DGS
Uma espécie de mosquito que é transmissor do vírus da dengue foi identificado pela primeira vez em Portugal, na região Norte do...

“À semelhança do verificado em vários países da Europa, foi agora identificada, pela primeira vez, em Portugal, na região Norte, a espécie de mosquito ‘Aedes albopictus’”, refere a DGS numa nota pública.

Contudo, a DGS adianta que até ao momento “não há indícios de risco acrescido para a saúde da população”.

Os trabalhos de monitorização e avaliação da situação são da competência dos serviços de saúde pública de nível regional e local da região Norte, em articulação com as autoridades centrais.

“O diretor-geral da Saúde e o presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge continuarão a informar a população da evolução e das medidas tomadas”, acrescenta a nota da DGS.

A infeção do vírus de dengue transmite-se através da picada dos mosquitos do género Aedes infetados com o vírus, não ocorrendo transmissão pessoa a pessoa. Os vetores existem em extensas áreas do planeta, particularmente nas regiões tropicais e subtropicais.

A doença manifesta-se, geralmente, por febre, dores de cabeça, dores nos músculos e nas articulações, vómitos e manchas vermelhas na pele e, embora mais raramente, por um quadro hemorrágico.

A principal medida de prevenção é a proteção individual contra a picada do mosquito, uma vez que não existe vacina para esta doença.

Cimeira Internacional
O neurocientista John O'Keefe, Nobel da Medicina em 2014 pela identificação de um “GPS" cerebral, partilhou hoje em...

John O'Keefe interveio hoje durante a cimeira internacional “Alzheimer’s Global Summit”, que começou segunda-feira e prolonga-se até sexta-feira na Fundação Champalimaud, um evento que é coorganizado Fundação Rainha Sofia, de Espanha.

Perante uma audiência de dezenas de investigadores e da rainha Sofia de Espanha, que tem estado presente em todos os dias da cimeira, o laureado com o Nobel da Medicina começou por reconhecer que gostaria que algum do conhecimento obtido na sua investigação pudesse “responder a alguns dos desafios que se colocam perante doenças como a de Alzheimer”.

A investigação premiada descobriu as “células que constituem um sistema no cérebro de determinação da posição”, ou seja, uma espécie de GPS cerebral.

Este sistema permite responder a questões simples, tais como: “Como sabemos onde estamos? Como conseguimos encontrar o caminho entre um local e outro? Como guardamos esta informação de modo a pudermos encontrar rapidamente o caminho uma outra vez?”.

O primeiro componente deste “GPS” foi identificado por John O'Keefe em 1971 e depois em 2005 por May-Britt e Edvard Moser, razão para o Nobel de 2014 ser dividido com o casal Moser.

Na sua palestra, o laureado mostrou alguns vídeos da experiência, com os ratos que foram utilizados e que estabeleceram vários circuitos, os quais foram interpretados como mapas celulares relativos a células do hipocampo, parte do cérebro que é considerada a principal sede da memória.

O investigador referiu que o estudo da mudança do desenvolvimento sequencial e fisiológico em modelos pode vir a ser usado numa tarefa maior: a deteção da doença de Alzheimer nos humanos.

Contudo, John O'Keefe sublinhou que ainda há muito a estudar e um longo caminho para percorrer.

Nesta cimeira internacional participam mais de 80 especialistas mundiais que estão a debater a doença de Alzheimer e as demências de forma global, problema que afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo.

Na quinta-feira o encontro conta com a participação de um outro laureado com o Nobel da Medicina: Richard Axel, vencedor deste prémio em 2004 pelo seu estudo dos recetores olfativos e da organização do sistema olfativo nos seres humanos.

Demência
Cerca de duas dezenas de familiares e cuidadores de doentes de Alzheimer concentraram-se hoje junto ao parlamento para reclamar...

Além de isenção de taxas moderadoras para doentes com Alzheimer, este grupo de cidadãos pede apoios sociais para os cuidadores informais das pessoas com demências.

Há cerca de um ano deu entrada na Assembleia da República uma petição com 14 mil assinaturas a pedir apoios concretos para os cuidadores informais, mas até agora nada aconteceu, queixa-se Maria dos Anjos Catapirra, uma das organizadoras do protesto de hoje.

“As carências dos cuidadores são todas similares, independentemente das idades dos nossos doentes ou das pessoas que cuidam”, considerou Maria dos Anjos, dando conta de que tem conhecimento diário das dificuldades dos cuidadores.

Muitos dos familiares dos doentes com demências acabam por ter de deixar de trabalhar, ficando no desemprego sem qualquer apoio estatal.

“Conheço pessoas que ficaram alguns anos a esgotar todas as economias que tinham em casa e viviam das pensões das pessoas que cuidavam e depois acabaram por ficar inaptas para o mundo de trabalho”, disse Maria dos Anjos Catapirra, em declarações à agência Lusa durante o protesto frente ao parlamento.

Para quem permanece no ativo, o grande problema “é a falta de condescendência das entidades patronais”.

“O mais premente é haver algum estatuto que nos dê apoio em termos de baixas, de ausências ao trabalho e direitos de remuneração de alguma forma”, apela este grupo de cidadãos.

O deputado do Bloco de Esquerda, José Soeiro, que se dirigiu aos cidadãos em protestos, disse à Lusa que não é possível ficar “à espera eternamente” por medidas concretas.

“As pessoas compreenderão que nem tudo pode ser feito de um dia para o outro, mas alguma coisa tem de começar a ser feita, nomeadamente para garantir que alguém cuida dos cuidadores e para lhe proporcionar as condições mínimas para que consigam continuar a apoiar os doentes”, declarou o deputado, que foi relator da petição pública Pelo Direito ao Estatuto de Cuidador Informal.

José Soeiro salientou que a questão não é apenas haver um estatuto enquanto reconhecimento, mas sobretudo criar apoios sociais, como redução de horário de trabalho para os cuidadores ou garantir que o tempo em que estiveram a prestar cuidados conta como carreira contributiva.

Por outro lado, o deputado bloquista considera fundamental que haja reforço do investimento público nos cuidados continuados.

