Infarmed
O Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos emitiu recomendações provisórias para...

O Zydelig está autorizado na União Europeia para o tratamento de leucemia linfocítica crónica (LLC) e linfoma folicular e está a ser alvo de uma revisão de segurança devido ao aumento da ocorrência de eventos adversos graves incluindo mortes em três ensaios clínicos. A maioria das mortes deveram-se essencialmente a pneumonias por Pneumocystis jirovecii, infeções por citomegalovirus e outros eventos respiratórios.

Até que a avaliação esteja concluída, o Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância (PRAC) emitiu as seguintes medidas de precaução provisórias:

Profissionais de Saúde
- O Zydelig não deve ser administrado como primeira linha em doentes com LLC cujas células cancerígenas tenham deleção em 17p ou mutação da TP53, ou em doentes com infeção sistémica;
- O Zydelig pode continuar a ser utilizado em combinação apenas com o rituximab em doentes com LLC que receberam, pelo menos, uma terapêutica prévia, e em monoterapia em doentes com linfoma folicular que sejam refratários a duas linhas de tratamento;
- Os doentes que estejam a fazer terapêutica com Zydelig para LLC devem ser reavaliados e o tratamento só deve ser continuado se os benefícios superarem os riscos;
- Os doentes que estejam a fazer terapêutica com Zydelig devem fazer tratamento profilático da pneumonia por P. jirovecii e ser monitorizados para os sintomas e sinais respiratórios. 
- Nos doentes que estejam a fazer terapêutica com Zydelig devem ser monitorizadas regularmente:
- função respiratória;
- infeção por citomegalovírus;
- deteção de neutropenia.

  • No caso de o doente apresentar uma neutropenia moderada ou grave, o tratamento com Zydelig deve ser reavaliado podendo ser interrompido.

- Os doentes devem ser informados sobre o risco de infeções graves com Zydelig;

Informação para o doente
- Se estiver a tomar Zydelig é necessário detetar e tratar precocemente algumas infeções para permitir que o tratamento seja seguro. Para isso, é necessário a utilização de antibióticos para prevenir um tipo de pneumonia e a monitorização da ocorrência de infeções.
- Se tiver febre, tosse ou dificuldade em respirar deve contactar imediatamente o seu médico;
- Deve continuar a tomar o medicamento de acordo com as indicações do seu médico, a quem deve recorrer em caso de dúvida.

Os profissionais de saúde irão receber por escrito mais detalhes sobre as medidas provisórias e a informação do medicamento será atualizada em conformidade.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e o Infarmed continuarão a acompanhar e a divulgar todas as informações pertinentes relativas a esta matéria.

Infarmed
O Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos concluiu a avaliação do risco de...

Os corticosteroides são uma classe de medicamentos que, quando usados por via inalatória, reduzem a inflamação nos pulmões facilitando a respiração. Estes medicamentos são utilizados no tratamento da doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) com recurso a dispositivos para inalação.

Em Portugal, corticosteroides para inalação disponíveis são o budesonida e a fluticasona com indicação para o tratamento da DPOC por via inalatória.

O Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância (PRAC) considera que, apesar de os doentes com DPOC tratados com corticosteroides para inalação apresentarem maior risco de desenvolver pneumonia, os benefícios destes medicamentos continuam a ser superiores aos riscos. Adicionalmente, não foram identificadas diferenças no risco de pneumonia entre os vários corticosteroides avaliados.

Com base na avaliação realizada, o PRAC considerou que a informação destes medicamentos deve ser atualizada para incluir a referência à necessidade de os médicos e doentes com DPOC estarem atentos aos sinais e sintomas de pneumonia, uma vez que estes se podem confundir com os da exacerbação da doença subjacente.

A recomendação do PRAC será remetida para o Comité dos Medicamentos de Uso Humano (CHMP) para adoção de uma opinião.

Infarmed
A Agência Europeia de Medicamentos iniciou uma revisão de segurança dos antivirais de ação direta, utilizados no tratamento da...

Os antivirais de ação direta1 autorizados na União Europeia são: Daklinza (daclatasvir), Exviera (dasabuvir), Harvoni (ledipasvir + sofosbuvir), Olysio (simeprevir), Sovaldi (sofosbuvir) e Viekirax (ombitasvir + paritaprevir + ritonavir).

Esta revisão surge na sequência da notificação de casos de reativação da hepatite B em doentes infetados com vírus da hepatite B e C e que tinham sido tratados com antivirais de ação direta para a hepatite C.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) irá agora avaliar a extensão da reativação da hepatite B em doentes tratados com antivirais de ação direta para o tratamento da hepatite C e analisar a necessidade de tomar medidas adicionais para otimizar o tratamento.

Até que esteja concluída a avaliação, os doentes devem continuar a tomar os medicamentos de acordo com as indicações do seu médico, a quem devem recorrer em caso de dúvida.

A EMA e o Infarmed continuarão a acompanhar e a divulgar todas as informações pertinentes relativas a esta matéria.

1Os medicamentos Exviera e Viekirax não se encontram comercializados em Portugal.

Estudo
A crise teve um impacto na saúde mental dos portugueses, em particular nos desempregados, idosos e pessoas com baixos...

Dois estudos que integraram o projeto Smaile registam um impacto da crise na saúde mental da população portuguesa, em especial nos desempregados, idosos e pessoas com baixos rendimentos, bem como pessoas com maior probabilidade de isolamento social, como é o caso de viúvos, divorciados e solteiros.

Um desses estudos, que analisa as consultas e internamentos em serviços de psiquiatria nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, refere que, entre 2007 e 2012, registou-se um aumento de consultas em psiquiatria nos solteiros (45%), nos viúvos (30%), nos desempregados (63%), estudantes (63%), nos reformados (27%) e nos sem atividade (38%).

Nas consultas, registou-se ainda um aumento em ambos os géneros, e em especial nos grupos etários dos 30 aos 49 anos (mulheres 11% e homens 22%) e dos utentes com mais de 65 anos (mulheres 42% e homens 47%).

Essa investigação, a que a agência Lusa, teve acesso refere ainda que no mesmo período houve um incremento de internamentos para o grupo etário dos 50 aos 64 anos (17,7%), para o grupo dos divorciados (19,2%) e para os desempregados (43%).

A psiquiatra e uma das investigadoras do estudo, Graça Cardoso, sublinha que "em momentos de crise, há que garantir serviços e apoios para minimizar" os efeitos da mesma, afirmando que em Portugal "cortou-se a eito, com pouco cuidado e deixando desprotegidas as pessoas que já estavam mais vulneráveis".

Segundo a investigadora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, seria necessário um reforço dos serviços de saúde mental na comunidade e de cuidados primários, acompanhado por "políticas sociais dirigidas para os grupos mais vulneráveis".

Os resultados alcançados nos diferentes estudos integrados no Smaile "sugerem o impacto da crise na saúde mental da população", registado "na utilização dos serviços de saúde, nas condições económico-financeiras reportadas pelos indivíduos com pior saúde mental e na associação entre os padrões geográficos de mortalidade por suicídio e de privação material", sublinha a investigadora Paula Santana, coordenadora do projeto que procurou analisar a relação entre a crise e a saúde mental em Portugal.

Um dos estudos, que consistiu num questionário a 1.066 pessoas de Amadora, Lisboa, Mafra e Oeiras, feito entre 2014 e 2015, conclui que os inquiridos com rendimentos mais baixos e em situação de desemprego registam pior saúde mental.

"Além dos rendimentos e da condição perante o trabalho", existem outros fatores identificados neste inquérito que influenciam a saúde mental da população, sublinha a investigadora e coordenadora do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território (GEGOT) da Universidade de Coimbra.

Pessoas "do sexo feminino, com menor escolaridade, sem atividade física, com excesso de peso ou obesidade, com familiares desempregados, que expressaram ter dificuldades em pagar despesas, revelam maior risco de pior saúde mental", salienta Paula Santana.

