Em Portugal
Portugal registou 15 casos suspeitos de vírus do Ébola e mais de 200 contactos efetuados para a Linha de Saúde 24 por este...

Fernando Martez, que falava durante a sessão solene das Jornadas de Atualização em Doenças Infeciosas do Hospital Curry Cabral, que decorrem em Lisboa, adiantou que todos os 15 casos suspeitos revelaram-se negativos para a doença, afirmando que o surto de Ébola na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa foi uma lição para as unidades de saúde e a necessidade destas estarem preparadas.

“A epidemia por vírus Ébola foi uma emergência de saúde pública, mas também uma emergência económica e humanitária que nos ofereceu lições essenciais: a necessidade de cada país ter meios eficazes de prevenção e controlo nos hospitais e outras instituições e de ter o seu sistema de saúde forte e funcional para identificar a ameaça quando esta surge, pará-la e preveni-la, a necessidade de investir na capacidade laboratorial, em transporte, equipamentos e informática e simultaneamente na agilização da aprovação de fármacos”, disse.

Para Fernando Maltez, responsável pelo serviço de doenças infeciosas do Hospital Curry Cabral - um dos três hospitais de referência (o Hospital de São João, no Porto e o Dona Estefânia, em Lisboa) para o vírus do Ébola - “a única notícia boa desta epidemia trágica na Guiné, Serra Leoa e Libéria é que ela é um alerta geral para que nos preparemos para futuras epidemias que se possam propagar mais eficazmente e assim possamos evitar um desastre global”.

Presente na sessão solene destas jornadas, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, enalteceu a resposta das autoridades de saúde portuguesas à ameaça do Ébola.

“Temos em Portugal um dispositivo de saúde pública que funciona muito bem, articulado em termos europeus”, disse o ministro aos jornalistas, quando questionado sobre o vírus Zika.

Sobre esta ameaça, Adalberto Campos Fernandes fez questão de transmitir aos portugueses “uma palavra de tranquilidade”.

“A preocupação neste momento, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem afirmado, é muito no continente sul-americano, mas quer a OMS, quer as autoridades nacionais estão a agir com a prudência, bom senso e com a ponderação que se exige”.

A OMS advertiu quinta-feira que a epidemia do vírus Zika poderá afetar entre três a quatro milhões de pessoas no continente americano.

O vírus Zika afeta mais de vinte países na América Latina, sendo a situação mais grave a do Brasil, onde o Ministério da Saúde estima a ocorrência de entre 497.593 e 1.482.701 casos em 2015, incluindo 3.893 casos de microcefalia.

O vírus Zika é transmitido aos seres humanos pela picada de mosquitos infetados e está associado a complicações neurológicas e malformações em fetos. Não se transmite de pessoa para pessoa.

Em Portugal, onde foram notificados seis casos, todos eles importados, a Direção-Geral da Saúde (DGS) indicou que “os sintomas e sinais clínicos da doença são, em regra, ligeiros: febre, erupções cutâneas, dores nas articulações, conjuntivite, dores de cabeça e musculares”.

ERS
Cerca de 125 mil portugueses têm acesso a apenas um único Serviço de Urgência Básico para dar resposta a situações de...

O parecer da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) teve como objetivo a identificação das alterações à rede de urgência/emergência promovidas pelo Despacho nº 13427/2015, de 16 de novembro, face à situação verificada à data da sua publicação.

As avaliações realizadas restringiram-se unicamente à identificação da distribuição geográfica dos pontos da rede e da cobertura populacional (antes e depois do despacho), e à aferição do cumprimento dos critérios de cobertura populacional e de disposição dos serviços de urgência definidos por lei.

Numa análise baseada em tempos médios de viagem em estrada, o parecer afirma que toda a população de Portugal continental tem acesso em menos de 60 minutos a um serviço de urgência.

Fazendo a avaliação das coberturas populacionais, a ERS afirma que foi possível identificar 28 áreas de códigos postais onde a população residente apenas tem acesso a Serviço de Urgência Básico (SUB) num tempo máximo de 60 minutos.

Segundo o parecer, há quase 220 mil habitantes nesta situação (cerca de 2,2% da população total de Portugal continental). Destes, 95 mil têm à disposição dois ou três SUB até 60 minutos.

Os restantes 125 mil habitantes, de 16 áreas de códigos postais, têm acesso a um único SUB dentro deste limite de tempo de viagem.

São oito os centros de saúde que garantem a cobertura populacional nessas 16 áreas: Arganil, Mogadouro, Monção, Montalegre, Montemor-o-Novo, Moura, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real de Santo António.

Segundo um despacho de 2008, a rede de urgência deveria ter 89 pontos, mas em novembro de 2015, quando foi publicado o novo despacho, apenas 82 pontos se encontravam em funcionamento.

Esta situação deve-se “ao facto de alguns serviços de urgência nunca terem sido implementados e outros terem sido encerrados ou excluídos da rede (apesar da inauguração de dois novos serviços desde então que não se encontram identificados no despacho de 2008)”, refere o documento.

Com base no despacho de 2015, a rede deve passar a ter entre 78 e 81 pontos, dependendo a definição exata do número de pontos de orientações das Administrações Regionais de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo e do Centro, concretamente quanto aos SUB do Hospital do Montijo e de Algueirão-Mem Martins e da transferência do Hospital Conde de São Bento para a Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso.

O parecer sublinha que algumas mudanças à rede de emergência promovidas pelo despacho de 2015 “ocorreram em dissonância” com a proposta da Comissão para a Reavaliação da Rede Nacional de Emergência e Urgência, destacando-se as indicações de exclusão da rede dos SUB dos centros de saúde da Sertã e de Coruche, que, de acordo com a indicação da comissão, deveriam ser mantidos na lista da rede”.

Investigador alerta
A epidemia de Zika que afeta sobretudo a América do Sul é de difícil prevenção, pois o vírus associado ainda é alvo de...

