União Europeia
O Conselho da União Europeia divulga hoje as cidades candidatas a receber as sedes da Autoridade Bancária Europeia e da Agência...

A cidade do Porto formalizou esta segunda-feira a sua candidatura para acolher a sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês), que regula a indústria farmacêutica europeia e que opera na capital britânica desde 1995.

A EMA conta com 890 trabalhadores e recebe anualmente visitas de cerca de 35 mil representantes da indústria, enquanto a Autoridade Bancária Europeia (EBA) tem 159 funcionários, segundo dados da União Europeia.

Uma vez publicadas as candidaturas, a Comissão Europeia realiza uma avaliação técnica sobre as cidades, tendo em conta aspetos como a oferta hoteleira, as ligações de transportes e a disponibilidade de trabalhadores locais – no caso da EMA, 20 por cento dos funcionários eram de Londres.

O executivo comunitário deixará a decisão ao Conselho da União Europeia, que representa os Estados-membros da UE.

Os países comunitários terão uma “discussão política” com base na evolução da Comissão, último passo antes da votação dos ministros, em novembro, para escolher onde se vão localizar as duas agências.

Os ministros de Assuntos Gerais serão os responsáveis pela votação, que terá um máximo de três rondas e seguirá o esquema que já foi utilizado em 2013 para mudar de Londres para Budapeste a sede da CEPOL, agência da UE para a formação policial.

A votação será secreta e não contará com a participação do Reino Unido. Cada um dos 27 Estados-membros terá o mesmo número de pontos.

Na primeira ronda, cada país poderá atribuir 3, 2 e 1 pontos às cidades candidatas, de acordo com a ordem da sua preferência.

Se algumas delas conseguir três pontos de mais de metade dos países (14), será considerada eleita por maioria absoluta. Se isso não acontecer, passam à ronda seguinte as três cidades com maior número de votos.

Na segunda ronda, cada país terá um ponto – se alguma cidade conseguir 14, será eleita. Caso contrário, passarão à última ronda as duas mais votadas.

Em primeiro lugar, será decidida a nova sede da EMA e o país que a acolher terá de renunciar à EBA, caso também seja candidato.

O Porto apresentou esta segunda-feira a candidatura à sede da EMA, considerada como “a melhor forma” de a UE trabalhar a coesão no seu território.

O Governo aprovou, em abril, a candidatura de Portugal, pretendendo instalar a sede do organismo europeu na capital, mas a decisão gerou polémica, com outras cidades a reivindicarem a mesma intenção.

Em final de junho, o executivo decidiu reabrir o processo de candidatura, de forma a integrar também representantes do Porto, e o Conselho de Ministros decidiu a 13 de julho candidatar a cidade do Porto para acolher a EMA, por considerar ser a cidade portuguesa que "apresenta melhores condições para acolher a sede daquela instituição".

Lisboa já é sede de duas agências europeias, a da Segurança Marítima e o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência.

Praticamente todos os Estados-membros da União Europeia já apresentaram ou vão apresentar uma candidatura a sede da EMA, relativamente à qual deve existir uma decisão final em outubro ou novembro.

Polícia armada nos navios
Os Médicos Sem Fronteiras e outras organizações recusaram ontem assinar um novo código de conduto elaborado pelo governo...

O Ministério do Interior de Itália elaborou um código depois de terem surgido alegações de que algumas organizações sem fins lucrativos estavam a cooperar com traficantes de migrantes, segundo a agência Associated Press.

As autoridades italianas já disseram que as organizações que não assinaram o novo código poderiam correr o risco de ter acesso negado aos portos italianos.

As organizações humanitárias ainda tentaram promover alterações na proposta do governo, manifestando-se contra as regras que exigem que seja permitido ter polícia armada embarcada nos seus navios.

O diretor dos Médicos Sem Fronteiras, Gabriele Eminente, disse que a organização se recusou a aceitar política armada a bordo, alegando que a presença de armas “entra em conflito com os princípios” do grupo humanitário em todo o mundo.

Segundo a agência de patrulhamento de fronteiras da União Europeia, as organizações não-governamentais representam cerca de 40% de todos os resgates marítimos.

Centenas de milhares de migrantes são levados para Itália depois de serem resgatados no Mediterrâneo, após embarcarem na Líbia em barcos com condições precárias.

Apenas duas das cerca de 10 organizações que operam na zona, a ‘Save the Children” e a MOAS, concordaram com as novas regras definidas pelo governo italiano.

Ministério das Finanças
A Autoridade Tributária e Aduaneira e a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica realizaram "uma ação nacional...

Da operação, nota o comunicado do Ministério das Finanças, resultaram, pelo fisco, 600 processos de contraordenação por não emissão de fatura ou não exibição dos documentos de transporte ou de aquisição, ao passo que, pela Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE), foram instaurados 50 processos de contraordenação, nomeadamente por incumprimento dos requisitos de higiene ou falta de certificação de segurança alimentar.

Foram também instaurados pela ASAE quatro processos-crime por "identificação de géneros alimentícios avariados, usurpação de utilização de Denominação de origem protegida e fraude alimentar".

"A ASAE efetuou ainda duas detenções e determinou a suspensão de sete estabelecimentos por falta de requisitos de higiene", é também referido.

A presença destas entidades no terreno, sublinha o Ministério das Finanças, "é essencial para detetar, dissuadir e penalizar situações de incumprimento voluntário".

"Pretende ainda garantir-se uma justa repartição do esforço fiscal. Para além do efeito dissuasor, pretende desenvolver-se uma ação pedagógica sobre os operadores económicos, aumentando a perceção do risco e dos custos associados ao não cumprimento", nota o ministério tutelado por Mário Centeno.

Santa Maria
O Serviço de Neurocirurgia do Hospital Santa Maria, em Lisboa, operou desde o início do ano dois doentes com uma nova técnica...

Segundo um comunicado do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), a que pertence o Santa Maria, este serviço de neurocirurgia é o único a aplicar a técnica em Portugal.

“Este tipo de tratamento está direcionado para pessoas que sofram de epilepsia não controlada com terapêutica médica, nas quais é previsível a localização de uma zona relativamente restrita no cérebro, responsável pelo início das crises”, prossegue o comunicado.

A informação acrescenta que, “se esta for suficientemente localizada, a ablação por radiofrequência torná-la-á inativa, com melhoria da frequência das crises ou mesmo, com o seu controlo na íntegra”.

