Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular
Um inquérito realizado pela Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular em todo o país concluiu que quase todos os...

Os resultados deste inquérito, realizado em 2015 em todo o país, vão ser apresentados na sexta-feira, nas XX Jornadas Nacionais Patient Care, que decorem em Lisboa.

Para alertar a população para os riscos da doença venosa crónica (DVC), a sociedade portuguesa de cirurgia vascular levou a cabo uma campanha de sensibilização, durante a qual realizou um inquérito, que revelou que 97% dos inquiridos sofre de DVC há vários anos.

Cerca de metade dos doentes identificados na ação tinham patologia grave não tratada, sendo que 53% dos doentes nunca tinha realizado um tratamento dirigido para a doença venosa.

O mesmo estudo concluiu que mais de um terço (37%) destes doentes nunca tinha consultado um médico por causa da doença venosa, indicando como justificação afirmações como: “achei que ia passar”, “pensei que não era importante” ou “achei que o meu médico não ia dar importância”.

O inquérito indica ainda que mais de metade das pessoas (53%) ignora sinais de alerta, como dor nas pernas ou sensação de pernas pesadas, considerando que a doença venosa só se manifesta quando existem sinais visíveis, como varizes e edemas.

A maioria dos inquiridos sofria de elevada sintomatologia, como tornozelos inchados (53%) e pernas pesadas com muita frequência ou constante (65%).

Perante estes resultados, a Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) considera urgente melhorar a informação sobre esta patologia, prestar maior atenção aos sintomas e também ao tratamento adequado destes doentes.

A doença venosa crónica afeta principalmente mulheres com mais de 40 anos, sendo outros fatores de risco elevados o estilo de vida sedentário há mais de 3 anos, a falta de exercício físico, o excesso de peso e os antecedentes familiares, alerta a SPACV.

Este ano
As unidades de Acidente Vascular Cerebral vão ser este ano reforçadas, nomeadamente no número de camas, e ainda durante o...

Estas medidas foram anunciadas pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, durante a apresentação do relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) “Portugal – Doenças Cérebro-Cardiovasculares em Números 2015”, que demonstra o cumprimento das metas definidas pelo Programa Nacional.

Fernando Araújo destacou que a mortalidade por estas doenças diminuiu de “forma significativa”, embora continuem a ser as que mais matam.

Por isso, o secretário de Estado defende uma “aposta na prevenção da doença e promoção da saúde, em maior articulação com os cuidados de saúde primários e familiares”.

Nesse âmbito, anunciou um projeto-piloto que terá início no primeiro semestre deste ano, no Hospital de Santa Marta e num ACES (Agrupamento de Centros de Saúde), que deverá ser “o que melhor esteja adequado e seja de referência desse hospital”, e que fará eletrocardiogramas e Monitorização Ambulatória da Pressão Arterial (MAPA), para a hipertensão.

“Estes exames têm que ter apoio de cardiologia, para orientar o doente para essa consulta”, afirmou o governante, sublinhando que esta medida “vai reduzir a despesa em exame de saúde e tratamento hospitalar”.

Desta forma, será possível fazer um eletrocardiograma de forma agendada no centro de saúde e a leitura e a consulta no hospital, no âmbito da cardiologia, explicou.

A situação portuguesa no que se refere às doenças cerebrovasculares é pior, com Portugal a apresentar uma mortalidade superior à média europeia (inversamente ao que se passa com a mortalidade por doença cardíaca).

“Temos que intervir na prevenção e, quando acontece, precisamos de meios para colocar rapidamente os doentes nos hospitais”, afirmou Fernando Araújo.

O responsável sublinha que o problema se encontra mais do lado do doente do que do sistema de saúde.

O secretário de Estado garante que o número de unidades de Acidente Vascular Cerebral (AVC) “é suficiente”, mas reconhece que nos últimos anos houve uma “redução de camas”, que é necessário reverter.

“Vamos reforçar as unidades de AVC, para que a resposta seja efetiva”, afirmou.

Por outro lado, ao nível da atuação dos doentes perante sintomas de AVC, de uma maneira geral, não tem sido o adequado e isso teve reflexos no ano passado ao nível da resposta.

“O INEM reduziu o seu impacto [na resposta a episódios de AVC] no ano passado. Temos que voltar a apostar no transporte pelo INEM”, afirmou, esclarecendo que esta “diminuição” se deveu à falta de informação e formação da população.

O responsável considerou que é preciso informação de que em caso de sintomas se deve ligar para o 112 e lembrou que o país tem “excelentes hospitais, dos mais diferenciados, mas que as pessoas têm que chegar lá a tempo”.

“Da parte do INEM não há indicadores de falta de resposta. São transportados adequadamente. Quando verificamos no Hospital, percebemos que muitas pessoas vão pelos meios próprios”, disse.

A mesma ideia foi partilhada pelo coordenador do programa nacional das doenças cérebro-cardiovasculares, Rui Cruz Ferreira, para quem “a única maneira de garantir que os tempos vão ser cumpridos é através do INEM”.

“O intervalo de tempo para a terapêutica ser mais eficaz é muito reduzido (entre 3 e 6 horas). Muitas vezes as pessoas têm uma atuação passiva face aos sintomas: esperam a ver se passa, ficam ao telefone com alguém, tentam ter recursos que não são os mais adequados”, contou.

Todos os anos
O coordenador da Clínica de Cabeça e Pescoço do IPO-Porto, Jorge Guimarães, disse que anualmente surgem em Portugal cerca de 2...