Vítor Laerte Pinto, investigador brasileiro ligado à Fundação Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro, e que está atualmente a trabalhar como cientista no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) de Lisboa, admitiu que a "imprevisibilidade" associada ao vírus "assusta" e que uma vacina está "ainda longe" de aparecer no mercado.

"Estão reunidas todas as condições para que a epidemia passe a pandemia", alertou o especialista brasileiro, 39 anos, formado em Medicina Tropical e Infecciologia na Faculdade de Medicina de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro.

Até hoje, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) adiantam que o Zika já chegou a 23 países, maioritariamente no continente americano, e, apesar de não haver números oficiais - as estimativas são subavaliadas -, sabe-se que o Brasil e a Colômbia são os dois Estados mais afetados pela doença.

O Ministério da Saúde brasileiro estima que o número de casos registados em 2015 entre os 500 mil e 1,5 milhões, incluindo pelo menos de 3.893 casos de microcefalia confirmados.

O vírus Zika é transmitido aos seres humanos por picada de mosquitos infetados e está associado a complicações neurológicas e malformações em fetos, não se transmitindo, "ao que se pensa, para já", de pessoa para pessoa, indicou Laerte Pinto, lamentando a ausência de estudos aprofundados sobre a doença e como combatê-la.

"Sabemos muito pouco sobre a doença. Sabemos que o Zika e a microcefalia estão associados, mas ainda está por confirmar se a relação é mesmo direta. Mais do que isso, desconhecemos também se o vírus se dissemina também de outras formas", frisou, salientando os resultados "ainda incipientes" a esse respeito.

Para Laerte Pinto, sabe-se já que, pela rapidez de disseminação, o mosquito adapta-se "facilmente" aos diferentes climas, facto que, num mundo global, em que as viagens de avião são muitas, poderá levar o vírus a outros pontos do globo, agravando a situação pandémica, sendo o continente africano o mais preocupante.

"Será muito preocupante", sublinhou o especialista brasileiro, lembrando o facto de, além de a doença estar ainda pouco estudada, torna-se difícil também a prevenção, por não haver ainda garantias de que possa ser erradicada através com inseticidas, dando como exemplo o caso do Brasil.

"O Brasil tem mais de 30 anos de experiência de eliminação do vetor, através de inseticidas e outros químicos, seguindo as normas definidas pela OMS e não conseguiu sucesso", alertou, realçando que as autoridades sanitárias locais tratavam anualmente cerca de 200 casos de microcefalia e que, só em 2015, esse total chegou quase a 4.000.

Laerte Pinto disse estar curioso sobre o que irá suceder na reunião de urgência da OMS, marcada para a próxima segunda-feira, em Genebra, admitindo que possa ser decretada a emergência sanitária internacional, "o que vai mexer na mobilidade das pessoas" em todo o mundo.

Portugal registou cinco casos de vírus Zika, transmitido por picada de mosquitos infetados e associado a complicações neurológicas e malformações em fetos, todos eles importados do Brasil, segundo o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

A Direção-Geral da Saúde (DGS) indicou que os sintomas e sinais clínicos da doença são, em regra, "ligeiros": febre, erupções cutâneas, dores nas articulações, conjuntivite, dores de cabeça e musculares.

Grande Lisboa
Os quatro grandes centros hospitalares da Área Metropolitana de Lisboa vão passar a assegurar ao fim de semana as urgências de...

Durante a semana as equipas serão fixas em cada centro hospitalar e ao fim de semana as equipas funcionarão rotativamente entre os Centros Hospitalares de Lisboa Norte, Lisboa Central, Lisboa Ocidental e Garcia de Orta.

O anúncio foi feito pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, e o coordenador nacional para a reforma do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na área dos Cuidados de Saúde Hospitalares, António Ferreira, que explicaram que o pagamento previsto não implica mais encargos para a tutela.

Os profissionais terão um pagamento base de prevenção. Se forem chamados deixam de receber o valor de prevenção e pagam a ser pagos por ato, para toda a equipa.

Fernando Araújo explicou que esta solução foi encontrada pelos próprios profissionais e teve a supervisão do Ministério da saúde.

Para o aneurisma da circulação cerebral, o modelo adotado será de colaboração entre as quatro instituições hospitalares para garantir assistência permanente, 24 horas sobre 24 horas: cobertura ininterrupta nos dias de semana, incluindo feriados, e escala rotativa ao fim de semana, com início, a 01 de fevereiro, no CHLO e seguida, em permanente rotação, pelo HGO, CHLN, CHLC.

No que respeita aos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) isquémico, cuja terapêutica não exija trombectomia, os quatro centros hospitalares garantem assistência aos doentes através da Via Verde do AVC.

Caso seja necessária esta intervenção clínica (que, aplicada em tempo adequado, permite que não fiquem sequelas do AVC), as quatro instituições hospitalares asseguram a intervenção do foro da neurorradiologia de intervenção em colaboração com a neurologia/medicina interna e neurocirurgia através de escalas rotativas.

Nos dias de semana, essas escalas são garantidas pelo CHLN, às terças e quartas-feiras, pelo CHLC, às segundas e quintas-feiras, e pelo HGO, às sextas-feiras.

Aos fins-de-semana, será o mesmo modelo de rotatividade das equipas que está definido para os aneurismas.

Segundo o coordenador nacional para a reforma do SNS, são “centros fixos que respondem à procura, mas podem ser também equipas mistas que vão ao sítio onde está o doente, dependendo das características da especialidade envolvida e dos equipamentos necessários”.

Fernando Araújo sublinhou que este modelo centralizado é “muito robusto”, mas que é fundamental que todos saibam onde estão a funcionar as equipas em cada dia.

“Começando pelo INEM e acabando nos centros de saúde, todos têm de saber onde está a funcionar a resposta. É fundamental”, afirmou.

O governante mostrou “confiança em que a resposta nesta área fica assegurada”, de tal forma que se irá “de imediato iniciar a discussão de um programa para outras áreas críticas”.

António Ferreira explicou que foram os próprios diretores clínicos dos quatro centros hospitalares a identificar as necessidades mais prementes e as três áreas em que vale a pena intervir, ou porque têm muita procura ou porque os recursos são escassos: gastroenterologia, radiologia de intervenção e cirurgia plástica e maxilo-facial na península de Setúbal.