“Portugal é dos países com menos resposta pública e em que as famílias assumem mais a responsabilidade dos cuidados”, indicou.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde defendeu hoje, em Bruxelas, que a atribuição da sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA) à cidade do...

“Nós entendemos que a ida da EMA para o Porto é também o reconhecimento daquilo que tem sido o trabalho dos portugueses, o trabalho de Portugal, e nesse sentido temos sensibilizado também as autoridades com quem temos falado que Portugal merece este tipo de reconhecimento, porque está a fazer aquilo que lhe compete”, afirmou Adalberto Campos Fernandes.

O ministro, que falava aos jornalistas após encontros, na sede do executivo comunitário, com o comissário europeu da Saúde, Vytenis Andriukatis, e com o comissário português Carlos Moedas, responsável pela pasta da Investigação, Ciência e Inovação, disse sair de Bruxelas “muito motivado” e confiante nas possibilidades do Porto, que considerou ter “uma candidatura com potencial de ganhadora”.

“O Porto mobilizou-se nos últimos meses e apresentou reconhecidamente uma candidatura de enormíssima qualidade. Estamos confiantes de que na primeira linha de apreciação que a Comissão está agora a concretizar, que é a apreciação técnica, sairemos muito bem”, declarou.

Classificando a ronda de contactos de hoje em Bruxelas como “muito produtiva”, o ministro disse que o propósito das reuniões, que envolveram também os representantes permanentes dos Estados-membros, foi “explicar detalhadamente que o Porto tem uma candidatura muito forte, que está em condições de assegurar aquilo que é mais significativo para a EMA, que é a continuidade da atividade”.

Questionado sobre os méritos próprios da candidatura portuguesa, sublinhou que “o Porto tem a vantagem de ser uma cidade de média de dimensão, numa zona de grande atividade e dinamismo, não apenas económico mas também cientifico e cultural, vive num ambiente de segurança, representa um contexto de custos para os próprios trabalhadores da EMA que têm que se deslocar que é muito competitivo”, bem servido de transportes, e “tem um ambiente académico, cientifico, industrial muito relevante”.

“Portanto, consideramos que o Porto preenche as condições que a EMA necessita, num país que merece também ser reconhecido pela Europa por aquilo que está a ser a sua história de sucesso. Isto é uma maratona, ainda faltam cerca de 60 dias até à decisão final do Conselho, mas saímos daqui muito motivados e sobretudo confiantes de que estamos a fazer o nosso trabalho e confiantes de que a candidatura nacional portuguesa representada pela cidade do Porto é uma candidatura com potencial de ganhadora”, reforçou.

Acompanhado da secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, o ministro desvalorizou a ausência do presidente da Câmara Municipal do Porto nesta deslocação a Bruxelas, apontando que o autarca “está envolvido numa tarefa autárquica e em campanha eleitoral”, pelo que é perfeitamente compreensível que Rui Moreira não tenha podido participar nas reuniões hoje realizadas na capital da União Europeia.

Cooperação
Os Serviços de Saúde de Macau vão colaborar com a Fundação Champalimaud, em Portugal, na área da oncologia, estando previstas...

Em comunicado, o gabinete do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura informou que a cooperação está prevista num protocolo assinado na terça-feira entre os Serviços de Saúde de Macau e a Fundação Champalimaud.

“O protocolo permitirá aos Serviços de Saúde estreitar a cooperação em várias vertentes, como a organização de visitas para intercâmbio científico e práticas clínicas, formação de profissionais de saúde, recurso à telemedicina, organização de conferências médicas, apoio a projetos de investigação”, entre outros, de acordo com um comunicado.

O secretário Alexis Tam esteve presente na assinatura, em Lisboa, tendo destacado que “o estágio, a formação de pessoal, a formação em cirurgia e radioterapia são áreas de especial interesse” no que toca a esta cooperação.

A intenção de celebrar este protocolo na área da investigação em oncologia já tinha sido anunciada no início de agosto, mas, na altura, não foi avançada uma data para a assinatura, que decorreu agora, na sequência da cimeira mundial "Alzheimer's Global Summit", daquela fundação.

Na segunda-feira, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau encontrou-se com o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, com quem discutiu temas relacionados com formação, administração hospitalar, serviços médicos, prevenção e controlo de doenças, entre outros, segundo o mesmo comunicado.

Os dois governantes acordaram a criação de três grupos de trabalho: um sobre o medicamento, outro sobre recursos humanos e um último sobre saúde pública.

Segundo o comunicado do Governo de Macau, no que toca aos recursos humanos, Manuel Delgado disse ser “do total interesse do Governo português promover uma estreita cooperação, tendo em vista a promoção da mobilidade de enfermeiros e médicos portugueses, que possam, por um lado, trabalhar em Macau, ou, ao abrigo de um protocolo de cooperação, ajudar na formação de médicos em Macau”.

Atualmente, 59 profissionais portugueses trabalham para os Serviços de Saúde de Macau, incluindo 34 médicos e dez enfermeiros.

“A construção do novo hospital das ilhas e do Centro de Controlo das Doenças Infecto-contagiosas, assim como a presença de muitos portugueses justificam que se continue a recrutar profissionais de saúde altamente qualificados de Portugal”, indicou o comunicado.

Tratamentos médicos
A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada considera importante que os turistas escolham Portugal na hora de receberem...

Turismo nas ruas portuguesas, ‘turismo’ nos hospitais – é o que pretendem os de gestão privada. Os hospitais privados pretendem receber cerca de três mil estrangeiros só este ano, de acordo com a informação dada ao Jornal de Notícias pela Associação Portuguesa de Hospitalização Privada.

O presidente da associação, Óscar Gaspar, considera que é importante que os turistas escolham Portugal na hora de receberem tratamentos médicos e de recuperarem. Ainda segundo o JN, nos hospitais do grupo Lusíadas situados no Porto, em Lisboa e em Albufeira, a procura por parte de pacientes de fora subiu 65% nos primeiros três meses de 2017. No entanto, um dos pioneiros a aderir à rede ‘Medical Tourism’ foram os hospitais CUF.

