Observatório Português de Cuidados Paliativos
O Observatório Português de Cuidados Paliativos, do Porto, criou uma aplicação gratuita que facilita o acesso a informações...

Em depoimentos, a investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e do King's College London, indicou que a aplicação, denominada "Perfis Regionais de Cuidados Paliativos", é um dos trabalhos iniciais do observatório "para perceber as necessidades locais e transmitir informações para esclarecer o público em geral, os profissionais de saúde e todas as audiências interessadas sobre esta área, com dados atuais e reais".

O aplicativo explica o que são os cuidados paliativos, apresenta as principais causas e locais de morte em Portugal, estatísticas para que se possa compreender melhor as necessidades e assimetrias regionais e faz a geolocalização das equipas de cuidados paliativos existentes em cada região, por tipologia de cuidados (unidades de internamento, apoio intra-hospitalar e cuidados domiciliários).

Segundo a investigadora, os grandes "buracos" na prestação de cuidados encontram-se nas regiões do interior centro do país, não existindo, em algumas delas, "nenhuma resposta em termos de equipas especializadas nesta área e há uma ausência de oferta gritante sobretudo nos cuidados paliativos domiciliários", onde apenas nove em 30 regiões têm equipa especializada e dessas nove, quatro têm só uma equipa a servir a região toda.

"A maior parte das pessoas, se lhes for dada essa escolha, preferem morrer em casa, mas isso é condicionado pelo nível de suporte que recebem. Se puderem usufruir de cuidados paliativos domiciliários, as ‘chances’ de morrerem em casa duplicam", explica a investigadora, acrescentando que 62% da população morre nos centros hospitalares.

Para o desenvolvimento da aplicação foram analisados dados de mais de um milhão de pessoas, falecidas entre 2004 e 2013, provenientes do projeto DINAMO, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.

As investigadoras utilizaram dados ao nível do perfil demográfico e a sua evolução ao longo dos dez anos, a idade ("que permitiu saber que Portugal é um país bastante envelhecido e as regiões onde esse envelhecimento é mais notório"), as principais causas de morte (doenças cardiovasculares, respiratórias e cancro) e o local de morte (hospital, domicílio e outros lugares).

Desenvolvida para o público em geral, uma das expectativas é que esta aplicação atinja um público vasto incluindo também os mais jovens, "que não se confrontam todos os dias com a necessidade de cuidados paliativos" mas que podem "durante a vida, debater-se com uma doença avançada e progressiva, direta ou indiretamente".

A aplicação, finalizada em janeiro e atualizada em fevereiro, vai sofrer uma atualização todos os anos, que vai ser apresentada regularmente ao público pelo Observatório Português de Cuidados Paliativos (OPCP).

O aplicativo, gratuito e interativo, foi desenvolvido pelo OPCP e o projeto para a sua conceção foi liderado por Bárbara Gomes com o apoio das investigadoras Maja de Brito (do ISPUP e do King's College London), Sandra Batista e Paula Sapeta (docentes do Instituto Politécnico de Castelo Branco), e da enfermeira Catarina Simões (Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital da Luz Póvoa e membro da direção da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos).

Esta aplicação encontra-se disponível através dos websites do OPCP e da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos.

Europacolon
O presidente da Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo – Europacolon considerou “dramático” que, em 2016, morram...

A propósito dos números do Registo Oncológico Nacional (RON) de 2009, que apontam para um aumento do cancro do cólon na última década, Vitor Neves começou por lamentar que estes dados sejam apresentados sete anos depois.

O cancro do cólon “já é a primeira causa de morte de doença oncológica em Portugal”, afirmou, apresentando dados europeus de 2012, os quais apontam para 7.200 novos casos desta doença, nesse ano.

“São onze pessoas que morrem por dia em Portugal, devido a esta doença, e isso é dramático num país europeu, em 2016”, afirmou.

Vitor Neves prosseguiu, lamentando que não exista ainda um rastreio desta doença, o qual permite reduzir a incidência do cancro do cólon e, sobretudo, os casos de doença avançada.

“A política preventiva deve substituir a curativa”, defendeu, recordando que, além de salvar vidas, os rastreios permitem “poupar dinheiro”.

O presidente da Europacolon disse estranhar que, até ao momento, o ministro da Saúde não se tenha pronunciado sobre a intenção de realizar um rastreio de base populacional, organizada pela tutela.

“Os casos pontuais [de rastreio] são bons, mas são atitudes. Precisamos de um rastreio de base populacional, tal como acontece com o cancro na mama”, defendeu.

De acordo com a diretora do ROR-Sul, Ana Miranda, na região sul, “o cancro do cólon tem vindo a subir nesta década”, aumentando de 32 novos casos, por 100 mil habitantes, em 2000, para 42 novos casos, em 2010.

“O cancro do cólon é uma preocupação, porque está muito associado aos hábitos alimentares. Mudámos da dieta mediterrânica – com frutas e legumes - para uma dieta com alimentos processados, refinados, com mais açúcares, hidratos de carbono menos consumos de frutas e legumes”, disse.

O cancro do cólon e do reto é o mais comum na Europa e o terceiro a nível mundial.

Saúde masculina
Com uma taxa de incidência de 3 a 9%, a doença de Peyronie afeta, sobretudo, homens entre os 45 e os

Diagnosticada e descrita, pela primeira vez, em 1743 pelo médico cirurgião François Gigot de la Peyronie, esta doença “caracteriza-se pela presença de um tecido cicatricial, fibroso e duro, ao nível da túnica albugínea que reveste os corpos cavernosos do pénis”.

De acordo com o cirurgião plástico, Biscaia Fraga, a causa desta doença ainda “não está completamente esclarecida, sendo classificada como uma patologia associada a diferentes doenças auto imunes”, como é o caso da contratura de Dupuyten (doença das mãos que atinge 15,4 a 20% dos pacientes). Microtraumatismos e herança genética estão entre os fatores responsáveis pela doença.

“Estas características levam à formação de placas fibrosas da túnica albugínea, que impede a expansão do pénis durante a ereção, tendo como resultado uma curvatura ao nível do pénis e ainda o seu estreitamento, encurtando-o, e com perda de perímetro”, explica o cirurgião.

Dor, dificuldade de penetração e disfunção erétil são as consequências desta alteração.

Quanto à sua incidência, alguns estudos demonstram que esta doença é relativamente comum nos homens de raça caucasiana, afetando sobretudo homens entre os 45 e os 60 anos de idade, registando uma taxa de 3 a 9%.

