Em Matosinhos
A associação Nomeiodonada prevê abrir no início de 2015 o “Kastelo”, um projecto pioneiro de cuidados continuados e paliativos...

“Se não fosse este prémio [BPI Capacitar] não conseguíamos abrir no primeiro trimestre de 2015, porque não tínhamos verba para o equipamento da unidade de fisioterapia. Prevemos que a entrega da obra seja feita na terceira semana de Janeiro e precisamos de pelo menos mais um mês para equipar”, disse Teresa Fraga, a enfermeira responsável pelo projecto e pelo equipamento situado no concelho de Matosinhos, distrito do Porto.

A associação foi a “grande vencedora” da 5.ª edição do prémio BPI Capacitar, ao arrecadar um quinto do valor total de 500 mil euros entregues a 25 instituições para projectos de inclusão social, depois de uma selecção de 264 candidaturas apresentadas.

Com capacidade para 30 crianças, o “Kastelo” vai acolher 22 a necessitar de cuidados continuados, quatro a precisar de cuidados paliativos (nos casos em que as doenças ou processos crónicos e incuráveis estão em fase terminal) e quatro no centro de dia, adiantou Teresa Fraga.

A responsável esclareceu ainda que foi devido a questões “legais” que as obras começaram em Abril, mais tarde do que estava previsto e que apontava a abertura do projecto no verão de 2014.

A intenção é que a unidade esteja aberta 24 horas por dia, com uma unidade de dia e outra de internamento, destinado a crianças e jovens dos zero aos 18 anos com o objectivo de servir também “para descanso do cuidador”.

“Tratar de uma criança 24 horas por dia, muitas vezes com outros filhos, é muito difícil”, justificou Teresa Fraga quando foi lançada a primeira pedra do “Kastelo”, em Novembro de 2013.

“Esta casa vai contribuir para isso. Os pais podem deixar as crianças durante um período para descansarem, podem deixar e vir buscar ao fim de semana, podem vir ao fim do dia. E estará aberta durante 24 horas por dia, portanto podem vir à hora que quiserem, de acordo com os seus horários de trabalho”, frisou a responsável na cerimónia.

Na altura, o projecto precisava de um milhão de euros para obras de reabilitação da casa e adaptação do jardim doados ao Hospital Maria Pia, que o Centro Hospitalar do Porto cedeu à Associação Nomeiodonada.

A benemérita, Marta Ortigão, deixou o legado “há 35 anos” com o objectivo de apoiar crianças doentes, explicou Teresa Fraga, a enfermeira responsável.

Câmara de Oleiros
A Câmara de Oleiros vai financiar a formação em medicina de jovens naturais do concelho que se queiram formar, tanto em...

Para o efeito, a autarquia fez um regulamento, já aprovado pelo executivo, no qual se estabelecem as regras para que os jovens naturais do concelho de Oleiros, no distrito de Castelo Branco, possam beneficiar deste apoio virado para a especialidade de medicina familiar.

"Uma das condições para os jovens usufruírem deste apoio é que sejam naturais do concelho e que, após a conclusão do curso de medicina, se fixem em Oleiros, com residência permanente", disse o presidente da Câmara de Oleiro.

O regulamento estipula também que caso o jovem conclua a licenciatura e que por uma razão que não lhe possa ser directamente imputada não se possa vir a fixar em Oleiros, terá que indemnizar a câmara pelo valor do dinheiro investido.

Mas, caso o médico opte, propositadamente, por não fixar residência no concelho, além de ter que indemnizar a autarquia sobre o valor do financiamento, irá ainda sofrer outras penalizações acentuadas.

Fernando Marques Jorge referiu que o município optou por colocar esta medida do terreno, porque "sucessivamente, os médicos colocados no centro de saúde local não ocupam as vagas". "Há mais de 30 anos que não há um médico residente no concelho de Oleiros", sublinhou.

O autarca explicou ainda que, neste momento, já há dois jovens interessados neste apoio do município que, em números redondos, irá rondar os 30 mil euros por ano a cada beneficiário. "A câmara avança com o financiamento, sendo que parte dele será a fundo perdido (cerca de 40%) e outra parte reembolsada (60%) quando o jovem já estiver a exercer medicina", referiu.

Segundo o presidente da Câmara de Oleiros, com esta decisão pretende não só resolver uma questão fundamental para o concelho (a presença de médico), como também fixar jovens. "Esta é uma medida pioneira e inédita de fixar médicos e jovens no concelho, nunca foi feito em Portugal", concluiu o autarca.

“Portugal – Saúde Mental em Números 2014”
O número de vítimas mortais em acidentes de viação com substâncias psicotrópicas no organismo, nomeadamente álcool e drogas,...

O relatório do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que será hoje apresentado em Lisboa, refere que, entre 2009 e 2013, o número de vítimas mortais em acidentes de viação com resultados positivos no rastreio para a presença de substâncias psicotrópicas aumentou, representando 11,2% dos rastreios feitos no ano passado pelo Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses (IMLCF).

A combinação de álcool e droga é mais frequente nestas vítimas mortais em acidentes de viação, atingindo os 53,8%, refere o documento.

Em 2013, foram identificadas 26 vítimas mortais de acidente de viação (condutor do veículo) com substâncias psicotrópicas no organismo, detectadas por autópsia no IMLCF.

Destas 26 vítimas mortais, 11,5 por cento tinham canabinóides no organismo, 26,9% opiáceos, 3,8% cocaína e metabolitos e 3,8% várias drogas.

Em 2012, registaram-se 154 óbitos com suspeita de suicídio, dos quais 23 deram positivo para etanol, quatro para canabinóides, quatro para opiáceos e três para cocaína.

Os autores do documento identificaram, em 2012, 2.288 óbitos por doenças atribuíveis ao álcool.

No mesmo ano, foram ainda registados 93 óbitos atribuídos a perturbações mentais e comportamentais devidas ao uso de álcool.

Direcção-Geral da Saúde
Um em cada cinco portugueses sofre de perturbações psiquiátricas, doenças que mais contribuem para anos de vida perdidos, a...

De acordo com o relatório, que cita o 1º Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental divulgado em 2013, as perturbações psiquiátricas afectam mais de um quinto da população portuguesa. Com os valores mais altos de prevalência anual destacam-se as perturbações da ansiedade (16,5%) e as perturbações depressivas (7,9%).

"Em comparação com outros países ocidentais, Portugal apresenta dos mais altos valores de prevalência de perturbações psiquiátricas (22,9%), apenas comparáveis com a Irlanda do Norte (23,1%) e com os EUA (26,4%).

Reportando-se aos dados mais recentes disponíveis sobre os anos perdidos de vida saudável, relativos a 2010, o relatório revela que as doenças psiquiátricas representaram 11,75% da carga global de doença, logo atrás das doenças cérebro-cardiovasculares (13,74%) e com mais peso do que as doenças oncológicas (10,38%).