Jorge Guimarães falava a propósito de um encontro sobre esta temática que se realiza sexta-feira e sábado e que leva ao IPO-Porto um dos “maiores especialistas do mundo” na área do tratamento e investigação do cancro da cabeça e pescoço.

Jatin Shah é o diretor do Serviço de Cabeça e Pescoço do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (considerado o maior centro de investigação desta patologia) e coordenador da equipa multidisciplinar de médicos e especialistas que tratou o caso mediático do Michael Douglas.

O coordenador da Clínica de Cabeça e Pescoço do IPO-Porto disse que no encontro será discutida a importância de referenciação destes doentes para uma equipa médica especializada e multidisciplinar, como fazem os melhores do mundo.

Em destaque estará também, segundo Jorge Guimarães, “o reforço de procedimentos de deteção precoce da doença e de promoção da prevenção e os tratamentos, com abordagem de casos clínicos concretos”.

“Receber no IPO-Porto estes especialistas vai permitir uma partilha de conhecimento excecional que será com certeza um passo importante para inovarmos cada vez mais no tratamento e investigação do cancro da cabeça e pescoço”, sublinhou o responsável.

A médica Nancy Lee (radio-oncologista), e o cirurgião plástico Peter Cordeiro são outros especialistas do MSKCC que se juntam aos profissionais do IPO-Porto na iniciativa “Current Concepts in Head and Neck Cancer – It takes a team: treating Head na Neck Cancer”.

Em Portugal, de acordo com os últimos dados disponíveis (2012), a incidência de carcinoma da cabeça e pescoço foi de 50 novos casos por ano na população masculina, por 100 mil habitantes, e de 16 novos casos por ano na população feminina, com taxas de mortalidade de 19 e 3, respetivamente.

Ordem dos Médicos
Ordem clarifica Código Deontológico para que fique claro que profissionais não podem passar atestados a si próprios. Já há...

A Ordem dos Médicos vai alterar o seu Código Deontológico de forma a que fique absolutamente claro que os clínicos não podem passar atestados a si próprios. “Isto não está explícito [no código], apesar de no documento se falar em conflito de interesses. Não é ético que um médico passe um atestado a si próprio”, explicou ao jornal Público o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, adiantando que há profissionais que até já foram condenados por este motivo, sem especificar quantos.

Esta é uma das alterações previstas ao Código Deontológico da Ordem dos Médicos, no âmbito da revisão que deverá estar concluída em breve. O código está a ser alterado por causa da mudança de estatutos da OM, mas as alterações são “menores e não polémicas”, acentua o bastonário.

Quanto à clarificação relativa aos atestados, a versão atual do Código Deontológico da Ordem dos Médicos refere, no seu artigo 98º, que o profissional, “não estando impedido de realizar atos médicos sobre si próprio ou familiares diretos, igualmente não está impedido de atestar as suas observações e respetivas consequências”.

Estipula em simultâneo o mesmo código que, “dado o carácter pericial que a sociedade indevidamente atribui ao atestado médico, é recomendável evitar a sua emissão em situações em que possa ser alegado conflito de interesses”.

Já no artigo relativo às incompatibilidades (120.º), sublinha-se que “é vedado ao médico exercer funções periciais em casos em que estejam envolvidas pessoas a quem esteja ligado por casamento ou união de facto, parentesco ou afinidade”. Mas acrescenta-se depois que “não são consideradas perícias para efeitos do presente artigo a emissão de declarações ou atestados de doença ou saúde, bem como quaisquer declarações que resultem do normal exercício médico”.

Empresa francesa
A companhia francesa Pixium Vision, que desenvolve sistemas para a recuperação da visão, anunciou esta quarta-feira que...

A Iris II oferece a possibilidade de voltar a ver aos pacientes que perderam a visão por retinite pigmentária, uma patologia da retina hereditária e degenerativa.

Com 150 elétrodos, três vezes mais que o protótipo Iris 1, este novo sistema estimula artificialmente a retina defeituosa e restaura parcialmente a visão para capturar formas e movimentos, escreve o Sapo.

"Esta novidade mundial, realizada num paciente de 58 anos, decorreu com êxito", declara, em comunicado, o professor Michel Weber, chefe do serviço de oftalmologia do Centro Hospitalar Universitário (CHU) de Nantes, França, onde foi realizado o implante em janeiro.

Depois de vários anos de escuridão, o paciente consegue agora ver luzes e sombras.

Dez pessoas devem receber este novo modelo em vários centros especializados da Europa como parte do teste clínico, anunciou ainda a Pixium Vision.

Estudo
O aparelho socorre-se de uma nova técnica que usa laser para iluminar amostras biológicas, permitindo observar em tempo real o...

Uma equipa de investigadores norte-americanos melhorou uma técnica de microscopia com laser, produzindo imagens tridimensionais de células cancerosas humanas vivas.

As células foram colocadas no aparelho, permitindo uma observação mais próxima do ambiente natural, lê-se no estudo publicado esta semana na revista Developmental Cell.

A observação do comportamento das células poderá ajudar a descobrir como e porque é que as células cancerosas resistem aos tratamentos contra o cancro, continuando a espalhar-se pelo corpo e podendo originar metástases (tumores secundários), escreve o Sapo.

