Estudo
Os homens sofrem de duas vezes mais riscos do que as mulheres de contrair cancro da boca e do pescoço derivado da infeção pelo...

Quase dois em cada três casos de cancro da orofaringe são provocados pela infeção do HPV 16 e a sua frequência aumentou nos últimos anos, explicou Gypsyamber D'Souza, epidemiologista que apresentou a pesquisa na Conferência Anual sobre Avanços na Ciência (AAAS).

A prática do sexo oral (tanto no pênis como na vagina) faz com que este tipo de cancro afete muito mais os homens, sobretudo os brancos de idade média, do que as mulheres, escreve o Sapo.

A análise mostra que estas práticas generalizadas começam cada vez mais cedo e que a frequência de novos parceiros é igualmente maior.

"O nosso estudo mostra que entre os homens o risco de uma infeção por vírus do papiloma humano (HPV) aumenta com o número de parceiros com os quais mantiveram sexo oral", explicou D'Souza, professor de epidemiologia na universidade Johns Hopkins, em Baltimore.

Ao contrário, entre as mulheres o número de parceiros recentes não parece aumentar o risco de contrair a doença. E com a mesma quantidade de relações, os homens têm maior probabilidade de se infetar com HPV 16.

O estudo determinou que as mulheres que têm mais relações sexuais vaginais têm menor risco de contrair HPV durante estas práticas.

Tal sugere que a primeira exposição vaginal ao HPV confere uma proteção maior ao ativar uma maior resposta imunitária, deduz D'Souza.

Aparentemente, o sistema imunitário dos homens é mais frágil, o que os torna mais vulneráveis à infeção, que é bastante comum. O sistema imunitário da maioria das pessoas consegue eliminar o vírus um ou dois anos, embora os pacientes do sexo masculino em menor medida do que as mulheres.

O HPV não causa diretamente mutações responsáveis por tumores, mas provoca mudanças nas células que infetam a garganta e o colo do útero e que podem provocar cancro.

O sexo oral aumenta o risco do cancro da boca e do pescoço em cerca de 22%, segundo um estudo publicado em janeiro pelo jornal especializado Journal of the American Medical Association. A incidência deste tipo de cancro aumentou 225% em 20 anos.

Em Lisboa
O Centro Especializado em Endometriose do Hospital Lusíadas Lisboa vai promover, no dia 22 de fevereiro, às 20h00, no auditório...

A reunião clínica vai dar a conhecer o Centro Especializado em Endometriose e promover a partilha de informação em torno dos desafios que os ginecologistas enfrentam no diagnóstico e tratamento da endometriose, escreve o Sapo.

"Temos profissionais vocacionados para todas as vertentes desta doença, com o intuito da diagnosticar e tratar a endometriose num mesmo Centro, numa lógica integrada. O Centro dispõe de Cirurgia Minimamente Invasiva e de técnicas de Procriação Medicamente Assistida, quando o problema é a infertilidade, congregando ainda especialistas da Dor, que permitem aliviar este sintoma, tão frequente nestas mulheres, sobretudo durante a menstruação e nas relações sexuais", revela Fátima Faustino, responsável do Centro Especializado em Endometriose do Hospital Lusíadas Lisboa.

A endometriose é uma doença benigna que pode afetar uma em cada dez mulheres e carateriza-se pelo crescimento de tecido endometrial fora do seu local habitual, que é a cavidade uterina. Sempre que ocorre a menstruação existe sangramento nessas zonas, o que provoca uma reação inflamatória crónica que produz aderência nos órgãos e o crescimento de tumores que, apesar de benignos, provocam dor e, em muitos casos, infertilidade.

A reunião realiza-se no Hospital Lusíadas Lisboa e vai ser transmitida, por videoconferência, em todos os hospitais do grupo.

A participação nesta iniciativa é gratuita e as inscrições podem ser realizadas através do contacto: [email protected].

Ordem dos Médicos Dentistas
A Ordem dos Médicos Dentistas entregou ao Governo uma proposta para a colocação daqueles profissionais nos centros de saúde,...

“A proposta, que cumpre os requisitos que foram comunicados pelo Ministério da Saúde, vai ser levada a cabo de forma faseada, através de experiências piloto em vários centros de saúde do país, com médicos dentistas a exercer nas instalações do Serviço Nacional de Saúde, nos cuidados de saúde primários em regime de contratualização ou avença”, adiantou o bastonário.

Orlando Monteiro da Silva, que falava na sequência da entrega da proposta ao Ministério da Saúde, noticiada pelo Diário de Notícias, esclareceu que os cuidados vão ser orientados numa primeira fase para prestar cuidados básicos de medicina dentária a uma população economicamente desfavorecida e portadora de doenças crónicas como o cancro, a diabetes ou doenças cardiovasculares.

“Outra condição foi a de esta inserção não se sobrepor à cobertura já prestada pela rede clínica e consultórios privados, no âmbito do programa do cheque-dentista, que vai permanecer tal como está e que recebe faixas da população muito importantes”, revelou, salientando que o projeto tem de levar e conta as restrições orçamentais.

Questionado sobre quantos médicos vão ser precisos para levar a cabo o projeto, Orlando Monteiro da Silva disse que o número vai ser calculado mais tarde em função dos centros de saúde que vierem a revelar-se operacionais para o efeito, estejam equipados ou possam ser adaptados para a consulta.

“A Ordem e a Direção-Geral das Saúde efetuaram já visitas aos locais, aos centros de saúde do país. Foi feito um levantamento do que existe para posteriormente se poder chegar à seleção dos centros e ao número de médicos que seja adequado”, disse.

Relativamente às expectativas quanto ao projeto-piloto, anunciado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, em dezembro, que pretendia integrar médicos dentistas em centros de saúde e unidades de saúde familiar, o bastonário disse que são realistas e moderadas.

“A concretizar-se esta ideia do governo, é um passo enorme: fazer com que grande parte da nossa população, que não tem acesso ao dentista, possa vir a tê-lo, mesmo que seja de forma gradual”, sublinhou.

No entender de Orlando Monteiro da Silva, é “terceiro-mundista um país que não proporciona aos seus cidadãos do seu sistema de saúde acesso aos cuidados de saúde oral”.

“Vamos ver se se concretiza ou não, estamos a fazer todos os esforços para assegurar que vá a bom porto, mas agora depende do Governo, do Ministério da Saúde que o projeto se possa concretizar”, concluiu.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, anunciou em setembro que pretendia integrar médicos dentistas em centros de saúde e unidades de saúde familiar.

De acordo com o Diário de Notícias, nos centros de saúde trabalham cerca de 20 dentistas, ou seja, um para cada milhão de utentes.