Em relação à carga de morbilidade, quantificada através dos anos vividos com incapacidade, as perturbações mentais e do comportamento constituem um "motivo acrescido de preocupação" face ao valor apurado (20,55%), em relação às doenças que se lhe seguem: respiratórias (5,06%) e diabetes (4,07%).

Quanto à taxa de mortalidade por suicídio, o relatório aponta para um aumento em 2012, último ano com dados disponíveis.

Entre 2008 e 2012, esta taxa variou entre 9,7 e 10,1 por 100 mil habitantes, sendo que os valores mais expressivos se verificam na faixa etária acima dos 65 anos, com uma taxa de 21,1 casos por 100 mil habitantes.

O relatório sublinha, contudo, a existência de "fortes indícios de sub notificação" do suicídio como causa de morte, devido ao grande número de mortes por "causa indeterminada", uma realidade que deverá mudar em 2014, com a entrada em vigor em Janeiro do sistema SICO (Sistema de Informação de Certificados de Óbito), que permite conhecer dados mais actualizados e mais rigorosos.

O relatório da Direcção-Geral da Saúde revela ainda que as equipas comunitárias de saúde mental em Portugal continuam num patamar de desenvolvimento inferior ao dos restantes países da Europa Ocidental, considerando que o modelo de financiamento e composição continua a ser um dos maiores obstáculos à evolução do funcionamento dos serviços.

"Enquanto este aspecto não se modificar, a intervenção psicofarmacológica tenderá a continuar a ser a resposta predominante, mesmo nas situações em que não está particularmente indicada".

Portugal é também um dos países europeus com maior consumo de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos, sendo o alprazolam e o lorazepam as duas substâncias que mais se destacam e que integram o subgrupo das benzodiazepinas com maior potencial de induzirem tolerância e dependência.

Estas substâncias têm registado acréscimos anuais de consumo, contrariando a tendência verificada no resto da União Europeia, pelo que o relatório recomenda uma "análise da prática sobre a prescrição e utilização destes fármacos".

O documento aponta ainda para a necessidade de reforçar e descentralizar médicos especialistas, quer para adultos quer para crianças e adolescente

Direcção-Geral da Saúde
Portugal precisa de mais camas de internamento psiquiátrico para crianças e jovens, dado existirem apenas 24 para todo o país,...

O documento aponta para a necessidade de mais camas no sector público destinadas ao grupo de crianças e jovens, uma vez que existem apenas 10 para a zona Norte e 14 para a zona de Lisboa e Vale do Tejo.

“Tendo em conta a escassez de camas nas duas estruturas de psiquiatria da infância e adolescência com unidades de internamento”, o relatório refere que muitos casos acabam por ser internados noutras estruturas, nomeadamente em serviços pediátricos e psiquiátricos.

Relativamente às duas unidades especializadas existentes no país (uma em Lisboa e outra no Porto), “verifica-se, em ambas, uma alarmante incapacidade das estruturas da comunidade (quer famílias, quer instituições) em gerirem adequadamente os casos mais sensíveis, endossando-os mais frequentemente aos serviços de urgência com frequente pedido de internamento”.

O relatório revela ainda que a região do Porto referenciou mais primeiros surtos psicóticos, enquanto a região de Lisboa e Vale do Tejo registou um aumento de tentativas de suicídio, oriundas sobretudo de classes sociais médias e médias/altas.

Esta mesma unidade de Lisboa assinalou também um aumento de pressão no Serviço de Urgência no último trimestre de 2013, muito superior ao tradicional – de Maio a Julho.

Estudo conclui
Uma nova substância, testada em ratos, revelou-se promissora na recuperação de funções perdidas na sequência de lesões na...

O composto, denominado ISP, que actua nos péptidos (biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos) que se produzem no interior das células, ajudou roedores, com lesões graves na medula espinal, a recuperarem a capacidade de urinar ou fazer movimentos.

Os cientistas que encabeçaram a investigação, da Case Western Reserve University, em Cleveland, nos Estados Unidos da América, ressalvam que são necessários mais estudos, apesar de os resultados representarem uma esperança para futuros tratamentos em humanos.

O trabalho procurou formas de resolver o dilema de quando as fibras nervosas da medula espinal estão danificadas e os sinais emitidos pelo cérebro não chegam aos músculos abaixo da zona lesionada.

As fibras nervosas tentam atravessar a área lesionada e ligar-se a outras fibras, mas ficam encurraladas devido aos proteoglicanos, proteínas que existem no interior das células.

A nova substância, ISP, foi concebida para agir no receptor das biomoléculas na superfície das células nervosas. Tal como um interruptor, “apaga” a resposta aos proteoglicanos, que causam o bloqueio.

Na experiência, 26 ratos com lesões graves na medula espinal foram tratados com ISP durante sete semanas. A maioria, 21, recuperou uma ou mais de três funções: capacidade de movimento, de equilíbrio e de controlo do ato de urinar.

Alguns dos roedores conseguiram readquirir as três funções, outros uma ou duas, e cinco nenhuma. Os investigadores não conseguiram perceber por que os animais recuperaram uma determinada função, e não outra.

Segundo o estudo, o novo composto induziu o aparecimento de ramificações de fibras nervosas, que controlam o movimento abaixo na zona lesionada.

O mecanismo pode ter tido efeito, de acordo com os cientistas, no reforço dos níveis de um importante neurotransmissor, a serotonina, entre as poucas fibras nervosas que não ficaram danificadas.

Estudo divulga
Um em cada quatro doentes com esclerose múltipla foram obrigadas a mudar o tipo de trabalho que realizavam devido à doença,...

Realizado em parceria com a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), o estudo analisou o impacto da esclerose múltipla (EM) nos doentes e seus cuidadores, tendo inquirido 400 doentes, 66% dos quais mulheres, com uma média de idades de 44,4 anos, e 70 cuidadores, com uma média de idades de 47,7 anos.

O estudo “‘EMpower’: Dar força aos doentes com Esclerose Múltipla”, refere que a doença “é um assunto de família, com um impacto significativo nos cuidadores informais”.

Adianta que 16,2% dos cuidadores inquiridos prestam cuidados durante 24 horas e 23,6% durante uma a duas horas por dia.

Quase 29% disseram ter alterado o tipo de trabalho realizado, o que, para 84,2% dos casos, resultou numa diminuição dos seus rendimentos, e 11% afirmaram que tiveram de reduzir as horas de trabalho.

Para 61,7% dos doentes, tarefas habituais como o trabalho, o estudo ou o lazer são feitas com muita dificuldade, e 30,7% afirmam ainda ter problemas em vestir-se ou tratar da sua higiene pessoal, refere o estudo, divulgado no Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla que se assinala hoje.

Em declarações, a secretária-geral da SPEM, Manuela Neves, destacou uma conclusão do estudo, segundo a qual nenhum cuidador classifica a respectiva qualidade de vida como muito boa, sublinhando que mais de 22% a classificam como má ou muito má.

