Ministro da Saúde
A sede da Autoridade Nacional do Medicamento vai ser mudada de Lisboa para o Porto, anunciou o ministro da Saúde.

Segundo Adalberto Campos Fernandes, a instalação da sede do Infarmed no Porto ocorrerá a partir de 01 de janeiro de 2019.

O anúncio da transferência da sede do Infarmed para o Porto acontece um dia depois de a cidade ter sido afastada da corrida à sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA), tendo Amesterdão sido escolhida para o efeito.

Adalberto Campos Fernandes fez o anúncio durante o encerramento da VIII Conferência Anual do Health Cluster Portugal, que decorreu em Lisboa com o tema "Saúde em Portugal: construir consensos para 2020 e mais além".

“A data fixada para a mudança é 1 de janeiro de 2019. Temos um ano para em conjunto com o Infarmed e a Câmara do Porto encontrar as melhores soluções que permitam que o Infarmed mantenha a sua atividade sem nenhum tipo de desarticulação”, afirmou o ministro em declarações aos jornalistas no final da conferência.

Lisboa vai manter um “polo regional” do Infarmed e a instalação no Porto será feita de forma progressiva.

Adalberto Campos Fernandes estima que dentro de dois ou três anos cerca de 70% dos recursos do Infarmed estarão instalados no Porto.

Embora rejeite que esta mudança é uma compensação pelo facto de o Porto não ter sido escolhido para receber a Agência Europeia do Medicamento, o ministro considera que é “o reconhecimento de um enorme trabalho” feito pela região Norte.

Questionado sobre os custos que envolverá esta transferência de sede, Campos Fernandes nada adiantou.

O Infarmed é um organismo central com jurisdição sobre todo o território nacional que até agora tem funcionado com a sede no Parque da Saúde, em Lisboa.

A missão do Infarmed é “regular e supervisionar os setores dos medicamentos, dispositivos médicos e produtos cosméticos, segundo os mais elevados padrões de proteção da saúde pública, e garantir o acesso dos profissionais da saúde e dos cidadãos a medicamentos, dispositivos médicos, produtos cosméticos, de qualidade, eficazes e seguros”, segundo informação no site do organismo.

Cabe ao Infarmed “contribuir para a formulação da política de saúde, designadamente na definição e execução de políticas dos medicamentos de uso humano, dispositivos médicos e produtos cosméticos”.

Outra das atribuições do Infarmed é “regulamentar, avaliar, autorizar, disciplinar, fiscalizar, verificar analiticamente, como laboratório de referência, e assegurar a vigilância e controlo da investigação, produção, distribuição, comercialização e utilização dos medicamentos, dispositivos médicos e produtos cosméticos, de acordo com os respetivos regimes jurídicos”.

“Assegurar a regulação e a supervisão das atividades de investigação, produção, distribuição, comercialização e utilização de medicamentos de uso humano, dispositivos médicos e produtos cosméticos” é outra das funções do Infarmed.

O Infarmed “presta e recebe colaboração dos serviços e organismos da administração direta e indireta ou autónoma do Estado, no âmbito das suas atribuições”, conforme definição que consta no site do organismo.

Este organismo é atualmente presidido pela pediatra Maria do Céu Machado.

Ministério Público
O Ministério Público arquivou o inquérito à divulgação de dados de 230 mil utentes dos Açores, “por não se terem recolhido...

O inquérito foi desencadeado com a participação da empresa pública Saudaçor, que gere os recursos e equipamentos de saúde dos Açores, após a revista Exame Informática ter noticiado em março que dados de quase todos os habitantes dos Açores estiveram expostos no 'site' da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo.

"O ficheiro tinha o nome 'Exportação Utentes SRSA para Reembolsos'. Quem o descobria na Internet tinha uma surpresa: numa grelha Excel estão os dados de mais de 230 mil habitantes dos Açores", incluindo "nomes completos, número fiscal, e de utente dos serviços de saúde regionais, moradas, datas de nascimento e números de telefone e/ou telemóveis", informou a revista.

Na participação, a Saudaçor pretendia ver apreciada a responsabilidade criminal de um engenheiro, constituído arguido, que contratou para a “execução da plataforma informática para o Sistema de Gestão de Reembolsos nos Açores”, por ter “desenvolvido idêntica plataforma para a ARS Alentejo”.

O arguido prestou o serviço a partir de Évora e, após a situação ter sido tornada pública, a Saudaçor, que queria ver também apuradas responsabilidades criminais da ARS Alentejo, da revista e de desconhecidos, rescindiu o contrato.

O Departamento de Investigação e Ação Penal de Évora delegou a investigação na Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica da Polícia Judiciária.

No despacho final lê-se que o arguido “assumiu a colocação do ficheiro Excel no servidor da ARS Alentejo para que pudesse trabalhar os dados ali existentes”, mas esqueceu-se de o apagar quando se tornou desnecessário.

Já quanto à responsabilidade criminal do arguido, dos autos resulta que “acedeu aos sistemas informáticos da Saudaçor e da ARS Alentejo e, ainda, a um ficheiro informático contendo dados pessoais protegidos por lei”.

“Sucede que tais acessos foram legitimados pelas relações contratuais e funcionais que detinha com cada uma destas entidades”, refere o despacho, explicando que o arguido “estava devidamente autorizado a aceder a ambos os servidores e ao ficheiro de dados”, o que afasta a prática dos crimes de acesso ilegítimo e acesso indevido.

Já quanto à violação de dever de sigilo, o MP sustenta “resulta indiciado que o ficheiro não se encontrava acessível a quem consultasse o ‘site’ da ARS, através de um ‘link’, ou sequer a quem fizesse uma pesquisa simples no Google”.

“Conforme divulgado pela notícia da revista Exame Informática, a sua consulta só era possível através de pesquisa com recurso aos Google ‘dorks’, ferramenta informática de ‘hacking’ que permite apurar resultados relativos a servidos sedeados em Portugal que usam uma tecnologia de partilha de ficheiros e gestão de conteúdos”, lê-se no despacho.

