Especialista afirma
Os doentes com síndrome da apneia obstrutiva do sono têm um risco acrescido de neoplasias, disse Marta Drummond, presidente do...

“Ficou demonstrado que os doentes com apneia têm mais risco de ter neoplasia de todo o tipo do que os que não tem apneia. Agora é preciso saber quais são os tipos de neoplasia mais prevalentes e se há rastreio que se possa fazer”, sublinhou a pneumologista do Hospital de São João, no Porto.

Segundo Marta Drummond, este será um dos temas principais em debate no XXIII Congresso de Pneumologia do Norte e será abordado pelo investigador espanhol responsável pelo estudo que demonstrou a relação entre a apneia do sono – doença com prevalência elevada em Portugal – com o aumento de risco de neoplasia.

A apneia do sono é um distúrbio provocado por frequentes obstruções parciais ou completas das vias respiratórias durante o sono, o que leva a episódios repetidos de cessação da respiração enquanto o paciente dorme.

“É um tópico recente mas, sobretudo, o que sabemos é que temos de tratar a apneia do sono e diagnosticá-la o mais precocemente possível para evitar complicações”, sublinhou a pneumologista.

A relação da apneia do sono com a doença cardiovascular já há muito é conhecida e “agora sabemos também que tem mais riscos de neoplasias. Quais neoplasias e que tipo de rastreio temos de fazer ainda não sabemos, mas sabemos que temos de tratar estes doentes o quanto antes”, frisou.

Segundo explicou, “o tratamento é absolutamente eficaz para controlar as pausas respiratórias e com isso controlar as consequências nefastas dessas pausas”.

“Creio que o número que precisava de usar ventilação noturna e que não usa será de facto grande, é preciso chamar esses doentes ao tratamento porque é muito importante para eles, mas é muito importante também para a comunidade, porque estes doentes tem muito sono durante o dia, o que os põe em risco aumentado de acidentes de viação, de acidentes de trabalho e de menor rentabilidade no trabalho, por exemplo”, acrescentou.

Outros assuntos em debate no encontro são a telemonitorização em medicina e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) que, tal como a apneia, é uma doença crónica.

Provocada em 95% dos casos pelo tabagismo, a DPOC tem um tratamento que “diminui os sintomas, consegue atrasar a sua progressão e diminuir a mortalidade”.

Quanto melhor se qualificar os vários tipos de doentes “mais capazes seremos de reduzir essa mortalidade e de controlar a progressão da doença”, daí a necessidade de “individualizar a terapêutica”, disse.

“Estamos a caminhar nesse sentido, o que é uma enorme mais-valia, porque assim permite-nos não usar medicações que tem riscos e que não têm assim tanto benefício para o doente e dirigir a terapêutica para algo que é mais eficaz em determinado grupo de doentes”, acrescentou.

A pneumologista disse ainda que a prevalência da DPOC em Portugal tem aumentado, referindo que “há cerca de dez anos um estudo mostrava que seis por cento tinham DPOC, dez anos depois mostrou que eram 14%, ou seja, mais do que duplicou”.

O XXIII Congresso de Pneumologia do Norte pretende ser o fórum de discussão e atualização dos temas emergentes da Pneumologia, reunindo este ano mais de 300 especialistas da área e contando com a participação de oradores não só nacionais, mas também de outros países europeus, como Espanha, Itália, Eslovénia e Suíça.

Como temas centrais, fazem parte do programa, a Patologia Respiratória Obstrutiva, Infeções Respiratórias, Tabagismo, Neoplasia Pulmonar, Patologia Respiratória do Sono, Patologia Pleural e Ventilação Não Invasiva.

Associação Todos com a Esclerose Múltipla
A Associação Todos com a Esclerose Múltipla saudou o alargamento do regime especial de invalidez a mais doenças crónicas,...

O novo regime especial de proteção na invalidez entrou em vigor a 1 de janeiro sob críticas de médicos, associações de doentes e partidos, que estavam contra os novos critérios para atribuição da pensão de invalidez, nomeadamente o facto de só poder ser atribuída a doentes que “clinicamente se preveja evoluir para uma situação de dependência ou morte num período de três anos".

Com a atual lei deixou de existir uma lista de doenças abrangidas pelo regime de proteção especial na invalidez, passando a ser aplicada, a título experimental, a Tabela Nacional de Funcionalidades

Estas alterações aprovadas pelo anterior governo PSD-CDS/PP ao regime especial de invalidez foram agora revogadas no Decreto n.º 11/XIII, publicado no Diário da Assembleia da República e que aguarda promulgação do Presidente da República.

O decreto-lei, que produz efeitos a partir de 1 de janeiro de 2016, abrange os doentes com “prognóstico de evolução rápida para uma situação de perda de autonomia com impacto negativo na profissão”, originada por paramiloidose familiar, doença de Machado Joseph, VIH/sida, esclerose múltipla, doença do foro oncológico, esclerose lateral amiotrófica, doença de Parkinson, doença de Alzheimer e doenças raras.

Em declarações, o presidente da Associação Todos com a Esclerose Múltipla (TEM), Paulo Silva Pereira, congratulou-se com esta alteração à legislação, alegando que vai abranger mais doenças crónicas e manter as que estavam na lei de 2009, indo ao encontro do que a associação sempre defendeu.

Apesar de estar “à espera de mais”, Paulo Silva Pereira disse perceber “perfeitamente que foi aquilo que foi possível mexer nesta altura”.

Por outro lado, criticou o facto do relatório da Comissão Especializada – divulgado pelo Bloco de Esquerda – que esteve na base da atual lei (decreto-lei n.º246/2015) ter sido elaborado “por dez pessoas, das quais 40% eram médicos, mas nenhum especialista” em doenças crónicas.

“Por isto, é normal que dê a aberração que deu a famosa lei que batizámos de subsídio para morrer”, disse o presente da TEM.

Segundo o novo decreto-lei, são ainda abrangidos pelo regime especial de invalidez os beneficiários que se “encontrem em situação de incapacidade permanente para o trabalho decorrente de outras doenças de causa não profissional ou de responsabilidade de terceiro, de aparecimento súbito ou precoce que evoluam rapidamente para uma situação de perda de autonomia com impacto negativo” na sua profissão.

