“Relação perigosa”
O estudo “Audição e Diabetes” prova a ligação entre a diabetes e a perda auditiva. 9,8% da população portuguesa sofre de...

Existe uma relação perigosa e muitas vezes subestimada entre a diabetes e a perda auditiva. É o que demonstra o novo Consensos “Audição e Diabetes” promovido pela Amplifon e apresentado esta semana em Milão, que analisa um grupo de estudos clínicos e laboratoriais internacionais que avaliaram o potencial impacto negativo da diabetes na perda auditiva.

382 milhões de pessoas1 em todo o mundo e 9,8% da população portuguesa sofre de diabetes2 o que significa que estas pessoas têm o dobro da probabilidade (2,15 vezes mais) de sofrer de perda auditiva, independentemente da sua idade (meta-análise de Horikawa et al., 20133).

Estima-se que 45% dos doentes diabéticos, ou seja, cerca de um em cada dois, sofrem de perda auditiva. Esta relação altamente incapacitante preocupa os especialistas, visto que combina duas emergências sociais de rápido crescimento: de acordo com as previsões, até 2035 o número de pessoas com diabetes vai aumentar 55%, para 590 milhões de pessoas, enquanto o número de pessoas com défices auditivos vai duplicar para mais de mil milhões até 2050.

 

Uma relação ignorada

As complicações da diabetes podem ir desde cegueira a falência renal, neuropatia e doenças cardiovasculares. No entanto, e apesar das muitas provas dadas por vários estudos científicos, a perda auditiva ainda não é “oficialmente” considerada pela OMS uma complicação da diabetes. “Estudos demonstram que a diabetes duplica o risco de sofrer de perda auditiva, um problema que afecta 9,8% da população portuguesa, a prevalência mais alta da Europa. 65% das perdas auditivas diagnosticadas em pessoas com diabetes dizem respeito às frequências mais agudas (altas), enquanto 26% dos casos correspondem ás frequências média-baixas”, explica Celso Martins, director técnico da Amplifon.  “É importante destacar que dois em cada três diabéticos sofrem de perda auditiva e pelo menos um em cada quatro necessita de utilizar um aparelho auditivo. Para travar este problema, torna-se fundamental agir em duas frentes: incluir o exame auditivo nos testes de rotina dos doentes com diabetes e realizar testes de glicemia nas pessoas com perda auditiva.”

“A diabetes é uma doença crónica que vive com doentes 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano. Não há dúvida que é uma carga diária pesada devido às restrições, regras e prazos impostos pelos tratamentos e pelas alterações no estilo de vida. Se além disso, acrescentarmos um défice auditivo mais ou menos severo, as condições destes doentes pioram ainda mais. Assim, este estudo tem por objectivo aumentar a sensibilização para a relação entre estas duas doenças, que irá certamente favorecer os diagnósticos precoces de hipoacusia e irá ajudar os audiologistas a implementar estratégias terapêuticas alinhadas com as necessidades das pessoas diabéticas quanto às escolhas e adaptação ao aparelho auditivo, tendo em conta a sua alta sensibilidade aos problemas acústicos ou predisposição para infecções e manifestações dermatológicas”, acrescenta João Paço, director clínico do Hospital CUF Infante Santo.

 

Possíveis causas

Os mecanismos subjacentes à perda de audição causada pela diabetes não são totalmente conhecidos, mas alguns especialistas explicaram recentemente o efeito da doença na cóclea. A cóclea é uma cavidade em forma de espiral no labirinto ósseo do ouvido interno.  

Vários estudos demonstram que a diabetes causa o espessamento das paredes dos vasos cocleares – em média 3 micrómetros de alargamento – o que leva à redução do fluxo sanguíneo da cóclea e impede a conversão dos sons em impulsos nervosos. Outra teoria afirma que a diabetes tem um efeito directo nos nervos, alterando a transmissão dos impulsos ao longos dos nervos acústicos e vias auditivas centrais.

Foram também identificados alguns factores de risco para a perda auditiva em pessoas com diabetes. Por exemplo, os níveis de colesterol HDL abaixo dos 40 mg/ dL torna estas pessoas 2,20 vezes mais vulneráveis a desenvolver perda auditiva de frequência média-baixa. Por outro lado, a doença coronária e a neuropatia periférica são as doenças mais associadas ao desenvolvimento de perda auditiva de frequência aguda (com um risco acrescido de 4,39 e 4,42 respectivamente).

 

Impacto ao quadrado

A diabetes e a perda auditiva têm individualmente um forte impacto negativo na qualidade de vida dos doentes, mas em conjunto, estas doenças podem multiplicar as consequências incapacitantes de ambas no dia-a-dia dos doentes e nas relações sociais e laborais dos mesmos. “Além de todas as complicações que afectam os nervos, os olhos e o sistema cardiovascular, – explica João Paço – a diabetes tem um forte impacto e implica tratamentos crónicos com infecções de insulina e exames médicos frequentes. A perda auditiva, por sua vez, está também associada à diminuição da qualidade de vida, com impacto no défice cognitivo, levando à depressão e isolamento. Por isso, é claro que as consequências da diabetes juntamente com os problemas acrescidos da perda auditiva têm um profundo efeito na qualidade de vida.”

 

Ouvir a Diabetes

O estudo “Audição e Diabetes” chama à atenção para a necessidade de incluir o teste auditivo nos exames anuais dos doentes diabéticos e tornar a audição um tema mais debatido entre a comunidade médica. Por outro lado, o défice auditivo pode também ser um sinal de diabetes, por isso as alterações dos níveis de açúcar no sangue devem ser frequentemente monitorizados nas pessoas que sofrem deste problema, de forma a assegurar um diagnóstico precoce à diabetes.

Sensibilizar a população para a perda auditiva e procurar esclarecer todas as questões relacionadas foi o principal motivo que levou os técnicos a realizar este estudo para investigar a relação pouco conhecida e subestimada com a diabetes. As últimas evidências dizem que é importante fornecer informação sobre a perda de audição causada pela diabetes e criar estratégias para assegurar o diagnóstico precoce. Consequentemente será possível implementar soluções para melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com estas complicações.

 

1 Fonte: Federação Internacional da Diabetes

2 Fonte: OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico

3 Horikawa et al. realizaram uma meta-análise das investigações publicadas sobre a relação entre a diabetes e o risco de perda auditiva. Encontraram 3169 citações, tendo avaliado em mais detalhe 355 estudos potencialmente relevantes; por fim, incluíram, 13 estudos (20 194 participantes e 7377 casos) na sua análise.

 

Presidente da associação de lares privados defende
O presidente da associação de lares privados defendeu que os médicos das instituições devem fazer regularmente a revisão da...

Os médicos das instituições “devem fazer a revisão da terapêutica periodicamente, mas as pessoas vêm tão doentes e incapacitadas que, muitas vezes, não há muito como mexer na medicação dos idosos”, disse o presidente da Associação de Apoio Domiciliário dos Lares e Casas de Repouso de Idosos (ALI).

João Ferreira de Almeida comentava à agência Lusa um estudo do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, hoje divulgado pelo jornal Público, segundo o qual os idosos institucionalizados tomam muitos medicamentos, alguns inadequados ao seu estado de saúde.

Os investigadores analisaram exaustivamente a medicação de 126 idosos a residir em três lares das regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Alentejo e concluíram que cerca de um sexto dos 1.315 fármacos receitados diariamente foram identificados como “potencialmente inadequados” e, em média, cada idoso tomava dois remédios que não faziam sentido tendo em conta o seu estado de saúde e a sua idade.