Outras pesquisas “enfatizam o seu aparecimento em jovens com idades inferiores a 15 anos de idade”.

No entanto, embora apresente uma baixa prevalência, sabe-se que esta doença afeta muitos mais homens. “A vergonha, o medo, a educação e a falta de informação são as principais causas da baixa procura por consultas médicas”, justifica Biscaia Fraga.

O diagnóstico da patologia é feito após avaliação detalhada do paciente, de modo a que seja possível prescrever o tratamento mais adequado a cada caso.

“É importante fazer uma observação do pénis ao nível da face ventral, dorsal, longitudinal e transversal; medir a curvatura peniana, durante a fase de ereção e avaliar o seu estado de gravidade de deformação”, explica o cirurgião plástico.

Por outro lado, “uma história sexual detalhada, bem como outras situações associadas - como o consumo de tabaco, doença vascular, diabetes, doença cardíaca e história familiar de lesões penianas ou deformidades - são igualmente importantes”, acrescenta.

Não obstante, esta avaliação pode ainda requerer de alguns exames complementares como a ecografia, tomografia axial computorizada, ressonância magnética e peniografia.

No tratamento da doença de Peyronie são utilizadas várias técnicas de tratamento e que dependem, sobretudo, do grau de curvatura do pénis, passando pela cirurgia peniana e pela fisioterapia.

Biscaia Fraga é responsável por uma técnica inovadora que “além de corrigir o defeito, aumenta tridimensionalmente o pénis, quer em espessura que em comprimento”.

“Sumariamente, esta técnica consiste em desagregar ou dissolver a placa fibrosa e dura com agente químico e, de seguida, preencher aquele espaço e corrigir o defeito de curvatura com tecido adiposo do próprio, adequadamente colhido e centrifugado, associado ao plasma do paciente”, explica assegurando uma elevada taxa de sucesso.

Após a cirurgia, a reabilitação peniana assume igual importância. “A reabilitação pós-cirúrgica passa por aplicar diferentes técnicas físicas, como massagem, drenagem linfática manual, ultrassom e terapias de estiramento”, explica Joana Ponte, fisioterapeuta Urogenital. Tendo como principal objetivo minimizar a retração peniana e promover uma melhor evolução e cicatrização.

“O uso de uma terapia de tração é essencial após um procedimento de excerto peniano, de forma a manter o comprimento. Esta técnica deverá ser iniciada três a quatro semanas depois da cirurgia, dependendo da evolução do paciente”, conclui.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Núcleo de Estudos de Doenças Raras da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
No dia 29 de fevereiro, data “rara”, assinala-se o Dia Mundial das Doenças Raras e o Núcleo de Estudos de Doenças Raras da...

Luís Brito Avô, coordenador do Núcleo de Estudos de Doenças Raras (NEDR), explica que “em março de 2013, foi criado pelo Ministério da Saúde um grupo de trabalho que produziu um extenso relatório que propõe regras para a implementação dos Centros de Referência. Daí resultou em setembro de 2014 uma portaria regulamentando finalmente os Centros de Referência e caracterizando os processos de concurso para a sua certificação e criando uma Comissão para por tudo isto em prática. Em janeiro de 2015 foram publicadas as áreas prioritárias para lançar os concursos respetivos. Tiveram lugar em julho/agosto desse ano”.

“É do nosso conhecimento estarem aprovados os centros para as áreas de oncologia de adultos e pediátrica, para a epilepsia, doenças cardiovasculares, transplantes de órgãos, e paramiloidose familiar. O concurso para doenças hereditárias metabólicas, que afetam centenas de pessoas em Portugal, de extrema importância para as doenças raras, parece estar bloqueado, pois as candidaturas foram apresentadas em setembro/2015 e ainda não foram publicados os seus resultados. A definição destes centros é fundamental para o melhor tratamento dos portadores de doenças hereditárias metabólicas”, defende o especialista.

O coordenador do NEDR refere ainda que “do ponto de vista da Organização dos Cuidados de Saúde prestados pelo SNS para esta área, deve dizer-se que a sua maturação tem sido um longo processo. No ano de 2008 foi aprovado um Plano Nacional para as Doenças Raras (PNDR) pelo Ministério da Saúde. Um dos principais vetores deste plano é o estabelecimento de uma rede de referenciação dos doentes e a creditação de Centros de Referência com elevada diferenciação de prestação de cuidados para estas patologias. Pouco aconteceu e esse PNDR foi inclusivamente revogado pelo anterior governo e substituído por uma estratégia tripartida entre o Ministério da Saúde, Segurança Social e Ministério da Educação – o que nos parece adequado. No entanto, até ao momento, não tivemos conhecimento de grandes ações conjuntas decorrentes dessa estratégia”.

Além de alertar para estas situações que precisam de ser corrigidas, o NEDR vai juntar-se às associações de doentes da área na comemoração deste Dia Mundial das Doenças Raras. No Porto, a Aliança Portuguesa de Associações das Doenças Raras realiza uma sessão em que serão apresentadas as conclusões e recomendações da reunião do EUROPLAN (Organismo da Comunidade Europeia relacionado com esta área da Saúde) decorrida em Lisboa em 2015 e a sua repercussão na atual legislação portuguesa para as Doenças Raras. Em Lisboa, a Federação das Doenças Raras de Portugal (FEDRA), organiza um Open Day da Casa dos Marcos, durante o qual abrirá as portas a convidados de todas as áreas envolvidas nos cuidados de saúde prestados a estes doentes.

A Medicina Interna lida com doentes raros desde sempre e, sendo cerca de 80% destes doentes portadores de doenças genéticas, muitos delas ligadas ao metabolismo, foram criadas em Portugal há mais de uma década as Consultas de Doenças Hereditárias do Metabolismo do Adulto. Desde há 9 anos que o NEDR realiza ações de formação para as doenças raras e em 2016 será promovido o primeiro curso sobre este tipo de patologias em formato de e-learning.

Estudo
O norte da Espanha, nordeste da Itália, e sul e oeste da França são as regiões da Europa onde os idosos têm uma vida mais...

A investigação concluiu que “o Reino Unido tem mesmo a maior concentração de população nas regiões onde a idade de sobrevivência é mais baixa”.

Uma equipa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) traçou um mapa com o cenário de sobrevivência no continente europeu durante os últimos 20 anos, tendo encontrado grandes variações na sobrevivência dos idosos dos diferentes países.