As principais alterações do decreto-lei 246/2015 foram anuladas na sequência de uma apreciação parlamentar requerida pelo Bloco de Esquerda e que levou à aprovação do novo documento com os votos favoráveis do PS, Bloco, PCP, Verdes e PAN e a abstenção do PSD e do CDS.

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Profissionais e estudantes terão de desenvolver competências psicossociais para melhorarem gestão da falha clínica, propõe...

Uma investigação de uma professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) aponta para a necessidade de os enfermeiros mudarem a forma como encaram os erros na prática clínica, ao ponto de defender que esta temática figure nos currículos da oferta formativa.

De acordo com os resultados do trabalho que Cidalina da Conceição Ferreira de Abreu desenvolveu, no período de 2008 a 2015, em 17 hospitais da zona centro do país e com a colaboração de 1165 enfermeiros, “a emoção mais frequente” experienciada por estes profissionais de saúde, relativamente às consequências do erro na prática clínica, “foi a raiva, seguida da culpa”.

Para Cidalina Abreu, é necessário que os profissionais, e até mesmo os estudantes, “desenvolvam competências psicossociais na gestão do erro clínico”, desde o 1º ciclo de estudos (licenciatura) e numa perspetiva de formação ao longo da vida.

A investigadora da ESEnfC defende a “necessidade de se obter uma cultura de segurança” que remeta para a mudança do “paradigma tradicional, centrado na punição”, para “uma cultura mais aberta e de aprendizagem face ao erro comedido”.

Os erros mais reportados por aquela amostra de enfermeiros situaram-se ao nível da categoria “Administração Segura de Medicação”, seguidos das falhas em matéria de “Técnica e Procedimentos”, “Responsabilidade/advocacia do doente”, “Prevenção” e “Comunicação”.

Quanto às causas percebidas do erro, os enfermeiros “evidenciaram com mais frequência o facto de terem decidido com demasiada rapidez relativamente aos procedimentos a efetuar ao doente”, mas também “o facto de se encontrarem desatentos”, ou “de efetuarem uma avaliação errónea da situação do doente”, afirma Cidalina Abreu.

Já no que toca a fatores do contexto profissional que levaram à ocorrência do erro, “os profissionais inquiridos salientaram o ambiente stressante da enfermaria”, continua a docente da ESEnfC.

“Numa cultura de segurança pretende-se que haja a notificação do erro e que se estabeleça um diálogo no seio da equipa multiprofissional, sem pretensão de qualquer tipo de represálias, no sentido de se conseguir analisar a raiz causal do erro ocorrido”, conclui a professora Cidalina Abreu.

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra organiza
Casos de empresas de sucesso, dicas para proteger uma ideia de negócio e oportunidades de financiamento são temas em discussão.

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) organiza, no próximo dia 9 de março, o “9º Fórum de Empreendedorismo: Inovar na Saúde", dirigido a todos estudantes da instituição.

Este Fórum de Empreendedorismo da ESEnfC tem lugar no Polo A da Escola de Coimbra (Avenida Bissaya Barreto, em Celas), estando a sessão de abertura marcada para as 09h15, com as intervenções de Maria da Conceição Bento (Presidente da ESEnfC) e Pedro Dinis Parreira (coordenador do Gabinete de Empreendedorismo da ESEnfC).

“Empreendedorismo: uma oportunidade” (10h45), “Empreendedorismo e Investigação na Saúde” (11h45), “Da proteção da ideia ao financiamento” (14h30) e “Empreender além-fronteiras” (15h15) são os temas dos painéis do dia.

Experiências de enfermeiros em contextos de catástrofe
Serão apresentadas experiências de profissionais em vários pontos do planeta, relacionadas com o cuidar em contextos de catástrofe e com migrantes e refugiados.

Neste Fórum não faltarão exemplos de empresas de sucesso, informações sobre proteção da propriedade intelectual e oportunidades de financiamento de negócios.

O 9º Fórum de Empreendedorismo da ESEnfC pretende, uma vez mais, desafiar os estudantes a serem proativos, incentivando-os na criação de projetos e ideias de negócio que aliem tecnologia, inovação e conforto nos processos de prestação de cuidados aos cidadãos.

A coincidir com o horário do Fórum, entre as 09h00 e as 18h00 decorrerá um “Open Day” (organizado pelo Gabinete de Empreendedorismo e pelo Serviço de Apoio aos Novos Graduados da ESEnfC), com a presença de seis empresas de recrutamento de profissionais de saúde, além da Associação Integrar.

Pode consultar o programa aqui.

Infarmed
O Comité de Medicamentos de Uso Humano da Agência Europeia do Medicamento confirmou as recomendações para minimizar o risco...

A leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) é uma infeção cerebral rara e muito grave causada pelo vírus John Cunningham (JC) que pode causar incapacidade grave e morte.

Assim, a EMA e o INFARMED, I.P. recomendam e informam o seguinte:

Profissionais de saúde
Os fatores de risco conhecidos de desenvolver LMP em doentes tratados com Tysabri são:
- a presença de anticorpos contra o vírus JC;
- a duração do tratamento com Tysabri superior a 2 anos;
- a utilização prévia de medicamentos imunossupressores.
- Os dados de ensaios clínicos sugerem que, em doentes que nunca usaram imunossupressores, o nível de resposta dos anticorpos contra o vírus JC (“índice”) está relacionado com o nível de risco de LMP. De acordo com esta informação, o risco estimado de LMP1 em doentes positivos para o anticorpo contra o vírus JC, tratados com Tysabri foi atualizado conforme descrito na tabela seguinte (tabela 1):
 


Tabela 1 - Estimativa do risco de LMP por 1000 doentes, em doentes com anticorpos contra o vírus JC