Outra vantagem desta técnica é “evitar a realização de uma grande cirurgia para abertura do crânio”.

“A técnica é efetuada recorrendo apenas à realização de pequenos orifícios, de dois milímetros, através dos quais são colocados os elétrodos, que chegam assim a locais profundos do cérebro, muitas vezes inacessíveis em cirurgias abertas”.

Dados apresentados na Conferência IAS
Investigadores norte-americanos estão a testar aquela que poderá ser a nova arma contra a propagação do vírus VIH entre a...

Atualmente, cerca de um quinto de todas as novas infeções registadas pelo VIH atingem adolescentes e mulheres entre os 15 e os 24 anos.

A possibilidade de colocar no mercado um método exclusivamente feminino de proteção contra o vírus vai libertar as mulheres da dependência dos homens no uso do preservativo. Pelo menos é esta a opinião do diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, Anthony Fauci. “Se você puder dar às mulheres a oportunidade de se protegerem de uma forma completamente confidencial, será um grande passo para ajudá-las”, afirmou em entrevista à BBC.

Em fase de testes, o anel vaginal com antirretroviral tem mostrado uma eficácia bastante importante no combate ao vírus VIH.

Este trata-se de um anel flexível, do tamanho dos diafragmas usados como anticoncecionais, e que é colocado no colo do útero, libertando dapivirina – um conhecido antirretroviral – que atua no organismo durante o período de um mês, altura em que deve ser substituído.

Recentemente, os investigadores testaram a adoção deste método em adolescentes americanas. Durante seis meses, 96 jovens sexualmente ativas, entre os 15 e os 17 anos, utilizaram o anel. Em 87% dos casos foi possível detetar níveis do antirretroviral na vagina.

Cerca de 74% das jovens afirmaram não sentir o anel no dia-a-dia e 95% consideraram-no fácil de usar.

Quanto aos parceiros, estes admitiram sentir um aumento de prazer depois da colocação do anel vaginal.

A apresentação destes dados decorreu durante a Conferência IAS (International AIDS Society), que teve lugar em Paris entre os dias 23 e 26 de Julho.

O anel será agora testado em África, o continente mais atingido pela epidemia. Caso o anel vaginal consiga aprovação regulatória, ele poderá ser o primeiro método de prevenção feminino do VIH. 

Estudo
Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto mostra que níveis elevados de gordura corporal favorecem o...

"As células do melanoma crescem mais rapidamente e morrem menos" quando entram em contacto com as moléculas produzidas pelo tecido adiposo (gordura), explicou à Lusa o investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Pedro Coelho, responsável pelo projeto.

De acordo com o especialista, essa exposição faz com que as células do melanoma migrem e adiram mais facilmente à superfície de outros órgãos, o que, no caso do cancro, traduz-se numa maior agressividade.

O estudo mostra também que as moléculas produzidas pelos adipócitos (células responsáveis pelo armazenamento da gordura) aumentam a probabilidade de o tumor desenvolver vasos sanguíneos próprios, criando uma forma alternativa para que o melanoma cresça e, posteriormente, se multiplique.

Nesta investigação, que demorou cerca de quatro anos a ser concluída e onde foram utilizados modelos ‘in vitro' e ‘in vivo', percebeu-se ainda que os elevados níveis de gordura corporal têm um efeito negativo na renovação celular, processo essencial para a eliminação de células "defeituosas".

Os resultados demonstram igualmente que quando as células cancerígenas são expostas às moléculas libertadas pelo tecido adiposo, resistem mais ao tratamento, como se estivessem a ser "protegidas contra os efeitos da radioterapia", indicou Pedro Coelho.

O passo seguinte, segundo o investigador, passa por verificar quais as alterações produzidas nos melanomas pelas células libertadas pelo tecido adiposo, de forma a controlar ou bloquear esse processo, evitando assim que a doença se torne resistente ao tratamento.

Nesta investigação colaboraram ainda profissionais da Escola Superior de Saúde do Politécnico do Porto (ESS-P.Porto) e do Serviço de Radioterapia do Hospital de São João, do Porto.

Governo reconhece
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde reconheceu hoje que os presos não têm tido o mesmo acesso que o resto da população...

Fernando Araújo falava aos jornalistas no final de uma visita ao Hospital Prisional São João de Deus, em Caxias, para acompanhar as condições de aplicação de um despacho conjunto que visa melhorar o acesso da população reclusa, jovem e adulta, ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) em condições de igualdade dos demais cidadãos.

Acompanhado pela secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Fernando Araújo visitou alguns doentes internados nesta unidade de saúde da responsabilidade do Ministério da Justiça, um dos quais aproveitou a ocasião para agradecer aos profissionais de saúde por lhe terem salvado a vida.

“Cheguei aqui e estava a morrer. Eles salvaram-me”, disse José emocionado, na véspera de ser um homem livre. Por essa razão, e por deixar de ser um recluso a partir de terça-feira, vai ser transferido para o Hospital de Cascais, onde acabará o tratamento.

Chegou ao Hospital de Caxias muito doente, pois apanhou uma infeção hospitalar numa unidade de saúde onde estava a ser tratado a uma infeção respiratória.

João, a cumprir uma pena de nove meses de prisão por conduzir com carta de condução ilegal, esteve internado em Caxias três semanas, durante as quais melhorou, o que o leva a ser grato, principalmente pela atenção que lhes prestaram os profissionais de saúde.

No final desta visita, Fernando Araújo afirmou que a população reclusa “nem sempre tem tido as mesmas igualdades” de acesso, apesar dos seus “problemas específicos, como ao nível da saúde mental, infeções víricas, entre outras, e nos quais compete à Saúde, em articulação com a Justiça, encontrar soluções adequadas”.

De acordo com os protocolos hoje assinados, os profissionais de saúde dos hospitais de referência das prisões irão deslocar-se a estas instituições para administrar os tratamentos, nomeadamente ao nível das infeções víricas.

A população reclusa é um dos focos da estratégia contra a hepatite C que através dos tratamentos inovadores está a conseguir taxas de cura na ordem dos 96%.

“É tempo de olhar para as populações que não têm tido este tipo de tratamento – toxicodependentes, reclusos e migrantes”, adiantou.

A estimativa do governo é que existem 1.500 reclusos a necessitarem destes tratamentos.

“Queremos que esta população não esteja esquecida”, disse Fernando Araújo.