O trabalho, publicado no Journal of Epidemiology and Community Health, analisa, com base nos censos, a taxa de sobrevivência ao fim de 10 anos da população na faixa etária de 75 a 84 anos de idade para avaliar os que atingem a faixa de 85 a 94 anos de idade.

Uma das autoras do estudo, Ana Isabel Ribeiro salienta, num comunicado enviado à Lusa, que “o mais provável é que os padrões observados resultem da combinação de dois fatores: a pobreza, que explica a baixa longevidade em Portugal, sul de Espanha e de Itália, ou nas regiões pós-industriais, por exemplo; ou comportamentos pouco saudáveis, como o tabaco ou má alimentação, que explicariam a baixa taxa de sobrevivência em determinadas áreas como a Escandinávia ou a Holanda”.

A equipa, liderada por Fátima Pinto, salienta que tendo em conta que a idade de sobrevivência contribui para os cálculos de esperança de vida das regiões, “estes dados acabam por ser muito importantes para a gestão das dinâmicas sociais numa Europa envelhecida”.

Em média, a proporção de população compreendida entre os 75 e os 84 anos em 2001 que sobreviveu mais 10 anos foi de 27% para os homens e 40% para as mulheres. Em 2011, o rácio de sobrevivência aumentou consideravelmente, atingindo 34% para os homens e 47% nas mulheres.

Contudo, como o estudo demonstra, existe uma enorme diferença geográfica na taxa de sobrevivência nos dois períodos. Em 2001 havia 27 regiões onde uma maior proporção de homens sobrevivia até 85 a 94 anos (acima de 34%) e 31 regiões onde a proporção era mais baixa (abaixo dos 21%).

Os locais onde os homens idosos tiveram a vida mais prolongada foi em Salamanca, Andorra e Genebra. Pelo contrário, Glasgow, Manchester, Liverpool, ou Londres (todas no Reino Unido), assim como as áreas industriais de mineração no norte de França, foram as áreas onde a taxa de sobrevivência dos homens idosos foi mais baixa.

Os investigadores verificaram que em 2011 o cenário foi ligeiramente diferente. As regiões com taxa de sobrevivência elevada nos homens (acima dos 41%) eram já 49; as de baixa taxa de sobrevivência (abaixo dos 21%) eram 24. Em termos geográficos, as áreas de elevada sobrevivência em 2001 mantiveram-se as mesmas e a elas juntaram-se o oeste e o sul da França.

Do mesmo modo, as áreas altamente industrializadas do Reino Unido, a zona fronteiriça entre França e a Bélgica, bem como o sul de Limburgo na Holanda ou Copenhaga na Dinamarca, mantiveram as taxas de sobrevivência muito baixas.

No caso das mulheres, em 2001, verificou-se uma taxa de sobrevivência elevada (acima dos 48%) em 45 regiões e apenas 35 onde a taxa era baixa (abaixo dos 32%).

Geograficamente, a distribuição é muito similar à dos homens com variação positiva no nordeste de Itália, e negativa no sul de Espanha, região de Nápoles e Sicília. Por sua vez, em 2011 já eram 102 as regiões com elevada taxa de sobrevivência (acima dos 56%) mas o número com taxa muito baixa (abaixo do 39%) também aumentou para 50.

Também neste ano, a distribuição geográfica das taxas foi muito similar à dos homens, mas assistiu-se a “uma enorme diminuição” da taxa de sobrevivência das mulheres idosas no nordeste de Itália.

Muitos fatores influenciam a idade de sobrevivência dos idosos, dizem os investigadores, incluindo fatores genéticos, estilos de vida, poluição, assim como o acesso a cuidados de saúde. Uma das causas mais frequentes no desfecho destes casos, acima dos 85 anos, são as doenças cardiovasculares, responsáveis por 4 em cada 10 mortes no espaço europeu.

O registo abrangeu 313. 296.725 pessoas e teve em conta 4.404 pequenas áreas de 18 países da Europa.

A Grécia, Chipre, Alemanha e Irlanda, bem como os recém-estados membros da UE foram excluídos da análise conduzida pela equipa do Porto devido à indisponibilidade de dados sobre a população muito idosa desses países.

Outros países não pertencentes à UE, como a Noruega, a Suíça, Andorra, Lichtenstein e San Marino foram incluídos por fazerem fronteira com o espaço comunitário.

Universidade do Porto
Novos compostos químicos para combater a doença de Alzheimer ou ajudar no tratamento de quimioterapia contra o cancro são duas...

Em entrevista, Maria João Ramos, vice-reitora para a investigação e desenvolvimento da Universidade do Porto (UPorto), explicou que entre hoje e sexta-feira decorre no Porto uma espécie de congresso júnior denominado “Encontro Investigação Jovem”(IJUP), no qual alunos dos 1º e 2º ciclos da UP apresentam 373 trabalhos de investigação científica, tanto em comunicação oral como em ‘poster’.

“Os temas de investigação são uma simbiose entre os problemas atuais que existem e que os professores querem resolver em tempo útil, e também as próprias vocações dos professores e dos investigadores que estão à frente das equipas de investigação”, acrescentou a vice-reitora, classificando o congresso dos alunos como um “retrato da investigação” que se faz na UPorto.

Há muitas apresentações sobre saúde, porque é um tema forte de investigação na Universidade do Porto, como Alzheimer, cancro, sida, mas há também uma série de trabalhos de engenharia, um tema igualmente muito forte na UPorto, informou Maria João Ramos.

Inês Cruz, licenciada em bioquímica e mestre em química farmacêutica, apresentou hoje um trabalho científico denominado de “Síntese e Avaliação Biológica de derivados xantónicos e flavónicos como potenciais agentes dual para o combate da Doença de Alzheimer”.

“Conseguimos sintetizar dois derivados que apresentaram atividade dual, nomeadamente atividade antioxidante e inibidora de uma enzima que podem ser promissores agentes para o combate da Doença de Alzheimer”, explicou a jovem investigadora.

Inês Cruz observou que esta descoberta pode fazer com que os “doentes possam melhorar a nível cognitivo e atrasar a perda de memória”, assim como podem “evitar a formação de outras complicações a nível molecular, devido à atividade antioxidante que está implicada em várias características patogénicas da doença de Alzheimer”.

Ana Oliveira, licenciada e mestre em química farmacêutica, também apresentou hoje os resultados do estudo científico que realizou sobre “Curcumin derivatives as potencial P-glycoprotein inhibitors: synthesis and stability studies” (Derivados da Curcumina como inibidores da glicoproteína P: síntese e estabilidade)”, cujo objetivo foi tentar inibir uma proteína que é responsável pela resistência das células cancerígenas à quimioterapia.