No total, três quartos destes idosos estavam a tomar medicamentos potencialmente inadequados. Em média, cada um deles sofria de mais de quatro patologias e tomava mais de dez medicamentos por dia, havendo um idoso a quem tinham sido receitados 28 remédios.

“Não tenho muita dúvida de que este panorama é capaz de ser generalizado”, disse o presidente da ALI. João Ferreira de Almeida explicou que todos os lares licenciados têm médico, que "supostamente devem fazer a revisão terapêutica periodicamente".

Este panorama há cinco ou dez anos já era mau, mas “não tão mau” como agora, devido ao estado em que os idosos chegam às instituições, disse o presidente da ALI.

“Os idosos estão a chegar aos lares cada vez com mais idade, cada vez com mais doenças, cada vez com mais incapacidade e, portanto, não será talvez de admirar muito esta situação”, reiterou.

Outra das conclusões do estudo foi a elevada percentagem de casos (45,8%) em que se detectou a duplicação de medicamentos com o mesmo princípio activo e da mesma classe terapêutica, como foi o caso dos antidepressivos e dos ansiolíticos.

Para João Ferreira de Almeida, é uma situação que “não se deve passar”, mas - sublinhou - muitos idosos já levam essa medicação quando chegam ao lar.

“Os antidepressivos, na grande maioria dos casos, não são introduzidos no lar”, sustentou.

Contactado pela Lusa, o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), Lino Maia, explicou que os idosos institucionalizados nas Instituições Particulares de Solidariedade Social têm “um acompanhamento médico muito grande”.

Os idosos são acompanhados pelos médicos que apoiam os lares, mas também pelos médicos de família dos respectivos centros de saúde, adiantou o padre Lino Maia.

A medicação é sempre receitada e acompanhada, acrescentou.

 

Modelo Denver de Intervenção Precoce
A investigadora Sally Rogers apresenta o Modelo Denver de Intervenção Precoce em Autismo, já comprovado nos Estados Unidos e...

A norte-americana, co-autora dessa metodologia, estará em destaque no programa promovido pela cooperativa social Focus que integra o lançamento de um livro sobre o tema, um ‘workshop’ de iniciação ao método para mais de 80 participantes e ainda uma formação avançada para cerca de 20 profissionais como pedopsiquiatras, psicólogos, terapeutas da fala e professores do Ensino Especial.

“O Modelo Denver começou a desenvolver-se nos anos 80 como tratamento diurno para crianças em idade pré-escolar”, recordou Sally Rogers. “Mas a investigação que demonstrou de forma mais rigorosa a sua eficácia só ficou disponível há cinco anos e a formação especializada só surgiu há três, pelo que a difusão internacional desta metodologia é um fenómeno recente”, realça.

O trabalho realizado nos Estados Unidos conduziu a uma significativa mudança de práticas: há 30 anos, essa disfunção era diagnosticada sobretudo após os quatro anos de idade e o acompanhamento da criança autista concentrava-se em centros clínicos especializados.

Com o Modelo Denver, o diagnóstico começou a fazer-se mais cedo e a intervenção posterior passou a privilegiar o ambiente natural da criança.

Para a especialista em Psiquiatria e Ciências Comportamentais na Universidade da Califórnia, daí resulta que, "quando sujeita a intervenções apropriadas durante a primeira infância, a maioria das crianças com autismo pode aprender a falar e a explorar brinquedos e consegue exibir um crescimento regular em áreas nas quais tem atrasos de desenvolvimento".

Se o diagnóstico se verificar apenas após os 48 meses de idade, esse progresso poderá, contudo, ficar em risco. “Tudo depende do que tiver acontecido na vida da criança”, admite Sally Rogers.

“Se os seus sintomas eram discretos e não causaram dificuldades à família até aos quatro anos, sendo então acompanhados por um programa que se revelou necessário, um diagnóstico depois dessa idade pouca ou nenhuma influência terá nos resultados que ela vai alcançar”, explica.

“Mas se a criança não tinha a capacidade de comunicar, brincar, interagir socialmente ou aprender outras competências enquanto bebé, revelando comportamentos que pioram até aos 18 meses e se agravam até aos quatro anos, quando o diagnóstico se verificar ela então já lidará com dificuldades maiores”, realça.

É perante a falta de estímulo e de acompanhamento na primeira infância que “será evidente um maior distanciamento entre as capacidades da criança autista e as dos outros meninos da mesma idade”, realça Sally Rogers. “Onde há menos interesse é onde há menos oportunidade para se fazer um diagnóstico atempado e preciso”, garante.

O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento que se distingue por afectar a capacidade do indivíduo para comunicar, para socializar e para seguir padrões de comportamento tradicionais. Daí resulta que alguns autistas se mostrem presos a comportamentos rígidos, enquanto outros se revelam fechados e distantes, manifestando um total desinteresse pelo mundo exterior.

Sally Rogers defende, aliás, que o diagnóstico dessa desordem é dificultado pelo seu “grande leque de sintomas”, que variam com a idade, o grau de capacidade do indivíduo e “o próprio desconforto dos médicos, que só se sentem à-vontade para confirmar um caso de autismo quando já estão perante os seus indícios mais severos”.

 

Investigadores do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz
Estudo revela que muitos idosos a viver em lares tomam muitos medicamentos inapropriados e até duplicados, sobretudo...

Os idosos que vivem em lares tomam muitos medicamentos, alguns não são adequados ao seu estado de saúde e vários são mesmo duplicações, revela o jornal Público na sua edição digital. O problema é frequente, a crer nos resultados de um estudo que fez a revisão da medicação de idosos institucionalizados em lares de terceira idade que estavam a tomar pelo menos mais de cinco fármacos por dia.

Os investigadores do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz analisaram exaustivamente a medicação de 126 idosos que vivem em três lares das regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Alentejo. As conclusões do estudo publicado na última edição da Revista Portuguesa de Farmacoterapia são preocupantes: cerca de um sexto dos 1315 fármacos receitados diariamente foram identificados como “medicamentos potencialmente inadequados” e, em média, cada idoso tomava dois remédios que não faziam sentido tendo em conta o seu estado de saúde e a sua idade. No total, três quartos destes idosos estavam a tomar medicamentos potencialmente inadequados. Em média, cada um deles sofria de mais de quatro co-morbilidades (patologias) e tomava mais de dez medicamentos por dia. Havia um idoso a quem tinham sido receitados 28 remédios.

O problema é que, como notam os investigadores, a idade deve ser levada em conta na definição da terapêutica nas idades mais avançadas, porque o envelhecimento provoca a deterioração das funções responsáveis pela metabolização e excreção dos fármacos, como a função renal e a hepática. Neste âmbito, sublinham, a importância da detecção de medicamentos potencialmente inadequados encontra-se “suportada em estudos anteriores, que demonstram que está fortemente correlacionada com o aparecimento de reacções adversas, potencialmente conducentes a hospitalizações evitáveis”.

 

Duplicação de antidepressivos e ansiolíticos

Mas o que mais surpreendeu pela negativa foi a elevada percentagem de casos (45,8%) em que se detectou a duplicação de medicamentos com o mesmo princípio activo e da mesma classe terapêutica, como foi o caso dos antidepressivos e dos ansiolíticos. Uma fatia não negligenciável dos fármacos prescritos (13,5%) foram mesmo classificados como medicamentos que afectam negativamente os doentes com historial de quedas, como as benzodiazepinas (tranquilizantes e hipnóticos) de longa duração e os antipsicóticos.

