Estudo
Os videojogos têm potencial para poderem vir a ser utilizados como meio auxiliar de diagnóstico em doenças associadas ao...

Desenvolvido por uma equipa de investigadores das faculdades de Ciências e Tecnologia e de Medicina da UC, o estudo centrou-se na avaliação de ‘serious games’ (“jogos aplicados a situações sérias”) como “um instrumento útil para ser usado na avaliação cognitiva e estimulação da população idosa”, refere uma nota da UC enviada hoje à agência Lusa.

Para isso, a equipa, constituída por Hélio Neto, Joaquim Cerejeira e Licínio Roque, “instrumentou três jogos com ferramentas de recolha de dados que permitissem estudar o desempenho das funções cognitivas do público-alvo”.

Os jogos foram depois testados com dois grupos de pessoas idosas. Um grupo seguido na Unidade de Gerontopsiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), sob a supervisão do especialista Joaquim Cerejeira, e outro constituído por idosos saudáveis, acrescenta a UC.

Durante as experiências, os especialistas recolheram e analisaram cerca de uma centena de indicadores, que permitiram estudar os níveis de desempenho ao longo do jogo, e, com a mesma amostra, aplicaram também um teste padrão – o Montreal Cognitive Assessement (MoCA) –, usado em contexto clínico para rastreio de défice cognitivo.

Os resultados revelaram “uma correlação direta entre o desempenho obtido nos jogos e o resultado alcançado no teste MoCa”, isto é, “os jogadores que obtiveram melhor performance no teste padrão foram os que conseguiram concluir mais níveis nos jogos”, explica Licínio Roque, docente e investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra.

Embora sejam necessários estudos mais aprofundados, esta correlação indica que os ‘serious games’ poderão, no futuro, “ser utilizados como instrumento auxiliar de diagnóstico em patologias que envolvam avaliações neuropsicológicas”, adianta o investigador, citado pela UC.

“Os jogos podem, de uma forma menos stressante e mais atrativa, ser usados como indicadores de substituição para testes cognitivos. Por exemplo, a pessoa pode estar no conforto da sua casa e ser acompanhada remotamente pelo médico enquanto joga”, salienta ainda Licínio Roque.

O psiquiatra do CHUC e docente da Faculdade de Medicina de Coimbra Joaquim Cerejeira realça, por seu lado, que esta nova abordagem “poderá vir a ser útil para caracterizar e monitorizar a função cognitiva dos doentes de uma forma rotineira e cómoda”.

O médico ou neuropsicólogo poderá, dessa forma, “verificar se o desempenho do doente está de alguma forma prejudicado e verificar em que medida o tratamento instituído está a ser eficaz”, sublinha Joaquim Cerejeira.

A investigação, que foi distinguida recentemente com o prémio de ‘Melhor artigo científico’ 2017 na ICEC (International Conference on Entertainment Computing), foi desenvolvida ao longo de quatro anos, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), do Brasil.

Na sequência do Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), assinalado no passado dia 15 de novembro, a Sociedade...

 “Todo o indivíduo com 40 ou mais anos de idade, fumador, com tosse, expetoração e/ou falta de ar com as atividades do dia-a-dia, deve consultar o seu médico para avaliar se tem DPOC. A presença destes sintomas num fumador implica a realização de uma espirometria”, explicam as coordenadoras da Comissão, Dras. Inês Gonçalves e Ana Sofia Oliveira. A precocidade diagnóstica permite, de acordo com dados internacionais, uma diminuição das exacerbações e hospitalizações e redução de custos com ganhos no sistema de saúde.

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é comum em Portugal, afetando cerca de 14,2% da população com 40 ou mais anos de idade, de acordo com estimativas do estudo BOLD (Burden of Obstructive Lung Disease).

A taxa de subdiagnóstico é ainda extremamente elevada, o que significa que muitos doentes ainda não sabem que têm DPOC.