Estes resultados “espelham toda a realidade da esclerose múltipla em Portugal”, dos doentes e dos cuidadores, afirmou.

Isto acontece porque “a esclerose múltipla é uma doença cujos pacientes estão dependentes em larga escala de familiares ou de pessoas próximas que cuidem deles e há um afastamento muito grande daquilo que é a obrigação do Estado de apoiar estes doentes, daquilo que é o apoio verificado na realidade”, explicou Manuela Neves.

“Quem tem que apoiar um doente, por exemplo, um filho ou um irmão, acaba por ter de deixar um bocadinho para trás aquilo que é a sua realização pessoal” e profissional em “prol da necessidade de ajudar alguém que precisa de uma forma premente”.

Para Manuela Neves, estes resultados concretizam o conhecimento que a associação tem, através dos relatos recebidos de doentes, e devem ser alvo de uma reflexão profunda.

“É alarmante pensar que uma pessoa com esclerose múltipla vive com menos de 500 euros por mês (como relataram 21% dos inquiridos) e que mais de 60% dos cuidadores não tem apoios na prestação de cuidados”.

Os autores da investigação referem que o estudo pretendeu obter uma “fotografia” da situação actual em Portugal sobre a vivência destes doentes, “pois a falta de dados sobre a maioria das doenças é um problema crónico” no país.

“Só assim será possível delinear medidas de melhoria a implementar e estudar o seu impacto no futuro”, sublinhou Sofia de Oliveira Martins, da Faculdade de Farmácia.

A EM é uma doença crónica e progressiva e manifesta-se geralmente em adultos jovens (20 a 40 anos), sendo mais frequente nas mulheres.

 

Doentes esperam mês e meio por primeira consulta

Os doentes com esclerose múltipla esperam, em média, um mês e meio pela primeira consulta da especialidade após o diagnóstico e a maioria apenas tem duas consultas por ano, revela o mesmo estudo.

O estudo EMpower: “Dar força aos doentes com Esclerose Múltipla”, realizado pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), analisou o impacto da doença nos doentes e seus cuidadores. O estudo revela dificuldades no acesso destes doentes aos cuidados de saúde, esperando em média um mês e meio pela primeira consulta especializada após diagnóstico.

Mais de 60% dos doentes apenas tem duas consultas por ano, uma situação que a secretária-geral da SPEM, Manuela Neves, atribui à “falta ou deficiente distribuição de especialistas” nos hospitais públicos. O estudo refere também que 14% dos inquiridos dizem ter dificuldade em obter medicamentos para o tratamento da doença.

As principais causas apontadas para esta dificuldade de acesso foram “medicamento não disponível no hospital” (60%), “medicação insuficiente para os dias de tratamento” (16%) e “dificuldade na marcação de consulta” (7%).

A responsável da SPEM disse que a espera para a consulta tem consequências, sobretudo, para “quem está com um surto e pode ficar um mês e meio sem tratamento”.

Relativamente à medicação, Manuela Neves explicou que, por uma questão de diminuição de ‘stock’ ou devido a uma menor quantidade de medicamentos nos hospitais, muitos doentes que vão levantar a medicação à farmácia hospitalar não trazem a quantidade suficiente. “A medicação que deviam trazer para um mês trazem para 15 dias ou para uma semana porque o hospital não tem quantidade suficiente”, elucidou.

Os autores do estudo afirmam que “os resultados demonstram uma realidade preocupante do impacto social da doença”, sublinhando que a ocorrência de surtos nos 400 doentes que participaram no estudo levou a que estes ficassem de baixa em média 20 dias no último ano.

O tratamento da esclerose múltipla tem como principais objectivos controlar a ocorrência de surtos e a progressão da incapacidade do doente, acrescentam.

Manuela Neves disse que este “é o maior estudo epidemiológico” realizado em Portugal nesta área.

“Tínhamos muita falta de um trabalho desta natureza”, cujos resultados permitirão a quem está no terreno (técnicos de saúde e instituições) ter “uma actuação e um olhar diferente para aquilo que são as necessidades mais prementes” dos doentes e cuidadores.

Este estudo também é importante para “alertar as pessoas, o Ministério da Saúde, a Segurança Social e a sociedade civil de que existem estas situações dramáticas de doentes de esclerose múltipla e suas famílias que precisam urgentemente de ser apoiadas”, sublinhou Manuela Neves.

A EM é uma doença crónica e progressiva e manifesta-se geralmente em adultos jovens (20 a 40 anos), sendo mais frequente nas mulheres.

Estima-se existirem cerca de 5 mil doentes em Portugal, estando em tratamento cerca de 3.500.

4 de Dezembro - Dia Nacional
Assinala-se hoje, o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla, este ano uma data especial já que
Esclerose Múltipla

A existência de um Dia dedicado à Esclerose Múltipla (EM) representa “uma enorme ‘ajuda’ na divulgação da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), da doença e das necessidades e apoios de que carece”, explica Manuela Duarte Neves, Secretária Geral da SPEM, acrescentando que, “normalmente nesta data os meios de comunicação dão-nos uma atenção que não temos durante o resto do ano e a realização de actividades são um bom pretexto para o aumento da visibilidade externa, tanto no que diz respeito à Sociedade Civil como da parte de entidades públicas das áreas da saúde e social”.

A EM é uma doença desmielinizante crónica, inflamatória e degenerativa, que afecta o Sistema Nervoso Central (cérebro e espinal medula) através do ataque e destruição da mielina, a substância que cobre os nervos. “É a rapidez dos impulsos nervosos que permite o fluir normal de funções como o equilíbrio, andar, falar, controlo da bexiga, visão, etc.”, descreve fonte médica da SPEM.

Assim, para assinalar o Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla a 4 de Dezembro (o Dia Mundial comemora-se na última quarta-feira do mês de Maio) a SPEM realiza várias actividades um pouco por todo o país a partir das várias delegações.

“Aqui em Lisboa, teremos um lanche convívio onde os utentes do Centro de Actividades Ocupacionais que farão um recital de poesia, sob a coordenação da actriz Amélia Videira”, diz Manuela Duarte Neves. É também neste dia que a Associação de doentes comemora 30 anos de existência. “Uma data importante, pelo longo caminho percorrido pela instituição e pelo papel que já consolidou na sociedade portuguesa”, refere a responsável. Um papel em luta e defesa do bem-estar dos doentes portadores desta doença ainda sem cura, mas com tratamento que permite atrasar a progressão da doença na maioria dos casos, sobretudo se forem iniciados logo nas primeiras manifestações.

“Felizmente, com os progressos da medicina, os tratamentos vão sendo cada vez mais eficazes. Deste modo, podemos afirmar que, o diagnóstico de EM nos nossos dias é substancialmente diferente do que acontecia à 20 anos atrás, em que representava, quase sempre, uma notícia de incapacidade futura e maior sofrimento”, esclarece o especialista médico da Associação, sublinhando que, são muitos os doentes que fazem a sua vida perfeitamente normal, a nível de trabalho, família e relações sociais.