“Há muitos casos de duplicação do princípio activo e da classe terapêutica, e o exemplo mais frequente são as benzodiazepinas. Este fenómeno não é um exclusivo de Portugal, mas em Portugal é mais elevado. O problema é que, além da perda de memória, [estes fármacos] provocam um aumento da sonolência e podem induzir quedas, o que é muito perigosos nestas idades”, alerta Filipa Alves da Costa, uma das autoras do estudo.

No artigo agora publicado, os investigadores notam, aliás, que o uso excessivo de ansiolíticos e antidepressivos pela população portuguesa em geral já foi identificado nos Planos Nacionais de Saúde, sendo estabelecida como uma das prioridades para a política do medicamento a redução do seu consumo.

 

Também há remédios em falta

Ao mesmo tempo, o estudo permitiu detectar outro fenómeno: há alguns “medicamentos potencialmente omissos”, ou seja, fármacos que, tendo em conta a condição clínica dos idosos, deveriam ser prescritos aos idosos. Isto aconteceu em 43% dos casos e os remédios em falta são essencialmente preventivos, como estatinas, cálcio e vitamina D. Uma vez que são mais os medicamentos potencialmente inadequados do que os potencialmente omissos detectados, se fosse feita a revisão da terapêutica, os custos não aumentariam e haveria um aumento da qualidade da terapêutica, alegam.

Apesar das limitações deste estudo – um dos lares convidados acabou por ficar de fora por não ter diagnósticos médicos nos registos clínicos dos idosos, o que inviabilizou a revisão da medicação -, há “oportunidades de intervenção para os farmacêuticos” entre os idosos a viver em lares, devendo estes começar por actuar no sentido de evitarem as duplicações de terapêutica, defendem os autores.

 

Farmacêuticos devem intervir?

Filipa Alves da Costa admite que a revisão periódica da medicação dos idosos ainda é um caminho por fazer em Portugal e garante que não se pretende abrir uma guerra com os médicos. “A ideia não é a de fazer de polícia dos médicos, mas sim trabalhar em equipas multidisciplinares para encontrar a melhor solução para cada doente”, sugere. Até porque pôr farmacêuticos a fazer a revisão periódica da medicação em lares de terceira idade é uma solução já posta em prática em vários países, como a Suíça e a Holanda, por exemplo.

 

Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos
Portugal ocupa o 9.º lugar na tabela de 30 países europeus com maior consumo de antibióticos, mas registou nos últimos dois...

O relatório Portugal - Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 2014 refere que “Portugal apresenta das mais elevadas taxas de resistência antimicrobiana” em relação a algumas bactérias, mas aponta para uma descida do consumo de fármacos, sobretudo em meio hospitalar.

Aliás, em relação aos antibióticos de uma bactéria específica, e que é das mais comuns nas unidades de saúde – estafilococo áureo –, houve mesmo uma redução de 15% na taxa de resistência entre 2012 e 2014.

Ainda assim, Portugal continua a estar entre os países europeus com mais elevada taxa de resistência aos antibióticos usados para tratamento daquela bactéria.

No que respeita ao consumo apenas em hospitais, verificou-se uma redução global no consumo de antibióticos entre 2012 e 2014, com diminuições de oito a 12% dependendo do tipo de fármaco analisado.

O documento da Direcção-Geral da Saúde indica até que, em relação ao ambiente hospitalar, Portugal não está entre os países com maior consumo de antibióticos, apesar de esta recolha de dados estar circunscrita, no caso português, aos hospitais públicos.

Fora dos hospitais, em ambulatório, os distritos com menor consumo global de antibióticos são Castelo Branco, Beja, Faro, Setúbal, Braga e Guarda.

Para melhorar a situação da resistência aos antibióticos, o relatório deixa várias recomendações para serem aplicadas às unidades de saúde já no próximo ano, como a redução da duração média do tratamento ou o aumento de dias livres de antibiótico.

Outra das recomendações é a redução da percentagem de doentes que fazem profilaxia (prevenção) com antibióticos antes de cirurgia.

 

Com mais de 60 anos
Mais de um milhão de portugueses com mais de 60 anos já se vacinaram contra a gripe sazonal, segundo o relatório do Vacinómetro...

Segundo os dados da primeira avaliação do Vacinómetro para a época 2014-2015, estima-se que até à data tenham sido vacinados 44% dos portugueses com idade igual ou superior a 65 anos, o que representa mais de 900 mil idosos, e 26% com idades compreendidas entre os 60 e os 64 anos, num total de mais de 168 mil idosos.

Uma análise pelos grupos considerados prioritários pela Direcção-Geral da Saúde demonstra que se vacinaram 36% dos portadores de doenças crónicas e 38% dos profissionais de saúde com contacto directo com doentes.

O Vacinómetro demonstra ainda que se vacinaram mais homens (41%) do que mulheres (35%) e que foram vacinados pela primeira vez 9% dos indivíduos pertencentes aos grupos prioritários para a vacinação.

Entre os inquiridos que não se vacinaram, manifestaram intenção de o fazer 31% dos indivíduos pertencentes aos grupos prioritários e 47% dos idosos com mais de 65 anos.

Lançado em 2009, o Vacinómetro monitoriza a taxa de cobertura da vacinação contra a gripe em grupos prioritários e recomendados, num projecto que é uma iniciativa conjunta da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, com o apoio de uma farmacêutica.

 

Estudo
A incidência de cancro do colo-retal em pessoas com mais de 50 anos baixou nos Estados Unidos, mas a doença tem aumentando...

A incidência deste tipo de cancro diminui, entre 1998 e 2006, cerca de 3% entre os homens e 2,4% entre as mulheres, com mais de 50 anos, devido sobretudo a um aumento dos exames de despistagem (nomeadamente a colonoscopia), recomendados a adultos a partir desta idade, referem os autores da investigação, publicada no Journal of the American Medical Association.

Estatísticas norte-americanas de 1975 a 2010 demonstram que, neste período, houve uma diminuição da incidência do cancro do colo-retal de 0,92% por ano, tendo sido de 1,03% entre os homens e 0,91% entre as mulheres.

O decréscimo mais significativo registou-se entre as pessoas com 75 ou mais anos (-1,15% por ano), enquanto nas pessoas com idades entre os 50 e os 74 anos baixou 0,97%.

No entanto, a incidência deste tipo de cancro aumentou entre as pessoas com idades entre os 20 e os 49 anos, com um aumento de 1,99% na faixa 20-34 anos. Entre as pessoas com idades entre os 35 e os 49 anos, aumentou 0,41% por ano.

Nestas idades não se recomendam exames de despistagem de cancro colo-retal, referem os autores, numa tentativa de explicar a tendência de aumento. Além disso, os menos de 50 anos são diagnosticados demasiado tarde, quando o tumor já está num estado avançado.

De acordo com os investigadores, a incidência do cancro do colo-retal pode aumentar 37% até 2020 e 90% até 2030, na faixa etária entre os 20 e os 34 anos. Já entre as pessoas com mais de 50 anos, a incidência deverá diminuir 23,2% até 2020 e 41,1% até 2030.

O cancro do colo-retal é o terceiro tipo de cancro mais frequente nos Estados Unidos, tendo sido registados em 2013 142.820 novos casos e 50.830 mortes.

O estudo é baseado em dados do Instituto Nacional do Cancro, envolvendo 3939.241 pessoas diagnosticadas com cancro do cólon e do recto entre 1975 e 2010.

 

Baptizada de H5N8
Uma nova estirpe da gripe aviária, baptizada H5N8, foi detectada pela primeira vez na Europa numa quinta de criação de perus no...