O projeto Smaile (Saúde Mental - Avaliação do Impacte das condicionantes Locais e Económicas) reúne diversos estudos centrados no impacto da crise na saúde mental em Portugal, tendo sido financiado pelo Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Estudo
Um projeto coordenado pelo Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra, aponta para...

Um dos estudos integrados no projeto Smaile (Saúde Mental - Avaliação do Impacte das condicionantes Locais e Económicas) que analisou as consultas e internamentos em serviços de psiquiatria nas Áreas Metropolitanas de Lisboa (AM) e do Porto aponta para um incremento de 67% de utentes com ideias suicidas em consultas nos serviços de psiquiatria de Lisboa e do Porto, entre 2007 (antes da crise) e 2012 (em crise).

A investigação, que procura analisar os efeitos da crise na saúde mental da população, aponta também para um aumento de 52% de consultas nos cuidados psiquiátricos das AM de Lisboa e do Porto de pessoas que realizaram pelo menos uma tentativa de suicídio nesse ano.

Nos doentes internados nos serviços de psiquiatria da área referida, comparando 2007 e 2012, o mesmo estudo refere que os grupos de utentes com tentativa de suicídio em que se registou um maior aumento de internamentos foram o das mulheres entre os 50 e os 64 anos (com um aumento de 52% dos internamentos) e o dos homens entre os 30 e os 49 anos (aumento de 34%).

Nos internamentos com ideação de suicídio, o grupo que registou um maior incremento foram também mulheres, entre os 50 e os 64 anos.

De acordo com a psiquiatra e investigadora deste estudo, Graça Cardoso, esse impacto particular nas mulheres pode estar relacionado com o facto de Portugal ter "uma alta taxa de ocupação [profissional] das mulheres", em comparação com os restantes países europeus.

"Aspetos como redução de salários, despedimentos e dificuldades na gestão do orçamento familiar poderão ter tido um efeito particularmente intenso neste grupo", refere o estudo do projeto SMAILE, sublinhando que as dificuldades económicas "aliadas ao papel social que as mulheres desempenham" podem-nas tornar "num grupo mais vulnerável", quando as famílias são afetadas pela crise.

Outro estudo presente no projeto Smaile, com base num inquérito a 1.609 residentes dos municípios da Amadora, Lisboa, Mafra e Oeiras, conclui que jovens (com menos de 35 anos) desempregados e com um nível de escolaridade mais elevado "são os que reportam pior saúde mental".

Uma das possibilidades, refere o investigador Pedro Pita Barros, centra-se nas "expectativas criadas com o acesso à formação superior, que sendo mais elevadas constituem um choque maior quando se dá a situação de desemprego".

No entanto, o investigador da Nova School of Business and Economics sublinha que deverá ser realizado "trabalho futuro para perceber melhor se é uma questão de expectativas ou se é outra justificação".

O projeto de investigação SMAILE, coordenado por Paula Santana do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território (GEGOT) da Universidade de Coimbra, procurou avaliar "o efeito das condicionantes locais e económicas na saúde mental e no uso dos serviços de saúde mental em tempos de crise".

Reunindo diversos estudos no mesmo projeto, os diferentes resultados sugerem "uma relação entre a crise a saúde mental", disse Paula Santana.

O projeto foi financiado pelo Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Doar o corpo à ciência
Faculdades registam cada vez mais inscritos a quererem dar o corpo para que médicos e alunos aprendam.

"O meu corpo tem alguma coisa diferente dos outros. Há já muitos anos que os médicos me disseram que tinha um mioma e me perguntaram como tive dois filhos. Acho que deve ser estudado. De todo o modo, ele não presta para nada, para que serviria, para estar debaixo da terra?" Adelaide completou em fevereiro 102 anos e foi há nove que decidiu apanhar o autocarro e dirigir-se à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Nova, em Lisboa, para garantir que o seu corpo, quando morresse, seria usado em nome da medicina. "Os médicos têm de estudar, eles precisam". No lar lisboeta onde se encontra há mais de dez anos, muitos idosos assinaram esta opção. Como eles, mais de cinco mil portugueses guardam a carta a ditar o seu destino para o final de vida.

Adelaide sente-se mais cansada, diz, a recuperar de uma infeção respiratória que levou ao seu internamento. Nessa altura, os médicos aproveitaram para pedir umas análises e exames. "Para quê? Eu já disse que não iam encontrar nada. Nunca encontram". Até há pouco calcorreava o lar, ajudava outros idosos a comer e até dava as suas escapadelas. Agora nem tanto. "Já me sinto mais cansada, nem tenho ido ao teatro ou à ginástica". Mas apesar de o coração estar mais cansado, o que a transtorna mais é mesmo ter dores nas pernas e problemas de circulação, escreve o Diário de Notícias.

Todos os dias fala com os dois filhos e mantém alguns pequenos prazeres como o café - que guarda no seu roupeiro - ou o queijinho. Vai à missa e ao Terço, gosta de companhia e de falar, até porque a televisão lhe diz pouco. Sobre a ida para o lar, onde já dava uma ajudinha, diz que "ninguém a mandou. Vim quando quis. Era um sábado, nem fui jantar. Fiz as mudanças, trouxe fotografias e pouco mais."

A decisão de doar o corpo à ciência foi igual. "Foi uma amiga que me falou nisso e eu fui logo lá, nem esperei. Depois contei à família. O meu filho até perguntou "a mãe sabe o que está a fazer?" E eu respondi que cada um sabe do seu corpo. Eu ainda tenho juízo".

Altruísmo e falta de recursos
Há seis faculdades a desenvolver programas de doação cadavérica, embora com algumas diferenças. Para o fazer, basta contactar as faculdades. A família idealmente deve ser informada, para ter conhecimento deste desejo e para o cumprir. "O processo é sigiloso e a doação ocorre depois de cumpridos os atos religiosos [para quem o quiser]. O corpo depois para no tempo", diz João O"Neill que dirige o departamento de anatomia da FCM, o que regista maior atividade nesta área.

O corpo é embalsamado e neste organismo, com uma "técnica única, o cadáver pode durar meses ou anos, mas temos dado vazão com o número de cursos". No final, a família é informada. Como em todas as faculdades contactadas, as despesas com a cremação, enterro e transporte, são cobertas.

O motivo principal das doações é ajudar a ciência a progredir, dizem os responsáveis dos departamentos de anatomia, já que além de haver dissecção de cadáveres nas aulas de anatomia, os corpos são usados na formação pós-graduada. Há aqueles que, por vezes, e porque o otimismo pode durar uma vida, "contactam-nos porque sabem que estão doentes e querem evitar problemas vindouros" diz um responsável do Instituto Abel Salazar, mas aqui não fazemos investigação". João O"Neill discorda. Aprendemos sempre coisas novas. Por vezes encontramos situações raras que tratamos como se estivéssemos na prática clínica".

Mas há quem queira minorar o sofrimento da família ou garantir que os familiares não gastarão fortunas num funeral. Mais raro, e em época de crise, sobretudo, há quem o faça porque a família não tem dinheiro para as despesas do funeral.

A Faculdade de Ciências Médicas deu início ao programa de doação cadavérica há 35 anos, com um único corpo. Este ano, a lista já vai em 2591 inscritos. "Recebemos 300 a 350 doações por ano e até já tivemos de restringir a nossa área de influência a 100 quilómetros", refere João O"Neill.

Todos os anos entram 40 a 60 novos cadáveres na faculdade, fruto desta dádiva, recursos que eram tão escassos antes que não chegavam para as necessidade de formação de quem estudava. Foi por essa razão que se criou uma legislação que enquadra estas matérias, seja na doação, seja na forma como os cadáveres e as peças humanas podem ser utilizadas.

Dulce Madeira, diretora do departamento de anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, lembra que até à lei de 1999, o habitual era usar corpos que vinham da medicina legal ou que não eram reclamados. E isso deixou de ser possível, até porque as pessoas não sabiam disso. A lei definiu quem pode fazer uma doação, os seus moldes e de que forma um corpo pode ser usado e dissecado para formação. O destino final, geralmente a cremação, também vem estipulado na lei.

