Relações sexuais

Falhas contracetivas aumentam nos meses de verão?

Aumento da libido, mais tempo juntos e maior disponibilidade dos casais leva a um maior número de relações sexuais e, consequentemente, ao aumento de falhas ou esquecimentos na sua contraceção regular.

O sol, as férias e o tempo livre fazem do verão uma época propícia de relaxamento e libertação das obrigações, tarefas, rotina e stresse diário. Os dias são maiores, fazendo com que tenhamos mais horas para nos dedicarmos a nós próprios e aos momentos de ócio. Inclusivamente nas relações pessoais, parece que o calor, menos roupa e o ambiente relaxado estimulam o desejo sexual.

Assim o afirmam diversos estudos que associam o aumento dos níveis de vitamina D, gerados pela exposição solar nos meses de verão, com o aumento dos níveis de testosterona1, hormona associada diretamente ao desejo sexual tanto nos homens como nas mulheres. Após estudar 2.299 voluntários, ficou demonstrado que os indivíduos que tinham elevadas quantidades de vitamina D apresentavam também um nível mais elevado de testosterona no sangue e, que se pareceu traduzir num aumento da libido2.

É por isso que, precisamente nesta época, não devemos esquecer a importância da utilização dos contracetivos para a prevenção de gravidezes não desejadas. Apesar de, segundo dados do último Inquérito sobre a Contraceção em Portugal desenvolvido pela Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC) e pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia, em 2015, 94,1% das portuguesas em idade fértil utilizar algum tipo de método contracetivo3, há uma elevada percentagem de casais que se expõem a relações sexuais desprotegidas.

Para Teresa Bombas, médica especialista em ginecologia e obstetrícia e presidente da SPDC, “a utilização inconsistente dos métodos contracetivos é arriscada e deve ser evitada. Os casais têm a ideia de que se encontram protegidos, mas é uma falsa perceção, e a possibilidade de uma gravidez não desejada, essa sim, é muito real. É por isso, essencial alertar que só um uso correto e regular de contraceção permite reduzir o risco de falha do método. E, consciencializar que, caso haja uma falha, existe ainda a possibilidade de fazer contraceção de emergência, para evitar uma gravidez não desejada”.

É, por isso, necessário insistir na informação sobre a importância da utilização correta dos métodos contracetivos regulares, sem esquecer que, caso alguma coisa corra mal e exista uma relação sexual desprotegida, existe uma segunda oportunidade – contraceção de emergência. A pílula de emergência, que pode ser adquirida de forma simples e sem receita na farmácia, deve ser tomada o mais rapidamente possível após uma relação sexual não protegida ou uma falha no método contracetivo utilizado.

Referências:
1 The effect of seasonal variation on sexual behaviors in males and its correlation with hormone levels: a prospective clinical trial. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5057046/
2 Association of vitamin D status with serum androgen levels in men. Dezembro de 2009. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20050857
3 “Avaliação das Práticas Contracetivas das Mulheres em Portugal”, de 29 de Maio de 2015, da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Sociedade Portuguesa de Contracepção

Fonte: 
Vânia Martins
Nota: 
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