Confinado até agora “na Ásia, em particular na Coreia do Sul”, o vírus foi detectado numa quinta do estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, atingida por uma vaga de mortes inexplicáveis de aves, refere o ministério regional da Agricultura num comunicado citado pela Agência France Presse.

Esta é a “primeira manifestação na Europa” desta estirpe do vírus, que ainda não tinha sido detectada “entre a população de aves selvagens”, pode ainda ler-se na nota.

De acordo com a mesma fonte, os perus doentes foram mortos, a criação de animais desinfectada e foi criado um perímetro de segurança com um “mínimo de três quilómetros”, bem como uma zona de observação “de pelo menos 10 quilómetros”.

 

Orçamento de Estado 2015:
O Ministério da Administração Interna vai manter a tutela dos subsistemas de saúde da PSP e da GNR, sendo transferido, em 2015,...

Miguel Macedo, que apresentou no parlamento o Orçamento do Estado para 2015 da área da segurança interna, esclareceu que os subsistemas de saúde (SAD) das forças de segurança “não vão passar para a tutela do Ministério da Saúde”.

O ministro adiantou que o Ministério da Saúde vai ficar com “a gestão corrente dos contratos SAD”, uma vez que tem estruturas que vão permitir uma “gestão mais eficiente”.

Miguel Macedo frisou que o Ministério da Administração Interna (MAI) vai manter a decisão sobre a contratação de serviços de saúde e os locais onde vão ser instalados, tendo em conta o dispositivo policial.

O esclarecimento do ministro surge após algumas dúvidas levantadas pelo deputado do PCP, António Filipe, sobre o futuro da SAD das forças de segurança.

Também a nota explicativa do orçamento do MAI para 2015 distribuída aos deputados refere que a SAD da PSP e da GNR vão passar para a tutela do Ministério da Saúde no próximo ano, “visando-se obter ganhos através da coordenação entre os vários subsistemas, sob uma gestão especializada, beneficiando da uniformização dos procedimentos, mas mantendo o respeito pelas especificidades decorrentes da natureza dos beneficiários”.

Segundo o mesmo documento, a despesa dos SAD da PSP e da GNR deverá reduzir-se em cerca de 38 por cento em 2014 face a 2013, representando uma poupança de cerca de 40 milhões de euros.

As estimativas do MAI indicam que as contribuições dos beneficiários aumentaram de 17,8 milhões de euros em 2011 para 38,8 milhões de euros em 2014.

 

Em 20 anos
Um grupo de 61 crianças regressou a Angola depois de tratadas em hospitais da Alemanha, no âmbito do programa “Kimbo Liombemwa”...

Trata-se de uma parceria estabelecida em 1994 entre a organização alemã Friendsdorf International e a angolana Kimbo Liombembwa, prevendo duas viagens anuais para tratar crianças com problemas ortopédicos, oftalmológicos, dermatológicos, queimaduras e alguns tipos de malformação congénita, seleccionadas em todo o país.

Foi o caso de Domingos José da Cruz, que recebeu a sua filha de cinco anos, tratada na Alemanha a um tumor na garganta.

“A minha filha foi seleccionada no Cuanza Norte, ficou seis meses na Alemanha, chegou hoje curada e estamos de regresso. Estou muito emocionado, porque a minha filha estava muito mal e voltou bem curada”, apontou.

Já Susana Alfredo, mãe de uma menina de quatro anos, manifestou a satisfação pelo regresso da filha, seis meses depois de iniciado o tratamento a um joelho. “É uma mão solidária, estou muito agradecida e satisfeita”, regozijou-se Susana, moradora em Luanda.

O embaixador da Alemanha em Angola, Rainer Muller, elogiou a iniciativa da sociedade civil, sublinhando os resultados positivos que tem registado.

Por sua vez, a secretária-geral da Kimbo Liombembwa, Severina Albano, explicou que, após o regresso deste grupo, outras 83 crianças partem para Alemanha.

Vão receber o mesmo tipo de tratamento médico, mas desde já a responsável apela a uma maior atenção dos pais para o problema das queimaduras.

“Porque é uma patologia que demora algum tempo, vão e voltam (várias vezes) para que a criança tenha realmente uma fisionomia aceitável”, referiu a médica.

A falta de documentos é um problema que este projecto tem vindo a enfrentar, já que muitas destas crianças não têm cédula, dificultando a conclusão do processo.

“Tem sido um problema. O INAC [Instituto Nacional da Criança] tem-nos ajudado nesse sentido, mas realmente é necessário que se expandam os registos, porque há muita gente ainda que não tem registo, não existem para o país”, adiantou.

As crianças angolanas representam o maior grupo de pacientes beneficiários de assistência médica na Alemanha, no âmbito deste programa.

 

Federação Internacional da Diabetes
Joana Gaspar, investigadora de Lisboa, foi agraciada com um prémio de investigação especificamente no estudo de novos...

Joana Gaspar, investigadora de Pós-doutoramento na Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP-ERC) e no Centro de Doenças Crónicas (CEDOC) da Universidade NOVA de Lisboa, estuda mecanismos celulares e moleculares da diabetes e acaba de ser galardoada com o prémio Europeu da Federação Internacional de Diabetes (IDF) para jovem investigador.

A APDP é a associação de doentes diabéticos mais antiga do mundo e o CEDOC é o mais recente instituto de investigação com sede em Lisboa no campus de Santana. O prémio foi entregue nas cerimónias do Dia Mundial da Diabetes que decorreu no Parlamento Europeu em Bruxelas no dia 5 de Novembro de 2014. A atribuição do prémio reconheceu a excelência da investigação científica na área da Biologia celular e molecular aplicada à diabetes, especificamente no estudo de novos mecanismos de regulação da glicose pós-prandial (após uma refeição) e sensibilidade à insulina.

Joana Gaspar integra projecto de medicina translacional, que envolvem a colaboração entre o CEDOC e a APDP, explicando que “o nosso principal objectivo é descobrir novos factores fisiológicos que aumentem a sensibilidade à insulina, de modo a prevenir e superar a resistência inicial à insulina que está associada ao desenvolvimento da diabetes tipo 2”.

A equipa de investigação de que faz parte Joana Gaspar está focada a estudar os sinais induzidos pela alimentação que aumentam a sensibilidade à insulina como resposta à ingestão de determinados nutrientes. O fígado é um dos órgãos chave que integra estes sinais alimentares, permitindo uma melhor sensibilidade à insulina por parte de outros órgãos, como é o caso do músculo esqueléticos, coração e rins. Estudos recentes indicam que a insulina é captada e metabolizada pelo fígado levando à produção de novas moléculas que aumentam a sensibilidade à insulina, contribuindo para uma regulação mais eficaz dos níveis de glicose após as refeições.

“Estamos a investigar os sinais alimentares em irmãos de pessoas com diabetes tipo 2, uma vez que são um importante grupo de risco para desenvolver a doença. Ao percebermos como é que estes sinais actuam pode-se desenvolver novos tratamentos que irão ajudar a prevenir a progressão da diabetes tipo 2”, esclarece a investigadora.

Desde o início da sua carreira que Joana Gaspar se interessa por compreender as complexidades da diabetes e suas complicações associadas. “A diabetes é a doença crónica mais comum, afectando milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal, 1 em cada 10 adultos tem diabetes”, refere a investigadora. Acrescenta ainda que “o que é muito alarmante é que cerca de metade das pessoas com diabetes ainda não foi diagnosticada. Apesar da intensa investigação para compreender esta doença, ainda existe um longo caminho a percorrer no estudo da diabetes, que continua uma doença sem cura. Assim a mais pequena descoberta poderá ter um enorme impacto na vida destas pessoas, especialmente por ser uma doença silenciosa, com inúmeros factores e que afecta todos os órgãos”.