Sabe-se que a EM afecta mais mulheres do que homens, na proporção de 3 para 1, sendo que o diagnóstico surge frequentemente entre os 20 e os 40 anos de idade. Segundo o especialista “esta doença neurológica é a segunda maior causa de incapacidade nos jovens adultos, logo a seguir aos acidentes de viação”.

Nas comemorações da efeméride, Manuela Duarte Neves destaca como ‘ponto alto’ das comemorações a realização do XI Congresso, na Faculdade de Farmácia, em Lisboa, que este ano debaterá o tema do ‘Acesso’ na mais alargada perspectiva. Ou seja, sob o prisma do medicamento, médico, inovação científica, barreiras arquitectónicas, etc. “O tema foi-nos proposto para ser desenvolvido, durante o ano de 2014, pela Federação Internacional de Esclerose Múltipla, de que a SPEM é membro. Teremos também, no Congresso, a presença de ilustre entidades portuguesas na área da saúde, como é o caso do Senhor bastonário da Ordem do Médicos do Senhor Director Geral de Saúde”.

Sintomas e diagnóstico
Os sintomas mais comuns da doença são “a visão enevoada ou dupla, fraqueza nas pernas e braços, desequilíbrios, alterações cognitivas e fadiga”. Porém, as manifestações variam muito de pessoa para pessoa, não só porque cada caso é um caso, mas porque “o sistema imunitário ataca a mielina e existe, em paralelo, um processo degenerativo de causas ainda desconhecidas, pelo que ficam comprometidas diferentes funções consoante a localização das lesões. Estes factos fazem com que cada doente tenha manifestações diferentes ao longo da vida, apesar da doença ser a mesma”, explica o especialista da SPEM.

A evolução da doença é imprevisível e algumas pessoas atravessam períodos de surto, que correspondem ao agravamento de um ou mais sintomas, e voltam a recuperar quase na totalidade. “Esta é a forma de EM por Surto Remissão, a mais comum, mas em alguns doentes, o padrão é progressivo logo desde o início ou agrava-se com o passar do tempo, ditando a acumulação de incapacidade e consequente perda de autonomia”, comenta o responsável médico.

Habitualmente o diagnóstico da EM é feito em média entre os 20 e os 40 anos. “Realiza-se com base nos sintomas e história clínica da pessoa e com recurso a exames complementares: Ressonância Magnética Nuclear (RMN), Estudo de Potenciais Evocados (visuais, auditivos e sensitivos) e Punção Lombar”.

Uma vez que a EM pode manifestar-se com sintomas idênticos aos de outras patologias do Sistema Nervoso Central, o diagnóstico terá de ser feito excluindo primeiro outras doenças. “Isto acontece por várias razões, nomeadamente a doença não ser muito prevalente, logo confundida com outras doenças de sintomatologia semelhante (como o caso da depressão ou problemas da coluna) e a pessoa desvalorizar os primeiros sintomas”, alerta o especialista.

Existem ainda casos em que a EM é diagnosticada ‘por acaso’, quando uma pessoa faz uma RMN por outros motivos e são descobertas lesões desmielinizantes características da doença, embora não seja o mais frequente. “O normal é serem determinados sintomas que forçam a ida ao médico de família ou de outra especialidade”, diz o mesmo especialista.

Dificuldades e constrangimentos dos doentes
“São de vária ordem as dificuldades com que se debatem os doentes de EM. Desde logo, trata-se de uma doença de gente jovem e que pode ser incapacitante”. Por essa razão existe uma elevada prevalência (número de casos) de doentes que nunca teve uma vida profissional activa, ou se a teve foi por pouco tempo. “Desta situação resulta uma carreira contributiva curta ou inexistente e, logo, pensões de valores reduzidíssimos”.

Também no que toca à aquisição de medicamentos, para além dos específicos para a doença que são 100% gratuitos para os doentes, é muito vulgar que os doentes tenham que recorrer a medicação de outras especialidades, como por exemplo, urologia ou psiquiatria. “Nestes casos, não há qualquer benefício adicional para o doente, por ter EM”.

Além do mais, a Secretária Geral da SPEM refere que, “importa não perder de vista que as necessidades de um doente que esteja incapacitado são maiores e substancialmente mais caras. Refiro-me a situações de necessidade de apoio domiciliário, seja para higiene pessoal, seja para higiene de habitação, tratamento de roupas e confecção de refeições. Por outro lado, alguns doentes têm necessidades especiais decorrentes da própria condição de incapacidade, das quais resultam graves constrangimentos económicos”.

É verdade, infelizmente, existem constrangimentos em função das dificuldades económicas do país: “Desde logo, na quantidade de medicamento disponibilizado pelos hospitais, que obriga o doente a várias deslocações à farmácia hospitalar, tantas vezes com enorme sacrifício económico e de saúde; Por outro lado, no que toca ao transporte de doentes, cada vez mais dificultado, o que acarreta, muitas vezes, a absoluta impossibilidade de deslocação dos doentes; Também pelo facto do elevado número de doentes e reduzido número de neurologistas, que impedem que as consultas a todos os doentes se processem a níveis convenientes”.

Manuela Duarte Neves explica que “chegou a haver uma tentativa, sobretudo da parte de alguns hospitais do norte, para terem apenas um medicamento disponível para todos os doentes, independentemente da decisão de prescrição do médico. Tudo isto para permitir aquisições aos laboratórios mais competitivas, sem a atenção devida à condição de cada doente”.

Graças à intervenção da SPEM junto dos poderes políticos – um dos papéis essenciais da Associação – na defesa dos direitos dos doentes de esclerose múltipla, a decisão dos hospitais “retrocedeu” e continuam a ser disponibilizados os medicamentos que existem no mercado. São sete os medicamentos disponíveis no Sistema Nacional de Saúde para a esclerose múltipla e compete ao médico que segue cada doente a prescrição do medicamento específico e adequado a cada doente.

Incidência e prevalência em Portugal
Existem poucos estudos nesta área e falta um estudo epidemiológico nacional. A estimativa aponta para que a prevalência se situe acima dos 8 mil doentes com EM.

A informação mais recente sobre a prevalência tem por base a tese de doutoramento do Prof. João Correia de Sá, intitulada ‘Captura-recaptura como método epidemiológico a aplicar à Esclerose Múltipla’. Citando o autor: "A taxa bruta de prevalência estimada, 46,3/100.000, confirma a hipótese formulada, segundo a qual a frequência da EM em Portugal havia sido previamente muito subestimada (pág. 191). Este valor sobe ligeiramente para 49,1/100.000, quando se procede ao ajuste directo à população básica europeia o que é conveniente para permitir estabelecer comparações fidedignas com outros estudos." (pág. 147, 2014).