O jornal adianta também que dos 20 médicos dentistas a trabalhar para o Serviço Nacional de Saúde, a maioria está na região de Lisboa e Vale do Tejo, seis no agrupamento de centros de saúde transmontano, dois na zona centro e um no Algarve.

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra acolheu mais 50 estudantes "incoming" (sobretudo estrangeiros) que,...

Sendo maioritariamente provenientes de Espanha e da Bélgica, há também novos estudantes externos em mobilidade na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) oriundos do Brasil, da China (Macau), da Letónia e de Portugal.

Em menor número, a ESEnfC recebe, ainda, estudantes da Finlândia, da França, da Hungria, da Holanda, da Estónia e da Polónia.

Este grupo de discentes vai frequentar períodos de ensino clínico em serviços diferenciados do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, bem como dos centros de Saúde de Celas, Norton de Matos, Santa Clara e São Martinho do Bispo.

A integração dos novos estudantes externos foi assegurada, no último domingo, pelo Gabinete de Relações Nacionais e Internacionais da ESEnfC.

Estudo
Cientistas dos Estados Unidos implantaram com êxito, em animais, estruturas de tecido vivo fabricadas com uma "sofisticada...

A técnica, desenvolvida pelo Wake Forest Baptist Medical Center, na Carolina do Norte, representa um avanço para a medicina regenerativa, pois indica que estas estruturas poderão ser futuramente implantadas em doentes, superando "vários obstáculos técnicos" que o dificultam na atualidade, destacam os autores em comunicado.

Os investigadores imprimiram estruturas cartilagíneas, ósseas e musculares "estáveis" que, após implantadas em roedores, progrediram até se converterem em tecido funcional, tendo desenvolvido um sistema de vasos sanguíneos.

Embora o tecido ainda não esteja pronto para ser aplicado em doentes, os primeiros resultados do estudo levam a crer que as estruturas criadas têm "o tamanho, a solidez e a funcionalidade adequadas para serem usadas em humanos", referem os autores do estudo.

"A nova impressora de tecidos e órgãos é um passo importante no nosso objetivo de fabricar tecidos de substituição para doentes", disse Anthony Atala, diretor do Instituto de Medicina Regenerativa do Wake Forest.

De acordo com o cientista, a bioimpressora 3D pode fabricar "tecido estável à escala humana de qualquer forma e tamanho", o que permitirá a impressão de "tecido vivo e estruturas de órgãos para implantação cirúrgica".

A investigação do Instituto de Medicina Regenerativa do Wake Forest teve o financiamento do Instituto de Medicina Regenerativa das Forças Armadas dos EUA, que pretende aplicar a criação em soldados feridos, dada a escassez de doadores de tecidos para implantes.

A precisão da nova impressora permite que, em breve, possam ser replicados os tecidos e órgãos mais complexos do corpo humano.

Desenvolvido ao longo dos últimos dez anos, o Sistema Integrado de Impressão de Tecidos e Órgãos recorre a materiais plásticos e biodegradáveis para criar a "forma" do tecido e o gel de base aquosa que mantém as células.

Outros dos desafios para a engenharia de tecidos é fazer com que as estruturas implantadas vivam o tempo suficiente para que possam integrar-se no corpo.

Nesse sentido, os investigadores otimizaram a "tinta" de água utilizada nas células para melhorar a sua "saúde" e promover o seu crescimento, ao mesmo tempo que imprimiram uma rede de "microcanais" nas estruturas, de modo a que os nutrientes e o oxigénio presentes no corpo humano se integrem nas estruturas implantadas, as mantenham vivas e desenvolvam vasos sanguíneos.

O diretor do Instituto de Medicina Regenerativa do Wake Forest e os colegas conseguiram já criar uma orelha minúscula que sobreviveu e apresentou sinais de vascularização um a dois meses após ser implantada.

O Sistema Integrado de Impressão de Tecidos e Órgãos revelou ainda capacidade para processar dados de tomografias e de ressonâncias magnéticas e "fabricar tecido à medida" de cada paciente.

Agência Internacional de Investigação sobre o Cancro
Nos países em desenvolvimento existem cinco vezes mais casos de cancro infantil que nas nações desenvolvidas, indicou a agência...

O número de casos de cancro infantil nos países em desenvolvimento é “inaceitavelmente alto”, denunciou o diretor da Agência Internacional de Investigação sobre o Cancro (IARC), Christopher Wild, num comunicado citado pela agência noticiosa espanhola EFE.

“Sobretudo quando temos o exemplo dos países ricos em relação ao que se pode conseguir com acesso a cuidados”, adiantou.

Anualmente são diagnosticados à volta de 215.000 casos de cancro entre os menores de 15 anos e 85.000 em adolescentes entre os 15 e os 19, segundo a IARC.

As estimativas têm por base dados recolhidos em 68 países entre 2001 e 2010 e indicam que nos países desenvolvidos o cancro infantil representa menos de 1% de todos os casos da doença.

Quase metade dos cancros infantis são leucemia e linfomas e alguns tipos da doença ocorrem quase exclusivamente nesta faixa etária, como o neuroblastoma, nefroblastoma e retinoblastoma.

Os carcinomas, quer sejam da mama, do pulmão ou do estômago, predominantes nos adultos, são “extremamente raros” nas crianças.

A IARC chamou ainda a atenção para o facto da taxa de sobrevivência, que chega aos 80% nos países ricos, poder ser de apenas 10% nos menos desenvolvidos.

“É essencial que os países em desenvolvimento obtenham o apoio técnico e financeiro de que necessitam para criar um sistema de saúde forte, que ofereça a cada criança a oportunidade de cura que existe nos países ricos”, defende a organização.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde demitiu Paulo Campos da presidência do Instituto Nacional de Emergência Médica, conforme proposta da...

A mesma fonte referiu que Adalberto Campos Fernandes homologou a proposta de cessação da comissão de serviço de Paulo Campos, no cargo de presidente do conselho diretivo do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Esta decisão de Adalberto Campos Fernandes segue a proposta que consta do relatório final da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS).

A IGAS investigou a atuação de Paulo Campos na alegada interferência que este terá tido no transporte de uma doente, em helicóptero do INEM, do Hospital de Cascais para o de Abrantes.

Segundo a mesma fonte do gabinete do ministro da Saúde, Paulo Campos foi informado desta decisão através de Adalberto Campos Fernandes.

Luís Meira mantém-se, para já, na presidência do INEM.

Administração Regional de Saúde
Mais de 86% da população da Região Centro está abrangida por Unidades de Cuidados na Comunidade, que desenvolvem uma atividade...