“O objetivo era bloquear a proteína e impedir que ela causasse resistência às células (…) e expulsasse os fármacos anticancerígenos para fora das células”, explicou Ana Oliveira, referindo que gostava de continuar a investigar e continuar este estudo e, quem sabe, até seguir com uma bolsa de doutoramento.

“Este congresso é muito importante para nós começarmos a nossa carreira de investigador, ambientando-nos aos congressos e à comunicação científica. Dá-nos um bocadinho mais de experiência e deixa-nos mais à vontade para futuros congressos”, considerou a jovem investigadora.

Mais de 750 estudantes de licenciatura e mestrado da UPorto estão reunidos no Palácio das Artes da Fundação da Juventude, junto à Ribeira do Porto para apresentarem pela primeira vez em público os resultados dos seus projetos de investigação científica.

Das ciências do desporto à criminologia, passando pelas artes, engenharias, ciências sociais e ciências da vida e da saúde, o IJUP é o mostruário das últimas novidades ligadas às diferentes áreas de ensino e investigação da UPorto.

42ª Volta ao Algarve - 17 a 21 de Fevereiro
Uma equipa de jovens com diabetes que, em apenas dois anos, subiu 22 posições no ranking da Federação Internacional de Ciclismo...

Na 42ª Volta ao Algarve de Ciclismo, que decorre entre 17 e 21 de Fevereiro, concorre a única e primeira equipa a nível mundial composta inteiramente por atletas com diabetes.

A equipa, com ciclistas profissionais de 17 nacionalidades que têm em comum o gosto por este desporto e o facto de terem diabetes, tem como objetivo desmistificar a doença e a incapacitação que, muitas vezes, lhe está associada.

O ciclismo profissional é considerado um dos desportos de resistência mais desafiantes. Os ciclistas submetem-se a treinos e horários muito exigentes e têm que trabalhar com grande intensidade, muitas horas de seguida. A equipa desafia os limites e a ideia de que o ciclismo é uma competição impossível para pessoas com diabetes.

Na equipa os atletas gerem a sua doença enquanto treinam e competem a nível profissional – concorrendo pelo mundo, nas maiores competições. Na 42ª Volta ao Algarve, a equipa compete com oito corredores, de seis diferentes países: Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda e Itália.

Estes atletas trabalham arduamente para gerir a sua diabetes, monitorizam de perto o seu açúcar no sangue antes, durante e depois da corrida, desenvolvendo um profundo entendimento de como o seu corpo responde ao exercício. Aprendem a ajustar o seu consumo nutricional e de insulina para manterem a glicose no sangue no objetivo.

Em todo o mundo, há 387 milhões de pessoas com diabetes e as estimativas apontam para 642 milhões em 2040. A doença provoca cinco milhões de mortes anuais.

Na Volta ao Algarve, 19 equipas entram na competição num percurso de mais de 700 kms que se divide em cinco etapas, entre Lagos e a praia do Malhão, em Loulé. 

Estudo
O leite e a carne biológica são muito mais ricos em ómega 3 e contêm muito menos gorduras saturadas do que os mesmos alimentos...

O leite e a carne provenientes de culturas biológicas contêm mais 50% de ácidos gordos essenciais - ómega 3 - do que o leite e a carne provenientes da pecuária tradicional, segundo um estudo publicado no British Journal of Nutrition.

Os investigadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, examinaram 196 artigos de leite e 67 de carne e "encontraram diferenças claras entre o leite e carne biológicos e convencionais, especialmente no que diz respeito ao teor de ácidos gordos", escreve o Sapo.

"Os ómega 3 contribuem para reduzir as doenças cardiovasculares, melhoram o desenvolvimento neurológico e a função imunitária", comenta Chris Seal, um dos autores do artigo, citado pela agência France Presse.

"O nosso estudo sugere que optar pelos alimentos biológicos permitiria em certa medida melhorar a ingestão destas substâncias nutritivas essenciais", explica Chris Seal.

O investigador ressalva que aumentar a porção ingerida de ómega 3 não significa absorver mais calorias ou gorduras saturadas indesejáveis.

Audiologista alerta
Existem cerca de 200 medicamentos que podem prejudicar a nossa audição e, destes, os antibióticos são os mais comuns e os que...

Alguns dos efeitos secundários incluem a incapacidade de perceção de frequências altas, zumbidos, vertigem, tonturas ou surdez (temporária ou definitiva), escreve o Sapo. "Será relevante ter um especial cuidado na administração de antibióticos a mulheres grávidas, idosos ou portadores de perda auditiva prévia", alerta Pedro Paiva, Audiologista.

"Embora os sintomas variem de pessoa para pessoa, a perda auditiva é possível de evitar se o fármaco for tomado no tempo e quantidade recomendada, limitando a concentração deste na corrente sanguínea", explica.

Os antibióticos mais prejudiciais são os aminoglucósidos, macrólidos e glucopeptídicos, nunca sendo demais ressalvar que se deve sempre "combater o seu uso desnecessário ou inadequado, visto que quase todos os medicamentos têm em si o potencial de comprometer de alguma forma o corpo humano".

Um milhão de pessoas com perda auditiva
"A automedicação e o uso indiscriminado deste tipo de medicamentos têm um lado muito perigoso", conclui Pedro Paiva, lembrando que em Portugal cerca de um milhão de pessoas sofre de perda auditiva.

Outros medicamentos considerados ototóxicos incluem os anti-inflamatórios e salicilatos, diuréticos, salicilatos, antimaláricos, citostáticos e bloqueadores beta.

Em 2015
Registo nacional revela aumento de casos e maior sobrevivência. Cancro do cólon tem tendência para ultrapassar o do pulmão.

As despesas com medicamentos na área da cancro dispararam no último ano. Só no primeiro semestre de 2015 foram gastos mais 18 milhões de euros do que no ano anterior, calculando-se que os gastos subam 12% no período anual, escreve o Diário de Notícias. Nuno Miranda, o diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, explica que "há mais doentes a ser tratados e acesso a medicamentos inovadores mais dispendiosos".

O consumo hospitalar de embalagens sempre manteve uma tendência de crescimento, mas Nuno Miranda diz que, "em 2015, foi visível um primeiro grande aumento da despesa. No primeiro semestre, passámos de 187 para 205 milhões de euros, mais 9,8% do que no primeiro semestre de 2014, mas até ao final do ano essa subida será de cerca de 12%", calcula o médico.