A investigação, conduzida por Reto Fiolka, da Universidade do Sudoeste do Texas, tenta comparar as diferentes morfologias observadas pelo novo microscópio em diferentes contextos. "As células de melanoma que estão longe de qualquer superfície rija exibem morfologias arredondadas dominadas por pequenas bolhas. Estas observações sugerem que as limitações técnicas da microscopia podem ter distorcido muito do conhecimento atual sobre a organização espacial" das células, escrevem os cientistas na publicação.

Estes e outros conhecimentos, obtidos a partir da nova técnica, poderão abrir caminho para novas descobertas e tratamentos na área da oncologia, comentam ainda os cientistas.

Estudo
Usar doses mais baixas de quimioterapia parece ser mais eficaz para controlar o cancro, além de reduzir os efeitos secundários...

Segundo o relatório da Science Translational Medicine, o estudo foi feito com ratos com cancro de mama e faz parte de um movimento incipiente que, segundo o Sapo, explora alternativas à quimioterapia em doses altas.

"A nova abordagem pode prolongar a sobrevivência sem progressão do cancro de mama", estima Pedro Enríquez-Navas do Centro e Instituto de Investigação H. Lee Moffitt, em Tampa, Flórida, principal autor do trabalho.

Os investigadores questionam o uso da quimioterapia padrão, uma vez que este tipo de tratamento elimina o cancro por completo apenas em situações raras, deixando quase sempre células cancerosas resistentes no corpo.

A abordagem alternativa agora proposta consiste em dar pequenas doses contínuas de quimioterapia, que estabilizariam o tumor, "mantendo uma pequena população de células cancerígenas sensíveis às drogas e bloqueando o crescimento das células restantes", lê-se no estudo.

A investigação indica que 60 a 80% dos ratos tratados com esta terapia permanecem mais tempo sem o ressurgimento do cancro.

Os cientistas indicam que são necessários mais estudos.

Este ano
O Ministério da Saúde prevê que, durante este ano, grande parte dos doentes crónicos já consiga levantar a sua medicação na...

"Uma das vantagens e objetivos da desmaterialização da receita é os médicos poderem, no sistema informático, prescrever a receita, e o utente com patologia crónica dirigir-se à farmácia e poder aviar as receitas, sem ser necessária consulta no centro de saúde", afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde.

Fernando Araújo, que falava durante a sessão de apresentação do Plano Estratégico da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários, adiantou que há já algumas farmácias em que a experiência está a decorrer, com sucesso, escreve o Jornal de Notícias.

O objetivo do Ministério é alargar este projeto, que é direcionado, sobretudo, a quem faz medicação para doenças crónicas, mas o governante não descartou a possibilidade de abranger outras patologias: "O objetivo é facilitar o acesso à medicação, sem pôr em causa a segurança de todo o processo".

Para o Ministério, esta renovação do receituário sem necessidade de deslocação ao centro de saúde pode ser útil sobretudo para a população mais idosa e com dificuldades de acesso ou mobilidade.

"Durante o ano de 2016, se calhar até já no final do primeiro semestre, grande parte dos locais estejam a utilizar esta metodologia", estimou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, em declarações aos jornalistas.

Entre as reformas apresentadas hoje para a área dos cuidados de saúde primários, pretende-se nomeadamente dar mais médicos de família aos utentes, avançar com consultas de saúde oral e de oftalmologia nos centros de saúde.

Após autorização
O fim do embargo de 55 anos a Cuba vai permitir aos Estados Unidos testar medicamentos inovadores desenvolvidos na ilha. Um...

Há 25 anos Cuba começou a desenvolver uma vacina — a Cimavax — que funciona como tratamento para o cancro do pulmão. Agora, depois do fim do embargo dos EUA à ilha, vai poder ser testada por laboratórios norte-americanos, noticia o The Huffington Post.

O início dos testes em solo americano, escreve o Observador, aguarda apenas a autorização da agência norte-americana do medicamento (Food and Drugs Administration), que vão ser realizados no Roswell Park Cancer Institute, em Nova Iorque.

A fórmula da vacina está disponível para uso público desde 2011 e já começou a ser testada na Europa, onde tem revelado resultados prometedores. A Cimavax é uma vacina terapêutica e não uma vacina preventiva. Ou seja, não impede que o cancro se desenvolva mas leva o organismo a produzir anticorpos que impedem as células cancerígenas de crescer.

A vacina já foi administrada a 5.000 pacientes e os resultados são prometedores. Em média, os pacientes com cancro do pulmão avançado que receberam o tratamento viveram dois a quatro meses mais do que aqueles que não foram tratados. E, em casos raros, esses pacientes tiveram mais dez meses de esperança de vida.

Apesar de a Cimavax já ser utilizada de forma corrente em Cuba, a organização não-governamental britânica Cancer Research alerta, no entanto, que os testes realizados até ao momento fora da ilha são limitados e são precisos mais testes até que a vacina venha a ser aprovada por outros países.

Relatório revela
Mais de 30 pessoas morreram por dia devido a doenças cerebrovasculares em 2013, um número que ainda assim tem vindo a diminuir...

Segundo o relatório “Portugal – Doenças Cérebro-Cardiovasculares em Números 2015”, da Direção-geral da Saúde, os dados mais recentes da mortalidade por doenças cerebrovasculares, relativos a 2013, revelam que morreram 11.751 pessoas, 1.773 das quais por Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico e 6.099 por AVC isquémico.

Ainda assim, estes números traduzem uma diminuição de 1.269 mortes comparativamente a 2012, ano em que a mortalidade total por doenças cerebrovasculares se cifrou em 13.020 casos.