“Temos melhores hospitais, os melhores médicos, a melhor investigação e Portugal é um excelente país para turismo. Agora, só temos que mostrar aos outros países a nossa capacidade de acolher o turismo de saúde”, explica ao matutino o diretor do Health Cluster Portugal, Joaquim Cunha.

A instituição em causa agrega organismos públicos e privados, quer tornar o país num destino de turismo médico e considera que existem áreas em Portugal nas quais as unidades hospitalares podem receber pacientes estrangeiros: oftalmologia, ortopedia, obesidade, cirurgia plástica, oncologia, cardiologia, reprodução medicamente assistida, reabilitação física, obstetrícia e check-ups.

Combate às “superbactérias”
A OMS alertou esta quarta-feira para a "séria escassez" de novos antibióticos para combater bactérias cada vez mais...

A Organização Mundial da Saúde registou 51 novos antibióticos em fase de desenvolvimento clínico para combater os chamados agentes patógeneos prioritários, a tuberculose e a infecção diarreica atribuída ao Clostridium difficile. Mas há apenas oito tratamentos "inovadores" capazes de reforçar o "arsenal" existente, destaca o comunicado.

Além da tuberculose resistente, que a cada ano mata 250 mil pessoas no mundo inteiro, a OMS publicou em fevereiro uma lista de 12 famílias de "superbactérias", contra as quais considera urgente desenvolver novos medicamentos, a exemplo de enterobactérias como Klebsiella e E.coli.

Algumas destas famílias provocam doenças comuns, como a pneumonia e infeções do trato urinário. "A resistência antimicrobiana é uma emergência de saúde global", declarou o diretor-geral da OMS, Adhanom Ghebreyesus.

"Há uma necessidade urgente de um maior investimento em investigação e desenvolvimento de antibióticos (...). Caso contrário voltaremos ao passado, quando as pessoas temiam infeções comuns e quando a vida ficava em risco com simples cirurgias", advertiu.

Apenas para a tuberculose, a OMS avalia a necessidade de investimentos superiores a 800 milhões de dólares anuais na pesquisa de novos medicamentos.

A OMS adverte, ainda, que há "muito poucas" soluções orais de antibióticos em desenvolvimento, quando são "essenciais para tratar infeções fora dos hospitais".

10 milhões de mortes por ano até 2050

As bactérias resistentes aos antibióticos podem matar até 10 milhões de pessoas por ano até 2050, um número equivalente ao do cancro, segundo um grupo de especialistas internacionais formado em 2014 no Reino Unido.

O grupo, presidido pelo economista Jim O'Neill, estima que o fenómeno causa atualmente 700 mil mortes por ano.

A OMS adverte que não se trata apenas de novos antibióticos, mas também de se melhorar a prevenção de doenças e promover o bom uso dos tratamentos existentes e futuros, tanto entre os pacientes como em animais e agricultura.

Atividades cognitivas reduzem risco de doença
No âmbito do Dia Mundial do Alzheimer, que todos os anos se assinala a 21 de Setembro, o neurologist

A Doença de Alzheimer (DA) é assim designada em homenagem ao neuropsiquiatra alemão Alois Alzheimer que em 1907 identificou as alterações celulares que caracterizam a doença. No essencial, a DA é uma doença neurodegenerativa, irreversível, que cursa com uma perda progressiva dos neurónios e consequentemente determina o aparecimento de demência - perda progressiva das funções cognitivas (memória, raciocínio, orientação, atenção, linguagem). Com o evoluir da doença podem ocorrer alterações de comportamento (agitação, agressividade) e do humor (depressão). Nos estádios mais avançados ocorrem também alterações motoras e incontinência de esfincteres.

Dados epidemiológicos

A DA é a causa mais comum de demência. Manifesta-se habitualmente depois dos 65 anos e sua prevalência aumenta exponencialmente com a idade (duplica a cada 5 anos) afetando aos 90 anos, mais de 50% das pessoas.

De acordo com dados da OMS estima-se que o número total de doentes a nível mundial ultrapasse os 25 milhões, prevendo-se que, com o envelhecimento demográfico, este número triplique até 2050. Em Portugal, o número de pessoas com demência rondará os 160-180 000 e destes, 50 a70% têm DA.  

Após o aparecimento dos primeiros sinais, os doentes com DA sobrevivem em média 8 a 10 anos.

O que causa a doença de Alzheimer?

As causas da DA são ainda mal conhecidas. Numa pequeno número de doentes (<5%), a DA pode resultar de mutações genéticas. Nestas formas hereditárias, a doença inicia-se numa idade precoce (antes dos 65 anos) e habitualmente é possível identificar outros casos na família com as mesmas características.

Na grande maioria dos casos, não é possível apurar a causa da doença. Acredita-se que esta resulte de uma combinação de vários fatores. Através de estudos populacionais que compararam as características das pessoas com e sem doença, foram identificados alguns fatores que se associam a um maior risco de desenvolver a doença.

Estes fatores de risco são classificados pela sua natureza em ‘não-modificáveis’ e ‘modificáveis’. Os fatores ‘não-modificáveis’ são: idade superior a 65 anos, género feminino, ter um parente em 1º grau com DA e ser portador de um fator genético (genótipo Apo E4). Os ‘modificáveis’, mais importantes pois a sua correção pode minimizar o risco da doença, incluem: alteração do sono (apneia obstrutiva do sono), depressão, baixo nível de escolaridade e condições ou doenças que causam doença vascular: hipertensão arterial, o tabagismo, a diabetes, a obesidade e o sedentarismo.

É possível prevenir a DA?

A forma mais imediata de minimizar o risco de desenvolver a doença é controlar os fatores de risco modificáveis. Por outro lado, algumas medidas simples podem melhorar a saúde cerebral. O desenvolvimento de atividades cognitivas e sociais (ex. leitura, dança, jogos de mesa) e a prática regular de exercício físico reduzem o risco de declínio cognitivo. Alguns estudos mostram que a ingestão de uma dieta do tipo mediterrânico, com consumo de peixe, também diminui o risco de DA.