Para o MP, trata-se de uma pesquisa que está acessível apenas a “pessoas com especiais conhecimentos de informática e que permite a entrada ilícita num servidor”.

O MP rejeita também responsabilizar criminalmente a ARS Alentejo, dado que “a gravação e manutenção do ficheiro no seu servidor” foram assumidas pelo arguido, além de que “nada indicia que tenha atuado em nome ou no interesse” desta, que “desconhecia a existência e localização daquele ficheiro na raiz” do seu ‘site’.

“No que respeita à identificação de terceiros desconhecidos que tenham acedido ao sistema informático da ARS e ao ficheiro contendo dados pessoais, no caso não se mostra possível apurar as circunstâncias concretas deste acesso”, sobretudo “quem acedeu, através de que IP, onde, quando e como”, adianta o MP que afasta igualmente a responsabilidade da revista, “ou mais concretamente do jornalista” que elaborou a notícia ou eventualmente da sua fonte.

Considerando que o conhecimento da existência do ficheiro e do ‘site’ na Internet em que o mesmo se encontrava disponível “terá, presumivelmente, resultado de um acesso ilegítimo ao ‘site’ da ARS, o MP adianta que “nada permite concluir” que foi o jornalista “quem pessoalmente acedeu ao site” - e consequentemente ao ficheiro -, mas admite a possibilidade de ser alguém que tenha atuado como fonte jornalística, “muito provavelmente um indivíduo com especiais conhecimentos de informática, um ‘hacker’”.

União Europeia
A União Europeia aprovou nova legislação para reforçar a intervenção e a avaliação das novas drogas conhecidas como substâncias...

Segundo anunciou o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, a nova legislação, hoje publicada, inclui um “sistema de alerta rápido mais forte e um processo de avaliação de risco mais rápido” para novas substâncias psicoativas.

Foi ainda publicada uma diretiva que inclui na definição de ‘droga’ novas substâncias psicoativas.

O Observatório Europeu, que tem sede em Lisboa, vai realizar investigações científicas sobre qualquer nova substância que cause preocupação entre os estados-membros da União Europeia e a nova legislação tornou mais curtos os prazos para essa avaliação ser realizada.

No ano passado foram detetados no sistema europeu de alerta rápido 66 novas substâncias psicoativas, uma média superior a uma por semana. Segundo o Observatório, só no ano passado houve mais de 60 mortes envolvendo uma destas substâncias, o carfentanil.

A nova legislação europeia deve ser aplicada dentro de 12 meses.

Porto
O Centro Comunitário +Abraço, com sede no Porto, realizou no seu primeiro ano de intervenção um total de 1.507 testes, dos...

Para o VIH, segundo a associação, os resultados obtidos apresentam uma taxa de incidência de 3,3%, superando as taxas de incidência dos cuidados de saúde primários (0,8%), da rede CAD - Centros de Aconselhamento e Deteção VIH/SIDA em Portugal (1,6%) e de outras estruturas de base comunitárias (1,9%).

De acordo com a fonte, “foram detetados 16 resultados reativos para o VIH, 27 de sífilis, dois de hepatite C (VHC) e um de gonorreia, com respetiva confirmação de diagnóstico. Foram ainda realizados 39 encaminhamentos para serviços de doenças infecciosas de pessoas com resultados negativos, mas apresentando sintomas associados a outras IST (infeções de transmissão sexual)”.

O Centro Comunitário +Abraço é um projeto da Associação Abraço que abriu portas em outubro de 2016 para responder às tendências de incidência do vírus da imunodeficiência humana (VIH) e outras infeções de transmissão sexual (IST) em homens que praticam sexo com homens (HSH).

Durante os primeiros 12 meses, foram realizados 493 testes de VIH, 446 de sífilis, 419 de hepatite C, 92 de hepatite B, 38 de gonorreia e 19 de clamídia.

“Os resultados obtidos vêm reforçar a relevância de serviços especializados de base comunitária direcionados a grupos-chave, caracterizados por espaços onde se responda às suas necessidades, se disponibilize apoio sem moralismos e onde seja reconhecida a importância do prazer sexual e intimidade na vida de todas as pessoas”, refere associação num comunicado.

Nos países da União Europeia, o sexo entre homens é a forma de transmissão de VIH mais frequentemente indicada, traduzindo-se em 39% dos novos casos diagnosticados, acrescenta.

Este Centro Comunitário é cofinanciado pela Direção-Geral de Saúde e pioneiro na cidade do Porto, garantindo o acesso atempado à informação, meios de prevenção, diagnóstico e cuidados de saúde especializados junto da população HSH.

Os principais resultados do primeiro ano de intervenção deste centro serão apresentados na próxima quinta-feira, no âmbito da Semana Europeia do Teste de VIH e Hepatites Víricas.

A apresentação contará com a presença do ator Pedro Lamares, do diretor clínico do Centro Hospitalar do Porto, Rui Sarmento, e de Andi Pereira, da direção da It Gets Better Portugal.

Prisões
Os profissionais de saúde das prisões vão passar a ter acesso aos antecedentes clínicos dos reclusos e será criado um sistema...

Até ao final do ano serão abrangidos pelo sistema de telemedicina mais de 3.300 reclusos - das cadeias do Linhó (546), Sintra (574), Lisboa (1.053) e Porto (1.155). Os restantes estabelecimentos prisionais terão disponível o serviço de telemedicina até ao final de 2018.

Ao acederem aos sistemas informáticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os profissionais de saúde das prisões passam a ter conhecimento dos antecedentes clínicos dos reclusos e podem dar continuidade a eventuais tratamentos que os detidos estivessem a receber quando estava em liberdade, evitando-se assim a interrupção de uma terapêutica para uma doença crónica, com os consequentes custos financeiros e para a saúde do doente.

Atualmente é feito um pedido de agendamento de consultas por parte de cada Estabelecimento Prisional, e no dia da realização da consulta, o EP assegura o transporte do recluso para a Unidade de Saúde, com as necessárias medidas de segurança.

Segundo dados do Ministério da Justiça, em 2016 foram realizadas 33.200 diligências de reclusos ao exterior para efeitos de saúde, que este protocolo pretende reduzir.