Em comunicado, a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) refere que, no início de 2016, “perto de 1.500.000 habitantes da Região Centro, o equivalente a mais de 86% da população”, são abarcados por 55 unidades.

“Com a entrada de uma nova Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC), em fevereiro, na área de influência da ARSC, foi atingido o total de 55 unidades ativas, o que permite concluir que 69,2% dos 78 concelhos da região têm uma unidade de cuidados na comunidade”, acrescenta.

Na região do Baixo Vouga, depois da entrada em funcionamento da UCC Nós, em Estarreja, “todos os concelhos passaram a ter uma UCC, o que equivale a uma cobertura de 365.272 habitantes”.

A ARSC explica que estas unidades, que estão instaladas nos centros de saúde, “têm como área de atuação o concelho onde se inserem, desenvolvendo uma atividade em proximidade com a comunidade no âmbito da prevenção da doença e da educação para a saúde”.

No total das 55 UCC da região trabalham 554 pessoas, das quais 256 são enfermeiros e 262 outros profissionais, como médicos, assistentes técnicos, nutricionistas, psicólogos, técnicos de serviço social, fisioterapeutas, higienistas orais e assistentes operacionais.

Ordem dos Médicos
13% dos médicos opta por tirar o curso de medicina fora de Portugal, sobretudo em países como Espanha ou República Checa,...

Dos 49.152 médicos que se inscreveram na Ordem até 31 de dezembro do ano passado, 13% tirou a licenciatura fora de Portugal.

Na União Europeia (UE), as escolhas recaem sobretudo em Espanha e na República Checa, onde se formaram 888 e 284 médicos, respetivamente.

Além da UE, são escolhidos países como o Brasil, Cuba, Argentina, Angola ou Moçambique, segundo dados do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos, que fez uma análise dos países em que se formam os profissionais de medicina.

“Este cenário deve fazer-nos olhar para dentro do país, nomeadamente para os programas formativos, disciplinas e mentores, mas também para fora, e perceber como melhor captar e reter talento. Estes números fazem-nos igualmente pensar que, se avançarmos com a revisão do ‘numerus clausus’ no país, o acesso ao ensino de medicina pode não ter restrições lá fora”, refere em comunicado o presidente da Secção Regional Sul da Ordem dos Médicos, Jaime Teixeira Mendes.

Começa também a haver uma percentagem já significativa de estrangeiros que escolhem Portugal para se licenciar: 315 médicos estrangeiros optaram por Portugal como país de formatura, a maioria brasileiros (43%) ou dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (41%).

União Europeia
A União Europeia lançou em Bruxelas o Corpo Médico Europeu, que visa mobilizar de forma mais rápida equipas médicas e de saúde...

“O Corpo Médico Europeu tem por objetivo dotar a UE de uma capacidade de reação muito mais rápida e eficaz face às crises sanitárias que possam surgir. Temos de retirar ensinamentos da luta contra o ébola. Uma das principais dificuldades foi a mobilização de equipas médicas”, observou o comissário europeu da Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Christos Stylianides, na inauguração de um evento de alto nível em Bruxelas.

Segundo o executivo comunitário, através do Corpo Médico Europeu, os Estados-Membros da UE e outros países europeus que participam no sistema podem disponibilizar equipas e meios médicos para uma mobilização rápida antes do aparecimento de situações de emergência graves, garantindo assim uma resposta mais rápida e mais previsível.

O Corpo Médico poderá incluir equipas médicas de emergência, peritos em saúde pública e em coordenação médica, laboratórios de biossegurança móveis, aviões de evacuação médica e equipas de apoio logístico.

“Agradeço a todos os Estados-Membros que já deram o seu contributo até à data e incentivo outros a juntar-se-lhes para que a resposta da UE consiga satisfazer as necessidades crescentes e permita um melhor planeamento e preparação das suas intervenções antes de qualquer catástrofe”, declarou Stylianides.

Até ao momento, nove Estados-membros já afetaram equipas e equipamento à reserva comum voluntária: Bélgica, República Checa, Finlândia, França, Luxemburgo, Alemanha, Espanha, Suécia e Holanda.

Na origem da criação de Corpo esteve o surto de vírus ébola, que revelou a dificuldade em mobilizar de forma rápida pessoal médico, “bem como em fazer face aos desafios em matéria de logística e de gestão, que não pararam de aumentar em sua consequência”, nota a Comissão Europeia.

Esta situação levou a Alemanha e a França, em finais de 2014, a proporem a iniciativa “Capacetes brancos”, que lançou as bases do Corpo Médico Europeu, que passa agora a fazer parte da nova Capacidade Europeia de Resposta de Emergência.

O Corpo Médico Europeu constituirá igualmente o contributo da Europa para a constituição de Recursos Humanos para a Ação Sanitária de Emergência a Nível Mundial, sob a égide da Organização Mundial de Saúde.

Andrew Solomon
Chega a Portugal “O Demónio da Depressão — Um Atlas da Doença”, de Andrew Solomon. Sintomas da doença atingem 25,4% dos...

“Tomo cerca de 12 comprimidos por dia para evitar ficar demasiado deprimido”, escreve Andrew Solomon. “Nas últimas fases da escrita deste livro, tive ataques de pânico e de solidão. Não eram sintomas depressivos, mas por vezes escrevia uma página e tinha de me ir deitar durante meia hora para recuperar das palavras que tinha escrito. Por vezes, chorava; por vezes, ficava ansioso e passava um ou dois dias na cama.” No fim, o seu O Demónio da Depressão — Um Atlas da Doença, que chega a Portugal 15 anos depois de ter sido publicado pela primeira vez nos Estados Unidos, foi vencedor do National Book Award e finalista do Pulitzer. Está traduzido em 24 línguas, do chinês ao turco, escreve o jornal Público.

Ao longo de cerca de 800 páginas (mais de 150 são bibliografia e notas), Solomon cita dezenas de entrevistas a médicos, terapeutas e investigadores. Revela testemunhos, na primeira pessoa, de doentes — homens e mulheres com carreiras, mães e pais de família, assistentes sociais, professores, indigentes. “A depressão não tem fronteiras sociais, mas os tratamentos da depressão têm-nas. Isso significa que a maioria das pessoas que são pobres e deprimidas se mantêm pobres e deprimidas”, escreve.

Alguns dos entrevistados escondem a depressão da família, dos maridos, das mulheres (“Pensariam que sou fraco”, disse-lhe um homem que atingiu um enorme sucesso profissional, apesar da doença). Outros somam internamentos em hospitais psiquiátricos. Tentativas de suicídio.