Em 2011, o site da SPEM e o jornal Público fizeram referência ao estudo ‘EMCoDe: Esclerose Múltipla - Conhecer e Desmistificar’ da autoria do Grupo de Estudos de Esclerose Múltipla, com o apoio da Merck Serono. O estudo foi feito através de entrevistas por telefone a 20.057 indivíduos, uma amostra aleatória representativa da população portuguesa. Foram encontrados 22 doentes confirmados. Extrapoladas para a população nacional com mais de 18 anos, as contas apontam para 4.287 portugueses afectados com esta doença degenerativa. São, na maioria, mulheres: 3.163 contra 1.171 homens.

“Uma vez que se estima que actualmente mais de 5 mil doentes com EM estejam em tratamento, a prevalência deverá ser maior que os dados anteriores. Coincidente com esta informação, encontra-se o estudo sobre ‘Acesso a Tratamentos Inovadores na Esclerose Múltipla na Europa’, realizado por Gisela Kobelt e Frida Kasteng, em 2009. Segundo estas autoras, a prevalência da EM em Portugal é de 83,8/100.000, com base numa extrapolação e ajuste com os dados epidemiológicos de Espanha”, esclarece a especialista.

Com base nos dados da Organização Mundial da Saúde e do Atlas da EM existem no mundo cerca de 2.300.000 pessoas com EM.

Fontes:
www.spem.pt/esclerose-multipla/o-que-e-a-esclerose-multipla
www.msif.org/about-ms/what-is-ms
www.atlasofms.org

Estudos:
2009 – Access to innovative treatments in Multiple Sclerosis in Europe
Maior estudo de sempre descobre genes associados à esclerose múltipla
2011 - EMCode: Esclerose Múltipla – Conhecer e Desmistificar (GEEM)
Esclerose Multipla - conhecer e desmistificar
Maior estudo de sempre descobre genes associados à esclerose múltipla
www.publico.pt/Ci%C3%AAncias/maior-estudo-de-sempre-descobre-genes-associados-a-esclerose-multipla_1507215
2014 - Captura-recaptura como método epidemiológico a aplicar à Esclerose Múltipla (Prof. João Correia de Sá)
Tese - Captura-recaptura como método epidemiológico a aplicar à Esclerose Múltipla

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
3 de Dezembro - Dia Internacional da Pessoa com Deficiência
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o termo deficiência refere-se à perda ou anormalidade

A palavra deficiente é, hoje em dia, tida como inadequada e como fator estimulante do preconceito e está então a ser substituída pela expressão “pessoa especial”.

Existem diferentes tipos de deficiências, sendo elas as deficiências visual, auditiva, motora e mental.

A declaração dos direitos das pessoas deficientes foi proclamada por uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, a 9 de dezembro de 1975. Esta declaração rege como direitos as seguintes situações:

- a “pessoa deficiente” é aquela que não consegue satisfazer pessoalmente, na totalidade ou parcialmente, as suas necessidades individuais ou sociais, devido à sua incapacidade física ou mental;

- toda a pessoa deficiente se pode reger por esta declaração, independentemente de sexo, idade, raça ou religião, sem distinção nem descriminação;

- a pessoa deficiente tem direito ao respeito pela dignidade humana, independentemente da incapacidade que possui, possuindo o direito de gozar uma vida normal e digna;

- os direitos civis e políticos são iguais aos dos restantes seres humanos;

- os cidadãos com deficiência têm direito a alteração de medidas para que consigam alcançar a melhor autonomia possível;

- as pessoas deficientes têm direito ao acesso à saúde em termos de tratamentos médicos, psicológicos e funcionais, para aumentar as suas capacidades e aptidões, de forma a melhorar a sua integração social;

- têm direito à segurança económica e social, tendo direito a, de acordo com as suas capacidades, obter e manter um emprego ou uma atividade produtiva e remunerada;

- as pessoas deficientes têm direito a viver com as suas famílias e a participar em todas as atividades recreativas e culturais, sem que sejam sujeitam a exclusão ou diferenciação;

-têm o direito à proteção no que diz respeito à exploração e discriminação;

- têm direito a apoio jurídico qualificado, sempre que necessário, para a sua proteção.

 

E quando uma criança nasce com uma deficiência ou adquire uma deficiência…?

As crianças com deficiência são encontradas em todas as culturas e sociedades, estimando-se que, mundialmente, existem cerca de 120 milhões de crianças com deficiência.

Quando se fala numa criança portadora de deficiência, temos que ter em conta que, tal como qualquer outra criança, estas necessitam de muito amor, cuidados, proteção e atenção, como todas as outras crianças. Existe ainda outra necessidade no desenvolvimento saudável da criança que é o brincar. A criança com deficiência deve brincar com outras crianças para promover a aprendizagem e o seu desenvolvimento.

A criança com deficiência deve ser inserida na comunidade, deve participar em festas e atividades comunitárias para que todos a conheçam e aprendam a lidar com as suas limitações, com o respeito que merece.

Os pais das crianças com necessidades especiais devem focalizar-se nas capacidades dos seus filhos, e não nas incapacidades, de forma a compreenderem o que trará mais autonomia e confiança à criança. Deve-se promover as potencialidades da criança, evitando comportamentos de superproteção, para uma maior libertação da mesma.

Relativamente ao acesso à educação os pais devem saber que todas as crianças têm direito a frequentar o ensino desde a pré-escola, não podendo haver recusas, na aceitação, na instituição. Este é um dever do Estado, assegurar um atendimento educacional adequado a estas crianças. Nunca uma criança com deficiência deve ser isolada ou tratada de maneira diferente, dado que esse é um dos fatores que mais interfere no atraso de desenvolvimento.

Para além dos direitos da pessoa com deficiência, as crianças com deficiência são também protegidas pelos Direitos da Criança declarados pelas Nações Unidas, sendo que, acima de tudo, temos o princípio da não descriminação, o interesse superior da criança, a sobrevivência e o desenvolvimento e o respeito pelas opiniões da criança.

“A verdadeira deficiência é aquela que prende o ser humano por dentro e não por fora, pois até os incapacitados de andar podem ser livres para voar.” Thaís Moraes

 

Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortógráfico.

 

Ângela Quinteiro, Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediatria a exercer funções na USF Viriato, Viseu

 

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Estudo
O Ébola é a doença que mais preocupa os portugueses a seguir ao cancro, ficando à frente das cardiovasculares, que são as que...

Com base num inquérito realizado em outubro junto de mais de mil portugueses, o estudo pretendeu avaliar as perceções da população sobre o cancro e o investimento no seu tratamento.

À pergunta “qual a doença que mais o preocupa nos dias de hoje”, a maioria respondeu que era o cancro, mas no segundo lugar da lista de preocupações vem o Ébola e só depois doenças como as cardíacas, o VIH/Sida ou o AVC (acidente vascular cerebral).