O relatório indica que em 2013 a taxa de mortalidade padronizada por doenças cerebrovasculares era de 54,6 por 100 mil habitantes, enquanto em 2012 era de 61,4 por 100 mil habitantes.

Em 2014, só o acidente vascular cerebral isquémico representou cerca de 20 mil episódios (quase 55 por dia) e 250 mil dias de internamento.

Apesar do “decréscimo progressivo e notório das doenças do aparelho circulatório [cérebro-cardiovasculares] como causas de morte na população portuguesa”, estas continuam a manter posição de destaque.

“Pela primeira vez em Portugal, o peso relativo das doenças do aparelho circulatório situou-se abaixo dos 30%”, mas estas continuam a manter-se “no topo das causas de morte”.

O relatório salienta que “dentro das doenças do aparelho circulatório, a taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares é continuadamente superior à das doenças isquémicas do coração”.

“Esta proporção é inversa da verificada na maioria dos países europeus e mesmo mediterrânicos, por razões não completamente esclarecidas”, acrescenta.

Comparando com outros países europeus, a mortalidade por doença isquémica cardíaca situa-se abaixo da média europeia, enquanto a mortalidade por doença cerebrovascular ocupa posição inversa, o que leva os autores do estudo a defender e recomendar “um novo impulso no tratamento do AVC”.

Os mesmos responsáveis recomendam que a redução da mortalidade prematura, traduzida em ganhos nos “anos potenciais de vida perdidos”, passe a constituir um dos objetivos estratégicos deste programa nacional.

Segundo o relatório, as doenças isquémicas do coração foram responsáveis por 12.708 anos potenciais de vida perdidos e as doenças cerebrovasculares por 12.454.

“Assume neste contexto particular relevância o funcionamento adequado das unidades de AVC e das Unidades de Intervenção percutânea no enfarte agudo do miocárdio”, cuja monitorização deverá incorporar parâmetros de avaliação qualitativa, e não apenas quantitativa.

Pretende-se também promover o tratamento da hipertensão arterial e reforçar a articulação com outros programas dedicados à adoção de estilos de vida saudáveis e de combate a fatores de risco.

O relatório indica que os elementos relativos aos consumos farmacológicos e de dispositivos médicos são fundamentais para fazer análises comparativas e o acompanhamento subsequente.

Em 2014 venderam-se através do Serviço Nacional de Saúde (SNS) 45.213.966 embalagens de medicamentos dos grupos farmacoterapêuticos do aparelho cardiovascular e sangue: 27.818.197 embalagens de anti-hipertensores, 10.623.835 de antidislipidémicos e 6.771.934 de anticoagulantes e antitrombóticos.

Em valor, estes medicamentos foram responsáveis por uma despesa de 563.475.526 euros.

No mesmo ano, realizaram-se 43 transplantes cardíacos em Portugal, menos 14 do que em 2013.

Lançado por três instituições
Os profissionais que trabalham direta ou indiretamente com migrantes têm acesso a um “Manual de Apoio Psicossocial a Migrantes”...

Bruno Brito, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), uma das instituições responsáveis), explicou que o manual estará disponível na internet, na página da APAV, mas também das duas outras instituições responsáveis, a Direção-Geral da Saúde e a Cruz Vermelha Portuguesa.

O manual é dirigido a profissionais direta ou indiretamente ligados aos migrantes, com uma grande componente de informação técnica, especialmente questões de saúde mental, precisou o responsável.

De acordo com um comunicado divulgado pela APAV, o manual apresenta estratégias práticas sobre como lidar com as situações de sofrimento e trauma psicológico.

“Dos muitos contributos que têm surgido para o apoio a técnicos, a área do trauma psicológico era uma das que mais carecia de informação precisa e orientações”, diz-se no comunicado.

No qual se lembra a crise migratória na Europa e a movimentação de milhares de pessoas fugindo de zonas de conflito e que sofreram um processo de vitimização prolongado, que começou com o abandono das casas e países de origem, e continuou com viagens também difíceis, até chegarem a um país de acolhimento, com um futuro também incerto.

“Todas estas questões, acrescidas das diferenças culturais, colocam um desafio para os profissionais que, direta ou indiretamente, estarão em contacto e a dar apoio a esta população”, diz a APAV.

Fonte do gabinete da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, disse que Portugal deverá receber, na próxima semana, mais 37 refugiados.

Nos EUA
Um júri do Estado norte-americano do Missouri condenou esta semana a multinacional Johnson & Johnson a indemnizar a família...

A multinacional norte-americana foi condenada a pagar 72 milhões de dólares (65 milhões de euros) por danos e prejuízos de caráter punitivo, bem como uma indemnização de 10 milhões de dólares (cerca de nove milhões de euros).

A empresa anunciou que contesta a decisão e que vai estudar as várias opções legais.

Na segunda-feira, um júri popular do Missouri decidiu a favor dos familiares de Jacqueline Fox, uma mulher que, segundo os advogados da família, usou durante décadas produtos da empresa, nomeadamente pó de talco para bebé, e a quem foi diagnosticado um cancro nos ovários. A mulher morreu em 2015.

A família de Jacqueline Fox decidiu interpor uma ação civil contra a multinacional, alegando que a empresa esconde há vários anos aos consumidores os riscos da utilização do pó de talco da marca, que alegadamente contém ingredientes cancerígenos.

“Apesar de entender a família, discordamos fortemente” da decisão, disse um porta-voz da empresa, em declarações à estação de informação norte-americana CNN, realçando que “a segurança do cosmético de talco é suportada por décadas de evidência científica”.