Passam-se em revista estudos e estatísticas — a edição portuguesa, da Quetzal, nas livrarias desde sexta-feira, inclui um capítulo onde o autor faz uma atualização do estado da arte até 2015. E os números são gigantes. Explica o escritor, membro do conselho consultivo do Columbia Medical Center: “A depressão é a principal causa de incapacidade nos EUA e no mundo em pessoas com mais de cinco anos.” Cerca de 15% das pessoas deprimidas acabarão por se suicidar.

A doença ocorre em idades cada vez mais jovens, “surgindo pela primeira vez quando as suas vítimas têm em média 26 anos, dez anos mais cedo do que na geração anterior”.

Em Portugal, o último Inquérito Nacional de Saúde, feito pelo Instituto Nacional de Estatística, em colaboração com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, concluiu que 25,4% da população residente com 15 ou mais anos tinha, em 2014, sintomas de depressão.

Atualmente, “é tratável; tomam-se antidepressivos como se fazem radiações para o cancro”. Por vezes, “obtêm-se resultados milagrosos, mas nunca é fácil e os resultados são inconsistentes”.

O fio condutor do livro é a experiência do autor, hoje com 52 anos, a sua própria depressão, as melhoras e as crises (a primeira aconteceu há 20 anos, quando a vida parecia correr bem), a terapia (“não vá a um terapeuta de quem não goste”, aconselha ele, que chegou a tentar 11, em seis semanas, até acertar), os métodos alternativos, das massagens aos chás, e os medicamentos — não se imagina sem medicamentos como não se imagina sem comer ou sem dormir. “A depressão é uma falha do cérebro e, se o nosso cortisol [conhecida como a hormona do stress] está fora de controlo, temos de tratar disso.”

Perguntam-lhe muitas vezes quando deixa de tomar remédios. “Mas parece estar perfeitamente bem!”, dizem-lhe. “A isso respondo invariavelmente que pareço estar bem porque estou bem e que estou bem em parte graças aos medicamentos.” Mas “é horrível estar assim dependente”, insistem. Para ele, seria pior o regresso do “inferno”, não comer, não dormir, não se mexer.

“Nunca trataríamos a diabetes ou a hipertensão de forma descontínua; porque haveremos de o fazer com a depressão? De onde vem esta estranha pressão social? Esta doença tem um rácio de recaída de 80% num ano sem medicação”, diz John Greden, diretor do primeiro centro nacional para a depressão que abriu nos EUA (na Universidade de Michigan), em 2006, numa entrevista a Solomon.

O escritor prossegue: “Se nos mostrarem a imagem de um cérebro deprimido (colorido para indicar as taxas de metabolismo) ao lado da imagem de um cérebro normal (colorido de forma semelhante), o efeito é extraordinário: as pessoas deprimidas têm o cérebro cinzento e as pessoas felizes têm um cérebro em Technicolor. A diferença tanto é perturbadora quanto tem um ar científico, e apesar de ser totalmente artificial (as cores refletem as técnicas da imagiologia e não cores reais), essas imagens valem mais que mil palavras e tendem a convencer as pessoas de que necessitam de tratamento imediato.”

Contudo, nos EUA, mais de metade das pessoas com depressão que procuram ajuda não recebem tratamento. E só 6% dos doentes recebem “um tratamento adequado”. De resto, sublinha Solomon, apenas 50% das pessoas medicadas respondem bem à primeira medicação. É preciso ajustar, mudar, reajustar. É preciso ter um médico que o faça bem.

Solomon também viajou até regiões longínquas, como a Gronelândia (a depressão afeta cerca de 80% dos esquimós), ou o Camboja — “Em conversas com pessoas que sofreram atrocidades às mãos do Khmer Vermelho, notei que a maioria preferia olhar para o futuro [...]. Todos os adultos que encontrei no Camboja tinham sofrido tais traumas físicos que teriam levado muitos de nós à loucura ou ao suicídio.”

Que doença é esta? Não estamos a falar de um exclusivo do mundo ocidental, nem de uma doença moderna, faz questão de sublinhar. “Sono excessivo, alimentação inadequada, pulsões suicidas, afastamento de interações sociais e desespero permanente são tão antigos como as tribos dos montes, se não tão antigos como os montes.” Há um capítulo, neste livro, que aborda a história da depressão. Hipócrates, o “pai da Medicina”, nascido 460 anos antes de Cristo, é descrito como uma espécie de antepassado dos antidepressivos inventados apenas nos anos 1950 do século XX. Dizia ele que a melancolia, que tanto podia ser fruto de “uma longa dor de alma” como não ter causa aparente, se curava com remédios orais (plantas). E umas mudanças na dieta, já agora.

Solomon concluiu, após toda a sua pesquisa, toda a sua experiência, que “a depressão é a imperfeição do amor” — “Quando surge, degrada o indivíduo e acaba por eclipsar a capacidade de dar ou receber afeto.” É também “uma doença de solidão” — “A depressão nos seus piores momentos é a mais terrível das solidões” —, o que, na sua opinião, releva a importância de ter alguém que sabe ouvir. “A necessidade de tomar medicação faz as pessoas sentirem-se incompletas; a terapia faz as pessoas sentirem-se completas. Além disso, há indícios sólidos que sustentam a conclusão de que em média a combinação terapia e medicação funciona melhor do que cada uma delas individualmente.”

Não há duas depressões iguais. “Algumas pessoas sofrem de depressão ligeira e ficam totalmente incapacitadas; outras sofrem de graves depressões e continuam mesmo assim a levar uma vida normal.”

Nos últimos anos, a indústria farmacêutica abrandou a pesquisa de novos medicamentos, sublinha o autor. “A onda de otimismo da Big Pharma após o lançamento do Prozac desvaneceu-se.” Já “a pesquisa na área da eletricidade, luz e magnetismo avançou”. Há, por exemplo, “muito trabalho experimental na área da estimulação por eletroterapia craniana” em doentes com depressão — sendo que já em 1804 foi usada estimulação elétrica de baixa voltagem no córtex para tratar a melancolia, recorda. E há também quem esteja a desenvolver novos tipos de intervenção cirúrgica (não sem polémica). Na Universidade de Emory, em Atlanta, Helen Mayberg concebeu algo que se assemelha a “um pacemaker” para o cérebro. Estas tendências, diz, são de algum modo sinais de uma nova visão da depressão: “Uma perturbação do circuito, não simplesmente um desequilíbrio químico.”

Seja como for, o autor confessa que “gostava de ter notícias mais animadoras” sobre o que foi descoberto nos últimos 15 anos. Não tem. Mas tem sobre o que aconteceu a muitas das pessoas que entrevistou para “O Demónio da Depressão”, desde que o livro saiu em 2001. Umas estão bem. “Outras ainda lutam.” Como ele.