Segundo o estudo, 63% dos portugueses referem o cancro como a doença que mais os preocupa, 10% aponta o Ébola, 5% as cardiovasculares, 4% VIH/Sida e Diabetes, 3% o AVC e 2% o Alzheimer.

Quanto às razões para considerar o cancro preocupante, mais de metade refere a mortalidade associada: 29% dizem que “não tem cura” e 25% afirmam que tem uma “taxa de mortalidade elevada”.

Para 17% a preocupação prende-se com o facto de ser uma doença difícil de tratar, para 13% com familiares que tiveram a doença e os restantes com o elevado número de casos conhecidos, bem como a evolução silenciosa desta patologia.

Entre os vários tipos de cancro, o estudo sugere que o da mama é o que mais preocupa as mulheres e o do pulmão os homens.

De uma maneira geral, os portugueses consideram-se pouco informados sobre o cancro – apenas 30% se afirma “muito informado” –, mas 29% não sabe que tipo de informação gostaria de receber sobre a doença. Os restantes insistem sobretudo na prevenção e diganóstico/rastreio.

A grande maioria dos portugueses (85%) considera que o investimento na área da saúde é “insuficiente” e 80% defendem mesmo um maior investimento do Estado no cancro, sendo que mais de metade (56%) acredita que actualmente se investe menos em oncologia do que há três anos.

No entanto, quase metade dos inquiridos (49%) tem noção de que o Estado gasta mais dinheiro nas doenças cancerígenas do que nas do coração, diabetes ou Sida.

Um dos principais problemas encontrados pelos portugueses diz respeito ao sentimento de que “não são ouvidos pelos políticos e que a saúde não é prioritária”.

As outras preocupações prendem-se com os tratamentos mais avançados, que “estão disponíveis”, mas “são demasiado caros para Portugal”, revela o estudo, indicando ainda que os “portugueses querem rapidez e equidades no acesso ao tratamento de cancro”.

Quando questionados sobre a comparação entre cuidados prestados pelo público e pelo privado, a grande maioria dos inquiridos não vê diferenças significativas, mas quem diferencia aponta sobretudo o público como sendo “melhor nos cuidados prestados” e o privado “melhor no atendimento”.

O estudo, desenvolvido por uma empresa de estudos de mercado através de 1.192 inquéritos presenciais, será divulgado hoje durante a sessão Think Tank 2014 “Pensar a Saúde – Acesso do Cidadão à Inovação Terapêutica – Oncologia”, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova.

Em caso de epidemia
O Instituto da Administração da Saúde e Assuntos Sociais da Madeira é a entidade responsável pela comunicação de doenças...

De acordo com o diploma, o Instituto da Administração da Saúde e Assuntos Sociais (IASAUDE) fica como a entidade responsável pelo "reporte ao sistema nacional de informação de vigilância epidemiológica", conhecido como SINAVE, em casos em que seja necessária a articulação com o continente.

"Compete em especial ao IASAUDE, sob a superintendência e tutela do secretário Regional dos Assuntos Sociais, coordenar as actividades de promoção da saúde e de prevenção e controlo da doença, bem como a vigilância epidemiológica, desenvolver programas de saúde e coordenar a produção de informação e divulgação adequada e exercer as funções de autoridade de saúde na região", acrescenta o decreto legislativo.

Na Amazónia
Uma equipa de três oftalmologistas e uma enfermeira do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra integrou uma missão na...

A missão humanitária, subsidiada pela Fundação Champalimaud, contou com uma equipa de Coimbra, uma de Hyderabad, na Índia, e outra de São Paulo, no Brasil, tendo percorrido diversas localidades de difícil acesso na região de Baixo Amazonas (norte do Brasil), onde realizaram entre "400 a 500" cirurgias oftalmológicas, disse à agência Lusa o director da Faculdade de Medicina e participante na iniciativa, Joaquim Murta.

Para além de cirurgias às cataratas e “pterigium” (crescimento anómalo de tecido sobre a córnea), a equipa disponibilizou "óculos gratuitos" às populações, referiu.

"Andámos em diferentes localidades, no meio da selva amazónica", indo sempre, através de barco, a zonas onde as pessoas não recebiam "nenhuns cuidados oftalmológicos".

Nos locais onde operou, "a principal doença é o abandono", tendo encontrado pessoas que "já estavam cegas há dez anos", devido ao não tratamento das suas doenças, disse à agência Lusa o médico de Coimbra.

O bloco de operações era montado de madrugada, "com todo o material necessário", com os doentes já preparados uma semana antes por uma equipa brasileira, contou.

Segundo Joaquim Murta, "a grande maioria das cirurgias correu muito bem", estando agora a equipa a aguardar dados dos pacientes, que estão a ser acompanhados no terreno.

"Foi uma experiência muito enriquecedora", frisou Joaquim Murta.

A equipa percorreu os rios Solimões e Amazonas e esteve em localidades como Urucará, Parintins, Barreirinha e Maués, no norte do Brasil.

Para além de Joaquim Murta, a equipa do CHUC contava com os médicos João Póvoa e Filipe Rito e a enfermeira especialista em oftalmologia, Rosário Fernandes.

Segundo especialistas
Segundo especialistas reunidos no simpósio “Balanço energético, o caminho da saúde pública”, está a aumentar a ênfase no estudo...

Podemos definir "balanço energético" como a relação entre a energia consumida (as calorias que absorvemos através da comida e da bebida) e a energia gasta (as calorias que o nosso corpo utiliza para as necessidades diárias de energia).

Segundo os especialistas participantes no simpósio, os factores que contribuem para o balanço energético são tanto genéticos como ambientais. “Entre os factores ambientais mais importantes destaca-se a dieta e o exercício, contudo as horas de sono, o stress, a temperatura ambiental, e em certa medida a micriobiota, também podem contribuir para este equilíbrio” aponta a Prof. Dra. Dolores Corella, da Unidade de Genética e Epidemiologia Molecular do Departamento de Medicina Preventiva e CIBERobn da Universidade de Valencia (Espanha). 

Peritos identificam
Os preços elevados e a dificuldade de introdução e aprovação no mercado português são os principais obstáculos ao acesso dos...

Estas são as principais conclusões de um grupo de peritos convidado pela Escola Nacional de Saúde Pública para tentar identificar as principais limitações no acesso aos medicamentos oncológicos inovadores e estudar alternativas e que serão apresentadas hoje durante o Think Tank “Pensar a Saúde. Acesso do cidadão em Portugal à inovação Terapêutica – Oncologia”.

Ana Escoval, professora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e coordenadora do “Think Tank”, explica que a falta de acesso à inovação terapêutica em oncologia se deve a vários factores, entre os quais “o elevado preço dos medicamentos inovadores e a incapacidade de gerir a entrada de novas tecnologias terapêuticas face ao contexto económico e financeiro do país”.

