Estudo
Investigadora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Beatriz de Oliveira Xavier, quis saber o que é viver com uma afeção...

A generalidade das pessoas hipertensas não encara a hipertensão arterial como uma “verdadeira doença”, considerando-a, sobretudo, resultado do “envelhecimento e dos excessos que se acumularam no corpo, consequentes da própria vida”, conclui um estudo desenvolvido por uma professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), que teve por base entrevistas a 40 doentes com esta afeção.

A investigadora, Beatriz de Oliveira Xavier, que recentemente prestou provas de doutoramento em Sociologia, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (com a tese “Entre o fazer e o dever: lógicas e práticas dos doentes hipertensos”), constatou, ainda, que a finalidade com que estes doentes – utentes da consulta de hipertensão arterial – recorrem à consulta se prende com o “ir buscar receitas”, ou com o “mostrar resultados de exames”.

Mais: “a consulta parece ser usada pelos doentes, não para reforço da sua autonomia pessoal, mas colocando no médico a responsabilidade de estabelecer o controlo” e “de vigiar”, refere a professora Beatriz Xavier.

No âmbito desta investigação qualitativa, assente em entrevistas em profundidade aos utentes da consulta de hipertensão arterial numa Unidade de Cuidados de Saúde Primários Personalizados de Coimbra (a maioria dos quais entre os 60 e os 69 anos, num intervalo de idade que vai dos 41 aos 82 anos), verificou-se, também, que “o cumprimento da medicação não é simples» e que «os doentes manifestam forte desagrado face ao consumo de fármacos”.

“Contudo, há uma enorme confiança na toma do comprimido como sendo essencial e o necessário para ter a hipertensão arterial controlada”, observa a investigadora da ESEnfC.

Já quanto ao cumprimento de dietas alimentares e da prática de exercício físico, ele “é geralmente submetido a outras prioridades ou circunstâncias de vida das pessoas”, como sejam a “dificuldade de conciliação com a atividade profissional, com a falta de tempo e com a vida familiar”, o “gosto e hábitos alimentares instalados”, o “facto de existir uma dimensão de comensalidade como prática social, de comer bem ser comer muito” e da “dimensão simbólica de certos alimentos, como o pão, ou o vinho”, salienta Beatriz Xavier.

Neste estudo, a professora da ESEnfC pretendeu “recolher a perspetiva singular das pessoas com hipertensão nas formas como descrevem a doença, como esta se apresenta nos seus quotidianos e como estas pessoas engendram ações de cuidado de si. De uma forma simples, podemos dizer que procurei saber o que é viver com hipertensão arterial”, conclui Beatriz Xavier.

De acordo com a Direção-Geral da Saúde (documento “A saúde dos portugueses. Perspetiva 2015”), estudos recentes indicam que a prevalência de hipertensão arterial na população adulta permanece alta: afeta cerca de 42% dos portugueses (44% em homens e 40% em mulheres).

“A hipertensão arterial é o mais importante fator de risco modificável para as doenças do aparelho circulatório (acidente vascular cerebral e doença isquémica do coração), que são a primeira causa de morte em Portugal”, lê-se no mesmo relatório.

Bioética quer referendo
O movimento “Direito a morrer com dignidade” apresenta, no sábado, um manifesto a defender a eutanásia, um tema sobre o qual o...

“Um referendo tem a vantagem de ser democrático, de as pessoas escolherem, mas também implica um debate alargado na sociedade”, disse o presidente da associação, Rui Nunes, que também é professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

O movimento, ainda em fase de recolha de assinaturas, defende no manifesto que as pessoas têm o direito a uma morte assistida digna, em casos de sofrimento profundo ou de doenças incuráveis, e quer a alteração da lei para a morte assistida (e suicídio assistido).

Ainda que sem revelar nomes, um comunicado do movimento diz contar com apoiantes que vão de médicos a deputados.

A Holanda, a Bélgica e o Luxemburgo são os únicos países da União Europeia onde a eutanásia é legal, sendo o conceito, na Holanda, o de que é possível a morte intencional de um doente, a seu pedido firme e consistente, através da intervenção direta de um profissional de saúde.

Rui Nunes considera que este seria o modelo a adaptar a Portugal e sublinha que a questão tem de ser intensamente debatida, até porque coloca muitas questões éticas, mas também muitos receios.

Nas sociedades desenvolvidas, explicou à Lusa, há uma percentagem muito significativa de pessoas que, em abstrato, concorda que se deve morrer com dignidade, “mas o problema é que este tipo de escolha racional e autónoma pode resvalar para a morte assistida, não por decisão do próprio, mas de terceiros”.

O professor dá o exemplo de um caso de uma pessoa em estado vegetativo persistente ou de uma criança, e diz que, na Bélgica, já é permitida a eutanásia de crianças, algo que é, diz, difícil de aceitar.

Rui Nunes tem até dúvidas sobre se este é o melhor momento para lançar uma discussão sobre a matéria, quando o país vive uma crise económica. Porque o preocupa que a eutanásia acontecesse por imposição de condições alheias à vontade do doente, que acontecesse a pessoas com capacidade diminuída.

“Tem de haver seguranças muito fortes”, diz, acrescentando que tem também de ser criado antes um plano nacional de cuidados paliativos, não se podendo legalizar a eutanásia para “resolver problemas sociais e do sistema de saúde”.

O debate, a acontecer, tem de ser o mais alargado possível e distinguindo entre a eutanásia voluntária e involuntária. E acrescenta ser preciso “distinguir legalização/despenalização e ponderar os constrangimentos económicos que a população enfrenta e as enormes carências existentes no que se refere ao acesso a cuidados paliativos”.

O movimento de cidadãos a favor da regulamentação e despenalização da morte assistida surgiu oficialmente em novembro passado, com uma reunião no Porto, e partiu de Laura Ferreira dos Santos, doutorada em Filosofia da Educação, autora de "Leituras feministas do cristianismo e da filosofia", "Diário de uma mulher católica a caminho da descrença, I e II", e de "Ajudas-me a morrer? A morte assistida na cultura ocidental do século XXI", entre outros livros.

UNICEF
Pelo menos 200 milhões de raparigas e mulheres foram vítimas de mutilação genital feminina em 30 países, revela um relatório...