- As evidências atuais sugerem que o risco de LMP é baixo para valores de índice ≤ 0,9 e aumenta substancialmente em doentes com valores de índice > 1,5, que tenham sido tratados com Tysabri durante mais de 2 anos. Em doentes sem anticorpos contra o vírus JC, o risco de LMP permanece inalterado, sendo de 0,1 por 1000 doentes.
- Antes do início do tratamento com Tysabri, os doentes e os seus cuidadores de saúde devem ser informados sobre o risco de LMP. Os doentes devem ser aconselhados a consultar o médico se suspeitarem que a doença se está agravar, se tiverem novos sintomas ou sintomas invulgares.
- Antes de iniciar o tratamento com Tysabri, deve ser realizada uma ressonância magnética (de preferência em 3 meses) para referência e a pesquisa de anticorpos contra o vírus JC, para estratificação do risco de LMP.
- Durante o tratamento os doentes devem ser monitorizados regularmente, para deteção de sinais e sintomas de novas disfunções neurológicas e, pelo menos anualmente, deve ser realizado uma ressonância magnética ao cérebro.
- Em doentes com níveis de risco superiores de LMP devem ser realizadas ressonâncias magnéticas com maior frequência (a cada 3-6 meses), podendo considerar-se protocolos abreviados (FLAIR, T2-weighted, e DWI), pois a deteção precoce de LMP em doentes assintomáticos está associada a uma melhor evolução da doença.
- A LMP deve ser considerada no diagnóstico diferencial de todos os doentes que apresentem sintomas neurológicos e/ou novas lesões cerebrais na ressonância magnética. Foram notificados casos assintomáticos de LMP com base na ressonância magnética e presença de ADN do vírus JC no líquido cefalorraquidiano (LCR).
- Em caso de suspeita de LMP, o protocolo da ressonância magnética deve incluir imagens ponderadas em T1 realçadas por contraste e pesquisa da presença de ADN do vírus JC no LCR, usando técnicas sensíveis como a da reação em cadeia da polimerase (PCR).
- Em caso de suspeita de LMP, o tratamento com Tysabri deve ser interrompido até que o diagnóstico de LMP seja excluído.
- Em doentes com resultado negativo para pesquisa de anticorpos contra o vírus JC, o teste deve ser repetido a cada 6 meses. Doentes que tenham valores de índice baixos e que não tenham usado previamente imunossupressores, devem também realizar o teste a cada 6 meses quando o tratamento atingir 2 anos de duração.
- Após 2 anos de tratamento, os doentes devem voltar a ser informados sobre o risco de LMP associado ao medicamento.
- Os doentes e os seus cuidadores dever ser aconselhados a permanecer vigilantes para o risco de LMP durante 6 meses após terminarem o tratamento.

Doentes
- A ocorrência de LMP é um risco raro associado ao medicamento Tysabri.
- Contudo, com as novas recomendações é possível detetá-la precocemente e melhorar a sua evolução.
- Antes de iniciar e durante o tratamento com Tysabri, é necessário fazer análises ao sangue e ressonâncias magnéticas para monitorização periódica.
- Os sintomas de LMP podem ser semelhantes aos da esclerose múltipla, incluindo fraqueza progressiva, dificuldade na fala, problemas de visão e alterações de humor ou comportamentais. Caso verifique o agravamento da sua doença ou se tiver sintomas invulgares (durante ou até 6 meses após terminar o tratamento) deve contactar o seu médico.
- O seu médico irá fornecer-lhe mais informação sobre o risco de LMP através do Cartão de Alerta do Doente. Deve guardar este cartão e informar a sua família sobre o seu conteúdo.

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) e o Infarmed continuarão a acompanhar e a divulgar toas as informações pertinentes relativas a esta matéria.

1A estimativa do risco de LMP foi obtida através do método da tabela de vida baseada em 21.696 doentes que participaram nos ensaios clínicos STRATIFY-2, TOP, TYGRIS e STRATA. A estratificação do risco de LMP pelo índice de anticorpos contra o vírus JC em doentes que não utilizaram previamente imunossupressores foi obtida a partir da combinação do risco global anual com a distribuição do índice de anticorpos.

Infarmed
O Comité de Medicamentos de Uso Humano da Agência Europeia do Medicamento iniciou uma revisão de segurança dos medicamentos...

Estes medicamentos estão autorizados em vários países da União Europeia (UE) como contracetivos orais e para o tratamento de mulheres com acne moderadamente grave.

Em Portugal, o único medicamento autorizado para ambas as indicações – Sienima - não se encontra comercializado.

Esta revisão foi solicitada pela Agência de Medicamentos do Reino Unido (MHRA) pelo facto de os benefícios da associação dienogest+etinilestradiol não estarem suficientemente demonstrados no tratamento da acne. O MHRA refere ainda que o risco de tromboembolismo venoso não foi suficientemente caracterizado para esta associação de substâncias ativas, realçando a existência de alternativas terapêuticas para o acne.

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) irá avaliar todos os dados disponíveis acerca dos benefícios e dos riscos destes medicamentos no tratamento do acne e emitirá um parecer sobre a manutenção, alteração, suspensão ou retirada da autorizações de introdução no mercado.

Em caso de dúvida, as mulheres que estejam a tomar medicamentos contendo dienogest 2 mg + etinilestradiol 0,03 mg devem consultar o seu médico ou farmacêutico.

Estudo
O sal, e não apenas o açúcar, desempenha um papel importante no desenvolvimento da diabetes, concluem investigadores franceses...

No estudo publicado na revista médica norte-americana Cell Metabolism, os investigadores escrevem que a descoberta pode conduzir a novas formas de prevenção da doença.

"Medidas nutricionais simples, como a diminuição da ingestão simultânea de sal e açúcar, podem prevenir ou tratar a diabetes tipo 2 (a mais frequente)", lê-se no estudo.

Os cientistas chegaram a esta conclusão com base na análise de porcos anões que, segundo o Sapo, passaram por uma cirurgia de obesidade do tipo bypass, que consiste em modificar o circuito alimentar através de um curto-circuito numa parte do estômago e do intestino.

A maioria dos doentes operados a partir deste método apresenta resultados frequentemente positivos em termos de perda de peso, mas também no que diz respeito à diabetes, uma doença bastante associada à obesidade, escreve a agência de notícias France Presse.

"Questionámo-nos por que motivo o bypass tem um impacto tão positivo contra a diabetes, ao promover uma diminuição espetacular da glicemia (taxa de açúcar no sangue) antes mesmo de qualquer perda de peso", explica François Pattou, principal autor do estudo.