“É uma honra receber este prémio. Mais do que o reconhecimento do meu trabalho, é o reconhecimento do empenho de todas as pessoas que trabalham comigo e que tornam possível estas descobertas. É isto que nos motiva a fazer mais para compreender a diabetes, melhorar a vida das pessoas que vivem nesta condição e, finalmente, ajudar a encontrar a cura para esta doença”, remata Joana Gaspar.

O prémio atribuído a Joana Gaspar, durante as cerimónias no Parlamento Europeu, foi entregue pelo Dr. João Nabais, Presidente da IDF- Europa. A investigadora recebeu um cheque de 10 mil euros que será doado a uma instituição à sua escolha.

 

XXX Congresso
Toda a informação está agora disponível através de uma interactiva aplicação com os detalhes relativos ao programa,...

Durante os próximos três dias, Albufeira recebe o XXX Congresso de Pneumologia que este ano conta com a presença reforçada da comunidade médica internacional para discutir as doenças respiratórias que, segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), foram a causa de morte que mais aumentou em Portugal. Sob o mote “40 Anos a Inspirar a Pneumologia”, aquele que é considerado o principal fórum de discussão médico-científica da área da pneumologia decorre este ano, em simultâneo, com o VIII Congresso Luso-Brasileiro de Pneumologia, no Centro de Congressos Sana Epic, na Praia da Falésia, no Algarve.

Este é um encontro que reúne mais de 700 profissionais de saúde nacionais e internacionais para participar num programa baseado em 4 Conferências, 3 Mesas Redondas, 2 Sessões Institucionais, 9 Simpósios, 8 Sessões da responsabilidade de Comissões de Trabalho e 264 apresentações, que constituem um número recorde de comunicações livres: é o reflexo do empenho de quem “inspira a pneumologia”.

 

Apresentado no Porto
O livro “Albino Aroso - um homem à frente do seu tempo” foi apresentado na Sede da Secção Norte da Ordem dos Médicos com o...

O livro, “Albino Aroso - um homem à frente do seu tempo” pretende recordar e homenagear uma personalidade que modificou por completo a área da ginecologia em Portugal, tornando-a acessível às mulheres e conferindo-lhes poder de decisão quanto à sua saúde sexual e reprodutiva. A apresentação contou com a presença de várias personalidades como Ana Jorge, ex-ministra da Saúde, Francisco Ramos, presidente do Concelho de Administração do IPO de Lisboa, e Fernanda Águas, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, que assim homenagearam o ‘pai’ do planeamento familiar em Portugal.

“Esta homenagem é para mim muito reconfortante, quer em termos institucionais, quer em termos pessoais. A nível institucional é um reconhecimento de todo o trabalho desenvolvido por Albino Aroso em prol da saúde da mulher e da criança. Não conheço maior defensor da mulher. Em termos pessoais foi como um pai que estimulou a minha actividade profissional durante vários anos”, comentou Luís Castanheira Nunes, presidente da Administração Regional de Saúde do Norte.

A obra, desenvolvida pelo Hospital do Futuro em parceria com a Gedeon Richter,

conta com vários textos elaborados por familiares, amigos e colegas que trabalharam e conviveram com Albino Aroso, ginecologista e antigo Secretário de Estado da Saúde. Alguns dos exemplos dos textos contemplados no livro são os de Paulo Macedo, Manuel Ferreira Teixeira, Eurico Castro Alves, Francisco George, José Manuel Silva, Germano Couto e representam entidades como Ministério da Saúde, Infarmed, DGS, Ordem dos Médicos, Ordem dos Enfermeiros, entre outras. Também as várias sociedades e instituições na área da ginecologia se encontram representadas.

Albino Aroso sempre defendeu, ao longo do seu percurso, o poder de decisão das mulheres relativamente ao momento em que desejassem construir família e ter filhos, tendo criado o conceito das consultas de Planeamento Familiar no nosso país. Este foi também o grande responsável pela redução da taxa de mortalidade infantil, posicionando Portugal entre os melhores do mundo a este nível. O livro surge assim como uma homenagem e reconhecimento pela vertente humanista de Albino Aroso, bem como o seu trabalho perpetuado até aos dias de hoje.

Em Portugal, os cidadãos podem aceder a consultas de Planeamento Familiar nos centros de saúde com equipas multiprofissionais para o esclarecimento das dúvidas e questões no domínio da saúde sexual e reprodutiva.

 

Congresso Europeu
As doenças inflamatórias auto-imunes afectam entre 0,5% e 2% da população madeirense, disse o médico Ricardo Figueira,...

“A realidade regional é igual à realidade do país, sendo que as doenças inflamatórias auto-imunes são várias e a prevalência difere consoante o tipo de patologia”, disse Ricardo Figueira, responsável local da organização do 8.º Congresso Europeu de Doenças Inflamatórias Auto-imunes, que decorre no Funchal.

Por outro lado, o presidente do congresso, João Eurico Fonseca, realçou que este ano os trabalhos vão estar focados na reumatologia, cujo leque de doenças, das mais raras às mais conhecidas, afecta cerca de um terço dos portugueses.

“Os profissionais portugueses estão perfeitamente capacitados para lidar com estas doenças, mas é importante haver uma distribuição mais adequada”, salientou João Eurico Fonseca, considerando que os reumatologistas devem estar presentes em maior número também em locais fora das grandes cidades.

O presidente do congresso disse que estas doenças ocorrem em qualquer idade.

“É errado pensar que são doenças dos idosos. As crianças podem ter. Qualquer pessoa em qualquer idade pode ter”, alertou, advertindo para a necessidade de se estar atento aos primeiros sintomas, que são dor, inchaço e rigidez nas articulações e dificuldade em mexer os pés, as mãos ou a coluna, sobretudo de manhã ao acordar.

Na abertura do congresso, o presidente do Governo Regional, que presidiu à cerimónia, destacou a importância do evento para a Madeira, sustentando que problema da insularidade não é apenas o isolamento físico, mas também o isolamento face aos grandes centros científicos. Alberto João Jardim salientou, por outro lado, que o actual estado da Europa tem criado dificuldades a sectores fundamentais como o da Saúde.

“É necessário regressar aos princípios iniciais da fundação da União Europeia, onde as pessoas eram o mais importante”, defendeu.

A iniciativa reúne especialistas de vários países até 07 de Novembro.

 

Criada base de dados única
A presidente do Congresso Nacional de Epidemiologia e Registo de Cancro, que começa amanhã, no Porto, disse que está a ser...

“Neste momento, o nosso grande problema é o atraso nas publicações, exactamente porque os hospitais vão registando devagarinho. Alguns destes atrasos são colmatados porque os registos acabaram por fazer projecções e, portanto, se não temos dados reais actualizados, e seria óptimo se tivéssemos dados de 2012, eu sou capaz de lhe dar dados/estimativas de 2013, baseada naquilo que é provável que venha a acontecer”, disse Maria José Bento.

A responsável pelo congresso, que é também a coordenadora do Registo Oncológico Regional do Norte (RORENO), sublinhou que “a perspectiva é ter a curto prazo uma base de dados única de registo oncológico em que, por via de alguns automatismos, que vão ser introduzidos se possa ter informação mais atempada”.