Nos centros de saúde
Tratamentos de saúde oral e rastreios oftalmológicos vão avançar já neste semestre nalguns centros de saúde, num projeto piloto...

Segundo o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, os projetos de consultas de saúde oral vão arrancar em 10 a 15 centros de saúde em Lisboa e no Alentejo já durante o primeiro semestre do ano.

“A ideia é ter uma política integrada de saúde oral”, referiu o governante aos jornalistas no final da apresentação do Plano de Reforma para os Cuidados de Saúde Primários em Lisboa.

Além da promoção da saúde oral em idade escolar e de um reforço dos higienistas orais, o Ministério quer ter tratamentos e consultas nos centros de saúde, não descartando também a possibilidade de passar a haver cuidados de reabilitação.

O Ministério está já a trabalhar com a Ordem dos Médicos Dentistas para fazer avançar estes projetos piloto.

Na área da oftalmologia vão avançar projetos de rastreio em quatros agrupamentos de centros de saúde e dois hospitais, todos na zona norte do país.

Pretende-se fazer o rasteio da ambliopia em crianças (de dois a quatro anos) e também o rastreio da degenerescência macular da idade em diabéticos.

Os projetos na área da saúde visual devem avançar igualmente ainda neste primeiro semestre do ano.

Centros de saúde
Todos os profissionais dos centros de saúde devem passar a receber em função do desempenho, como já acontece nas unidades de...

Na apresentação do Plano de Reforma dos Cuidados de Saúde Primários, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, disse que vai ser avaliada a forma como os profissionais dos centros de saúde podem passar a ser remunerados igualmente, tendo em conta o desempenho.

Também o coordenador desta reforma, Henrique Botelho, explicou aos jornalistas que “será privilegiado cada vez mais que o sistema remuneratório e os contratos a efetuar incluam a avaliação do desempenho”.

O objetivo do Ministério, porém, passa por generalizar as unidades de saúde familiar (USF) fazendo com que toda a atividade dos cuidados primários passe a ser feita naquele modelo.

Criadas em 2005, as USF foram fundadas como uma forma alternativa ao habitual centro de saúde, prestando também cuidados primários de saúde, mas com autonomia de funcionamento e sujeitas a regras de financiamento próprias, baseados também em incentivos financeiros a profissionais e à própria organização.

“As USF já demonstraram que são o contexto organizacional que presta melhores cuidados e numa relação de custos mais favorável”, sublinhou Henrique Botelho, lembrando contudo que não se faz a reformulação das outras estruturas por decreto: “é um processo que não se decreta, constrói-se”.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde ressalvou ainda que não se obrigam os profissionais a aderir às USF, mas que o Ministério tentará criar formas para que a adesão seja voluntária, de modo motivado e dedicado.

O Ministério da Saúde tem por objetivo abrir, este ano, de 25 a 30 USF de modelo A, transitando para o modelo B outras 30 unidades. A diferenciação entre os dois modelos resulta do grau de autonomia organizacional e da diferenciação do modelo retributivo e de incentivos dos profissionais.

No plano de reforma, está ainda a proposta de alterar a ponderação das listas de utentes por médio de família, o que representa mudanças no número de doentes crónicos ou de crianças, por exemplo, que cada clínico deve seguir.

O secretário de Estado reafirmou ainda que vai avançar com a figura do enfermeiro de família e do secretário clínico nos cuidados de saúde primários.

Aliás, no plano de reforma dos cuidados primários, surge como novidade a especialidade de enfermagem de saúde familiar, que deve passar a ser aplicada no SNS.

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde prevê que seriam necessários mais 600 médicos de medicina geral e familiar para dar um médico de família...

A coordenação nacional para a reforma dos cuidados de saúde primários apresentou uma ferramenta online que permite perceber o mapa dos recursos humanos nos centros de saúde, mostrando que há um milhão de utentes inscritos sem médico de família e que seriam precisos mais 616 clínicos para suprir as necessidades.

Na sessão de apresentação do Plano Estratégico da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, mostrou-se convicto de que nos próximos dois anos poderá ser bastante alargada a cobertura de utentes com médico de família.

Rejeitando cair “na tentação comum aos governos” de anunciar médico de família para todos os utentes, o ministro disse que estão a ser criadas condições para ter mais médicos nos centros de saúde.

Além de possibilitar o regresso de médicos aposentados ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), o Ministério quer agilizar o processo de contratação de jovens médicos.

O secretário de Estado Adjunto, Fernando Araújo, adiantou que estão a decorrer negociações com o Ministério das Finanças que permitam alterar os concursos para colocação de médicos recém-especialistas, de forma a ter concurso centralizado a nível nacional e que dispense entrevista.

A ideia é tornar mais transparente e rápido o processo, disse, permitindo que, um mês depois de acabarem a especialidade, os novos médicos especialistas possam estar a trabalhar “nos locais onde são precisos”.

Desta forma, sem recurso a entrevista, os novos médicos passarão a ser submetidos a um concurso nacional em que apenas conte a nota de exame.

Questionado pelos jornalistas sobre de que forma pode garantir que os novos médicos quererão ficar no SNS, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde mostrou-se de que será o próprio projeto de reforma do SNS a fazê-los ficar:

“Vamos tentar cativá-los e sensibilizá-los. Se o projeto os motivar, eles próprios quererão. Tenho grande confiança de que vão ficar”.

Fernando Araújo lembrou que cerca de 300 médicos estão prestes a terminar a sua especialidade, ficando aptos a entrar no SNS.