Tratamento

Dos medicamentos atualmente disponíveis, alguns (donepezilo, galantamina, rivastigmina) promovem o aumento de acetilcolina, um neurotransmissor importante nos processos cognitivos. Um outro fármaco, a memantina, aprovado para o tratamento das fases moderada e grave da doença, atua por redução da toxicidade neuronal. Deve salientar-se que o benefício destes fármacos é limitado e não previne nem evita a progressão da doença. Para além do tratamento farmacológico, o recurso a técnicas de reabilitação cognitiva permite estimular as capacidades cognitivas e pode ser de grande utilidade nos estádios ligeiros da doença.

Atualmente, estão em investigação vários fármacos que poderão revolucionar o tratamento da doença de Alzheimer. Esses fármacos ainda em fase experimental atuam direta e específica nos mecanismos envolvidos na neurodegeneração. Se o princípio for cumprido, teremos pela primeira vez a possibilidade de intervir na história natural da doença. Apesar de ser necessário a realização de estudos de maiores dimensões (alguns já em curso) para comprovar a eficácia desses fármacos, os resultados dos primeiros ensaios clínicos são promissores e deixam-nos confiantes relativamente ao tratamento da DA.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Tumores
Cientistas do Instituto de Medicina Molecular (iMM) criaram um vírus de ratinho com material genético de um vírus herpes humano...

O vírus quimera gerado quando infeta ratinhos é viável e provoca infeção persistente nas células que, em humanos, leva ao aparecimento de alguns tipos de cancro, como linfomas (cancros do sangue) e sarcoma de Kaposi (cancro dos tecidos vasculares que se manifesta na pele e surge nas pessoas infetadas pelo vírus da sida).

Para este trabalho de engenharia genética, a equipa usou o vírus Kaposi, um vírus do tipo herpes humano que tem um equivalente nos ratinhos. Ambos têm uma proteína, a LANA, que desempenha a mesma função, embora adaptável ao seu hospedeiro.

Segundo o coordenador do grupo de investigação do iMM, Pedro Simas, esta proteína tem uma "função crucial, permite ao vírus persistir no organismo, estabelecer uma infeção persistente", que, nos humanos, degenera em determinados cancros.

Sendo o vírus humano e o vírus dos ratinhos "muito parecidos", com a mesma proteína funcional, "o modelo de vírus" nos roedores "serve para extrapolar para o que acontece na infeção humana", sustentou à Lusa o investigador.

Pedro Simas explicou que se a função da proteína for inibida, o vírus não sobrevive e o tumor morre.

"Por isso, é um alvo terapêutico muito bom", frisou.

Partindo deste pressuposto, os investigadores criaram o modelo de vírus animal para testar moléculas inibidoras da proteína e ver como esta se comporta.

Os resultados do trabalho, realizado pelo Instituto de Medicina Molecular em colaboração com a Harvard Medical School, nos Estados Unidos, foram publicados na revista científica PLOS Pathogens.

Estudo conduzido em ratos
Uma equipa de investigadores da Universidade de Washington, Estados Unidos, descobriu como converter a gordura corporal “má” em...

Estes resultados abrem caminho para a possibilidade de desenvolver tratamentos mais eficazes para a obesidade e para a diabetes associada ao aumento de peso em pessoas, segundo os autores.

A gordura má, designada por gordura branca, é responsável pelo armazenamento de calorias e aloja-se na barriga, anca e coxas, enquanto a gordura castanha, ou gordura boa, encontrada na zona do pescoço e ombros, ajuda a queimar calorias através de um processo que gera calor.

No estudo, cujos resultados foram publicados hoje na revista Cell Reports, a equipa liderada por Irfan J. Lodhi bloqueou a atividade de uma proteína presente na gordura branca, transformando-a em “gordura bege”. Esta alteração causou um aquecimento das células que acelerou a queima de calorias.

Lodhi explica que a gordura castanha dos ratos tem níveis reduzidos de uma proteína chamada 'PexRAP' e, quando os animais são colocados num ambiente frio, esses níveis diminuem também na gordura branca, aproximando o seu comportamento ao da gordura boa.

“O frio induz a gordura castanha e bege a queimar energia armazenada e produzir calor”, clarifica o investigador.

Nas mesmas experimentações, a equipa descobriu que os ratos modificados tinham mais gordura bege, queimavam mais calorias e eram mais magros em comparação com os outros, mesmo quando comiam a mesma quantidade de comida.

Este tipo de gordura foi descoberto em humanos adultos em 2015 e, apesar de constituir uma espécie de nível intermédio, o seu funcionamento assemelha-se mais ao funcionamento da gordura castanha, constituindo, na opinião de Lodhi, uma potencial forma de combater a obesidade.

“A nossa investigação sugere que ao atacar uma proteína na gordura branca, conseguimos converter gordura má num tipo de gordura que combate a obesidade”, explica o investigador, acrescentado que se o mesmo puder ser feito de forma segura em humanos, será mais fácil perder peso.

Nos Estados Unidos, mais de dois terços dos adultos têm excesso de peso ou são obesos, e cerca de 30 milhões de pessoas têm diabete, números que poderão diminuir, segundo os autores, com a descoberta de terapias que tenham o mesmo efeito de conversão.

“O desafio será encontrar formas seguras de fazer isso sem causar sobreaquecimento ou febres nas pessoas, mas os farmacêuticos têm agora um bom alvo”, conclui Lodhi.

Associação alerta
A Associação Nacional dos Cuidados Continuados alertou que muitas unidades estão em risco de fechar por causa de problemas...

Num documento de 17 páginas, a Associação Nacional dos Cuidados Continuados (ANCC) faz um diagnóstico sobre o funcionamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e apresenta propostas para solucionar os respetivos problemas.

Entre os vários problemas, a ANCC dá particular ênfase aos constrangimentos financeiros, apontando que “estão a levar muitas UCCI a problemas financeiros gravíssimos, correndo o risco de encerrar em breve, pelo simples facto de os seus custos serem superiores às receitas”.