Este será um dos assuntos, a par da prevenção e rastreio oncológico, efectividade terapêutica, factores de risco/prognóstico e implementação de registos de cancro nos PALOP, em destaque no I Congresso Nacional de Epidemiologia e Registo de Cancro organizado pelo RORENO do IPO-Porto em colaboração com os outros três registos regionais, ROR-Centro, ROR-Sul e RORA (Açores).

No que respeita ao apoio de Portugal na implementação de registos oncológicos nos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), Maria José Bento referiu que nesta fase esse apoio se traduz na formação de especialistas que, “no terreno, irão, provavelmente, ter responsabilidades nesta área”.

“Hoje, temos a decorrer um curso pré-congresso de registo oncológico em que a grande maioria dos participantes são oriundos de países africanos, como Cabo Verde, Moçambique e Angola”, frisou.

O programa integra quatro sessões plenárias sobre “Centros de Investigação e Registos de Cancro”, “Implementação de Registos Oncológicos nos PALOP”, “Efectividade da Terapêutica Oncológica” e “O Papel dos ROR na avaliação de programas de Saúde”.

Para além das quatro sessões plenárias, serão apresentados 33 trabalhos de investigação sobre temas ligados à epidemiologia e registo de cancro.

As projecções de incidência de cancro na Região Centro de Portugal até 2020, incidência de sarcomas de Kaposi em Moçambique, qualidade de vida em doentes oncológicos, factores de risco para o cancro colo-rectal na população do sul de Portugal, conhecimento da população relativa ao cancro, são alguns dos estudos que serão apresentados ao longo dos dois dias do congresso.

 

Uso racional
O Dia Europeu dos Antibióticos é promovido pela União Europeia em estreita colaboração com a Organiz
Dia Europeu dos Antibióticos

Todos os anos a 18 de Novembro assinala-se o Dia Europeu dos Antibióticos com o objectivo de sensibilizar a população para os riscos decorrentes da utilização inadequada e excessiva destes medicamentos e da consequente resistência microbiana aos antibióticos. É preciso que os doentes percebam que a toma de um antibiótico deve ser apenas feita após prescrição médica e a forma e tempo de toma devem ser escrupulosamente respeitadas. Desta forma, estaremos a ajudar a evitar o desenvolvimento de bactérias resistentes e a preservar a eficácia destes fármacos para as gerações futuras.

O que são os antibióticos?
Os antibióticos, também denominados agentes antimicrobianos, são medicamentos que matam ou inibem o crescimento de bactérias, ajudando a curar infecções em pessoas, animais e, por vezes, plantas. Os antibióticos destinam-se a tratar infecções causadas por bactérias (como a pneumonia pneumocócica ou as infecções sanguíneas causadas por estafilococos); os agentes antimicrobianos eficazes contra vírus são, normalmente, denominados medicamentos antivirais (como os medicamentos para a gripe, o VIH e o herpes). Nem todos os antibióticos são activos contra todas as bactérias. Existem mais de 15 classes diferentes de antibióticos que se diferenciam entre si pela sua estrutura química e pelo seu modo de acção contra as bactérias. Um antibiótico pode ser eficaz contra vários tipos de bactérias ou contra apenas um.

Quando devo tomar antibióticos?
Os antibióticos não são a solução para infecções causadas por vírus, como as vulgares constipações ou a gripe. Os antibióticos apenas são eficazes contra infecções bacterianas. Apenas um médico pode realizar o diagnóstico correcto e decidir se um antibiótico é ou não necessário.

O que é a resistência aos antibióticos?
As bactérias apresentam resistência aos antibióticos quando determinados antibióticos específicos perderam a sua capacidade de as matar ou impedir o seu desenvolvimento. Algumas bactérias são naturalmente resistentes a certos antibióticos (resistência intrínseca). Um problema mais preocupante ocorre quando algumas bactérias, que são normalmente susceptíveis aos antibióticos, desenvolvem resistência em resultado de alterações genéticas (resistência adquirida). As bactérias resistentes sobrevivem na presença do antibiótico e continuam a multiplicar-se, causando uma doença mais prolongada ou, mesmo, a morte. As infecções causadas por bactérias resistentes são habitualmente mais perigosas, exigindo antibióticos alternativos mais dispendiosos com efeitos secundários mais graves. 

Causas da resistência

Qual é a causa mais importante da resistência aos antibióticos?
A resistência aos antibióticos é uma situação natural causada por mutações nos genes das bactérias. Porém, a utilização excessiva ou inadequada de antibióticos acelera o aparecimento e a propagação das bactérias resistentes ao antibiótico utilizado e também a outros. Quando expostas aos antibióticos, as bactérias susceptíveis morrem, mas as bactérias resistentes podem continuar a viver e a multiplicar-se. Estas bactérias resistentes podem propagar-se e causar infecções noutras pessoas que não tenham tomado quaisquer antibióticos.

O que é o uso “inadequado” dos antibióticos?
Usar os antibióticos sem necessidade: constipações e gripes são causadas por vírus contra os quais os antibióticos não são eficazes. Nestes casos, não irá melhorar o seu estado clínico tomando antibióticos: os antibióticos não baixam a febre nem melhoram os sintomas, como por exemplo o espirro.

Usar os antibióticos de forma incorrecta: quando encurta a duração do tratamento, baixa a dose, não cumpre a frequência correcta de administração (isto é, se aumenta ou diminui o intervalo de tempo entre duas tomas do antibiótico), a quantidade necessária e adequada de antibiótico no organismo não é atingida e as bactérias sobrevivem, podendo tornar-se resistentes. Portanto, não se auto-medique e respeite sempre as recomendações do seu médico sobre quando e como tomar os antibióticos.

Que doenças são causadas por bactérias resistentes?
As bactérias multirresistentes podem causar um vasto conjunto de infecções: infecções do tracto urinário, pneumonia, infecções da pele, diarreia, infecções da corrente sanguínea. O local da infecção depende da bactéria e do estado clínico do doente.

As bactérias multirresistentes ocorrem mais frequentemente nas infecções adquiridas no hospital ou associadas aos cuidados de saúde (IACS), mas a sua incidência aumenta significativamente na comunidade, muitas vezes relacionada à utilização prévia de antibióticos.

O problema da resistência

Por que razão é a resistência aos antibióticos um problema?
O tratamento das infecções causadas por bactérias resistentes é um desafio: os antibióticos habitualmente utilizados já não são eficazes e os médicos têm de escolher outros antibióticos. Este facto poderá causar o atraso na implementação do tratamento correcto e resultar em complicações, incluindo a morte. O doente poderá também necessitar de mais cuidados, assim como de antibióticos alternativos mais dispendiosos e que podem causar efeitos secundários mais graves.

Qual é a gravidade do problema?
A situação agrava-se com o aparecimento de novas estirpes de bactérias resistentes a vários antibióticos em simultâneo (conhecidas como bactérias multirresistentes). Estas bactérias podem, eventualmente, tornar-se resistentes a todos os antibióticos conhecidos. Sem antibióticos, há o risco de regressarmos à “era pré-antibiótica”, em que as doenças infecciosas causadas por bactérias passariam a não poder ser tratadas com sucesso, resultando na morte. Nesta situação, os transplantes de órgãos, a quimioterapia para o cancro, os cuidados intensivos e outras actividades e procedimentos médicos deixarão de ser possíveis.

O problema é pior do que no passado?
Antes da descoberta dos antibióticos, milhares de pessoas morriam devido a doenças bacterianas, como a pneumonia ou infecções na sequência de procedimentos cirúrgicos.Com o aparecimento e desenvolvimento dos antibióticos, a mortalidade por infecções diminuiu marcadamente. No entanto, a sua crescente utilização levou a que cada vez mais bactérias originalmente susceptíveis aos antibióticos desenvolvam estratégias para os combater e se tornem resistentes. Os níveis de resistência estão a aumentar e o problema da resistência aos antibióticos é agora uma importante ameaça para a saúde pública.