É, pois, com o objetivo de alertar para a importância do diagnóstico precoce que a SPP lança este vídeo de sensibilização, que tem como mensagem Não Vire as Costas à DPOC. O vídeo será transmitido na RTP na próxima segunda-feira e será partilhado nas redes sociais durante as próximas semanas. 

Tosse, cansaço e falta de ar são sintomas que os doentes tendem a desvalorizar e a atribuir a outras causas, nomeadamente ao tabaco e ao envelhecimento. “Se têm falta de ar, preferem andar de carro mesmo que seja uma distância muito curta, preferem andar de elevador mesmo que seja um único andar, evitam brincar com os filhos ou os netos para evitar fazer esforços para não se cansarem. Evitam atividades familiares e sociais com perda gradual de qualidade de vida. Infelizmente muitos só tomam consciência do problema quando são internados”, alertam as Dras. Inês Gonçalves e Ana Sofia Oliveira.

Abandonar os hábitos tabágicos, fazer a medicação diariamente conforme indicação médica, manter atividade física diária e evitar infeções respiratórias, fazendo as vacinas para evitar as gripes e pneumonias, fazendo as vacinas vacina antigripal e antipneumocócica são as recomendações da Comissão de Trabalho de Fisiopatologia Respiratória e DPOC para um controlo dos sintomas e para uma melhor qualidade de vida.

“Fazendo o tratamento diariamente, de forma regular e correta, o doente consegue ter os seus sintomas controlados, ou seja, menos tosse, expetoração, cansaço e falta de ar. Por consequência existirá melhoria na qualidade de vida e menor número de descompensações, o que implica menor número de idas aos Serviços de Urgência e internamentos. Infelizmente os internamentos por DPOC estão associados a elevada mortalidade”, descrevem as especialistas.

Antibióticos
De acordo com a Organização Mundial de Saúde mais de metade dos antibióticos são prescritos de forma

O antibiótico é qualquer medicamento capaz de combater uma infeção causada por microrganismos que causam infeções a outro organismo. Não destroem vírus!

O termo antibiótico tem sido utilizado de modo mais restrito para indicar substâncias que atingem bactérias, embora possa ser utilizado em sentido mais amplo contra outros parasitas (protozoários, fungos ou helmintos). Ele pode ser bactericida, quando tem efeito letal sobre a bactéria ou bacteriostático, se interrompe a sua reprodução ou inibe seu metabolismo mas também causa efeitos significativos em doenças causadas por vírus como a gripe.

As primeiras substâncias descobertas eram produzidas por fungos, como a penicilina. Atualmente existem também antibióticos sintetizados ou alterados em laboratórios farmacêuticos para evitar resistências e diminuir efeitos colaterais.

Quando usados corretamente, os antibióticos são medicamentos extremamente úteis. Para além dos efeitos adversos, o uso indiscriminado de antibióticos pode levar ao surgimento de bactérias resistentes.

 Os dados estatísticos recentemente publicados sobre o consumo de antibióticos tanto nos Estados Unidos com na União Europeia reportam uma diminuição discreta desse consumo. Como nota positiva para Portugal destaca-se a diminuição no consumo hospitalar de carbapenemos , última linha na terapêutica para estirpes bacterianas multirresistentes. A resistência bacteriana aos antibióticos é atualmente um dos problemas de saúde pública mais relevantes a nível global, dado que apresenta consequências clínicas e económicas preocupantes, estando associada ao uso inadequado de antibióticos.

A resistência bacteriana tem crescido acentuadamente, sendo que as bactérias Gram-positivas mais resistentes aos antibióticos são da espécie Staphylococcus aureus e do género Enterococcus, ao passo que as bactérias Gram-negativas mais resistentes aos antibióticos são das espécies Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa e da família Enterobacteriaceae.

