Deco
O teor de sal em produtos alimentares embalados aumentou desde 2005 em 12 categorias de alimentos e reduziu noutras 16...

Foram analisadas pelos técnicos da Deco 30 categorias alimentares de um total de 250 alimentos: em 16 alimentos a concentração de sal baixou, em dois manteve-se e noutros 12 aumentou.

Os resultados recolhidos em 2015 pela Deco foram comparados com os de estudos realizados em 2005 e em 2011.

Entre 2005 e 2015, registaram uma redução no teor do sal produtos como a manteiga, o fiambre, o pão, a margarina ou os cereais de pequeno-almoço de chocolate.

Em contrapartida, os aperitivos de milho, os croissants, as batatas fritas e o queijo flamengo estão mais salgados do que há 10 anos.

“O caso dos croissants é surpreendente pela negativa. Um produto geralmente apontado pelos elevados níveis de gordura ou de açúcar tem também muito sal. Os croissants analisados apresentavam entre 0,9 e 1,3 gramas de sal por 100 gramas, quase o mesmo do pão de forma embalado”, refere a associação de defesa do consumidor.

Contudo, foram os aperitivos de milho o produto que registou um maior aumento (70%): ao consumir uma dose de 30 gramas ingere-se cerca de 10% da quantidade diária de sal recomendada.

A Deco analisou ainda o teor de sal em 50 refeições adquiridas em restaurantes de Lisboa e do Porto: 18 menus de hambúrgueres e 32 refeições de carne (prato do dia).

No caso de Lisboa, o menu de hambúrguer tinha em média 0,72 gramas de sal por 100 gramas e no Porto 0,70.

Quanto aos pratos, os de Lisboa acusaram em média 0,73 gramas de sal por cada 100 e no Porto uma média de 0,87 gramas. Nalguns casos, com apenas uma refeição atinge-se a dose diária de sal recomendada.

A Deco recorda que o consumo diário de sal em Portugal baixou 1,7 gramas desde 2009, mas que se continua a ingerir mais do dobro da quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde.

CNIS defende
O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade manifestou o seu desacordo com a criminalização de quem...

“Abandonar um idoso no hospital ou num lar moralmente é mau, mas eu penso que a criminalização não será o melhor instrumento”, disse o padre Lino Maia na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, onde foi ouvido a propósito de um projeto de lei do PSD/CDS-PP sobre direitos fundamentais das pessoas idosas.

Segundo o projeto de lei, que foi aprovado na generalidade, e está agora a ser discutido na especialidade, “quem abandona um idoso num hospital ou se aproveitar das suas limitações mentais para aceder aos seus bens poderá incorrer numa pena de prisão até dois anos”.

Em declarações, no final da audição, Lino Maia disse não estar a favor da criminalização, mas sim da penalização do abandono, que “é censurável, que pode passar pela perda de benefícios fiscais e a perda de direitos sobre o património de quem abandonou.

Mas este abandono pode também ser “uma censura ao próprio Estado”, disse, sublinhando que, normalmente, as pessoas que são abandonadas são “as mais carenciadas” e esta situação pode às vezes significar que o estado social não está a funcionar.

“Se a pessoa não tem condições em casa, se a família não tem condições, o Estado de criar essas condições”, defendeu.

Citando uma estimativa do Ministério da Saúde, Lino Maia adiantou que por ano ocorrerem entre 100 a 150 situações de abandono nos hospitais, uma situação a que o setor social pode responder.

“Já fizemos uma sondagem e o setor solidário tem capacidade de resposta para estas situações”, frisou.

Também presente na audição, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, defendeu que deveria haver “alguma penalização” para quem abandona.

“Não nos parece muito bem que numa sociedade que se quer solidária se permita que essa desresponsabilização aconteça”, disse Manuel Lemos, contando que vão muitas vezes “buscar idosos completamente abandonados”.

“Se durante muito tempo se disse que isso era um fenómeno urbano”, hoje começa também a ser “um fenómeno rural”, lamentou.

O deputado social-democrata Carlos Abreu Amorim explicou que a iniciativa legislativa pretendeu dar resposta a “um conjunto de clamores” que chegava dos profissionais de saúde e das entidades ligadas ao tratamento dos idosos em relação a uma realidade sobre a qual “não existem estatísticas concretas, objetivas e fiáveis”.

“Há realidades que pelo facto de serem relativamente escondidas não podem permanecer distantes dos olhos do poder legislativo”, disse Carlos Abreu Amorim, sublinhando que “há comportamentos que apesar de terem tradição cultural, em praticamente todo o mundo, são inamissíveis”.

Para José Manuel Pureza (BE), a criminalização destas situações é um “caminho precipitado e perigoso”.

“Se o abandono em muitas situações nos pode merecer uma censura social e moral muito severa não tem que implicar necessariamente um tratamento de natureza criminal”, defendeu o deputado bloquista.

A deputada socialista Elza Pais partilha desta posição, afirmando: “Estamos a caminhar para um caminho muito perigoso se criminalizarmos este comportamento”.

Já a deputada do CDS-PP Vânia Dias da Silva sublinhou que “há um problema” que tem de ser tratado “e as pessoas não serão necessariamente todas presas”.

A questão da criminalização “serve de alerta, de prevenção geral, muito mais do que o resto”, sublinha a deputada.

Serviço Nacional de Saúde
O Ministério da Saúde está a estudar uma forma de os médicos com mais de 55 anos continuarem a fazer urgências, por considerar...

Adalberto Campos Fernandes falava aos jornalistas à margem da audição na Comissão Parlamentar da Saúde, que hoje decorre e foi interrompida para os deputados poderem participar numa homenagem a António Almeida Santos, que presidiu à Assembleia da República.

O ministro disse que “seria muito importante” os médicos com mais de 55 anos poderem fazer urgências.

Questionado sobre a forma como a equipa ministerial vai convencer estes profissionais a fazer urgências após os 55 anos, Adalberto Campos Fernandes lembrou que está em curso uma nova fase da reorganização das urgências.

A este propósito, sublinhou a importância de “alterar o paradigma da procura” das urgências hospitalares, que ascende a seis milhões todos os anos.

Ainda no capítulo dos incentivos, Adalberto Campos Fernandes disse que espera convencer os médicos a trabalhar nas áreas com menos profissionais, proporcionando-lhes uma mais rápida progressão na carreira.

Antes da declaração do ministro da Saúde, o deputado Miguel Santos (PSD) falou aos jornalistas para dizer que durante a audição na Comissão Parlamentar da Saúde o ministro não foi capaz de dar garantias de que situações como a que terá levado à morte de um jovem no Hospital de São José, em Lisboa, por alegada falta de assistência especializada, não se repetem.

Adalberto Campos Fernandes estranhou a acusação e disse aos jornalistas que tinha acabado de informar os deputados de que no próximo dia 29 será apresentada a nova organização da Urgência Metropolitana de Lisboa (UML), bem como a forma como os profissionais serão financeiramente compensados.

Relativamente ao caso da morte do jovem no Hospital de São José, que foi, de resto a razão do PCP ter solicitado a sua audição na Comissão Parlamentar da Saúde, o ministro disse esperar que terminem os trabalhos a decorrer na Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e no Ministério Público.

