Segurança Alimentar
O Governo da Coreia do Sul informou hoje ter detetado ovos contaminados com pesticidas nocivos, incluindo "fipronil",...

As autoridades sul-coreanas detetaram ovos contaminados com "fipronil" em cinco explorações, enquanto que noutras 18 foram encontrados "bifentrina" e outros pesticidas, indicou o Ministério da Agricultura.

Com estas são já 29 as explorações avícolas afetadas na Coreia do Sul, de acordo com dados da agência noticiosa sul-coreanaa Yonhap.

O "fipronil" é um pesticida usado para controlo de formigas, baratas e outros insetos e cujo uso está proibido em quintas avícolas. O inseticida "bifentrina" utiliza-se, por seu lado, em diversos cultivos agrícolas.

O Governo sul-coreano iniciou uma inspeção geral às 1.239 explorações avícolas registadas no país, depois de ter detetado, na terça-feira, "fipronil" em várias instalações.

As autoridades suspenderam temporariamente a venda de ovos nas principais lojas e supermercados do país para impedir que os ovos contaminados cheguem aos consumidores.

Em 2016, a Coreia do Sul foi obrigada a restringir a venda de ovos produzidos localmente, devido ao surto de gripe aviária, o que obrigou à importação de países como Austrália, Nova Zelândia, Dinamarca, Holanda, Tailândia e Espanha.

Até agora, o Executivo sul-coreano não deu conta de "fipronil" em ovos importados de outros países.

O pesticida "fipronil", de uso proibido em aves, gerou alarme na Europa, depois de ter sido divulgado que foi usado na Bélgica e na Holanda e de terem sido detetados produtos contaminados em 17 países.

Segundo especialistas, o "fipronil" representa um risco de intoxicação “muito improvável” para humanos que, tendo em conta os níveis máximos detetados na Bélgica e Holanda, teriam de consumir milhares de ovos contaminados ao longo da vida para sofrer efeitos adversos.

Teste de diagnóstico
Investigadores anunciaram terem desenvolvido um teste sanguíneo capaz de detetar precocemente vários tipos de cancro, ao...

O teste permitiu a uma equipa de cientistas dos Estados Unidos, da Holanda e da Dinamarca identificar com precisão, evitando resultados 'falsos positivos', mais de metade de uma amostra de 138 pessoas com cancro colorretal, da mama, do pulmão e do ovário numa fase relativamente inicial da doença.

Segundo o grupo de investigadores, o teste é uma novidade ao distinguir nas células sanguíneas entre alterações no ADN (material genético) provenientes de células cancerígenas e outras mutações genéticas que podem ser confundidas como biomarcadores do cancro.

As pessoas que poderiam, de acordo com a investigação, beneficiar mais com uma análise ao sangue deste tipo seriam os fumadores, que possuem risco acrescido de terem cancro do pulmão, e as mulheres com mutações genéticas hereditárias que estão na origem dos cancros da mama e do ovário.

"Este estudo mostra que identificar precocemente o cancro usando alterações do ADN no sangue é exequível e que o nosso método de sequência [de moléculas de ADN] de alta precisão é uma abordagem promissora", defendeu um dos cientistas, Victor Velculescu, professor de oncologia e patologia no Centro para o Cancro Johns Hopkins Kimmel, nos Estados Unidos, citado em comunicado pela Johns Hopkins Medicine, instituição de saúde norte-americana.

Para criarem o novo teste sanguíneo, Victor Velculescu e restante equipa utilizaram um tipo de sequenciação genómica (sequenciação de informação genética) que possibilita a correção direcionada no ADN.

O método de sequenciação permite descodificar 30 mil vezes cada código químico no ADN.

Para o seu estudo, os cientistas recolheram amostras de sangue e tecido tumoral de 200 doentes com cancro colorretal, da mama, do pulmão e do ovário em todas as fases da doença.

Posteriormente, procuraram no sangue por mutações em 58 genes associados a vários tipos de cancro. Ao todo, conseguiram detetar 86 de um total de 138 cancros em estádios I e II (fases iniciais).

Além disso, os investigadores realizaram a sequenciação genómica de tumores de 100 dos 200 doentes e descobriram que 82 pacientes tinham mutações genéticas relacionadas com as alterações no ADN detetadas no sangue.

Apesar dos resultados promissores, o teste sanguíneo, que pode ser usado em pessoas saudáveis, tem de ser validado com um número maior de pessoas, ressalva a equipa.

Em nenhuma das amostras de sangue de 44 pessoas saudáveis sujeitas ao teste foi detetada qualquer mutação genética derivada de células cancerígenas.

Restrições
A associação ambientalista Quercus congratulou-se hoje com a entrada em vigor da convenção que pretende restringir a...

A convenção de Minamata foi assinada e adotada em 2013 por 128 países e em maio passado foi validada formalmente após a ratificação por 50 países. Portugal ainda não é signatário do documento.

Minamata é o primeiro acordo ambiental multilateral da última década, diz a Quercus em comunicado, explicando que faz parte do “Grupo de Trabalho Mercúrio Zero” (organização internacional de 95 entidades de mais de 50 países), que há mais de uma década fala da necessidade de criar um acordo global como o que hoje entrou em vigor.

Lembra a Quercus no documento que o tratado “contem severas obrigações para os diferentes parceiros banirem a abertura de novas minas de exploração de mercúrio e encerrarem as minas em funcionamento”.