Quanto às soluções para estas áreas, o Ministério da Saúde vai “deixar os profissionais encontrar as melhores formas, que nuns sítios será com equipas de prevenção, noutros em rotação e noutros equipas fixas”, depende das necessidades de recursos humanos.

Esta é, de resto, a forma de trabalhar que os responsáveis consideram ser a melhor e a mais eficaz: pôr os próprios profissionais, que estão no terreno e conhecem as necessidades, a encontrar as melhores práticas, cabendo à tutela o papel de “ajudar”.

Em Portugal
O presidente da Associação Portuguesa de Bioética e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Rui Nunes,...

“Já se fazem cuidados paliativos pediátricos aqui e ali, mas não há ainda uma visão sistémica e integrada de modo a que qualquer criança em qualquer ponto do nosso território nacional tenha, em tempo útil, acesso a cuidados paliativos”, afirmou, salientando que “cerca de 60% das pessoas que morrem em Portugal carecem de algum tipo de cuidados paliativos e as crianças não são exceção, bem pelo contrário”.

Rui Nunes falava a propósito do Congresso Nacional de Bioética, que se vai realizar a 12 e 13 de fevereiro, no Porto, que terá como tema central os “Cuidados Paliativos na Criança”.

“No caso da pediatria, os cuidados paliativos têm especificidades, vamos defender que tem que haver também profissionais nos centros de saúde preparados para o efeito, mas vamos ter que ter algum modelo de organização de cuidados paliativos pediátricos”, disse.

O responsável pela organização do encontro sustentou que serão apresentadas “dois tipos de propostas, em termos de educação e formação de profissionais e em termos de organização do sistema de saúde”.

Este será o tema dominante do encontro, que vai contar com a participação de médicos, psicólogos, enfermeiros e paliativistas.

Para Rui Nunes, “é imperioso que a nível da formação profissional, o ensino dos cuidados paliativos seja generalizado na medicina, na enfermagem e em todas as outras áreas da saúde”.

Defende também a necessidade de que ao nível das políticas de saúde seja “generalizado o acesso a cuidados paliativos em todos os hospitais públicos e também nos centros de saúde, através de equipas domiciliárias, de proximidade, com elevados índices de humanização e de profissionalismo”.

O objetivo, segundo Rui Nunes, é que o tema passe a ser central na agenda das políticas de saúde e que os próprios doentes e seus familiares passem a ter mais informação sobre os direitos que lhes assistem, sabendo-se que “quando se deparam com uma situação de doença que necessita de cuidados paliativos a sua condição é de especial vulnerabilidade a todos os níveis e a sua capacidade reivindicativa está muito fragilizada”.

Ao longo dos dois dias de trabalhos serão abordados outros temas na área da bioética, na medicina e sociedade em geral, muito ligados à doença terminal.

As diretivas antecipadas de vontade – testamento vital e procurador de cuidados de saúde -, a recente legislação belga sobre eutanásia nas crianças, a problemática dos quadros exponenciais de demência, o estado vegetativo permanente ou a suspensão de meios desproporcionados de tratamento são outros temas que estarão em debate por um conjunto de quadros especializados nestas áreas.

Antropólogo diz
O antropólogo Aurélio Lopes, que lança sábado em Santarém o livro "Ritual, Natura e Magia - Sentidos e saberes nas...

“Seria importante fazer um levantamento nacional” do conhecimento acumulado em milénios de relação do homem com a natureza, “fazer o que os chineses fizeram, de conhecer, cruzar conhecimentos, e utilizar e difundir a medicina tradicional”, disse.

“Portugal teria a ganhar” se fizesse um “registo para memória futura” de práticas ancestrais, que não são prestigiadas – “pelo contrário, são ridicularizadas e remetidas à clandestinidade” – e que, “com o tempo, se vão perdendo”.

O antropólogo espera suscitar o debate na apresentação do livro que vai fazer no Colóquio Internacional Medicinas Tradicionais no Século XXI, promovido pela Universidade Nova, que vai decorrer nos dias 10 e 11 de março no Museu da Farmácia, em Lisboa, com o objetivo de “analisar as relações entre as diversas medicinas tradicionais e a saúde”.

O livro, que será apresentado no sábado na Sala de Leitura Bernardo Santareno pelo padre António Fontes (investigador das tradições populares do Barroso), “debruça-se sobre os significados dos rituais curativos existentes no nosso país, suas distribuições geográficas, modelos paradigmáticos e processos evolutivos”, disse.

Editada pela “Apenas Livros”, a obra resulta de um estudo feito a partir do “espólio médico-curativo de Michel Giacometti, que agrega mais de cinco milhares de registos de todo o país”, editado pelo Instituto de Estudos de Literatura Tradicional e Património Imaterial (IELT), da Universidade Nova, que patrocina o livro, sendo a apresentação do autor feita pela responsável do instituto, Ana Paula Guimarães.

À análise dos registos, Aurélio Lopes juntou dados de outras proveniências e trabalho de campo que realizou no Ribatejo.

O estudo, disse, “versa as lógicas subjacentes das práticas de medicina popular, as suas razões de ser, configurações e explicações”, numa “conceção do mundo holística, empírica e analógica”.

Aurélio Lopes procurou descortinar as “maneiras de pensar”, a linguagem, os rituais, o porquê do uso de determinadas plantas, do que está para além da eficácia da cura, ou seja, “as analogias, as configurações, o entendimento do mundo, a noção cíclica do mundo”.

Uma das questões que se colocou foi saber por que razão as pessoas continuam hoje a procurar o “curandeiro”, visto como “um membro da comunidade” a que se vai “porque alguém recomenda e lhe reconhece competências também transcendentais”.

Ao contrário da medicina convencional, a medicina tradicional usa a “sugestão”, pelo que o “curandeiro” tem que “se interessar pelo doente, criar empatia”, disse.

