazendo confirmados benefícios neuropsicofisiológicos à população sénior.

Enfim, muito mais haveria para dizer, mas a natureza destas linhas não apela a uma linguagem demasiadamente técnica, nomeadamente no que concerne à neurofisiologia e neuroquímica do sono. Já agora, tenham sonos reparadores independentemente da vossa idade.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Relatório
Entre 2015 e 2020 Portugal assistiu a um decréscimo na incidência das infeções em meio hospitalar. Os dados integram o...

A resistência a antimicrobianos também apresenta tendência decrescente em Portugal desde 2013, nomeadamente a resistência do Acinetobacter aos carbapenemes (que diminuiu de 70% para 15%) ou do Staphylococcus aureus à meticilina (de 48% para 30%).

No relatório, destaca-se a redução em 2020 do consumo de antibióticos em ambulatório. A utilização de quinolonas, um dos antibióticos mais associados à emergência de resistências, caiu 69% entre 2014 e 2020, igualando a média europeia. Também a utilização em meio hospitalar se manteve estável e abaixo da média. No entanto, tem aumentado a utilização de antibióticos de largo espectro face a espectro estreito, o que pode induzir maiores resistências a antibióticos.

O PPCIRA, em colaboração com vários parceiros nacionais e internacionais, tem em curso sete projetos para reduzir infeções hospitalares, promover o uso sensato de antibióticos, reduzir a emergência e transmissão de microrganismos resistentes e aumentar a literacia do cidadão nestas temáticas.

Salientam-se ainda os resultados relativos à Estratégia Multimodal de precauções básicas de controlo de infeção (PBCI) nas unidades de saúde, em que se releva o aumento progressivo da adesão ao cumprimento da higiene das mãos entre 2016 e 2020. É significativo o aumento ocorrido entre 2019 e 2020, tendo a taxa de cumprimento global e a taxa de cumprimento do primeiro momento de higiene das mãos aumentado de 75,7% para 82,7% e de 68,0% para 76,2%, respetivamente.

 

 

Universidade de Coimbra
Um estudo realizado por neurocientistas da Universidade de Coimbra (UC) revela capacidades cognitivas e comportamento social...

A deficiência intelectual resulta de alterações no neurodesenvolvimento e caracteriza-se por uma função intelectual comprometida, bem como por alterações na comunicação e nas capacidades sociais. Existem em Portugal várias instituições que desenvolvem a sua ação no âmbito da habilitação e integração da pessoa com deficiência intelectual, grande parte delas associadas à HUMANITAS – Federação Portuguesa para a Deficiência Mental.

Este distúrbio do neurodesenvolvimento pode ter várias causas, entre as quais genéticas e/ou ambientais, sendo pouco conhecidos os mecanismos biológicos que originam as alterações cognitivas, comportamentais e sociais destas pessoas. Desvendar estes mecanismos é essencial para desenhar estratégias terapêuticas e reabilitativas, sempre que estas surjam como necessárias.

Alterações genéticas associadas a distúrbios do neurodesenvolvimento, como a deficiência intelectual, são frequentemente encontradas em genes que codificam proteínas presentes na sinapse, a estrutura de comunicação entre os neurónios no cérebro. Uma dessas proteínas é a stargazina, que foi o objeto do estudo realizado no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC), com o objetivo de «perceber o impacto que uma alteração no gene que codifica a stargazina pode ter na comunicação e estrutura dos neurónios, assim como no comportamento animal», explica Ana Luísa Carvalho, líder do estudo e docente do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

O trabalho, já publicado na revista Molecular Psychiatry, teve como ponto de partida uma simulação computacional que permitiu prever o impacto da alteração genética associada a deficiência intelectual na estrutura e na dinâmica molecular da stargazina.

Utilizando neurónios de rato em cultura e murganhos geneticamente modificados, em que foi introduzida a alteração genética humana (animais knock-in), os autores do estudo verificaram que a variante genética que leva à produção de uma stargazina modificada compromete a transmissão de informação entre neurónios do hipocampo, uma região do cérebro que, tanto em roedores como em humanos, é responsável pela formação de memória e pela capacidade de aprendizagem. Os murganhos geneticamente modificados apresentaram também dificuldades de memória e de aprendizagem, assim como um comportamento social anormal.