No âmbito do Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, que se assinala no sábado, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lança o relatório "Mutilação Genital Feminina/Excisão: Uma Preocupação Global", segundo o qual "metade do conjunto de raparigas e mulheres que foram excisadas vivem em três países - Egipto, Etiópia e Indonésia".

Numa declaração conjunta da UNICEF e do FNUAP (Fundo das Nações Unidas para a População) é assinalado que, "independentemente da modalidade praticada", a mutilação genital feminina é, não só, mas também, "uma violação dos direitos das crianças".

"A mutilação genital feminina (MGF) difere consoante as regiões e as culturas", mas "em todos os casos viola os direitos das raparigas e mulheres", pelo que "governos, profissionais de saúde, líderes comunitários, progenitores e famílias devem acelerar os esforços para eliminar esta prática", afirmou a diretora-executiva-adjunta da UNICEF, Geeta Rao Gupta.

As raparigas até aos 14 anos constituem 44 milhões das excisadas, registando-se a maior prevalência de MGF nessa faixa etária na Gâmbia (56%), na Mauritânia (54%) e na Indonésia, onde cerca de metade de todas as raparigas até aos 11 anos foram submetidas à prática, enquanto os países com a maior prevalência na faixa dos 15 aos 49 anos são a Somália (98%), a Guiné (97%) e o Djibouti (93%).

Na maior parte dos países, é predominante o número de raparigas que foram excisadas antes de completar os cinco anos de vida.

No entanto, nos últimos 30 anos, as taxas de prevalência da MGF em raparigas com idades entre os 15 e os 19 anos diminuíram, nomeadamente na Libéria (em 41%), no Burkina Faso (em 31%), no Quénia (em 30%) e no Egipto (em 27%).

De assinalar ainda que, desde 2008, mais de 15.000 comunidades e bairros em 20 países declararam publicamente que estão a abandonar a MGF, incluindo mais de 2.000 comunidades em 2015, além de cinco países terem aprovado legislação para criminalizar a prática.

Os dados indicam também que, nos países onde existem dados sobre MGF, a maioria das pessoas considera que a prática deve ser eliminada, com os rapazes e homens a constituírem dois terços desse total.

Mas a taxa de progresso não é "suficiente para acompanhar o crescimento populacional" e, se as atuais tendências se mantiverem, "o número de raparigas e mulheres submetidas à MGF vai aumentar significativamente ao longo dos próximos 15 anos", lê-se na declaração.

Nesse sentido, Babatunde Osotimehin, diretor-executivo do FNUAP, e Anthony Lake, diretor-executivo da UNICEF, consideram necessário "encorajar mais comunidades e famílias a abandonar a MGF" e "trabalhar com um maior número de comunidades médicas – incluindo profissionais de medicina tradicional e convencional –, persuadindo-as a recusarem-se a realizar ou apoiar a MGF".

Os dois responsáveis consideram ainda fundamental "apoiar mais mulheres e raparigas que foram submetidas à prática nefasta e proporcionar-lhes acesso a serviços para ajudá-las a superar o trauma que sofreram", uma vez que a mutilação genital feminina "é uma prática violenta, que marcas as raparigas para o resto da vida", pondo em perigo a sua saúde e privando-as de direitos.

Considerando que a MGF "reflete e reforça a discriminação contra raparigas e mulheres", Babatunde Osotimehin e Anthony Lake salientam que, embora prevalecente em África e no Médio Oriente, a prática afeta "comunidades na Ásia, Austrália, Europa, América do Norte e do Sul".

Em setembro, na Cimeira das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, 193 nações aprovaram por unanimidade o ano de 2030 como meta para a eliminação da MGF.

Bial diz
A farmacêutica portuguesa Bial realçou que o relatório da Inspeção-Geral dos Assuntos Sociais francesa, sobre o ensaio clínico...

"O relatório da Inspeção-Geral dos Assuntos Sociais (IGAS), hoje apresentado, conclui que as causas do acidente verificado não puderam ainda ser apuradas, sendo que confirma que o protocolo de execução do ensaio está conforme a legislação e as recomendações aplicáveis, tal como decorria da aprovação prévia do mesmo pela Agência Nacional de Segurança do Medicamento e dos Produtos de Saúde (ANSM)", referiu num comunicado.

Na sequência da participação num ensaio clínico de um novo medicamente da farmacêutica portuguesa Bial em França, seis pessoas foram internadas, todos homens, entre 10 e 14 de janeiro, tendo um deles morrido, depois de declarada morte cerebral. Neste momento, todos os voluntários já tiveram alta hospitalar.

O relatório do IGAS, apresentado hoje pela ministra da Saúde de França, Marisol Touraine, em conferência de imprensa, concluiu que o laboratório Biotrial, onde foi realizado o ensaio clínico para a farmacêutica portuguesa Bial, respeitou a regulamentação, mas cometeu "três grandes falhas".

Além disso, a IGAS considerou que a seleção de voluntários para a realização do ensaio clínico deveria ter sido "mais rigorosa e criteriosa", nomeadamente quanto ao consumo de "substâncias psicoativas".

A Bial realçou que o "relatório preliminar não revela ainda os resultados das investigações em curso, em particular as relativas aos dados clínicos dos voluntários do ensaio, os quais são cruciais para um cabal esclarecimento das causas deste lamentável incidente".

E acrescentou: "a Bial reafirma que o desenvolvimento desta nova molécula (inibidor da enzima FAAH) seguiu, desde o início, todas as boas práticas internacionais, com a realização de testes e ensaios pré-clínicos".

A farmacêutica portuguesa lembrou ainda que o ensaio foi aprovado pela ANSM e pela Comissão de Ética Francesa, em conformidade com as orientações de boas práticas clínicas, com a Declaração de Helsínquia e de acordo com toda a legislação aplicável a ensaios clínicos.

Sublinhando que mantém "todo o empenho, compromisso de transparência e partilha de informação", em colaboração com as autoridades francesas, para de forma "rigorosa e exaustiva" apurar o que aconteceu no ensaio.

Instituto Ricardo Jorge
A atividade gripal epidémica foi de “baixa intensidade, com tendência estável”, na semana de 25 a 31 de janeiro, de acordo com...