De acordo com a associação, muitas das Unidades de Cuidados Continuados Integrados (UCCI) endividaram-se “em muitos milhões de euros” na construção e reabilitação de edifícios para que fossem ao encontro das exigências da RNCCI, obras para as quais precisaram de pedir empréstimos bancários.

“As organizações sentem-se defraudadas nas expectativas criadas e ignoradas sistematicamente, o que não deixa de ser um paradoxo pois o Governo (disse) que pretende aumentar a oferta de camas, nomeadamente na tipologia de Longa Duração, sendo esta precisamente a tipologia onde o Estado paga o valor mais baixo”, defendeu a organização.

Nesse sentido, a ANCC quer que o Estado pague um “valor justo” para que as unidades possam funcionar de forma adequada e sem constrangimentos financeiros.

Lembrou que as comparticipações pagas pelo Estado estão congeladas desde 2011, que as sucessivas alterações legislativas têm obrigado as unidades a contratar mais recursos humanos, além de outros problemas como o aumento da taxa social única ou do salário mínimo nacional, ou as dívidas e atrasos de pagamentos por parte do Estado.

Ainda em matéria financeira, a ANCC adiantou que as unidades “são afetadas por um volume cada vez maior de dívidas, que atingem dezenas de milhares de euros por ano, referentes ao montante que compete a cada utente”.

Além disso, apontou que há um aumento generalizado dos custos “por força do envio de doentes cada vez mais complexos do ponto de vista clínico e social”.

No que diz respeito ao funcionamento das unidades, a ANCC criticou que não haja meios legais que permitam a libertação de vagas na RNCCI, apontando, por outro lado, que o contrato celebrado entre a UCCI e o utente é ineficaz, já que não permite ultrapassar constrangimentos como os incumprimentos por parte do utente.

Para a associação, a RNCCI “tem evoluído num sentido tendencialmente oposto ao princípio para o qual foi criada”, avisando que se a atualização contratual com o Estado não for feita “com urgência”, restam apenas dois caminhos à rede: prestação de serviços de má qualidade ou insolvência das organizações que contratualizam com o Estado, no caso as Administrações Regionais de Saúde (ARS) e o Instituto de Segurança Social (ISS).

O documento, com todas as críticas e propostas, foi enviado na segunda-feira ao ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, com o pedido de uma audiência com caráter de urgência.

A ANCC, criada a 26 de julho, é uma associação que junta mais de 20 organizações com UCCI, localizadas de norte a sul do país, desde Instituições Particulares de Solidariedade Social, Cooperativas, Mutualidades, Fundações e Entidades Privadas com fins lucrativos, representando “mais de 20% do total dos prestadores”.

Doenças neurodegenerativas
O comissário europeu para a investigação, ciência e inovação, Carlos Moedas, salientou hoje que sem ciência não há soluções...

“Isso é mau, a Europa tem de investir mais”, disse o comissário europeu hoje em Lisboa, onde participou numa mesa redonda sobre “Doença de Alzheimer: Estratégias Abrangentes de Aproximação”, no âmbito da conferência sobre a doença a decorrer esta semana na Fundação Champalimaud.

O responsável lamentou a “dualidade da Europa”, que por um lado tem um discurso de apoio à ciência e investigação, mas que por outro se propõe cortar 500 milhões de euros no orçamento para 2018 que está em debate.

O investimento na investigação na área da saúde foi superior a cinco mil milhões de euros nos últimos 10 anos, havendo mais de três mil projetos em curso, ainda que os objetivos de muitos deles não sejam à partida explícitos para o cidadão comum, disse o comissário a propósito da aposta europeia na investigação das doenças.

E porque as doenças não têm fronteiras, Carlos Moedas salientou a importância da cooperação afirmando: “nenhum país pode descobrir a cura para o Alzheimer sozinho”.

A cooperação foi considerada também importante para os outros dois participantes na mesa redonda, o ministro da Saúde de Portugal, Adalberto Campos Fernandes, e o diretor de saúde mental e abuso de substâncias da Organização Mundial de Saúde (OMS), Shekkar Saxena, este a afirmar que a doença de Alzheimer é uma prioridade para a organização e que cada país deve ter uma estratégia.

Salientando as consequências sociais e económicas das demências, Shekkar Saxena lamentou que em muitos casos não são diagnosticadas atempadamente e pediu um envolvimento não só dos especialistas mas de todo o sistema de saúde.

“O papel da sociedade civil é muito importante e um deles é criar comunidades amigas das pessoas com demência. Cada país deve fazer isso”, desafiou. Uma participante no debate, cuja mãe tem Alzheimer, deu exemplos de como falta essa comunidade amiga e acabou por ser a autora da única intervenção bastante aplaudida.

E de cooperação falou também o ministro da Saúde, exemplificando com o recente protocolo com Espanha para a compra de medicamentos em conjunto, mas também das novas realidades às quais se têm de adaptar as políticas de saúde, incluindo na área das doenças mentais.

Adalberto Campos Fernandes disse também que o Governo terá em breve uma estratégia para as doenças mentais, que são “um problema central para as próximas décadas” e que têm de ser vistas não apenas na perspetiva do doente mas também da família em que se insere.

Da plateia, Caldas de Almeida, professor de psiquiatria e especialista em saúde mental, disse ser necessário dessacralizar as doenças mentais, porque hoje as pessoas têm medo dos portadores de demências e não se relacionam com elas.

E Maria de Belém Roseira, antiga ministra da saúde, lamentou que nas conferências como a que agora decorre em Lisboa, e que junta 80 especialistas mundiais, todos concordem com estratégias e abordagens, embora muitas vezes se esqueçam mal saem do local dessas conferências. Também recebeu alguns aplausos.

O encontro sobre a doença de Alzheimer, até sexta-feira, junta mais de 80 especialistas e é organizado pela Fundação Champalimaud com o apoio da Fundação Rainha Sofia, de Espanha.

Pretende debater a investigação sobre saúde social e normalização da vida das pessoas com demência e suas famílias e os avanços científicos na investigação de doenças neurodegenerativas, especialmente as doenças de Alzheimer, Parkinson e Huntington.