Na cerimónia, o diretor de Reinserção e Serviços Prisionais, Celso Manata, destacou os "ganhos económicos e para a saúde" desta parceria, lembrando que os reclusos foram privados da liberdade, mas não da dignidade nem dos direitos constitucionais.

O ministro da Saúde insistiu na ideia de que Portugal é um país envelhecido, com parcos recursos, e que o caminho por "fazer o mesmo ou melhor com menos dinheiro" através de "soluções partilhadas".

A ministra da Justiça lembrou que a população prisional varia entre os 13.500 e os 14 mil reclusos e que muitos sofrem de patologias crónicas ou dependências (droga e álcool), sendo necessário dar continuidade a tratamentos que estivessem a receber quando estavam em liberdade.

Esta parceria, impedirá "a duplicação de exames de diagnóstico" e "ter conhecimento do passado clínico das pessoas para definir o seu futuro", disse Francisca Van Dunem, lembrando que anualmente se realizam cerca de 33 mil saídas por questões de saúde.

Estas soluções tecnológicas vão libertar agentes e infraestruturas para as restantes diligências, saídas para tribunal, depoimentos, contribuindo para uma melhoria significativa nas atuais condições de trabalho nos estabelecimentos prisionais.

O protocolo foi assinado pelo diretor-geral dos Serviços Prisionais, Celso Manata, e pelo Presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Henrique Martins, e homologado pela ministra da Justiça e pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Centro Integrado de Diagnóstico e Terapêutica
O maior centro de diagnóstico do Serviço Nacional de Saúde, que funcionará no Parque de Saúde Pulido Valente, em Lisboa, vai...

Trata-se do Centro Integrado de Diagnóstico e Terapêutica (CIDT), “um projeto que visa concentrar a realização de exames clínicos num só espaço, respondendo às necessidades de todos os hospitais e centros de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo”.

De acordo com uma nota do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), este centro permitirá “uma abordagem transversal a segmentos específicos de doentes em ambulatório, tais como a saúde da mulher, a saúde do homem, os exames cardiológicos e de gastroenterologia, bem como todos os exames que têm como base a imagem”.

“É reforçada a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região de Lisboa, alcançando ganhos de eficiência, eficácia e de satisfação dos utentes”, prossegue a nota.

China
O cirurgião chinês Ren Xiaoping, que realizará em conjunto com o italiano Sergio Canavero o primeiro transplante de sempre de...

"Este transplante alimentará debates na imprensa, mas o que queremos é desenvolver o modelo de operação, para contribuir para que esta tecnologia avance", disse hoje Ren, numa conferência de imprensa na cidade de Harbin, onde se realizará a intervenção.

Na semana passada, Canavero afirmou que o primeiro transplante de uma cabeça se realizará na China, face às dúvidas de que a Europa ou Estados Unidos executarão aquela operação, mas Ren disse hoje que não há ainda uma data exata.

O médico chinês confirmou que praticou aquele tipo de operação com animais como cães e cadáveres humanos, numa intervenção realizada na semana passada, e que demorou 18 horas.

E afirmou que antes da intervenção definitiva publicarão, esta semana, os resultados das suas investigações prévias na revista Surgical Neurology International.

Vários membros da comunidade científica apontaram dúvidas sobre a viabilidade deste tipo de transplante, não só por questões éticas, mas também pelo risco inerente.

"A ciência não teme a polémica", afirmou Ren, que numa entrevista à Radio Nacional da China, na semana passada, afirmou que há mais de meio século o primeiro transplante de rins foi também polémico, antes de se converter numa prática habitual.

Canavero adiantou que o transplante poderá custar cerca de 100 milhões de dólares (85 milhões de euros) e envolverá dezenas de cirurgiões e outros especialistas, prevendo que demorará 24 horas.

Doença genética
A Fibrose Quística é uma das doenças genéticas mais comuns, estimando-se que em todo o mundo existam

A fibrose quística (FQ) é uma doença genética, crónica e progressiva. A sua incidência na Europa é de 1:2500 nados-vivos, em Portugal nascem 30 a 40 crianças com esta doença por ano e é a doença genética limitante da vida mais frequente nos caucasianos.

O gene responsável está situado no cromossoma 7 e atualmente estão descritas mais de 1800 mutações associadas à FQ. Este gene codifica uma proteína- a CFTR (cystic fibrosis transmembrane conductance regulator), que regula a secreção e absorção de iões e água nas células.

Nos doentes a perturbação desse mecanismo resulta em alterações do suor e do muco o que é particularmente problemático no sistema respiratório, mas também no sistema digestivo e no reprodutivo.

No pulmão as secreções espessas causam obstrução brônquica e levam a infeção bacteriana e inflamação persistente e mais tarde a insuficiência respiratória.

No pâncreas a secreção espessa obstrui os canalículos e não há libertação das enzimas pancreáticas (insuficiência pancreática exócrina) condicionando má digestão da gordura e desnutrição.

O diagnóstico de FQ é estabelecido classicamente no decurso da avaliação de doentes com infeções respiratórias de repetição, dificuldade respiratória obstrutiva baixa, tosse crónica com expetoração e dilatação dos brônquios (bronquiectasias).

Na criança para além das queixas respiratórias um aspeto muito relevante é a dificuldade no crescimento (atraso estaturo-ponderal) e a má-absorção com diarreia/esteatorreia (fezes com gordura) que resultam da insuficiência exócrina do pâncreas.

A fibrose quística também pode ser diagnosticada na sequência de outras situações como: no recém-nascido com obstrução intestinal por mecónio espesso (ileus meconial); na criança com episódios de desidratação grave de rápida instalação por perda acentuada de iões sódio e cloro; no adolescente e no adulto com pancreatite aguda recorrente, com diabetes e sintomas respiratórios, com polipose nasal ou com infertilidade por ausência de espermatozoides no esperma.

Perante a suspeita clínica o médico requisita uma prova de suor, que consiste no doseamento do cloreto. Se o valor estiver alterado prossegue a avaliação para exclusão ou confirmação do diagnóstico. O teste genético, por fim, identifica as mutações.