Exige uma “perspicácia empírica”, sublinhou, referindo que, se a doença não passa, “nunca a culpa é do curandeiro. Ou é vontade de Deus ou a culpa é do paciente, que certamente não fez as coisas como devia”.

A confiança no médico é condicionada pela relação que este estabelece com o doente. Se este “não gostar do médico, não só não acredita nele como não acredita nos medicamentos que ele receita”, afirmou.

“O famoso placebo é o que o curandeiro faz há milénios”, disse, realçando que a medicina popular beneficia também de “experiências milenares que se sabe que resultam”.

Aurélio Lopes referiu o facto de outras culturas terem mantido “aspetos essenciais da existência do ritual”, ao contrário da cultura ocidental, marcadamente técnica e científica, quase reduzida à prescrição e “sem muita paciência para aturar” o doente.

O seu trabalho procurou olhar a “lógica funcional da medicina tradicional”, as semelhanças práticas com a medicina científica e até que ponto é importante a relação empática com o doente, já presente na moderna medicina humanista.

Prevenir doenças cardiovasculares
Estudo da Universidade de Harvard, agora publicado, mostra a importância da redução do consumo de go

Os investigadores do Departamento de Nutrição da Universidade de Harvard levaram a cabo um estudo, que incidiu sobre mais de 130 mil indivíduos, ao longo de 30 anos, que vem comprovar a importância da substituição das gorduras saturadas por gorduras insaturadas - sobretudo polinsaturadas.

Durante o período de investigação – entre 24 e 30 anos – foi possível registar mais de sete mil casos de doenças cardiovasculares.

Com esta pesquisa, foi possível associar o consumo de gorduras saturadas a um risco mais elevado de desenvolvimento destas doenças.

“Os alimentos ricos em gordura saturada são as carnes vermelhas, carnes gordas, enchidos, lacticínios gordos – leite, iogurtes gordos, queijo, natas e manteiga”, começa por dizer a nutricionista Helena Cid, que aconselha que o seu consumo seja reduzido ou até mesmo eliminado.

“As gorduras dividem-se em três tipos – as saturadas, as monoinsaturadas e as polinsaturadas. A grande diferença entre elas é do ponto de vista químico e do seu comportamento no nosso organismo”, explica.

“O consumo excessivo de gordura saturada está associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, aumento do colesterol sanguíneo total e do colesterol LDL – considerado mau colesterol”, refere.

Por outro lado, o estudo da prestigiada Universidade Americana vem comprovar os benefícios do consumo das gorduras polinsaturadas e hidratos de carbono complexos, uma vez que representam um risco baixo para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

“As gorduras polinsaturadas também são conhecidas por ómega 3 e 6. Sabe-se que são consideradas essenciais porque o nosso organismo não é capaz de os fabricar, por isso, temos de as consumir diariamente”, adianta Helena Cid.

“Peixe, especialmente peixe gordo, frutos gordos como as nozes, óleos vegetais e cremes vegetais para barrar ou cozinhar” são alimentos ricos neste tipo de gorduras.

Já os hidratos de carbono complexos “são açúcares mais complexos que o nosso organismo tem de digerir e transformar em açúcares mais simples”. Podem ser encontrados no pão, massas, arroz, batatas e leguminosas e, de acordo com a nutricionista, devemos preferi-los aos hidratos de carbono simples.

Este estudo refere ainda que “a substituição de cinco por cento do consumo de gorduras saturadas pela mesma quantidade de gorduras polinsaturadas, monoinsaturadas e hidratos de carbono complexos reduz o risco de doenças cardiovasculares em 25, 15 e 9 por cento, respetivamente”.

Para que possamos proceder a uma substituição equilibrada destas gorduras, Helena Cid dá o exemplo: “logo ao pequeno-almoço devemos preferir a torrada barrada com creme vegetal em vez de manteiga”.

“Devemos comer mais vezes peixe e também peixe gordo. Escolher carnes brancas em vez das vermelhas; preferir cereais menos refinados – como por exemplo, pão mais escuro rico em sementes em vez de pão branco”, conclui Helena Cid. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Relações perigosas
A ingestão de alimentos demasiadamente cozinhados ou fritos a altas temperaturas podem aumentar o ri

Já não é novidade que o consumo regular de alimentos fritos, como batatas fritas ou frango, é um fator de risco à saúde cardiovascular e à manutenção de peso. No entanto, nos últimos anos, vários estudos têm demonstrado a relação entre estes alimentos e o cancro, sobretudo o cancro de estômago, esófago e colorretal. Mas não só!

Exemplo disso é uma pesquisa, levada a cabo por especialistas da Fred Hutchinson Cancer Research Center, que mostra que a ingestão destes alimentos aumenta o risco de cancro da próstata.

A conclusão chega depois de terem sido avaliados cerca de mil e quinhentos homens diagnosticados com a doença e o mesmo número de indivíduos saudáveis, que funcionaram como grupo de controlo.

Os resultados da análise mostram que a ingestão de fritos, uma ou mais vezes por semana, aumenta entre 30 a 37 por cento o risco de desenvolver este tipo de cancro.

A explicação está na quantidade de compostos cancerígenos que se desenvolvem a altas temperaturas, durante o processo de fritura.

Na realidade, os óleos vegetais quando expostos a altas temperaturas, por longos períodos, para além de sofrerem de oxidação e verem comprometidas as suas propriedades nutricionais, produzem substâncias perigosas para a saúde. E a sua reutilização multiplica estes efeitos.

Especialistas explicam, por exemplo, que o azeite extra virgem passa por esse processo de transformação, de gordura dita saudável a agente cancerígeno, aos 160 graus.

Também os alimentos fumados são particularmente perigosos para a saúde, uma vez que estes produtos possuem um composto, conhecido por nitrosamina, altamente cancerígeno, e que resulta do processo de defumação.

A ingestão de alimentos com nitrosaminas não só intoxica o nosso organismo como ajuda a aumentar a probabilidade de desenvolver cancro.