Estudo
Vários comportamentos na adolescência condicionam a perceção do estado de saúde no adulto, conclui um estudo de um investigador...

Segundo o investigador João Paulo Figueiredo, citado num comunicado da ESTeSC hoje enviado à agência Lusa, "o tipo de frequência e o abandono escolar, o ingresso no mercado de trabalho e as suas circunstâncias, a participação em atividades de lazer ou sociorrecreativas e determinados estilos de vida, tais como a alimentação, os hábitos de consumo de álcool e tabaco, entre outros", estão relacionados com a perceção do estado de saúde na idade adulta.

Apesar de revelar que a maioria da população do concelho de Coimbra perceciona ter um bom estado de saúde (47,1%), o estudo conclui que as pessoas que deixaram de estudar na adolescência "revelaram um agravamento da sua perceção de saúde subjetiva no momento presente, quer ao nível físico quer ao nível mental, comparativamente às pessoas que prosseguiram com os seus estudos".

"Foi também muito interessante constatar que as pessoas que tinham abandonado os estudos no período da adolescência, mas que voltaram a estudar já na vida adulta, revelaram melhor perceção de saúde no momento atual comparativamente às pessoas que indicaram que o regresso ao ensino ainda se dera no período da adolescência", explica João Paulo Figueiredo.

Segundo o comunicado da ESTeSC, os resultados mostram que alguns fatores de risco presentes na adolescência revelaram ter continuidade na vida adulta, o que "desperta a motivação da necessidade de ir mais além do que controlar a doença ou sintomas e promover estilos de vida saudáveis".

Para João Paulo Figueiredo, é necessário que vários parceiros sociais com responsabilidade nestas áreas se envolvam em "estratégias multidisciplinares - económicas, políticas e de desenvolvimento social - que possam atuar no combate aos vários determinantes sociais".

O investigador considera que deve ser efetuado um forte investimento na promoção da saúde junto das populações, através da educação e sensibilização nas escolas e da introdução de medidas dissuasoras de estilos de vida prejudiciais à saúde.

Isso é crucial "para que o indivíduo seja cada vez mais agente e promotor de saúde, contribuindo para reduzir os efeitos de fatores responsáveis pela morbilidade e mortalidade na vida adulta".

"A classe média baixa foi aquela onde as pessoas revelaram maior défice de saúde na maioria dos indicadores estudados", afirma o docente da ESTeSC.

De acordo com o estudo, os fatores externos com maior impacto negativo no perfil de saúde observaram-se em pessoas com idades mais avançadas, do sexo feminino, na condição de viuvez, religiosas, com baixas habilitações literárias, proprietárias da sua habitação, desempregadas, reformadas ou empregadas com vínculos precários.

A investigação acrescenta ainda que "a pior condição de saúde percebida foi predita por pessoas que consultaram o médico nos últimos três meses, com múltiplas consultas e com acesso a uma só entidade de saúde, que controlavam a tensão arterial e colesterol, e portadores de doença crónica".

O estudo envolveu 1.214 habitantes, adultos (igual ou superior a 35 anos), de ambos os sexos, residentes no concelho de Coimbra, distribuídos de forma proporcional em todas as freguesias, durante um período de dois anos (2011-2013).

Ciência e Tecnologia
Portugal pretende ter, em 2022, uma unidade de saúde capaz de tratar anualmente 700 doentes com cancro recorrendo à física de...

A informação foi avançada à Lusa pelo ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, que ontem participou em Viena, Áustria, na abertura da 61.ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atómica.

Manuel Heitor aproveitou a deslocação a Viena para recolher apoio técnico para o projeto por parte da agência, cujo diretor-geral, Yukiya Amano, disse, virá a Portugal em abril.

Portugal espera congregar ainda o apoio do CERN - Organização Europeia para a Investigação Nuclear, da qual faz parte, e da universidade norte-americana do Texas, com a qual reforçou a cooperação científica e tecnológica para as terapias oncológicas, adiantou, precisando que a cidade texana de Houston dispõe de uma unidade de tratamento de cancro com tecnologia nuclear de protões de alta energia.

Segundo o ministro, esta tecnologia, baseada em feixes de protões de "alta intensidade", é também utilizada com aplicações na oncologia na Alemanha, no Reino Unido e na Suíça, estando a ser estudada em Espanha.

"É uma tecnologia que está a emergir no mundo (...), que permite o tratamento eficaz de cancros que não conseguem ser tratados com as tecnologias mais convencionais e reduz os efeitos secundários de tratamentos baseados na quimioterapia ou radioterapia", assinalou.

A nova unidade de tratamento de doentes com cancro, do Serviço Nacional de Saúde, que o ministro espera possa estar instalada nos próximos cinco anos, poderá vir a funcionar no 'campus' tecnológico e nuclear do Instituto Superior Técnico, em Bobadela, Loures, aproveitando a "maior concentração de técnicos em ciências e tecnologias nucleares".

No fundo, é "reorientar muita dessa capacidade para as terapias oncológicas", acentuou, lembrando que a "possibilidade de formar mais técnicos" surgiu este ano letivo com a abertura de mais vagas no ensino superior em física, a pensar na aplicação médica.

O projeto, para o qual foi criado um grupo de trabalho, formado nomeadamente por representantes do ministério, do Instituto Superior Técnico e do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, implica um investimento de 100 milhões de euros, que Manuel Heitor pensa poder ser suportado por fundos comunitários e por fundos reembolsáveis do Banco Europeu de Investimento.

Ontem, na abertura da 61.ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atómica, o diretor-geral, Yukiya Amano, recordou que o uso das tecnologias nucleares na saúde humana "ajuda a salvar anualmente milhões de vidas", realçando que a agência "trabalha com os governos para aumentar a experiência dos países em radioterapia e medicina nuclear".

Alzheimer's Global Summit
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que a doença de Alzheimer se tornará "um dos maiores...