E inclui proibições de muitos produtos comuns e processos onde se usa o mercúrio, além de procurar reduzir o comércio e a redução da exposição da população, além de promover o armazenamento seguro da neurotoxina.

A Quercus lembra ainda que a primeira conferência entre os diferentes parceiros será entre 24 e 29 de setembro em Genebra, na Suíça, onde são esperados mais de 1.000 delegados e perto de 50 ministros.

Também hoje a associação ambientalista Zero já se tinha referido à convenção, apelando para que o Governo português a ratifique “rapidamente”.

O mercúrio é um metal líquido utilizado em instrumentos de medidas e em lâmpadas. Uma intoxicação por mercúrio pode levar à morte.

Investigação
Uma equipa que integra investigadores da Universidade do Minho demonstrou que as hexahidroquinolinas, usadas em fármacos para...

Em declarações à agência Lusa, Pedro Ferreira, investigador do Instituto de Ciências da Vida e da Saúde da Universidade do Minho, explicou que o estudo, publicado na revista Nature Microbiology, concluiu ainda que aquele grupo de fármacos atua igualmente na transmissão de parasitas resistentes aos antimaláricos atualmente utilizados.

Evita-se assim a "transmissão de resistência" ao tratamento da malária, doença que mata mais de 200 mil pessoas por ano, acrescentou Pedro Ferreira, que faz parte do grupo liderado pela Columbia University Medical Center (Nova Iorque, Estados Unidos).

"A maior particularidade desta descoberta é a demonstração de que estes novos compostos têm uma dupla ação. Atuam não só nos parasitas que causam a doença, mas também na sua forma transmissiva, uma ação muito rara nos fármacos e daí a grande novidade para o combate à malária", apontou o investigador do Instituto de Ciências da Vida e da Saúde da Universidade do Minho.

Característica essa que, explanou, "faz com que na prática possa ser possível tratar a doença e ao mesmo tempo reduzir a prevalência do parasita através do bloqueio da passagem do parasita de pessoa para pessoa através do mosquito".

O investigador apontou que as hexahidroquinolinas atuam ainda a um outro nível: "Há atualmente um grande problema de resistência aos fármacos e se estes parasitas resistentes forem transmitidos a resistência propaga-se, é o que tem acontecido com os antimaláricos que existem, são funcionais durante algum tempo mas depois as formas resistentes são transmitidas e vão perdendo a eficácia", referiu.

"Por isso, a potencialidade é que, e isto tem que ser testado e estudado, haja uma grande redução em termos de transmissão de resistência com estes fármacos porque para além de matar o parasita mata a forma transmissiva quer do parasita normal quer do resistente", salientou.

Incêndios
A Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP) alertou hoje para os “graves impactos” dos incêndios na “saúde respiratória” das...

Os incêndios florestais têm “graves impactos para o meio ambiente e para a saúde respiratória das populações”, sendo causa de inflamações na faringe, laringe, traqueia e brônquios, de infeções brônquicas e pulmonares e de “descompensação de doenças” como a asma, bronquiectasias e doença pulmonar obstrutiva crónica, afirmam os pneumologistas em comunicado.

Além de degradarem a fauna, a flora e os solos, os fogos são “fortemente poluentes, enviando para a atmosfera milhões de toneladas de gases com efeito de estufa” que têm “um marcado efeito nefasto sobre a saúde das populações”.

Segundo a FPP, este impacto faz-se sentir sobretudo nos grupos mais vulneráveis: os que combatem os incêndios, as crianças, os idosos, os doentes cardiovasculares e, principalmente, aqueles que sofrem de doenças respiratórias.

Para minimizar os riscos, os pneumologistas deixam alguns conselhos para quem estiver sujeito ao “ar poluído dos incêndios florestais”, rico em óxidos de carbono, compostos orgânicos voláteis e partículas respiráveis.

Assim, recomendem às pessoas que abandonem o local do incêndio e, em caso de não ser possível, que usem máscara ou um lenço humedecido.

Contudo, advertem, “as máscaras usadas para proteger do pó, não são eficazes para proteger” os “pulmões dos gases e de muitas das partículas finas do fumo”.

Os especialistas aconselham ainda a população para permanecer “o mais perto possível do solo, onde o calor e o fumo são menos intensos”, e a fechar as janelas e a calafetar as frinchas para evitar que o fumo entre na habitação.

Evitar permanecer ao ar livre, reduzir a atividade física, beber líquidos e não acender velas nem qualquer aparelho que funcione a gás ou a lenha, de modo a manter o nível de oxigénio dentro de casa o mais elevado possível, são outras medidas recomendadas.

A federação recomenda também às pessoas que tenham de atravessar de carro uma zona com fumo que mantenham as janelas e os ventiladores da viatura fechados e liguem o ar condicionado em modo de recirculação para evitar a entrada de ar exterior.

No caso de a pessoa estar sob tratamento respiratório deve “cumprir rigorosamente o esquema que lhe foi proposto pelo seu médico, sem esquecer a eventual medicação SOS”.

“Se a sua situação clínica se deteriorar, peça aos competentes serviços a sua evacuação para um hospital”, refere a Federação Portuguesa do Pulmão.

Investigação Médica
Investigadores do Porto estão a aproveitar espinhas e cartilagens de peixes para criar em sensores óticos que podem ser...

"Os ossos e as cartilagens do peixe são especialmente ricos em determinados biopolímeros [polímeros produzidos por seres vivos, como a celusose e o amido] denominados por glicosaminoglicanos (GAG)", disse à Lusa o investigador Manuel Augusto Azenha, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), entidade que lidera o projeto.