Cientistas revelam
China e Índia apresentam altas taxas de mortalidade devido à poluição atmosférica. Segundo cientistas, a má qualidade do ar é...

Mais de 5,5 milhões de pessoas morrem de morte prematura por causa da poluição atmosférica, garantiram cientistas da Universidade British Columbia, em Vancouver, durante a conferência da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Washington, escreve o Sapo.

"O fumo da poluição atmosférica é responsável por 10% das mortes em todo o mundo", afirmou o cientista Michael Bauer, da daquela universidade. "A poluição do ar é o quarto maior fator de risco para morte prematura", acrescentou. Apenas a hipertensão, má alimentação e o tabagismo são considerados fatores de risco mais perigosos.

De acordo com os investigadores, as mortes por poluentes no ar vão aumentar nos próximos anos.

De acordo com os dados divulgados na conferência, mais da metade das mortes ocorre na China e na Índia. Na China, cerca de 1,6 milhões de pessoas morreram em 2013 como consequência da poluição atmosférica, enquanto a Índia registou, no mesmo ano, 1,4 milhões de mortes pela mesma causa.

Ambos os países emergentes vivenciam um rápido processo de industrialização. A China depende fortemente do carvão para a geração de energia.

Na Índia, os cientistas indicam que a queima de madeira, esterco e biomassa é responsável pela má qualidade atmosférica. Menos de 1% da população do país vive em áreas onde a qualidade do ar é considerada saudável pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Serviço Nacional de Saúde
Falta de profissionais no Serviço Nacional de Saúde atinge todas as regiões do país, e consultas pedidas pelos utentes ficam...

Nutrição, psicologia clínica, oftalmologia e fisioterapia. O Ministério da Saúde quer apostar nestas quatro especialidades nos centros de saúde, por isso assumiu que tem de aumentar o número de profissionais nos cuidados de saúde primários. Um reforço urgente, pois, se em alguns locais já existem, a verdade é que o número é residual.

Segundo os dados da Administração Central do Sistema de Saúde, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem 133 nutricionistas, 576 oftalmologistas, 598 psicólogos clínicos e 943 fisioterapeutas - para os dez milhões de utentes inscritos nos centros de saúde.

As primeiras experiências-piloto com reforços de especialistas serão nas áreas de saúde oral e oftalmologia. Mas há outras que o ministério quer reforçar. "Nutrição, psicologia, fisioterapia, assistentes sociais são fundamentais. Em algumas até temos profissionais, só que o número é tão residual que é quase um abuso dizer que temos estas valências nos cuidados de saúde primários", disse ao Diário de Notícias Henrique Botelho, coordenador da reforma dos cuidados de saúde primários.

O responsável recordou um estudo que realizou em 2013, em que analisou os número destes especialistas em quatro agrupamentos de centros de saúde com pouco mais de 846 mil utentes inscritos: 11 psicólogos clínicos, sete nutricionistas, dois fisioterapeutas e 20 assistentes sociais. O resultado foi um psicólogo clínico por 77 mil utentes, um nutricionista por 120 mil, um fisioterapeuta por 423 mil e um assistente social por 42 mil utentes.

"É importantíssimo termos fisioterapia nos cuidados de saúde de proximidade. Existem, mas com uma expressão tão pequena que acaba por não ter impacto. Fui diretor de um agrupamento de centro de saúde onde havia uma nutricionista. O que pode uma nutricionista fazer com uma área de 300 mil habitantes? Nada, a não ser construir e acompanhar alguns programas genéricos de prevenção, como a intervenção ao nível das escolas com prevenção ou dar apoio técnico a cantinas", afirmou.

Segundo os dados do Inventário do Pessoal do Setor da Saúde de 2014, há, por exemplo, 133 nutricionistas, ou seja, o serviço público oferece um por 78 mil pessoas. Apesar de existirem três mil profissionais registados na Ordem. "É um número preocupante, se pensarmos nos fatores de risco (como obesidade ou diabetes) que podem ser prevenidos com a alimentação. Quando se criou a comissão para os cuidados de saúde primários apresentamos uma proposta de rácio que era de um nutricionista por cada 20 mil habitantes", sublinhou Alexandra Bento, bastonária dos nutricionistas, referindo que "há centros de saúde sem nutricionistas".

Em 2015 a profissão passou a englobar os dietistas. Com esta mudança, o número de nutricionistas no SNS passou a ser, segundo Alexandra Bento, de 400. Mas nos centros de saúde estão apenas cem. Para a responsável é urgente que o Ministério da Saúde olhe para o problema. "Têm de fazer tudo - desde consultas, saúde pública, educação da saúde nas escolas - e não conseguem estar em lado nenhum. Portugal tem das melhores formações, mas não coloca os profissionais nos sítios devidos", frisa.

No caso dos fisioterapeutas o número pode ser um pouco maior, mas continua a ser insuficiente. "O Interior é muito deficitário e o Norte. De uma maneira geral, todo o país. Existem muitos centros de saúde sem fisioterapeutas", afirmou Isabel de Souza Guerra, presidente da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas, salientando que o país tem oito mil profissionais e que o problema é a "má distribuição no país e dentro do SNS". A maioria está nos hospitais: mais de 600.

Porque é importante ter fisioterapeutas nos centros de saúde? "Tem um papel de prevenção e promoção da saúde, com uma atuação desde que se nasce até que se morre. Participa nos programas de preparação para o nascimento, na educação postural na escola e no trabalho, na prevenção de dores e melhoria da mobilidade. Também participam nos cuidados domiciliários, que liga com os cuidados continuados. O custo-eficácia com mais contratação é grande porque diminui doenças e internamentos com a prevenção", salientou a responsável.

Para esta aposta nos centros de saúde, admitiu Henrique Botelho, "serão precisos muitos profissionais". "O levantamento tem de ser feito. A incorporação destas novas áreas está no programa do governo e é uma prioridade para esta coordenação. Não é possível fazer tudo para todos ao mesmo tempo. É preciso testar as experiências, avaliá-las e que existam condições económicas para as desenvolver o mais possível."

Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge
Pico terá sido atingido na semana de 18 de janeiro, mas o número de casos foi um terço do registado no ano passado.

Há dez anos que Portugal não tinha um inverno com tão poucos casos de gripe. A taxa de incidência está a baixar há três semanas, tendo o valor mais alto sido de 59,4 casos por cada cem mil habitantes. A taxa é a mais baixa desde 2005-06, época em que o pico foi de 31,4 casos, segundo os registos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Graça Freitas, subdiretora-geral da Saúde, refere que o tempo ameno e a vacinação terão contribuído para a contenção do vírus.