Para a secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Helena Mesquita Ribeiro, esta desigualdade no acesso aos tratamentos aconteceu porque “não se uniram os esforços, nem se conjugaram as vontades que os ministérios da Saúde e da Justiça decidiram agora encetar”.

“É uma questão de humanidade para com estas pessoas e de responsabilidade pelo que é a missão do Estado de garantir saúde pública para todos e também para a população reclusa”, disse aos jornalistas.

Procriação Medicamente Assistida
As mulheres com situação clínica comprovada que impeça a gravidez podem a partir de terça-feira recorrer a uma gestante de...

O decreto vem regulamentar a Lei n.º 25/2016, de 22 de agosto, que regulou o acesso à gestação de substituição e estabelece as condições em que “é possível recorrer à gestação de substituição, apenas concebida para situações absolutamente excecionais e com requisitos de admissibilidade estritos”.

Segundo o decreto hoje publicado, “o recurso à gestação de substituição só é possível a título excecional e com natureza gratuita, nos casos de ausência de útero e de lesão ou doença deste órgão que impeça de forma absoluta e definitiva a gravidez da mulher ou em situações clínicas que o justifiquem, e sempre sujeito à celebração de contratos de gestação de substituição, que depende de autorização do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) e audição prévia da Ordem dos Médicos”.

É privilegiada “a ligação da mãe genética com a criança, ao longo do processo de gestação de substituição, designadamente no âmbito da celebração e da execução do próprio contrato, circunscrevendo-se a relação da gestante de substituição com a criança nascida ao mínimo indispensável, pelos potenciais riscos psicológicos e afetivos que essa relação comporta”.

“Isto, obviamente, sem prejuízo das situações em que a gestante de substituição é uma familiar próxima, em que poderá existir, habitualmente, uma relação entre a gestante de substituição e a criança nascida. Procura-se, ainda, assegurar a máxima segurança médica possível, acautelando o envolvimento de todas as partes, numa decisão alicerçada na tutela de interesses comuns e, em especial, dos interesses da criança”.

Segundo o decreto regulamentar, deve ser garantida à gestante de substituição, no âmbito do próprio contrato, um acompanhamento psicológico antes e após o parto.

Os candidatos a uma gestante de substituição têm de realizar um pedido de autorização prévia para a celebração de contratos de gestação de substituição, apresentado ao CNPMA através de formulário disponível no respetivo sítio da internet, cujo modelo é criado por este Conselho, subscrito conjuntamente pelo casal beneficiário e pela gestante de substituição.

Neste pedido de autorização prévia deve constar, além dos dados identificativos, a aceitação das condições previstas no contrato-tipo de gestação de substituição por parte do casal beneficiário e da gestante de substituição.

Uma declaração de um psiquiatra ou psicólogo favorável à celebração do contrato de gestação de substituição e uma declaração do diretor do centro de PMA no qual a técnica ou técnicas necessárias serão efetuadas, aceitando a concretização nesse centro do ou dos tratamentos a realizar, são igualmente necessárias.

O acesso às técnicas necessárias deve obedecer aos mesmos critérios que são aplicados aos beneficiários com acesso a técnicas de PMA, não podendo existir tempos de espera distintos dos aplicáveis a esses beneficiários.

Citomegalovírus
Hugo Sousa, médico e investigador, é o primeiro português a ser distinguido pelo Prémio de Diagnóstico Abbott. Em causa está a...

Tinha dez anos quando viu na televisão uma reportagem sobre o tipo menos frequente do vírus da imunodeficiência humana, o VIH-2, e nunca mais se esqueceu. “Foi uma coisa que mexeu comigo e desde então sempre quis trabalhar com vírus”, recorda Hugo Sousa. O sonho de criança — “ser médico e trabalhar com vírus” — está a ser cumprido, depois de 17 anos de estudos no ensino superior, e o fascínio por estes agentes infeciosos “ultra-inteligentes” já foi reconhecido. O médico e investigador do Serviço de Virologia do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto) venceu a edição de 2017 do Prémio de Diagnóstico Abbott, atribuído anualmente pela Sociedade Europeia de Virologia Clínica (ESCV, na sigla em inglês) a profissionais que se destaquem nesta área de estudo, escreve o jornal Público.

Em causa está a descrição, inédita em seres humanos, de uma mutação genética no citomegalovírus. O artigo que compilou os resultados da investigação de Hugo Sousa foi publicado no fim de 2016 na revista Antiviral Research. A infeção pelo citomegalovírus pode comportar um “maior risco de mortalidade” quando os indivíduos se encontram com o sistema imunitário enfraquecido, como é o caso de doentes transplantados, e a descoberta de Hugo Sousa é “um passo importante” para o processo de diagnóstico. Com 35 anos, o barcelense é o primeiro português a ser distinguido com este prémio, cuja entrega está agendada para Setembro, durante o congresso da ESCV na cidade de Stresa, em Itália.

Nos últimos anos, no IPO-Porto, Hugo Sousa, juntamente com a equipa de investigação que coordena, tem-se dedicado ao estudo das infeções por citomegalovírus em doentes submetidos a transplante de medula óssea, que constituem um “grupo de risco”. Em Portugal não existiam estudos recentes sobre as mutações deste vírus que são resistentes à terapêutica. “Pela primeira vez na população portuguesa, conseguimos descrever algumas mutações em doentes infetados com o citomegalovírus”, revela ao PÚBLICO.

Mas o mais relevante — e aquilo que contribuiu para a atribuição do prémio internacional — foi ter descrito uma mutação específica no vírus em doentes. “Já tinha sido descrita em estirpes laboratoriais, em experiências, mas nunca em seres humanos”, refere. O trabalho, sublinha, “é extremamente útil para o futuro próximo”. “Permite que possamos fazer uma vigilância apertada, escolher o tratamento mais adequado em função do vírus que afeta o doente e, com isso, reduzir as complicações associadas não só à infeção, mas também ao tratamento.”

“Provavelmente”, continua Hugo Sousa, “90% da população está infetada pelo citomegalovírus”. Mas em “praticamente 100% das pessoas infetadas” não causa doença — a menos haja um estado de imunossupressão, como aquele que se verifica nos doentes transplantados. “Para receber o transplante, seja de medula óssea ou de órgãos sólidos, e não o rejeitar, essas pessoas são sujeitas a um estado de imunossupressão muito grande”, explica o investigador. Sobretudo nos primeiros três a seis meses após o transplante, as infeções “são complicadas” porque podem “desencadear um maior risco de morte”. Pneumonias e problemas a nível gastrointestinal são algumas das consequências possíveis, uma vez que os doentes “estão numa condição em que não conseguem combater infeções virais”.