De acordo com o também professor da FCUP, os GAG são estruturas químicas flexíveis, capazes de adotar uma nova forma em função dos materiais ou susbstâncias com as quais entra em contacto, como é o caso dos poluentes ambientais e dos fármacos.

"Os GAG podem ser vistos como um fio", explicou o investigador, acrescentando que se esse fio "for atraído por uma substância, ele irá envolvê-la de uma maneira única, assumindo assim uma forma que dependerá do tamanho, geometria e outras características dessa substância".

A nova forma que o GAG adquire pode posteriormente ser "memorizada" e utilizada na construção de sensores óticos, que são dispositivos capazes de, em tempo real, indicar a presença e o teor daquela mesma substância, por exemplo, numa água natural ou num efluente industrial.

Os desperdícios utilizados no projeto são recolhidos na indústria pesqueira ou conserveira da região de Vigo, pelo Instituto de Investigações Marinhas (IIM-CSIC) de Vigo, um dos parceiros nesta investigação, responsável também pela extração e purificação dos GAG presentes nos desperdícios.

Tendo como data de conclusão junho de 2020, este projeto insere-se num plano de atividades do Centro Multipolar de Valorização de Recursos Marinhos, coordenado pela Universidade do Minho, é e liderado por investigadores da FCUP e do Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto (CIQUP).

Para além do Instituto de Investigações Marinhas (IIM-CSIC), de Vigo, participa ainda no projeto a Sarspec, empresa portuguesa especializada em espectroscopia.

É financiado pelo POCTEP - Programa de cooperação transfronteiriça Espanha-Portugal.

Plano Nacional de Saúde Mental
Nos próximos dias, a extensão do Plano Nacional de Saúde Mental entra em discussão pública.

O Plano Nacional de Saúde Mental para 2020 pretende trazer a todos os hospitais centrais do país unidades de internamento psiquiátrico e serviços locais de saúde mental. A informação foi avançada pelo autor do relatório da Comissão Técnica de Acompanhamento da Reforma da Saúde Mental ao jornal Público.

Em entrevista ao diário, António Leuschner, membro da Comissão Técnica de Acompanhamento do programa, afirmou que “o desejável é que até 2020 todos os hospitais centrais tenham unidades de internamento [psiquiátrico] ”, acrescentando que essas unidades devem ter internamento de inimputáveis (pacientes que cometeram crimes).

Para se juntar à unidade forense no Hospital Sobral Cid e à do Hospital Júlio de Matos deverá ser criada a do Hospital Magalhães Lemos, no Porto, segundo explicou ao matutino o porta-voz do Plano Nacional de Saúde Mental para 2020.

Nos próximos dias, a extensão deste plano nacional de saúde entra em discussão pública. Apesar de o documento ter chegado com atraso à mesa do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, devido a um erro informático, o mesmo foi redigido em harmonia com o Plano Nacional de Saúde e tem em conta o Plano de Ação Global para a Saúde Mental da Organização Mundial da Saúde e as Linhas de Ação Estratégica para a Saúde Mental e Bem-estar da União Europeia.

Infeções do trato respiratório
Assiste-se a uma mudança de tendência nas principais causas de morte em África.

O HIV/SIDA já não é a principal causa de morte no continente africano, mas a boa notícia não deve ser sobrevalorizada. A doença mantém-se no topo das principais causas de morte em África, mas agora em segundo lugar, quando antes se encontrava no primeiro.

A nova estatística de causas de morte em África, elaborada pela organização “Africa Check”, indica que no topo da lista estão as infecções do trato respiratório. As doenças mais comuns nesta categoria são a bronquite e a pneumonia, responsáveis por 16% da mortalidade de crianças abaixo dos cinco anos a nível global.

Em 2015 o vírus HIV/SIDA causou 760 mil mortes, quando em 2010 foram cerca de um milhão. A educação e prevenção da doença foram uma das razões para que esta tenha deixado de ser a principal causa de morte em África.

A terceira principal fonte de mortalidade no continente são as doenças diarreicas causadas por infecções virais, bacterianas e parasitárias. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano, 88% das mortes desta categoria ocorrem por falta de condições sanitárias e por inexistência de água potável.

A quarta causa são os acidentes vasculares cerebrais (AVC). Nos últimos cinco anos os AVC aumentaram no continente africano, de 406.595 (4,4% das mortes totais em África) para 451.000 mortes (4,9%) em 2015, segundo a “Africa Check”.

A mudança de tendência da mortalidade para as causas de morte mais tradicionais, associadas aos países desenvolvidos, dever-se-á manter. Esta alteração provém do aumento da urbanização e de um melhor acesso a cuidados de saúde por parte das populações.

Relembre-se, porém, que em 2015 na África Ocidental, nomeadamente na Guiné, Libéria, Serra Leoa, Nigéria, Senegal e Mali, ocorreu um surto do vírus do ébola, causando milhares de mortes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) caracterizou o surto como epidemia e várias organizações não-governamentais, como, por exemplo, os Médicos Sem Fronteiras, estiveram no terreno a combater o surto do vírus. Em janeiro de 2016 o surto de ébola foi oficiamente dado como extinto.

Bactéria multirresistente
O primeiro caso português de infeção por uma bactéria de uma estirpe híper-virulenta, e com uma característica genética que...