O que pode ser feito para resolver o problema?
Manter a eficácia dos antibióticos é uma responsabilidade de todos. A utilização responsável de antibióticos pode ajudar a combater o desenvolvimento de bactérias resistentes e a manter a eficácia dos antibióticos para utilização pelas gerações futuras. Com base neste facto, torna-se importante saber em que ocasiões é apropriado tomar antibióticos e como os usar de forma responsável.

Todas as pessoas podem desempenhar um papel importante na redução da resistência aos antibióticos:

Os doentes:

  • Respeitar os conselhos do médico ao tomar antibióticos
  • Sempre que possível, prevenindo as infecções por meio de vacinação adequada
  • Lavar as suas mãos, e as mãos dos seus filhos, com regularidade – por exemplo, depois de espirrar ou tossir e antes de tocar em objectos ou em pessoas
  • Usar sempre antibióticos mediante receita médica, não tomando “sobras” nem antibióticos obtidos sem receita médica.
  • Perguntar ao farmacêutico qual a forma apropriada de eliminar os medicamentos não consumidos.

Os médicos e outros profissionais de saúde:

  • Explicar aos doentes como aliviar os sintomas de constipações e de gripe sem utilizar antibióticos
  • Informar os doentes sobre a importância de cumprir o tratamento quando recebem uma receita de antibióticos passada pelo médico
  • Prescrever antibióticos apenas quando são necessários, em conformidade com as orientações baseadas em factos científicos.

Lembre-se:

  • Os antibióticos apenas são eficazes contra infecções bacterianas – não irão ajudar a recuperar de infecções causadas por vírus como constipações comuns ou gripes
  • Os antibióticos não evitam a propagação de vírus para outras pessoas
  • Tomar antibióticos pelas razões erradas, como em caso de constipações ou de gripe, não lhe irá trazer qualquer benefício
  • A utilização inadequada de antibióticos resulta apenas no desenvolvimento de resistência aos tratamentos com antibióticos por parte das bactérias. Por conseguinte, quando necessitar de tomar antibióticos no futuro, estes poderão já não funcionar
  • Os antibióticos têm frequentemente efeitos secundários, como diarreia
  • Respeite sempre os conselhos do médico antes de tomar antibióticos
  • A utilização de antibióticos resulta no desenvolvimento de resistência aos tratamentos com antibióticos por parte das bactérias, por isso, é importante não tomar antibióticos pelas razões erradas ou de forma incorrecta
  • Tome antibióticos apenas quando prescritos por um médico e respeite os conselhos do médico sobre como tomá-los de modo a que possam manter a sua eficácia também no futuro
  • Não guarde restos de antibióticos não utilizados. Caso tenha recebido mais doses que as que lhe foram prescritas pergunte ao seu farmacêutico como pode eliminar os medicamentos excedentes.
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Estudo revela
Um estudo de uma equipa de investigadores da Universidade de Swansea, no País de Gales, revelou que as pessoas que trabalham...

De acordo com o estudo publicado na revista norte-americana Esquire, alterar os turnos de forma irregular e desregrada pode levar a danos da função cerebral, não só em termos de memória, mas também de rapidez de raciocínio.

O estudo, que também incluiu investigadores de outras universidades europeias, observou, durante 15 anos, cerca de 3 mil pessoas que trabalhavam por turnos e que tinham passado por uma rotatividade acentuada de horários.

Entre estes trabalhadores, 1.197 tinham feito por ano 50 turnos diferentes durante uma década, tendo sido analisada a sua capacidade cognitiva depois de se terem reformado, em 1996, 2001 e 2006. Foram comparados com outros profissionais com horários regulares e que se reformaram nos mesmos anos.

Os que tinham trabalhado por turnos rotativos apresentavam problemas de memória, de processamento rápido de informação e de deterioração geral das capacidades cognitivas, quanto comparados com os trabalhadores que tinham os horários regulares.

Mas o estudo revela ainda que é possível recuperar as capacidades cognitivas quando for interrompido o trabalho por turnos, embora possam ser necessários cerca de cinco anos.

Nas conclusões do estudo, os investigadores salientam que não é somente a saúde daqueles profissionais que está em causa, mas também a das pessoas com quem lidam.

Este não é o primeiro estudo do género a demonstrar que a rotação de turnos provoca danos na saúde, pesquisas anteriores revelaram que este tipo de rotação irregular leva a níveis mais baixos de serotonina, assim como uma probabilidade elevada de diabetes tipo 2, ataques cardíacos e úlceras.

No entanto, os investigadores são cautelosos em não apontar somente um factor para esta causa, considerando que há dois grandes ‘suspeitos’: a interrupção do relógio interno do corpo e a privação da vitamina D proveniente do sol.

Os efeitos dos padrões de sono perturbado são mais fáceis de perceber, já que o relógio interno, que regula o sono e o apetite, mantém o cérebro em modo de tensão constante. Quando alguém trabalha no turno da noite e depois tem de enfrentar de forma alternada o turno da manhã, sente-se sonolento quando está a trabalhar e activo quando deveria estar a dormir.

Segundo um estudo mais antigo referido no site Science Daily, os trabalhadores de turnos noturnos e diurnos, dormem tipicamente menos uma a quatro horas do que a média. Alguns efeitos da privação do sono são imediatamente sentidos: sonolência, raiva, depressão, ansiedade, diminuição do desejo sexual, esquecimento e abrandamento de reflexos.

 

Intervenção precoce é importante
A realização de exame oftalmológico nos dois primeiros meses de vida em crianças de alto risco é fundamental, pois uma...

A baixa visão, definida como uma perda parcial de visão que não é passível de ser corrigida, nomeadamente com óculos ou por cirurgia, pode manifestar-se desde o nascimento e só uma intervenção precoce durante a infância pode permitir o máximo estímulo da visão e diminuir as dificuldades cognitivas que geralmente estão associadas a este problema, alerta a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO). É fundamental a realização nos dois primeiros meses de vida de um exame oftalmológico em crianças de alto risco, nomeadamente as que apresentem potencial para sofrer de retinopatia da prematuridade, as que tenham história familiar e/ou suspeita clínica de retinoblastoma, de cataratas infantis, de glaucoma congénito e de doenças metabólicas e genéticas.

Paulo Vale, Coordenador do Grupo de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo da SPO, explica que a visão é central no desenvolvimento e na aprendizagem, sobretudo na aprendizagem espontânea, conferindo uma imagem integrada do mundo. Refere também que a incapacidade de adquirir novas informações visuais, causada pela baixa visão, conduz a uma falta de estímulos, levando o sistema visual a permanecer subdesenvolvido. “O desenvolvimento do sistema visual destas crianças não se produz da mesma forma espontânea e intuitiva que acontece numa criança sem problemas oftalmológicos. Estando esse sentido enfraquecido, muitos dos conceitos e aprendizagens que são adquiridos espontaneamente através da visão, ir-se-ão desenvolver de um modo fragmentado, baseados em informações parcelares, provenientes dos restantes sentidos e em descrições verbais subjectivas, o que compromete o desenvolvimento conceptual e linguístico”, defende o especialista. Por isso é tão importante ensinar estas crianças a ver.