Segundo a nova ferramenta online apresentada pelo Ministério, que estará acessível a partir do Portal do SNS, trabalham nos cuidados de saúde primários cerca de 28 mil profissionais de saúde: mais de cinco mil são médicos e mais de oito mil são enfermeiros.

Saúde à mesa
Considerado um dos queijos mais saudáveis que pode incluir na sua alimentação, o queijo Quark é um d
Bola de queijo quark

Eleito pelos desportistas por ser uma excelente fonte de proteína, o queijo Quark é feito a partir do leite de vaca, apresentando uma consistência cremosa que faz lembrar o iogurte. Com um ligeiro travo ácido, adapta-se a quase todo o tipo de receita, doce ou salgada, sendo uma excelente opção para refeições leves.

Muito usado na Alemanha, este queijo apresenta vários benefícios.

O queijo Quark é rico em proteína de alto valor biológico (como a caseína), essencial para a formação de massa muscular.

Sendo de absorção lenta, este queijo faz com que se sinta saciado durante mais tempo.

Com baixo teor de gordura e hidratos de carbono, é ideal para manter a linha. 100 gramas deste queijo contém cerca de 9 gramas de proteína e apenas 50 calorias.

Por outro lado, trata-se de um alimento rico em cálcio contribuindo para a boa saúde dos seus ossos. Uma porção de queijo Quark fornece 5% da ingestão diária recomendada deste mineral.

E se achava que os benefícios deste alimento acabavam por aqui, saiba que este queijo pode trazer resultados inesperados. Na realidade, e de acordo com a organização australiana – Food Intolerance Network – este queijo é um excelente substituto para quem tem intolerância à lactose.

Agora que já conhece o porquê de o consideramos como um super alimento, delicie-se com estas receitas:

Gelado de Banana

  • 3 bananas
  • 300 ml de leite sem lactose
  • 350 gramas de queijo quark
  • Canela q.b.

Modo de preparação

Misture bem todos os ingredientes no liquidificador: as bananas, o leite sem lactose e o queijo quark e, por fim, a canela.
Depois, coloque numa taça e leve ao frigorífico.  

Mousse de Quark e café

  • 50 gramas de quejo quark
  • 3 doses de stevia
  • 50 gramas de chocolate preto (70 % cacau) em pó
  • 2 colheres de sopa de café instantâneo

Modo de preparação

Misturar o queijo com a stevia e reservar. Preparar o café à parte e, depois de pronto, misturar bem com o queijo e a stevia. 
Acrescentar o chocolate ao preparado até que todos os ingredientes se liguem.  
Deixar repousar no frigorífico durante cerca de duas horas.

Cheesecake de banana

  • ¼ de aveia instantânea ou farinha de aveia
  • 2 colheres de sopa de molho de maçã
  • 170 gramas de queijo quark magro
  • 1 colher de sopa de mel
  • ¼ de banana esmagada
  • ½ colher de chá de farinha maizena (amido de milho)
  • ¼ colher de chá de extrato de baunilha

Modo de preparação

Pré-aqueça o forno a 150°C e aplique um pouco de spray anti-aderente (tipo Pam) em duas formas para bolos pequenos.
Misture a aveia com o molho de maçã numa tigela pequena. Divida a mistura em dois e pressione-a contra as formas para bolos. Leve ao forno, a 150°C, durante oito minutos. Deixe arrefecer no forno.
Numa tigela de tamanho médio, misture o queijo quark com o mel até obter uma mistura bem cremosa. Em seguida misture também a banana, a farinha maizena e o extrato de baunilha. Deite esta mistura por cima da crosta das duas formas.
Coloque as formas no forno e deixe-as a assar a 150°C durante 19-22 minutos. Deixe arrefecer à temperatura ambiente antes de cobrir com um filme plástico.
Deixe as formas a arrefecer no frigorífico durante pelo menos 3 horas antes de servir.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Investigadores da Universidade do Porto participaram num estudo internacional onde se concluiu que consumir peixe mais que três...

"O peixe é uma fonte de poluentes orgânicos e uma exposição frequente a esse tipo de produtos químicos (incluindo os desreguladores endócrinos), aumenta os riscos de desenvolver obesidade na infância ou mesmo transtornos durante o crescimento da criança", lê-se num comunicado divulgado hoje pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

Os investigadores do ISPUP Henrique Barros e Andreia Oliveira participaram nesta investigação através do programa Geração XXI, que acompanha o desenvolvimento de 8647 crianças até à idade adulta, iniciado em 2005.

Durante a investigação foram recolhidas informações de 26.184 mulheres grávidas e dos filhos destas, na Europa e nos Estados Unidos. Concluiu-se do trabalho que Espanha é o país com maior consumo de peixe durante a gestação, estando Portugal em segundo lugar, com um consumo médio de peixe de quatro vezes por semana.

Os investigadores, que estabeleceram uma ligação entre o consumo de peixe por parte da mãe e o desenvolvimento da criança até aos seis anos, afirmam que os excessos são nocivos e comuns, embora não esclareçam sobre a quantidade e o tipo de peixe ideal que deve ser consumido.

Das 8.215 crianças acompanhadas, verificou-se que 31% tiveram uma rápida taxa de crescimento desde o nascimento até ao segundo ano, enquanto cerca de 19% (4.987) registaram excesso de peso ou estavam obesas aos quatro anos e 15% (3.476) aos seis anos.