Ministro da Saúde quer
O ministro da Saúde quer reduzir 10% das urgências hospitalares, uma medida com a qual espera poupar 48 milhões de euros anuais...

Na sua primeira audição na Comissão Parlamentar da Saúde enquanto ministro, e a propósito do exercício orçamental para este ano, Adalberto Campos Fernandes insistiu nas escolhas e exemplificou com a área das urgências hospitalares.

“Se conseguirmos reduzir 10 por cento dos seis milhões de urgências hospitalares anuais, obteremos uma poupança de 48 milhões de euros”, afirmou.

Para o ministro, “este dinheiro seria muito mais bem utilizado na abertura de mais Unidades de Saúde Familiar (USF) e na contratação de mais médicos e enfermeiros de família”.

Adalberto Campos Fernandes referiu que pretende “fazer coisas diferentes, com o mesmo dinheiro”.

Outro exemplo apontado, nomeadamente para fixar os médicos em regiões desguarnecidas destes profissionais, como o Algarve, passa por proporcionar uma progressão da carreira mais rápida para os que optem por ir para essa zonas.

“Porque não o jovem cardiologista chegar a chefe de serviço mais depressa, por ter passado por unidades de saúde nestas regiões?”, questionou.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde disse que “talvez não tenha havido a suficiente diligência e a burocracia tenha predominado” na gestão da...

Adalberto Campos Fernandes, que pela primeira vez está a ser ouvido pelos deputados na Comissão Parlamentar da Saúde como ministro, afirmou que “algo se passou de errado” e que tal “pode ter sido ao nível da diligência”.

No seguimento da morte deste jovem, foi conhecido que as Finanças do anterior governo não terão dado resposta à tutela, após proposta do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), no sentido de existir uma assistência especializada para este tipo de casos todos os dias da semana.

“Talvez não tenha havido a suficiente diligencia e a burocracia tenha predominado sobre a principal função de um hospital que é cuidar das pessoas”, declarou o ministro.

O ministro sublinhou que a solução deste e de outros casos não passa por “pôr mais dinheiro em cima de tudo”.

“Se não tivermos sistema de controlo, o dinheiro evapora-se”, disse Adalberto Campos Fernandes, que considera uma “irresponsabilidade atroz” pretender duplicar o orçamento do Serviço Nacional da Saúde (SNS).

Ainda sobre as finanças da saúde, o ministro reconheceu que o próximo exercício vai ser “muito difícil”, mas deixou a garantia: “Cumpriremos rigorosamente o que está escrito no programa”, no sentido de “substituir as escolhas erradas pelas certas”.

Na sua audição, anunciou ainda que será assinado, na primeira semana de fevereiro, um compromisso político com todos os parceiros sociais e que esta equipa irá prestar contas a trimestralmente.

Também no início do próximo mês arranca um novo portal do SNS, onde todos os cidadãos poderão ter acesso à atividade do sistema.

Medicina tradicional chinesa
Criado por aquele que é considerado além-fronteiras como o melhor médico de medicina tradicional, o

Com a duração de oito semanas, o “Programa da Longevidade” criado pelo mestre em Medicina Tradicional Chinesa, Luís Filipe, “está destinado a garantir, não só uma maior esperança de vida, mas uma vida com mais qualidade”.

De acordo com o especialista, as técnicas usadas neste programa “permitem aumentar o nível energético, reforçar o sistema imunitário, respiratório e digestivo”, prevenindo ainda dores nos ossos, articulações e músculos.

Durante oito semanas são desenvolvidas várias áreas que promovem a sensação de bem-estar geral.

A primeira semana deste programa consiste na desintoxicação. Restaurar um bom sono e aumentar a energia e stamina ocupam as semanas seguintes.

A semana 4 consiste em reduzir o stress e melhorar o humor, e pretende-se aumentar a imunidade na semana que se segue.

Controlar a alimentação, melhorar a função cardíaca e fortalecer as funções cerebrais são os objetivos das três últimas semanas do plano.

Para alcançar os resultados a que se propõe, este programa engloba várias técnicas, incluindo uma alimentação vegetariana equilibrada.

Quer isto dizer que, num clima temperado como o de Portugal, uma dieta vegetariana equilibrada deve obedecer a alguns parâmetros. “50% do volume de cada refeição deve corresponder a cereais integrais”, começa por explicar Luís Filipe.

“Aproximadamente cinco por cento do volume da nossa alimentação diária precisa ser na forma de sopa com vegetais variados, algas marinhas e cereais”, acrescenta.

Vegetais salteados ou cozinhados ao vapor são altamente aconselhados, sendo que, de acordo com este especialista, eles devem corresponder entre 20 a 30% de cada refeição. Importa referir que estes alimentos devem ser “cultivados no local e dentro da sua estação”.

Feijão-azuki, grão-de-bico, lentilhas e feijão preto devem constituir 10 a 15% da refeição.

“A restante percentagem consistirá em frutas da época, sumos de fruta, algumas sementes e alguns condimentos”, explica.

Fórmulas de ervas chinesas, acupunctura, moxabustão e cupping são as terapias que integram este programa.

“Nem todos os pacientes tomam as mesmas fórmulas. Tudo depende do seu estado de saúde”, adverte. “Após o diagnóstico, segundo os conceitos da Medicina Tradicional Chinesa – observação, olfato, audição, interrogação, pulsologia, palpação abdominal, etc – o mestre vai decidir que fórmulas herbais o paciente vai tomar”, justifica o especialista.

Na realidade, existem milhares de ervas e “essas fórmulas podem consistir em uma ou mais composições de ervas”.

Quanto à acupunctura, esta permite melhorar a qualidade de vida do paciente. “Trata-se de uma terapia da Medicina Tradicional Chinesa que tem um efeito anti-inflamatório, fortifica o sistema imunitário, melhora a circulação sanguínea, a função dos órgãos e a circulação do Qi (energia)”, acrescenta.

Ao longo deste programa, são “geralmente feitos dois tratamentos de acupunctura por semana”, podendo, no entanto, aumentar-se o número de sessões consoante a necessidade do paciente.

A moxabustão é uma técnica realizada com base na combustão, com efeito semelhante ao da acupunctura. “Moxabustão – Jiú (pinyin) significa, literalmente, 'longo tempo de aplicação do fogo'." E é considerada “uma espécie de acupunctura térmica”, como explica Luís Filipe.

“O calor da moxabustão é muito penetrante. Quando aplicado aos pontos de acupunctura específicos com deficiências do Yang, o corpo absorve o calor recuperando mais rapidamente o Qi (energia) do Yang”, acrescenta.

O cupping ou ventosaterapia “é outra técnica ancestral”. “Consiste na introdução de uma chama num copo de vidro, bambu ou porcelana, que ao eliminar o oxigénio cria vácuo”, começa por explicar o médico.

O copo é depois colocado em locais específicos do corpo com o objetivo de eliminar as toxinas. “A ventosa limpa o sangue das toxinas acumuladas no organismo, produzidas pelos alimentos e outras fontes poluentes. A estagnação do sangue é um dos elementos causadores de doenças”, afirma.