A semana de 18 a 24 de janeiro foi aquela em que, segundo o Diário de Notícias, se verificou um maior número de casos de gripe no país neste inverno. A atividade gripal, segundo o INSA, é considerada baixa e está já numa rota decrescente. Por isso, é possível que este valor represente o pico para este ano.

"Tudo indica que tenhamos atingido o nosso pico da gripe. Temos uma tendência baixa porque tivemos um inverno muitíssimo ameno", diz Graça Freitas. "Nota-se também que houve muito menos consultas e internamentos porque tivemos quadros da doença muito menos graves. É possível que os vírus em circulação se tenham disseminado menos." Ana Paula Rodrigues, a coordenadora da rede de médicos-sentinela, confirma o impacto das temperaturas amenas e destaca também a vacinação, que contempla os dois vírus que mais circulam. "Apesar de ainda não haver dados fechados, é também possível que a taxa de vacinação tenha sido mais alta e por isso haja mais pessoas protegidas."

A agressividade da gripe está também relacionada com os vírus mais prevalentes. "Sabemos hoje que há uma tendência para haver épocas mais benignas quando estão em circulação os vírus A [H1N1] e B", afirma Graça Freitas.

O valor máximo desta época gripal, de 59,4 casos, é quase um terço do que foi registado na época anterior, em que houve rutura dos serviços de urgência e tempos elevados de espera. Segundo o INSA, na quarta semana do ano passado registaram-se 148 casos por cem mil.

Atualmente, há registo de 41,7 casos por cem mil habitantes, tendo havido 85 casos de doentes admitidos nos cuidados intensivos, a maioria não vacinados e com doenças crónicas, e 65% tinham menos de 64 anos.

Inspeção-Geral da Saúde
Inspeção-Geral da Saúde recebe muitas queixas e no ano passado apanhou 15 profissionais a trabalhar ilegalmente nos dois lados...

A Inspetora-Geral das Atividades em Saúde diz que os hospitais e centros de saúde têm de reforçar a fiscalização e o controlo dos horários dos médicos e outros profissionais do Serviço Nacional de Saúde.

A recomendação surge numa altura em que a maioria das queixas que chegam à inspeção-geral se refere a acumulações fraudulentas ou indevidas de funções, sobretudo de médicos que trabalham no público e no privado ao mesmo tempo.

Em entrevista à TSF, Leonor Furtado sublinha que esta acumulação é legalmente possível e acontece com muita regularidade na classe médica. O problema é que isso não esteja autorizado ou que "a pessoa trabalhe no Serviço Nacional de Saúde e num serviço privado nos mesmos horários".

No último ano a inspeção sancionou um total de 21 profissionais de saúde e 15 foram apanhados em situações deste tipo: 14 médicos e 1 enfermeiro que acabaram por devolver 154 mil euros ao Estado relativos a ordenados recebidos de forma indevida.

A responsável da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) diz que os utentes queixam-se muito dos tempos de espera na hora da consulta ou que o médico chegou demasiado tarde ao serviço.

Leonor Furtado defende que é preciso apertar a fiscalização ou o controlo dos horários de trabalho dos profissionais de saúde, apesar de admitir que este é um tema "tabu".

A tendência é para desculpabilizar os médicos ou enfermeiros por estarem noutro sítio, mas a Inspetora-Geral sublinha que isto "significa um aumento da despesa do Serviço Nacional de Saúde e, ao receberem por horas que não trabalharam, estão a defraudar o Estado".

Fraude e combate à corrupção são prioridades
Leonor Furtado, que tomou posse em março de 2015, explica ainda que o primeiro ano de mandato saldou-se numa redução de 79% nos processos pendentes na IGAS com a conclusão de 987 casos (85% através do arquivamento por falta de fundamentos para avançarem). Em 2016 a prioridade é a prevenção da fraude e da corrupção no SNS.

Apesar da atenção à corrupção, Leonor Furtado recorda que muitas vezes os casos que surgem na IGAS parecem, mas não são fraude pois estamos perante situações de desconhecimento das leis e dos procedimentos que levam, na prática, a muito desperdício.

Dia Internacional da Criança com Cancro
Todos os anos são registados mais de 300 novos casos de cancro, em crianças e jovens, em Portugal.

A alimentação tem um papel fundamental durante o processo oncológico. Ela é responsável por restituir as defesas do organismo e ajudar a colmatar qualquer função que se encontre afetada pelo tratamento oncológico.

Deste modo, uma dieta equilibrada é essencial para permitir uma maior tolerância e resistência aos tratamentos e, consequentemente, aos seus efeitos, contribuindo para uma recuperação mais rápida e uma melhor qualidade de vida.

Embora não existindo um tipo específico de dieta, ela é aconselhada pelo médico e/ou nutricionista, e adaptada caso a caso, tendo em conta o diagnóstico, idade, plano de tratamento e medicação prescrita.

De uma forma geral, em situação de doença oncológica é frequente assistir-se à perda de apetite, a intolerâncias ou aversões alimentares, limitando, deste modo, a riqueza do regime alimentar.

Proteínas, gorduras, hidratos de carbono, vitaminas, minerais e água, nas quantidades adequadas, são essenciais durante este processo.

As proteínas desempenham um papel importante na renovação dos tecidos, no reforço do sistema imunitário e na manutenção das células sanguíneas. Carne, peixe, ovos, leite e derivados, bem como leguminosas (feijão, grão, lentilhas) são importantes fontes proteicas para os doentes pediátricos.

As gorduras, que se podem encontrar em alimentos como o azeite, manteiga, leite, carne ou natas, fornecem uma boa fonte de energia, permitindo ainda a proteção dos tecidos e o transporte de certos tipos de vitaminas através da corrente sanguínea.

Os hidratos de carbono fundamentais para o correto funcionamento dos órgãos, por exemplo, podem-se encontrar no pão, arroz, massa, cereais, leguminosas secas e fruta.

Entre os hidratos de carbono, as fibras têm um papel essencial na prevenção de problemas digestivos.

Vitamina A, B, C, D, E e K são indispensáveis para o equilíbrio do organismo. Assim como os sais minerais já que a carência destes nutrientes podem contribuir para a redução da atividade dos músculos, maior risco de fraturas, dificuldade em absorção de ferro, enfraquecimento dos dentes e osso ou maior sensibilidade ao frio ou ao calor.

A água assume um papel fundamental na reposição dos líquidos, uma vez que, durante o processo oncológico a desidratação é uma das situações mais frequentes, motivada pelos vómitos e diarreia.