A investigação sobre os porcos anões - cuja alimentação é semelhante à dos seres humanos - permitiu mostrar que a absorção global de glicose pelo organismo ficou reduzida quando passou a ser absorvida apenas pela parte baixa do intestino, como ocorreu nos porcos operados, e não na parte alta, como aconteceu nos porcos não operados.

O sal na absorção da glicose
O sal é necessário para a absorção da glicose, explica François Pattou, cirurgião e cientista do Inserm em Lille.

Para confirmar o papel do sal, os investigadores forneceram grandes quantidades deste aos porcos anões e observaram um aumento da glicemia no sangue dos animais após as refeições.

Para Pattou, estes resultados confirmam a influência do sal no aumento da glicemia, já sugerida por um estudo prévio israelita publicado há meses.

No estudo, o conteúdo de sal surgia em quarto lugar nos critérios que influenciam o aumento da glicemia, atrás do conteúdo de açúcar das refeições, do facto de ser diabético e da hora das refeições (a glicemia aumenta mais à noite).

Associação Portuguesa de Cirurgia de Ambulatório
A cirurgia em regime de ambulatório tem tido, nos últimos anos, um desenvolvimento extraordinário, apresentando atualmente mais...

O fator de sucesso da cirurgia de ambulatório passa pela multidisciplinariedade, onde se envolvam diferentes grupos de profissionais, garantindo segurança e elevados índices de qualidade no tratamento dos doentes, explica Carlos Magalhães, presidente da Associação Portuguesa de Cirurgia de Ambulatório (APCA).

E acrescenta: “A cirurgia de ambulatório poderá ter um papel muito importante na sustentabilidade económica do Sistema Nacional de Saúde, o que irá permitir rentabilizar muitos dos recursos existentes a nível nacional, oferecendo assim excelentes garantias de qualidade e segurança de tratamento aos pacientes.”

Este será um dos temas em debate na 4ª Reunião Nacional de Unidades de Cirurgia Ambulatória, que vai decorrer no dia 14 de Março, pelas 09:00 horas, no Auditório do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto. A iniciativa vai abordar ainda, segundo o Diário Digital, várias questões em cirurgia ambulatória: avaliação pré-operatória, registo no processo clínico do paciente, limites da anestesia, anestesia local, perfil dos profissionais de cirurgia de ambulatório, comunicação no pós-operatório, índices de severidade em ambulatório e a rentabilidade de cirurgia de ambulatório para um hospital.

Em 2015 realizaram-se mais de 416 intervenções cirúrgicas em regime de ambulatório. Este tipo de cirurgia tem vindo a aumentar, representando já 58,5% do total de intervenções realizadas.

A APCA tem como principal objetivo defender, promover e protagonizar o processo de evolução da cirurgia de ambulatório no nosso país.

Estudo
A falta de sono aumenta no sangue um sinal químico que amplifica o gosto por comida e, em particular, por lanches doces e...

O estudo, divulgado na revista Sleep, sobre a relação entre a privação de sono e o aumento de peso, foi realizado entre 14 jovens saudáveis voluntários, que quando privados de sono tinham preferência por comer biscoitos, caramelos ou batatas fritas, alimentos que os cientistas consideraram como "gratificantes".

Os jovens comeram aquele tipo de alimentos apesar de apenas duas horas antes terem ingerido comida que satisfazia 90% das suas necessidades calóricas diárias, escreve o Jornal de Notícias.

"Descobrimos que a falta de sono estimula um sinal que aumenta o aspeto hedonista à ingestão de alimentos ou seja prazer e satisfação através dos alimentos", disse o endocrinologista da Universidade de Chicago, Erin Hanlon, um dos autores do estudo.

A falta de sono, segundo o endocrinologista, "parece aumentar" a vontade de ingerir alimentos, à semelhança daquilo que o ingrediente ativo da marijuana faz ao cérebro.

Os investigadores salientam no estudo que por cada hora extra acordado são necessários 17 calorias extra.

Por cada quatro horas de sono perdido, os voluntários precisariam de cerca de 70 calorias. No entanto, consumiram mais de 300 calorias, o que "pode causar um aumento significativo do peso".

Direção-Geral da Saúde
O consumo de tabaco matou mais de 32 pessoas por dia em 2013, tendo sido a primeira causa de morte em Portugal, mas no geral o...

De acordo com o relatório “Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo em Números 2015”, da Direção-Geral da Saúde (DGS), os últimos dados disponíveis sobre a mortalidade associada ao tabaco revelam que fumar foi a primeira causa de morte em Portugal em ambos os sexos, correspondendo a quase 11% do total de óbitos.

As estimativas do Institute for Health Metrics and Evaluation, citadas no relatório da DGS, apontam para mais de 12 mil óbitos em Portugal devido ao tabaco, incluindo a exposição passiva ao fumo.

Entre as mortes ocorridas devido ao consumo de tabaco, mais de metade foram em consequência de cancro e doenças respiratórias.

No total, o consumo de tabaco foi responsável por 21% do total de mortes por cancro, 31% das mortes por doenças respiratórias, 9% de óbitos por doenças do aparelho circulatório, 2,5% das mortes por diabetes e 10% do total de óbitos por tuberculose.

O relatório sublinha ainda que uma em cada cinco mortes ocorridas em pessoas com idades entre os 45 e os 64 anos são atribuíveis ao tabaco.

No que respeita à perda de anos de vida saudável devido ao tabaco, nos homens esta situação é provocada principalmente pelas neoplasias, seguidas das doenças do aparelho circulatório e as respiratórias crónicas.

Entre as mulheres, verifica-se que em primeiro lugar, na perda de anos de vida saudável, estão as doenças do aparelho circulatório, seguidas das respiratórias crónicas e só então as neoplasias.

No entanto, é em particular no sexo masculino que ocorre maior perda de anos vividos com saúde.

O relatório aponta ainda para a estimativa de 400 mortes por exposição ao fumo ambiental, em 2013, embora refira que este tipo de mortalidade “registou uma descida assinalável nos últimos anos”.