Neste caso, há inúmeros estudos que associam este composto ao cancro. Uma destas pesquisas chega mesmo a estabelecer uma relação direta entre a leucemia em crianças e adolescentes com a charcutaria fumada.

Já as carnes grelhadas, quando demasiado queimadas, apresentam os mesmos riscos para a saúde. Isso deve-se aos hidrocarbonetos policíclicos que surgem quando a carne ou as gorduras são queimadas a altas temperaturas, ou quando entram em contato com a chama, no chamado processo de combustão.

Para evitar riscos, aconselha-se que opte por grelhar carnes magras ou retire o excesso de gordura antes de grelhar a carne.

Alguns estudos revelam que marinar a carne em azeite e sumo de limão reduz em 99 por cento a formação destes componentes cancerígenos.

O uso de ervas frescas, como manjericão, hortelã, rosmaninho, tomilho ou coentros em marinada, antes ou durante a grelha, são outra opção saudável para evitar substâncias potencialmente perigosas. 

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Estudo
Fazer ioga pode ser uma boa maneira de se proteger contra doenças cardíacas, especialmente para quem não pode fazer exercícios ...

Segundo uma revisão de 37 estudos envolvendo cerca de 3 mil pessoas, a ioga foi associada a uma redução de fatores de risco cardíaco, como hipertensão e colesterol, escreve o Diário Digital.

Mas a prática não conta para as recomendações de atividade física semanal.

A ioga é uma antiga forma de exercício que aplica força, flexibilidade e respiração com o objetivo de aumentar o bem-estar físico e mental.

Há vários tipos diferentes de ioga - tântrica, Hatha e Ashtanga, por exemplo -, mas a maioria não exige força suficiente para contar para os 150 minutos de intensidade moderada de atividade aeróbica que as autoridades recomendam para proteger coração e pulmões.

A ioga tampouco conta como um exercício de fortalecimento muscular - algo que as mesmas diretrizes recomendam em dois ou mais dias por semana, todas as semanas.

Porém, em comparação com nenhum exercício, a ioga demonstrou benefícios significativos: está relacionada com um risco menor de obesidade, hipertensão e colesterol elevado, segundo o European Journal of Preventive Cardiology.

Comparada com outros tipos de exercícios, como caminhada rápida ou corrida, a ioga teve resultados semelhantes - nem melhores, nem piores - com base nas mesmas medidas de risco cardíaco.

“Estes resultados indicam que a ioga é potencialmente muito útil”, disse Myriam Hunink, da Erasmus University Medical Center, em Roterdão, que investigou o possível efeito da ioga sobre a saúde do coração.

A revisão não explicou o mecanismo pelo qual a ioga pode ser benéfica, mas especialistas dizem que uma explicação pode ser o seu efeito calmante. O stress tem sido associado a doenças cardíacas e hipertensão.

“Os benefícios podem ser decorrentes de trabalhar os músculos e respiração, o que pode trazer mais oxigénio para o corpo, levando a uma menor pressão arterial”, disse Maureen Talbot, enfermeira cardíaca sénior da Fundação Britânica do Coração.

Ela disse que os benefícios da ioga sobre a saúde emocional já são reconhecidos, mas pediu mais estudos para avaliar os efeitos da prática de forma mais ampla.

Estudo indica
Um estudo indica que a depressão pode ser passada de mães para filhas, devido a semelhanças entre as estruturas cerebrais.

Investigadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, estudaram 35 famílias sem diagnóstico de depressão. Com exames de ressonância magnética, mediram o volume de massa cinzenta no córtex límbico dos pais e dos filhos.

Os resultados mostraram que muito mais semelhança entre mães e filhas do que entre mães e filhos, pais e filho ou pais e filhas, escreve o Diário Digital.

Estudos realizados no passado com animais já indicaram que quando as gestantes estão stressadas durante a gravidez, é mais provável que isso tenha reflexo na estrutura cerebral das filhas do que dos filhos. Especialmente no chamado córtex límbico, conhecido por regular as emoções.

Mas os autores salientam que as mães não podem ser responsabilizadas pela depressão das suas filhas, já que existem vários outros fatores envolvidos no transtorno, como genes não herdados da mãe, ambiente social e experiências ao longo da vida.

Os dados foram publicados no Journal of Neuroscience e divulgados no site Medical News Today.

Em França
O Parlamento de Paris autorizou a sedação de doentes terminais, o primeiro passo em França em direção às reivindicações de...

Senadores e deputados votaram quase por unanimidade um projeto-lei que autoriza o uso da "sedação profunda e contínua" até a morte para os doentes terminais que o solicitem.

Esta votação, segundo o Sapo, sela a aprovação definitiva de um documento parlamentar que reivindicava esse "passo histórico", comentou a ministra da Saúde, Marisol Touraine.

Fruto do trabalho de dois deputados, o texto tinha sido aprovado por uma esmagadora maioria da Assembleia Nacional em março de 2015, antes de ser enviado para o Senado três meses depois.

Depois de vaivéns consecutivos entre as duas câmaras, uma versão consensual foi obtida e assinada a 19 de janeiro.

A nova lei é uma promessa da campanha do presidente socialista François Hollande.

Antes de entrar no Eliseu, em 2012, o chefe de Estado prometeu "assistência médica para morrer com dignidade".

De acordo com um estudo feito no ano passado, a sedação até a morte quando o paciente decide tem o aval de 96% dos franceses.

A eutanásia só é oficialmente legal na Europa em três países (Holanda, Bélgica e Luxemburgo), mas outros autorizam ou toleram formas semelhantes, especialmente a Suíça, que já legalizou o suicídio assistido.

Nos EUA
Os Estados Unidos têm duas potenciais vacinas contra o vírus Zika e admitem começar os ensaios clínicos em humanos no final...

O diretor do Instituto Nacional de Alergologia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, afirmou que uma das vacinas foi baseada nas investigações do vírus do Oeste do Nilo, escreve o Diário de Notícias. O médico admitiu que a vacina nunca chegou a ser desenvolvida por falta de parceiros na indústria farmacêutica mas que agora o caso pode mudar de figura. "Já estamos a falar com algumas empresas que são capazes de colaborar connosco em investigações futuras", afirmou numa conferência de imprensa.