No mundo inteiro, doenças infeciosas graves estão a ficar resistentes aos antibióticos – principalmente porque estes são usados em excesso para tratar infeções ligeiras. A produção de novos antibióticos está a ocorrer a um ritmo mais lento do que o do surgimento de resistências, deixando poucas alternativas. O seu uso cauteloso por parte dos trabalhadores de saúde e dos doentes será a principal estratégia no combate a essas resistências.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 50% dos antibióticos são prescritos de forma inadequada  o que vem causando resistência à ação dos medicamentos.

Regras gerais para o uso de antibióticos

1. Nunca usar um antibiótico, a não ser que o doente tenha uma infeção bacteriana

2. Usar somente o antibiótico que é recomendado para a infeção que se quer tratar

3. Saber quais são os riscos de utilização do antibiótico

4. Usar o antibiótico somente na dose recomendada

5. Administrar o antibiótico durante o período recomendado

6. Privilegiar a via oral em detrimento da fórmula injectável

Porque se devem usar apenas nas situações recomendadas ?

1. Intoxicações e reações. Os antibióticos não matam apenas as bactérias, mas podem também prejudicar o organismo, por intoxicação ou causando reações adversas;

2. Alterações do equilíbrio natural. Nem todas as bactérias que estão no corpo são prejudiciais. Pelo contrário, algumas são necessárias para o corpo funcionar normalmente. Os antibióticos muitas vezes matam também as bactérias que ajudam o corpo.  As pessoas que tomam amoxicilina ou outros antibióticos de largo espectro, durante vários dias, podem ficar com diarreia. Os antibióticos podem matar alguns tipos de bactérias necessárias para a digestão e desta forma prejudicam o equilíbrio natural do intestino;

3. Resistência ao tratamento. A razão mais importante para limitar o uso dos antibióticos é que quando os antibióticos são usados em excesso acaba por ter menos efeito. As bactérias tornam-se resistentes ao antibiótico.

É, assim, necessário adotar estratégias que minimizem a resistência nas espécies em que esta apresenta um nível elevado, ou em que houve um aumento da resistência em anos recentes, tais como o uso adequado de antibióticos no tratamento de infeções causadas por essas espécies e um melhor controlo de infeções hospitalares

Os dados publicados sobre resistências bacterianas são dados recolhidos exclusivamente em meio hospitalar, não tendo sido encontrados dados de resistências recolhidos em cuidados primários. Apesar de considerarmos que as infeções causadas por estirpes resistentes em meio ambulatório são, não raras vezes, tratadas em meio hospitalar, parece-nos ser fundamental a recolha de dados de resistência bacteriana nos cuidados primários.

A  promoção da comunicação e do fluxo de informação entre os cuidados primários e os cuidados diferenciados poderá melhorar as medidas de combate ao problema de saúde pública que as resistências bacterianas representam.

Uma outra medida a tomar, com vista a prevenir a emergência e disseminação das resistências bacterianas, é restringir o consumo de antibióticos na prática veterinária e na produção animal, atividades responsáveis pelo consumo inadequado de muitos antibióticos e pela seleção de estirpes resistentes que depois se transmitem para outros animais e para os humanos.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
O Conselho da União Europeia (UE) decide hoje a 27 para onde será deslocada a Agência Europeia do Medicamento (EMA), à qual se...

A votação decorre na reunião do Conselho de Assuntos Gerais, em que participa a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, e os 27 – o Reino Unido não participa – terão que escolher entre 19 cidades candidatas, incluindo o Porto.

Na primeira volta, cada Estado-membro pode atribuir três, dois e um ponto entre as candidaturas, havendo uma vencedora se recolher o apoio máximo de pelo menos 14 votantes, será de imediato a vencedora.

Caso contrário, a escolha será entre as três cidades mais votadas – com um ponto por Estado-membro – e, se necessário, haverá nova volta entre duas, podendo a escolha ser, em último caso, por sorteio.