Não obstante, em determinadas fases do tratamento, a criança pode necessitar de cuidados específicos no que diz respeito à alimentação.

Quando a criança apresenta falta de apetite, como consequência do tratamento, aconselha-se a que faça refeições leves, mas com alto teor calórico – pão, tostas, bolachas, biscoitos, farinhas lácteas, cremes, iogurtes ou gelados. Sumos e batidos são igualmente recomendados.

Com diarreia, a criança deve comer mais vezes ao longo do dia, realizando refeições com alimentos nutritivos, de fácil digestão e com pouca fibra. Neste caso, deve-se privilegiar o pão branco, bolachas de água e sal ou Maria, arroz, batata, massa, carne e peixe.

A fruta deve ser cozida ou assada e os legumes cozidos. Devem-se evitar os vegetais de cor verde ou escuros. Já os lacticínios devem ser substituídos por alimentos sem lactose ou equivalentes de soja.

Água, chás de ervas ou néctares de fruta diluídos são essenciais para evitar a desidratação que acompanha casos de diarreia.

Em situação de náuseas e vómitos aconselham-se refeições pequenas, frequentes e de fácil digestão. Alimentos frescos, pouco condimentados e com pouca gordura são recomendados.

Também durante os tratamentos oncológicos pode ser necessário recorrer a suplementos nutricionais como forma complementar à alimentação. Neste caso, as fórmulas podem ser em pó (para adicionar aos alimentos) líquidas ou em creme (usadas como sobremesa ou como substituto das refeições).

Não raras vezes, é necessário recorrer à nutrição parentérica, ou seja, à administração direta dos nutrientes na corrente sanguínea, ou ainda, à alimentação através de sonda.

No entanto, o importante é incentivar a criança a comer, variando tanto quanto possível as refeições, e seguindo sempre os conselhos do seu médico.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Que atuação perante o sofrimento?
A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos defende o desenvolvimento e equidade no acesso aos cuidados paliativos e a...

O manifesto “Morrer com Dignidade” surge da preocupação dos signatários com o sofrimento dos doentes e apontam a eutanásia como a solução para este problema. A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) descredibiliza esta lógica de pensamento ao defender os cuidados paliativos como cuidados que visam melhorar a qualidade de vida dos doentes e suas famílias, através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas físicos, psicológicos, sociais e espirituais.

“Onde estavam todos os signatários, inclusive os que exercem altos cargos na área da saúde em Portugal, quando a APCP e entidades independentes, como a Entidade Reguladora da Saúde e o Observatório Português dos Sistemas de Saúde, tornaram público que mais de 90% dos doentes que precisavam de cuidados paliativos não tinham acesso a estes cuidados, que muitos (mais de 50%) morriam à espera de acesso a cuidados paliativos, que os profissionais que constituíam a maior parte das equipas eram em número insuficiente e inadequadamente formados? Não nos lembramos de nenhuma voz ter mostrado preocupação com essas pessoas, que tinham altas probabilidades de estar em sofrimento”, defende Manuel Luís Capelas.

Em Portugal existem entre 72 mil e 86 mil doentes a necessitar de cuidados paliativos. De acordo com um estudo apresentado pelo Observatório Português dos Cuidados Paliativos, em janeiro, cerca de 51% dos doentes internados nos hospitais eram doentes paliativos e cerca de 16% eram doentes paliativos com prognóstico de 15 dias de vida, no entanto, apenas 7%, dos primeiros, e 10%, dos segundos, estavam referenciados para equipas de cuidados paliativos. Isto porque, os seus médicos consideraram que ainda os conseguiam curar ou por estes ainda estarem a fazer o respetivo tratamento.

“Não será esta prática obstinação terapêutica? Será que perante este sofrimento o doente ao pedir a eutanásia, não estará antes a pedir que o deixem morrer, que não lhe prolonguem futilmente a sua vida? Porque é que a discussão gira em torno da eutanásia, e não sobre os mais de 80 mil doentes sem acesso a cuidados paliativos? Mais uma vez, quer atuar-se nas causas e nos cuidados que ajudam ao alívio do sofrimento, ou simular que se resolve o problema, matando ou ajudando a morrer quem sofre?”, adverte Manuel Luís Capelas.

A APCP, enquanto associação de profissionais que desenvolvem uma prática de cuidados paliativos e se preocupa com esta área científica e especializada do saber, defende que é fundamental, antes da discussão sobre a liberalização da eutanásia ou suicídio assistido, garantir o acesso em tempo útil aos cuidados paliativos e assegurar que são prestados por profissionais, técnica e cientificamente competentes e com formação, que consigam identificar e referenciar atempadamente o doente.

“Consideramos que deve existir um amplo e aprofundado debate público sobre a eutanásia, por forma a garantir uma total elucidação dos cidadãos. No entanto, é necessário uma pedagogia de valores e de princípios que norteiem o debate, para que o discurso não se superficialize em slogans populistas”, conclui Manuel Luís.

A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos será sempre um elemento ativo neste debate e deixa alguns desafios aos signatários:

  • Que exista garantia na acessibilidade universal aos cuidados paliativos de qualidade, prestados por profissionais em número e com formação adequada;
  • Que se reforcem as equipas atuais (que estão no limite da sua capacidade de resposta);
  • Que conjuntamente reflitamos e trabalhemos na perspetiva de encontrar resposta para aqueles cujo sofrimento não consiga ser controlado pelos cuidados paliativos.

O tema “Sedação paliativa vs. Eutanásia”  estará em debate no VIII Congresso Nacional de Cuidados Paliativos, que se realiza de 7 a 9 de Abril, na Universidade Católica de Lisboa.

Estudo alerta
Um estudo alerta que ainda existem muitas substâncias químicas potencialmente perigosas em cosméticos usados diariamente para...

O estudo é da responsabilidade da organização não-governamental Women in Europe for a Common Future (WECF), que examinou 341 produtos cosméticos para bebés vendidos em França em farmácias, parafarmácias, supermercados ou lojas de produtos biológicos.

A avaliação dos produtos decorreu entre julho e agosto do ano passado.

Com base em estudos científicos e avaliações das autoridades sanitárias da União Europeia (Comité Científico da Segurança dos Consumidores - SCCS) e de França (Agência Nacional de Segurança do Medicamento – ANSM), a organização não-governamental classificou as substâncias que compõem os produtos em três categorias: “alto risco”, “risco moderado” e “risco baixo ou não identificado”.

Os resultados deste estudo revelaram que uma grande maioria dos produtos (299) continha substâncias de “alto risco”.