O caso está documentado na edição de junho da Acta Médica Portuguesa, a revista científica da Ordem dos Médicos, e dá conta de uma mulher portuguesa de 64 anos “sem história de viagens ou exposição a produtos de origem asiática”, a quem foi diagnosticado abcesso hepático, causado por uma estirpe híper-virulenta da bactéria Klebsiella pneumoniae serotipo K1.

Esta estirpe é responsável por uma síndrome invasiva infeciosa, caracterizada por abcessos hepáticos com manifestações extra-hepáticas.

“Inicialmente identificada em Taiwan, tem aumentado significativamente em vários países da Ásia, e mais recentemente na Europa e América do Norte, conferindo a esta entidade um carácter emergente e global”, lê-se na publicação.

Os autores do artigo – Aida Pereira e Tiago Petrucci, do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN), e Maria João Simões, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) - apresentam o caso clínico de uma mulher de 64 anos, caucasiana, portuguesa, sem antecedentes pessoais ou epidemiológicos, como viagens ou exposição a produtos asiáticos, na qual foi diagnosticada, abcesso hepático piogénico complicado de derrame pleural por esta estirpe híper-virulenta.

O caso, tratado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com terapêutica antibiótica combinada com drenagem percutânea, permitiu a identificação do primeiro caso de síndroma invasiva infeciosa por ‘klebsiella pneumoniae’ do clone híper-virulento ST23 documentado em Portugal.

Segundo os autores, este serotipo K1 tem sido “raramente identificado nos países ocidentais, não estando esclarecida a razão da sua emergência”.

Na doente em causa, “não foi possível estabelecer uma cadeia epidemiológica evidente, dada a ausência de risco (comorbilidades, viagens, contactos com produtos ou população asiática)”.

Os autores apontam como uma possível explicação para a identificação do caso português de estirpe híper-virulenta de ‘K. pneumoniae’, numa doente sem comorbilidades ou contacto direto com produtos ou população asiática, “a aquisição do agente através de exposição ambiental local”.

“A presença desta estirpe no meio ambiente pode resultar da imigração asiática e consequente importação dos seus produtos e hábitos alimentares, assim como a sua flora comensal”, prosseguem os autores.

Por outro lado, acrescentam, “não é de desvalorizar o contacto, resultante da globalização e deslocação da própria população portuguesa a países endémicos, importando consequentemente a flora local”.

“Do ponto de vista de saúde pública, seria de todo o interesse fazer um estudo epidemiológico da comunidade geral (através do rastreio das fezes de potenciais portadores assintomáticos), com o objetivo de controlo da disseminação deste e de outros agentes altamente virulentos”, defendem os autores.

Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Doenças Infeciosas e Microbiologia Clínica, Fernando Maltez, trata-se de “mais uma bactéria multirresistente, que torna muito difícil a terapêutica, pois dificulta a atividade dos antibióticos disponíveis”.

Este tipo de bactérias, referiu, ultrapassa os antibióticos que vão sendo inventados.

“Não é um problema de Portugal, é um problema dos cuidados de saúde, pois temos cada vez mais idosos, usamos meios cada vez mais invasivos e dispomos de cada vez mais terapêuticas imunossupressoras e biológicas, que proporcionam as infeções”, explicou.

Sobre este caso, Fernando Maltez referiu que se destaca por ter “uma característica genética que ainda não tinha sido identificada em Portugal”, mas sublinhou que “não merece mais preocupação que as outras”.

Novo caso
A Hungria tirou hoje do mercado produtos desenvolvidos a partir de ovos contaminados com o pesticida tóxico fipronil,...

Com este novo caso, eleva-se para 17 o número de países da União Europeia (UE) afetados por esta crise dos ovos contaminados com fipronil, que também abrange a Suíça, o território de Hong Kong e a Coreia do Sul.

A entidade húngara precisou que ordenou a retirada do mercado de produtos congelados destinados à confeção de pratos asiáticos.

“A empresa húngara só fornecia restaurantes”, indicou a agência de segurança alimentar húngara, precisando que os clientes do fornecedor foram já informados.

A retirada destes produtos foi decidida após a Alemanha ter notificado hoje o Sistema de Alerta Rápido para os Géneros Alimentícios e Alimentos para Animais (RASFF) da União Europeia (UE). As autoridades alemãs informaram que vestígios de fipronil tinham sido detetados nos produtos importados.

Em grandes quantidades, o fipronil, usado para eliminar ácaros e insetos, é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “moderadamente tóxico” para o homem. O uso deste pesticida é expressamente proibido em animais destinados ao consumo humano.

A “crise” dos ovos contaminados iniciou-se a 20 de julho, quando a Bélgica alertou as autoridades comunitárias de que tinha detetado ovos contaminados.

Oito dias depois, a Holanda lançou um alerta alimentar por suspeita de contaminação, mas foi só a 03 de agosto é que as autoridades holandesas advertiram de que, em alguns lotes de ovos, a quantidade do pesticida era superior aos limites e poderia representar um perigo para a saúde dos consumidores.

A Comissão Europeia já informou que vai reunir-se com representantes dos países afetados por esta crise a 26 de setembro.

Em Portugal, segundo a Direção-Geral da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural (DGAV), os ovos em causa não estão à venda.

Fipronil
O ministro da Agricultura francês, Stéphane Travert, reconheceu que "provavelmente" continuem à venda em França ovos...

Numa entrevista divulgada hoje pelo Le Parisien, Travert insistiu que, de qualquer maneira, o “risco para a saúde é muito baixo”, tendo em conta a concentração deste inseticida nos ovos e os “hábitos alimentares dos franceses”.