"Alzheimer afeta a saúde, a felicidade e a dignidade de pessoas por todo o mundo. E somos nós, como sociedade global, que temos de levar esta luta por diante, agora, antes de enfrentarmos um problema muito maior daqui a 30 ou 40 anos. Agora é o momento de agir", declarou o chefe de Estado, num discurso em inglês.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou este apelo na abertura oficial da cimeira internacional "Alzheimer's Global Summit", na Fundação Champalimaud, em Lisboa, que é organizada por esta instituição em conjunto com a Fundação Rainha Sofia, de Espanha.

Depois de pedir urgência na luta contra esta doença, acrescentou: "É por isso que não posso estar mais orgulhoso de me juntar a vocês nesta cimeira. Aqui, na Fundação Champalimaud, estamos prestes a embarcar numa viagem para a qual futuras gerações poderão vir a olhar como histórica, como o momento em que um movimento global se juntou para derrotar uma das doenças mais temidas do planeta".

O Presidente da República referiu-se ao Alzheimer como "uma doença cruel, capaz de roubar a personalidade e a saúde dos indivíduos" e cujo impacto se estende à família, às comunidades e sociedades.

"Portanto, é muito mais do que uma doença e vai tornar-se um dos maiores problemas sociais nas próximas décadas", considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que "a cada ano a prevalência da doença aumenta" e apontou como "uma das questões fundamentais" atuais saber "como se pode ajudar doentes, famílias e comunidades nesta luta".

No início da sua intervenção, o chefe de Estado expressou "gratidão e admiração" pelo papel da rainha Sofia - que esteve presente nesta sessão de abertura - na luta contra a doença de Alzheimer.

O Presidente da República elogiou também Leonor Beleza, pelo seu "trabalho inspirador como presidente da Fundação Champalimaud", e os cientistas presentes nesta cimeira, entre os quais António e Hanna Damásio.

"Têm todos a minha gratidão", disse.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde reconheceu hoje que Portugal tem muito pouco trabalho feito na área das demências, afirmando que este é um...

Adalberto Campos Fernandes falava à margem da cerimónia oficial de abertura da cimeira global sobre a doença de Alzheimer, que decorre na Fundação Champalimaud, em Lisboa, até sexta-feira.

“Portugal está confrontado, tal como a Europa, com esta epidemia silenciosa que é o envelhecimento”, disse o ministro.

Para Adalberto Campos Fernandes, este é um problema europeu, e em Portugal têm-se registado nos últimos tempos um alargamento significativo da rede de cuidados.

“O Estado tem de fazer mais, mas não apenas o Estado”, disse, sublinhando a importância das parcerias que existem nesta área com as associações e famílias de doentes.

SICAD
O aumento do consumo de álcool por mulheres e de cannabis são dados de um estudo que merecem uma interpretação mais profunda,...

Um estudo do SICAD hoje apresentado revela que os consumos de álcool e tabaco e de substâncias psicoativas ilícitas, principalmente ‘cannabis’, aumentaram nos últimos cinco anos em Portugal.

“Verificamos uma subida das prevalências dos consumos de álcool e tabaco e de uma qualquer substância psicoativa ilícita (marcada, essencialmente, pelo peso do consumo da cannabis na população entre os 15 e os 74 anos, entre 2012 e 2016/17, revela o “IV Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral, Portugal 2016/17”.

O estudo visou estimar as prevalências dos consumos de substâncias psicoativas lícitas (álcool, tabaco, medicamentos – sedativos, tranquilizantes e/ou hipnóticos, e esteroides anabolizantes), e ilícitas (cannabis, ecstasy, anfetaminas, cocaína, heroína, LSD, cogumelos mágicos e de novas substâncias psicoativas), bem como das práticas de jogo a dinheiro.

Segundo o estudo, o consumo de álcool apresenta subidas das prevalências ao longo da vida, quer entre a população total (15-74 anos) quer entre a população jovem adulta (15-34 anos), e entre homens e mulheres.

Para o diretor-geral do SICAD, João Goulão, estes dados vão no sentido daquilo que os profissionais já iam assistindo no terreno.

O especialista defendeu uma análise mais profunda destes dados, a qual terá de ser feita em conjunto com os parceiros deste organismo, até porque decorreram num período “com várias ocorrências”, nomeadamente a crise económica que afetou Portugal.

João Goulão reconhece a dificuldade em “estabelecer relações de causa e efeito”, avançando que a crise e a própria retoma poderão ter contribuído para estes indicadores.

O diretor-geral do SICAD sublinha, ainda assim, o aumento do consumo do álcool nas mulheres e o consumo problemático da cannabis como dois indicadores que merecem uma interpretação mais desenvolvida.

Em termos gerais, João Goulão sublinha que, “apesar de tudo, estes consumos situam Portugal na metade inferior da tabela ao nível europeu”.

E entre as boas notícias que o diretor-geral do SICAD encontra no relatório está o decréscimo no consumo de medicamentos. “Ficamos animados, mas temos de perceber porquê”, disse.

Nos medicamentos, terceira substância mais consumida na população total, as prevalências descem, refere o inquérito, que foi iniciado em 2001, tendo sido replicado em 2007, 2012, e em 2016/2017, que envolveu uma amostra de 12 mil inquiridos, representativa da população geral entre os 15 e os 74 anos.

Desenvolvido no Porto
Um dispositivo móvel de baixo custo que verifica a acumulação de fluidos nos pulmões em doentes com insuficiência cardíaca,...

Este dispositivo, criado no âmbito do projeto Medicare, vai possibilitar a verificação dos fluidos através da medição da bioimpedância torácica, indicou à Lusa o investigador da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) José Alves, responsável pelo trabalho.

A medição da bioimpedância torácica, segundo explicou, é efetuada aplicando uma corrente elétrica de baixa intensidade no corpo do doente - para não danificar os seus tecidos -, medindo-se, de seguida, a resposta elétrica resultante, isto é, a tensão elétrica originada.

"A partir da medição desta resposta é possível estimar a resistência oferecida pelo organismo, ou seja, a sua bioimpedância", disse o investigador.

Quando ocorre uma acumulação de fluidos, como estes têm uma menor bioimpedância, os valores medidos sofrem um decréscimo, continuou.