Ainda assim, em 2014, 8,6% da população com mais de 15 encontrava-se exposta diariamente ao fumo ambiental do tabaco, principalmente nos espaços de lazer (38,3%), em casa (31%) e no local de trabalho (20,5%).

Em descida está também o consumo global do tabaco, que registou uma ligeira diminuição (de 20,9% para 20%) nos consumidores com mais de 15 anos, entre 2005/2006 e 2014.

A prevalência de consumidores diários baixou quase 2 pontos percentuais (de 18,7% para 16,8%) e a percentagem de ex-fumadores aumentou quase 6 pontos percentuais (de 16,1% para 21,7%).

Discriminando por sexo os consumidores diários, o relatório revela que enquanto os homens estão a diminuir (de 27,5% para 23,5%), as mulheres estão a aumentar, ainda que ligeiramente (de 10,6% para 10,9%).

“Como nota menos positiva, a percentagem de pessoas que nunca fumaram diminuiu quase 5 pontos percentuais, de 62,9%, em 2005/2006, para 58,2% em 2014, o que traduz um aumento da experimentação do consumo”, sublinha o documento.

Este facto permite concluir que a redução na prevalência do consumo de tabaco foi conseguida sobretudo à custa do aumento do número de pessoas que deixaram de fumar.

A este propósito, o relatório revela que 92,1% dos residentes em Portugal que deixaram de fumar fizeram-no sem qualquer apoio, enquanto 3,6% afirmaram ter recorrido a apoio médico ou a medicamentos.

O número de locais de consulta para apoio à cessação tabágica aumentou 10% entre 2013 e 2014, invertendo a tendência que se registava nos últimos anos.

Relativamente ao número de consultas realizadas para deixar de fumar, tem aumentado desde 2010, “com um crescimento assinalável em 2014”.

De acordo com o documento, o número de consultas subiu de 19.620 em 2010 para 22.358 em 2013, tendo depois dado um salto em 2014, para 26.008.

Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral
Os cheques-dentista são alargados aos jovens de 18 anos que já tinham sido beneficiários e concluído o plano de tratamentos aos...

Neste alargamento do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral (PNSO) serão também abrangidos os infetados com VIH/sida que já não façam tratamentos há mais de dois anos, sendo-lhes atribuídos dois cheques-dentista para um ciclo de tratamentos.

Devem receber também cheque-dentista as crianças e jovens de 7, 10 e 13 anos com necessidades especiais de saúde, nomeadamente portadores de doença mental, paralisia cerebral ou trissomia 21 que não tenham ainda sido abrangidos pelo PNPSO.

Assim, crianças e jovens portadores de deficiência que precisam de sedação para tratar dos dentes vão ter acesso a cheques-dentista e poderão ser tratados nos serviços de estomatologia dos hospitais.

Atualmente, o cheque-dentista abrange crianças de 7, 10, 13 e 15 anos que frequentem as escolas públicas, idosos com complemento solidário, grávidas e portadores de VIH.

O programa dos cheques-dentista existe desde 2008 e foram já distribuídos um total de mais de 3,6 milhões de cheques, abrangendo 2,2 milhões de pessoas. A taxa de utilização destes cheques tem tido uma média de 74%.

Europacolon
A Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo apelou ao Governo que promova um rastreio ao cancro do intestino, como...

Há vários anos que a Europacolon Portugal tem vindo a alertar para a necessidade da realização de um rastreio organizado de base populacional no Serviço Nacional de Saúde, à semelhança do que tem vindo a ser feito para os cancros da mama e do colo do útero, disse o presidente da associação, que falava a propósito do Mês Europeu de Luta Contra o Cancro do Intestino, que começa hoje.

Todos os anos surgem mais de 7.000 novos doentes e morrem 11 pessoas por dia em Portugal, mortes que podiam ser evitadas se a doença fosse detetada e tratada precocemente, disse Vítor Neves.

“Se tivéssemos um rastreio de base populacional - somos dos poucos países da Europa onde esse rastreio não existe - e se estivéssemos interessados em desenvolver atitudes preventivas e diagnósticos precoces, mais de dois terços destes doentes” poderiam ser tratados e curados, frisou.

Perante esta realidade, Vítor Neves apelou ao ministro da Saúde que dê atenção a esta matéria, esperando que 2016 "seja finalmente o ano” em que Portugal vai ter este rastreio, que, afirma, terá ganhos para o Serviço Nacional de Saúde.

Segundo o responsável, o dinheiro a aplicar na prevenção, através do rastreio, “é muito baixo” relativamente ao que se investe no tratamento e na estabilização dos doentes avançados.

São gastos com “cirurgias, radioterapia, quimioterapia, tratamentos inovadores, custos sociais, já para não falar” na morte de 11 pessoas por dia, “um drama social que urge acabar no nosso país”, defendeu.

Enquanto o rastreio não avança, o presidente da Europacolon Portugal aconselha as pessoas com mais de 50 anos, as pessoas cujos pais tenham tido esta doença ou apresentem sintomas, como perda de sangue nas fezes, cansaço, emagrecimento, alteração dos hábitos intestinais ou dores abdominais, a irem ao médico de família e fazerem o despiste do cancro do intestino.

Dados recentes do Registo Oncológico Nacional referem que o cancro do intestino é o que tem vindo a aumentar mais na população portuguesa devido, sobretudo, ao estilo de vida.

Inserido nas atividades do Mês Europeu de Luta Contra o Cancro do Intestino, a Europacolon realiza durante este mês um rastreio gratuito ao cancro do intestino em 141 farmácias Holon espalhadas pelo país.

A associação participará na quarta-feira, em conjunto com as associações congéneres europeias, numa sessão de esclarecimento no Parlamento Europeu, com o mote “Fazer barulho – Salvar Vidas!”, que alerta para a importância dos rastreios organizados como forma de salvar vidas.

Cientistas identificam
Os cientistas confirmaram que o vírus Zika, que está a espalhar-se na América Latina e que se pensa estar associado a...

Uma equipa de investigadores apresentou a "primeira demonstração de uma ligação entre o vírus Zika e a síndrome de Guillain-Barré", referiu o professor Arnaud Fontanet, responsável da unidade de epidemiologia das doenças emergentes no Instituto Pasteur, em Paris, que coordenou o estudo publicado na revista médica britânica 'The Lancet'.