A gravidade da doença é variável e depende das mutações envolvidas e da precocidade do diagnóstico.

Alguns doentes apenas são diagnosticados na idade adulta, o que implica uma elevada suspeita clínica, estas situações estão associadas a uma clínica menos típica e a mutações menos comuns.

Um aspeto que veio modificar completamente o diagnóstico desta doença foi o rastreio neonatal da FQ que existe em vários países há vários anos e que, em Portugal, se iniciou em 2013. Deste modo, é possível o diagnóstico e instituição precoce da terapêutica, o que permite uma melhoria da qualidade de vida dos doentes.

Uma vez diagnosticada fibrose quística, esta deve também ser pesquisada noutros membros da família, especialmente nos irmãos.

As crianças e os adultos com fibrose quística necessitam de um seguimento multidisciplinar em centros de referência, com instituição de um programa terapêutico que inclui fármacos por via inalatória, antibióticos, mucolíticos, terapêutica de substituição com enzimas pancreáticas e suplementos vitamínicos e ainda uma reabilitação respiratória que abrange não só as várias estratégias para drenagem as secreções brônquicas espessas, mas também o exercício físico. Na fase de insuficiência respiratória crónica avançada o transplante pulmonar é a solução de recurso. 

A FQ nas últimas décadas modificou-se radicalmente. Em 1970 a esperança de vida era de 10 anos e era uma doença exclusivamente pediátrica, atualmente a esperança de vida chega à 3ª/4ª década.

Há cada vez mais pessoas com FQ a chegar à idade adulta devido ao enorme empenho da investigação com o apoio das associações de doentes que resultou numa melhor compreensão da doença e melhor suporte terapêutico, nutricional e de reabilitação respiratória e física. Além disto, apesar de não existir ainda uma cura, têm vindo a aparecer novos medicamentos reguladores da função da proteína CFTR defeituosa que atrasam a progressão da doença.

Referências: 
Gallati, S (2013). Genetics, pathophysiology andepidemiologyof CF. In: Paediatric Respiratory Medicine- ERS Handbook. Eber,E. Midulla, F (eds)

Barben, J, Southern, K (2013). Screening and diagnosis of CF. In: Paediatric Respiratory Medicine- ERS Handbook. Eber,E. Midulla, F (eds)

DGS- FQ- Norma 031/2012 atualizada a 10/01/2014.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Direção-Geral da Saúde
Dois doentes continuam internados nos cuidados intensivos e 20 na enfermaria na sequência do surto de 'legionella' no...

De acordo com a última atualização da Direção-Geral da Saúde (DGS), todos os infetados com 'legionella' tinham história de doença crónica e/ou fatores de risco e 27 doentes já tiveram alta, num surto que infetou sobretudo pessoas com idade igual ou superior a 70 anos (67%).

Os dados da DGS, atualizados às 19:00 de segunda-feira, indicam ainda que desde o passado dia 15 que não se regista nenhum novo caso.

A bactéria 'legionella' é responsável pela doença dos legionários, uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A incubação da doença tem um período de cinco a seis dias depois da infeção, podendo ir até 10 dias.

A infeção pode ser contraída por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.

“SNS + Proximidade”
Os utentes com vários problemas de saúde vão passar a ter um Plano Individual de Cuidados que estará acessível aos vários...

O Ministério da Saúde apresenta hoje em Lisboa os futuros passos do projeto “SNS + Proximidade”, que começou a ser testado em alguns agrupamentos de centros de saúde da região Norte de Portugal.

Segundo Constantino Sakellarides, responsável pelo projeto, um dos elementos centrais é o desenvolvimento de um Plano Individual de Cuidados para as pessoas com vários problemas de saúde, com doença crónica associada, o que significa cerca de 30% da população portuguesa.

Este instrumento serve para gerir o percurso do doente e para definir quais os objetivos a atingir para os vários problemas de saúde que tem, sendo que os próprios utentes vão ajudar a definir esse Plano.

“Servirá também para determinar o que é importante para o doente nos próximos anos, que questões interessam controlar ou qual a atuação a ter”, explicou Constantino Sakellarides, indicando que há um instrumento de avaliação dos objetivos definidos.

A ideia é abarcar os vários problemas que afetam a qualidade de vida das pessoas e não apenas uma ou mais doenças crónicas de que padeçam, incluindo no Plano outros problemas ou disfunções como perturbações de sono, tonturas ou dores de costas, por exemplo.

Este Plano Individual de Cuidados estará disponível no portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e permite uma partilha entre todos os profissionais de saúde envolvidos de informações e de decisões de diagnóstico e terapêutica.

Este plano vai incluir as pessoas com necessidades de cuidados domiciliários, “criando processos de articulação e coordenação nos centros de saúde em colaboração com os serviços sociais”.

Constantino Sakellarides sublinha que este tipo de projetos e de mudanças não se institui por decreto e que é necessária uma implementação gradual do projeto.

No próximo ano serão alargadas as experiências da região Norte a todas as regiões do país e em 2019 o Ministério da Saúde espera começar a generalizar o Plano Individual de Cuidados a toda a população com múltiplos problemas de saúde.

O projeto “SNS + Proximidade” pretende ainda tornar mais acessível a resposta das pessoas com doença aguda aos centros de saúde, evitando idas desnecessárias às urgências hospitalares.

Para isso, é necessário disponibilizar meios complementares de diagnóstico nos centros de saúde, reconhece Constantino Sakellarides, como análises clínicas.

O responsável adiantou que no projeto piloto do Norte houve centros de saúde que começaram já a garantir uma resposta de análises clínicas no próprio dia, ou com equipas hospitalares que se deslocam ao centro de saúde ou com o utente a ir fazer análises ao hospital no próprio dia, sem necessitar de passar pela urgência hospitalar.

Outro dos pilares fundamentais do “SNS + Proximidade” é o aumento da literacia em saúde (do conhecimento sobre a situação de doença e condição física para tornar as pessoas mais capazes de tomar decisões informadas).

Para isso, o Portal do SNS está a começar a recolher e disponibilizar informação de qualidade sobre determinadas problemáticas de saúde, como quedas, alimentação, que seja de fácil acesso e leitura para qualquer cidadão.