O vírus Zika vai ser considerado uma "emergência internacional" pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e está a propagar-se "de forma explosiva", estando já presente em 23 países. A diretora da OMS, Margaret Chan, declarou que estão previstos 3 a 4 milhões de casos nos continentes americanos nos próximos tempos.

Estudo
Um estudo científico, conduzido pelo investigador brasileiro Cesar Victora, demonstra que a amamentação pode evitar, todos os...

O estudo é publicado na revista britânica The Lancet e reúne informações retiradas de 28 artigos e investigações científicas, que demonstram que amamentar é uma das medidas preventivas mais eficazes para a saúde dos bebés e das mães, independentemente do lugar onde vivem, e que isso tem impacto na economia global.

"Há uma ideia pré-concebida de que os benefícios da amamentação só estão relacionados com os países pobres. Nada podia estar mais longe da verdade. O nosso trabalho demonstra claramente que amamentar salva vidas e poupa dinheiro aos países, tanto ricos e como pobres", afirma Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas, no Brasil.

Nos países com elevados níveis de alimentação com leite materno, o risco de morte súbita dos bebés diminui em mais de um terço dos casos. Sabe-se ainda que o leite materno tem propriedades que protegem as crianças contra a obesidade e diabetes e que amamentar reduz, para as mães, o risco de cancro da mama e ovários.

Há ainda razões económicas relacionadas com a amamentação, sublinha o estudo. As perdas para a economia global pelo desconhecimento dos benefícios do leite materno atingiram em 2012 os 276 mil milhões de euros.

Se nos Estados Unidos e no Brasil aumentassem para 90% a taxa de amamentação de crianças até aos seis meses, os sistemas de saúde de cada país poupariam por ano 2,2 mil milhões de euros (EUA) e 5,4 milhões de euros (Brasil).

Com estes dados, os investigadores apelam a um compromisso político e a um investimento financeiro para proteger, promover e facilitar a amamentação entre as mulheres e para criar regras para apertadas para a indústria de substitutos do leite materno.

Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge
A incidência de casos de gripe na terceira semana do mês, 18 a 24 de janeiro, foi de “baixa intensidade”, segundo um relatório...

De acordo com o documento, a taxa de incidência de gripe foi de 59,4 por 100.000 habitantes, com ligeira subida relativamente à semana anterior, e o vírus foi detetado em 56% dos casos analisados entre os dias 18 e 24, valor semelhante ao da semana anterior.

Diz-se ainda no boletim que o vírus da gripe mais detetado foi o A (H1) e que os vírus da gripe circulantes “são na maioria semelhantes aos vírus contemplados na vacina antigripal da época 2015/16”.

Em relação à severidade dos casos o relatório indica que na semana em análise foram admitidos oito novos casos de gripe nas 25 unidades de cuidados intensivos que reportaram informação, estimando-se que a gripe foi o motivo de 2,7 dos internamentos em unidades de cuidados intensivos (número idêntico à semana passada), em todos os casos com o vírus influenza A (H1N1).

O Instituto diz também que a mortalidade observada teve valores de acordo com o esperado, que o valor médio da temperatura mínima do ar foi acima do normal e que na semana anterior à analisada (segunda semana) a atividade gripal também se manteve baixa na maioria dos países da União Europeia.

Na segunda semana de janeiro a taxa de incidência tinha sido de 39,8 por cada 100.000 habitantes, abaixo dos 59,4% da última semana.

A época gripal 2015-2016 começou em outubro e termina em maio.

Em Lisboa
O doente alemão com VIH, que ficou curado deste vírus após um transplante de medula óssea, está em Lisboa, onde partilhou...

Timothy Ray Brown participa nas décimas Jornadas de Atualização em Doenças Infeciosas do Hospital de Curry Cabral, que decorrem na Culturgest, em Lisboa, onde falou aos jornalistas sobre o seu caso.

Este paciente, conhecido como “doente de Berlim”, estava infetado com o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e foi-lhe diagnosticado uma leucemia.

À margem das jornadas, Timothy disse aos jornalistas que a família ficou mais triste com a notícia de que tinha leucemia do que por estar infetado com o VIH.

Para tratar a leucemia, Timothy Ray Brown começou por fazer quimioterapia e radioterapia, tendo na altura deixado de tomar os medicamentos contra o VIH (retrovirais).

O doente recebeu um transplante de células estaminais sem o recetor CCR5, o qual é necessário para a propagação do vírus, em fevereiro de 2007.

Mais tarde, uma recaída obrigou-o a novo transplante, com células do mesmo dador.

Timothy ficou sem carga viral e há oito anos que está livre do VIH e da leucemia. No entanto, após o segundo transplante, as análises levaram à suspeita de leucemia cerebral, pelo que os médicos optaram por efetuar uma biopsia ao cérebro.

Desta intervenção terão resultado problemas neurológicos, que ainda hoje se mantêm, com consequências como a falta de equilíbrio. O doente esteve igualmente cego durante algum tempo.

Hoje, questionado sobre a importância deste tratamento, que durante algum tempo foi uma esperança para milhares de infetados com o VIH, Timothy disse apenas que, para ele, não havia grande escolha, pois ou recebia o transplante ou morria, e reconheceu que “foi muito difícil”.

Francisco Antunes, especialista em doenças infeciosas e medicina tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, explicou aos jornalistas que o tratamento de Timothy Ray Brown foi “uma linha de investigação”, mas que esta “não é praticável no dia-a-dia”.

“Não foi um acaso, mas é impossível de replicar”, explicou Francisco Antunes, que também participa nas jornadas.

O especialista frisou que, no caso do “doente de Berlim”, existiram “passos reconhecidos como avanço na ciência”, mas recordou outros casos de pacientes infetados com o VIH que receberam um transplante, mas não ficaram curados, por não incluir a alteração genética (ausência do recetor CCR5).

Por outro lado, Francisco Antunes questiona: “Só este doente se mantém com a carga viral indetetável, mas até quando?”.