O próprio Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde refere que até outubro houve uma subida de 12% nas despesas com antineoplásicos, para 196 milhões, um valor mais reduzido "por não incluir a totalidade das áreas".

A área da imuno-oncologia "não é que tem mais impacto no momento. Falamos de anticorpos monoclonais e pequenas moléculas muito dispendiosas, transversais a quase todas as doenças oncológicas e mesmo nas diversas fases de tratamento". Depois de anos em que a despesa esteve controlada, de 2011 a 2013, registou-se uma ligeira subida dos gastos em 2014, agora com um maior peso.

"Vamos ter cada vez mais doentes e pode ser difícil de comportar esta despesa. Temos de pensar bem no que temos disponível, em tratar o que afeta mais pessoas, é mais incapacitante ou causa mais sofrimento. A pressão é grande e temo que possam ser incomportáveis para toda a gente se não forem controlados, o que está a acontecer."

Esta é, aliás, uma das áreas prioritárias para o Sistema Nacional de Avaliação de Tecnologias da Saúde, do Infarmed. "Esta área, devido à enorme inovação, nomeadamente a nível da imuno-oncologia, está a ser avaliada e os hospitais já estão a registar os dados e os resultados dos tratamentos dos doentes. Apesar de tudo, destacamo-nos por não termos problemas de acesso aos principais fármacos, mesmo em relação a outros países."

1021 casos até aos 30 anos
Os últimos dados sobre a incidência do cancro em Portugal - que vão hoje ser revelados - mostram que a doença continua a aumentar, embora a mortalidade tenda a estabilizar. O registo oncológico nacional, cujos últimos dados são relativos a 2009, contabiliza 44 605 casos de doença, que representam uma taxa de 320 por cem mil habitantes, acima dos 311 de 2007. E mostram ainda algumas discrepâncias, nomeadamente entre o continente e os Açores, que também têm registo próprio (ao lado). Apesar de haver assimetrias regionais, seja em termos de rastreio e de tratamento, Nuno Miranda refere que " não há grandes diferenças de mortalidade".

O Registo Oncológico Nacional (RON), cujos últimos dados são de 2009, mostra que até aos 30 anos houve 1021 casos de cancro registados, valor que sobe para 1741 até aos 34 anos e para 2812 até aos 39 anos. Ana Miranda, diretora do ROR-Sul, refere que não se está a verificar um aumento do número de casos nestas idades. "O cancro continua a ser associado ao envelhecimento celular, antes dos 40 é mais devido a alterações genéticas e não tanto a causas ambientais."

Até aos quatro anos, predominam as leucemias e os tumores cerebrais, que vão aumentando a partir daí. O mesmo se passa com a tiroide, a pele e a doença de Hodgkin. Em termos de mortalidade, o tumor do pulmão é o mais fatal entre os 30 e os 40 anos e só a partir dos 75 anos o cancro da próstata ultrapassa este em termos de mortalidade. "É sobretudo um problema dos homens, embora tenha tendência para estabilizar."

Registo Oncológico Nacional
Registo Oncológico Nacional mostra que por ano são detetados 44 mil portugueses com a doença. Conheça os tumores mais frequentes.

A falta de rastreios em várias regiões do país tem consequências nos casos de cancro que são diagnosticados, nomeadamente a tempo de salvar os doentes. A conclusão parece óbvia, mas é visível no Registo Oncológico Nacional, um estudo anual que é apresentado esta quarta-feira num encontro que reúne mais de 150 especialistas nacionais e internacionais da área do cancro.

Os números agora conhecidos são antigos, datam de 2009, mas são os mais recentes a fazer o retrato da doença em Portugal, escreve a TSF.

A coordenadora do Registo Oncológico Nacional dá um exemplo concreto: o cancro do colo do útero, que na região Sul tem uma taxa de incidência muito mais elevada do que no resto do país e o triplo do que acontece nos Açores ou o dobro da região Centro.

Ana Miranda diz que a culpa, tudo indica, é do rastreio organizado que não existe para esta doença na região de Lisboa e Vale do Tejo. Ao todo, o cancro do colo do útero atinge 839 mulheres por ano em Portugal.

As falhas nos rastreios em várias zonas, nomeadamente na região de Lisboa, também se sentem noutros cancros como o cólon e o reto. Ana Miranda explica que esta falta afeta não só a incidência da doença, mas também o estado em que esta é detetada, afetando a possibilidade de sobrevivência.

Recorde-se que a falta de rastreios organizados ao cancro pelas autoridades de saúde é um problema crónico que nenhum governo tem conseguido resolver.

Cuidado com o que se come
O Registo Oncológico Nacional também permite perceber que os hábitos alimentares dos portugueses afetam os cancros que surgem mais ou menos no país e em cada região, com diferenças significativas.

A coordenadora do estudo dá o exemplo do grande aumento dos casos de cancro do cólon que possivelmente estará relacionado com o facto de nas últimas décadas os portugueses terem passado a comer mais hidratos de carbono, gorduras ou fast-food em detrimento das verduras ou do peixe e da típica dieta mediterrânica.

Os tumores malignos no cólon atingem atualmente perto de 5 mil portugueses por ano e a incidência é um pouco mais elevada a Norte, o que segundo a especialista estará relacionado com o que se come na região.

Os hábitos alimentares influenciam o surgimento de cancros como o cólon e reto e Ana Miranda sublinha que as taxas de incidência são mais altas nas grandes cidades e periferias ou mais baixas nas regiões litorais e agrícolas.

Próstata, mama e cólon são os cancros mais comuns
O Registo Oncológico Nacional que será hoje conhecido permite ainda perceber quais são os tumores mais frequentes em Portugal. Ana Miranda destaca o aumento, na última década, dos casos no cólon e a descida do pulmão.

Na ranking dos cancros mais comuns em Portugal, a mama com 6.027 novos doentes por ano lidera a lista, seguida da próstata com 5.433. O cancro dos brônquios e pulmão foi detetado em 2009 em 3.512 portugueses, sendo que 77% eram homens.

Noutros tipos de cancro que afetam de forma mais semelhante ambos os sexos, destaque para o cólon (4.951 casos), estômago (2.942) e o reto (2.481).

Na longa lista de cancros que é possível ter, destaque ainda para os tumores na bexiga, glândula tiroideia e linfoma não-Hodgkin que também aparecem no topo dos mais comuns em Portugal, com 1.000 a 2.000 novos casos por ano.