De acordo com o boletim informativo, o vírus da gripe A (H1)pdm09 foi detetado em 64% dos casos analisados nessa semana, um valor superior ao da semana anterior, mas o boletim realça que “os vírus da gripe circulantes são, na sua maioria, semelhantes aos vírus contemplados na vacina antigripal da época 2015-2016”.

As Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) reportaram ter admitido 15 novos casos de gripe na última semana de janeiro, sendo que todos os pacientes estavam infetados com o vírus A(H1N1).

Segundo o Instituto Ricardo Jorge, a mortalidade observada por todas as causas apresentou “valores de acordo com o esperado”, numa semana em que a temperatura mínima do ar registou valores médios acima do normal para a época.

A época gripal 2015-2016 começou em outubro e termina em maio.

Ensaio clínico para a Bial
A Inspeção-Geral dos Assuntos Sociais francesa considerou que a seleção de voluntários para a realização do ensaio clínico no...

“Falta precisão e coerência nos critérios de seleção [dos voluntários] quanto aos seus hábitos de consumo de substâncias psicoativas. Deviam ter mantido um critério específico de exclusão dos voluntários com hábitos de consumo regular de canábis”, refere o relatório da IGAS, divulgado hoje, no âmbito de uma investigação à morte de um voluntário, num ensaio clínico realizado no laboratório francês Biotrial para a farmacêutica portuguesa Bial.

Na sequência da participação no ensaio clínico realizado pela empresa francesa para um novo medicamento a farmacêutica portuguesa Bial em França, seis pessoas foram internadas, todos homens, entre 10 e 14 de janeiro, tendo um deles morrido, depois de declarada morte cerebral.

Neste momento, todos os voluntários já tiveram alta hospitalar.

O relatório da IGAS realçou que no caso particular de um voluntário, ao qual é atribuído o número 2508, estava “documentado” que consumia drogas, mas não deu essa informação aquando da sua inscrição na base informática da Biotrial, em outubro de 2015.

E acrescentou: “quando fez um exame de pré-seleção em novembro para um outro ensaio, entretanto anulado, ele respondeu que não consumia drogas de maneira abusiva, tendo a despistagem dado negativa”.

Quando foi selecionado para o ensaio 1BIAL35, a despistagem a drogas deu novamente negativo, mas os inspetores da IGAS consideram “necessário” aprofundar a investigação quanto a esta questão.

A inspeção não especifica se o voluntário em causa foi o que faleceu ou um dos cinco que foram internados.

Segundo o relatório, a Biotrial disse à IGAS que os voluntários foram “todos” interrogados sobre os seus hábitos de consumo de canábis.

“Foi-lhes perguntado diretamente se eram consumidores de droga e foi-lhes feito um rastreio à urina, capaz de detetar o consumo recente destas substâncias”, lê-se.

A Biotrial adiantou ainda que as “intoxicações antigas”, nomeadamente consumos regulares ou episódios de dependência, deviam estar assinalados no histórico clínico do voluntário, fator que deveria conduzir à sua exclusão.

A ministra da Saúde de França, Marisol Touraine, disse, em conferência de imprensa, que o laboratório Biotrial respeitou a regulamentação, mas cometeu “três grandes falhas”, referindo-se às conclusões deste relatório.

E sublinhou: “não foi ainda possível apurar as causas diretas do acidente”.

Pimenta Marinho
O médico Pimenta Marinho é o novo presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte depois de o...

“Designo, em regime de substituição, para exercer o cargo de presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Norte, IP, o licenciado António José da Silva Pimenta Marinho, cujo currículo académico e profissional (…) evidencia a competência técnica, aptidão, experiência profissional e formação adequadas ao exercício das respetivas funções”, pode ler-se num despacho publicado em Diário da República de dia 02 mas que “produz efeitos a 04 de fevereiro”.

No despacho, assinado pelo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes, a nomeação de um novo presidente do Conselho Diretivo é justificada “considerando a vacatura do cargo” na sequência “de cessação do mandato a pedido do anterior titular” Álvaro Almeida.

A 20 de janeiro, o ministro assumiu ter recebido o pedido de renúncia de Álvaro Almeida que, após procedimento concursal, havia sido designado pelo anterior ministro da Saúde Paulo de Macedo para exercer o cargo durante cinco anos.

Pimenta Marinho, que foi vice-presidente do conselho diretivo da ARS Norte entre dezembro de 2010 e outubro de 2011, altura em que o atual secretário de Estado da Saúde era o presidente, irá agora assumir o cargo em regime de substituição.

Esta nomeação, confirmada pela ARS Norte, visa assegurar o “normal funcionamento do respetivo Conselho Diretivo até à conclusão do procedimento concursal aplicável, a realizar pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública”.

Vírus Zika
A Organização Mundial de Saúde considerou "adequado" restringir as doações de sangue de viajantes oriundos de países...

"Com o risco de novas infeções pelo vírus Zika em diversos países, e a possível ligação entre (...) o vírus e a microcefalia, além de outras consequências clínicas, restringir as doações de sangue por parte daqueles que regressam de regiões onde há a epidemia é uma medida de precaução adequada", segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O Canadá e a Grã-Bretanha já tomaram a dianteira, tendo as autoridades de saúde canadianas anunciado, na quarta-feira, que os viajantes que voltam das regiões de maior risco devem esperar 21 dias após regressar ao Canadá para doar sangue.

Por seu lado, o serviço público de saúde britânico decidiu, também na quarta-feira, que aqueles que voltam de países afetados pela epidemia não podem doar sangue ou órgãos durante 28 dias, como "medida de precaução".

O vírus é uma ameaça para as mulheres grávidas e, em alguns casos, causa complicações graves no feto, incluindo malformações, o que levou a OMS a declarar o caso como uma "emergência de saúde pública de âmbito internacional".

Quinze países latino-americanos estão bastante preocupados, incluindo o Brasil e a Colômbia, os dois mais afetados.

Biotrial
A ministra da Saúde francesa anunciou que foram identificadas “três falhas graves” do laboratório Biotrial no ensaio clínico,...

Essas falhas “na condução do ensaio e na gestão da crise” subsequente – ocorridas entre 10 e 14 de janeiro em Rennes - foram apontadas pela Inspeção Geral de Assuntos Sociais (IGAS) num relatório preliminar que Marisol Touraine apresentou em conferência de imprensa, classificando o caso como “de excecional gravidade e sem precedentes no país”.