Mais mulheres a doar
A maior de todas as regras será a impossibilidade de comprar ou vender um corpo. "Já tivemos pedidos um pouco estranhos, de pessoas que perguntam quanto pagamos, mas são raros, geralmente é pelas razões que é suposto". Esta faculdade iniciou o programa em 1980, mas foi em 2000 que teve um incremento progressivo, até rondar as cerca de cem doações por ano.

Depois da FCM, com 2591 inscritos, o departamento associado ao Hospital de São João é o que tem maior atividade, com 1286 inscritos, seguida da Faculdade de Medicina de Lisboa, com 500, ou a de Coimbra com 430. O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, tem uma atividade mais reduzida, com 230 inscritos. A Universidade do Minho não respondeu ao DN, tal como a da Beira Interior, esta última sem atividade nesta área atualmente.

As mulheres são quem mais toma a iniciativa nesta área, que nada tem a ver com a doação de órgãos. Mas a pessoa que se inscreve pode desistir em qualquer momento da sua vida. Geralmente, são idosos ou pessoas acima dos 50 a assina r a dádiva, que pode ser feita pessoalmente, através de telefone, carta ou email," depende das unidades. "Mas é engraçado que há cada vez mais pessoas mais jovens. Temos pessoas com 19 anos, estudantes de medicina", acrescenta Dulce Madeira. Só no serviço do Porto há sete inscritos com menos de 20 anos e 66 com menos de 30.

Francisco Correia, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, diz que a unidade retomou a atividade depois das obras há cerca de dois anos, tendo mais inscrições. "Há muitas pessoas com 20 ou 30 anos. Antes a maior parte não era religiosa, mas isso também começa a mudar, querem ajudar, não querem ir para debaixo da terra".

Nada substitui o corpo no ensino
"Quem consertará uma máquina ignorando as peças de que é feita? Como se podem curar as doenças não conhecendo os órgãos que atacam?" Assis Leite era professor de anatomia da Real Casa Pia no século XVIII e já escrevia assim e pensava . Como hoje, só se aprende verdadeiramente anatomia dissecando, observando e descobrindo. Uma descoberta que remonta sobretudo à Escola de Alexandria, 300 anos antes de Cristo, quando houve estudos de dissecção que trouxeram conhecimento profundo do corpo humano. Este é o método de excelência, mas nem sempre é possível ou tanto como o desejável perante a falta de cadáveres.

O professor O"Neill explica que nem sempre a matéria deve ser o cadáver. "Depende da curva de aprendizagem. Há modelos perfeitos, para fins comerciais, e os fantomas [simuladores] que repercutem grosseiramente o corpo humano, podendo ser usados para massagem cardíaca ou canalizar uma veia".

Os simuladores - também há em Portugal - são evoluídos e dispendiosos, "mas não têm simulações infinitas e baseiam-se na média e não nas particularidades. Simuladores simulam, não são reais. E mesmo os modelos animais não são humanos. E cada pessoa é um caso diferente. Quando fazemos cursos avançados só os podemos fazer com material humano". Todos os anos, os cursos da faculdade envolvem 250 a 300 médicos e 80 a 100 formadores. Só no ano passado houve 15 cursos pós-graduados.

Em Coimbra, o professor e cirurgião António Bernardes diz que a unidade tem 12 corpos congelados e que faz "uma dissecção uma vez por ano nas aulas para 300 alunos, além dos cursos pós-graduados. Faltam cadáveres para incrementar a formação. "Acredito que talvez nem sempre a família cumpra a vontade de quem quer doar, porque recebemos três ou quatro cadáveres por ano". Mas as doações continuam a crescer.

Nos hospitais
Os médicos tarefeiros ou prestadores de serviços podem ser pagos por ato que praticam nos hospitais públicos, neste caso por...

Esta forma de contratação já era usada excecionalmente no Serviço Nacional de Saúde - o modelo previsto na lei é o pagamento à hora -, mas vem agora referida, pela primeira vez, num despacho publicado na semana passada. Segundo o documento, os hospitais devem converter o pagamento em horas trabalhadas e os diretores clínicos terão de validar as contratações.

Exemplos são o Hospital Amadora-Sintra, que em dezembro de 2015 no âmbito do plano de contingência da gripe decidiu pagar aos médicos por doentes observado, escreve o Diário de Notícias. Neste caso, o modelo que ainda está em vigor determinou o pagamento entre oito e 35 euros na urgência, de acordo com a cor da pulseira do doente. Mas há mais casos nos sites dos hospitais. Em Évora, por exemplo, há um pagamento de 30 euros por sessão de hemodiálise. A Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo pagava 30 euros por uma primeira consulta de endocrinologia e 25 euros pelas seguintes, pagando ainda cirurgias de acordo com o estipulado pela tabela do SIGIC (sistema integrado de gestão de inscritos para cirurgia) no caso da oftalmologia.

O Centro Hospitalar do Barreiro-Montijo pagava por ato na área da gastroenterologia e o de Coimbra pela codificação de processos clínicos, modalidade que uma fonte de uma ARS admite ser comum.

A legislação determina que o pagamento seja no máximo de 30 euros à hora por um especialista e 25 a não especialista, valores que descem cinco euros no caso de clínicos recém-formados.

Uma fonte ligada ao Ministério da Saúde admite que este despacho abre de alguma forma a porta a este modelo, a que é necessário recorrer devido à falta de recursos humanos, mas diz que não é o mais desejável pelos valores em causa e por estimular sobretudo o volume em detrimento da qualidade, por vezes. Já os profissionais tendem a preferir este modelo de pagamento, porque é mais rentável. A mesma fonte ligada à tutela explica que este pagamento pode ser "mais comum em exames e cirurgias, mas também em consultas".

Mais cinco mil horas por semana
Em 2015, o despacho que estabelece o limite de horas de prestação de serviços nas administrações regionais de saúde (ARS) não referia quaisquer pagamentos ao ato, apenas à hora. Agora, já o prevê, determinando que "excecionalmente e por motivos especialmente fundamentados, sempre que a prestação tinha por base a contratação ao ato, as instituições do SNS devem proceder à conversão da respetiva atividade em volume de horas".

O despacho é claro quanto à natureza de exceção das prestações de serviços na saúde. Aliás, o ministro Adalberto Campos Fernandes referiu por diversas vezes que há um objetivo de pôr um fim a estes cuidados em prol de modelos mais estáveis de contratação. No entanto, estava já em curso a negociação de um acordo quadro há vários meses, que agora entrou em vigor.

A legislação definiu um máximo de horas semanais que as regiões de saúde podem contratar por semana, que agora terão de ser distribuídas pelas diversas unidades hospitalares. E este ano há um aumento de quase 9% nas horas, que são mais cinco mil em todo o País.

Fazendo contas, só na ARS de Lisboa e Vale do Tejo há um limite de 23 237 horas por semana, o que significa que seriam necessários 581 profissionais, entre eles médicos, para dar resposta a esta necessidade, tendo por base horários de 40 horas semanais. O despacho prevê outras mudanças, como a necessidade de o diretor clínico do hospital validar a proposta de contratação ou renovação, não só analisando se é adequada e necessária, mas também para assegurar que há qualidade dos serviços.

Poucos médicos no acordo
O novo acordo quadro prevê que os médicos possam novamente prestar serviços a título individual e não apenas quando em empresas, como acontecia até 2015. No entanto, avaliando as listas presentes no acordo, há muitos poucos a integrar a lista de fornecedores do SNS. Apesar das tentativas por parte do Diário de Notícias, não existiram esclarecimentos relativamente a este assunto por parte dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. Uma fonte da tutela admitiu que o processo é burocrático, mas que houve várias formações na Ordem dos Médicos para esclarecer os clínicos.

Entre 2014 e 2015
Entre abril de 2014 e dezembro de 2015 foram registados no Serviço Nacional de Saúde 99 casos de mutilação genital feminina....

A maior parte das vítimas destas práticas que atentam contra os direitos fundamentais das mulheres e põem em risco a sua saúde são da Guiné-Bissau e Guiné Conacri e todas residem na região de Lisboa e Vale do Tejo.