A mutação descrita por Hugo Sousa acontece num gene do vírus e “modifica uma das suas proteínas” — o “alvo dos fármacos atuais”. Com esta “alteração genética muito pequenina”, o fármaco deixa de reconhecer a proteína. O vírus continua assim replicar-se, condicionando a resposta do tratamento. As mutações são raras, ressalva, mas a infeção por citomegalovírus “é muito frequente”, afetando “cerca de 50 a 60% dos doentes transplantados”.

O objetivo é que da investigação desenvolvida no IPO-Porto resultem testes clínicos específicos que possam ser realizados durante o processo de tratamento após o transplante e que identifiquem a tal mutação do vírus. “Estamos a falar de testes algo morosos e caros”, completa Hugo, pelo que seriam indicados apenas para doentes com elevado risco de infeção ou complicações graves associadas. Apesar de ter sido desenvolvido no âmbito de um grupo de doentes oncológicos, o resultado da investigação pode ser extrapolado para outras instituições que realizem transplantação, como a renal ou a hepática.

O Prémio de Diagnóstico Abbott terá uma componente financeira, mas o montante ainda não foi revelado pelo laboratório farmacêutico que o patrocina. Hugo Sousa vai continuar a dedicar-se aos vírus no IPO-Porto, onde trabalha há 16 anos, ao mesmo tempo que completa o internato em medicina na Unidade Local de Saúde do Nordeste, em Mirandela.

O dia do médico e investigador começa às seis horas da manhã e termina de madrugada, mas ter uma agenda preenchida não é novidade. Começou por licenciar-se em microbiologia pela Universidade Católica do Porto, completou o mestrado em oncologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto (UP) e foi também nesta instituição que se doutorou em ciências biomédicas. A meio do doutoramento iniciou o curso de medicina na UP e está agora a dar os primeiros passos na prática clínica. “Fiz o percurso ao contrário”, brinca. “Para sermos bons investigadores temos de perceber quais os problemas com que lidamos. Só assim podemos direcionar o trabalho e perceber a globalidade do contexto de saúde.”

Estudo
A alimentação torna-se mais saudável, pratica-se mais exercício físico e há quem deixe de fumar. São estes os resultados do...

A horticultura "pode desempenhar um papel importante na promoção de comportamentos mais saudáveis e, ainda, na melhoria do bem-estar físico e mental dos citadinos”. São resultados de um estudo da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, realizado em parceria com a Lipor (Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto), sobre as hortas “públicas, biológicas e urbanas”.

A investigação, conduzida pelo nutricionista Paulo Nova, e apresentada há um cerca de um mês, foi realizada na horta do projeto Horta à Porta, da Lipor, e avaliou uma amostra de 115 indivíduos, escreve o jornal Público. Em média, após seis meses de terem começado a trabalhar na horta, verificou-se entre os participantes “uma melhoria significativa ao nível de comportamentos de promoção da saúde, tendo-se observado um aumento da prática de exercício físico, bem como alterações a nível da alimentação”.

Mais especificamente, as pessoas que integraram o estudo “aumentaram o consumo de lacticínios, de peixe, de hortofrutícolas, de ervas aromáticas e, ainda, reduziram o consumo de doces e pastéis”, revela um comunicado com os principais resultados.

O impacto nos hábitos tabágicos dos participantes também foi avaliado: “Os fumadores reduziram o número de cigarros por dia para cerca de metade e sete indivíduos deixaram de fumar.”

Foram, ainda, verificadas “melhorias ao nível da capacidade funcional, na limitação física, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspetos sociais, limitação por aspetos emocionais e saúde mental”.

Este estudo, focado nos efeitos no bem-estar e qualidade de vida das pessoas que participam em hortas urbanas, foi o primeiro do género a ser realizado em Portugal.

Direção-Geral da Saúde
Em 2016, foram dadas 750 autorizações de tratamento fora do país, batendo o pico de 2010.

Nunca tantas pessoas que necessitam de cuidados de saúde não disponíveis em Portugal receberam luz verde para fazer esses tratamentos no estrangeiro a expensas do Serviço Nacional de Saúde. Só em 2016 o diretor-geral da saúde, Francisco George, aprovou 750 pedidos.

O número estava a cair. Em 2013, apenas 368 doentes receberam autorização para fazer tratamentos no estrangeiro a expensas do Estado. Em 2014, o número de pedidos deferidos subiu para 471. No ano seguinte, para 749. E, no seguinte, para 750. Quer isto dizer que se ultrapassou o pico de 2010, ano em que 633 pessoas foram autorizadas a tratar-se lá fora. A Direção-Geral da Saúde não adianta motivos para esta oscilação, escreve o jornal Público.

Este número expressa apenas os casos que partiram da iniciativa de hospitais públicos que seguem aqueles doentes. Decorre da falta de recursos humanos ou técnicos existentes dentro do território nacional. Tem por base relatórios médicos, que fundamentam a necessidade de ir lá fora. Aplica-se o Decreto-Lei 177/ 92.

Com base num relatório do médico assistente, confirmado pelo diretor de serviço, o diretor clínico submete o pedido de assistência médica no estrangeiro. O pedido tem de ser avaliado pela Direcção-Geral da Saúde e autorizado pelo diretor-geral, já que implica pagar viagem, alojamento, tratamentos, acompanhante e tradutor quando necessários.

Um doente também pode, através de informação médica, mas não através de uma unidade do SNS, pedir para receber cuidados de saúde programados lá fora que não existem ou não podem ser prestados em Portugal. Aplica-se o Regulamento Comunitário 883/2004 e o Estado paga apenas os tratamentos. As autoridades de saúde não forneceram ao PÚBLICO números sobre quantos doentes foram abrangidos por esta segunda modalidade.

Desde Setembro de 2014, os doentes do SNS podem ainda, por iniciativa própria, pedir para aceder a cuidados de saúde em qualquer país da União Europeia, caso o Estado não os providencie em tempo útil. Entre 2014 e 2016, só dois conseguiram autorização prévia para avançar – um homem com hiperinsulinismo congénito grave e uma mulher que precisava de uma reconstrução mamária. Nestes casos, aplica-se a Lei 52/2014, que transpõe para o ordenamento jurídico português a Diretiva sobre Cuidados de Saúde Transfronteiriços. É a terceira modalidade de acesso a cuidados prevista. O SNS só reembolsa os custos do tratamento e apenas até ao limite do custo que teria em Portugal. Não reembolsa transporte, nem alojamento, nem acompanhante, nem tradutor.