Constantino Sakellarides diz ainda que outro dos objetivos deste projeto é que os utentes tenham no Portal do SNS uma “agenda de saúde”, um instrumento personalizável com todas as informações relevantes sobre a saúde de cada utente.

Prisões
A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde assinam hoje um protocolo...

Segundo a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), o acordo vai permitir que a população reclusa tenha acesso a um acompanhamento de saúde "mais próximo e constante, reduzindo o risco de contração de doenças com maior capacidade de propagação no ambiente fechado dos estabelecimentos prisionais".

Assim, ao terem acesso aos sistemas informáticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os profissionais de saúde das prisões passam a poder ter conhecimento dos antecedentes clínicos dos reclusos.

"Com o acesso a mais informações, estes profissionais passam a poder acompanhar o estado de saúde do recluso, logo desde a admissão no estabelecimento, permitindo dar continuidade a eventuais tratamentos que estivesse a receber quando estava em liberdade", explica a DGRSP.

Este acompanhamento será apoiado pelas tecnologias do Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), nomeadamente através da telemedicina, da Prescrição Eletrónica Médica (PEM), do Sistema de Informação Nacional dos Cuidados de Saúde Primários (SINUS), do Sistema Integrado de Informação Hospitalar (SONHO) e do SClínico Hospitalar (sistema onde são registados todos os episódios clínicos).

O protocolo será assinado pelo Diretor-Geral dos Serviços Prisionais, Celso Manata, e pelo Presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Henrique Martins, e homologado pela Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, e pelo Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, em cerimónia no Ministério da Justiça, Lisboa.

Venezuela
Mais de uma centena de venezuelanos pediram, na segunda-feira, ao Governo do Presidente Nicolás Maduro que abra um canal...

"É necessário que se tomem medidas. Devem ativar-se mecanismos de ajudas internacionais (...) existe 90% de escassez de medicamentos de medicamentos para muitas patologias, pessoas com hemofilia, com cancro, com alzheimer, para transplantados que estão recusando o órgão (transplantado", disse o presidente da Federação Farmacêutica Venezuelana (Fefarven).

Freddy Ceballos acompanhou mais de uma centena de venezuelanos, entre eles profissionais da área, familiares e pacientes com falta de medicamentos, que marcharam até à sede do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e as embaixadas do Canadá, Costa Rica, Peru e Alemanha, onde entregaram um documento sobre a crise no setor e a necessidade de abrir um canal humanitário.

Segundo aquele responsável, "300 mil pessoas estão em estado crítico" e à espera de conseguir medicamentos do Instituto Venezuelano da Segurança Social. "Há mais de quatro milhões de pacientes com sérias dificuldades para adquirir medicamentos", sendo necessárias "medidas urgentes" para evitar mortes, acrescentou.

Na marcha participaram ainda representantes das organizações não-governamentais (ONG) Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos (Provea) e da Coligação de Organizações pelo Direito à Saúde e à Vida (Codevida).

Francisco Valência, da Codevida, afirmou que "chegou o momento dos setores políticos do país darem atenção a esta situação humanitária, que devem estar acima de qualquer negociação".

Os venezuelanos denunciaram que há pessoas a morrer por falta de tratamento e acusaram o Governo de impedir a entrada de medicamentos e não divulgar estatísticas da Saúde, incluindo o relatório de 2016.

"Há países amigos que têm oferecido medicamentos que o Governo não quer aceitar, por razões ideológicas", denunciou Francisco Valência, aos jornalistas.

As ONG estão ainda preocupadas com a possibilidade de a Venezuela não pagar a dívida à Organização Panamericana da Saúde, o que agravará a situação no próximo ano.

Investigação
Os Prémios Pfizer distinguiram este ano investigações sobre cataratas, malária e doença de Parkinson, anunciou a organização.

Andreia Rosa, da Universidade de Coimbra, Maria Manuel Mota, do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, e Rui Costa, do Centro Champalimaud, lideram as equipas que desenvolveram os trabalhos premiados, cada um deles com o montante de 20 mil euros.

Os galardões, que distinguem projetos de investigação básica e clínica na área biomédica, são atribuídos anualmente pela farmacêutica Pfizer, que os financia, e pela Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, encarregue do processo de avaliação das candidaturas.

Segundo a organização, as investigações premiadas "prosseguem avanços científicos na otimização dos processos de cirurgia no caso das cataratas, na revelação de um mecanismo de autocontrolo do parasita da malária e no controlo da ativação dos neurónios que libertam dopamina [neurotransmissor] no âmbito da doença de Parkinson".

A equipa liderada por Andreia Rosa, distinguida na investigação clínica, socorreu-se da ressonância magnética para esclarecer a ligação entre disfotópsias, como encadeamento e brilhos oculares, e as características do cérebro em doentes com cataratas que usam lentes multifocais.

As conclusões a que chegaram os investigadores vão permitir, de futuro, selecionar melhor a lente a implantar num doente com cataratas, avaliar diferentes desenhos de lentes e "estratégias terapêuticas que favoreçam a adaptação" e "demonstrem a capacidade do cérebro não jovem para a aprendizagem visual e plasticidade", refere a organização dos prémios em comunicado.

O grupo de Maria Manuel Mota, premiado em investigação básica, demonstrou num estudo com ratos que a carga do parasita da malária e a severidade da doença diminuem com uma dieta alimentar menos rica em calorias.

Distinguido na mesma categoria, o trabalho do laboratório de Joaquim Alves da Silva explica que a principal alteração nos doentes de Parkinson é a perda de um tipo de neurónios (células cerebrais) que libertam dopamina. A atividade destes neurónios é necessária para o início do movimento.

OE2018
A bastonária da Ordem dos Nutricionistas disse esperar que a taxa sobre produtos com elevado teor de sal seja aprovada no...

Segundo a proposta de OE2018, o Governo quer criar um novo imposto de 0,80 euros por quilo sobre as bolachas, biscoitos, batatas fritas e desidratadas e flocos de cereais, quando estes alimentos tiverem mais de um grama de sal por cada 100 gramas de produto, mas o PCP já disse que ia votar contra, ao lado de PSD e do CDS-PP.