Dores musculares, lombalgias, hipertensão, diabetes, anemia, doenças gastrointestinais, infeções do trato urinário, sinusite ou asma são algumas das patologias que beneficiam destes tratamentos.

Quanto a contra-indicações, e tendo em conta que este programa é aconselhado a pessoas a partir dos 30 anos, há que ter atenção no caso de mulheres grávidas, pacientes com doenças infecto-contagiosas, doenças neurológicas e do foro oncológico. “Nestes casos, a Medicina Tradicional Chinesa terá de colaborar de uma forma muito estreita com a Medicina ocidental”, esclarece.

Estima-se que mais de 40 mil pessoas já tenham experimentado este programa. “Tem sido um sucesso. A quantidade de pessoas que procura este programa revela que a sociedade está a aderir muito bem aos tratamentos sem recurso a medicamentos químicos”, afirma o especialista, deixando a garantia de que todos os seus tratamentos “têm por base apenas produtos naturais”.


Sobre o médico:
Com mais de 30 anos de atividade, iniciou a carreira nos Estados Unidos e é hoje considerado uma referência internacional na área das medicinas complementares.

Foi reconhecido como o melhor médico de Medicina Tradicional Chinesa:
- na Tailândia, pela organização “Thailand of Professional” em 2013, 2014 e 2015, e pelo canal tailandês NBT em 2014;
- nas Filipinas, pela Asian Networkers (que engloba 13 países asiáticos);
- em Itália, na Cimeira de Líderes do Turismo da Saúde, que reuniu representantes de mais 30 países.

O seu trabalho foi igualmente reconhecido pela Representação Permanente das Nações Unidas em Angola, após ter proferido uma palestra para os funcionários internacionais, subordinada ao tema “Tratar Doenças Crónicas com a Medicina Alternativa Chinesa”.

Além de Portugal e Estudos Unidos, trabalhou no Brasil. Atualmente, exerce a sua atividade na Tailândia, depois de 15 anos em que se dividiu entre Bangkok e Luanda.

Para mais informações:
www.drluisfilipeclinics.com

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Lancet Oncology publica resultados
Astellas Pharma anunciou que os resultados do ensaio clínico de fase II, TERRAIN, que compara XTANDI (enzalutamida) com...

O artigo intitulado “Eficácia e Segurança de Enzalutamida versus Bicalutamida em doentes com Cancro da Próstata Metastático (TERRAIN): Um ensaio clínico aleatorizado, de fase II, em dupla ocultação” está disponível desde 13 de janeiro, 2016, na edição online, com autor principal o Dr Neal D Shore. O artigo vai ser publicado na futura versão em papel, desta revista científica.1

O estudo alcançou o seu objetivo primário demonstrando um aumento estatisticamente significativo na sobrevivência livre de progressão (PFS) para enzalutamida comparativamente a bicalutamida (Hazard Ratio (HR) de 0,44; intervalo de confiança de 95%, 0,34-0,57; p<0,0001).

A mediana de PFS foi 15,7 meses no braço enzalutamida, comparada com 5,8 meses do braço bicalutamida. Os efeitos adversos observados no TERRAIN, foram consistentes com os obtidos nos ensaios de fase III com enzatulamida.

“Agora que esta informação foi publicada, mais profissionais de saúde terão possibilidade de verem a promessa da enzatulamida versus bicalutamida no cancro da próstata metastático resistente à castração” afirma o Professor Axel Heidenreich, M.D., Ph.D., Professor e Diretor do Departamento de Urologia do Hospital Universitário de Colónia, na Alemanha. “A enzalutamida foi superior a bicalutamida em todos os objetivos primários e secundários, demonstrando a eficácia oncológica do medicamento. Apesar do facto de os doentes terem sido tratados durante um período de tempo duas vezes superior com enzalutamida do que com bicalutamida, não foi observada nenhuma interferência significativa na qualidade de vida. Estes resultados podem ter implicações significativas na prática clínica.”

O tempo mediano do grupo em tratamento com enzalutamida no TERRAIN foi de 11,7 meses, comparativamente a 5,8 meses com bicalutamida. Efeitos adversos graves (EAs) foram notificados em 31,1% de doentes tratados com enzalutamida versus 23,3% de doentes tratados com bicalutamida. EAs individuais de grau 3 ou superior ocorreram a uma taxa semelhante (<1% diferença) entre os grupos de tratamento, com excepção da hipertensão (7,1% vs. 4,2%) e dorsalgias (2,7% vs. 1,6%), que ocorreram mais frequentemente no grupo de tratamento com enzalutamida.

EAs cardíacos de grau 3 ou superior foram observados em 5% dos doentes tratados com enzalutamida versus 2% dos doentes tratados com bicalutamida. A maioria dos doentes com estes EAs em ambos os grupos tinham risco cardiovascular na baseline. Foram notificadas duas convulsões com enzalutamida e uma com bicalutamida. Os EAs comuns notificados mais frequentemente com enzalutamida versus bicalutamida foram: fadiga, dorsalgia, rubor quente, hipertensão, diarreia, perda de peso e dor nas extremidades.

“TERRAIN é o primeiro ensaio clínico que compara diretamente enzalutamida com bicalutamida, que avaliou tanto a eficácia como a segurança destes agentes no tratamento de homens com cancro da próstata metastático resistente à castração” afirma Claire Thom, Senior Vice Presidente Sénior e Responável da Área Oncológica da Astellas. “Acreditamos que estes resultados acrescentam valor à já robusta informação da enzalutamida e parecem consistentes com os resultados de múltiplos ensaios clínicos e estadios avançados de cancro da próstata que foram estudados. Estamos muito satisfeitos pela Lancet Oncology ter escolhido publicar estes importantes resultados.”

Sobre o ensaio clínico TERRAIN
O ensaio clínico TERRAIN, de fase II, envolveu 375 doentes na América do Norte e Europa. O ensaio incluiu doentes com cancro da próstata metastático, cuja doença progrediu apesar do tratamento com análogo LHRH ou após castração cirúrgica. O objetivo primário do ensaio foi a sobrevivência livre de progressão (PFS), definida enquanto tempo desde a aleatorização até à confirmação de progressão radiográfica, ocorrência de acontecimentos músculo-esqueléticos, início de nova terapia antineoplásica ou morte, dependendo de qual acontecer primeiro. O ensaio clínico foi desenvolvido para avaliar a enzalutamida numa dose de 160 mg em toma única diária oralmente versus bicalutamida numa dose de 50 mg tomados uma vez ao dia, sendo esta a dose aprovada em combinação com análogo LHRH.

Sobre XTANDI™ (enzalutamida)
XTANDI é um inibidor da via de sinalização do recetor androgénico (RA), com toma única diária por via oral. XTANDI atua em três fases diferentes da via de sinalização do recetor androgénico:

  • Bloqueia a ligação dos androgénios2

Inibe competitivamente a ligação dos androgénios aos recetores androgénicos3

  • Impede a translocação nuclear dos RA1

A translocação do RA para o núcleo é um passo essencial na mediação da regulação do gene do recetor androgénico2

  • Afeta a ligação ao DNA, impedindo a modulação da expressão genética1

A interação do recetor androgénico ao DNA é essencial para a modelação da expressão do gene2

Enzalutamida foi aprovada pela Comissão Europeia em junho de 2013 para o tratamento de homens adultos com CPRCm cuja doença tenha progredido durante ou após o tratamento com docetaxel. A enzalutamida está atualmente aprovada na Europa também para o tratamento do cancro da próstata metastático resistente à castração em doentes assintomáticos ou ligeiramente sintomáticos após insucesso da terapia de privação androgénica, para os quais a quimioterapia não é ainda clinicamente indicada4.