“O laboratório não se manteve suficientemente informado sobre o estado de saúde do primeiro voluntário hospitalizado [a 10 de janeiro]”, indicou a ministra, acrescentando que se verificou “ausência de procedimentos internos para gerir uma tal situação” e que foi realizada “a 11 de janeiro uma nova administração da molécula aos outros voluntários”, o que constitui a primeira das três “falhas graves”.

A segunda falha “decorre diretamente da primeira, tendo os inspetores constatado que o laboratório não informou formalmente os outros voluntários do sucedido na véspera. Isso não lhes permitiu dar consentimento informado à continuação do ensaio clínico”, sublinhou.

A terceira falha grave identificada pelos inspetores “diz respeito à comunicação do acidente”.

“Segundo os inspetores, a gravidade do caso constitui um facto novo, suscetível de comprometer a segurança dos voluntários”, pelo que “deveria ter sido comunicado sem demora à Agência Nacional de Segurança do Medicamento (ANSM)”, mas o Biotrial “só procedeu a uma declaração formal a 14 de janeiro, ou seja, quatro dias após a hospitalização do primeiro voluntário e três dias depois da decisão de interromper o ensaio” de Fase 1.

A inspeção não considerou, contudo, que estas falhas “justifiquem a suspensão, como medida de precaução, da autorização de realização de ensaios clínicos concedida ao laboratório Biotrial”.

A ministra francesa frisou que este relatório preliminar “não permite identificar as causas diretas do acidente”, pelo que “as análises, nomeadamente farmacológicas, prosseguem” e o IGAS entregará um relatório final antes do fim de março.

Marisol Touraine indicou ainda que vai “propor à Comissão Europeia a criação urgente de uma comissão de especialistas internacionais para reforçar a proteção dos voluntários saudáveis nos ensaios clínicos”.

Campanha sensibiliza população através de mensagens positivas partilhadas
A Sociedade Portuguesa de Oncologia, com o apoio da Janssen, companhia farmacêutica do grupo Johnson & Johnson, pretende...

Mostrar que o cancro não é o fim, que pode ser superado e que cada vez mais é uma doença prevenível e curável são os objetivos da campanha de sensibilização, que será lançada no dia 4 de fevereiro.

Intitulada “As Faces do Cancro”, a campanha de sensibilização centra-se num vídeo onde são mostradas histórias de quem vive com cancro, de familiares e de profissionais de saúde que dão a conhecer particularidades da sua vida, mostrando que é possível ter uma vida tão normal quanto possível para além do cancro.

“Gosto do meu corpo, do meu peito, do que ele representa”, sintetiza Alexandra Silva, sobrevivente de cancro da mama, mas feliz. “Aqui os riscos são diferentes (…), mas é assim a vida é um risco”, diz Paula Rodrigues, enfermeira no IPO de Lisboa, comparando a sua profissão no IPO com a função de diretora num clube de patinagem artística. Estas são duas das “Faces do Cancro” apresentadas na primeira pessoa e em discurso direto.

E porque é preciso mudar hábitos e mentalidades, a campanha assenta também no site www.asfacesdocancro.pt.

“Ao lançar esta campanha, a SPO pretende chamar a atenção dos portugueses para o cancro, uma doença que toca muitas faces, seja direta ou indiretamente, e que merece ser conhecida melhor pela população.”, afirma Gabriela Sousa, presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO).

“Estima-se que a meio deste século, 50% da população tenha cancro em alguma fase da sua vida. Será uma doença que poderá ser prevenida e tratada, quase à semelhança de outras doenças crónicas. Para isso, o caminho passa por evitar fatores de risco, criar novos meios de diagnóstico, aumentar os rastreios, promover políticas de prevenção, procurar ter tratamentos cada vez mais eficazes e, sobretudo, por manter a população informada. E esta é a principal mensagem que procurámos passar com ‘As Faces do Cancro’”, conclui.

Para o diretor-geral da Janssen Portugal, José Antonio Burón, esta deve ser uma “causa de todos” e, por isso, “a Janssen não quis deixar de juntar a sua face a esta campanha”.

José Antonio Burón assevera que na Janssen sabem “que a gestão eficaz desta doença vai além da disponibilização de medicamentos que prolonguem a vida do doente” e apela à “participação de todos para travar esta doença, seja através da adoção de um estilo de vida saudável, do apoio àqueles que têm cancro ou do diálogo construtivo que visa alterar perceções e mudar realidades.”

O cancro é uma doença que surge com a própria evolução da espécie. O cancro já atinge uma em cada três pessoas e espera-se que atinja metade da população a meio do século.

Anualmente são diagnosticados 40 a 45 mil novos casos no país. Entre 20 a 25 mil morrem de doença oncológica, a segunda causa de morte em Portugal, depois das doenças cardiovasculares.

O envelhecimento da população, bem como as alterações dos estilos de vida são apontados como os responsáveis por este cenário. Tendo estes fatores em mente, “As faces do cancro” pretendem incitar a sociedade portuguesa a mudar hábitos e comportamentos. 

Em menos de dois anos
Mais de 6.200 cheques para diagnóstico do cancro oral foram emitidos desde o início do funcionamento do programa, tendo sido já...

Segundo dados da Ordem dos Médicos Dentistas divulgados, entre março de 2014 e o final desse ano foram emitidos 2.401 cheques-diagnóstico, número que cresceu em 2015 para 3.836 cheques emitidos.

O Programa de Intervenção Precoce de Cancro Oral arrancou em março de 2014, tendo havido na altura alguns problemas com o sistema informático de emissão dos cheques. Ainda assim, só nesse ano foram realizadas 269 biópsias ao abrigo do programa.

O número de biópsias mais que duplicou em 2015, quando se realizaram 661 biópsias.

Dos 3.836 cheques para diagnóstico emitidos no ano passado foram utilizados 1.421. Destes, 703 deram origem a um cheque para biópsia, tendo sido usados 661.