Em declarações, a propósito do primeiro congresso da Ordem dos Nutricionistas, onde este tema “vai ser imensamente debatido”, a bastonária disse ser “uma pena não se aproveitar este momento para taxar alimentos que são prejudiciais à saúde”.

“Lamento que esta medida porventura não venha a ser aprovada na Assembleia da República”, mas no caso de ser homologada “a verba arrecadada” com a nova taxa deve ser aplicada em “medidas de promoção de hábitos alimentares saudáveis”, defendeu Alexandra Bento.

O Governo espera arrecadar com a taxa do sal 30 milhões de euros, uma verba que, segundo Alexandra Bento, teria “uma grande importância para um grande programa de promoção da saúde, para uma grande campanha de educação alimentar”, que envolvesse nutricionistas.

“Não nos podemos esquecer que temos escassez de nutricionistas no Serviço Nacional de Saúde e que temos ausência de nutricionistas num palco importantíssimo que são as escolas”, vincou.

Neste sentido – defendeu – não se deve perder “esta oportunidade de taxar alimentos” prejudiciais à saúde, que além de fazer decrescer o seu consumo, a verba angariada pode ser utilizada na promoção da saúde da população.

“Se de facto nós estamos a morrer dos maus hábitos alimentares é necessário criar medidas que sejam bem fundamentadas, que sejam estruturadas e que se saiba qual é o seu verdadeiro impacto”, sublinhou.

Alexandra Bento espera que os partidos políticos estejam presentes no congresso, com o tema “Um Compromisso para a Saúde, que decorre na terça e na quarta-feira no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde são esperados mais de 500 nutricionistas.

“Problema será se os responsáveis do nosso país, os deputados da nossa nação, não quiserem estar neste congresso, não só na abertura, que é um momento simbólico”, mas também nos painéis.

Para Alexandra Bento, é importante que os deputados ouçam o que é dito por “quem estuda, porque a evidência científica é importantíssima para a atuação dos profissionais de saúde”, mas também para desenhar estratégias políticas.

No congresso irão ser debatidas questões como a moderna saúde pública, os conflitos entre a nutrição, a saúde e o setor alimentar, as atualidades em nutrição clínica, as reformas no Serviço Nacional de Saúde ou os caminhos da empregabilidade e a valorização da profissão de nutricionista.

Organização das Nações Unidas
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um comunicado para expressar preocupação com um projeto de lei que ameaça o...

Segundo um comunicado, assinado pelo Fundo para a População das Nações Unidas (UNFPA), a ONU Mulheres, o Escritório da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde no Brasil (OPAS/OMS) e o Escritório Regional para a América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) a aprovação desta lei nos seus termos atuais acarretará "maior risco para a saúde de mulheres e raparigas".

O projeto de lei, aprovado há duas semanas por uma comissão parlamentar no Congresso do Brasil foi considerado um "cavalo de Troia" por ativistas pró-aborto.

O objetivo inicial da lei, discutida numa comissão especial, era ampliar a licença de maternidade de mães de bebés prematuros, mas um grupo de deputados ultraconservadores ligados a igrejas evangélicas inseriram um artigo afirmando que o direito à vida é "inviolável desde a conceção", o que poderia excluir todos os casos autorizados de aborto.

No Brasil, o aborto é permitido somente em caso de violação, risco de vida para a mãe, ou se o feto tem anencefalia, uma má formação congénita do sistema nervoso.

No entender das agências da ONU, ao determinar que a vida é "inviolável desde a conceção" o projeto desviou-se de seu propósito inicial e também distanciou o Brasil dos compromissos internacionais firmados no campo dos direitos humanos, incluindo os direitos das mulheres e a igualdade de género.

As agências da ONU afirmaram que a nova redação da lei "coloca as mulheres numa situação que comprometeria o exercício de seus direitos humanos e que limitaria a capacidade do Estado, como garante desses direitos, no cumprimento das suas obrigações em matéria de direitos reprodutivos."

Hoje os abortos ilegais são uma das principais causas de morte materna no Brasil e no mundo.

O projeto que pode proibir todas as formas de aborto no Brasil será analisado numa outra comissão antes de ser submetido a votação em plenário da Câmara dos Deputados (câmara baixa parlamentar), onde serão necessários 308 votos para a sua adoção, o que significa a aprovação de dois terços dos votos dos parlamentares desta casa legislativa.

Na semana passada manifestações contra o projeto de lei ocorreram nas principais cidades do Brasil, mobilizando várias centenas de pessoas no Rio de Janeiro.

Agência do Medicamento
A cidade holandesa de Amesterdão vai acolher a futura sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA), ao bater Milão (Itália)...

Numa “corrida” na qual participava a cidade do Porto – que foi afastada na primeira volta, ao ser a sétima cidade mais votada -, Milão foi a cidade a reunir mais votos nas duas primeiras voltas, mas na terceira e última ficou empatada com Amesterdão (13 votos cada, já que um dos 27 Estados-membros teve voto nulo), havendo então necessidade de recorrer a um sorteio, tal como previam as regras, e a sorte sorriu à cidade holandesa, indicaram fontes europeias.

Na primeira volta da votação para a sede da EMA, o Porto recolheu 10 votos, tendo sido a sétima cidade mais votada, a par de Atenas, e atrás de Milão (25 votos), Amesterdão e Copenhaga (ambas com 20) – tendo estas três passado à segunda volta -, Bratislava (15), Barcelona (13) e Estocolmo (12).

Os outros candidatos que hoje se apresentaram a votos eram Bona (Alemanha), Lille (França), Sófia (tiveram todas 3 votos na primeira volta); Viena (4), Bruxelas e Helsínquia (ambas com 5 votos), Bucareste e Varsóvia (7).

A EMA, cuja localização em Londres terá de mudar devido à saída do Reino Unido da UE, conta atualmente com 890 trabalhadores e recebe cerca de 35 mil representantes da indústria por ano.

