Durante o ECTRIMS – ACTRIMS, que decorreu em Boston, nos EUA, a Novartis revelou novos dados relativos ao tratamento de doentes com esclerose múltipla (EM) tratados com fingolimod, nomeadamente no que toca aos quatro parâmetros que medem a actividade da doença: surtos, lesões captantes na ressonância magnética, perda de volume cerebral e progressão da incapacidade.
Os novos dados permitem demonstrar que a perda de volume cerebral está associada à progressão da incapacidade a longo prazo e que os doentes com esclerose múltipla surto-remissão muito activa tratados com fingolimod apresentam menores taxas de perda de volume cerebral e, principalmente, que essas taxas se mantiveram estáveis ao longo do tempo1.
Resultados de estudos clínicos a longo prazo, agora apresentados, revelaram que a taxa de perda de volume cerebral em doentes tratados com fingolimod manteve-se semelhante ao longo de seis anos, entre os 0,33% e os 0,46%2, sendo que o valor comum em pessoas com EM é de cerca de 0,5% a 1,35% por ano3-6.
O cérebro humano tende a perder volume com a idade, mas a pessoa com esclerose múltipla perde volume cerebral três a cinco vezes mais rapidamente7-10 do que uma pessoa sem a doença. Na pessoa com esclerose múltipla, a perda de volume cerebral inicia-se precocemente, ainda antes da maioria dos sintomas ocorrerem11-14, e está associada à perda da função física e cognitiva15.
A perda da função física e cognitiva na EM é impulsionada por dois tipos de lesões que resultam na perda de neurónios e de tecido cerebral - lesões inflamatórias focais e processos inflamatórios neurodegenerativos mais difusos. As lesões inflamatórias focais resultam na perda de tecido cerebral e podem apresentar-se clinicamente como surtos. O processo inflamatório generalizado, que passa muitas vezes despercebido, começa no início da doença e está associado a perda de tecido cerebral e perda de funções físicas16-18. Redefinir o que significa ‘ausência de actividade da doença’ para incluir os quatro parâmetros que medem a actividade da doença medidas, aborda os dois tipos de lesões, permitindo aos médicos uma avaliação mais abrangente e equilibrada da EM e da eficácia do tratamento.
Sobre a Esclerose Múltipla
A EM afecta cerca de 5.000 portugueses19. Em todo o mundo são cerca de 2,5 milhões de pessoas20 com esta doença inflamatória crónica do sistema nervoso central que se manifesta em jovens adultos, entre os 20 e os 40 anos de idade, e que interfere com a capacidade do doente em controlar funções como a visão, a locomoção, e o equilíbrio. As mulheres têm duas vezes mais probabilidades de desenvolver EM do que os homens21,22.
A EM tem um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes e das suas famílias23,24. Cerca de 85% das pessoas com EM queixam-se de fadiga constante independentemente do grau de incapacidade provocado pela doença, o que interfere com a sua qualidade de vida e produtividade25.
Referências
1. Kappos L et al. Inclusion of brain volume loss in a revised measure of multiple sclerosis disease-activity freedom: the effect of fingolimod. Abstract presented at: 2014 Joint ACTRIMS-ECTRIMS Meeting; September 10-13, 2014; Boston, Massachusetts. Abstract 1570. Free communication FC1.5.
2. Radue E.W. et al. Sustained low rate of brain volume loss under long-term fingolimod treatment in relapsing multiple sclerosis: Results from the LONGTERMS study. Abstract presented at: 2014 Joint ACTRIMS-ECTRIMS Meeting; September 10-13, 2014; Boston, Massachusetts. Abstract 1346. Poster 439.
3. De Stefano N et al. Proportion of patients with BVL comparable to healthy adults in fingolimod phase 3 MS studies. Abstract presented at: 66th AAN Annual Meeting; April 26 – May 3, 2014; Philadelphia, Pennsylvania. Oral session S13:006.
4. Barkhof F et al. Imaging outcomes for neuroprotection and repair in multiple sclerosis trials. Nat Rev Neurol. 2009;5(5):256-266.
5. Bermel RA & Bakshi R. The measurement and clinical relevance of brain atrophy in multiple sclerosis. Lancet Neurol. 2006;5(2):158-170.
6. Hedman AM et al. Human Brain Changes Across the Life Span: a review of 56 longitudinal magnetic resonance imaging studies. Human Brain Mapping 2012; 33: 1987-220
7. De Stefano N et al. Proportion of patients with BVL comparable to healthy adults in fingolimod phase 3 MS studies. Abstract presented at: 66th AAN Annual Meeting; April 26 – May 3, 2014; Philadelphia, Pennsylvania. Oral session S13:006.
8. Hedman AM et al. Human Brain Changes Across the Life Span: a review of 56 longitudinal magnetic resonance imaging studies. Human Brain Mapping 2012; 33: 1987-220
9. Barkhof F et al. Imaging outcomes for neuroprotection and repair in multiple sclerosis trials. Nat Rev Neurol. 2009;5(5):256-266.
10. Bermel RA & Bakshi R. The measurement and clinical relevance of brain atrophy in multiple sclerosis. Lancet Neurol. 2006;5(2):158-170.
11. Di Stefano N et al. Clinical Relevance of Brain Volume Measures in Multiple Sclerosis. CNS Drugs 2014; published online January 22, 2014.
12. Pérez-Miralles F et al. Clinical impact of early brain atrophy in clinically isolated syndromes. Mult Scler. Published online: May 7, 2013.
13. Filippi M et al. Evidence for widespread axonal damage at the earliest clinical stage of multiple sclerosis. Brain. 2003;126(Pt 2):433-437.
14. Filippi M et al. The contribution of MRI in assessing cognitive impairment in multiple sclerosis. Neurology 2010; 75: 2121-28.
15. Popescu V. et al; on behalf of the MAGNIMS Study Group. Brain atrophy and lesion load predict long term disability in multiple sclerosis. J Neurol Neurosurg Psychiatry. Mar 23, 2013.
16. Filippi M et al. Association between pathological and MRI findings in multiple sclerosis. Lancet Neurol. 2012 Apr;11(4):349-60.
17. Kutzelnigg A et al. Cortical demyelination and diffuse white matter injury in multiple sclerosis. Brain. 2005 Nov;128(Pt 11):2705-12.
18. Sormani MP, Arnold DL & De Stefano N. Treatment effect on brain atrophy correlates with treatment effect on disability in multiple sclerosis. Ann Neurol. 2014 Jan;75(1):43-9.
19. http://www.anem.org.pt/menu-anem/esclerosemultipla.htm
20. Multiple Sclerosis International Federation. Atlas of MS [online]. Available at: www.atlasofms.org. Accessed May 2010.
21. Compston A, Coles A. Multiple sclerosis. Lancet 2002;359(9313):1221-1231.
22. Confavreux C, Aimard G, Devic M. Course and prognosis of multiple sclerosis assessed by the computerized data processing of 349 patients. Brain 1980;103(2):281-300.
23. Riazi A, Hobart JC, Lamping DL, et al. Using the SF-36 measure to compare the health impact of multiple sclerosis and Parkinson's disease with normal population health profiles. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2003;74(6):710-714.
24. Aronson KJ. Quality of life among persons with multiple sclerosis and their caregivers. Neurology 1997;48(1):74-80.
25. Multiple Sclerosis International Federation. http://www.msif.org/docs/MSinFocusIssue1EN1.pdf. Accessed May 2010