“Queremos que a taxa de utilização cresça para os níveis do programa cheque-dentista. É importante que os médicos de família sejam mais proactivos na divulgação do programa junto dos seus doentes, sobretudo os que têm mais de 40 anos e são fumadores e/ou consumidores de álcool, que são quem apresenta maior risco de cancro oral”, refere a Ordem dos Médicos Dentistas num comunicado de balanço do programa feito hoje, Dia Mundial de Luta Contra o Cancro.

Das 661 biópsias realizadas em 2015, houve resultado positivo para cancro oral em 23 casos, doentes que são encaminhados para o Instituto Português de Oncologia de referência. Outros 49 resultados apontaram para biópsias potencialmente malignas.

A região Norte foi a que apresentou mais casos positivos (16) e potencialmente malignos (34), como já tinha acontecido em 2014.

Dados da Federação Dentária Internacional indicam que, em 2012, ocorreram em todo o mundo 229 mil casos de cancro oral, tendo provocado mais de 145 mil mortos.

A taxa de sobrevivência do cancro oral a cinco anos ronda os 50%, uma das mais baixas de todos os cancros.

Dia Mundial da Luta Contra o Cancro
Rouquidão prolongada, dificuldade em engolir ou respirar podem ser os primeiros sinais de um cancro

Ao contrário do que acontece na grande maioria dos casos, o tumor de Vera não apresentou qualquer tipo de sintoma. E, foi numas análises de rotina que descobriu que tinha a doença.

“Eu nunca tive qualquer sintoma, por isso este diagnóstico caiu como uma bomba na minha vida. E eu tinha 24 anos…”, começa por contar.

Embora fosse seguida por um endocrinologista desde os 18 anos “por ter uma alteração nos níveis da tiróide”, nunca apresentou qualquer tipo de queixa e nada faria prever o desenvolvimento da doença.

“Eu fazia apenas uma medicação para controlar os níveis da tiróide… Aliás, era o único medicamento que eu tomava e todos os anos fazia análises para monitorizar o seu funcionamento”, recorda.

Licenciada em Ciências da Comunicação entrou para a Força Aérea em 2004. Um ano que nunca vai conseguir esquecer.

“Na altura, eu estava muito focada na parte profissional. Já tinha feito a recruta, superado algumas dificuldades, e estava a meio do curso de oficiais quando soube que alguma coisa não estava bem”, explica Vera.

Nesse ano, por indicação do médico, tinha deixado de tomar a medicação para a tiróide. “Não sei se teve alguma coisa a ver com isso ou não. Sei apenas que tinha deixado de tomar a medicação para ver como a tiróide reagia sem ela”, adianta revelando que, nas análises de rotina, que fez nessa altura, o médico percebeu que havia algo de errado.

“Eu estava na Ota, a meio do curso de oficiais, quando o meu médico ligou para a minha mãe a dizer que as análises tinham qualquer coisa fora do normal e que eu tinha de fazer um exame”, conta.

Sem nunca pensar no pior, Vera fez uma biopsia e soube que tinha um nódulo na tiróide.

“Lembro-me que o médico teve alguma dificuldade em dar-me a notícia e eu, que não tinha ligado nenhuma ao exame, comecei a ficar inquieta com o que ele me estava a dizer. Eu tinha um nódulo, com nove milímetros, que tinha de ser removido antes que crescesse demais”, recorda admitindo que assim que ouviu a palavra “nódulo” a associou de imediato a “cancro”.

Revoltada, chorou. E não quis aceitar. “Chorei de raiva. Eu só pensava: como é possível ser seguida há tantos anos e de repente isto acontecer?”

“Aí caiu-me o Mundo. Eu não fazia ideia do que me ia acontecer dali para a frente. Sabia apenas que tinha de ser operada o quanto antes”, diz.

De um lado inquietava-a a incerteza da sua recuperação, por outro revoltava-se por se ter dedicado tanto a um projeto profissional, de vida, que agora corria o risco de perder. “Foi um misto de emoções. Antes do diagnóstico eu estava super focada no curso. Queria terminar bem classificada. Era a minha prioridade. E depois veio o medo de não sobreviver, de passar por alguma complicação”, admite Vera.

“Honestamente, acho que foi a conversa com o cirurgião, para o qual fui imediatamente encaminhada, que me deu força para enfrentar tudo o que me estava a acontecer”, explica.

Vera quis saber tudo ao pormenor. Tudo o que ia ou podia acontecer. Queria garantias. Que ia ficar bem e que podia cumprir com os seus objetivos.

“Uma das coisas que o cirurgião me garantiu é que ia poder terminar o curso de oficiais antes da cirurgia e que, embora fosse essa uma das suas complicações, não iria ficar com a voz afetada”, revela.

Confiante de que estava em boas mãos, acabou por se focar na sua recuperação.

“A dada altura eu só queria que tudo passasse o mais rápido possível e, embora tenha tido alguns momentos de introspecção, mantive o pensamento positivo”, recorda a jovem.

“Tive medo, claro… Medo de perder voz. Para alguém da área da comunicação e que ia integrar um projeto de rádio, perder a voz era o pior que podia acontecer… Tive medo de não acordar ou de acordar a meio da cirurgia”, conta.

Na realidade, antes da cirurgia o “nervoso miudinho era tanto” que passou a tarde a dizer disparates. “Eu acabei por ser a última a ir para o bloco, por isso, passei a tarde toda a contar anedotas, a rir com o meu pai, a dizer disparate e a minha mãe, coitada, nervosíssima. Mas nós não conseguíamos parar”, relembra.

Vera foi operada cerca de um mês depois de ter recebido o diagnóstico. “Correu tudo bem e eu senti dentro de mim que eu ia ficar bem”, acrescenta.

Sem tiróide e paratiroides passou a tomar um fármaco de substituição destas glândulas, cálcio e vitamina D.

Um ano mais tarde fez um tratamento com iodo radioativo. “As células da tiróide alimentam-se de iodo. A radioatividade do iodo destrói as células cancerígenas”, explica acrescentado que esta foi, sem dúvida, uma das fases mais complicadas deste processo.

“Eu fiquei isolada num quarto durante os três dias de tratamento. O meu corpo expelia radioatividade e por isso ninguém podia ter contato comigo”, recorda.