Além do Porto, são candidatas a sediar a EMA as cidades de Amesterdão (Holanda), Atenas (Grécia), Barcelona (Espanha), Bona (Alemanha) Bratislava (Eslováquia), Bruxelas (Bélgica), Bucareste (Roménia), Copenhaga (Dinamarca), Dublin (Irlanda), Helsínquia (Finlândia), Lille (França), Milão (Itália), Sófia (Bulgária), Estocolmo (Suécia), Varsóvia (Polónia), Viena (Áustria), Zagreb (Croácia) e ainda Malta, que não especificou a cidade.

O Palácio dos Correios, nos Aliados, o Palácio Atlântico, na praça D. João I, ou instalações novas na avenida Camilo Castelo Branco são as três localizações propostas para a EMA no Porto, caso a cidade vença esta candidatura, tendo o autarca Rui Moreira já garantido que a sua instalação na cidade não vai ter custos para Portugal.

A comissão da candidatura, com o apoio do Governo, tem vindo a afirmar que "o Porto está em jogo para ganhar", reunindo condições para tal, e tem feito uma intensa campanha da sua promoção na Europa.

Na sexta-feira, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse que "o Porto está claramente no conjunto das candidaturas mais fortes".

"Independentemente do resultado, Portugal e o Porto ganharam. Ganharam com uma candidatura que prestigiou o país, uma candidatura nacional. O Porto está claramente no conjunto das candidaturas mais fortes", disse Adalberto Campos Fernandes.

O ministro da Saúde frisou que "o Porto mostrou a sua vitalidade, a sua capacidade de acolher entidades de elevada diferenciação", apontando que "de certeza que a cidade abriu portas", uma convicção partilhada pelo autarca Rui Moreira.

"Nada será como antes porque o Porto passou por todas as etapas necessárias. Nos critérios fundamentais, o Porto preenche todos os parâmetros fundamentais. Doravante em situações desta natureza, o Porto passa a estar no mapa de cidades que podem acolher este tipo de investimentos e instituições", disse o presidente da Câmara.

De acordo com a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, "foi feito um intenso trabalho diplomático e muitas diligências diplomáticas junto dos 26 países envolvidos".

A nova sede da Autoridade Bancária Europeia – com oito candidaturas - também é decidida na reunião de hoje.

Serviços de urgência
O pagamento dos serviços de urgência aos hospitais do SNS que os prestem irá levar em conta a percentagem de episódios...

Segundo o documento que define a contratualização dos cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2018, a que a agência Lusa teve acesso, no próximo ano o pagamento dos Serviços de Urgência Polivalente (SUP), dos Serviços de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC) e dos Serviços de Urgência Básica (SUB) será efetuado de acordo com um valor fixo, um montante em função do desempenho e um valor variável.

O valor fixo será atribuído “em função da disponibilidade de serviço nas três tipologias de urgência”, o definido para o desempenho deverá ser “aferido através de indicadores de acesso e qualidade” e o valor variável “em função da atividade marginal e inesperada que seja necessária”.

“A componente variável corresponde à atividade que vier a ser necessária para além dos valores contratados, e será paga a um preço marginal” e o seu pagamento “fica associado ao grau de cumprimento do indicador que compõe os incentivos, ou seja, ao grau de cumprimento da meta definida para o indicador ‘Percentagem de episódios de urgência atendidos dentro do tempo de espera previsto no protocolo de triagem’”.

De acordo com os “Termos de referência para contratualização de cuidados de saúde no SNS para 2018”, são expectáveis para o próximo ano 35 mil episódios de SUB, 100 mil episódios de SUMC e 170 mil episódios de SUP.

O documento da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) determina ainda que em 2018 “serão desenvolvidas experiências-piloto de implementação de Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) nos serviços de urgência, em instituições que venham a ser identificados pelas Administrações Regionais de Saúde (ARS) respetivas, visando o aumento da autonomia de gestão, a maximização dos recursos, a otimização dos processos assistenciais e de decisão e o cumprimento integral dos tempos de resposta nos serviços de urgência”.