Também estão previstos cuidados de saúde não programados. Um utente do SNS pode estar a viajar na Europa e, de repente, precisar de assistência médica. Nesse caso, o ideal é ter o Cartão Europeu de Seguro de Doença, de modelo único, válido dentro da União Europeia, Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. Com isso terá acesso aos cuidados de saúde públicos que existam para cidadãos do país que estiver a visitar.

Se pessoa se esquecer do cartão ou nunca o tiver pedido, não fica sem assistência médica. O mais provável é ter de pagar os cuidados médicos ao prestador. De regresso o Portugal, porém, poderá pedir o reembolso.

Estudo
Estudo com animais confirma relação entre a exposição a reduzidas doses de contaminantes, que estão na nossa cadeia alimentar e...

As experiências foram feitas com um poluente chamado DDE, um derivado do pesticida DDT usado para matar os mosquitos da malária e que, apesar de ter sido proibido há vários anos, permanece na nossa cadeia alimentar. Com experiências feitas com ratos, uma equipa de investigadores do Cintesis – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, no Porto, comprovou que, mesmo em doses muito reduzidas, este contaminante tem a capacidade de danificar a saúde metabólica, causando problemas como obesidade, inflamação, diabetes e hipertensão arterial. E se fizer uma dieta gorda, é pior ainda porque este poluente é lipossolúvel e gosta de gordura.

Num estudo anterior, a equipa do Cintesis estudou os efeitos da presença de 13 poluentes orgânicos persistentes (conhecidos como POP) no organismo de doentes obesos que tinham sido sujeitos a uma cirurgia bariátrica. Entre os contaminantes encontrados, estava o DDE. Estes doentes sofriam de vários problemas metabólicos e nas 189 amostras de tecido adiposo analisadas foram detetadas grandes quantidades de poluentes. Coincidência? Talvez não. Logo nessa altura, a equipa de investigadores defendeu que existia uma associação entre a desregulação metabólica e a presença de poluentes no tecido adiposo.

Desta vez, escolheram um poluente específico, o DDE, que tinha sido encontrado em quantidades significativas nas análises feitas no estudo anterior em doentes, para comprovar este efeito no metabolismo. No estudo, existiram quatro grupos de ratos. Dois dos grupos receberam quantidades de DDE que eram 2,5 vezes inferiores às doses consideradas seguras, pelas normas internacionais, e distinguiam-se apenas pela dieta, com uns animais a fazer uma dieta com muita gordura e outros uma dieta normal. Os outros dois grupos de animais (de controlo) eram divididos da mesma forma, mas não foram expostos ao contaminante.

“Percebemos que os ratos expostos a contaminantes apresentaram maiores índices de problemas metabólicos como hipertensão, diabetes, inflamação”, refere ao jornal Público Diogo Pestana, primeiro autor deste trabalho de investigação, acrescentando que estes problemas foram mais evidentes nos ratos submetidos a uma dieta gorda.

A experiência também permitiu verificar que o tecido adiposo dos ratos que ingeriram DDE ficou morfologicamente diferente. “O DDE não se acumula simplesmente nas células gordas (adipócitos), mas exerce uma ação nefasta sobre o normal padrão metabólico e de regeneração do tecido e altera a resposta dinâmica do tecido ao excesso energético, causando inflamação”, conclui o investigador do Cintesis, que é também docente na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.

Conceição Calhau, investigadora do Cintesis que coordenou este trabalho e também assina o artigo publicado na revista Scientific Reports (do grupo da Nature), sublinha o impacto da exposição a uma reduzida dose do DDE. “Fizemos uma extrapolação para o rato da dose de humano e usámos uma quantidade duas vezes e meia abaixo desse limite. Ou seja, o que podemos dizer de forma inequívoca é que os efeitos que vimos nos ratos representam duas vezes e meia abaixo do limite de segurança definido para os humanos”, sublinha. O limite de segurança definido para o DDE é de 250 microgramas por quilo (peso corporal) por dia, o que significa que a dose que os ratos receberam foi o equivalente a 100 microgramas por quilo por dia para uma pessoa.

“Estas questões de doses seguras são definidas com os estudos que existem mas, depois, quando são feitos outros estudos deve ser revisto o valor”, alerta a investigadora, que também destaca o acrescido risco de uma exposição crónica a estes contaminantes ao longo de muito tempo.

Além do efeito deste contaminante por si só, a popular opção de uma deita rica em gorduras (encontrada na “fast food”, por exemplo) é mais um inimigo nesta equação. “A maioria destes compostos está associada a alimentos com gorduras. São lipossolúveis, veiculam-se e acumulam-se na gordura dos animais. Além das calorias, a dieta rica em gordura transporta compostos tóxicos que agravam doenças metabólicas”, explica Conceição Calhau, também docente na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Às vezes, admite a investigadora, os problemas metabólicos são associados apenas à obesidade quando também podem estar relacionados com os contaminantes presentes nos alimentos.

Ou seja, há mais um argumento para adotar uma dieta saudável: minimizar a exposição a estes contaminantes que se escondem nos nossos alimentos. Sabe-se que os POP são mais frequentes em alimentos como as carnes vermelhas, os lacticínios e os peixes gordos, por exemplo. Porém, lamenta a investigadora, “atualmente, não é possível definir recomendações precisas sobre padrões de consumo ideais tendo em conta níveis de contaminação, devido à escassez de dados”. “Por exemplo, não possuímos dados suficientes sobre a presença de poluentes orgânicos que persistem no ambiente e em alimentos consumidos em Portugal”, acrescenta. Além disso, se olharmos apenas para o exemplo do DDT que foi proibido na Europa e nos Estados Unidos entre os 70 e 80 e que ainda se encontra na nossa cadeia alimentar, concluímos que estes são compostos que dificilmente serão degradados pelo ambiente.

Num documento da Direcção-Geral da Saúde sobre “Contaminantes nos Alimentos”, no qual a equipa do Cintesis participou, estão algumas medidas simples para prevenir a exposição a estes poluentes, como por exemplo ingerir peixe de mar, retirar gorduras visíveis, evitar consumos elevados de carne, bem como aquecer refeições em recipientes de plásticos. “É preciso que os consumidores adotem medidas que reduzam a exposição a esses agentes negativos para a saúde”, diz Conceição Calhau que, ao mesmo tempo, acredita que uma aposta na investigação nesta área poderá ajudar a pressionar as entidades responsáveis pela segurança alimentar para regularem melhor o sector, com base em provas científicas. “Infelizmente, a investigação nesta área é muito difícil e não tem muito apoio. Não é um assunto agradável”, desabafa.