Referências:
1Shore ND, Chowdhury S, Villers A, et al. Efficacy and safety of enzalutamide versus bicalutamide for patients with metastatic prostate cancer (TERRAIN): a randomised, double-blind, phase 2 study. Lancet Oncol 2016; published online January 13. http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(15)00518-5
2Tran C, et al. Development of a second-generation antiandrogen for treatment of advanced prostate cancer. Science 2009; 324:787-790
3Hu R, Denmeade SR and Luo J. Molecular processes leading to aberrant androgen receptor signaling and castration resistance in prostate cancer. Expert Rev Endocrinol Metab 2010; 5 (5): 753–764
4European Medicines Agency. XTANDI (enzalutamida). Resumo das Características do Medicamento, 2015.

Investigação Farmacêutica – Caso Bial
O presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos mostrou-se preocupado com as repercussões negativas que podem...

"A investigação é fundamental para a evolução da Saúde e da Medicina, não só em Portugal como em qualquer parte do mundo", frisou Miguel Guimarães, defendendo que "tem sido a procura de novos medicamentos que tem permitido que hoje seja possível controlar ou mesmo curar doenças antes incontroláveis ou incuráveis, como por exemplo algumas doenças do foro oncológico ou infeccioso".

O presidente da Ordem dos Médicos do Norte salienta também que "toda a investigação original comporta riscos, normalmente pequenos". "Um estudo publicado pelo British Medical Journal refere que, por norma, estes ensaios clínicos com novas moléculas comportam riscos de eventos adversos significativos para os voluntários na ordem dos 0,3%", frisa Miguel Guimarães.

Para este responsável do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) "toda esta situação, que envolveu a perda de uma vida humana é de lamentar profundamente". "Mas temos conhecimento que, tal como sucede em todos os ensaios clínicos, todas as regras internacionais de boas práticas clínicas, incluindo a Declaração de Helsínquia e a legislação aplicável, foram escrupulosamente cumpridas, tendo o estudo sido devidamente aprovado pelas Autoridades Regulamentares Francesas e pela Comissão Nacional de Ética Francesa", sustenta. De resto, o estudo estava a ser desenvolvido em França, "um país com um historial relevante na investigação clínica, que faz parte dos países que lideram nesta matéria".

"Paralelamente, este ensaio estava a ser conduzido na Biotrial, uma empresa de prestígio internacional que faz ensaios clínicos com elevada qualidade", acrescenta Miguel Guimarães. Que recorda também que "a Bial é o principal laboratório nacional na área da indústria farmacêutica e que tem dado um contributo extraordinariamente importante para a investigação e desenvolvimento da Medicina".

Por tudo isto, e embora lamente toda a situação ocorrida em França, Miguel Guimarães reitera toda a confiança no laboratório Bial e na respetiva equipa de investigadores, e aguarda que "a investigação em curso levada a cabo pelas autoridades francesas e pela própria Bial possam ajudar a esclarecer o que realmente aconteceu".

Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos
A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos cria bolsa de formação e investigação “Quem Feio Ama” através das receitas de...

“Sob o patrocínio do espetáculo solidário e em memória de António Feio, muito nos orgulhamos de criar a Bolsa de Formação e Investigação “Quem Feio Ama”. A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) tem como objetivo rentabilizar as receitas que serão angariadas no espetáculo e continuar a debater-se pela formação dos profissionais de saúde e investigação na área dos cuidados paliativos em Portugal”, explica Manuel Luís Capelas, Presidente da APCP.

“Segundo estudos recentes, mais de 90% dos portugueses têm pouco acesso a estes cuidados e a maior parte deles são prestados por pessoas sem preparação nem qualificação para tal. É urgente promover uma mudança de paradigma porque os cuidados paliativos constituem uma resposta ativa aos problemas decorrentes da doença prolongada, incurável e progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e de proporcionar a máxima qualidade de vida possível aos doentes e suas famílias”, conclui Manuel Luís.

O espetáculo “Quem Feio Ama” decorre no dia 26 de Janeiro, às 21h00, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém. Os bilhetes estão à venda na Fnac e na Ticketline, com preços a partir dos 10 euros, sendo que a receita reverte na totalidade a favor da APCP.

Autoridades francesas
Autoridades francesas só foram informadas na passada quinta-feira mas o ensaio estava suspenso desde segunda. Primeiro...

A farmacêutica portuguesa Bial e o centro de ensaios francês Biotrial comunicaram às autoridades francesas as reações adversas do teste que estavam a realizar três dias após terem suspendido o ensaio. Isso mesmo é assumido pela Bial, numa nota enviada à comunicação social e onde a empresa defende que essa comunicação ocorreu “dentro de todos os prazos legais”.

Em comunicado, a Bial diz ter tomado conhecimento da ocorrência de “um efeito adverso grave manifestado num paciente” a 11 de Janeiro, segunda-feira, no dia seguinte ao internamento do voluntário que morreu no passado domingo, escreve o jornal Público. “Logo que BIAL tomou conhecimento da ocorrência de um efeito adverso grave manifestado num paciente a 11 de Janeiro, tomou de imediato a decisão de suspender a medicação a todos os participantes no ensaio”, lê-se no comunicado.

E continua: “No dia 14 de Janeiro, dentro de todos os prazos legais, Bial e a Biotrial acordaram a comunicação às autoridades e, nesse mesmo dia, em nome de Bial, a Biotrial formalizou à Autoridade Regulamentar Francesa (ANSM) e à Comissão de Ética os efeitos adversos graves registados”. A farmacêutica portuguesa faz questão de sublinhar que a “Biotrial é uma empresa com grande experiência no âmbito da investigação clínica”, com a qual Bial colabora desde 2007.

A Bial adianta ainda que mantém uma equipa em Rennes, França, a colaborar com as diversas autoridades envolvidas na investigação da situação. “É uma prioridade absoluta para a Bial encontrar as causas deste grave incidente, tenha ele sido causado pelo composto ou por outra razão externa que desconhecemos”, realça a farmacêutica.

A empresa portuguesa afirma estar “a acompanhar em permanência” o estado de saúde dos cinco voluntários que tiveram que ser hospitalizados na sequência deste ensaio. E aproveita para fazer um balanço do estado destes voluntários: o que não apresentava quaisquer sintomas já regressou a casa, dois foram transferidos para hospitais das suas áreas de residência e outros dois mantém-se internados no Centro Hospitalar Universitário de Rennes. "Neste momento temos indicação de que os exames médicos realizados apresentam um quadro positivo. Continuaremos a acompanhar a evolução dos voluntários, esperando a sua total recuperação”, refere a Bial.