O médico alertou para a especificidade de um tratamento desta natureza, além dos seus custos.

“O paciente teria de estar infetado [com o VIH] e ser um doente oncológico. Tinha de existir um dador compatível e com a mutação genética. Depois, teria de submeter-se a quimioterapia e radioterapia e receber o transplante”, adiantou.

Para Francisco Antunes, “o tratamento envolve muitos aspetos que não são de prática clínica. É uma situação experimental”.

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra organiza, nos próximos dias 4 e 5 de fevereiro, o IV Congresso Internacional de...

O encontro científico contará com oradores (sobretudo professores de ensino superior e profissionais de saúde) nacionais (de Coimbra, Santa Comba Dão, Guarda, Covilhã, Chaves, Porto, Leiria, Lisboa, Montemor-o-Novo e Beja) e estrangeiros (de Espanha e da Suíça).

Maria Iakova, médica no Serviço de Readaptação do Aparelho Locomotor da Clínica Romande de Réadaptation, na Suíça, e José Verdu Soriano, da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Alicante, em Espanha, são os convidados internacionais aguardados para este encontro, que é organizado pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e pela sua Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem.

Marta Temido, presidente da direção da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, André Dias Pereira, presidente da direção do Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, e Paulo Alves, assistente na Universidade Católica Portuguesa - Porto, são outros oradores, de um conjunto mais vasto de convidados (mais informações na Internet: www.esenfc.pt/event/feridas2016).

O congresso, que terá lugar nas instalações da ESEnfC em S. Martinho do Bispo (Polo B), abordará os temas “Antimicrobials in wound care”, “Nutrição e feridas” e “Quality of life: a key dimension in wounds management”, títulos das conferências previstas para estes dois dias de trabalhos.

No decurso do congresso haverá cinco mesas-redondas, sobre “Organização das equipas no tratamento de feridas”, “Direitos da pessoa com ferida”, “Infeção e multirresistência”, “Úlceras de perna de etiologia venosa vs arterial vs mista” e “Pé diabético”.

Dez workshops
O IV Congresso Internacional de Feridas compreende, também, um conjunto de workshops sobre dez temáticas: “Desbridamento”, “Terapia compressiva”, “Terapia por vácuo”, “Biofilme”, “Pé diabético”, “Queimados”, “Materiais de prevenção de úlceras por pressão”, “Epidermólise Bolhosa”, “Dor na pessoa com ferida” e “Nutrição”.

“As feridas constituem um enorme problema de saúde, dado que podem conduzir ao isolamento social dos doentes, ao absentismo, ou à morbilidade, tendo por isso um impacto considerável na qualidade de vida. As diferenças na abordagem ao doente com feridas vêm suscitando uma reflexão constante aos profissionais de saúde e a evolução verificada nos últimos anos, quer nos dispositivos médicos, quer no conhecimento da etiologia e fisiopatologia das feridas, tem sido uma constante. Os recursos existentes atualmente no mercado, quer para o tratamento, quer para a prevenção da ocorrência de feridas, exigem dos profissionais de saúde uma atualização permanente”, sustenta a comissão organizadora.

Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal
Uma das principais características dos cuidadores informais de pessoas com diabetes é a falta de informação e de formação sobre...

Para fazer face à escassa formação nesta área, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal promove, a partir de fevereiro, sessões educativas dirigidas a cuidadores informais, isto é, familiares, amigos e outros grupos comunitários, como vizinhos e voluntários que acompanham e cuidam de pessoas com Diabetes tipo 2.

“No controlo de uma doença crónica, a família pode ter um papel preponderante, pois os problemas de saúde do individuo são, muitas vezes, assumidos pela família, e esta pode funcionar como uma aliada no plano terapêutico. Pode considerar-se a família como o mais importante apoio social existente, sobretudo se a ela juntarmos os amigos e outros grupos comunitários”, explica Joana Oliveira, coordenadora deste projeto intitulado “Capacitação para a Gestão da Diabetes”.

Mais de um quarto da população portuguesa com mais de 60 anos tem Diabetes, o que corresponde a uma necessidade crescente de cuidados de saúde e de assistência que são prestados pelas redes sociais de apoio formal e informal. Com o declínio da capacidade das famílias em prestar cuidados, a ação comunitária e o voluntariado assumem uma importância cada vez maior na prestação de cuidados, sobretudo a grupos vulneráveis como os idosos.

Nestas sessões de caráter pedagógico e prático os cuidadores vão aprender a controlar e a vigiar a Diabetes, a cozinhar receitas saudáveis e a saber que alimentos privilegiar na confeção. Vão ainda adquirir conhecimentos para a prática de atividade física, assim como receber exemplos de planos de treino a realizar. A formação vai realizar-se na Escola da Diabetes, em Lisboa, com uma equipa constituída por uma enfermeira, uma dietista, um Chef de cozinha e um professor de atividade física.

As inscrições são gratuitas e limitadas. Para mais informações, os interessados devem contactar a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) através do telefone 213 816 178 ou do email [email protected].

Zika
A Organização Mundial de Saúde vai determinar na próxima semana se o surto do vírus Zika constitui uma emergência sanitária de...

A epidemia de Zika está "a propagar-se de forma explosiva" no continente americano, afirmou Chan, ao anunciar a reunião da comissão de emergência para 1 de fevereiro.

"Foram registados casos em 23 países e territórios da região. O nível de alerta é extremamente elevado", acrescentou no final de reunião de informação aos Estados-membros da Organização Mundial de Saúde (OMS), em Genebra. A OMS dedicou uma sessão do conselho executivo, que está a decorrer esta semana em Genebra, ao surto do vírus Zika, que afeta mais de vinte países na América Latina.

A situação mais grave é a do Brasil, onde o ministério da Saúde estima a ocorrência de entre 497.593 e 1.482.701 casos em 2015, incluindo 3.893 casos de microcefalia.

A Colômbia é o segundo país mais atingido, tendo sido confirmados 13.808 casos, incluindo em 890 grávidas, e 2.611 casos suspeitos.