Justificou o atraso em conhecer-se a extensão do problema dizendo que "a situação está em constante evolução” e que foram recebendo “informações lote a lote, ponto de entrada por ponto de entrada, ou seja, a conta-gotas”.

Na segunda-feira, o seu departamento informou que identificou seis novos centros de processamento (14 no total até agora) e 40 estabelecimentos comerciais grossistas em França que importaram 45,4 toneladas de derivados de ovos contaminados com fipronil.

O ministro observou que "alguns produtos chegam à França, são transformados e vão para outros países".

Travert também prometeu publicar "nos próximos dias, conforme se conheçam os resultados da análise", os nomes “do conjunto dos produtos contaminados, com marcas, números de lote, a sua preparação e a data em que foram colocados no mercado”.

Isso só será feito com os produtos com uma taxa de contaminação acima do limite autorizado.

Uma vez identificados e retirados do mercado, será recomendado aos distribuidores que informem os consumidores dos lotes em causa para que os evitem consumir. Será pedido o retorno dos produtos já vendidos nos casos em que o limite de contaminação do inseticida seja excedido, o que, por enquanto, não aconteceu em qualquer análise feita.

Até ao final da semana passada, o Ministério da Agricultura estimava em 250.000 o número de ovos vendidos em França com fipronil.

“Houve uma falha de transmissão de informação entre Holanda, Bélgica e os outros Estados membros da União Europeia. Por exemplo, não sabemos de forma segura quando começou este assunto”, lamentou o ministro.

Assim, o ministro francês pediu uma reunião europeia de emergência para partilhar todos os elementos, para analisar em conjunto e tomar decisões sobre a gestão desta crise.

Relatório
Em algumas províncias rurais angolanas as mulheres chegam a ter pelo menos oito filhos, com intervalos entre partos que chegam...

Numa análise à situação das mulheres com idades entre os 15 e os 49 anos, o estudo, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano em conjunto com o Ministério da Saúde, e consultado hoje pela Lusa, refere que a taxa global de fecundidade em Angola é de 6,2 filhos por mulher, sendo mais elevada nas áreas rurais (8,2) do que nas áreas urbanas (5,3).

Ou seja, em média, as mulheres que vivem nas áreas rurais têm mais três filhos do que as mulheres das áreas urbanas. A taxa global de fecundidade varia de 4,5 filhos em Luanda, a capital angolana, para 8,6 filhos na província do Bié, no centro do país.

Além disso, o IIMS, que teve a assistência técnica do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), conclui que o intervalo médio entre nascimentos aumenta acentuadamente com a idade, de 24,9 meses entre as mães de 15 aos 19 anos, para 36,1 meses entre as mulheres de 40 a 49 anos.

Já à medida que o nível de escolaridade e socioeconómico aumenta, a taxa de fecundidade diminui. Nas camadas socioeconómicas mais baixas, o estudo refere que o intervalo entre partos chega a ser, em média, de apenas 11,5 meses.

"Adiar os primeiros nascimentos e alargar o intervalo entre os partos contribuíram para a redução dos níveis de fecundidade em muitos países. Em contrapartida, os intervalos curtos entre os partos, menos de 24 meses, podem conduzir a graves consequências para as mães e os recém-nascidos, tais como partos prematuros, peso baixo à nascença e mortes", admite o estudo, nas suas conclusões.

Em Angola, uma em cada três mulheres teve o primeiro parto antes dos 18 anos e mais de metade (55%) teve o primeiro parto antes dos 20 anos.

"A procriação em tenra idade está igualmente associada a riscos e ao aumento de complicações durante a gravidez e no parto, o que perfaz taxas mais elevadas de mortalidade neonatal", sublinha o estudo.

Dermatologistas alertam
A Associação Portuguesa do Cancro Cutâneo (APCC) apelou hoje à população para estar atenta à qualidade dos protetores solares,...

“No mercado surgem loções ditas bronzeadoras, aceleradoras de bronzeamento, que dizem ter uma proteção” solar de seis, 15 ou 30, “o que pode iludir as pessoas”, disse à agência Lusa o secretário-geral da associação, Osvaldo Correia.

Segundo o dermatologista, o mercado das loções bronzeadoras não está regulamentado, ao contrário do que acontece com os protetores solares, devendo por isso ser evitadas, porque podem ser “prejudiciais para a saúde” ao conferirem uma falsa proteção.

Perante este risco, o dermatologista deixou um alerta dirigido especialmente aos jovens: "não se iludam com os bronzeadores na questão da cor e, sobretudo, na questão de uma falsa proteção”.

Apesar de não haver dados oficiais, Osvaldo Correia disse que “é crescente” o número de “queimaduras surpresa que as pessoas estão a ter”, mesmo utilizando protetores solares que dizem ter um índice elevado.

“Quem faz vivência clínica de dermatologia” tem a “perceção clara” de que as pessoas ficam surpreendidas por utilizarem protetores com um índice 30 ou 50 e ficarem com “pigmentações inestéticas”, alergia ao sol ou “vermelhidão seguida de escamação”.

Estas loções também “criam o mito de que o moreno é saudável”, mas “uma pele bronzeada em excesso é uma pele envelhecida e ninguém gosta que se diga que tem uma pele velha numa época em que o que se quer é rejuvenescer e não envelhecer”.

Mas também há cuidados a ter na escolha dos protetores solares e na forma como são aplicados.