O balanço coincide com o divulgado esta terça-feira pela unidade num comunicado que refere ainda a “melhoria” do estado de saúde dos doentes que continuam internados em Rennes. O estabelecimento de saúde acrescenta que dos 84 voluntários que tomaram a molécula, 18 já foram sujeitos a um exame neurológico e a uma ressonância magnética cerebral. “As anomalias clínicas e radiológicas presentes nos pacientes hospitalizados não foram encontradas”, informa o hospital. 

A farmacêutica explica que a molécula experimental que estava a ser testada, sob o nome de código BIA 10-2474, é um inibidor de uma proteína importante na destruição dos endocanabinóides, que actuam no apetite, na sensação de dor, no humor e na memória. “De realçar que outras empresas farmacêuticas têm também investigado ao longo dos anos outros inibidores” desta proteína, “com um perfil semelhante, não existindo notificações de efeitos adversos significativos”.

A Bial precisa que o projeto de investigação da BIA 10-2474 “teve início em 2005, e os estudos com este composto remontam a 2009, nomeadamente, a avaliação farmacológica e toxicológica”. Os resultados obtidos nos estudos pré-clínicos (antes da molécula ser testada em animais), informa, “demonstraram um perfil de segurança e tolerabilidade que permitiu, em Junho de 2015, a aprovação do ensaio de fase I no homem com voluntários saudáveis pela Autoridade Regulamentar Francesa e pela Comissão de Ética Francesa, em conformidade com as guidelines de boas práticas clínicas”.

A farmacêutica adianta que não existe “qualquer outro ensaio a decorrer com a molécula experimental em causa”, e garante que não iniciará “qualquer ensaio com este composto sem que estejam totalmente apuradas as causas deste grave incidente”. A empresa diz que os seus profissionais estão “profundamente abalados por esta lamentável situação”, mas sublinha manter um compromisso com a investigação de qualidade e com a saúde. 

Público e privado
Apesar de rejeitadas aquando o seu aparecimento em Portugal pela “mão” dos centros privados, as técnicas de medicina não...

A situação é denunciada por Carla Ferreira, uma psicóloga que decidiu manter os tratamentos de acupuntura num centro privado - não beneficiando assim das taxas moderadoras - quando soube que teria de iniciar os ciclos de quimioterapia, escreve o Diário Digital. Segundo a mesma, “os hospitais não possuem uma oferta de serviços tão abrangente de medicinas alternativas, que lhe permita atenuar todos os sintomas, e não estão acessíveis em horários flexíveis, não dando assim resposta atempada às necessidades dos doentes.”

“Tinha conhecimento de que a acupuntura podia ajudar a melhorar os efeitos secundários da quimioterapia e, por isso, decidi experimentar esta técnica mesmo antes de iniciar o tratamento. No hospital, fui informada que podia realizar a acupuntura no local mas preferi manter-me no privado pela disponibilidade de horários tardios e pela possibilidade de realizar outros serviços complementares à acupuntura. Quando a quimioterapia me começou a provocar alguns problemas nas articulações, por exemplo, optei por fazer um tratamento com ventosas - a moxabustão - que não estava disponível no hospital. Acho injusto não poder beneficiar das taxas moderadoras num serviço de elevada qualidade, com profissionais experientes e que tanto me têm ajudado nesta fase mais difícil”, comenta a psicóloga.

Esta iniquidade fiscal observada entre público e privado tem levado ao encerramento dos vários centros que lutaram, desde a sua implementação, contra o constante ceticismo a que as técnicas foram sujeitas. Para Wenqian Chen, directora do Centro de Terapias Chinesas, as terapias não convencionais só são agora reconhecidas no nosso país graças ao esforço que os centros privados fizeram, ao longo destes anos, para as implementar em Portugal.

“Apesar de só agora ter sido tornado público, há muitos anos que a acupuntura e outras terapias não convencionais são praticadas nos hospitais públicos e centros de saúde. E a entrada destas medicinas alternativas no sector publico só é possível graças ao esforço que os centros privados fizeram para se manter ativos no nosso país. Temos batalhado muito pela aceitação destas terapias no setor da saúde, e o agradecimento que nos dão é uma iniquidade fiscal. Quem procura tratamentos em Hospitais Públicos ou Privados pode colocar as despesas como encargos de saúde; logo, se um hospital público já proporciona este serviço e o mesmo é considerado um encargo suportado como despesa de saúde dos utentes, porque é que um tratamento realizado por um dos nossos médicos terapeutas não o é? Acho incrível que alguns hospitais estejam com listas de espera de dois meses enquanto vemos centros a fechar. Parece que não queremos todos os mesmo, ou seja, tratar o maior número possível de doentes” comenta a especialista.

Apesar da crise e da desigualdade de impostos, a atividade do Centro de Terapias Chinesas cresceu 30% nos últimos anos. Está divido em dois espaços - a clínica, onde são realizados os tratamentos, e o SPAsia, espaço de massagens - e foi criado em Portugal há mais de 20 anos, o que implicou um investimento inicial de mais de 80 mil euros.

De acordo com a especialista foram os anos de crise que mais impulsionaram este crescimento uma vez que, na sua opinião, os portugueses se tornaram muito mais exigentes no que respeita à qualidade dos serviços nos quais decidem gastar dinheiro.

Especialistas esclarecem
Imagine que esqueceu uma fatia de pão de forma no armário ou deixou um iogurte abandonado durante muito tempo no frigorífico....

Os bolores nada mais são do que uma concentração muito grande de fungos, organismos considerados decompositores na natureza e presentes em qualquer lugar em que haja matéria orgânica disponível, como restos de plantas ou animais mortos.

Assim, a tal “penugem” que costumamos ver no alimento com bolor são as hifas, ou seja, as estruturas em forma de fios que compõe o corpo dos fungos.

De acordo com o biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido como “Dr. Bactéria”, o fungo, por si só, não é prejudicial. “Mas alguns tipos produzem micotoxinas (substâncias tóxicas) que causam desde intoxicações alimentares até cancro do sistema hepático”, explica.

Como existem milhares de tipos de bolores conhecidos, é difícil saber se o desenvolvido em determinado alimento fará mal ou não à saúde, escreve o Diário Digital. Então, na dúvida, o melhor é não consumir o pão, a fruta, o iogurte ou qualquer outra comida com aquele aspeto bafiento.

Segundo a investigadora Rosely Piccolo Grandi, do Núcleo de Pesquisa em Micologia do Instituto de Botânica de São Paulo, o recomendado é descartar qualquer alimento. “As estruturas dos fungos são microscópicas e não é possível saber se tudo foi eliminado. As que permanecerem no alimento podem causar problemas”, diz.

Para Figueiredo, é possível recuperar parte de algumas frutas, como o mamão. «Com uma faca, retire o bolor e elimine, ainda, de um a dois dedos da parte boa da fruta que estava ao lado e na parte de baixo da área comprometida.»

Em muitos casos, a alta temperatura pode matar o fungo, mas mesmo assim não se recomenda consumir o alimento já que as estruturas de reprodução do fungo, conhecidas como esporos, ainda podem permanecer no alimento.

E, atenção, nem todo o mofo é verde. Também podem ter tons de azul, cinzento, castanho, laranja e outras cores; variando de acordo com o tipo de fungo que está a desenvolver-se. Geralmente, a cor verde ou os seus tons (acinzentado ou azulado) indicam a presença das estruturas de reprodução dos fungos (esporos).