De acordo com um relatório da Direção- Geral da Saúde, os 99 registos foram introduzidos na Plataforma de Dados de Saúde (PDS) por profissionais que trabalham nas unidades da região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo e observaram estas mulheres em contexto de consultas, internamento, gravidez ou puerpério, escreve o Jornal de Notícias.

Atualmente estas mulheres têm em média 30 anos. Contudo, a maioria sofreu a mutilação genital ainda em criança. "Em 83 casos (84% do total da amostra) a idade média em que foi realizada foi de 5,9 anos, variando entre 1 e 28 anos", refere o documento. Em cinco casos foi registada como "desconhecida" a idade da realização da prática e em 11 foi registada a idade zero.

De acordo com os registos efetuados "todas estas práticas foram realizadas fora do país e nenhuma durante a estadia da família em Portugal", acrescentam os relatores.

Mais de 50% das mulheres foram submetidas a esta prática na Guiné-Bissau, Guiné-Conacri e Senegal, países onde está descrita uma elevada prevalência da mutilação genital feminina (96% na Guiné Conacri, 50% na Guiné-Bissau e 26% no Senegal).

Números que, segundo o relatório, condizem com a distribuição das comunidades imigrantes residentes em Portugal e a prevalência estimada da mutilação genital feminina nesses países.

Em relação ao tipo de mutilação encontrada, de acordo com uma classificação da Organização Mundial de Saúde, 34% eram do tipo I (remoção parcial ou total do clítoris), 62% do tipo II (remoção parcial ou total do clítoris e dos pequenos lábios, com ou sem excisão dos grandes lábios) e 4% do tipo III (estreitamento do orifício vaginal através da criação de uma membrana selante, pelo corte e aposição dos pequenos lábios e/ou dos grandes lábios, com ou sem excisão do clítoris). Foram registadas complicações em 41 mulheres, sendo as psicológicas as que têm maior frequência de registos, seguidas das de resposta sexual e obstétricas.

Para a Organização Mundial da Saúde, a mutilação genital feminina constitui uma grave violação dos direitos fundamentais da mulher, comprometendo a sua saúde, em particular a saúde sexual e reprodutiva, o bem-estar físico e psicológico.

São Brás de Alportel
Dois antropólogos da Universidade de Coimbra têm recorrido ao arquivo do antigo Sanatório de São Brás de Alportel, um dos...

A tuberculose, existente pelo menos desde o período neolítico e apontada como doença extremamente letal até à descoberta dos antibióticos, continua a ser difícil de identificar durante o estudo de esqueletos humanos de outras épocas, disse a investigadora Ana Luísa Santos, da Universidade de Coimbra.

“Quando estudamos esqueletos não temos evidências dos pulmões, mas os pulmões estão envolvidos pela caixa torácica e as costelas aparentemente têm algumas lesões que podem ser relacionadas com a tuberculose pulmonar”, observou a investigadora.

O trabalho é desenvolvido em parceria com Vitor Matos, que sublinhou a importância da consulta do arquivo do antigo sanatório: “É material que muito pouca gente tem a sorte de conseguir estudar e, nesse sentido, obviamente que os nossos colegas mostram sempre bastante interesse nesse tipo de materiais”.

A empresa de caminhos-de-ferro portugueses foi a responsável pela construção do Sanatório Carlos Vasconcelos Porto, inaugurado em setembro de 1918.

Foi o primeiro sanatório nacional privado, que servia exclusivamente os funcionários da empresa afetados com doenças do foro respiratório, em particular a tuberculose.

Os dois investigadores do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Universidade de Coimbra contam com dois trabalhos publicados a nível internacional em que se debruçam sobre o perfil dos doentes, a hospitalização, o tipo de tuberculose, as perdas de peso e a recuperação.

“Os trabalhos seguintes vão focar-se na localização das lesões precisamente para tentarmos perceber se a localização daquelas lesões que nós verificámos nos esqueletos coincidem com a localização descrita pelos médicos” e pelos registos existentes no arquivo, explicou Ana Luísa Santos.

O arquivo reporta-se ao período entre 1918 e 1993, em que aquela unidade de saúde passou por algumas mudanças, como por exemplo a criação de uma ala para doentes do sexo feminino e a transição para o Serviço Nacional de Saúde.

Após o seu encerramento em 2002 e antes da sua transformação no Centro de Medicina de Reabilitação do Sul, o edifício foi esvaziado e Cristina Fé Santos, que acompanhou o processo, contou que encontrou os arquivos quase esquecidos, em sacos de plástico, numa divisão.

Entre 2006 e 2007, a direção do Hospital de Faro decidiu incorporar o arquivo no arquivo geral do hospital, tornando-se num registo quase único a nível internacional explicou Cristina Fé Santos, autora do livro "Sanatório Carlos Vasconcelos Porto - Sanatório de uma empresa".

“Não é só a questão da curiosidade e de dar a conhecer, é também a questão de manter e preservar para que outros possam utilizar os documentos para futuros estudos nas mais várias linhas de investigação”, afirmou Cristina Fé Santos.

A diretora do Serviço de Gestão Documental, Marisa Caxias, explicou que o projeto de recuperação, tratamento e organização arquivística ainda está numa fase embrionária e não está “devidamente tratado e identificado pelo que o seu eventual interesse histórico, ou outro, apenas se pode alvitrar dada a sua data de produção”.

Segundo a responsável importa estabelecer critérios de reutilização da informação, confidencialidade e restrições de acesso com base em diretivas legais e pareceres das entidades competentes.

O projeto foi recentemente submetido à apreciação da administração do Centro Hospitalar do Algarve, da Secretaria Geral do Ministério da Saúde, da Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, da Comissão Nacional de Proteção de Dados e da Ordem dos Médicos - Secção Sul.

Ministro da Saúde
O Governo está a "procurar uma solução que procure autonomizar a ADSE", disse o ministro da Saúde, Adalberto Campos...

Em entrevista ao jornal i, Correia de Campos lembra que sempre foi contra a manutenção do sistema da ADSE dentro do Estado, que, em sua opinião, serve apenas para favorecer a medicina privada, que acusa de ser, em Portugal, "muito cartelizada e com preços excessivamente elevados".

O antigo ministro socialista da Saúde, adianta, na entrevista, não fazer sentido que os funcionários públicos sejam beneficiados com um sistema de saúde que não é igual para todos os portugueses, salientando que, desta forma, estão a ser divididos em duas castas.

"Não posso estar mais de acordo com o professor Correia de Campos (...)", disse o atual ministro da Saúde.

"Vamos cumprir o que está no programa do Governo que é procurar uma solução que procure autonomizar a ADSE com sustentabilidade económica e financeira e que tenha em conta aquilo a necessidade de respeitar as expectativas dos trabalhadores da administração pública e da função pública", disse Adalberto Campos Fernandes, que falava à margem do II Congresso do Serviço Nacional de Saúde (SNS) - Património de Todos.

Instado a responder a algumas das críticas e reivindicações de personalidades que discursaram na sessão da abertura do congresso, nomeadamente o presidente da Fundação para a Saúde, Constantino Sakellarides, o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, o diretor-geral da Saúde, Francisco George, e o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o ministro da Saúde concordou que as listas de 1.900 utentes por médico carecem de revisão.

"Nós, mais do qualquer outra entidade, temos a preocupação de qualificar a prestação de cuidados, dar condições aos médicos de família para terem tempo para ver os doentes. Infelizmente, temos uma grande carência de médicos de família no país. Esperamos a pouco e pouco ir melhorando. O caminho está a ser feito", disse.

Adalberto Campos Fernandes não quis avançar qualquer compromisso sobre esta matéria, defendendo que, em causa, não está uma "questão de compromisso" mas de "racionalidade, de bom senso e até de qualidade do exercício profissional".

"Temos de ajustar o número padrão de doentes que estão atribuídos na lista, àquilo que é a natureza desses doentes", resumiu.

Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas
A equipa da investigadora Ana Paula Leandro está a procurar uma terapia para repor a proteína que, nos casos da doença rara...

Esta doença rara deve-se a um erro hereditário do metabolismo, que tem consequências graves no desenvolvimento das crianças, afetando cerca de um em cada 10 mil recém nascidos, estimando-se que em Portugal sejam entre 260 e 280 os casos identificados.

"Até há relativamente pouco tempo, a única terapia existente consistia numa restrição dietética tanto mais acentuada quanto o grau de severidade da doença" e os investigadores liderados por Ana Paula Leandro, do Grupo Metabolismos e Genética, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, estão a procurar "uma nova abordagem para conseguir administrar a proteína que está deficitária".

O primeiro passo bem sucedido foi manter a proteína estável, como descreveu a cientista, agora vão ser testados modelos celulares para que se consiga chegar a tratamento baseado numa "terapia enzimática de reposição".

Esta doença rara, uma das diagnosticadas no "teste do pézinho" logo após o nascimento, resulta de um erro hereditário do metabolismo e tem consequências no desenvolvimento físico e cognitivo da criança, que podem ser mais ou menos graves, consoante o grau de severidade, se não for tratada.

A atribuição da bolsa anunciada no 12º International Symposium Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas (SPDM), que decorreu em Coimbra, vai contribuir para o financiamento do trabalho destes investigadores que apoiam a Unidade de Doenças Metabólicas do Hospital de Santa Maria, um dos centros de referência para as doenças hereditárias do metabolismo, no diagnóstico e no acompanhamento das crianças portadoras dessas deficiências genéticas.

24 de março – Dia Mundial da Tuberculose
No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Tuberculose, que se assinala no próximo dia 24 de Março, a Associação Nacional de...

Em 2015, Portugal ficou pela primeira vez abaixo dos 20 casos registados por cada 100 mil habitantes, segundo os dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde. Este ano o cenário volta a ser positivo, registando-se a diminuição do número de casos registados.

Contudo, é nas grandes cidades como Lisboa e Porto que se regista a mais elevada incidência de Tuberculose (TB), onde o controlo do tabagismo assume cada vez maior expressão na prevenção da doença. Outros fatores de risco são as doenças imunosupressoras, como a diabetes, os comportamentos aditivos e o HIV.

Para a Dra. Conceição Gomes, Presidente da Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias (ANTDR), apesar do atual cenário continuar a ser positivo face a anos anteriores, “A luta contra a Tuberculose tem de continuar, as estruturas que seguem doentes com Tuberculose devem ser reforçadas e a Sociedade Civil deverá ter um papel cada vez mais interativo. É necessário reforçar a prevenção, efetuando cada vez mais tratamento da tuberculose latente e sensibilizando a população para não fumar.”

A cada dia morrem 3 pessoas vítimas de tuberculose e outras 17 adoecem, em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, esta doença contagiosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis é considerada uma emergência mundial.

Semana da Luta Contra a Tuberculose – Programa

18 Março 2016Instituto Português de Reumatologia
9h30 – 10h30 - Sensibilização aos utentes do IPR sobre a Tuberculose
10h45 – 12h00 - Doenças Reumáticas e a Tuberculose

21 Março 2016Associação Ares do Pinhal Gabinete de Apoio Fixo (PSOBLE)
14h30 – 15h - Abertura
15h00 – 16h30 - Um Olhar sobre o Passado, Presente e Futuro - a TB e os Comportamentos Aditivos

22 Março 2016
Visita a um Estabelecimento Prisional
9h00 – 12h30 – Sensibilização para o problema da Tuberculose

23 Março 2016Fundação Portuguesa do Pulmão
14h30 – 15h00 - Abertura
15h00 – 16h30 - A Sociedade Civil e o seu papel na Luta contra a Tuberculose
Exposição conjunta de Pintura, Fotografia e Escultura – Inês Bravo, Felisbela Santos e Picote Rocha

18 a 24 Março 2016
Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal
Sensibilização aos Utentes diabéticos

20 de março - Dia Mundial da Saúde Oral
No Dia Mundial da Saúde Oral, este domingo, 20 de março, a Federação Dentária Internacional, numa iniciativa a que a Ordem dos...

Num estudo divulgado pela Federação Dentária Internacional (FDI), 40% dos inquiridos com doenças das gengivas sofriam de outras doenças crónicas.

A relação de patologias orais com doenças cardiovasculares, diabetes, infeções respiratórias, úlceras no estômago ou cancros como o oral, gástrico ou do pâncreas ou VIH/Sida é já reconhecida. Além disso, doenças periodontais, ou das gengivas, também podem estar associadas a casos de nascimentos prematuros e de recém-nascidos de baixo peso. 

Orlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), salienta que “não há saúde sem saúde oral, mas infelizmente esta é uma realidade que ainda não é percecionada nem pela população nem pelos decisores. E pior é que não só não existe uma oferta de cuidados multidisciplinares integrada, como continuamos a gastar muito dinheiro no tratamento e a apostar pouco na prevenção”.

Para o bastonário da OMD “é imperativo que haja maior interligação entre os profissionais de saúde, e basta citar o caso dos diabéticos, que em Portugal são mais de um milhão, e das doenças periodontais ou das gengivas, cuja relação está amplamente demonstrada. O acompanhamento por um médico dentista dos diabéticos é essencial porque qualquer infeção na gengiva pode agravar substancialmente a diabetes”.

O acesso a cuidados de saúde oral em Portugal é restrito, com uma oferta residual no Serviço Nacional de Saúde para os adultos, o que dificulta ainda mais a ligação entre a saúde oral e a saúde em geral.

O Atlas da Saúde Oral compilado pela FDI mostra que em Portugal as crianças de 12 anos apresentaram, no período compreendido entre 1994 e 2014, uma melhoria significativa do número de cáries, sendo preocupante a expressão do cancro oral face aos restantes países Ocidentais.

Outro alerta do Atlas prende-se com as doenças periodontais, que em Portugal atingem 10 a 15% da população, uma percentagem mais elevada do que países como Espanha, França ou Reino Unido. 

Estudo
Nove em cada dez jovens internados nos centros educativos já tinham consumido álcool e drogas antes do internamento, segundo um...

As conclusões resultam de um inquérito sobre comportamentos aditivos em jovens internados nos centros educativos do país realizado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) em parceria com a Direção-Geral de reinserção e Serviços Prisionais.

O estudo mostra que os jovens internados nos centros educativos têm prevalências de consumo e de consumo nocivo de bebidas alcoólicas e de substâncias ilícitas superiores às dos jovens que frequentam o ensino regular público.

Demonstrativo disso é o facto de 93% destes jovens já terem tomado bebidas alcoólicas e 89% já terem consumido drogas, sendo que no ano anterior ao internamento, 82% beberam álcool e 80% consumiram drogas.

No mês imediatamente anterior ao internamento, 72% dos jovens tinham consumido bebidas alcoólicas e 68% tinham-se drogado.

As bebidas alcoólicas preferidas por estes jovens são as espirituosas, seguidas da cerveja, enquanto a principal droga de eleição é a cannabis, seguida de estimulantes, como as anfetaminas e o ecstasy.

Assim, o inquérito revelou que um ano antes do internamento 74% beberam espirituosas, 66% beberam cerveja, 79% consumiram cannabis e 22% consumiram drogas estimulantes (13% consumiram estas drogas um mês antes de entrarem no centro).

O estudo destaca que a escolha das substâncias psicoativas feita por estes jovens não é muito diferente da que é feita pelos alunos do ensino regular. O que difere é sobretudo a prevalência de consumo, que é muito superior, principalmente no que respeita à cannabis.

O inquérito conclui que os jovens dos centros educativos têm uma prevalência de consumo de cannabis semelhante á das bebidas alcoólicas, sendo que no mês anterior ao internamento “pelo menos metade dos jovens” apresentava padrões de consumo de “risco acrescido”: consumo diário de cannabis (46%), beber até ficar “alegre” (53%), consumo “binge” - mais de cinco bebidas numa só ocasião para obter embriaguez rápida – (45%) e embriaguez (29%).