“Hoje temos, nos próprios protetores solares, formas fluídas, transparentes, invisíveis, espumas que, na forma e na quantidade como as pessoas habitualmente as colocam, não dão a proteção que as pessoas julgam que dão (30 ou 50)”, sublinhou.

Para conferirem “uma camada suficiente”, que se aproxime do que foi testado em laboratório, a sua aplicação deve ser feita várias vezes no mesmo local.

“Na prática, teríamos que aplicar quase uma embalagem de 50ml para uma parte significativa do corpo, o que não se faz”, elucidou.

Quando estas formas fluídas são associadas aos “aceleradores de bronzeamento” o risco aumenta.

Nas pessoas de pele relativamente morena, um índice de proteção baixo “é suficiente para não ficarem vermelhas, mas estão expostas aos raios ultravioleta A”, que também agridem a pele.

Portanto, a população deve estar atenta à qualidade, quantidade e apresentação do protetor, que “não deve ser utilizado para prolongar o tempo de exposição nos dias de ultravioletas especialmente elevados, como tem acontecido nas últimas semanas e, até diria, nos últimos meses, em Portugal”.

Segundo o médico, “é crescente” o número de pessoas com cancro de pele em idades jovens, a começar nos 20, 30 anos, resultado de exposições prolongadas ao sol.

“Temos de pensar que a agressão de hoje pode ter como consequência negativa o amanhã, e o amanhã pode não ser quando somos idosos”, salientou, lembrando que "a regra mais importante é sombra aumentada, hora apropriada".

Estima-se que surjam este ano mais 12.000 novos casos de cancro de pele, 1.000 dos quais casos de melanoma, o tipo mais grave.

Osvaldo Correia observou que que a população está "mais bem informada", mesmo os próprios jovens, "a prática é que nem sempre condiz com o conhecimento".

“Saber conviver com o sol, é um ato de bom senso”, disse, lembrando que os dermatologistas são “a favor da exposição ao sol”, mas no final ou no início do dia.

Novo caso
As autoridades da Coreia do Sul anunciaram esta 3ª feira que detetaram ovos contaminados com o pesticida 'fipronil'...

O Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais sul-coreano informou que alguns ovos testaram positivo à presença de 'fipronil' numa quinta em Namyangju, a leste de Seul.

Desconhece-se que proporção do produto estava contaminado, sabendo-se apenas que a quinta, que conta com cerca de 80 mil galinhas poedeiras, produz cerca de 25 mil ovos por dia.

O Ministério decretou a proibição de produção para quintas com mais de três mil aves, até que seja finalizada uma inspeção de fundo, informou a agência noticiosa sul-coreana Yonhap.

A Coreia do Sul teve de restringir a venda de ovos produzidos no seu território, devido ao surto de gripe aviária detetado desde 2016, que obrigou à importação de países como a Austrália, Nova Zelândia, Dinamarca, Holanda, Tailândia e Espanha.

Até agora não há informação de que o 'fipronil' tenha sido detetado em ovos importados.

Após o anúncio de hoje, três dos principais retalhistas sul-coreanos ((Homeplus, E-Mart e Lotte Mart) anunciaram a suspensão da venda de ovos até que se conheçam os resultados da inspeção.

O pesticida 'fipronil', de uso proibido em galinhas, gerou alarme na Europa, após ter sido divulgado que foi usado na Bélgica e na Holanda, e depois de terem sido detetados produtos contaminados em 17 países.

Segundo especialistas, o 'fipronil' representa um risco de intoxicação “muito improvável” para humanos. Tendo em conta os níveis máximos detetados na Bélgica e Holanda, uma pessoa teria de consumir milhares de ovos contaminados ao longo da vida para sofrer efeitos adversos.

Obesidade
O peso em excesso aumenta o risco de ataque cardíaco em mais de um quarto, mesmo que as pessoas sejam consideradas saudáveis,...

Os investigadores consideraram que o excesso de peso ou a obesidade aumentam o risco de doenças coronárias em 28%, em comparação com as pessoas que têm um peso saudável, mesmo com níveis normais de pressão arterial, açúcar no sangue ou colesterol.

O estudo deita por terra o mito do “gordo saudável” e alerta para a necessidade de as pessoas manterem um peso dentro de parâmetros normais.

Os investigadores, do Imperial College de Londres e da Universidade de Cambridge, lembram que o armazenamento de gordura no organismo está associado a alterações metabólicas (aumentos da pressão arterial, açúcar no sangue e colesterol) mas que estudos mostraram que algumas pessoas obesas eram consideradas “metabolicamente saudáveis”.

Mas acrescentaram que não é a aparente saúde que diminui os riscos de quem tem excesso de peso, comparando com aqueles que têm um peso considerado normal.

O estudo, o maior do género feito até agora, usou dados de mais de meio milhão de pessoas em 10 países europeus (do European Prospective Investigation into Cancer and Nutricion) para mostrar que o excesso de peso está associado a um risco aumentado de doenças cardíaca, mesmo em casos de perfil metabolicamente saudável.

“Os nossos estudos indicam que se uma pessoa está com excesso de peso ou obesidade todos os esforços devem ser no sentido de a ajudar a voltar a um peso saudável, independentemente de outros fatores. Mesmo que a sua pressão arterial, açúcar no sangue e colesterol estejam dentro dos valores normais o excesso de peso é um fator de risco”, alertou a principal autora do estudo, Camille Lassale, do Imperial College.