Violência no namoro
Chama-se “O(U)sar & Ser Laço Branco”, nome inspirado na Campanha do Laço Branco (“White Ribbon Campaign”) que surgiu, no...

Sensibilizar para a importância desta causa, simultaneamente com o objetivo de recrutar jovens voluntários para o projeto, foi o propósito de uma iniciativa realizada, segunda-feira, na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), a pretexto do Dia dos Namorados (14 de fevereiro) que se assinalou no último domingo.

Dirigida aos estudantes do 1º ano da licenciatura em Enfermagem, a iniciativa constou de uma apresentação do projeto – pelas professoras Cristina Veríssimo e Conceição Alegre de Sá –, seguida de uma sessão de teatro do oprimido, método pelo qual os estudantes de Enfermagem voluntários educam outros jovens, no sentido da prevenção dos comportamentos agressivos e do combate à violência exercida sobre as mulheres, especialmente no contexto das relações de intimidade.

Dados divulgados há dias, pelo Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, revelam que a violência entre namorados ou ex-namorados registou, em 2015, um aumento de 44,4%, comparativamente com o ano anterior.

O projeto “(O)Usar & Ser Laço Branco” tem por madrinha a cantora Rita Guerra.

Foram celebradas parcerias com a ESEnfC, no âmbito deste projeto, com as organizações não-governamentais Mulheres Século XXI (Leiria) e Gaudeamus - Associação Juvenil (Tábua), a Orquestra Clássica do Centro, a Associação Pele – Núcleo de Teatro do Oprimido do Porto e a Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria.

Investigadores revelam
As unidades de saúde têm tido aumento de produtividade muito à custa da redução dos tempos de consulta, ao mesmo tempo que a...

“Sabemos que os cuidados de saúde primários têm tido um processo de reforma, tem havido um aumento de produtividade, mas muitas vezes é feito à custa da redução dos tempos de consulta ou da seleção de doentes em função das suas patologias”, afirmou à agência Lusa o investigador Tiago Correia, coordenador do livro “Novos Temas de Saúde, Novas Questões Sociais” que é apresentado quinta-feira em Lisboa.

No livro do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, a reforma dos cuidados de saúde primários é encarada como tendo sido “pouco explicada, pouco divulgada e pouco ou nada participada”.

A investigadora Lurdes Teixeira assume um aumento do número de atos médicos ou de enfermagem, mas questiona se os utentes precisarão de mais consultas ou antes de mais tempo de consulta.

“Precisam, sobretudo, que independentemente do tempo de prestação do cuidado, o médico ou o enfermeiro não centre o olhar, a atenção ou a preocupação, nos registos informáticos dos indicadores e promova uma efetiva e satisfatória interação”, refere a autora.

Segundo o artigo, a relação médico e enfermeiro/doente é “cada vez mais mediada pelo computador”. Além disso, o imperativo de cumprir os indicadores da unidade de saúde pode “promover uma preferência oculta” por indicadores (ou utentes) mais facilmente alcançáveis, respondendo não à necessidade do doente mas antes à escolha do indicador que é mais produtivo.

Noutro artigo do livro lançado pelo ISCTE, da autoria de Rosemarie Andreazza, o investigador Tiago Correia considera que fica demonstrado que os utentes demonstram uma “enorme racionalidade” na forma como usam os cuidados de saúde, ao contrário do que muitas vezes é dito pelos decisores políticos quando se deparam com os atendimentos nas urgências hospitalares, por exemplo.

“Mesmo utilizando os cuidados de saúde primários, reconhecendo seu médico de família, os utentes avaliam que este é um lugar para trocar receitas, para medir a tensão e obter a licença de trabalho. Parecem não os visualizar como locais de produção de cuidado. Creditam ao hospital este papel”, refere a autora do artigo.

Rosemarie Andreazza pretende mostrar ainda que é o próprio sistema que vai empurrando os doentes nas suas escolhas: “a ação dos doentes é movida pela necessidade de encurtar tempos e diminuir com isto os processos de adoecimento, dor e sofrimento”.

Para Tiago Correia, o livro, que é lançado quinta-feira pelo ISCTE, pretende “dar visibilidade a efeitos desconhecidos em reformas prosseguidas no Serviço Nacional de Saúde nos últimos anos”, bem como tenta “decifrar os comportamentos dos cidadãos na forma como consomem e acedem aos recursos de saúde”.

Esta obra, de acordo com o próprio ISCTE, é apadrinhada pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Em Portugal
O primeiro transplante cardíaco em Portugal, há 30 anos, colocou no estrelato a equipa do cirurgião Queiroz e Melo, mas também...

“A comunidade médica, quase toda, apoiou maciçamente e ficou entusiasmada. A sociedade civil também, mas nem todos. Recebi ameaças de morte em casa, cartas anónimas. Durante uns 15 dias, três semanas olhava para um lado e para o outro quando saia de minha casa para ver se havia algum suspeito”, disse o cirurgião.

A propósito das três décadas da cirurgia, Queiroz e Melo, que se encontra aposentado e já não opera, recordou no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, os dias fantásticos que envolveram o transplante, que aconteceu nesta unidade de saúde a 18 de fevereiro de 1986, tinha ele 41 anos.

“Foi algo que no nosso país ainda é raro e que na altura era raríssimo: perceber que o progresso em medicina se faz com trabalho em equipa, não é ´one man show`, é um trabalho de grupo e não de grupos na mesma especialidade”.

Esta equipa encontrava-se no estado da arte da altura e deu aquilo que era “um passo natural no tratamento de doentes que então, como agora, são os mesmos – com insuficiência cardíaca e que não têm outro tipo de tratamento”.

A cirurgia foi realizada sob secretismo, de tal maneira que a equipa definiu um código para a identificar: Teresa Costa, nome que começa com as iniciais das palavras transplantação cardíaca.

A doente Eva Pinto foi a escolhida e recebeu o coração de um dador de Coimbra, cujo órgão chegou de helicóptero. O sucesso da operação, que durou quatro horas, foi noticiado no telejornal da meia-noite e foi dessa forma que a tutela – a ministra da Saúde era Leonor Beleza – tomou conhecimento do feito.

Deslumbrado com o pioneirismo da cirurgia estava José Neves, atual diretor do serviço de cirurgia cardiotorácica do Santa Cruz e, em 1986, um interno de 32 anos que teve “a sorte de assistir e entrar como terceiro ou quarto ajudante na primeira cirurgia de transplantação no país”.