O estudo foi realizado a partir dos dados recolhidos na Polinésia Francesa, onde houve um surto de Zika entre outubro de 2013 e abril de 2014, afetando dois terços da população.

A doença provocou em 20% a 30% dos casos uma falha respiratória e, nos países mais ricos, cerca de 5% dos infetados acabaram por morrer. Esta síndrome neurológica rara manifesta-se depois da ocorrência de outras infeções virais (como gripe e dengue) mas também, e de forma não negligenciável, seguidamente a uma infeção bacteriana (campylobacter).

Com mais de 1,5 milhões de casos no Brasil e milhares noutros países, incluindo mais de 40.00 casos na Colômbia, os investigadores alertam para a necessidade de reforçar os tratamentos intensivos, em particular fora das cidades.

"Nas zonas que vão ser afetadas pela epidemia do vírus ZiKa, é preciso pensar, nos casos em que for possível, em reforçar as capacidades de tratamento intensivo porque sabemos que há um certo número de pacientes que vão desenvolver a síndrome de Guillain-Barré e, desses, 30% vão precisar de assistência respiratória", disse à AFP o cientista principal da investigação.

OE2016
A Associação Portuguesa dos Profissionais de Acupunctura é ouvida pela comissão parlamentar de Finanças, na expectativa de que...

Segundo disse a porta-voz da Associação Portuguesa dos Profissionais de Acupunctura (APPA), Daniela Antão, a associação é ouvida na Comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, no âmbito do debate na especialidade da proposta de Orçamento de Estado para 2016 (OE2016).

A associação opõe-se a um ofício da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), que desde agosto do ano passado determinou que as atividades terapêuticas não convencionais, como acupunctura, osteopatia e homeopatia, devem pagar 23% de IVA, considerando que não estão isentas do pagamento deste imposto, como era entendido até aqui.

“É uma oportunidade que os deputados não devem perder, a meu ver, para esclarecer esta questão no OE2016”, disse Daniela Antão, apelando a uma “posição pública dos grupos parlamentares” e acreditando que venha a ser apresentada uma proposta de alteração ao OE2016 que reponha a isenção de IVA nas atividades de terapêutica não convencional.

A proposta de OE2016 não contempla nenhuma medida sobre o IVA das atividades terapêuticas não convencionais.

“Uma vez que não se encontra expressamente reconhecida, no Código do IVA, qualquer isenção que contemple as atividades de terapêutica não convencional, o seu exercício constitui a prática de operações sujeitas a imposto e dele não isentas", lê-se no ofício assinado em agosto pelo subdiretor-geral da AT Miguel Silva Pinto.

Ora, a APPA opõe-se a este entendimento do Fisco, “que não teve nos 20 anos anteriores, porque tipicamente tratava os contribuintes das terapias não convencionais isentos” de IVA.

Além disso, a AT “está a notificar terapeutas obrigando-os a pagar IVA com retroativos de quatro anos”, segundo Daniela Antão, o que força os trabalhadores “a sair da atividade, muitos veem-se em situação técnica de falência”.

Isto porque, contabilizou, pagar 23% de IVA de quatro anos corresponde “à quase totalidade (92%) do rendimento de um ano apenas”.

A APPA fez uma simulação do impacto da tributação do IVA nestas terapias convencionais e concluiu que, por ano, o fim da isenção significa uma perda de receita de cerca de 7,4 milhões de euros, “pois o impacto orçamental global na perda de receita de IRS e IRC e de contribuições para a Segurança Social serão superiores ao potencial encaixe de IVA”.

“Sendo que às falências é preciso juntar a perda de postos de trabalho e contabilizar os custos do subsídio de desemprego e outros apoios da Segurança Social”, afirma a associação.

A APPA destaca que a acupunctura é “reconhecida pela lei portuguesa desde 2003, com autonomia científica e deontológica”, considerando que a AT “deve assegurar a isenção de IVA aos tratamentos médicos”.

A associação lembra também que o Tribunal de Justiça da União Europeia “considera serviços médicos as prestações que consistam em prestar assistência a pessoas, diagnosticando e tratando uma doença ou qualquer anomalia de saúde”, sublinhando que “é o que fazem as terapias não convencionais”.

“A Saúde não paga IVA” é o lema da campanha da APPA, que acredita, assim, que os grupos parlamentares possam apresentar propostas de alteração ao OE2016 que mantenham o setor isento do pagamento deste imposto.

Processo Especial de Revitalização
A Galilei Saúde encontra-se sob administração judicial no âmbito do Processo Especial de Revitalização, tendo sido nomeado João...

A Galilei Saúde controla, entre outros ativos, o British Hospital, e como o seu administrador de insolvência foi nomeado a 25 de fevereiro, os credores dispõem de 20 dias a partir dessa data para reclamarem dívidas à empresa do universo Galilei (ex-Sociedade Lusa de Negócios), que detinha o Banco Português de Negócios (BPN) até à sua nacionalização em 2008.

A partir do momento em que foi nomeado um administrador de insolvência, "o devedor fica impedido de praticar atos de especial relevo, (...) sem que previamente obtenha autorização para a realização pretendida por parte do nomeado administrador provisório", lê-se no anúncio do Processo Especial de Revitalização (PER) da Galilei Saúde.

O administrador judicial tem ainda "direito de acesso à sede e às instalações empresariais do devedor e de proceder a quaisquer inspeções e a exames, designadamente dos elementos da sua contabilidade", ficando o devedor "obrigado a fornecer-lhe todas as informações necessárias ao desempenho das suas funções".

Há precisamente um mês (29 de janeiro), o veículo estatal Parvalorem, o maior credor da Galilei (ex-SLN), chumbou o Processo Especial de Revitalização (PER) da ‘holding', empurrando-a para a insolvência.

Protocolo assinado
A Raríssimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras assinou um protocolo com várias entidades para a criação do...