«Estes resultados mostram que uma alteração no gene codificante da proteína stargazina é causadora de alterações nas funções cognitivas, semelhantes às que se observam em pessoas com deficiência intelectual, e causadora de alterações na transmissão de informação entre neurónios do hipocampo, assim como na plasticidade dessa transmissão», afirma Ana Luísa Carvalho.

Este estudo «permitiu-nos também perceber a função da proteína stargazina na comunicação neuronal numa sub-região específica do hipocampo. É um estudo com uma dupla contribuição para a compreensão do funcionamento da comunicação sináptica e para a identificação de mecanismos biológicos associados a deficiência intelectual», conclui.

Este trabalho, que foi conduzido pelas investigadoras do CNC Gladys Caldeira e Ângela Inácio, resulta de uma colaboração entre o grupo de investigação liderado por Ana Luísa Carvalho e os grupos liderados por Irina Moreira e João Peça, também investigadores do CNC e docentes do DCV da FCTUC. O estudo foi financiado pela Fundação Brain and Behavior Research (EUA), pela Fundação Jérôme Lejeune (França), pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Portugal) e pela Fundação La Caixa. O artigo científico pode ser consultado em: https://www.nature.com/articles/s41380-022-01487-w

 

Mayo Clinic
As taxas de cancro colorretal em pessoas com menos de 50 anos estão a aumentar em todo o mundo.

Fatores de risco

Diversas escolhas pessoais podem aumentar o risco de desenvolver cancro do cólon ou reto. Tais fatores incluem o tabagismo, a ingestão excessiva de álcool, o consumo de uma dieta rica em gordura e com poucas fibras e a falta de exercício físico, revela o especialista.

Tomar medidas para evitar o cancro colorretal não significa evitar completamente a carne vermelha, por exemplo, acrescenta: “muitas destas medidas resumem-se a moderação. A moderação é muito importante na prevenção do cancro do cólon.”

Também existem fatores de risco que estão fora do controlo da pessoa. Há condições genéticas - doenças que são herdadas, como a Síndrome de Lynch e a Polipose Adenomatosa familiar - que podem levar ao cancro colorretal em pessoas mais jovens, revela o médico oncologista.

“Felizmente, estas condições são relativamente raras, embora possam criar um alto risco para o desenvolvimento do cancro do cólon”, acrescenta.

Identificar sinais de alerta

Exames preventivos regulares podem ajudar a prevenir o cancro do cólon ao identificar e remover os pólipos antes de se tornarem malignos, diz o especialista.

A diretrizes de exames preventivos variam ao redor do mundo, mas em geral, o exame preventivo é recomendado a partir dos 50 anos para pessoas com risco médio, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde. Nos Estados Unidos, devido ao aumento de cancro colorretal entre pessoas mais jovens, as diretrizes recomendam o exame preventivo a partir dos 45 anos para pessoas.

O exame preventivo – colonoscopia - em idades mais jovens é recomendado para pessoas com alto risco, como aquelas com histórico familiar de cancro colorretal.

Também é importante estar atento aos sinais de alerta, salienta Jones. Eles incluem desconforto abdominal persistente, como gases ou dores, diarreia ou obstipação persistentes, perda de peso sem explicação, fraqueza, fadiga e sangramento retal ou sangue nas fezes.

“Infelizmente, há uma conceção errada de que o cancro colorretal só acontece em pessoas mais velhas, e isso pode levar os médicos a especular que os sintomas sejam causados por causas mais comuns”, diz o oncologista. “Por exemplo, descartar um sangramento retal como provavelmente causado por hemorroidas sem considerar todas as causas possíveis”, dá como exemplo.

“Infelizmente, não há uma idade em que se possa dizer com segurança que se é muito jovem para ter cancro colorretal”, conclui.  

 

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
‘Remote Proctoring’
Pela primeira vez, graças à realidade aumentada e à 5G, teve lugar, entre a Fundação Champalimaud, em Lisboa, e a Universidade...