“Era o top da cirurgia cardíaca. Toda a gente queria transplantar. Eram os deuses. O cirurgião que transplantasse tinha a vida nas mãos”, disse.

Desse dia, José Neves recorda o “deslumbramento”, mas também o facto de “tudo a acontecer ao mesmo tempo” numa “sala cheia de gente”.

José Neves fez o seu primeiro transplante cardíaco cinco ou seis anos depois e ainda hoje reconhece que este é “um ponto alto na carreira de um cirurgião”.

Para Maria José Rebocho, coordenadora de transplantação cardíaca e que foi responsável pelos doentes desde o início do projeto, recorda que foi contagiada pelo “entusiasmo” de Queiroz e Melo, que a dada altura terá afirmado: “Quem não vem comigo fica para trás”. E ela foi. Tinha 39 anos.

A médica sublinha que todo o hospital, e principalmente os doentes, beneficiou com a introdução desta técnica, pois os exames e cuidados que exigia passaram a ser aplicados a todos.

“Se o tabuleiro da comida vai tapado para os doentes transplantados, então passa a ir assim para os outros doentes também. Tudo modifica e melhora, como ao nível do controlo da infeção”.

Do dia da operação, Maria José Rebocho recorda como ponto alto o “momento emocionante” em que o coração é colocado no recetor e começa a bater de novo.

Em relação aos doentes – que durante muito tempo continuam a ser seguidos no hospital e mantêm, por isso, uma ligação longa e forte com a equipa que os operou – a médica refere que, tal como há 30 anos, acolhem bem a hipótese de serem transplantados.

“Eles querem [ser transplantados] porque percebem que é o fim da vida”, afirmou.

Queiroz e Melo tem a mesma opinião: “ Um doente que precisa de ser transplantado sente-o e não é preciso convencê-lo”.

“As pessoas sabem que vão morrer, sentem que vão morrer. Têm uma qualidade de vida péssima e, quando lhes é dada oportunidade, não hesitam”, adiantou.

O cirurgião recorda que “a doente em causa era uma senhora de fé, de grande misticismo, acreditava muito na vida. Esse foi um não problema”.

Realizado há 30 anos
O presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação enalteceu “o pioneirismo e a coragem” da equipa liderada pelo cirurgião...

A propósito desta efeméride, que se assinala na quinta-feira, Fernando Macário disse que Portugal tem razões para comemorar o feito.

“Comemorar 30 anos de transplantação cardíaca é uma oportunidade para mostrar a nossa admiração pelo pioneirismo e a coragem da equipa de Queiroz e Melo, numa altura em que a medicina não estava de forma nenhuma tão desenvolvida como hoje”, afirmou.

A 18 de fevereiro de 1986, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, foi transplantado pela primeira vez em Portugal um coração, na doente Eva Pinto, que viveria ainda mais dez anos.

Fernando Macário recorda “o caminho que a transplantação cardíaca fez nos últimos 30 anos e as elevadas centenas de pessoas que puderam beneficiar de um transplante cardíaco”.

“Aquele que necessita de um transplante cardíaco, se não o tiver, vai falecer”, adiantou.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) considera que este aniversário é igualmente uma oportunidade para celebrar “a grande qualidade com que as unidades de transplantação cardíaca estão a trabalhar em Portugal: Santa Cruz, Santa Marta, São João e o Hospital da Universidade de Coimbra”.

“Podemos celebrar o primeiro transplante que permitiu o arranque, e que foi de uma coragem enorme, e celebrar a forma como trabalham as equipas de transplantação cardíaca, permitindo dar resposta à quase total das necessidades de transplante cardíaco em Portugal”, referiu.

O ano passado, 51 pessoas receberam um coração transplantado.

Ministro da Saúde do Brasil
O Ministro da Saúde brasileiro, Marcelo Castro, disse após uma reunião com 24 representantes de países da União Europeia, que o...

"Estamos dizendo, com bastante segurança, que as Olimpíadas não terão nenhuma dificuldade para serem realizadas", afirmou.

O governante brasileiro recordou ainda que a população de 'Aedes aegypti', mosquito transmissor do vírus Zika, da Dengue e da Chikungunya, costuma ter uma forte queda no inverno, quando os atletas estarão a competir.

As autoridades brasileiras esperam que além desse fator sazonal, ações de combate ao mosquito como a mobilização nacional realizada no país no último sábado façam a população do vetor ser ainda menor durante os Jogos.

Castro também recomendou que os turistas estrangeiros adotem os mesmos cuidados de prevenção que os brasileiros, como, por exemplo, a aplicação recorrente de repelente e uso de roupas claras e compridas para cobrir grande parte do corpo.

Em Madrid
A polícia espanhola deteve o dono da cadeia de clínicas dentárias Vital Dent, assim como outros 12 altos cargos do grupo, por...

As detenções foram feitas em vários locais da Comunidade de Madrid, pela unidade da Polícia Nacional espanhola especializada em crime económico e fiscal. Entre os detidos conta-se o uruguaio Ernesto Colman, fundador e dono do grupo, assim como o responsável de operações em Itália.

"Os detidos formavam parte de um grupo organizado criado dentro da estrutura empresarial, para evitar pagar impostos. Para fugir às obrigações fiscais, o máximo responsável da empresa depositava as receitas das [clínicas] franqueadas em entidades bancárias da Suíça ou do Luxemburgo", adiantou a polícia num comunicado.

Posteriormente, parte desse capital era reinvestido em Espanha, na aquisição de imóveis, veículos de gama alta, artigos de luxo e mesmo um avião, completando assim a operação de branqueamento. A fraude terá sido feita às clínicas franqueadas.

Além das detenções, a polícia espanhola realizou 15 operações de apreensão de documentos e bens nas sedes da Vital Dent.

Na operação, batizada de "Topolino", a polícia espanhola apreendeu o avião privado, 36 carros de luxo.

A Vital Dent é uma empresa espanhola que, desde 1997, tem vindo a espalhar-se em sistema de franquia ('franquicia', 'franchising'). Conta com uma rede de mais de 350 clínicas em toda a Espanha, que também passou por Portugal.

Em fevereiro de 2012, a Ordem dos Médicos Dentistas de Portugal anunciou que iria processar as clínicas Vital Dent por publicitarem uma especialidade (implantologia), que "não existe" e atender os utentes por um comercial, sem qualquer formação clínica.

Em declarações, na altura, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Orlando Monteiro da Silva, afirmou ter tido conhecimento desta situação através de várias queixas de colegas.