“Depois de sair do IPO, e pelo período de 15 dias, não pude estar perto de grávidas, bebés ou crianças. E mesmo os adultos, só podiam estar, no máximo, duas horas no mesmo espaço que eu. A radioatividade presente no meu corpo podia provocar infertilidade nas outras pessoas”, justifica.

Desde esta altura, Vera é seguida no Instituto Português de Oncologia onde faz exames anuais para monitorizar o seu estado de saúde.

“Vou ser seguida para o resto da vida e também não vou poder deixar de tomar a medicação e os suplementos de cálcio ou vitamina D, mas estou aqui! Foi uma batalha dura mas eu venci!”, conclui.

Sobre o cancro da tiróide:
O carcinoma da tiróide é um tumor maligno relativamente raro, que afecta sobretudo o sexo feminino, numa relação de 4 mulheres para 1 homem.

Apesar da grande maioria dos nódulos da tiróide serem benignos, surgem anualmente, em Portugal, cerca de 400 novos casos de cancro da tiróide. E embora represente apenas 1% de todas as patologias oncológicas registadas no país, a sua incidência tem vindo a aumentar.

O cancro da tiróide é mais frequente nas pessoas que receberam algum tipo de radiação ao nível da cabeça, pescoço e tórax. E há, contudo, tratamentos eficazes para os nódulos malignos.

O prognóstico para os carcinomas papilar e folicular é de 95% de sobrevivência, após dez anos.

O primeiro sinal de cancro da tiróide é, habitualmente, uma saliência indolor no pescoço. Rouquidão, endurecimento e presença de gânglios aumentados no pescoço são outros sinais.

O diagnóstico é realizado por meio de uma citologia aspirativa, sendo sempre necessária a confirmação através da análise microscópica (histológica) do nódulo, após a cirurgia.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Novas tecnologias
Tecnologias microscópicas introduzidas no organismo podem ajudar a tratar esta doença. Depois de várias experiências com...

É a materialização de um sonho antigo. Num passado ainda muito recente, especialistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia e das Universidades de Columbia e do Arizona, nos Estados Unidos da América, juntaram-se para programar e construir dois robots de milionésimos de milímetros de tamanho. Estes nanorobots, com inúmeras extremidades, conseguem realizar tarefas complexas à escala microscópica, mexendo-se e girando sobre si mesmos, escreve o Sapo.

À semelhança de outros dispositivos desenvolvidos entretanto, conseguem executar trabalhos concretos, reagem ao meio ambiente, auto reparam-se, tomam decisões, manipulam os genes, constroem material orgânico e reparam tecidos vivos. No futuro, esta nova tecnologia vai permitir, por exemplo, combater um tumor desde o seu núcleo. Como? Sendo programado para identificar, perseguir e destruir todas as células cancerígenas que for encontrando ao longo do interior do organismo.

Ao contrário do que seria de esperar, os primeiros testes envolvendo ADN humano serão, no entanto, feitos ao longo deste ano na Universidade Bar-Ilan, em Israel, onde o professor Ido Bachelet desenvolveu nanorobots programáveis, capazes de combater células cancerígenas, enquanto parte integrante de uma terapia que combina vários fármacos. Em desenvolvimento desde dezembro de 2014, os dispositivos conseguem identificar e distinguir 12 tipos de células cancerígenas.

DGS
A subdiretora-geral da Saúde disse que o estudo que aponta para a transmissão humana da doença dos Legionários carece de mais...

Graça Freitas comentava os resultados de um estudo realizado por profissionais de saúde de várias instituições nacionais, que será divulgado na revista New England Journal of Medicine, indicando que a doença dos Legionários poderá ser transmitida pessoa a pessoa.

“Agora vamos ter de continuar a estudar. É um caso pontual e esporádico, que aconteceu uma única vez, aparentemente. Não há motivo para se alertar as pessoas para a infeção de pessoa a pessoa. Agora, se se verificar noutros sítios e se se tornar um padrão, e se existir risco, então alertaremos as pessoas, mas não é o caso agora”, frisou a responsável.

Graça Freitas explicou que o caso provável de transmissão pessoa a pessoa ocorreu no contexto do surto que se registou em Vila Franca de Xira entre novembro e dezembro de 2014, provocando a morte de 14 pessoas.

Além das mortes, 400 pessoas foram diagnosticadas com a doença.

“Na sequência do surto, todos os casos foram investigados. Foram feitas por diversas autoridades de saúde e ambientais inquéritos às investigações e exames laboratoriais às pessoas e á água para ver a origem da infeção”, contou.

Segundo a subdiretora-geral da saúde, os investigadores chegaram à conclusão depois de identificarem na região de saúde do norte, dois casos fatais da doença em familiares, em que um deles não tinha qualquer associação geográfica com Vila Franca de Xira.

“Foram feitas análises laboratoriais e verificou-se que o vírus da pessoa era igual ao dos doentes de Viola Franca de Xira e ao encontrado no ambiente em Vila Franca de Xira”, disse.

Na opinião de Graça Freitas, estes resultados são importantes porque é a primeira vez que se verifica uma possível transmissão da doença do legionário pessoa a pessoa.

“No entanto, este resultado carece de investigação de culturas e do aparecimento de casos noutros locais do mundo. Quero salientar que perante casos de legionella, o objetivo da investigação é encontrar o foco ambiental, aquela que é a origem da doença e que está no ambiente”, salientou.

O estudo, inédito a nível mundial, assinado por 17 coautores, envolveu profissionais de saúde de várias instituições, nomeadamente da Administração Regional de Saúde do Norte e do Instituto Nacional de Saúde doutor Ricardo Jorge.

“Apesar do risco de transmissão pessoa a pessoa da Doença dos Legionários ser certamente muito baixo, as conclusões deste trabalho poderão servir para alertar a comunidade médico-científica para a eventual necessidade de rever as medidas de prevenção e controlo da doença”, refere a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte), num comunicado enviado à agência Lusa, a divulgar o estudo e a sua publicação.

A Doença dos Legionários é uma pneumonia que afeta preferencialmente pessoas idosas, fumadoras, imunodeprimidas ou pessoas com doenças crónicas.

A pneumonia provocada pela legionella pode provocar a morte.

Afastada hipótese de surto
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra confirmou que três pessoas com a bactéria multirresistente “klebsiella...