Mais de seis em cada dez internados assumiu que consumia mais do que uma substância na mesma ocasião, sobretudo álcool e canábis, e mais de metade já teve problemas relacionados com o consumo de álcool ou drogas, principalmente envolvimento em atos de violência, mas também problemas graves de rendimento na escola ou no trabalho, e problemas de comportamento em casa.

Apesar de se verificar uma “importante redução” de consumos com o início do internamento, 37% dos jovens admitiram que já consumiram álcool após o início do internamento e 36% que já consumiram droga.

No entanto é expressiva a diferença de consumos dentro e fora do internamento, avaliada através de alguns jovens que têm autorização de saída ao fim de semana, férias ou para frequência de escola/estágios.

Assim, concluiu-se que 34% haviam consumido bebidas alcoólicas fora do Centro Educativo, ao passo que dentro do centro apenas 10% o tinha feito. Por sua vez, 26% já haviam consumido drogas fora e 23% dentro.

Quanto a consumo mais recente, no último ano 26% dos jovens tomaram bebidas alcoólicas durante o internamento, e 34% consumiram substâncias ilícitas.

No último mês, foram 23% os jovens que consumiram álcool e 19% os que consumiram ilícitas, sendo que em internamento a cerveja e as espirituosas se mantêm como as principais bebidas alcoólicas ingeridas, enquanto o consumo de drogas se restringe à cannabis.

Estudo
Quase metade dos jovens internados em Centros Educativos cometeram os crimes que os levaram ao internamento por pura diversão,...

O inquérito sobre comportamentos aditivos de jovens internados nos seis centros educativos do país é um projeto desenvolvido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) em parceria com a Direção-Geral de reinserção e Serviços Prisionais.

Segundo o estudo, os principais crimes pelos quais os jovens cumprem a medida são o roubo, o furto e a ofensa à integridade física, sendo que a maioria (65%) cometeu pelo menos parte dos crimes sob o efeito de álcool ou drogas: 34% estiveram por vezes alcoolizados, 8% sempre e 45% estiveram por vezes sob o efeito de drogas, 15% sempre.

Quanto à motivação que os levou à prática dos crimes, 40% dos jovens referiram ter sido pela diversão ou adrenalina, 66% para a obtenção de dinheiro ou bens e 33% por causa das substâncias psicoativas (19% porque estavam sob o efeito de drogas ou álcool, 24% para conseguir comprar aquelas substâncias e 4% porque estavam a ressacar).

Os amigos têm alguma influência nestes comportamentos, já que 21% destes jovens admitem que roubam frequentemente quando estão na sua companhia e 11% fazem-no sempre.

O estudo caracterizou também os jovens quanto a fatores de risco para uso e abuso de álcool e drogas e criminalidade, revelando que a maioria viveu ruturas e transições na sua vida, como alterações na estrutura familiar, mudanças frequentes de casa ou de escola.

Antes do internamento os jovens já tinham chumbado, quase todos (95%) costumavam faltar às aulas, 86% já tinham sido suspensos ou expulsos, 70% não gostavam da escola e 16% consideravam que não tinha utilidade.

Quanto à esfera pessoal e familiar, a maioria (56%) admitiu recorrer a estas substâncias para lidar com situações difíceis, 28% identificaram um ou mais familiares próximos que se costumavam embriagar e 25% tinham elementos da família que consumiam drogas.

Relativamente à aceitação por parte da família destes comportamentos, um quarto dos jovens refere que os familiares próximos aceitam o seu eventual consumo de cannabis e 21% revelam que é aceite a embriaguez.

No que diz respeito às práticas de jogo, no último ano 83% dos jovens jogaram jogos eletrónicos sem dinheiro envolvido, mas 33% jogaram a dinheiro, não sendo esta prática permitida no Centro Educativo.

Os jogos praticados a dinheiro com mais frequência são os de cartas ou dados e os de apostas, de um modo geral no máximo uma vez por semana e envolvendo quantias inferiores a 10 euros.

O estudo indica ainda que um quinto dos jovens já teve problemas relacionados com o jogo, sobretudo envolvendo atos de violência (13%), sendo mais comuns nos jogadores a dinheiro.

O jogo sem dinheiro envolvido é permitido nos centros mediante o cumprimento de objetivos pedagógicos e em horários restritos.

No âmbito do relacionamento dos jovens com o centro educativo em que estão internados, mais de metade (57%) gosta da escola que frequenta atualmente, contra 30% que preferiam a escola anterior, e perspetivam-na como útil para aprender ou vir a ter um emprego.

Mais de metade dos jovens assume pretender mudar de vida após o internamento: 85% quanto à prática de crimes, 75% quanto ao consumo de álcool, 67% quanto ao consumo de drogas e 66% quanto ao jogo.

Mães D´Água
O movimento cívico Mães D´Água, que luta para que os hospitais públicos voltem a realizar partos na água, vai apresentar-se...

As Mães D´Água surgiram em 2014 por parte de um grupo de mães que tinham tido os seus partos na água no Hospital São Bernardo, em Setúbal, o único hospital público que teve esta opção, contou Mariana Falcato Simões, do movimento.

Após o encerramento deste serviço houve a vontade destas mães de lutar para que este reabrisse e trabalhar para que esta opção surgisse noutros hospitais a nível nacional, adiantou Mariana Falcato Simões.

“O parto na água existe em Portugal, em clínicas privadas e em partos domiciliares, mas desde o início que lutamos para que também possa ser possível nos hospitais públicos, porque sendo uma opção exclusiva do privado é muito cara e não está disponível para toda a gente”, sublinhou.

Segundo Mariana Falcato, o que deu força a estas mães para lutar para que outras mulheres pudessem ter esta opção foi as vantagens que tiveram para si e para o bebé ao parir na água e que “ficaram inscritas na sua pele”.

O movimento cresceu muito rapidamente, tendo elaborado em junho de 2014 uma petição pela Manutenção dos Partos na Água no Hospital de São Bernardo e a extensão desta opção a outros hospitais públicos, que reuniu mais de 4.900 assinaturas e foi debatida em plenário e apresentada à Comissão de Saúde.

“Apesar de ter sido bem aceite por quem nos ouviu, a verdade é que acabou por ser arquivada”, lamentou.

Mas as mães não baixaram os braços, continuaram a trabalhar e estão “muito presentes na internet a divulgar as vantagens do parto na água”, recebendo diariamente, no mínimo, dez mensagens de mulheres que querem saber onde se podem deslocar para realizar o parto na água.

“As mulheres estão disponíveis para ir a qualquer sítio do país porque querem parir na água, porque conhecem as vantagens e querem usufruir delas”, frisou.

Neste momento, existem utentes que querem ver surgir no Serviço Nacional de Saúde esta prática e o movimento já pediu um parecer à Direção-Geral da Saúde sobre esta possibilidade.

“Já fizemos o pedido à DGS para nos dar um parecer, enquanto utentes de saúde, acerca a existência de partos na água no Serviço Nacional de Saúde”, mas “ainda não obtivemos resposta e estamos a pressionar”, disse Mariana Falcato Simões.

O movimento escolheu o Dia Mundial da Água, que se assinala no sábado, para divulgar o seu trabalho, lançando um vídeo que demonstra “o poder da água no parto e o poder da mulher a parir na água”.

“O vídeo tem imagens de nascimentos na água, todos em Portugal, o que para nós é importante porque é assinalar que existe esta opção em Portugal”, salientou Mariana Falcato Simões.

A apresentação pública do movimento à sociedade conta com a presença de Bárbara Harper, fundadora do movimento internacional pelo parto na água Waterbirth International, que irá relembrar os benefícios da água no trabalho de parto.

No evento será também lançado oficialmente o website www.partonaagua.pt.

Qualidade do sono
Cerca de 70 por cento dos doentes renais crónicos sofrem de algum distúrbio do sono.