Para o estudo, publicado na revista European Heart, os investigadores analisaram a ligação entre o excesso de peso e o risco de doenças coronárias (insuficiência dos vasos sanguíneos que irrigam o coração), que levam a ataques cardíacos.

“Penso que já não há mais esse conceito de gordura saudável”, disse Ioanna Tzoulaki, do Imperial College.

IPMA
Portugal apresenta hoje um risco ‘muito elevado” de exposição à radiação ultravioleta (UV), com exceção para a ilha açoriana do...

Para as regiões com risco 'muito elevado', o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o UV é 'baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

O IPMA prevê para hoje, em Portugal continental vento noroeste, por vezes forte durante a tarde no litoral oeste e terras altas, céu pouco nublado ou limpo, apresentando períodos de maior nebulosidade no litoral Centro até meio da manhã e pequena descida da temperatura mínima nas regiões do Norte e Centro.

Para os Açores aguarda-se céu pouco nublado, mas com possibilidade de chuviscos no grupo Ocidental.

Na Madeira, o céu vai estar geralmente pouco nublado, apresentando períodos de maior nebulosidade nas vertentes norte e ilha de Porto Santo até meio da manhã e no final do dia. O vento será fraco a moderado, soprando moderado a forte nas terras altas, em especial durante a tarde. Está também prevista uma pequena subida da temperatura máxima nas terras altas.

As temperaturas vão oscilar entre os 24 graus celsius em Viana do Castelo, Braga, Sines e Sagres e os 36 em Beja e Évora.

Luta contra o cancro
Um projeto português que cria novos métodos para diagnosticar as alterações genéticas que conferem risco para o cancro gástrico...

Este projeto visa estudar o gene da proteína E-caderina, cujas mutações são a causa mais conhecida de cancro gástrico hereditário, explicou à Lusa a investigadora Joana Figueiredo, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), inserido no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).

Segundo a líder da investigação, quando essa proteína não é funcional no estômago, as células gástricas estão em alto risco de se tornarem cancerosas, invadirem silenciosamente o estômago e se disseminarem, sem formar um tumor que seja detetável.

Os novos testes desenvolvidos pela equipa, nos quais são utilizadas técnicas de análise de imagem, permitem verificar a quantidade e a localização dessa proteína, bem como detetar anomalias na organização das células constituintes de um tecido.

Ao longo do projeto, a equipa tem também ajudado famílias portadoras de alterações genéticas, indicando-lhes se as mutações que possuem podem ou não causar cancro gástrico.

Até à data, o grupo já avaliou famílias provenientes de 18 países, desde a Nova Zelândia, o Canadá ou o Vietname, ajudando a equipa clínica a desenvolver um aconselhamento genético informado e a tomar uma decisão terapêutica adequada.

O projeto "Todays present, tomorrow´s future on the study of germline E-cadherin missense mutations" já tinha sido financiado, em 2015, pela associação americana de doentes com cancro gástrico hereditário ‘No Stomach for Cancer', que se dedica a apoiar a investigação na triagem, deteção precoce, tratamento e prevenção do cancro do estômago.

Para a investigadora, este segundo financiamento representa o reconhecimento internacional do trabalho do grupo por parte da associação e uma aposta em estratégias diferenciadoras com impacto direto na vida dos doentes.

O apoio agora atribuído vai ser aplicado na execução de experiências que simulem o que se passa a nível do tecido gástrico ao longo do tempo, com o objetivo de monitorizar a morfologia e a atividade das células, determinando, assim, as alterações que permanecem por classificar.

"Mais importante ainda, este financiamento vai permitir que continuemos a oferecer o serviço de avaliação funcional destas alterações genéticas a pacientes de todo o mundo, sem qualquer custo. É um serviço único, prestado exclusivamente pelo nosso grupo no IPATIMUP/i3S", concluiu Joana Figueiredo.

Da equipa fazem ainda parte os investigadoras Raquel Seruca, Joana Paredes, e Soraia Melo, do IPATIMUP/i3S, e João M. Sanches, do Instituto de Sistemas e Robótica e do Departamento de Bioengenharia do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa (ISR/IST). 

Dívida
Os pagamentos em atraso dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde aos fornecedores externos atingiram em maio os 739 milhões...

Os dados contidos na monitorização mensal da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) revelam que, entre dezembro de 2016 e maio deste ano, os pagamentos em atraso dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aos fornecedores externos cresceram 195 milhões de euros, atingindo os 739 milhões de euros.

Os dados de maio apontam para uma dívida total de 1592 milhões de euros, com os valores da dívida vencida (valor após a data de vencimento da fatura) e os dos pagamentos em atraso (valores em atraso 90 dias após o vencimento da fatura) a apresentarem um crescimento alarmante: 23,6% (1160 milhões de euros) e 22,2% (739 milhões de euros), respetivamente.

Este crescimento anula a redução conseguida no final de 2016, o que tem feito com que PSD e CDS tenham por diversas vezes questionado o ministro da Saúde em sede de comissão parlamentar. Tal aconteceu em março, quando Miguel Santos, deputado do PSD, apontou uma derrapagem nas contas e lembrou que o SNS havia recebido em dezembro “uma almofada de 220 milhões de euros das Finanças e mesmo assim fechou 2016 com um saldo de menos 200 milhões”. “Já falou com as Finanças para assegurar mais cheque para o final do ano?”, questionava no fim daquela intervenção.