“Encontrámos três substâncias ou da família de substâncias classificadas como de ‘alto risco’ em 299 produtos: um alergénio (méthylisothiazolinone, substância que, introduzida no organismo, produz alergia) em 19 produtos, incluindo sete marcas de toalhetes; um conservador suspeito de efeitos tóxicos (fenoxietanol) em 54 produtos, incluindo 26 toalhetes; e perfumes em 226 produtos, que implicam riscos potenciais de alergias”, pormenorizou a WECF, num comunicado citado pelas agências internacionais.

A organização não-governamental também detetou quatro substâncias ou da família de substâncias classificadas como “risco moderado” em 181 produtos.

A WECF, que conta com uma rede internacional de 150 organizações ambientais e feministas em 50 países, exigiu “a proibição das três substâncias de alto risco em todos os cosméticos destinados a crianças com menos de três anos”.

Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular
O número de angioplastias primárias realizadas em Portugal triplicou em mais de uma década, atingindo agora valores que estão...

Dados da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) mostram que em 2002 se realizavam 106 angioplastias por milhão de habitantes, passando para 299 em 2011 e para 353 no ano 2014 – último com dados disponíveis.

A angioplastia primária tem como objetivo reabrir as artérias que estão obstruídas e restaurar a circulação sanguínea no coração. É considerado pelos especialistas como fundamental que este procedimento seja realizado o mais cedo possível, idealmente até 90 minutos após o início de sintomas.

“Portugal dispõe atualmente de uma rede de hospitais com unidades de hemodinâmica que asseguram a realização das angioplastias. Esta rede na área da cardiologia de intervenção tem sido fundamental para o crescimento do número de angioplastias”, afirma a Associação de Intervenção Cardiovascular em comunicado.

Contudo, a importância da intervenção precoce fica por vezes comprometida porque as vítimas de enfarte agudo do miocárdio ainda desvalorizam os sinais e sintomas da doença.

Dados recolhidos através de inquéritos realizados nas unidades de hemodinâmica em Portugal indicam que 59% dos doentes com enfarte não liga para o 112 e que 44% desses doentes se dirige pelos próprios meios para hospitais que não têm condições para realizar angioplastias primárias.

A dor no peito é o sintoma mais comum no enfarte agudo do miocárdio e também pode ocorrer noutras partes do corpo (braço esquerdo, pescoço ou queixo) e é acompanhada de falta de ar, náuseas vómitos, batimentos cardíacos irregulares, suores, ansiedade e sensação de morte iminente.

Os especialistas da APIC reforçam que, perante uma suspeita de enfarte, ligar para o 112 continua a ser a atitude mais adequada, para não atrasar o socorro nem comprometer o tratamento mais adequado.

“Muitos dos doentes têm uma ideia ‘cinematográfica’ do enfarte, com dor extrema, perda de consciência, suor acentuado. E se é certo que estes são alguns dos sintomas, estes podem não se manifestar de forma exuberante, pelo que importa que os doentes não os desvalorizem e não tenham receio em pedir ajuda se suspeitam estar a sofrer de um enfarte”, explica, em comunicado, o cardiologista Hélder Pereira, da APIC.

Estudo revela
As histórias de violência no namoro que chegaram ao Instituto de Medicina Legal aumentaram 44% no ano passado, atingindo os 699...

Estes são alguns dos números do estudo realizado por César Santos, representante da Comissão Nacional de Prevenção de Violência Doméstica do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF).

No ano passado, os técnicos do INMLCF analisaram 23.752 casos de violência, menos 6,6% do que no ano anterior. No entanto, dentro deste universo, a violência entre namorados ou ex-namorados registou um aumento de 44,4%, ao passar de 484 para 699 pessoas que, depois de uma queixa às autoridades, foram submetidas a perícias médicas para comprovar as agressões.

Por detrás de cada um destes números está uma história dramática de alguém que ganhou coragem, quebrou o silêncio e admitiu ser vítima do namorado ou ex-namorado. Na maior parte dos casos, os agressores são homens e as vítimas são mulheres (87%).

“É preciso algum grau de consciência e de decisão interior para uma vítima de uma relação que deveria ser de amor, paixão e romantismo tomar uma decisão de ir a uma esquadra apresentar queixa contra o namorado ou ex-namorado”, sublinhou o vice-presidente do INMLCF, João Pinheiro.

Segundo o estudo, há mais casos envolvendo ex-relacionamentos (52,9%) do que namoros atuais (47,1%).

Mas nem todas as vítimas fazem queixa e, por isso, os números agora divulgados “não representam o fenómeno da violência no namoro na sua globalidade, mas sim o que chega até ao Instituto de Medicina Legal”.

O estudo mostra ainda que não existe um limite de idade para se namorar mas também revela o lado negro do namoro: “Pode-se namorar uma vida toda e bater ao longo de toda a vida”, lamentou o vice-presidente da instituição.

Algumas das pessoas vistas pelos médicos do INML, acabam por regressar. Algumas, muito poucas, já sem vida. “É uma minoria mas acontece e são casos que chocam muito normalmente pela idade muito jovem das vítimas”, disse João Pinheiro, explicando que neste estudo não foi feita essa análise.

Depois do exame pericial, os especialistas do Instituto de Medicina Legal perdem o rasto das vítimas, que seguem com o processo judicial.

O estudo analisou as vítimas por grupos etários e mostrou que quase metade das pessoas que fez exames periciais tem até 25 anos, sendo que no ano passado os médicos legistas receberam 42 jovens com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos.

“Isto é um mau indício, um mau percurso para uma vida futura que se pretendia de amor e que começa muito cedo com problemas de violência”, alertou o professor, lembrando os estudos que indicam que este é normalmente um comportamento repetitivo de quem já viveu em ambientes de violência familiar.

No ano passado, 276 pessoas entre 18 e 25 anos fizeram queixa contra o namorado ou ex-namorado, ou seja, quatro em cada dez vítimas que recorreu ao INML estava naquela faixa etária.

Os técnicos do INML receberam ainda 146 pessoas entre os 31 e os 39 anos e outras 109 com idades compreendidas entre os 26 e os 30 anos. Com mais de 50 anos, registaram-se 30 casos de relacionamentos amorosos marcados por violência.

Dar murros e bofetadas continuam a ser as agressões mais comuns entre os namorados, seguindo-se os apertões, empurrões e pontapés.

Puxões de cabelos, quedas, esganaduras e unhadas também são casos de violência confirmados pelos médicos do INML. Com menos expressão, surgem 12 casos em que as pessoas foram ameaçadas com facas.

Os números avançados serão divulgados no seminário “E se a escola do namoro formasse profissionais em violência?”, que se realiza na próxima semana no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra.

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