Mas nem todos os alimentos mofados podem ser considerados maléficos para o nosso organismo. Há muito tempo, os fungos são utilizados na preparação de queijos (gorgonzola?), certos tipos de salame e bebidas fermentadas. E por que é que não fazem mal? “Nesses casos a utilização dos fungos é bem controlada e os tipos de fungos usados são bem conhecidos”, explica Rosely.

Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência
Dar às populações de risco um antídoto que pode salvar vidas em caso de overdose por drogas como a heroína é uma medida...

O antídoto chama-se naloxona e já é distribuído em alguns países, mas apenas em experiências-piloto. Em Portugal, onde anualmente morrem 14 pessoas por overdose, apenas as equipas de emergência médica têm acesso a esta substância, escreve o Diário de Notícias

No relatório Prevenção de mortes por overdose de opiáceos com naloxona para utilização no domicílio, o observatório europeu analisa a necessidade de haver uma maior disponibilidade desta droga junto das populações de risco, bem como as vantagens de treinar essa população para administrar o medicamento. Outro problema que tem impedido a maior disponibilidade desta droga "é a validade das ampolas, que é bastante curta", acrescenta João Goulão, presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

Até agora, a Europa tem apostado numa distribuição da naloxona a nível experimental em algumas cidades da Dinamarca, Alemanha, Estónia, Irlanda, Itália, Inglaterra e Noruega e a nível regional em Espanha (Catalunha) e no Reino Unido (Escócia e País de Gales). O antídoto, que reverte a paragem respiratória, é administrado a quem sofre uma overdose por pessoas que assistem ao episódio (familiares ou outros consumidores de droga), sem necessidade de aguardar pelas equipas de socorro.

Um dos entraves ao alargamento desta resposta de emergência é precisamente a capacidade que as testemunhas de overdose têm para administrar a naloxona, uma vez que esta apenas está disponível na versão injetável. Porém, vai começar a ser testada nos EUA uma versão inalável que promete facilitar a administração e melhorar a segurança de todos os envolvidos.

Ainda assim, o observatório chama a atenção para a necessidade de retirar os entraves legais que podem impedir esta ajuda. Nomeadamente a despenalização criminal para os consumidores que ajudem uma vítima de overdose. "Cada vida perdida por dia na Europa devido a uma overdose de opiáceos vale todos os esforços para melhorar a prevenção e a resposta", defende o diretor do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA) Alexis Goosdeel, lembrando que "capacitar quem assiste para responder com uma intervenção que salva vidas é um passo importante para diversificar e equilibrar a resposta europeia às drogas". O observatório sublinha ainda a necessidade de alargar a sua distribuição, já que atualmente chega a menos de um terço dos 28 Estados-membros.

Em Portugal, João Goulão, admite que o problema não é dramático, mas admite a possibilidade de tornar a naloxona acessível à população de risco, uma vez que "se há uma solução para salvar vidas é sempre positivo utilizá-la".

Estudo
As mulheres que apresentam uma anomalia no gene BRIP1 têm três vezes mais risco de desenvolver cancro do ovário, revela um novo...

A alteração no gene já tinha sido identificada como um fator de predisposição para o cancro do ovário, mas esta é a primeira vez que o risco é quantificado cientificamente, segundo um estudo publicado no Jornal do Instituto Americano do Cancro (JNCI).

"Cerca de 18 mulheres em cada mil desenvolvem cancro do ovário, mas este fator aumenta esse risco para 58 em cada mil mulheres com essa anomalia", destacam os especialistas britânicos.

Este tipo de patologia é difícil de diagnosticar porque, segundo o Sapo, geralmente não provoca sintomas até ser detetada em estado já avançado. O cancro do ovário é o mais fatal dos tumores ginecológicos.

Este tipo de tumor mata cerca de 150 mil pessoas por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O estudo compara os genes de mais de 8 mil mulheres europeias, compreendendo um grupo de pacientes, um grupo em bom estado de saúde e um grupo com antecedentes familiares de cancro de ovário.

"Recensear estas mulheres [com mutação do gene] contribuirá para prevenir mais casos e salvar vidas", assinala o grupo de investigadores.

América Latina
O vírus zika já está presente em praticamente toda a América Latina e no Caribe, e a prioridade absoluta é fortalecer o combate...

"O primeiro caso foi confirmado no Brasil em maio de 2015, e desde então já se propagou por todo o continente de forma muito rápida. Em outubro já estava na Colômbia e no Cone Sul, e depois na América Central", disse Sylvain Aldighieri, chefe do departamento de Doenças Transmissíveis da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS).

Os cinco casos confirmados de infeção pelo vírus no Haiti "mostram que o vetor de transmissão da doença já está presente também no Caribe", acrescentou. E há casos registados também na Martinica, escreve o Sapo.

Os especialistas da OPAS estimam que o vírus tenha chegado ao continente em algum momento de 2014, "possivelmente proveniente de ilhas do Pacífico", comentou Aldighieri.

Nesta terça-feira, a Bolívia confirmou um caso autóctone de zika, e na Colômbia já se registaram mais de 11.000 casos confirmados. Na sexta-feira, os Estados Unidos pediram às mulheres grávidas para evitarem viajar para 14 países da América Latina e Caribe.

Aedes aegypti na maior parte do continente americano
A rápida disseminação do vírus em toda a região, disse Aldighieri, é explicada principalmente pela presença do mosquito Aedes aegypti na maior parte do continente, com exceção do Canadá e partes do Chile continental.

"Este mosquito é claramente um génio da adaptação e encontrou um nicho perfeito no continente" para se desenvolver, disse o especialista. O mosquito é o vetor de transmissão do vírus da dengue, do Chikungunya e da febre amarela, e agora também distribui o zika.

"O risco é o mesmo para todos os países da região, porque o mosquito está presente em todos eles e, portanto, gera os mesmos desafios que a epidemia de dengue", explicou Aldighieri.

O especialista disse à AFP que a "prioridade absoluta é a luta contra o vetor. Isso inclui médicos bem preparados, enfermeiros bem treinados e grupos capacitados para identificar áreas onde o mosquito está presente".

No Brasil, mais de 3.500 casos de microcefalia foram registados entre outubro de 2015 e janeiro de 2016, no período de maior incidência do vírus zika.

A análise de quatro destes casos mostra que os bebés foram infetados com zika quando estavam no útero e que o vírus atingiu os seus cérebros. Dois destes casos terminaram em abortos espontâneos e os outros dois na morte dos bebés pouco depois do nascimento.

Após vários roubos
O Instituto Português de Oncologia do Porto vai começar a revistar malas, sacos e até carros de doentes, utentes e funcionários...

Maria Merlinde Madureira, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), diz que a norma é invulgar. "A forma como será feito o controlo não faz sentido e não é muito elegante para os utentes e funcionários". Há ainda dúvidas quanto à legalidade.

Contactado pelo Diário de Notícias, o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto minimiza o impacto da ação, que surge no âmbito de uma auditoria de qualidade, e refere que o mesmo é "comum a outras unidades hospitalares e múltiplas empresas privadas". Quase todas as unidades reportam casos de roubo de equipamentos, material clínico mas também de bens dos próprios doentes, embora admitam que hoje é menos frequente.