Apesar das mortes, o diretor clínico José Pedro Figueiredo afastou a possibilidade de um surto e disse que associados a este caso estão internados no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) 21 doentes.

Entre estes 21, oito estão infetados e os restantes colonizados com a bactéria.

Dos doentes infetados, quatro estão nos cuidados intensivos, um dos quais deverá ter alta, dois têm prognóstico favorável e um outro prognóstico reservado e "nenhum deles está internado com patologia relacionada com a klebsiella", apresentando outras patologias.

O Jornal de Notícias associava esta bactéria e os internamentos em Coimbra a um surto que em Gaia, em 2015, acabou por atingir mortalmente três pessoas.

Desde que o CHUC “tomou conhecimento desta situação, foram implementadas um conjunto de medidas de prevenção, que radicam sobretudo na identificação dos doentes, no seu isolamento e numa monitorização permanente da sua evolução clínica”, disse o diretor clínico do CHUC, que falava hoje, ao final da manhã, numa conferência de imprensa.

“Em nenhuma circunstância se justifica alarmismo social”, sublinhou José Pedro Figueiredo, referindo o CHUC tem, nos seus diferentes estabelecimentos hospitalares, “internados em situação aguda, habitualmente, mais de 1.900 doentes”.

Sublinhando que “há diferença entre doentes colonizados e doentes infetados por este tipo de a klebsiella”, o responsável referiu que os infetados “têm uma cultura num produto biológico positiva”, devendo ser tratados com os antibióticos disponíveis, enquanto os doentes colonizados, embora possam registar “uma cultura positiva num dos produtos biológicos”, não têm qualquer “manifestação clínica da infeção”.

Os doentes colonizados pela bactéria não devem ser tratados com antibióticos, “mas tal como os infetados, devem ser objeto de medidas de isolamento e do controlo”, concluiu.

Nos CHUC “estamos a tomar todas as medidas adequadas, usando da capacidade de vigilância que um hospital desta envergadura indiscutivelmente dispõe para termos a capacidade de permanentemente tranquilizar os nossos cidadãos acerca desta circunstância clínica”, assegurou José Pedro Figueiredo.

Sobre as vítimas mortais ali registadas em janeiro deste ano, o diretor clínico do CHUC disse que só três óbitos são atribuíveis à infeção por klebsiella produtora de carbapenemases”.

“Temos seis óbitos [em janeiro] nos quais os doentes estavam colonizados, mas só em três desses é que podemos atribuir o desfecho fatal à infeção por klebesiella”, assegurou.

O diretor clínico do CHUC sustenta que estes casos não configuram “a situação técnica de surto”.

O CHUC está a fazer rastreio, “procedendo a análises sistemáticas de todos os contactantes [com doentes afetados pela bateria] e, naturalmente, a fazer mais análises dirigidas para esta circunstância, mas não se trata de surto na definição técnica” do termo, afirmou.

Nos EUA
Ao administrarem antipiréticos como o paracetamol ou ibuprofeno, os pais estão, na verdade, a fazer com que a doença se...

Um novo guia realizado pela Academia Norte-Americana de Pediatras aconselha os pais a não darem medicamentos aos filhos quando estes estão com febres baixas, uma vez que a febre é um mecanismo natural de defesa do corpo e não uma doença em si. Ao administrarem antipiréticos como o paracetamol ou ibuprofeno, os pais estão, na verdade, a fazer com que a doença se prolongue., escreve o Observador.

De acordo com a Academia Norte-Americana de Pediatras, citada pelo Telegraph, os pais dão medicamentos aos filhos com demasiada regularidade, quando estes têm apenas febre baixa ou não têm febre de todo. Para além disso, muitas das vezes, as doses de paracetamol ou ibuprofeno são administradas incorretamente. Segundo os autores do guia, um dos erros mais frequentes é dar às crianças doses que são recomendadas para os adultos. Em outros casos, se as crianças forem pequenas para a sua idade, estas também pode receber doses demasiado altas, mesmo que os pais sigam as instruções.

O guia refere ainda que os médicos de família aconselham demasiadas vezes os pais a administrarem antipiréticos aos filhos quando, na maioria dos casos, a situação não o justifica. Em vez disso, a Academia Norte-Americana de Pediatras defende que os médicos deviam “ajudar os pais a compreender que a febre não põe em risco a saúde das crianças”. “Devia ser enfatizado que a febre não é uma doença mas, na verdade, um mecanismo fisiológico que tem efeitos benéficos na luta contra a infeção.”

9 de Fevereiro
A RESPIRA - Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, celebra dia 9 de Fevereiro, nove...

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença subdiagnosticada e subtratada em Portugal. Grande parte da população quando é diagnosticada desconhece por completo a doença e a forma como terá que se adaptar à nova condição. Foi com o objetivo de contribuir para o conhecimento, prevenção e tratamento das doenças crónicas e para a promoção e defesa dos direitos dos doentes que há nove anos a RESPIRA foi fundada.

Segundo dados do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias da Direcção-Geral da Saúde a DPOC é, atualmente, considerada a 4ª causa de morte no mundo e um problema de saúde pública em Portugal. Afeta cerca de 800 mil portugueses e apesar de ser muitas vezes apontada como uma doença associada aos mais idosos, estima-se que 50% dos doentes tenham menos de 65 anos. Especialistas apontam a exposição ao tabaco como a primeira causa da DPOC.

A Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas – RESPIRA, foi legalmente constituída a 9 de Fevereiro de 2007. Desde a sua fundação desenvolveu várias campanhas de sensibilização com o objetivo de promover a melhoria das condições de vida das pessoas com doenças respiratórias crónicas, incrementar hábitos saudáveis e prevenir o tabagismo, e ainda apoiar o desenvolvimento de programas de promoção da saúde respiratória e criação brochuras ou guias práticos de apoio à família, cuidadores e pessoas portadoras de DPOC.

Infarmed
Quase seis mil doentes iniciaram tratamentos para a hepatite C em Portugal, com pelo menos 1.200 utentes já considerados...

Os números, que reportam a 1 de fevereiro, constam do site da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) e contabilizam 5.992 doentes com tratamento iniciado.

Dos doentes que já finalizaram o protocolo de tratamento, 1.202 estão curados e há 49 dados como doentes não curados.