Ainda hoje, os 27 Estados-membros reunidos num Conselho de Assuntos Gerais – numa reunião na qual Portugal está representado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias -, irão eleger a nova sede da Autoridade Bancária Europeia, também de saída do Reino Unido devido ao ‘Brexit’

Nutricionistas
A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, afirmou hoje que o cenário alimentar em Portugal “é catastrófico” e...

Para a bastonária, “Portugal não tem sabido utilizar” os seus recursos “a bem da alimentação dos portugueses”.

“Nós temos uma prodigiosa tradição alimentar, a alimentação mediterrânica, temos profissionais de saúde de excelência”, nomeadamente os nutricionistas, “mas temos um cenário alimentar que é catastrófico e que está a perigar a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde”, afirmou Alexandra Bento, que falava à agência Lusa a propósito do primeiro congresso da Ordem dos Nutricionistas, que decorre na terça e na quarta-feira, em Lisboa.

A bastonária explicou que os portugueses estão a morrer devido aos erros na alimentação: “as doenças crónicas não transmissíveis são o cenário das doenças na atualidade, morremos de doenças cardiovasculares, morremos de diabetes, de cancro e todas elas muito relacionadas com os maus hábitos alimentares”.

Alexandra Bento observou ainda que, apesar de nunca se ter ouvido tanto falar da importância da alimentação para a saúde, “crescem os mitos e os falsos conceitos à volta da alimentação saudável e equilibrada”.

Por outro lado, apontou, estão acentuar-se as desigualdades sociais nesta matéria. “Quem tem mais escolaridade tem mais literacia alimentar e nutricional, alimenta-se melhor, logo tem melhor saúde”.

E, pelo contrário, quem tem “menor escolaridade, menor nível sociocultural e económico, tem mais dificuldade de organizar a sua alimentação, logo vai ter uma saúde mais penosa”, disse Alexandra Bento.

Sobre o congresso, com o tema “Um Compromisso para a Saúde”, a bastonária considerou que “é um grande momento” para os nutricionistas e para os profissionais de saúde.

“A alimentação é uma temática incontornável se queremos mais saúde no nosso país e por isso formatámos este congresso com temas que consideramos que são fortíssimos”, abrindo com um “grande painel” sobre “políticas públicas de saúde na área da alimentação”.

O palco do evento é o Centro Cultural de Belém, onde são esperados mais de 500 participantes, entre especialistas nacionais e internacionais que irão debater questões como a moderna saúde pública, os conflitos entre a nutrição, a saúde e o setor alimentar, as atualidades em nutrição clínica, as reformas no SNS ou os caminhos da empregabilidade e a valorização da profissão de nutricionista.

O congresso não terá patrocínios, segundo a Ordem dos Nutricionistas, que pretende assim manter “a imparcialidade junto dos decisores políticos, dos organismos públicos e privados e da população em geral, dada a sua intervenção na definição de políticas na área da alimentação e nutrição”.

“É óbvio que a colaboração entre nutricionistas e indústria leva a grandes progressos, tanto ao nível da inovação alimentar, como na promoção de uma melhor saúde. Mas é fundamental que esta relação esteja sempre patente e sujeita a total independência e isenção”, sublinhou Alexandra Bento.

Pesquisa
Temperaturas acima dos 28 graus centígrados nas salas de aula podem dificultar o raciocínio, a lógica e a aprendizagem dos...

"A temperatura mais elevada do ar pode provocar o aumento da frequência cardíaca dos estudantes acima de 100 batimentos por minuto", passando estes a consumir "mais calorias" e a diminuir o ser "desempenho cognitivo", explicou à Lusa o investigador Paulo Oliveira, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), do Politécnico do Porto, uma das entidades portuguesas que participam no projeto.

Esta situação, contou o professor, verificou-se em algumas regiões do nordeste do Brasil, como Manaus e Terezina.

Estes são alguns dos resultados preliminares do estudo "Condições Térmicas e Desempenho em Ambientes de Ensino - Norte de Portugal e Nordeste do Brasil", no qual investigadores da ESTG e da Universidade Federal da Paraíba, no Brasil analisam a influência das mudanças de temperatura no desempenho cognitivo dos alunos.

Relativamente a temperaturas temperadas, que se encontram entre os 22 e 24 graus centígrados, a interferência encontrada não era significativa, indicou o investigador.

Segundo Paulo Oliveira, a temperatura ideal para as salas de aula depende da estação do ano, sendo que no inverno a mesma deve estar entre os 22 e os 24 graus centígrados, enquanto no verão deve ficar à volta dos 18 graus.

Embora no Norte de Portugal não se tenham verificado diferenças no desempenho cognitivo dos estudantes quando os fatores ambientais foram alterados, espera-se que até ao término do projeto (previsto para início de 2018) seja possível obter resultados mais substanciais.

De acordo com Paulo Oliveira, é fundamental que as salas de aula reúnam as condições para os alunos aprenderem de forma confortável, passando, a este nível, pela regulação da temperatura e pelo conforto térmico.

"É necessário que as mesmas tenham um bom isolamento térmico e, caso este não funcione de forma adequada, devem ter também sistemas de climatização", indicou.

Nestes casos, continuou, é igualmente importante que os filtros dos equipamentos sejam verificados com regularidade, para impedir a entrada de poeira e de partículas de ar.

"Estas são zonas com uma permanência significativa de humidade e que têm as condições ideias para a proliferação de diversos microrganismos", esclareceu, reforçando a importância da revisão dos equipamentos.

Para o trabalho luso-brasileiro foram recolhidos dados ao nível de parâmetros cardiovasculares, consumo de energia e de conforto ambiental, em contexto de sala de aula.

O estudo abrangeu uma amostra de estudantes de várias turmas das licenciaturas em Engenharia Informática e em Ciências Empresariais, tendo sido efetuadas medições aquando da utilização de equipamentos tecnológicos, como computadores portáteis.

No decorrer das medições em contexto de aula, os estudantes tinham que responder, em simultâneo, a testes de sequência lógica para avaliação do seu desempenho cognitivo, com registo do tempo e das calorias consumidas pelo organismo, enquanto eram expostos aos parâmetros de conforto ambiental do meio envolvente.