No caso do IPO, todos os utilizadores das instalações terão de se sujeitar a estas fiscalizações, sejam funcionários, doentes, visitantes e outros utilizadores. Se recusarem o controlo, poderá ser chamada a Polícia de Segurança Pública (PSP) para o fazer, refere o documento intitulado "Procedimento de Controlo de bens do IPO do Porto", publicado no final do ano num boletim informativo destinado aos profissionais.

Sobre a forma de atuação, admite-se que irá abranger, sempre que possível, todas as saídas do instituto, em locais "preferencialmente resguardados e discretos". Caberá à empresa de segurança privada a realização destas revistas, que terão sempre de contar com pelo menos dois seguranças. As ações serão planeadas com base em informações anónimas ou não.

As pessoas devem abrir "voluntariamente os sacos, volumes, malas e viaturas". O controlo pode ainda ser feito nos serviços e vestiários, podendo ser "solicitada a abertura dos cacifos dos profissionais e dos funcionários das empresa prestadoras de serviços". Estas operações podem também ser programadas com base em instruções superiores ou por denúncias anónimas.

Maria Merlinde Madureira explica que o caso do IPO ia ser abordado em reunião executiva, de onde sairá uma atitude. "Apesar de haver necessidade de tomar medidas, porque o problema afeta todas as unidades, esta forma não é discreta e é acintosa com toda a gente. Mas penso que não será ilegal."

Já Jorge Matta, advogado da FNAM, tem menos dúvidas. "Parece-me que é legal, além de manifestamente excessiva. A menos que haja roubos avultado de bens, não se justifica uma ação tão intrusiva, sem suspeitas, como se todos tivessem cometido um crime."

Portáteis, carteiras e material
Laranja Pontes, o presidente do conselho de administração do IPO do Porto, recorda que a unidade é "acreditada internacionalmente, o que obriga à publicação de todos os critérios de qualidade, nomeadamente relativos ao controlo interno de bens". Medidas como as referidas e como a videovigilância - ainda a ser avaliada pelo sindicato - "visam proteger os utentes e os profissionais de situações defurto, bem como a unidade". Questionado sobre a existência de roubos na unidade, em número que justificasse esta ação, Laranja Pontes diz que "há casos esporádicos, que são comunicados à PSP". Recorda o caso de uma pessoa que vestiu uma bata e roubou portáteis de alguns médicos ou de outro indivíduo que furtava carteiras aos utentes. Francisco Ramos, administrador do IPO de Lisboa, diz que as pessoas não são revistadas. "Há sempre roubos, mas nada de grave. Optámos por fazer a inventariação e ter em atenção os serviços afetados."

Merlinde Madureira conta que no Hospital de Gaia, há uns anos, foram roubados ecrãs plasma através dos quais eram chamados os utentes. Os problemas "repetem-se em todo o lado, com material clínico ou básico como papel higiénico. Aqui até levaram partes de chuveiro". Pedro Nunes, administrador do C entro Hospitalar do Algarve, diz que a unidade "tem vários armazéns, e o controlo é difícil. Aqui, temos registo sempre que algo falta e há pessoas à frente de cada unidade, sendo responsabilizadas".

Ministério da Saúde
Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, nomeia grupo de trabalho para a prevenção e luta contra a fraude.

O Ministério da Saúde criou um novo grupo de trabalho que tem como missão prevenir e combater práticas de fraude no Serviço Nacional de Saúde. O Grupo de Prevenção e Luta contra a Fraude no SNS", assim é designado, vem substituir e alargar o âmbito de atuação do gripo criado durante o executivo de Paulo Macedo, mais vocacionado para a fraude com medicamentos e exames complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT). Passam a estar incluídas áreas como os cuidados continuados, transportes de doentes, ou hemodiálise, escreve o Diário de Notícias.

O combate à fraude e ao desperdício é considerado determinante para a sustentabilidade financeira e económica do SNS, "permitindo uma correta aplicação dos dinheiros públicos na prestação de cuidados de saúde dos cidadãos e uma melhoria do desempenho dos estabelecimentos de saúde", lê-se em despacho publicado hoje em Diário da República.

A equipa nomeada vai integrar elementos do gabinete do ministro, do Infarmed, Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, Administração Central do Sistema de Saúde e das cinco Administrações Regionais de Saúde (ARS) do País.

Com um mandato de três anos, terá como missão "avaliar a temática da fraude nas áreas da prescrição e dispensa de medicamentos e MCDT, dos Cuidados Continuados Integrados, dos Cuidados Respiratórios Domiciliários, da Hemodiálise, do Transporte de Doentes e dos Dispositivos Médicos com vista à eventual apresentação de propostas legislativas ou de ações de melhoria a desenvolver pelas várias entidades do Ministério da Saúde."

Os vários elementos irão ainda "contribuir para a revisão dos critérios e indicadores" que são hoje avaliados pela Unidade de Exploração de Informação (UEI), no âmbito da aplicação e evolução de modelo analítico de risco, por forma a aumentar a deteção de potenciais irregularidades ou fraudes" e dar apoio na análise de casos anómalos detetados.

Estas situações deverão estar incluídas numa base de dados, onde passarão a estar todas as situações detetadas e todos os casos que justifiquem terão de ser encaminhadas.

O grupo de trabalho, que não irá receber qualquer remuneração, estará na dependência do gabinete do ministro da Saúde e irá reunir de dois em dois meses, no mínimo, e terá o apoio de um grupo técnico compostos pelas mesmas entidades aqui nomeadas para o trabalho.

Vasco Cordeiro diz
O presidente do Governo dos Açores disse hoje que o rastreio ao cancro colorretal vai ser alargado a todas as ilhas, após uma...

O secretário regional da Saúde, Luís Cabral, havia já anunciado em fevereiro de 2015 o alargamento do rastreio do cancro colorretal a todas as ilhas do arquipélago, nesse ano, depois de uma experiência piloto em 2014 na área de influência do hospital da Horta, ilha do Faial.

Vasco Cordeiro referiu, contudo, que o alargamento decorrerá em 2016.

“Quero deixar uma palavra de apreço pelo trabalho que é feito pelo Centro de Oncologia dos Açores e pelos rastreios que tem lançado e posto ao serviço dos açorianos, que são um aspeto fundamental para que, também nesse domínio, a região possa fazer o seu caminho e orgulhar-se do que faz”, declarou Vasco Cordeiro.

O chefe do executivo açoriano, que falava hoje em Ponta Delgada na inauguração da Clínica de Radioncologia dos Açores Madalena Paiva, a primeira do género no arquipélago, disse ainda que o rastreio do cancro da mama já abrangeu cerca de 70 mil açorianas e o do colo do útero 40 mil pessoas.

Reconhecendo que o projeto agora inaugurado foi confrontado com “várias vicissitudes”, Vasco Cordeiro declarou que a Clínica de Radioncologia dos Açores é uma “vitória da determinação, da persistência, mas também da confiança” na parceria com a empresa José Chaves Saúde, responsável pelo projeto.