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde quer que os hospitais aumentem as suas receitas através da captura de utentes em lista de espera de...

De acordo com os “Termos de referência para contratualização de cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2018”, a que a agência Lusa teve acesso, os hospitais devem “aumentar as suas receitas extra contrato-programa, efetuando protocolos com outras entidades do SNS (…) captando utentes em lista de espera de outros hospitais”.

Outras medidas que constam do documento sugerem que os hospitais identifiquem, “de forma rigorosa, os utentes beneficiários de sistemas estrangeiros de proteção, cobrando a atividade realizada a utentes cuja responsabilidade financeira, seja de seguradoras ou de outras entidades terceiras responsáveis, desenvolvendo ensaios clínicos e projetos de turismo de saúde, entre outras”.

No mesmo âmbito, o documento elaborado pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) determina que os hospitais públicos devem “proceder à gestão dos recursos humanos, de forma a alcançar níveis de produtividade idênticos aos do melhor do grupo de ´benchmarking` [comparação de produtos, serviços e práticas empresariais] em que a instituição se insere”.

“Promover a mobilidade dos profissionais de saúde entre as instituições do SNS e implementar medidas de reorganização de serviços e/ou de reafetação de profissionais”, bem como “manter os custos globais com suplementos remuneratórios e prestações de serviços”, são outras das medidas que constam do documento.

Segundo a ACSS, em 2018 os hospitais e centros hospitalares vão receber 3.875.331.879 euros, mediante a contratualização de cuidados de saúde no SNS. Destes, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte irá receber 1.337.568.528 euros, a do Centro 767.948.297 euros, a de Lisboa e Vale do Tejo 1.503.329.664 euros, a do Alentejo 71.608.636 euros e a do Algarve 194.876.754 euros.

Em relação às consultas hospitalares, a tutela pretende que em 2018 sejam implementadas “medidas que vinculam as instituições na gestão do acesso à consulta hospitalar, com enfoque em medidas a nível nacional, como a implementação do tele-rastreio dermatológico, na dermatologia, ou do rastreio da retinopatia diabética, na oftalmologia”.

É incentivada, pela via do financiamento, “a adoção de soluções locais que contribuam para a melhoria dos tempos de resposta, pelo que as primeiras consultas referenciadas pelos cuidados primários (…) terão o seu preço majorado em dez por cento”.

Adicionalmente, prossegue o documento, “as consultas médicas realizadas em tempo real, programadas ou urgentes, são majoradas em 10%, independentemente de serem primeiras consultas ou subsequentes”.

“Com particular relevância para esta linha reforça-se que não são aplicáveis critérios de acesso com base na área de residência do utente, ou seja, o pagamento das teleconsultas não se encontra associado à residência”.

Também as consultas de psiquiatria, “realizadas na comunidade, são majoradas em 10%, sejam primeiras consultas ou consultas subsequentes. A mesma majoração se aplica à atividade realizada nos estabelecimentos prisionais”, lê-se no documento.

Outra aposta refere-se às consultas hospitalares descentralizadas nos cuidados de saúde primários, tendo em conta que contribuem para “aumentar a acessibilidade dos utentes aos cuidados de saúde e incentiva a articulação entre as instituições do SNS, promovendo a proximidade aos utentes e a continuidade dos cuidados”.

Nesse sentido, as primeiras consultas e subsequentes terão uma majoração de 10% no preço por grupo em algumas “especialidades (como a saúde mental, a oftalmologia, a obstetrícia, a pediatria e a medicina física e de reabilitação, por exemplo) e em áreas geográficas concretas, obedecendo sempre a protocolos clínicos bem definidos”.

No documento, está expressa a intenção da tutela de reduzir “a utilização de cuidados hospitalares que seriam evitáveis, com destaque para os internamentos médicos evitáveis, por se encontrarem associados a patologias ou condições de saúde que podem e devem ser prevenidas e/ou tratadas ao nível dos cuidados programados de primeira linha”.