A amostra incluiu estudantes da ESTG do Politécnico do Porto, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, da Escola de Engenharia da Universidade do Minho e de outras instituições de ensino superior do Brasil.

O trabalho de cooperação arrancou em 2016, com o projeto "Mudanças Climáticas e Elevação da Temperatura do Ar: Implicações na Saúde e no Desempenho de Alunos em Ambientes Climatizados", cofinanciado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Brasil.

Novas regras
Utentes infetados com VIH/sida vão custar menos um terço ao Estado que este ano, de acordo com as novas regras da Administração...

As novas regras dos hospitais públicos vão tornar os tratamentos de doenças como VIH/sida e hepatite C mais acessíveis, o que tratará uma poupança ao Estado no próximo ano, segundo noticia o jornal Público. Em 2018, o financiamento para os hospitais vai subir para 3.875 milhões de euros, em comparação com os 117 milhões alocados este ano.

Utentes infetados com VIH/sida vão custar menos um terço ao Estado que este ano. O valor anual recebido pelos hospitais vai diminuir para 5.997 euros por doente no próximo ano, face aos 9.166 euros anuais de 2017. No caso de doentes com hepatite C não havia valor estipulado e os hospitais vão começar a receber 6.922 euros por doente.

As revisões foram feitas “considerando o hiato de tempo de cerca de dez anos volvido entre a criação da modalidade de pagamento e o momento atual”, segundo refere o documento da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) que define as novas regras para os hospitais, em 2018, a que o jornal Público teve acesso.

Colocação
Na região de Lisboa, onde mais faltam médicos de família, havia 218 lugares à disposição mas só foram ocupados 154.

Ficaram por ocupar 52 postos de trabalho no último concurso do Serviço Nacional de Saúde para os médicos que concluíram este ano a especialidade em Medicina Geral e Familiar. Em abril tinham concluído esta especialidade 291 médicos e o governo abriu o concurso em setembro, pronto para fazer um contrato de trabalho com 290 médicos. Segundo dados avançados ao i pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), apenas foram contratados 238 médicos.

O concurso para colocação dos recém-especialistas tem algumas particularidades: os jovens médicos só podem concorrer às vagas identificadas pela tutela nos centros de saúde onde há maior necessidade de fixar médicos. Ainda assim, no início no processo são colocados mais lugares à disposição do que o número de candidatos e postos de trabalho a ocupar, para os médicos poderem optar.

Neste último concurso foram disponibilizadas 317 vagas para os 290 lugares a preencher, que abrangiam assim a quase totalidade dos médicos que concluíram o internato, como tem sido regra nos últimos anos, dado que continuam a faltar médicos de família no SNS.

O balanço fornecido ao i revela que as assimetrias vão manter-se. Na região Norte, onde praticamente todos os cidadãos têm médico de família (a taxa de cobertura é de 97,8%), foram ocupadas as 36 vagas disponibilizadas pela tutela. O mesmo aconteceu relativamente às 20 vagas na região Centro, onde hoje também é residual a fatia da população sem médico.

Já na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde tinha sido disponibilizado o maior número de vagas – 218 das 317 –, foram ocupadas 154. Atualmente, em Lisboa há 646 480 utentes sem médico de família – 17,4% do total de inscritos. Em setembro, o vice--presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, tinha estimado ao jornal “SOL” que, se todas as vagas fossem ocupadas, bastaria dois anos para resolver a falta de médicos de família em Lisboa. Este ano, a ARS desafiou mesmo os agrupamentos de centros de saúde a organizarem visitas guiadas aos jovens médicos, falando também das obras em curso em muitos centros de saúde – 50 das 79 obras projetadas pela tutela estão nesta zona do país, o que, mesmo assim, não terá sido suficiente. No ano passado, dos dois concursos para colocação de jovens médicos em Lisboa, com um total de 225 vagas, tinham ficado por ocupar 86 lugares.

Por último, dificuldades também no Alentejo, onde ainda assim falta médico a menos pessoas:_só foram ocupadas três das dez vagas disponibilizadas. No Algarve foram ocupadas 25 das 33 vagas existentes.

A ACSS informou ainda que dos 238 médicos recrutados, 85 ficaram colocados em estabelecimentos de saúde identificados em zonas carenciadas, pelo que terão direito aos incentivos revistos este ano pelo governo e que garantem aos médicos um acréscimo salarial na ordem dos 40% e mais tempo de férias.

 “A culpa é do governo”

Para o Sindicato Independente dos Médicos, não há mais vagas ocupadas “por culpa do governo”, a quem atribui responsabilidades pelos atrasos nos concursos. No ano passado, os médicos de família estavam colocados em agosto e, este ano, o concurso só abriu em setembro, com os médicos a iniciar funções entre outubro e novembro. No caso dos especialistas hospitalares, que também concluíram a formação em abril, o concurso ainda não abriu. Na semana passada, o ministro da Saúde garantiu no parlamento que abriria em breve. Ao i, a ACSS disse não ser possível adiantar uma data concreta. “A cada dia que passa há uma pressão cada vez maior para os médicos irem para o privado ou para o estrangeiro”, diz Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM. “O Estado sabe quantos internos tem em cada ano. No dia em que acabam a especialidade, devia abrir o concurso. Tinham contrato, tinham tudo para orientar as suas vidas”, salienta o dirigente sindical, lembrando que, há dois anos, os sindicatos acordaram simplificar o processo de recrutamento dispensando entrevista, o que a tutela “não tem aproveitado”.

 Relativamente aos especialistas hospitalares, Roque da Cunha fala de 540 médicos à espera e de serviços envelhecidos onde os médicos mais novos têm mais de 50 anos. “Não sei quantos jovens o governo espera recrutar”, diz o médico, que atribui o atraso às Finanças. “Como continuam a trabalhar e recebem menos mil euros do que se estivessem contratados como especialistas, sai mais barato. Mas isso faz com que as pessoas saiam e, depois, o Estado vá recorrer a tarefeiros com um preço/hora mais elevado.” Também a ordem já mostrou preocupação com o atraso, revelando que já houve pedidos de documentação para emigrar por alguns jovens médicos.

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