Para além de melhorar a concentração, preservar a memória ou aumentar a capacidade de aprendizagem, o sono é essencial para a produção de várias hormonas presentes no nosso organismo, contribuindo para a saúde e bem-estar geral.

Os doentes renais crónicos passam por períodos de grande ansiedade o que pode condicionar a qualidade do sono.

Na realidade, a par da restrição de líquidos e alimentos, das cãibras musculares, da medicação ou da incerteza sobre o seu futuro, por exemplo, os distúrbios do sono são um grande motivo de stress para estes doentes.

Sabe-se que cerca de 70 por cento das pessoas com doença renal crónica sofrem com alterações no seu padrão de sono.

As queixas mais comuns são a insónia, apneia do sono e síndrome de pernas inquietas.

Alguns dados mostram que a insónia afeta entre 19 a 71 por cento dos doentes submetidos a tratamento de substituição renal (hemodiálise ou diálise peritoneal). Ela caracteriza-se pela dificuldade em adormecer e piora com avançar da idade. Pode afetar o doente no início da noite, quando se vai para a cama e não se consegue adormecer, ou surgir a meio da noite, quando se acorda e há dificuldade em voltar a pegar no sono.

Embora não se conheçam, ainda, os mecanismos que levam a que este distúrbio seja responsável pelo aumento do número de mortes, a verdade é que tem sido associado ao aumento da taxa de mortalidade entre estes doentes.

Alguns estudos sugerem ainda que a altura do dia, em que se realiza o tratamento dialítico, influencia a qualidade do sono.

De acordo com alguns investigadores, a insónia afeta mais os doentes que fazem hemodialise de manhã.

As sestas realizadas durante os tratamentos podem, desta forma, ser responsáveis por esta condição.

Outros fatores como a utilização de fármacos que induzem o sono, ou fatores metabólicos como a uremia, anemia, hipercalcemia, dor óssea ou articular, ansiedade e depressão são apontados como a causa de insónia.

A Síndrome das Pernas Inquietas não é mais do que a necessidade incontrolável de mexer as pernas. Geralmente acompanhada de dor, cãibras, formigueiro ou tensão muscular, pode atingir até 15 por cento destes doentes, sobretudos mulheres.

Os sintomas surgem, habitualmente, em períodos de repouso obrigando a pessoa a levantar-se e caminhar para aliviar o desconforto, condicionando a vida do doente.

Deficiência de ferro, uremia, lesões neurológicas ou o uso de alguns medicamentos, como os antidepressivos, são apresentados como a causa para esta síndrome.

A Apneia do Sono, outro distúrbio frequente, consiste no bloqueio das vias aéreas respiratórias.

Os sintomas incluem roncos, pausas respiratórias, sono agitado, sudorese e noctúria (necessidade constante de urinar durante a noite).

Perda de memória, cansaço físico, diminuição da imunidade, risco de hipertensão, avc, obesidade e diabetes são algumas das consequências destas perturbações do sono.

Alguns conselhos para melhorar a qualidade do sono

  • Praticar exercício físico com regularidade;
  • Tomar um pequeno-almoço rico em hidratos de carbono (sobretudo pão escuro ou cereais integrais);
  • Acordar sempre à mesma hora;
  • Evitar as sestas;
  • Evitar a ingestão de açúcar depois das 18h;
  • Jantar 2 ou 3 horas antes de ir dormir;
  • Ir para a cama apenas quando tiver sono;
  • Não ver televisão no quarto e evitar usar o telemóvel neste espaço. 
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Amplamente prescrito às pessoas que sofrem de artrose, o paracetamol não permite aliviar de maneira eficaz as dores ou melhorar...

O estudo conduzido com base em 22 tipos de tratamentos - diferentes dosagens de paracetamol e sete medicamentos anti-inflamatórios - mostrou que o paracetamol não apresentava "eficácia clinicamente significativa" mesmo que seja "um pouco melhor" do que um placebo.

A artrose é uma doença inflamatória que gera dores, inchaços, atrofias e uma perda do funcionamento das articulações. Esta patologia atinge quase 10% dos homens e 18% das mulheres com mais de 60 anos.

O medicamento que se mostrou mais eficaz contra as dores ligadas à artrose foi, segundo o Sapo, o anti-inflamatório diclofenaco a uma dose de 150mg/dia, à frente de outros anti-inflamatórios como o ibuprofeno, o naproxeno e o celecoxibe.

Estes anti-inflamatórios não-esteróides (AINEs) não podem ser prescritos por longos períodos de tempo, já que possuem efeitos secundários significativos - problemas digestivos, cutâneos ou cardíacos.

"É por isso que o paracetamol normalmente é prescrito mais recorrentemente do que os anti-inflamatórios não-esteroides", comenta Sven Trelle, médico da universidade de Berna e autor do estudo.

O estudo consistiu em recuperar dados obtidos através de 60.000 pacientes que participaram nos testes clínicos cujos resultados foram publicados entre 1980 e 2015.

Hoje, na maior parte dos países, as recomendações centram-se na prescrição de paracetamol aos pacientes que sofrem de artrose e, caso seja necessário, um anti-inflamatório não-esteroide.

Num comentário anexado ao estudo, Nicholas Moore, do departamento de farmacologia da Universidade de Bordeaux, aponta que o "resultado não é completamente inesperado (...) a eficácia do paracetamol jamais foi estabelecida ou quantificada para as doenças crónicas e é provavelmente inferior ao que muitos imaginavam".

"A única preocupação é uma sobredose", ressaltou.

O paracetamol é muito tóxico para o fígado em caso de dosagem excessiva, mas pode também excecionalmente ter efeitos cutâneos ou hematológicos em doses mais fracas, escreve a agência de notícias France Presse.

Perguntas e respostas
Em vésperas de se assinalar mais uma Semana da Incontinência Urinária fique a saber a resposta a alg

O que é a incontinência urinária?
A incontinência urinária (IU) é uma situação patológica que resulta da incapacidade em armazenar e controlar a saída da urina. É caraterizada por perdas urinárias involuntárias que se apresentam de forma muito diversificada, desde fugas muito ligeiras e ocasionais, a perdas mais graves e regulares.

As mulheres são as mais afetadas pela IU. Atualmente, 33% das mulheres e 16% dos homens, com mais de 40 anos têm sintomas de incontinência, segundo dados da Associação Portuguesa de Urologia.

Quais são os fatores de risco?
Os fatores de risco podem ser intrínsecos, como é o caso da raça, da predisposição familiar ou de anormalidades anatómicas e neurológicas.  Podem ser fatores obstétricos e ginecológicos, de que são exemplo a gravidez, o parto e a paridade, os efeitos laterais da cirurgia pélvica (exemplo cancro da próstata) e radioterapia ou o Prolapso genital. Ou podem ser fatores promotores, como a Idade, as co-morbilidades, a obesidade, a obstipação, o tabaco, as atividades ocupacionais, a ITU, a menopausa ou a medicação.

Quais as causas?
As perdas de urina têm diferentes causas, que podem ser apenas um problema temporário ou um problema mais persistente.

Quais os números da IU em Portugal?

  • A incontinência urinária afeta 20% da população portuguesa com mais de 40 anos, o que significa que 1 em cada 5 portugueses acima dos 40 anos sofre de incontinência.
  • Estudos realizados na população portuguesa apontam para a existência de 600 mil incontinentes nos diferentes segmentos etários. Com o envelhecimento da população, a tendência será este número continuar a crescer.
  • Entre os 45 e os 65 anos a proporção de casos de incontinência urinária é de 3 mulheres para cada homem.
  • 50% das pessoas institucionalizadas sofrem de incontinência urinária.
  • Apenas 10% dos doentes recorrem ao médico por problemas de incontinência. Os restantes, recorrem à automedicação ou à autoproteção.
  • A taxa de cura da incontinência de esforço é de 90%.
  • A incontinência urinária está intimamente associada com o prolapso genital – 50% das mulheres (> 1 filhos). 