O próximo passo desta investigação pretende testar um dos ingredientes mais citados nestes estudos, que apontam para os riscos de uma dieta gorda num ensaio clínico que deverá arrancar já depois do Verão com 60 pessoas. A ideia, adianta a líder da equipa de investigação em nutrição do Cintesis, é avaliar o impacto do consumo de salmão. “Será um estudo de intervenção. Vamos ter um grupo de voluntários a fazer refeições de salmão e depois vamos monitorizar o perfil metabólico [avaliando variáveis como o peso, a sensibilidade à insulina e a tensão arterial]”, adianta. Segundo explica, já existem provas que apontam para o salmão com um veículo de transporte dos POP, mas os investigadores querem ver “se o salmão que consumimos em Portugal tem um efeito nas doenças metabólicas”. 

Envelhecimento saudável
Os programas e metas curriculares das escolas deviam integrar a valorização da população idosa e promover a sua imagem, sugere...

Uma das medidas definidas na Estratégia, que é posta em consulta pública na terça-feira, é investir na formação e educação sobre o envelhecimento “em todos os graus de ensino”, tentando combater a discriminação, os estereótipos e promovendo a igualdade.

Para isso, é proposta uma intervenção junto do Ministério da Educação “no sentido de integrar nos programas e metas curriculares a valorização da população idosa e promover a sua imagem”.

A par disto, devem ser promovidos projetos que juntem as várias gerações. O coordenador do grupo de trabalho para a Estratégia do Envelhecimento Ativo e Saudável, Pereira Miguel, sublinha que a aprendizagem sobre o envelhecimento não tem de ser toda livresca e que há muitas circunstâncias da vida escolar em que é possível criar espaços de convívio entre gerações.

“Muitas destas ações não precisam de estar estabelecidas”, refere Pereira Miguel, deixando como sugestão que sejam dirigidos convites a professores reformados ou a desportistas mais velhos para irem às escolas conversar com os alunos.

A promoção da boa imagem do envelhecimento, a inclusão dos idosos e o combate aos estereótipos devem estar presentes na aprendizagem ao longo da vida e em todos os ciclos de ensino, defende o responsável.

Aliás, outra das medidas preconizadas prende-se com o desenvolvimento de campanhas que promovam uma “imagem positiva do envelhecimento”.

Ainda ao nível do ensino, sobretudo do superior ou pós-graduado, a Estratégia pretende que se criem condições para incentivar a investigação na área do envelhecimento.

Na área da saúde é sugerido mais investimento na formação básica e especializadas dos profissionais em geriatria e gerontologia, sempre baseada numa “abordagem não discriminatória e de direitos humanos”.

Outra das sugestões é desenvolver ações de formação dirigidas a cuidadores informais, nomeadamente para aprenderem a ajudar a controlar doenças crónicas e a potenciar a autonomia das pessoas idosas.

Ao nível da criação de espaços que garantam a segurança, a Estratégia sugere que as autarquias promovam ações de aconselhamento para as pessoas mais idosas e que facilitem a execução de pequenas obras de adaptação para conforto e segurança.

Envelhecimento saudável
Os médicos devem sinalizar e justificar obrigatoriamente os casos de idosos que tomam mais do que cinco medicamentos, uma...

O documento, que vai ser colocado a partir de terça-feira em consulta pública, traça várias medidas para desenvolver políticas que melhorem a qualidade de vida das pessoas idosas.

Uma das ações defendidas é a definição de uma “estratégia de combate à polimedicação de justificação obrigatória para mais de cinco medicamentos”.

Segundo Pereira Miguel, coordenador do grupo de trabalho interministerial para a Estratégia do Envelhecimento Ativo e Saudável, a ideia não é estabelecer um limite para a prescrição ou toma de medicamentos, nem sobrecarregar os médicos com trabalho burocrático.

“Não estamos a dizer qual é a solução a aplicar. Não é uma solução fechada. Mas pretende-se criar um mecanismo que faça um alerta” para a toma de mais de cinco medicamentos, disse à agência Lusa, lembrando que “os medicamentos têm interações entre eles”.

Pereira Miguel refere que os profissionais de saúde devem estar alerta para a polimedicação, apercebendo-se de que medicamentos outros especialistas prescreveram aos seus doentes.

A Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável propõe ainda que sejam criadas uma espécie de “bandeiras vermelhas” para sinalizar idosos com necessidade especial de acompanhamento, como pessoas que recorrem mais às urgências ou que faltam sistematicamente a consultas ou até com sinais de negligência

Esta medida extravasa a área da saúde e devia envolver as autarquias, a PSP, a GNR, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, entre outras entidades.

O documento que terça-feira é colocado em consulta pública defende ainda a criação de um programa de vigilância da saúde das pessoas idosas.

Neste programa deve ser fomentada a realização de avaliações regulares “com vista à deteção precoce de défices funcionais, défices psíquicos ou doenças crónicas a partir dos 50 anos” e tendo em conta as necessidades particulares de homens e mulheres.

No caso de doentes com várias patologias (comorbilidades) sugere-se a adoção de um plano individual de cuidados, um instrumento de intervenção integrada nos diferentes níveis de cuidados.

A Estratégia para o Envelhecimento Ativo e Saudável define medidas que envolvem vários setores, da Saúde à Educação e passando pela Solidariedade e Segurança Social. Por isso, Pereira Miguel propõe a criação de uma comissão interministerial que acompanhe e monitorize o que se vai realizando e implementando.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Todas as regiões de Portugal continental apresentam hoje risco ‘muito elevado’ e ‘elevado’ de exposição à radiação ultravioleta...

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), também os arquipélagos da Madeira e Açores apresentam hoje risco ‘muito elevado’ e ‘elevado’ de exposição à radiação ultravioleta (UV).

Para as regiões com risco 'muito elevado', o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o UV é 'baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

No que diz respeito ao estado do tempo para hoje, o IPMA prevê para o continente períodos de céu muito nublado, apresentando-se pouco nublado ou limpo na região Sul até final da manhã e possibilidade de ocorrência de períodos de chuva fraca nas regiões Norte e Centro até ao meio da tarde.