"A Raríssimas agregou vontades ao longo de 14 anos de existência. Hoje assinamos este protocolo para a criação de um consórcio, o Rare Diseases Research Consortium, em parceria com o INSA, o CEDOC e o ICS/UCO", disse Paula Brito e Costa, presidente da Raríssimas, durante uma cerimónia que decorreu na Moita.

Na data em que se celebrou o Dia das Doenças Raras, estiveram presentes na Moita o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, e da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que assistiram à cerimónia de assinatura do protocolo e efetuaram uma visita à Casa dos Marcos, o primeiro Centro de Recursos em Doenças Raras em território nacional.

"As doenças raras não podem ser ignoradas, existem mais de meio milhão de portugueses que são portadores. Algumas são mais raras que outras mas podem contar sempre com o apoio do Ministério da Saúde", disse o ministro Adalberto Campos Fernandes.

O ministro acrescentou que os resultados dos centros de referência para doenças hereditárias metabólicas serão anunciados dia 11 de março.

Já o ministro Viera da Silva, que foi homenageado pela Raríssimas, dando o seu nome ao hall de entrada da Casa dos Marcos, salientou que o espaço se trata de uma "referência a nível nacional e internacional".

"Fico satisfeito por ver o meu nome associado. Estamos a falar de doenças raras, que se caracterizam por ser diversas. Não será necessário que exista uma rede de casas desta natureza, mas existe espaço para uma maior cobertura do país", afirmou.

Vieira da Silva disse ainda que o Estado vai continuar a apoiar o dinamismo de associações como a Raríssimas, dentro das suas "possibilidades e recursos".

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse que os resultados dos centros de referência para doenças hereditárias...

"Os Centros de Referência serão apresentados dia 11 de março. Está marcada a data e serão apresentados publicamente", disse, à margem de uma visita à Associação Raríssimas, na Moita.

Os médicos internistas questionam o atraso na definição dos centros de referência para doenças hereditárias metabólicas, quando as candidaturas ao concurso para a sua criação foram apresentadas em setembro de 2015, estando até hoje por publicar os resultados.

O alerta foi deixado pelo Núcleo de Estudos de Doenças Raras (NEDR) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), assinalando-se hoje o Dia Mundial das Doenças Raras.

"É do nosso conhecimento estarem aprovados os centros para as áreas de oncologia de adultos e pediátrica, para a epilepsia, doenças cardiovasculares, transplantes de órgãos, e paramiloidose familiar", afirmou Luís Brito Avô, coordenador do NERD.

No entanto, o concurso para doenças hereditárias metabólicas, que afetam centenas de pessoas em Portugal, "de extrema importância para as doenças raras, parece estar bloqueado", acrescenta.

"As candidaturas foram apresentadas em setembro de 2015 e ainda não foram publicados os seus resultados. A definição destes centros é fundamental para o melhor tratamento dos portadores de doenças hereditárias metabólicas", defende o especialista.

Eutanásia
O ministro da Saúde disse não acreditar que os profissionais de saúde não cumpram a lei no caso da eutanásia e sublinhou que a...

"Solicitei à Inspetora-Geral das Atividades em Saúde que tomasse uma primeira iniciativa para esclarecer eventuais dúvidas que possam existir. Não acreditamos que os profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) não façam aquilo que a lei determina, que a sua consciência exige e que os princípios da ética e rigor profissional exigem, por isso vamos ter serenidade", disse.

Adalberto Campos Fernandes falava depois de questionado sobre as declarações da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, que num programa da Rádio Renascença afirmou sábado que a eutanásia "já é de alguma forma praticada nos hospitais do SNS com médicos que sugerem essa solução para alguns doentes".

O ministro, que falou à margem de uma visita à Associação Raríssimas, na Moita, referiu ainda que a Bastonária dos Enfermeiros é uma pessoa "muito inteligente" e que acredita que em breve "terá ocasião de explicar melhor as suas palavras".

"Não tenho a certeza que as palavras da senhora Bastonária não tenham sido mal interpretadas e creio que ela terá oportunidade de explicitar o que queria dizer e eu não me quero antecipar a um juízo de intenção ou de valor sobre as declarações", afirmou.

Adalberto Campos Fernandes referiu que a inspeção deverá agora chamar Ana Rita Cavaco.

"A Inspeção poderá conversar com a bastonária e procurar saber o que ela viu, conhece ou tem conhecimento, é só isso. A única preocupação que tenho é garantir que os portugueses têm confiança no SNS, nos médicos e enfermeiros", concluiu.

Queimar até à exaustão
Mais jovens são os mais afetados. Más condições de trabalho são o principal fator invocado para justificar o estado de exaustão...

Quase metade dos médicos e dos enfermeiros apresentam sinais de burnout elevado e mais de 20% exibem sintomas de exaustão física e emocional moderada. São resultados preocupantes daquele que é um dos maiores estudos feitos em Portugal sobre um problema que tem sido cada vez mediatizado nos últimos anos, o burnout, síndrome que se traduz do inglês como o processo de “queimar até à exaustão”.

Publicado na última edição da Ata Médica, o estudo sobre “Burnout nos profissionais de saúde em Portugal” indica que, a nível nacional, 47,8% dos médicos e enfermeiros inquiridos apresentavam níveis de burnout elevados e que 21,6% exibiam sintomas moderados desta síndrome que combina a exaustão física e emocional, a perda de realização profissional e a despersonalização (incapacidade de empatia, cinismo). É um estado de desgaste extremo, de quase colapso, que, além de atingir o próprio, afeta de forma significativa a relação médico-doente (empatia) e a qualidade dos cuidados de saúde prestados, escreve o jornal Público.

“A metáfora que se utiliza é a de que a pessoa fica arrasada, quase carbonizada, em cinzas, já não se consegue levantar”, descreve João Marôco, do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (IAVE), o coordenador do trabalho que foi realizado em conjunto com outros especialistas, nomeadamente da Escola Nacional de Saúde Pública e do Hospital de Santa Maria.

Com uma amostra de conveniência mas muito alargada – foram inquiridos 1262 enfermeiros e 466 médicos, entre 2011 e 2013 –, a investigação pode ter conduzido a uma "sobrestimação" dos níveis de exaustão (porque a amostra não é aleatória e só respondeu quem estava motivado para isso), admite João Marôco, que explica ainda que o trabalho só agora foi publicado porque teve que ser validado cientificamente.