Em Portugal, durante o ano de 2013, a despesa com medicamentos em meio hospitalar foi de 974,8 milhões de euros, sendo que os imunomoduladores, os antivíricos e os cititóxicos representaram 58,8% da despesa, segundo dados do Infarmed.

O grupo de reflexão envolvido no estudo aponta igualmente como um dos principais obstáculos ao acesso a terapêutica inovadora “a demora na aprovação dos fármacos - o estudo de avaliação económica, formulário nacional hospitalar, comissão de farmácia e terapêutica, as barreiras administrativas na aprovação e aplicação dos ensaios clínicos”.

Em Portugal, entre 2007 e 2014, continuam a verificar-se atrasos nas avaliações e aprovações das novas terapêuticas no mercado hospitalar, criando barreiras no acesso rápido a tratamentos inovadores.

Os medicamentos oncológicos têm um tempo até aprovação superior aos restantes medicamentos hospitalares, sendo que a mediana de tempo até deferimento da aprovação prévia era de 24,8 meses, segundo os dados mais recentes da Apifarma, relativos a 2011.

As soluções propostas pelos especialistas passam pelo envolvimento dos cidadãos (através das associações de doentes) no processo de tomada de decisão, pela adopção de um modelo de financiamento que siga o doente, pela centralização da decisão terapêutica em centros de referência e pela discussão e avaliação prévia de casos.

Os especialistas sugerem ainda a alteração da forma de relacionamento do setor público com as indústrias da saúde, numa óptica de parceria e compromisso desde a investigação às relações comerciais, passando pelo acesso à informação e prestação de contas de todos os intervenientes para melhorar as tomadas de decisão.

Este estudo surge da necessidade de encontrar soluções viáveis para aceder a terapêuticas que têm contribuído para avanços no tratamento do cancro: dados de investigação estimam que os novos medicamentos contribuíram em cerca de 50%-60% para o aumento das taxas de sobrevivência do cancro desde 1975.

O problema é que os níveis de incidência de cancro continuam a aumentar devido ao envelhecimento da população, colocando esta doença no topo das prioridades nos sistemas de saúde de todo o mundo.

Paralelamente, aumentam também as novas opções de tratamento, só que este aumento levanta preocupações sobre a capacidade de financiamento público e privado dos sistemas de saúde, tornando premente “reflectir como se pode garantir o acesso”, indica o estudo.

OMS
A Organização Mundial de Saúde publicou hoje novas recomendações na luta contra o cancro do colo do útero para permitir uma...

A Organização Mundial de Saúde (OMS) defende agora a aplicação de duas doses da vacina contra o vírus do Papiloma Humano (HPV), contra as três recomendadas anteriormente, em raparigas com idades entre nove e 13 anos.

A OMS, que apresentou as suas novas recomendações no congresso mundial de luta conta o cancro, em Melbourne, estima que duas injecções são mais eficazes do que três.

“A combinação de instrumentos mais eficazes e acessíveis para prevenir e tratar o cancro do colo do útero vai ajudar a reduzir o custo da saúde, especialmente nos países mais pobres", disse Nathalie Broutet, epidemiologista na OMS.

Além disso, o teste de despistagem das infecções por vírus do Papiloma Humano – que são responsáveis por 99% dos casos de cancro do colo do útero – e realizado a partir dos 18 anos de idade pode ser feito a cada cinco anos em caso de resultados negativos, contra os dois anos actualmente aplicados em vários países.

A primeira vacina contra o HPV foi lançada no mercado em 2006.

Em Lisboa
A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou ontem, por maioria, a alienação de um terreno na Avenida 24 de Julho que será vendido...

A votação do lançamento de uma hasta pública de uma parcela de terreno destinada a construção com a área de 20.763,48 metros quadrados, situada na Avenida 24 de Julho, estava dependente da votação do Plano de Urbanização de Alcântara, que foi também aprovado ontem.

A proposta da alienação do terreno, chamado "triângulo dourado", foi aprovada por maioria, com os votos contra do PSD, CDS-PP, MPT, PCP, PEV e BE e a abstenção do PAN.

O "triângulo dourado", parcialmente ocupado por serviços da Câmara de Lisboa, foi avaliado, de acordo com o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, em 20.350.000 euros e "pode vir a ser utilizado para equipamento de saúde privado, habitação ou escritórios".

O deputado do PSD Vitor Gonçalves classificou a alienação ontem aprovada como "uma grande farsa", acusando a autarquia de estar a fazer uma "venda directa".

"Sob o rótulo do planeamento, (a Câmara) está a fazer vendas directas de património municipal, à semelhança do que aconteceu nos terrenos onde está instalado o quartel do Regimento de Sapadores Bombeiros", afirmou.

O PSD afirmou que há interesse do Grupo Mello no terreno da 24 de Julho para aí construir uma unidade hospitalar.

A deputada Margaria Saavedra disse que o grupo apresentou ao município um Pedido de Informação Prévia (PIP) e que, caso este seja aprovado, "pode entrar logo com pedido de licenciamento, o que lhe permite ganhar um ano de avanço em relação aos outros concorrentes". "Fica favorecido", sublinhou.

Em declarações à Lusa, à margem da reunião, o vereador do Urbanismo assegurou que "o facto de ter entrado um PIP não compromete nada".

Manuel Salgado recordou que o Grupo Mello tinha previsto a construção de um hospital em Alcântara num outro terreno, mas considerou que o terreno municipal tem melhores condições. "O Grupo Mello pôs o PIP para saber se é viável construir ali um hospital", disse, acrescentando que "isto não o coloca em vantagem".

O MPT, através do deputado António Arruda, mostrou "muitas reservas" sobre a alienação, "nomeadamente em relação ao destino dos funcionários que trabalham no edifício", pedindo "soluções que mantenham na zona os serviços".

Também o CDS-PP apresentou "reservas", com a deputada Luísa Alvim a defender que "tem que ser encontrada solução para acomodar estes funcionários e assegurar que mantêm as suas funções".

"Importa saber como será resolvida a situação dos trabalhadores e serviços aí instalados", disse a deputada Cláudia Madeira, do PEV, referindo que "a alienação levanta alguns problemas e não garante que estejam salvaguardados os interesses municipais".

Segundo a comunista Ana Páscoa, a alienação “levanta problemas para os quais o partido ainda não obteve respostas", como "resolução da situação dos trabalhadores, serviços e equipamento".

"Corremos o risco de alienar património e de a Câmara ter depois que arrendar edifícios", afirmou.

Também para o bloquista José Casimiro "é importante saber-se quando ficará definido o destino dos trabalhadores em serviço nas instalações do terreno".

Manuel Salgado esclareceu que "uma parte significativa dos funcionários irá para os Olivais" e que a autarquia tem "um ano para entregar o edifício", depois de este ser vendido, ou seja, "está previsto um ano para o município relocalizar os funcionários".

O deputado Hugo Lobo, do PS, recordou que o terreno já se encontrava "no plano de activos não estratégicos que a autarquia se propunha alienar", informação corroborada por Manuel Salgado: "A venda deste activo estava prevista no Orçamento de 2014”.