Está previsto também vento fraco a moderado predominando de noroeste, soprando moderado a forte com rajadas até 60 quilómetros por hora no litoral a sul do Cabo Carvoeiro e nas terras altas do Centro e Sul, em especial durante a tarde.

A previsão aponta ainda para neblina matinal em alguns locais do litoral Norte e Centro e pequena descida de temperatura, em especial da máxima nas regiões Centro e Sul.

Na Madeira prevê-se períodos de céu muito nublado e vento fraco a moderado do quadrante norte.

Para os Açores está previsto céu muito nublado com abertas, aguaceiros fracos na madrugada (com exceção de São Miguel e Santa Maria, no grupo oriental) e vento fraco a bonançoso.

Quanto às temperaturas, em Lisboa vão oscilar entre 16 e 23 graus Celsius, no Porto entre 15 e 22, em Vila Real entre 12 e 25, em Viseu entre 10 e 24, em Bragança entre 13 e 27, na Guarda entre 10 e 21, em Coimbra entre 13 e 24, em Castelo Branco entre 15 e 28, em Portalegre entre 12 e 28, em Santarém entre 15 e 25, em Évora e Beja entre 14 e 30 e em Faro entre 18 e 30.

União Europeia
Portugal apresenta hoje à União Europeia a candidatura à Agência Europeia do Medicamento, que propõe o Porto para acolher a...

O Conselho de Ministros decidiu a 13 de julho candidatar a cidade do Porto para acolher a Agência Europeia do Medicamento (EMA), por considerar ser a cidade portuguesa que "apresenta melhores condições para acolher a sede daquela instituição".

Na ocasião, o ministro da Saúde indicou que o Porto tem "todas as condições" para acolher a sede da EMA, incluindo "instalações logísticas" capazes de, com "um pequeno esforço de adaptação", acolher os cerca de 900 funcionários que atualmente trabalham na sede daquela agência em Londres.

Quanto às possíveis localizações na cidade, o ministro da Saúde apontou que está sinalizado "um edifício na praça D. João I, que apresenta condições técnicas muito adequadas".

Inicialmente, Lisboa era a única candidata nacional, mas o Governo reabriu o processo de forma a integrar também o Porto.

Praticamente todos os Estados-membros da União Europeia já apresentaram ou vão apresentar uma candidatura a sede da EMA, relativamente à qual deve existir uma decisão final em outubro ou novembro.

Lisboa já é sede de duas agências europeias, a da Segurança Marítima e o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência.

Instituto de Socorros a Náufragos
O Instituto de Socorros a Náufragos começou ontem em Matosinhos uma formação, que vai levar a mais cinco praias, para ensinar...

Em declarações, Olga Marques, do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), explicou que a iniciativa “gratuita” inclui o simulador de um agueiro, um “fenómeno natural identificado” que torna a “corrente marítima demasiado forte para lutar contra ela”, sendo por isso importante reconhecer a situação e evitá-la ou, caso contrário, “nadar ao longo da costa” e “flutuar e pedir ajuda”.

“O problema é que, num agueiro, mal as pessoas levantam os pés, são logo arrastadas. O perigo é maior para quem não sabe nadar porque, normalmente, a pessoa entra em pânico e esquece-se de pedir ajuda. O importante é flutuar e pedir ajuda. Quanto a quem sabe nadar, a tendência das pessoas é nadar contra a corrente, o que é impossível num agueiro e a pessoa acaba por perder as forças”, descreveu a subtenente do ISN.

A iniciativa “Surf Salva para Todos”, que começou ontem de manhã na praia de Matosinhos e se prolongou durante a tarde, repete-se a 06 de agosto na praia de Carcavelos, no dia seguinte na praia da Fonte da Telha, a 13 de agosto na Praia da Rocha, a 14 de agosto na Praia dos Pescadores, Albufeira, e a 15 de agosto na praia de Montegordo.

“O objetivo da ação é informar para evitar o risco. É mostrar como se identifica um agueiro para que os banhistas não se sujeitem a uma situação de risco”, explicou Olga Marques, admitindo que lidar com um agueiro não é algo que habitualmente se explique em aulas de natação para quem aprende a nadar.

De acordo com a subtenente, a identificação de um agueiro começa, desde logo, pela “mudança da tonalidade da água”: nos sítios onde se formam agueiros, a água fica com uma “tonalidade acastanhada e com espuma”, devido à “agitação das areias”.

Para além disso, trata-se de uma zona onde “a ondulação é quase nula”, quando mesmo ao lado há mais ondas, criando uma “falsa sensação de acalmia”, que leve a que o local seja aquele onde há “a tentação de a pessoa entrar”.

“Quando as ondas rebentam e fazem o retorno ao mar, formam uma espécie de canal com uma corrente muito forte para o mar. A tendência das pessoas é nadar contra a corrente, o que é impossível”, explica.

Por isso, a opção é “deixar-se levar pela corrente porque, à medida que se vão distanciando da costa, a corrente vai perdendo intensidade”, descreve a responsável do ISN.

Para além disso, os banhistas “devem nadar paralelamente à costa para fazer o retorno para a praia”.

Molhar os pés num agueiro não é problema, mas “mal a pessoa levanta os pés, é logo arrastada”.

A responsável do ISN esclarece que existem “agueiros súbitos, sobretudo em alturas de troca de marés e, nesses casos, é muito difícil identificá-los”, indicando que eles podem surgir em sítios onde não está hasteada a bandeira vermelha.

Existem outros fixos, que “podem ou não estar no mesmo local” da praia, mas “nas praias vigiadas existe sinalética própria para os identificar”, acrescenta a responsável.

O projeto “Surf Salva para Todos”, realizado com o apoio do Lidl, começou com “ações de sensibilização e de formação em salvamento aquático e suporte básico de vida, junto de 413 nadadores salvadores, surfistas e amantes de desportos náuticos, entre maio e julho deste ano”.

A ação alarga-se agora “a todos os banhistas” com formações “sobre práticas de salvamento e boas práticas a adotar no mar” e, em algumas praias, com a colaboração da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), que vai realizar rastreios gratuitos à pele (nas praias de Carcavelos, Fonte da Telha e da Rocha).

Na edição da iniciativa “Surf Salva para Todos“ de 2016, a LPCC realizou aproximadamente 500 rastreios, tendo resultado na identificação precoce de cerca de 10% dos casos, reencaminhados para as unidades de saúde, para o devido acompanhamento e/ou tratamento.