Ontem (dia 5 de maio), pelas 15h (hora de Lisboa), o cirurgião Pedro Gouveia esteve no seu bloco operatório da Unidade da Mama da Fundação Champalimaud, em Lisboa, e iniciou, como tantas outras vezes, uma cirurgia de cancro da mama. Um outro cirurgião da mesma unidade, o jovem espanhol Rogelio Andrés-Luna, esteve, entretanto, a assistir à operação, intervindo, quando necessário, para fornecer a Pedro Gouveia informação complementar e ajudar a até orientar os gestos do cirurgião. Parecia ser uma ocasião como tantas outras, mas não foi.

Antes de mais, Pedro Gouveia estava equipado com óculos de realidade mista (Hololens 2, desenvolvidos pela Microsoft). Os óculos permitem que veja à transparência o mundo real à sua volta – nomeadamente a sua doente, deitada na maca – e, ao mesmo tempo, ter acesso a informações projetadas sobre as lentes especiais, tal e qual a viseira do capacete de um piloto militar.

Diga-se já agora que Pedro Gouveia é pioneiro na utilização das Hololens para realizar cirurgias de cancro da mama guiadas por modelos digitais e personalizados do tumor e do corpo das doentes. Desenvolveu, também na Fundação Champalimaud, uma metodologia digital não invasiva que permite localizar com grande precisão o tumor a extrair durante a cirurgia, quase como se a mama à sua volta se tivesse tornado transparente. (https://fchampalimaud.org/pt-pt/news/tecnologia-de-realidade-aumentada-e-modelos-3dpersonalizados-da-mama-utilizados-pela-primeira)

Voltando à experiência que foi realizada ontem, é de salientar que Rogelio Andrés-Luna não estava fisicamente no bloco operatório durante a cirurgia – nem em Lisboa, nem mesmo, aliás, em Portugal. Encontrava-se a mais de 900 km de lá, no palco do Congresso da Associação Espanhola de Cirurgiões da Mama (AECIMA), que decorre de 5 a 7 de maio na Faculdade de Medicina da Faculdade de Zaragoza, a demonstrar, juntamente com Pedro Gouveia, uma inédita forma de supervisão cirúrgica remota.

Rogelio Andrés-Luna teve, como único instrumento de trabalho, um laptop ligado às Hololens de Pedro Gouveia, via rede privada 5G da Altice Portugal, associada à Movistar em Espanha, através de um dos habituais browsers da Web, por um software dedicado, desenvolvido pela empresa remAID (sediada na Alemanha). E, apesar da distância física considerável entre os dois médicos, tudo se passou como se o “cirurgião-supervisor” estivesse mesmo ao pé do “cirurgião-executante”, a olhar por cima do seu ombro e a assisti-lo na sua delicada tarefa.

Mas como é que isso foi possível, visto o desfasamento temporal nas imagens introduzido pela transmissão de dados, e sobretudo de vídeos, pela internet/WiFi – a mais potente tecnologia de banda larga hoje geralmente disponível para a transmissão de dados nas redes de telecomunicações? Como é que os dois cirurgiões conseguiram sincronizar as suas delicadas ações, sem que existisse um desfasamento temporal (“latência” é o termo técnico) de vários segundos entre o que um estava a fazer e o que o outro estava a ver? A resposta é que a experiência que teve lugar na quinta-feira não recorreu à 4G nem ao WiFi, mas sim à forma mais recente e poderosa de transmissão de dados digitais: a 5G. “A 5G pulveriza a latência”, reduzindo-a a poucos milissegundos, diz Pedro Gouveia. “É por isso que é tão importante no contexto da nossa experiência”, acrescenta.

Ao longo da intervenção, não só Rogelio Andrés-Luna pôde ver (quase) exatamente o que Pedro Gouveia estava a fazer num preciso instante, mas Pedro Gouveia, pelo seu lado, pôde receber, quase instantaneamente através das Hololens, informações úteis e oportunas naquele instante, em particular pequenos vídeos de cirurgias semelhantes, já realizadas. E até conseguiu visualizar oportunamente, à frente dos seus olhos, sobreposto ao corpo da doente e desenhado em tempo real por Rogelio Andrés-Luna no seu laptop, um traço azul que lhe indicou o local escolhido para fazer a incisão inicial.