"A contaminação dos peixes por poluentes no meio ambiente pode ser uma explicação para os efeitos observados em crianças pequenas entre a quantidade de peixe consumida pelas mães quando estavam grávidas e o aumento do excesso de peso entre as crianças", conclui o estudo.

Em 2014, a agência do medicamento norte-americana (FDA, sigla em inglês) e a Agência de Proteção Ambiental (EPA) já tinham alertado que as mulheres grávidas ou que pretendiam engravidar não deviam consumir peixe mais do que três vezes por semana, para não expor o feto ao mercúrio, considerado "um metal pesado e tóxico para o desenvolvimento do cérebro infantil".

Estudo
Doenças inflamatórias, retinopatia diabética que pode conduzir à cegueira ou cancros são algumas das enfermidades que podem...

O estudo científico sobre o efeito dos polifenóis da framboesa na angiogénese (formação de vasos sanguíneos), publicado recentemente no Jornal of Cellular Biochemistry, indica que a ingestão de compostos bioativos da framboesa, com as suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, melhora a capacidade das pessoas em evitar doenças inflamatórias e o cancro do cólon ou da mama, por exemplo.

“Aquilo que os resultados demonstram de uma forma consistente no nosso modelo celular é que os compostos bioativos que estão presentes na framboesa (polifenóis) comprovam que existe uma enorme potencialidade de modelação da atividade biológica por interação com o ambiente e, neste caso quanto maior for o consumo deste alimento, teoricamente maior a nossa capacidade de evitarmos doenças como inflamações e o cancro”, explica Mário Sousa Pimenta, um dos investigadores que participou no estudo intitulado “Polifenóis das framboesas inibem angiogénese. Comer para parar o cancro e evitar a lenta acumulação de doenças”.

O trabalho científico da equipa de investigadores de Universidade do Porto consistiu em analisar os efeitos dos polifenóis, compostos bioativos presentes na framboesa e que têm potencial anti-inflamatório e antioxidante, na modulação da formação de novos vasos sanguíneos (angiogénese).

Segundo Mário Sousa Pimenta, dos resultados obtidos no ensaio experimental, os polifenóis da framboesa e de outros frutos vermelhos com cor intensa apresentam “um potencial de inibir a angiogénese, ou seja, tem potencial para inibir a formação de novos vasos sanguíneos, proliferação de células que revestem as paredes dos vasos sanguíneos e evitar a sua capacidade migratória das células.

A retinopatia diabética, doença oftalmológica associada à diabetes e a causa mais frequente de cegueira adquirida, traduz-se precisamente por um aumento da produção de vasos sanguíneos. Com este estudo, “teoricamente nós inibimos a giogénese, e podemos impedir consequências de uma diabetes.

Os polifenóis estão também associados a longa vida.

A ingestão diária de polifenóis na Sardenha (Itália), através de vinhos tintos a partir da uva Cannonau, que faz aquele néctar ter em média três vezes mais polifenóis do que outros vinhos consumidos, tem sido associado a “uma maior longevidade das populações”, refere o espacialista.

Num outro local do mundo, no arquipélago de Oquinaua (província mais ao sul do Japão), o consumo de derivados da soja está associado a uma alta longevidade, porque nessa região asiática há um elevado consumo de polifenóis através daquela leguminosa, que se associa a uma diminuição de "cinco a seis vezes da taxa de incidência de cancro do cólon ou da mama ou doença cardiovascular", acrescenta.

No caso da framboesa, diz o investigador, percebeu-se que há uma diminuição da proliferação das células que revestem os vasos sanguíneos e registou-se também uma diminuição da sua capacidade de migrar das células, que é tanto maior quanto mais forem concentrados os compostos bioativos, explicou Mário Sousa Pimenta, que admite ter aumentado o consumo de frutos vermelhos diariamente.

O consumo de polifenóis ajudam as pessoas a proteger-se quer seja o cancro, quer seja a própria metastização do cancro, quer seja de doenças inflamatórias, reiterou o médico, referindo que dados do estudo concluiem também que se registaram "alterações de citoesqueleto", que tem um função de suporte das células e do movimento.

O estudo científico foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e enquadra-se num contexto de promoção da investigação científica pré-graduada.

Médicos concordam
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, manifestou-se de acordo com a intenção do Governo de colocar jovens...

Em declarações, José Manuel Silva comentou as declarações à rádio TSF do coordenador nacional para a reforma do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na área dos Cuidados de Saúde Primários, Henrique Botelho, segundo as quais o “meio principal” para resolver o problema da falta de médicos de família será “a fixação dos jovens acabados de sair do internato e que nos últimos anos foram ‘afugentados do país’".

O bastonário concordou com a intenção do Governo, mas reiterou que, “no imediato”, a questão só se resolve contratando médicos de família reformados.

“Neste momento, o que há a fazer é efetivamente contratar os médicos que acabam a especialidade. Isso é o normal, o expectável e o mínimo que o governo tem a fazer”, sustentou.

Para José Manuel Silva, o problema de falta de clínicos a exercer no SNS “resolve-se com os jovens que estão atualmente a ser formados como especialistas de medicina geral e familiar a um ritmo de 400 por ano”.

“É preciso contratá-los, e que os concursos sejam justos, transparentes e céleres. Isso é o normal, é o que se espera que o Estado faça”, sublinhou.

O bastonário insistiu na ideia de que em Portugal não há falta de clínicos mas de concursos “justos, transparentes e céleres” para admissão no Serviço Nacional de Saúde.