O líder do Governo Regional considera que o “grande mérito” da obra agora inaugurada não está na sua parte física, mas em “algo imaterial que não se consegue quantificar” e que assenta no facto de um açoriano afetado por uma doença oncológica poder recorrer a tratamentos na região, próximo do conforto da família.

Desejando que em cada uma das ilhas dos Açores houvesse uma infraestrutura de radioncologia, o que disse não ser possível hoje, o governante declarou que foi dado um passo importante com este investimento, que constitui “mais um exemplo para que os açorianos tenham orgulho” no Serviço Regional de Saúde, apesar de admitir que há aspetos a melhorar.

“Se os açorianos passam a dispor deste serviço é porque têm uma autonomia que assume esta como sua função”, defendeu Vasco Cordeiro.

O governante referiu que este é um “exemplo concreto, palpável e meritório” do que o regime em vigor nos Açores coloca ao serviço da população, o que surge por analogia quando se fala de autonomia como algo “abstrato e isotérico”.

Na sua opinião, as entidades públicas devem desenvolver medidas e ações que podem influenciar comportamentos de risco para combater o surgimento das doenças oncológicas, havendo a necessidade de agir em domínios como o consumo do tabaco e do álcool.

José Chaves, presidente do conselho de administração da empresa José Chaves Saúde, congratulou-se com o facto de “finalmente”, mais de uma década depois, este projeto estar materializado, tendo sido o “mais demorado de muitos que a empresa tem desenvolvido”.

O Centro de Radioncologia dos Açores terá capacidade para tratar 500 doentes por ano, evitando a deslocação de pacientes oncológicos para o continente.

O equipamento era inicialmente uma parceria público-privada, mas depois de ter sido recusado por duas vezes o visto pelo Tribunal de Contas, o executivo regional abandonou esta ideia, passando o projeto a ser um investimento privado.

Função pública
O Hospital das Forças Armadas vai assinar um protocolo de colaboração com o sistema de ADSE (trabalhadores da função pública) e...

De acordo com o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, general Artur Pina Monteiro, o Hospital, com um polo em Lisboa e outro no Porto, já colabora com o serviço de Assistência de Doença aos Militares e está “em fase final” de ultimação um protocolo com o sistema de ADSE.

O Hospital, em Lisboa, foi visitado pelo Presidente da República, que na altura lembrou que nos últimos dez anos acompanhou as mudanças que se deram, nomeadamente a fusão e extinção dos hospitais militares.

“Não houve nenhuma reunião com o ministro da Defesa ou chefias militares que a saúde militar não fizesse parte da agenda”, disse Cavaco Silva, acrescentando que não podia terminar o mandato sem visitar o Hospital, que resultou da fusão dos hospitais dos três ramos, com uma redução de efetivos na ordem dos 32%.

Cavaco Silva quis saber se a capacidade do Hospital se esgota nos militares e nas suas famílias ou se pode haver uma colaboração com o Serviço Nacional de Saúde, explicando Artur Pina Monteiro que há áreas, como a epidemiologia, em que o Hospital terá mesmo uma melhor preparação. O Hospital colabora com o Serviço Nacional de Saúde e apoiou em situações como os recentes surtos de ébola da costa ocidental africana ou de ‘legionella’ em Vila Franca de Xira, bem como em surtos de gripe.

Cavaco Silva visitou as instalações do Hospital em Lisboa (que ainda está em fase de construção de alguns módulos), nomeadamente o centro de medicina subaquática e hiperbárica, que tem duas câmaras hiperbáricas (para inalação de oxigénio puro), e o centro de medicina aeronáutica.

Com as obras previstas e a decorrer, o Hospital vai, nomeadamente, aumentar a capacidade de resposta no âmbito da saúde mental, da capacidade cirúrgica, hemodiálise e internamento, vai ser remodelado o hospital de dia e melhorado o serviço de cardiologia.

Ordem dos Médicos
O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu que quem abandona os seus familiares nos hospitais deve ser penalizado, sublinhando...

O abandono dos hospitais fica “completamente impune” porque as instituições não têm maneira de resolver este problema, afirmou José Manuel Silva na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, onde foi ouvido a propósito de um projeto de lei do PSD/CDS-PP sobre direitos fundamentais das pessoas idosas.

Nesse sentido, defendeu, “é preciso que haja no ordenamento jurídico alguma forma de quem abandona os seus familiares nos hospitais ser penalizado e as instituições poderem ter um meio de intervenção efetivo para evitar o abandono nos hospitais”.

Os deputados observaram na audição que não existem estatísticas sobre o número de idosos nos hospitais, sendo uma realidade pouco conhecida.

Respondendo aos deputados, José Manuel Silva afirmou que não tem estatísticas oficiais, mas a perceção que existe é que tem “havido acréscimos de abandono”.

Sublinhou ainda que “10 a 15% das camas dos hospitais estão ocupadas com casos sociais, que incluem os abandonos”.

“Estamos a falar de uma realidade que não sendo totalmente conhecida a sua dimensão, é uma dimensão importante não só em termos estatísticos como em termos humanos e merece a atenção da Assembleia da República”, frisou.

Segundo José Manuel Silva, os acréscimos de abandono não estão apenas relacionado com “questões de pobreza ou de riqueza, isso é inequívoco”, tendo começado “curiosamente com a criação dos cuidados continuados”.

“Os cuidados continuados são uma ideia nobre, são necessários, mas não foram bem criados, porque, desde logo, foram colocados em alternativa e levaram ao fim dos hospitais concelhios que prestavam cuidados de saúde baratos, de grande qualidade e em proximidade aos cidadãos, com uma grande integração entre os cuidados de saúde e prestação de cuidados do foro social e os assistentes sociais”, argumentou.

Para José Manuel Silva, o fim dos hospitais concelhios criou os “maiores problemas” ao Serviço Nacional de Saúde e à Segurança Social, porque acabou este apoio integrado de cuidados de saúde e cuidados sociais e de apoio integrado de cuidados agudos e cuidados crónicos e reduziu o número de camas disponíveis.

Questionado sobre se a criminalização do abandono podia afastar o idoso do tratamento, José Manuel Silva considerou que não há esse risco.

Além disso, defendeu, esta criminalização tem a vantagem de afastar o idoso das infeções hospitalares, lembrando que o internamento prolongado é “um fator de risco enorme” para estas infeções.

Defendeu ainda que a legislação dos cuidados continuados e dos lares, no que concerne ao apoio médico, deve ser revista para os idosos terem o apoio de médicos com experiência de internamento.

“Este projeto de lei pode ser uma oportunidade para levar paralelamente à revisão desta legislação”, sublinhou.

O projeto de lei de PSD/CDS-PP de alterações ao Código Penal para a Estratégia do Idoso foi aprovado na generalidade, no passado dia 11 de dezembro, no Parlamento com a abstenção do PS e os votos contra de PCP, BE, e "Os Verdes", estando agora a ser discutido na especialidade.

Segundo o projeto de lei, quem abandonar um idoso num hospital ou se aproveitar das suas limitações mentais para aceder aos seus bens poderá incorrer numa pena de prisão até dois anos.

Na prática, acrescenta-se um novo capítulo ao título dos crimes contra pessoas, consagrando crimes contra direitos fundamentais dos idosos.

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