O acordo entre o Estado e o laboratório que fornece os medicamentos inovadores para a hepatite C foi formalizado há um ano, tendo sido apresentado pelo então ministro da Saúde, Paulo Macedo, no dia 6 de fevereiro de 2015.

Contudo, os dados do Infarmed de doentes em tratamento incluem não apenas os doentes tratados por medicamentos no âmbito deste acordo.

O acordo – assinado por dois anos - prevê o pagamento por doente tratado e não por tempo de tratamento ou quantidade de medicamentos. A comparticipação do Estado português nos dois medicamentos abrangidos pelo acordo é de 100%.

Tratou-se de fazer um acordo em que os custos são suportados pelo Estado quando o doente fica efetivamente curado e, caso não aconteça, o laboratório fornece outro tratamento.

O universo de doentes potencialmente abrangidos foi definido em 13 mil pessoas, um número que poderá ter oscilações, não só porque haverá um conjunto que não precisará do medicamento, como outros doentes novos a registarem-se.

Este acordo foi alcançado depois de meses de luta dos doentes para conseguirem obter o tratamento, processo que ficou marcado pela intervenção, na Assembleia da República, de um portador de hepatite C, José Carlos Saldanha, que interrompeu a audição do então ministro da Saúde pedindo-lhe que não o deixasse morrer.

Na Assembleia da República
Uma petição com 25.000 assinaturas para acabar com as desigualdades no acesso ao rastreio, diagnóstico e tratamento do cancro...

Lançada pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) a 19 de novembro do ano passado, a petição “Pela Equidade no Acesso ao Rastreio, Diagnóstico e Tratamento das mulheres com Cancro da Mama” vai ser entregue simbolicamente no Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, numa sessão com o vice-presidente da Assembleia da República, José Manuel Pureza.

O objetivo é assinalar a data de “uma forma positiva, mas também reivindicativa em relação aos doentes oncológicos e, sobretudo, chamar a atenção dos nossos representantes na Assembleia da República, que são os que fazem as leis e que podem pressionar os governos para que haja uma determinação no que diz respeito à oncologia”, disse o secretário-geral da LPCC.

A oncologia tem sido “um parente pobre” dos últimos governos, na medida em que está subfinanciada, têm sido tomadas poucas medidas e “os direitos dos doentes oncológicos são constantemente atropelados”, sublinhou Vítor Veloso.

A petição reuniu 25 mil assinaturas, mas o processo vai continuar no sítio da internet www.ligacontracancro.pt: “É uma petição que toca toda a população portuguesa e pensamos que deverá atingir dentro de pouco tempo 40 a 50 mil assinaturas”, disse o oncologista.

Vítor Veloso explicou que é uma petição fundamentalmente dirigida a uma situação de desigualdade que existe no país: “Nós não queremos desigualdades, queremos equidade” no rastreio de base populacional do cancro da mama.

Na região centro todas as mulheres estão rastreadas, no norte já estão 82% e no sul ainda "falta muito para atingir metade das mulheres”, uma situação que cabe ao Governo resolver, salientou.

Por outro lado, a petição pretende que os responsáveis políticos tenham consciência de todas estas situações e da necessidade dos doentes com cancro terem “uma acessibilidade adequada” ao diagnóstico, ao tratamento e a terapêuticas inovadoras, “muitas vezes determinantes” para a cura do cancro ou para melhorar a qualidade de vida dos doentes e garantir uma "sobrevivência muito grande".

Visa também criar junto da Comissão Parlamentar de Saúde um grupo de reflexão que avalie a situação da oncologia e que a Assembleia da República coloque “o cancro na agenda”, uma vez que é “o principal problema de saúde pública a nível nacional”.

Entre os objetivos da petição estão também a “garantia de que, em casos de suspeita clinicamente demonstrada, exista acesso em tempo útil a um serviço hospitalar com capacidade de diagnosticar e tratar os doentes”.

Atualmente, surgem 6.000 novos casos de cancro da mama por ano, 16 novos casos por dia. Em 2014, foram realizadas mais de 279 mil mamografias a nível nacional, através do programa de rastreio da LPCC.

Estudo português
A Doença dos Legionários poderá ser transmitida pessoa-a-pessoa, segundo um estudo realizado por profissionais de saúde de...

“Apesar do risco de transmissão pessoa-a-pessoa da Doença dos Legionários ser certamente muito baixo, as conclusões deste trabalho poderão servir para alertar a comunidade médico-científica para a eventual necessidade de rever as medidas de prevenção e controlo da doença”, refere a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte), num comunicado, a divulgar o estudo e a sua publicação.

O estudo, inédito a nível mundial, assinado por 17 coautores, envolveu profissionais de saúde de várias instituições, nomeadamente da Administração Regional de Saúde do Norte e do Instituto Nacional de Saúde doutor Ricardo Jorge.

No comunicado, a ARS Norte explica que o caso provável de transmissão pessoa-a-pessoa ocorreu no contexto do surto que se registou em Vila Franca de Xira entre novembro e dezembro de 2014, provocando a morte de 14 pessoas.

Além das mortes, 400 pessoas foram diagnosticadas com a doença.

“Os autores do estudo chegaram à conclusão depois de identificarem, na região de saúde do Norte, dois casos fatais da doença em familiares, em que um deles não tinha qualquer associação geográfica com Vila Franca de Xira”, refere o comunicado.

Para compreender melhor a ocorrência, “foi estudada a relação genética entre as bactérias isoladas daqueles doentes, tendo-se concluído, após a sequenciação total do genoma, em ambos os casos, que, para além de se tratar da estirpe anteriormente identificada como causadora do surto de Vila Franca de Xira, as bactérias isoladas revelavam uma similaridade total do seu material genético”, explica a ARS Norte.

Segundo o comunicado, a investigação epidemiológica “revelou a existência de um contacto muito estreito entre os dois familiares, pelo que a equipa de investigadores concluiu tratar-se de um caso provável de transmissão pessoa-a-pessoa da Doença dos Legionários”.

A Doença dos Legionários é uma pneumonia que afeta preferencialmente pessoas idosas, fumadoras, imunodeprimidas ou pessoas com doenças crónicas.

A pneumonia provocada pela legionella pode provocar a morte.

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