Pretende-se ainda “melhorar a eficácia e a eficiência da resposta às situações de urgência e emergência, introduzindo iniciativas que permitam redirecionar os utentes para os cuidados programados e de proximidade, reforçando a respetiva capacidade resolutiva e reduzindo a atividade dos serviços de urgência”.

Outra medida passa pelo “alargamento do Livre Acesso e Circulação (LAC) do utente no SNS, diversificando as alternativas e aumentando a sua capacidade de intervir de forma pró-ativa e responsável na gestão do seu estado de saúde e bem-estar”.

O documento refere ainda o propósito de “incentivar a transferência de consultas subsequentes para os cuidados de saúde primários (nomeadamente na área das doenças crónicas), reorientando a procura para respostas de proximidade e estimulando o recurso à referenciação dos cuidados de saúde primários e à resposta via TeleSaúde”.

Outro objetivo passa por “aumentar a atividade das instituições do SNS na área da diálise, promovendo o aumento dos programas hospitalares de tratamento da insuficiência renal crónica em ambulatório (diálise peritoneal e hemodiálise)”.

Taxas de cesarianas
Os hospitais com taxas de cesariana superiores a 29,5% ou 31,5%, consoante o grau de diferenciação, não vão receber do Estado o...

Segundo os “Termos de referência para contratualização de cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2018”, a que a agência Lusa teve acesso, “a Comissão Nacional para a Redução da Taxa de Cesarianas (CNRTC) propôs a definição de metas para a taxa de cesarianas nos hospitais do SNS que tivessem repercussão no financiamento hospitalar”.

A medida não deve, contudo, acarretar “riscos acrescidos de saúde para os utentes, aspeto que deverá ser sempre a primeira prioridade na tomada de decisões clínicas”, tendo em conta que “a realização de uma cesariana pode trazer benefícios de saúde inequívocos para a grávida e para o seu filho, mas a sua utilização abusiva sem motivos clínicos acarreta riscos acrescidos para ambos”.

O documento da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) indexa o pagamento dos episódios de internamento com cesariana à taxa de cesarianas, sendo que no caso dos hospitais de apoio perinatal o financiamento deixa de existir quando a taxa for superior a 29,5 por cento.

Em relação aos hospitais de apoio perinatal diferenciado, o financiamento termina quando a taxa ultrapassar os 31,5 por cento.

Para os hospitais com taxas superiores a 29,5% e 31,5%, a contratualização para 2018 define que o financiamento só ocorre quando a redução destas percentagens for superior a cinco por cento.

Ainda na área da saúde reprodutiva, o documento determina que o pagamento dos episódios de parto passará a estar dependente da confirmação de existência de registo na plataforma “Notícia de Nascimento”, salvo nos casos de exceção previstos.

O programa para a Procriação Medicamente Assistida (PMA) continua a ser assumido pelo Ministério da Saúde como uma prioridade, mantendo-se no próximo ano um programa de saúde específico que envolve os hospitais do SNS para melhoria do acesso ao diagnóstico e tratamento da infertilidade.

Este programa engloba “o financiamento compreensivo de todos os tratamentos associados a problemas de infertilidade, assim como todos os atos médicos associados”.

Em 2018, a atividade de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) até às dez semanas de gestação será paga por 283 euros, quando o procedimento for por medicamento, e por 369 euros, no caso das cirúrgicas.

SNS
As unidades de saúde consideradas centros de referência vão receber mais pelas consultas e tratamentos nas áreas em que foram...

Os centros de referência vão receber mais pelas consultas e tratamentos nas áreas em que foram reconhecidos e os hospitais sem esta classificação vão receber metade pelos procedimentos que realizarem nessas áreas, segundo a contratualização para 2018.