“Realizamos a primeira experiência no mundo de utilização, ao vivo e em direto, daquilo a que se dá o nome de ‘remote proctoring’, durante uma cirurgia de cancro da mama”, explica entusiasmado Pedro Gouveia.

O remote proctoring (em português algo como “supervisão remota"), já está a ser utilizado para monitorizar provas escritas à distância. O software, neste caso, permite supervisionar os estudantes por vídeo enquanto fazem o exame – e também detetar eventuais comportamentos suspeitos (como a utilização de telemóveis). Aqui, a latência das imagens transmitidas por 4G/WiFi não é crucial, porque as imagens dos alunos são gravadas durante a prova, podendo ser consultadas mais tarde.

Se Pedro Gouveia acredita que esta metodologia de supervisão à distância tem o potencial de se tornar uma das características-chave do bloco operatório do futuro que ele vislumbra, é precisamente porque a 5G leva o remote proctoring para um novo patamar em termos de simultaneidade.

No seu papel de tutor, diz Rogelio Andrés-Luna pelo seu lado, “dei indicações ao meu ‘aprendiz’”. “Assinalei (com o meu ‘lápis’ azul) os locais onde era preciso ter mais cuidado, mostrei imagens e vídeos. Estivemos em contacto audiovisual permanente.”

Para realizar este feito, os dois médicos contaram com a colaboração, como era de esperar, de operadoras de telecomunicações de ambos os lados da fronteira. Tratou-se da Altice Portugal em Portugal, que ficou encarregue de que tudo funcionasse bem do lado da Fundação Champalimaud (instituição que foi equipada com uma rede privada 5G Altice); e a Movistar espanhola, que assegurou, graças a um equipamento móvel colocado nas imediações da Universidade de Zaragoza, a cobertura 5G daquele local.

O sucesso desta experiência, que constituiu um primeiro passo – uma “prova de conceito”, considera Pedro Gouveia – poderá mudar a forma como se realizam as cirurgias no futuro, e em particular permitir não só um treino mais realista dos estudantes, mas também um maior apoio aos cirurgiões que estão em início de carreira e realizam as suas primeiras cirurgias. Estes poderão assim ter a ajuda/supervisão de cirurgiões mais experientes e sentir-se muito mais seguros.

Atualmente, uma vez acabada a sua formação, os jovens cirurgiões estreiam-se geralmente sem acompanhamento - sobretudo quando trabalham em locais ou países remotos onde são a única pessoa qualificada para realizar uma determinada cirurgia. As operações que realizam podem ser gravadas e avaliadas a posteriori, mas durante o ato cirúrgico, “eles estão sozinhos, a precisar de ajuda”, diz Pedro Gouveia. A nova abordagem que foi agora testada, poderá minimizar esse problema, fornecendo aos cirurgiões principiantes a tão necessária supervisão em tempo real, nomeadamente por parte dos seus professores e mentores.

Mais geralmente, Pedro Gouveia quer também utilizar a sua nova abordagem para permitir que os estudantes de cirurgia, quando não é possível deslocarem-se ao local onde decorre a operação, assistam remotamente a intervenções cirúrgicas, como parte da sua aprendizagem, como se lá estivessem.

E vai mais longe: “os avanços que as tecnologias imersivas irão trazer, através de mentorização/proctoring à distância, abrem uma nova era: a da utilização do chamado ‘metaverso’ na educação médica pós-graduada”, salienta. “O metaverso, ou seja, o acesso à internet via realidade aumentada, virtual, mista e/ou estendida, através de um dispositivo imersivo colocado na cabeça, já é considerado como sendo a plataforma de próxima geração da computação móvel!”, exclama.

Pedro Gouveia admite, todavia, estarem apenas no início da sua visão do bloco operatório do futuro – que será, segundo ele, “uma sala multimédia”. “Ainda temos de validar metodologias, fazer mais cirurgias, identificar obstáculos, otimizar os óculos de realidade aumentada …”, conclui.

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