Na altura, Adalberto Campos Fernandes afirmou que o valor estava inscrito em Orçamento do Estado e que, durante o governo PSD-CDS, houve uma sucessão de “transferências superiores a esta”. Fernandes acrescentou ainda que “se neste ano for necessário poderá acontecer situação semelhante”, e concluiu lembrando que 2016 foi o melhor fecho de contas do SNS “de sempre”.

Farmacêuticas também reclamam
A indústria farmacêutica também reclama dívidas aos hospitais. Em junho, a dívida global dos hospitais do SNS às empresas de medicamentos e diagnósticos ascendia a 930,8 milhões de euros, sendo praticamente dois terços respeitantes a dívida vencida (superior a 90 dias), de acordo com os dados da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma).

Ao DN, a associação afirmou que esta dívida total “tem vindo a aumentar de forma consistente”, registando agora “valores que se aproximam dos que atingimos no período de assistência financeira, em 2012, ano em que se atingiram os valores mais elevados”. Ainda de acordo com as declarações da Apifarma, a dívida vencida também tem crescido, com o prazo médio de pagamento a fixar-se nos 351 dias, o que, para a Apifarma é uma forma de, “no fundo, a indústria farmacêutica está a financiar o Estado a custo zero, o que tem implicações nas empresas”. Uma situação que, acrescenta, “se tem arrastado no tempo”.

A associação da indústria farmacêutica afirma ainda que “os hospitais sofrem de um problema crónico: o subfinanciamento”, e defende a criação de uma lei de meios do SNS. “A solução passa por rever o modelo de financiamento, que deve ser feito num quadro plurianual e adequado às necessidades, em vez de estar sujeito a constrangimentos e negociações em cada Orçamento do Estado. Uma ideia defendida também pelo Presidente da República”, conclui a associação.

Suspeita de fraude
A passagem de atestados médicos para a carta de condução por via eletrónica permitiu identificar cinco casos suspeitos de...

Em declarações à agência Lusa, o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) – organismo que em conjunto com Direção Geral da Saúde DGS) é responsável pela desmaterialização do atestado médico para a carta de condução – afirmou que os casos serão agora avaliados pelo grupo de apoio à fraude do Ministério da Saúde.

Em causa está um volume de atestados médicos diários muito acima do normal, sendo que, em média, um clínico passa por dia dois atestados médicos para a carta de condução.

Um dos cinco casos suspeitos é de um médico que atingiu um volume de 60 atestados diários e que, por isso, “vai ser investigado”.

“É uma análise ainda muito preliminar que nos permite perceber que há aqui padrões de passagem de atestados que merecem uma investigação mais aprofundada”, disse Henrique Martins.

As primeiras emissões eletrónicas de atestados médicos para a carta de condução foram registadas no dia 01 de março deste ano, altura em que começou a fase piloto nos cuidados de saúde primários.

A 14 de março arrancou a fase piloto nos hospitais e a 15 de maio passou a ser obrigatória a emissão e transmissão eletrónica destes atestados.

A nova forma desmaterializada de atestado médico para a carta de condução permite ao cidadão dirigir-se ao médico e solicitar um atestado médico, sem que depois precise de se dirigir aos serviços do Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT), porque o seu atestado é enviado eletronicamente.

“Mais de 120 mil pessoas [123.608] beneficiaram deste serviço eletrónico, poupando assim estas deslocações, ao mesmo tempo que ficamos com uma base de dados que nos permite identificar situações de risco e acompanhar a emissão dos atestados”, disse Henrique Martins.

Para o presidente deste organismo do Ministério da Saúde, esta desmaterialização “torna mais fácil a auditoria clínica”, embora continue a “ser possível emitir atestados em que não se verificou todas as circunstâncias, isso é uma responsabilidade do profissional médico”.

Desta forma, o IMT pode identificar situações em que, por exemplo, um cidadão a quem tenha sido negada a emissão de um atestado médico, por não estarem reunidas todas as condições, o consiga junto de outro clínico.

Os SPMS desconhecem casos de médicos que apenas se dediquem à passagem de atestados e referiu que, apesar das resistências iniciais dos médicos, esta forma de prescrição está a ser bem aceite pelos clínicos.

“A média de uma consulta com emissão de atestado e uma sem emissão de atestado varia dois minutos, o que não é significativo para um médico de família que, no máximo, passe dois atestados por dia”, disse.

Em 2015 foram registados mais de 600 mil pedidos de atestados médicos pata a carta de condução.

 

Receitas falsas
A maior parte envolve médicos e farmacêuticos que utilizam esquemas de receitas falsas para comprar medicamentos com...

Entre janeiro do ano passado e junho deste ano, registaram-se suspeitas de fraude ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) na ordem dos 59,1 milhões de euros, de acordo com os relatórios apresentados pela Administração Central do Sistema de Saúde e divulgados esta segunda-feira pelo Correio da Manhã.

Na generalidade, as suspeitas registadas têm que ver com médicos e farmacêuticos que utilizam esquemas de receitas falsas para comprar medicamentos com comparticipações estatais, sendo que, mais tarde, as revendem e obtêm uma margem de lucro significativa, explicita o CM.

Nos primeiros seis meses do ano, as autoridades – Polícia Judiciária, Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e Infarmed – receberam casos nos quais estão implicados 21,1 milhões de euros. Já no primeiro trimestre de 2016 foram reportados às autoridades 20 casos suspeitos– a maior parte (16) envolvendo médicos.

Ao Centro de Conferência de Faturas compete analisar as receitas e os documentos associados às prescrições médicas comparticipadas pelo SNS de forma a perceber se houve fraude.

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