O dispositivo de medição utilizará quatro elétrodos, colocados em posições específicas no corpo do doente, que realizarão a recolha dos dados de bioimpedância.

Esses dados serão enviados para uma aplicação móvel, já parcialmente desenvolvida, que os irá processar, informando sobre o histórico das estimativas do volume acumulado de fluidos e sobre as alterações que possam ter surgido nos últimos dias.

A insuficiência cardíaca "é uma das maiores causas de hospitalização na União Europeia e nos Estados Unidos em pessoas com idades superiores a 65 anos, estando associada a elevados custos hospitalares", contou o investigador.

Sendo a acumulação de fluidos nos pulmões um dos principais sinais de deterioração grave de saúde nesses doentes, a sua deteção precoce permitirá reajustar a medicação e auxiliar num diagnóstico inicial da doença, evitando potenciais hospitalizações, acrescentou.

José Alves indicou que existem tecnologias semelhantes no mercado, no entanto, são restritas ao ambiente hospitalar. As móveis são caras, havendo ainda algumas mais acessíveis mas pouco precisas nas medições que efetuam.

De acordo com o investigador, o que diferenciará este sistema dos restantes é o seu baixo custo, a portabilidade e a precisão das medições, permitindo ao doente, aos seus cuidadores informais e cardiologistas receber informação adicional acerca do seu estado de saúde.

Este dispositivo será depois integrado no projeto europeu SmartBEAT, que tem como principal objetivo a deteção precoce de sinais e sintomas associados à insuficiência cardíaca.

O Medicare é um dos 14 projetos criados por alunos de diferentes faculdades com o apoio do centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS, sediado no Porto, no âmbito de uma iniciativa anual que lhes permite desenvolver o seu trabalho, orientado para a criação de soluções práticas que contribuem para a qualidade de vida da população.

Este trabalho, agora da responsabilidade de José Alves, é supervisionado por Filipe Sousa, da Fraunhofer Portugal AICOS, e pelo professor Miguel Velhote Correia, da FEUP, tendo sido iniciado pelo investigador Ricardo Silva, da mesma faculdade.

Relatório
As doenças respiratórias crónicas são responsáveis por 12,4% dos óbitos e constituem a terceira causa de morte em Portugal,...

Cristina Bárbara, que apresentou o relatório do Programa Nacional para as Doenças Respiratória de 2017, disse à agência Lusa que “anualmente 12% dos óbitos em Portugal são provocados por doenças respiratórias”, mas tem-se registado uma tendência de diminuição do número de “mortes prematuras” por doenças respiratórias, ou seja, as registadas em pessoas abaixo dos 70 anos.

Mas as “não prematuras, que afetam pessoas acima dos 70 anos, têm aumentado", contrapôs, frisando que é esta faixa etária a que tem contribuído mais para colocar as doenças respiratórias como a terceira principal causa de morte em Portugal.

“Outro aspeto que tem vindo a evidenciar-se ao longo dos anos é que, enquanto no passado havia maior mortalidade no sexo masculino, presentemente, em números absolutos de óbitos, são iguais em homens e mulheres. E em 2015, que são os últimos dados fechados e oficiais do INE, até houve um ligeiro aumento por parte das mulheres”, disse Cristina Bárbara, justificando a “equalização no género” com o aumento de hábitos tabágicos entre o sexo feminino.

A especialista considerou que a existência de “melhores cuidados de saúde, diagnósticos precoces e melhores tratamentos” têm permitido colocar Portugal “num lugar privilegiado no panorama dos países da OCDE [Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico na Europa] no que diz respeito à asma e à Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC)”, com o segundo lugar entre os países com menor número de internamentos, atrás da Itália.

”No último relatório da OCDE, de 2016, Portugal e Itália são os países com menores internamentos por ano em DPOCI. Isto é muito importante porque é um bom indicador da qualidade dos cuidados de saúde, porque os internamento por asma e DPOC são considerados internamentos evitáveis”, explicou.

Por isso, Cristina Bárbara colocou o foco na adoção de “medidas a nível de cuidados de saúde primários, quer de caráter preventivo, como uma vacina para a gripe, quer de caráter terapêutico”, para se “conseguir evitar exacerbações das doenças e os internamentos”.

Por isso, salientou, é necessário implementar em todos os agrupamentos de centros de saúde do país “uma rede nacional de espirometria”, exame que permite detetar a DPOC e que foi realizado a mais de 3.000 pessoas no âmbito de um projeto-piloto realizado no Algarve e no Alentejo.

“Foi detetada alteração, no sentido de obstrução brônquica, em 26%. E a deteção permite que as pessoas deixem de fumar, façam vacinação da gripe e medicação preventiva, permitindo reduzir as idas às urgências e os internamentos, melhorar a qualidade e a esperança de vida”, sublinhou.

A mesma fonte destacou ainda a comparticipação que o Estado dá de 80% na aquisição de câmaras expansoras, “uma forma de administração por inaladores que aumenta a eficácia dos fármacos”.

Administração Regional de Saúde
A Administração Regional de Saúde do Norte anunciou hoje que vai colocar mais 36 especialistas em Medicina Geral e Familiar,...

Em comunicado, refere que os especialistas a colocar “brevemente” destinam-se em especial a zonas mais carenciadas e do interior, nomeadamente no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Tâmega (concelhos de Celorico de Basto, Cinfães e Resende); Douro Sul (concelhos de Lamego, Sernancelhe, Tarouca e Moimenta) e Alto Tâmega e Barroso (concelhos de Chaves e Valpaços), entre outros.

“Esta e outras medidas que continuam a ser levadas a efeito, enquadram-se na estratégia e objetivos assumidos pela atual tutela do Ministério da Saúde que, junto dos portugueses, se comprometeu a alargar o âmbito da prestação, atribuindo Equipa de Saúde Familiar a todos os cidadãos, independentemente da área geográfica onde residam”, acrescenta a Administração Regional de Saúde, sublinhando que a cobertura assistencial na região, em termos de Medicina Geral e Familiar, está “muito próxima 100%”.

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