De acordo com o vereador, "45% da área do terreno volta à posse do município para se fazer um jardim público onde ficará localizada uma bacia de retenção, prevista no Plano de Urbanização de Alcântara”.

Direitos de maternidade de médicas e enfermeiras
O PS quer ouvir os bastonários das ordens dos médicos e dos enfermeiros no parlamento sobre as denúncias que receberam de...

Deputados do PS dirigiram também uma pergunta ao ministro da Saúde, Paulo Macedo, sobre a mesma matéria, pedindo-lhe que confirme se, "em algum momento, algum dirigente sob sua tutela, emitiu alguma orientação para que os júris constituídos, no âmbito dos concursos de admissão de médicos, questionassem as candidatas mulheres se pretendiam engravidar".

Os deputados Elza Pais, Isabel Moreira e Pedro Delgado Alves questionaram ainda Paulo Macedo sobre se algum dirigente sob a sua tutela deu "alguma orientação para que as enfermeiras ao serviço do Serviço Nacional de Saúde não beneficiassem do regime de horário pós-licença de maternidade".

"Face às denúncias do senhor bastonário da Ordem dos Médicos e do senhor bastonário da Ordem dos Enfermeiros, que medidas/diligências tomará o senhor ministro da Saúde para que seja respeitada plenamente a lei e sejam reforçadas as condições de exercício do direito à maternidade pelas mulheres profissionais do SNS? De que forma pretende o Senhor Ministro sancionar os responsáveis pelas situações denunciadas?", questionam.

Os deputados socialistas requereram também a audição do bastonário da Ordem dos Médicos e do bastonário da Ordem dos Enfermeiros na subcomissão de igualdade, que depende da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

No requerimento, recorda-se que no dia 20 de novembro, o bastonário da Ordem dos Médicos tornou públicas queixas de "várias médicas recém-especialistas, em que, no âmbito de concursos de selecção e admissão para hospitais e centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS), lhes terá sido perguntado se pretendiam engravidar".

Por outro lado, o "bastonário da Ordem dos Enfermeiros revelou várias denúncias recebidas de enfermeiras relativamente ao gozo do horário pós-licença de maternidade, que permite reduções de horário para amamentação, em que existem ‘pressões para que as enfermeiras não gozem este direito na totalidade'", referem no documento.

"Ambas as situações revelam um tratamento discriminatório inaceitável das mulheres profissionais no Serviço Nacional de Saúde, que envolve uma intolerável violação dos princípios de reserva da intimidade, da vida privada e protecção de dados, e atenta contra o exercício pleno do direito à maternidade", defendeu os deputados socialistas.

A partir de hoje
O Brasil passa a ter a partir de hoje uma lei antifumo a nível nacional, mais restritiva do que as regras estaduais já em vigor...

A lei 12.546 foi aprovada em 2011, mas apenas este ano foi regulamentada, e não permite o fumo de cigarros, cachimbos, charutos, “narguilés” (cachimbo de água para fumar tabaco aromatizado) e cigarrilhas em locais colectivos parcialmente fechados por toldos, paredes, divisórias ou tecto.

Em caso de desrespeito, o estabelecimento pode ser punido com coima de até 1,5 milhão de reais (470 mil euros) e suspensão do funcionamento.

Actualmente, cerca de 11% da população brasileira é fumadora.

A nova lei proíbe a existência dos chamados "fumódromos", ou seja, locais anexos aos estabelecimentos reservados para os fumantes - há uma excepção para o uso ritual do fumo em cultos religiosos.

O acto de fumar continua a ser permitido em áreas ao ar livre, como praças e parques, e nas residências pessoais.

A propaganda comercial dos cigarros fica proibida também nos pontos de venda, onde antes era permitida, com avisos e alertas sobre os danos do tabaco a ter de aparecer em 100% de uma das faces das embalagens.

Ilha Terceira
O conselho de administração do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira demitiu-se em bloco e a Secretaria Regional da Saúde...

A demissão terá surgido na sequência de um processo de averiguação de denúncias feitas pelos enfermeiros do hospital sobre o funcionamento da unidade de cuidados intensivos, segundo a Antena 1/Açores.

A Inspecção Regional da Saúde terá detectado a violação de deveres da administração do hospital, quando analisou, por ordem da tutela, o inquérito interno à actuação da unidade de cuidados intensivos.

Contactado pela Lusa, o secretário regional da Saúde, Luís Cabral, não quis prestar declarações.

Fonte da tutela confirmou apenas que a administração colocou o lugar à disposição, mas não revelou os motivos.

Segundo a mesma fonte, o secretário regional da Saúde aceitou a demissão e vai nomear "em breve” um novo conselho de administração.

Também o gabinete de comunicação e imagem do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira disse que a administração não presta declarações sobre esta matéria.

Em fevereiro, os enfermeiros da unidade de cuidados intensivos do hospital entregaram um abaixo-assinado à administração, denunciando "falta de rigor técnico-científico" e de "princípios éticos e deontológicos" e "redução do investimento terapêutico", entre outras irregularidades, mas só em outubro foi aberto um inquérito interno, depois de o caso ter sido denunciado na comunicação social local.

As denúncias estão também a ser investigadas pelo Ministério Público.

OMS declara
A Organização Mundial de Saúde confirmou ontem que Espanha está livre do vírus do Ébola, felicitando o país pela forma como...

Em reacção ao anúncio da Organização Mundial de Saúde (OMS), o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, manifestou a sua satisfação, afirmando tratar-se de um sucesso do sistema de saúde nacional e dos respectivos profissionais.

“Demonstra a capacidade de lutar contra esta doença”, escreveu o chefe do Governo espanhol na sua conta na rede social Twitter.

“Espanha está livre do Ébola, satisfeito. Um sucesso do sistema de saúde e dos seus profissionais”, acrescentou.

Para declarar um país livre do vírus têm de passar 42 dias – o dobro do período de incubação - sem que surja nenhum caso.

O anúncio da OMS acontece após 42 dias da realização da segunda análise negativa à auxiliar de enfermagem espanhola Teresa Romero e depois de uma voluntária dos Médicos sem Fronteiras (MSF), sob vigilância no Hospital Carlos III de Madrid, não apresentar sintomas da doença.

Teresa Romero, de 44 anos, foi o primeiro caso de contágio do vírus do Ébola fora de África.

O mais recente balanço da epidemia do Ébola, da responsabilidade da OMS e revisto na segunda-feira, dava conta de cerca de seis mil mortos.

Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, todos países da África Ocidental, continuam a ser as áreas mais afectadas pela doença.

A 28 de novembro, havia 2.155 casos de Ébola na Guiné-Conacri, com 1.312 mortos, 7.635 casos na Libéria, com 3.145 mortos, e 7.109 na Serra Leoa, com 1.530 vítimas mortais.

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