Os “Termos de referência para contratualização de cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2018”, a que a agência Lusa teve acesso, apontam como um dos princípios genéricos de incentivo aos centros de referência – considerados os melhores em determinadas áreas – “a majoração em 10% do preço das consultas (primeiras e subsequentes) realizadas em centros de referência no âmbito das áreas de referência”.

Por outro lado, o preço das consultas (primeiras e subsequentes) realizadas nas áreas de atividade, em outros centros tratamento, será reduzido em 50 por cento.

No âmbito dos incentivos institucionais de desempenho assistencial e de eficiência, a contratualização para 2018 determina incentivos para os hospitais e centros de referência que representam 5% do valor do contrato-programa e estão associados ao “cumprimento de objetivos de desempenho assistencial e de eficiência em determinadas áreas de atividade consideradas prioritárias, sendo que 60% está associado a objetivos institucionais comuns a nível nacional e 40% a objetivos institucionais de cada região de saúde”.

Um dos itens a levar em conta para a atribuição de incentivos é o índice de qualidade PPCIRA (Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência Antimicrobiana), com uma ponderação de oito por cento.

Este índice é composto por um conjunto de variáveis, como o consumo hospitalar global de antibióticos, a taxa de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), conhecida como a “super bactéria”, no total de Staphylococcus aureus isolados em amostras invasivas (sangue e liquor) e cujo objetivo é a sua redução em cinco por cento ao ano.

No entanto, e “procurando contribuir para o acréscimo de justiça e de equidade e para a minimização de eventuais discrepâncias de avaliação entre instituições”, está definido no documento que “as metas para cada instituição serão negociadas entre as Administrações Regionais de Saúde (ARS) e as instituições hospitalares, de acordo com uma metodologia nacional”.

O documento da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) refere ainda que em 2018, no âmbito do Programa de Promoção de Investigação e Desenvolvimento, as instituições “concorrem entre si pela dotação anual de dois milhões de euros, distribuída pelo peso relativo da pontuação alcançada para o conjunto das patentes registadas e artigos científicos publicados em 2017”.

Através deste programa, Governo pretende “premiar e estimular a produção científica realizada pelos hospitais e centros hospitalares e Unidades Locais de Saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Versão atualizada
O novo Juramento de Hipócrates foi hoje lido pela primeira vez em Portugal, apresentando uma versão sem " paternalismo...

Em Coimbra, mais de 300 jovens médicos prestaram pela primeira vez em Portugal o Juramento de Hipócrates, segundo a versão atualizada em outubro pela Associação Médica Mundial

Para o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, com o novo texto, o juramento "perde definitivamente o seu paternalismo beneficente", com a abordagem dos procedimentos médicos a deixar de ser "um atributo exclusivo do médico, passando a decisão informada a ser tomada pela equipa médico-doente".

O novo texto, sublinhou, "coloca o doente no centro de todas as preocupações e coloca-o num patamar de intervenção e decisão na estratégia terapêutica da sua própria doença".

"Esta nova versão é uma resposta à desumanização galopante imposta por dirigentes da saúde acéfalos e desprovidos de qualquer sentido de compaixão", vincou Carlos Cortes, que falava durante a cerimónia do juramento, que decorreu hoje à tarde no Convento São Francisco, em Coimbra.

De acordo com Carlos Cortes, o texto mostra que "mais importante do que a doença e a sua erradicação é o ser humano e a sua dignidade".

"Este juramento - e esta é uma novidade importante - não centra a sua preocupação exclusivamente no doente. O médico, e sobretudo o seu bem-estar, a sua própria saúde passam a ser uma determinante incontornável para a prática de cuidados de saúde adequados", acrescentou.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, a essência do Juramento de Hipócrates "é a mesma", mudando "pequenas coisas que são importantes para acompanhar aquilo que é a evolução" da medicina e das relações éticas e deontológicas.

Em declarações aos jornalistas, Miguel Guimarães também chamou a atenção para a centralidade que o doente ganha nesta nova versão.