Dois quartos dos profissionais de saúde com sintomas de burnout não é exagerado? Não, responde este especialista em estatística de base, que diz não se ter surpreendido com os resultados porque são idênticos aos obtidos noutras investigações realizadas nos Estados Unidos, onde este fenómeno tem sido muito estudado. Refere mesmo o exemplo de um estudo de 2011 publicitado pela Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos, no qual 87% de mais de dois mil médicos admitiram sentir-se “severamente stressados e em burnout num dia regular de trabalho”. Quanto à realidade portuguesa, acredita, não terá melhorado desde 2013.

Uma "realidade extenuante"
Tal como nos EUA e na maior parte dos estudos sobre esta matéria, foram os profissionais mais jovens os que apresentaram maiores níveis de burnout, quando comparados com colegas com mais anos de profissão. “As pessoas idealizam a profissão e, de repente, confrontam-se com uma realidade que é extenuante e todas as dificuldades acabam por ser exacerbadas", sintetiza João Marôco. “Os mais velhos já desenvolveram estratégias de coping [relativização] e conseguem adaptar-se às más condições de trabalho ou saem da profissão”, acrescenta.

Os níveis de burnout em médicos e enfermeiros não diferem muito, o que se compreende, uma vez que ambos lidam com doentes, trabalham nos mesmos locais e em condições semelhantes, observa o especialista. Mas nos enfermeiros a percentagem de burnout elevado é superior (49,4% do total) - nos médicos atinge 43,6% da amostra. Nos níveis moderados, na classe médica a percentagem é de 24%, enquanto na de enfermagem é de 20,8%.

O trabalho por turnos, alguns dos quais se prolongam por 24 horas, também poderá potenciar este problema, ainda que neste estudo não tenha sido encontrada uma associação entre os níveis de exaustão e a duração média da jornada de trabalho. Outras diferenças que merecem destaque são as disparidades geográficas: os níveis mais elevados de burnout foram encontrados nos distritos do Norte e do interior do país, em conjunto com a região autónoma dos Açores.

Nas grandes cidades também se observaram algumas diferenças, mas não muito significativas: em Lisboa, os níveis de burnout eram moderados tantos nos médicos como nos enfermeiros, enquanto no Porto, apesar de moderados nos médicos, eram elevados nos enfermeiros. De resto, há distritos com níveis elevados, como Castelo Branco e Guarda, entre outros.

Agora, advoga João Marôco, era necessário fazer um "levantamento representativo da incidência nacional de burnout", para sustentar intervenções que promovam a saúde ocupacional e de forma a poder perceber-se os motivos que justificam este tipo de resultados, por exemplo, compreender porque é que os distritos do interior são mais afetados, se é por falta de recursos e de condições de trabalho.

Os profissionais de saúde que participaram no estudo foram recrutados por convite em serviços de medicina ocupacional e por divulgação do estudo em associações socioprofissionais (Ordem dos Enfermeiros, Associação dos Médicos de Família e Clínica Geral, Sindicato dos Médicos do Norte). A Ordem dos Médicos não respondeu ao pedido de divulgação do inquérito.

Ordem dos Médicos avança com estudo alargado
Os responsáveis da Ordem dos Médicos criaram em 2010 um grupo de trabalho por estarem preocupados com a multiplicação de casos de burnout e decidiram lançar um estudo de âmbito nacional para compreender a real dimensão do problema. Mas o estudo só agora vai avançar. No início deste mês, foi assinado um contrato para a realização de um estudo sociodemográfico e de incidência de síndrome de burnout nos médicos, encomendado ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

“Esperamos que participem milhares de médicos. Esta é uma profissão profundamente desgastante, em que não se pode errar e há falta de recursos humanos, o que leva a um esforço sobre-humano que não é reconhecido”, afirma o bastonário José Manuel Silva. "São poucas as instituições de saúde de medicina do trabalho”, lamenta o bastonário, que não se mostra surpreendido com os resultados do trabalho da equipa de João Marôco, que diz desconhecer apesar de ter sido publicado na Ata Médica.

“Como cidadão, ficou muito satisfeito por ver que este estudo [da OM] vai avançar. Nós fizemos um primeiro diagnóstico e levantamento, mas este não responde a muitas perguntas”, sublinha João Marôco.

Em Portugal já há vários trabalhos sobre burnout em profissionais de saúde, mas os que existem são parcelares, com amostras reduzidas, e incidem sobre grupos muito específicos, como um inquérito feito a 263 anestesistas que permitiu perceber que mais de metade sofriam de exaustão emocional e 45% diziam não se sentir realizados. Divulgado no ano passado, outro estudo exploratório, que serviu de base a uma tese de mestrado da Faculdade de Medicina de Lisboa, indicava que 15% de 104 médicos avaliados sofriam desta síndrome.

Eutanásia
Sete mil pessoas assinaram já a petição pública pela despenalização da morte assistida apresentada há cerca de uma semana pelo...

A petição, dirigida à Assembleia da República, está disponível online e o texto que a acompanha é o mesmo do manifesto assinado por mais de 100 personalidades da sociedade portuguesa que defendem a despenalização da eutanásia.

No texto, o movimento assume-se como um conjunto de cidadãos, “unidos na valorização privilegiada do direito à liberdade”.

“Defendemos, por isso, a despenalização e regulamentação da morte assistida como uma expressão concreta dos direitos individuais à autonomia, à liberdade religiosa e à liberdade de convicção e consciência, direitos inscritos na Constituição”, lê-se no texto da petição.

Apontam que a morte assistida consiste em antecipar ou abreviar a morte de doentes em grande sofrimento e sem esperança de cura, desde que seja em resposta a um pedido do próprio, feito de forma informada, consciente e reiterada.

Menos de 48 horas depois de ser lançada, a petição online já tinha ultrapassado as 4.000 assinaturas, fazendo com que se torne inevitável a sua discussão em plenário no parlamento.

Uma semana depois de ter sido lançada online (no dia 21 de fevereiro), a petição atingiu as sete mil assinaturas.

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