As dificuldades cognitivas surgem “se não houver uma intervenção precoce no sentido de estimular ao máximo a função visual da criança. É importante utilizar estratégias para que as crianças aprendam também através dos outros sentidos, nomeadamente através da audição e do tacto, para que haja uma complementaridade dos canais receptores de informação. No entanto, em muitos casos, como em anomalias congénitas estruturais, por vezes associadas com outras doenças sistémicas, doenças genéticas ou metabólicas, paralisia cerebral, etc., o défice visual associa-se a outros défices, nomeadamente motores e intelectuais, o que dificulta ainda mais a reabilitação destas crianças”, refere Paulo Vale.

De acordo com o especialista, a falta de contacto visual e interacção com o rosto da mãe, o nistagmo (trémulo dos olhos), a dificuldade em reconhecer um rosto familiar podem lançar o alerta quando a criança tem ainda meses de vida. A dificuldade em ver e reconhecer objectos que são perigos potenciais, as dificuldades na leitura, a foto sensibilidade ou maior dificuldade de visão em ambientes não familiares com pouca luz, ou em ambientes repletos de estímulos visuais, podem constituir também sintomas de baixa visão.

O médico oftalmologista aconselha os pais de crianças com este problema, a proporcionar um ambiente visualmente estimulante ao bebé, colocando à sua volta estímulos visuais (cores vivas e contrastantes, luzes e objectos brilhantes e acrescentando sempre que possível estímulos sonoros). É importante que os pais complementem a apresentação dos diversos objectos com a sua descrição, quer a partir do sentido da visão, quer também do tacto. Só assim as crianças poderão associar o objecto à sua função. A partir dos 3 anos, as novas tecnologias são também uma boa ferramenta, pelo que “é importante encorajar a criança desde cedo a usar o computador, nomeadamente o teclado, bem como dispositivos electrónicos.” Mas claro que a reabilitação visual, partindo de uma avaliação em cada caso concreto do resíduo visual existente, tem que ser levada a cabo por uma equipa multidisciplinar que engloba o oftalmologista pediátrico, o pediatra do desenvolvimento, técnicos com treino em ajuda de baixa visão, o professor de ensino especial, o terapeuta ocupacional, o psicólogo e claro, os pais da criança. A criança deve estar integrada num ensino escolar regular.

É importante salientar que dos mais de 163 mil deficientes visuais em Portugal, estima-se que apenas 15-20% sejam cegos. Estudos populacionais indicam baixa prevalência da cegueira infantil, de 0,2 a 0,3 por 1000 crianças em países desenvolvidos e de 1,0 a 1,5 por 1000 crianças em países em desenvolvimento. Já a prevalência de baixa visão é estimada como sendo três vezes maior, segundo o Banco de Dados Mundiais sobre a Cegueira da Organização Mundial de Saúde.

 

Nos últimos 4 anos
Os jovens europeus ficaram mais expostos, nos últimos quatro anos, na internet, a mensagens de ódio, a portais pró-anorexia e...

Os jovens europeus ficaram mais expostos, nos últimos quatro anos, na internet, a mensagens de ódio, a portais “ pró-anorexia e de automutilação e ao ciberbullying”, revela o relatório final do projecto "UE Kids Online".

Em comparação com 2010, os jovens europeus, entre os 11 e 16 anos, têm mais probabilidade de ser expostos a mensagens de ódio (de 13% para 20%), sítios na internet pró-anorexia (de 9% para 13%), de automutilação (de 7% para 11%) e ciberbullying (de 7% para 12%), refere o relatório divulgado pela Universidade Nova de Lisboa (UNL), que participou no projecto.

Em 2010, o projecto realizou um inquérito face-a-face, em casa, a 25.000 crianças e jovens, entre os 09 e os 16 anos, utilizadores de internet, e a um dos seus pais, em 25 países.

Entre 2011 e 2014, procurou aprofundar o conhecimento sobre as experiências e práticas de risco e segurança na internet e novas tecnologias por crianças e jovens europeus e pelos seus pais.

Os resultados divulgados no relatório final, que incluem uma actualização e análise dos dados e recomendações em relação a riscos na internet de crianças e jovens, salientam que “nem todo o uso da internet resulta em benefícios”.

A pornografia lidera a lista de preocupações das crianças e jovens sobre os conteúdos “online”, seguindo-se “os conteúdos violentos, agressivos, cruéis ou sangrentos”.

Sobre o que “perturba particularmente crianças e jovens”, o relatório aponta a “violência real (ou realista), mais do que a ficcional, e a violência contra os mais vulneráveis como crianças ou animais”.

A preocupação dos mais novos com riscos na internet aumenta significativamente entre os 9 e os 12 anos. “As crianças mais novas estão mais preocupadas com riscos de conteúdo e, à medida que crescem, preocupam-se mais com riscos sobre condutas e contactos”, adianta o relatório baseado no trabalho desenvolvido por mais de 150 investigadores de 33 países, entre os quais Portugal.

Os investigadores concluem que a probabilidade de beneficiar do uso da internet depende da idade, género e estatuto socioeconómico, da forma como os pais apoiam e do conteúdo positivo que está à disposição.

Advertem ainda que, “quando o uso da internet aumenta, são precisos ainda maiores esforços para prevenir que o risco também aumente”.

Mas a probabilidade de um risco resultar em dano também depende do papel de pais, da escola e dos pares, e da regulação nacional, da provisão de conteúdos, dos valores culturais e do sistema de educação, acrescentam.

A Universidade Nova de Lisboa refere em comunicado que “um dos objectivos fundamentais do projecto foi garantir um diálogo activo com decisores para assegurar que as políticas de segurança são definidas com base em evidências”.

Os investigadores procuraram obter “um retrato claro do que as crianças fazem e sentem de facto acerca da internet, e o que lhes causa danos, de forma a informar políticas e medidas prescritivas”, acrescenta.

 

Investigadores de Coimbra
Investigadores de Coimbra fizeram testes em células neuronais de ratinhos e verificaram que estas drogas induzem alterações...

A cocaína e a heroína induzem alterações moleculares nas células neuronais que são semelhantes às que se observam em doenças neurodegenerativas, como a de Parkinson. A descoberta foi feita pela equipa de Catarina Resende de Oliveira, do Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra, e vem juntar-se a um corpo crescente de estudos que apontam para que as drogas como a cocaína ou a heroína, mas também a cannabis, mais conhecida por marijuana, causam alterações de longo prazo em determinadas células e estruturas no cérebro.

A investigação da equipa de Coimbra foi feita em células de ratinhos, no laboratório, e a fase seguinte, os estudos em animais, ou in vivo, já deveriam estar em marcha, mas a falta de financiamento inviabilizou a sua continuação. "Concorremos a um projecto nesse sentido, mas não conseguimos verba", explica Catarina Oliveira ao DN. “Vamos esperar pelo próximo concurso [da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, CCT], que ainda não sabemos quando abrirá”, diz a investigadora.

A verificação daquelas semelhanças moleculares nos neurónios de ratinhos, tanto pelo efeito daquelas duas drogas, como pelas consequências neurodegenerativas da doença de Parkinson já eram, por seu turno, a sequência de anteriores estudos da equipa portuguesa sobre a acção da cocaína e da heroína nas células cerebrais de ratinhos. Com esses trabalhos anteriores a equipa de Catarina Oliveira tinha demonstrado que aquelas duas drogas induzem a degenerescência dos neurónios e até a morte celular.

Estes estudos integram um corpo crescente de investigações cujos dados mostram com uma nova clareza que o consumo de substâncias psicoactivas deixa marcas perenes, talvez definitivas, nas células de algumas estruturas cerebrais.

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