Direção-Geral da Saúde
Bolos, doces, bolachas, ‘snacks’ salgados, pizzas, refrigerantes e bebidas alcoólicas representam quase um quarto do consumo...

“Vinte e um por cento dos alimentos consumidos não estão incluídos na Roda dos Alimentos”, refere Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.

No caso das bebidas, apesar de a água ser a bebida mais consumida pela população portuguesa, o “consumo inadequado” de refrigerantes é uma realidade, sobretudo nps adolescentes, com um consumo médio de 164 gramas por dia.

São 43% os adolescentes que referem beber diariamente refrigerantes e consomem em média mais do que um refrigerante por dia.

O consumo de fruta e hortícolas encontra-se, a nível nacional, abaixo do que é recomendado e, pelo contrário, o consumo de carne, pescado e ovos está acima dos valores aconselhados.

Os resultados do consumo alimentar da população portuguesa revelam, segundo o relatório, “disparidades significativas” entre os diferentes grupos etários.

As crianças e os adolescentes são os que consomem maior quantidade de leite, iogurte e cereais de pequeno-almoço, mas em contrapartida são o grupo que menos ingere fruta e produtos hortícolas.

Em todas as faixas etárias a carne é mais consumida do que o pescado.

Através de dados do Inquérito Alimentar Nacional 2015/2016 e do Inquérito Nacional de Saúde Física realizado em 2015 e agora publicados, o relatório vinca que há uma “profunda desigualdade na distribuição da doença”, que é influenciada pelo gradiente social. No fundo, os menos escolarizados e mais pobres têm maior carga da doença e fazem piores escolhas alimentares.

No que se refere à obesidade infantil, que tem sido estudada nos últimos anos, Portugal apresenta alguma estabilização entre 2008 e 2013, embora ainda acima da média europeia.

Direção-Geral da Saúde
Quase sete em cada dez idosos portugueses apresentam carências de vitamina D e mais de metade ingere menos cálcio do que o...

Dados do projeto “Nutrition Up 65”, que integram o relatório do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, mostram que 14,5% das pessoas com mais de 65 anos exibiam risco de desnutrição e que 1,3% estavam efetivamente desnutridas.

“São perto de 15% [os idosos] em risco de desnutrição, o que significa uma faixa grande desta população que não é alimentada como devia”, comenta Pedro Graça, diretor do Programa.

Menos de um terço dos idosos portugueses apresenta um nível adequado de vitamina D, que é importante nomeadamente para a qualidade dos osos.

Quanto ao cálcio e à vitamina D, Pedro Graça afirma não ser contra a toma de suplementos, mas avisa que a população mais idosa deve ser seguida nutricionalmente por um profissional de saúde, a quem cabe o aconselhamento sobre a suplementação alimentar.

“As pessoas a partir dos 65 anos devem ter um apoio médico e nutricional relativo à sua alimentação, com os especialistas a identificarem os seus hábitos alimentares e a corrigi-los. Com uma alimentação saudável, não serão necessários suplementos, mas, se forem, só um profissional de saúde deve dar essa indicação”, afirmou o diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.

Na população idosa, também os indicadores de consumo de sal são problemáticos, com 85% das pessoas a partir dos 65 anos a consumirem mais sal do que o que é aconselhado (até cinco gramas por dia).

A prevalência de idosos com pré-obesidade e obesidade é também maior do que na população geral e rondam os 70% os que apresentam excesso de peso.

Pedro Graça sublinha que a população idosa “é uma população de risco que precisa de ser observada e cuidada”, indicando que foi a primeira vez que se detalharam alguns indicadores relativamente aos hábitos alimentares dos mais velhos, uma faixa que tem sido menos analisada.

“Há a necessidade de dar atenção muito particular às populações idosas, não só as institucionalizadas, mas também as que vivem nas suas próprias casas”, disse.

Alguns hábitos alimentares que se tinham ao longo da vida podem perder-se ou deteriorar-se, acrescentando a que a vontade de cozinhar só para si se vai perdendo, tal como se deteriora a capacidade de mastigar com o evoluir da idade.

Os idosos tendem ainda a começar a apreciar comidas mais doces e a preferir alimentos nutricionalmente menos ricos. É necessário então encaminhá-los para alimentos mais densos a nível nutricional e com menos energia.

Pedro Graça indica também que se trata de dados recolhidos “depois de três ou quatros anos de grande crise económica e social”, durante os quais muitos dos idosos foram inclusivamente um apoio fundamental para filhos e netos.

Presidente da República
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou na sexta-feira passada o diploma que cria o regime da carreira...

Além deste diploma do Governo, segundo uma nota divulgada na página da Internet da Presidência da República, foi igualmente promulgado o “diploma que define o regime legal da carreira aplicável aos técnicos superiores das áreas de diagnóstico e terapêutica, em regime de contrato de trabalho nas entidades públicas empresariais e nas parcerias em saúde, em regime de gestão e financiamento privados, integradas no Serviço Nacional de Saúde”.

Os dois diplomas tinham sido aprovados em Conselho de Ministros no início de julho, altura em que os técnicos de diagnóstico e terapêutica suspenderam a greve que estavam a realizar devido ao arrastar do processo, que se prolongava há 16 anos.

Os diplomas das carreiras já tinham sido objeto de acordo com o Governo em dezembro de 2016, mas nunca chegaram a ser aprovados.

De acordo com a nota divulgada no ‘site’ da Presidência da República foi também promulgado o diploma do Governo que cria um subsídio de penosidade pela prestação de serviço efetivo pelo pessoal da Autoridade Marítima Nacional a exercer funções nas Ilhas Selvagens, para compensar "o maior grau de desgaste físico e psíquico".

Para cumprir os "princípios de equidade e justiça retributiva", o subsídio que a partir de agora será atribuído é semelhante ao que recebem, desde 1994, os funcionários do Serviço do Parque Natural da Madeira - Reserva Natural das Ilhas Selvagens.

O Presidente da República promulgou também o diploma do executivo que “assegura a execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção”.

Este diploma reforça os poderes de fiscalização das entidades envolvidas no cumprimento da Convenção e revê o quadro das sanções aplicáveis.

Marcelo Rebelo de Sousa promulgou ainda o diploma que transpõem a diretiva relativa à “gestão coletiva dos direitos de autor e direitos conexos e à concessão de licenças multiterritoriais de direitos sobre obras musicais para utilização em linha no mercado interno”.

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