Chan afirmou que a OMS receia uma "associação provável da infeção com malformações congénitas e síndromas neurológicos", mas tambèm "a falta de imunidade entre a população residente nas regiões recentemente infetadas" e "a ausência de vacinas, tratamentos específicos e exames de diagnóstico rápidos".

"A situação decorrente do 'El Niño' (fenómeno climático particularmente poderoso desde 2015) deverá aumentar este ano o número de mosquitos", sublinhou.

Tal como a febre de dengue e o vírus chikungunya, o vírus Zika retira o nome de uma floresta no Uganda, onde foi sinalizado pela primeira vez em 1947.

O vírus Zika é transmitido aos seres humanos por picada de mosquitos infetados e está associado a complicações neurológicas e malformações em fetos. Não se transmite de pessoa para pessoa.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) indica que “os sintomas e sinais clínicos da doença são, em regra, ligeiros: febre, erupções cutâneas, dores nas articulações, conjuntivite, dores de cabeça e musculares”.

Terapia experimental
No Reino Unido, uma terapia experimental está a tirar doentes da cadeira de rodas. O mesmo método já foi utilizado em Portugal

Em 2013, Steven Storey teve o choque da sua vida: foi-lhe diagnosticada Esclerose Múltipla, uma doença autoimune que pode provocar a neurodegeneração do sistema nervoso central. Num ano, escreve a Visão, ficou dependente de uma cadeira de rodas.

“Passei de correr maratonas para me tornar alguém que precisa de cuidados 24 horas por dia. Houve momentos em que nem numa colher conseguia segurar”, revelou, na BBC. Poucos dias depois do transplante de medula óssea, usando as suas próprias células estaminais hematopoiéticas (as que dão origem às células do sangue), Steven começou por mexer os dedos do pé e, quatro meses depois, apesar de ainda precisar da cadeira de rodas, já consegue nadar e andar de bicicleta.

Steven Storey foi um dos 20 pacientes de esclerose múltipla do Royal Hallamshire Hospital em Sheffield, no Reino Unido, que nos últimos três anos recebeu o tratamento – que envolve quimioterapia –, usado também em casos de leucemia.

“O sistema imunológico é reprogramado para voltar ao ponto anterior ao que causou a doença”, diz John Snowden, hematologista no hospital. Em Portugal, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) a mesma terapia experimental já foi aplicada, há cerca de dois anos, num doente em estado muito avançado – e serviu mesmo para estabilizar a evolução da doença, estancando a sua progressão.

“É um tratamento que ainda não está aprovado e só é feito em casos muito graves, que não respondem a nenhuma terapêutica. Há doentes que conseguimos tratar com terapêuticas mais fáceis sem correr tantos riscos”, explica Sónia Batista, neurologista no CHUC.

“Neste género de estudos é preciso avaliar os riscos que se correm, se é eficaz ou não, pois na fase em que o doente fica sem medula óssea corre o risco de morrer de uma infeção grave, ficando completamente imunodeficiente. É um tratamento muito agressivo”, acrescenta a médica. Por enquanto, diz, não se vai generalizar a todos os doentes, que em Portugal já ultrapassa os cinco mil.

Casos de sucesso como o de Steven são muito raros e dependem da fase da doença. “Alguém em cadeira de rodas há dez anos não vai recuperar por causa deste tratamento.”

Em Coimbra
Na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, terapeutas portugueses e espanhóis estão a receber formação numa técnica...

O curso, que começou no dia 18 e que termina hoje, junta 24 fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) que recebem formação na terapia Bobath, dirigida a bebés dos 0 aos 18 meses e ministrada pela especialista norte-americana Gay Girolami, contando com a participação de 20 crianças e familiares.

A terapia, conta Gay Girolami, consiste em usar "as próprias mãos e equipamentos, como por exemplo brinquedos," para fazer com que a criança aprenda a sensação do movimento que tem dificuldade em fazer, num momento em que é mais fácil "mudá-las de um caminho que não é tão bom para um caminho que as leva para a forma como se deveriam desenvolver".

Segundo a especialista, a intervenção precoce é "fundamental", aproveitando-se "a plasticidade do cérebro" e a altura da vida em que o ser humano apresenta a maior "taxa de crescimento" e aprendizagem para "conseguir as maiores mudanças".

No ginásio da APCC, Gay Girolami, sentada de frente para um bebé de oito meses, mostrava aos formandos como usava um brinquedo para fazer com que a criança se movimentasse de determinada maneira, para perceber as dificuldades que enfrentava, bem como os movimentos que poderiam ter de ser corrigidos.

Este "é um processo de aprendizagem", que pode demorar meses ou anos, em que se procura que o bebé melhore a sua coordenação motora, disse Gay Girolami.

"A capacidade do terapeuta está em olhar para a criança, ver como se mexe e perceber que controlo motor não está presente e como deve praticar esse controlo motor, usando o ambiente que a rodeia e as suas mãos" para guiar e estruturar o movimento que se quer, explana.

Se o bebé "tem medo de se mover, vai ficar cada vez mais tenso" e os músculos "não aprendem que podem fechar e que podem abrir".

Segundo a especialista, com esta terapia em que a família tem de estar envolvida, "os pais veem que os bebés têm a capacidade de melhorar e de mudar e isso dá-lhes mais esperança e motivação".

Para a coordenadora do departamento de fisioterapia da APCC, Cristina Soutinho, o brinquedo que é usado é "muito importante" para o sucesso desta técnica já usada na instituição.

Sendo o brinquedo a motivação, "é muito importante que a criança inicie o movimento que se pretende e não fique apenas sentada" e para isso "o brinquedo ajuda e contribui", tendo de ser escolhido "de forma criteriosa".

A partir da aplicação desta terapia desde muito cedo, é possível obter "mais movimentos e mais participação" das crianças, ajudando para que estas sejam "pessoas mais participativas e mais autónomas", vinca.

De acordo com a também membro da direção da APCC, a terapia Bobath pode ser iniciada a partir dos dois meses.

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