Problema de Saúde Pública com impacto socioeconómico
As perdas involuntárias de urina são extremamente comuns. No entanto, é um sintoma que define um problema de saúde pública, com um impacto social e económico considerável. Mesmo as mais pequenas perdas de urina têm implicações na qualidade de vida, atingindo o âmbito físico, social, sexual e psíquico, com repercuções a nível emocional. Segundo a International Continence Society (ICS), para além de ser um problema de saúde e de higiene, a perda de urina é uma situação com repercussões a nível social e pessoal.  Como se trata de um assunto que toca a intimidade da pessoa, a IU ainda é encarada como um tabu que condiciona a vida do doente a vários níveis: pessoal, familiar, social e laboral. Este problema pode conduzir a uma fuga do contacto social e ao isolamento, porque está sempre presente o medo e a vergonha de que os outros sintam o cheiro. Pode afetar também a relação conjugal, uma vez que a intimidade do casal é prejudicada.

Quais os tipos de IU?

Incontinência de esforço – Pequenas perdas de urina que acontecem quando o indivíduo se ri, tosse, espirra, faz exercício, se curva ou pega em algo pesado. Ocorre quando os músculos do pavimento pélvico estão enfraquecidos e existe uma pressão exercida sobre a bexiga. Nos homens este problema pode acontecer após prostatectomia radical (utilizado para tratamento do cancro da próstata). Como a próstata se encontra numa situação anatómica crítica (entre a bexiga e o esfíncter), a cirurgia pode danificar o esfíncter, provocando uma situação de incontinência de esforço. Mais prevalente em mulheres entre os 45 e 65 anos – decorre da fragilidade dos músculos pélvicos que suportam a bexiga e a uretra. Em alturas de maior esforço, como tossir, saltar, correr, espirrar e levantar pesos, a pressão abdominal aumenta e o esfíncter (válvula responsável pela retenção da urina na bexiga) perde a força e deixa escapar a urina. 

Incontinência por urgência ou imperiosidade – ocorre repentinamente, acompanhada de uma vontade súbita e intensa de ir à casa de banho - ou seja, acompanhada de um desejo súbito de urinar. A bexiga apresenta súbitas contrações, causando urgência em urinar.

Este tipo de incontinência pode estar relacionado com o envelhecimento e o avanço da idade, mas também surge em idades mais jovens, associado a doenças neurológicas ou muitas vezes sem causas identificáveis. O quadro de imperiosidade (urgência) da incontinência urinária é uma situação dramática, na medida em que condiciona o dia-a-dia das pessoas. Há doentes que se mantêm sempre atentos ao local onde há uma casa de banho e outros que, devido à aflição, traçam um roteiro dos sanitários por onde vão passar. Incontinência mista – combinação da incontinência de esforço com a incontinência de urgência. Incontinência por extravasamento – as perdas de urina acontecem quando a bexiga suporta grandes volumes de urina e a pressão do líquido é tão grande que ultrapassa a resistência uretral

Incontinência funcional – causada por incapacidade do doente, em casos de demência ou lesão neurológica grave, como por exemplo Alzheimer ou Parkinson.

Enurese noturna – perdas de urina durante o sono. É frequente em crianças, mas podem ocorrer também em idade adulta. 

Como se faz o diagnóstico?
O diagnóstico da incontinência urinária tem início no historial clínico do doente, que descreve em que condições sofre de perdas de urina. Para que se possa optar pelo tratamento mais adequado tem de se fazer um diagnóstico assertivo dos mecanismos e circunstâncias que promovem a incontinência urinária. Após a definição dos sintomas, um exame físico dirigido com pequenas manobras que tentam mimetizar a perda de urina, confere um diagnóstico bastante preciso. Os exames complementares passam por uma ecografia, análises gerais ao sangue e à urina. Estes atos estão perfeitamente ao alcance do Médico de Família que, como em todos os grandes problemas de Saúde Pública, tem aqui um papel primordial. Para desencadear o tratamento da esmagadora maioria dos doentes não são necessários outros exames.  O Médico de Família pode, nesta fase, orientar para terapêutica oral e fisioterapia as situações de incontinência urinária de imperiosidade. Na incontinência de esforço a orientação pode ser feita para fisioterapia ou, nos casos mais graves, cirurgia.

Tratamento em 90% dos casos
Na última década foram feitas importantes descobertas nesta área. Existem, inclusivamente, formas de Incontinência Urinária que são tratadas com medicamentos ou técnicas de reabilitação, e a maioria das cirurgias quase não implicam internamento, sendo a vida normal retomada horas ou poucos dias depois. O tratamento cirúrgico desempenha um papel preponderante na incontinência urinária de esforço, tanto na mulher, como no homem. Para a incontinência urinária de esforço a cura é possível em cerca de 90% dos casos.  Na incontinência urinária por imperiosidade, o tratamento com fármacos orais (cuja ação estabiliza o músculo vesical – o detrusor - inibindo a sua contração involuntária) consegue melhorias sintomáticas na maioria dos doentes. Nos casos refratários à terapêutica oral ou que não a tolerem, pode recorrer-se à administração de fármacos diretamente na bexiga, um procedimento simples e com boa eficácia e segurança. As alterações comportamentais necessárias, principalmente na incontinência por imperiosidade, passam por um controlo da ingestão de líquidos, a exclusão de alimentos excitantes para a bexiga, como por exemplo a cafeína, a micção temporizada ou a micção diferida, consoante a gravidade da doença e a autonomia do doente.

Cirurgia para a incontinência de esforço
O tratamento cirúrgico mais utilizado na incontinência de esforço consiste na colocação de pequenas redes, de material sintético, sob a uretra. Estas são colocadas por via vaginal, através de uma incisão com cerca de um centímetro.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
18 de Março - Dia Mundial do Sono
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia, através da sua Comissão de Patologia Respiratória do Sono, associa-se à World...

Inserida no Dia Mundial do Sono que se assinala um pouco por todo o mundo, a Comissão de Trabalho da Sociedade Portuguesa de Pneumologia lança uma campanha de sensibilização focada na promoção da higiene do sono, ou seja, na divulgação de um conjunto de bons hábitos que qualquer pessoa deve adotar para melhorar a qualidade do seu sono.

Segundo Fátima Teixeira, Coordenadora da Comissão de Patologia Respiratória do Sono da SPP, “é fundamental que a população interiorize que um sono reparador e de qualidade é tão importante quanto uma dieta alimentar equilibrada ou o exercício físico. Noites mal dormidas ou mesmo sem dormir podem ter graves efeitos na qualidade de vida e na saúde das pessoas. Dor de cabeça, sonolência diurna, alteração do humor, diminuição do rendimento intelectual, aumento da probabilidade de acidentes de viação ou de trabalho são algumas das consequências de uma noite mal dormida”.

Apesar da maioria dos distúrbios do sono serem evitáveis ou tratáveis, apenas menos de um terço dos doentes procura ajuda profissional.

A mensagem, que procura chamar a atenção para a importância de um sono de qualidade e reparador, surge como forma de contrariar os números que revelam que 45% da população mundial sofre de distúrbios do sono. Susana Sousa, especialista de patologia respiratória do sono da Comissão de Patologia Respiratória do Sono da SPP, refere existir uma grande diversidade de doenças do sono mas, ainda que a maioria seja tratável com ajuda médica, apenas um terço dos doentes procura ajuda pelo que é importante levar a população a adotar medidas preventivas:

  • Deitar e levantar sempre à mesma hora todas as noites;
  • Evitar o tabaco, álcool e bebidas com cafeína (café, chá preto, coca cola entre outros) a partir do final da tarde;
  • Praticar exercício físico regular preferindo os períodos da manhã ou almoço evitando a sua prática pelo menos 4 horas antes da hora de dormir;
  • Criar no quarto boas condições para o repouso, temperatura adequada, pouca luz e sem ruído;
  • Evite ler, ver televisão ou alimentar-se na cama;
  • Faça refeições ligeiras à noite e não se alimente próximo da hora de dormir;
  • Evitar sestas em caso de dificuldade em adormecer;
  • Não leve as preocupações diárias para a cama, tente libertar-se delas antes de ir dormir. 

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