Segundo o bastonário, eram "recorrentes as diligências disciplinares de inquérito aos dirigentes da Vital Dent", embora neste caso tenha havido um agravar da situação.

A OMD detetou duas situações ilegais: por um lado, a promoção, em folhetos comerciais, de serviços de médicos dentistas "especialistas em implantologia", que não existem, e, por outro, a introdução, nas suas clínicas, da figura comercial do chamado "assessor odontológico".

A alegada fraude agora detetada pela justiça espanhola ascenderá a vários milhões de euros e as detenções ocorreram perante o "risco de fuga" do dono da Vital Dent.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, afirmou estar a repensar e olhar para a saúde no Algarve com muita atenção,...

“Sobre o Centro Hospitalar do Algarve (CHA) nada de novo, vejo que há umas notícias que têm carater especulativo. O que vai acontecer é que a curto prazo será identificada e encontrada uma nova equipa para o centro hospitalar que fará o seu trabalho no seu espaço e tempo, tudo o resto são cenários que estão a ser estudados e que decorrem da circunstância de estarmos a repensar e a olhar para o Algarve com muita atenção, cuidado e ponderação”, disse, à margem da apresentação do novo Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, no Porto.

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve disse hoje à agência Lusa desconhecer que esteja a ser preparada a dissolução do CHA e a criação de duas Unidades Locais de Saúde.

"A única coisa que a tutela me pediu neste momento foi para fazer um trabalho sobre os constrangimentos e as soluções em relação à saúde no Algarve", afirmou João Moura Reis, sublinhando que "nada foi orientado no sentido de dizer que haveria um novo figurino".

Contactada, fonte do Ministério da Saúde não confirmou a intenção de dissolução do CHA e a sua substituição por duas Unidades Locais de Saúde (ULS), hoje noticiada pelo jornal "Público”, limitando-se a dizer que "está em curso um estudo sobre a reorganização do Serviço Nacional de Saúde" no Algarve.

O presidente da ARS/Algarve adiantou que foi entregue ao ministro da Saúde, no início do mês, um relatório com o levantamento dos principais problemas e possíveis soluções na área dos cuidados de saúde, mas sublinhou não ter tido qualquer orientação no sentido de criação de novas entidades.

"Nada foi orientado no sentido de dizer que haveria um novo figurino em termos de criação de novas entidades ou outro tipo de circunstâncias que não fosse formar-se um novo Conselho [de Administração] para o CHA e manter aquilo que existe", declarou.

Admitindo que, no futuro, possam vir a ser analisadas "outro tipo de figuras", João Moura Reis alertou para a necessidade de qualquer reorganização do sistema de saúde no Algarve ter que ser "muito bem planeada e analisada".

A alegada extinção do CHA, criado em 2013 e que agrega os hospitais de Faro, Portimão e Lagos, suscitou uma carta aberta ao ministro da Saúde, redigida por um diretor de serviço do centro hospitalar e publicada nas redes sociais.

Segundo a missiva, assinada por Horácio Guerreiro, a avançar, esta solução "pode satisfazer as estruturas políticas dos partidos governantes", mas "empobrece a saúde na região e conduzirá à desvalorização do Algarve como entidade regional com peso político".

Universidade de Aveiro
Manequins que falam, têm batimentos cardíacos e mesmo convulsões, vão ser usados pelo Centro de Simulação Clínica da...

A primeira ação de formação, a realizar a 3 de março, é dedicada a Emergências Pediátricas, sendo um curso avançado de simulação em Pediatria, promovido conjuntamente com a Associação para a Formação Profissional e Investigação da Universidade de Aveiro (UNAVE).

O curso é dirigido a pediatras, anestesistas, médicos de medicina geral e familiar, cirurgiões pediatras, cardiologistas pediátricos, internos e enfermeiros dedicados à Pediatria, baseado na simulação de casos clínicos reais e na utilização de simuladores.

Segundo uma nota informativa da UNAVE, as situações clínicas com que os formandos vão ser confrontados durante a formação são reproduzidas em manequins neonatais e pediátricos, com capacidade de mimetizar sons respiratórios, batimentos cardíacos, cianose e convulsões, que também falam.

Na área da saúde, a UNAVE realiza também nos dias 4 e 5 uma formação sobre Segurança do Medicamento, destinada a farmacêuticos, enfermeiros, técnicos de farmácia e outros profissionais de saúde.

As duas entidades vão ainda realizar uma formação em Laparoscopia, com recurso a simuladores, nos dias 11 e 12, dedicada ao treino de procedimentos avançados em cirurgia digestiva "hands-on", dirigida a cirurgiões, que terá como formadores Novo de Matos, Leonor Manaças e José Castro.

Ministro da Saúde anuncia
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, anunciou a criação do Conselho Nacional dos Centros Académicos de Medicina,...

“Nós estamos a trabalhar, e posso anunciar aqui, em primeira mão, com o senhor ministro da Ciência e Ensino Superior, a constituição, já em março, do Conselho Nacional dos Centros Académicos de Medicina, porque é preciso criar uma reserva natural onde a investigação, conhecimento e entrosamento entre a parte hospitalar tradicional e ensino, se formalize e concretize”, afirmou o ministro, durante a apresentação do novo Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, no Porto.

O governante revelou ainda ter “desafiado” o presidente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), Sobrinho Simões, para chefe de equipa do Conselho Nacional dos Centros Académicos de Medicina.

Segundo Adalberto Campos Fernandes, o objetivo deste conselho é criar uma dinâmica a nível nacional, um padrão de funcionamento e incentivos ao desenvolvimento dos centros académicos.

“Em Portugal, existem quatro ou cinco centros criados, mas nós queremos que haja seis ou sete, no sentido de criar um padrão de desenvolvimento e de funcionamento que seja mais sustentado e mais sólido”, disse.

Para o ministro, a saúde em Portugal representa uma fileira muito importante, ao nível da investigação e desenvolvimento.

E realçou: “Queremos criar mecanismos para que as competências que existem ao nível da ciência, investigação, conhecimento e saúde, façam de Portugal um país que esteja na primeira linha em termos europeus”.

Questionado pelos jornalistas sobre a proposta do Orçamento do Estado, se estava ou não satisfeito com os valores apontados para o setor, Adalberto Campos Fernandes afirmou que “nunca nenhum ministro da Saúde, com sentido mínimo de responsabilidade, considera o orçamento suficiente”.

“No quadro de dificuldades do país é o orçamento possível, vamos fazer tudo para com este orçamento fazer o máximo possível”, sustentou.

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