“Nós não temos um problema de falta de médicos em Portugal. Temos um problema de contratação para o Serviço Nacional de Saúde, ou de não contratação ou de dificuldade na contratação”, explicou José Manuel Silva.

No entanto, alertou que, no imediato, a questão só se “resolve contratando médicos de família reformados”, salientando que o atual Governo tomou uma “medida justa” ao possibilitar que os clínicos reformados possam acumular a sua pensão com 75% do salário.

“Isso pode, no imediato, permitir recrutar mais de dois mil médicos de família reformados recentemente, e ir buscar um número de médicos de família para durante dois, três anos permitir atribuir um médico de família a todos os português”, sublinhou José Manuel Silva.

O bastonário lembrou que nos últimos quatro anos emigraram mais de mil médicos de família devido “às dificuldades de contratação criadas pelo anterior Governo”, e também pela desqualificação do trabalho médico e a “enorme pressão burocrática” sobre aqueles.

“O computador está a substituir o doente como elo central da consulta, o doente está a deixar de ser o centro da consulta para ser o computador e as pressões burocráticas, as regras e os indicadores. Todo esse trabalho destabiliza o trabalho do próprio médico e muitos optaram por sair do SNS, emigrar e ir para o setor privado ou para reformas antecipadas”, disse, acrescentando: “o que se passou nos últimos quatro anos foi mau”.

O Governo apresenta hoje um plano para reformar os cuidados de saúde primários, onde se inclui a fixação de profissionais jovens acabados de sair do internato como uma das soluções para resolver o problema da falta de médicos de família nos centros de saúde, segundo avançou à TSF Henrique Botelho.

Reforma do SNS
Ministério apresenta esta quarta-feira o Plano Estratégico da Reforma do SNS para os Cuidados de Saúde Primários. Entre outras...

Os objetivos são muito ambiciosos: dar, finalmente, um médico de família (e mesmo um enfermeiro e um secretário clínico) a todos os portugueses inscritos nos centros de saúde, arrancar com consultas de saúde oral e de oftalmologia, enquanto se aumenta o número de nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos clínicos e assistentes sociais nos cuidados de saúde primários. As ideias têm sido avançadas ao longo das últimas semanas pelos responsáveis do Ministério da Saúde, mas esta quarta-feira vão ser explicitadas durante a apresentação do Plano Estratégico da Reforma do SNS para os Cuidados de Saúde Primários.

Simultaneamente, pretende-se equipar os centros de saúde com alguns meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica, por exemplo eletrocardiograma, espirometria e monitorização da tensão arterial ao longo do dia. Tudo para retirar pessoas dos hospitais onde os cuidados de saúde são mais dispendiosos e de forma a apostar na sempre tão propalada prevenção.

Para poder concretizar todos estes objetivos – e é preciso lembrar que ainda mais de um milhão de portugueses não tem médico de família atribuído, de acordo com os últimos dados disponíveis -, vai ser necessário criar mais Unidades de Saúde Familiar (USF) e conseguir cativar médicos de família aposentados para um regresso transitório ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) . Para isso, como já foi anunciado, os aposentados poderão acumular a reforma com 75% da remuneração correspondente à sua categoria.

Também o modelo do concurso para admissão dos novos médicos de família será alterado. O ministério quer passar a fazer um concurso único a nível nacional em que conte apenas a nota final do exame, como já explicou em Janeiro, em entrevista ao jornal Público, o secretário de Estado adjunto da Saúde Fernando Araújo. “Os médicos que realizem o exame com aproveitamento serão colocados logo no mês a seguir”, ao contrário do que acontece atualmente, mas isto implicará que médicos formados no Norte, onde a cobertura já é superior a 98%, tenham que ir para Lisboa e para o Algarve, onde mais um quinto dos inscritos não tem médico assistente nos centros de saúde, admitiu.

Quanto ao reforço de outros profissionais nos centros de saúde, as áreas da saúde oral e a oftalmologia serão as primeiras a avançar com experiências–piloto. No primeiro caso, “a estratégia passa por selecionarmos um conjunto de centros de saúde no Alentejo e Lisboa e faremos com a OMD [Ordem dos Médicos Dentistas] a seleção dos médicos e locais”. A OMD entregou entretanto uma proposta no ministério. Neste área será dada prioridade “aos utentes mais vulneráveis, com insuficiência económica e com patologias crónicas associadas, isto é, adultos com patologia oncológica, diabetes e patologia cardiovascular”, por exemplo, disse Fernando Araújo.

Na oftalmologia, a ideia, explicou também o governante, é “aproveitar o rastreio da retinopatia diabética que já realizamos em várias regiões de forma muito bem estruturada e utilizar o mesmo processo para efetuar o rastreio da doença macular e do glaucoma” e ainda despistar precocemente a ambliopia nas crianças.

Outra intenção da equipa para a reforma dos cuidados de saúde primários que é coordenada pelo médico de família Henrique Botelho passa por aumentar a afabilidade e a qualidade dos serviços prestados através, entre outras coisas, da aposta na figura do “serviço de secretariado clínico”, que é o primeiro ponto de contacto com o utente. “Temos que ter um sistema simpático, disponível para as pessoas, para as ouvir”, explicou já em Dezembro Henrique Botelho.

Quanto às taxas moderadoras, estas apenas vão diminuir 50 cêntimos nas consultas nos centros de saúde (de 5 para 4,5 e euros), valores ainda assim bem mais baixos do que os que são pagos nas consultas hospitalares (e que vão passar para 7 euros).

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