"Este novo juramento vem corresponder àquilo que são as práticas atuais", constatou.

"Respeitarei a autonomia e a dignidade do meu doente" e "Guardarei o máximo de respeito pela vida humana" são algumas das novidades introduzidas pela Associação Médica Mundial no Juramento de Hipócrates.

Na anterior versão, o Juramento contemplava a seguinte frase: "Guardarei respeito absoluto pela vida humana desde o início", tendo sido substituído o "respeito absoluto" por "máximo respeito".

O respeito pela "autonomia e dignidade" do doente são novidades em relação ao texto anterior.

A orientação sexual passa a figurar entre as considerações que não se podem interpor entre o dever do médico e o seu doente, a par da idade, deficiência, crença religiosa, origem étnica, nacionalidade, filiação política ou estatuto social.

Na anterior versão do Juramento constava apenas a religião, raça, nacionalidade, política e condição social.

Outra questão introduzida no novo texto diz respeito ao cuidado que os médicos têm de ter com a sua própria saúde: "Cuidarei da minha saúde, bem-estar e capacidade para prestar cuidados de maior qualidade".

O Juramento de Hipócrates não é obrigatório, mas possui forte carga simbólica por marcar o início da atividade dos médicos, sendo no fundo um passo em que os novos clínicos juram praticar a medicina honestamente.

OMS
Cerca de 60% da população mundial não dispõe de instalações sanitárias adequadas, situação que é causadora de contaminação...

No comunicado, por ocasião da celebração do Dia Mundial da Retrete, a OMS aponta sobretudo para a questão das crianças que, sem sanitas, ficam privadas da oportunidade de crescer de forma saudável, preservando a sua própria dignidade.

Estas carências obrigam 892 milhões de pessoas em todo o mundo a defecar ao ar livre, com as fezes a permanecerem nos campos e, no caso em que se são deixadas junto a correntes de aguam, rios e lagos constituem uma grande ameaça à saúde das pessoas e do próprio planeta, alerta a OMS.

“A ameaça é dupla: de um lado estão os 700 milhões de crianças menores de cinco anos que morrem anualmente na sequência de diarreias provocadas pela má qualidade da água, falta de casas de banho, serviços de saneamento e higiene. Por outro, a degradação que provoca o facto de 80% das águas residuais acabarem na natureza sem tratamento prévio”, avisa-se no comunicado.

Segundo a OMS, tornou-se também evidente que a degradação do meio ambiente contribui “bastante” para o atraso no desenvolvimento das crianças nos países mais pobres.

A OMS justifica que o Dia Mundial da Retrete foi instituído para sensibilizar para a crise mundial de saneamento básico e fomentar medidas para a solucionar, tal como ficou acordado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), que têm 2030 como horizonte.

Segundo o compromisso assumido pelos Estados membros das Nações Unidas, todos os habitantes do mundo deverão ter acesso ao saneamento básico, terá de se reduzir para metade a quantidade de águas residuais não tratadas e aumentar a reutilização como combustível ou fertilizante.

Os excrementos humanos devem ser depositados, transportados, tratados e eliminados de forma segura e sustentada.

De qualquer forma, as Nações Unidas recordam que a água e um saneamento deficientes custam anualmente aos países em desenvolvimento 260.000 milhões de dólares (201 mil milhões de euros), o que equivale a 1,5% do seu próprio Produto Interno Bruto (PIB).

No sentido contrário, prossegue, cada dólar investido neste setor gerará cinco, graças à melhoria da saúde e da produtividade das empresas.

Legalização
O Bloco de Esquerda vai promover na segunda semana de dezembro uma audição pública no Parlamento sobre a legalização do consumo...

Em declarações à agência Lusa à margem da CannaDouro - I Feira Internacional de Cânhamo do Porto, que decorreu até domingo na Alfândega do Porto, o deputado bloquista reiterou o empenho do BE para que ainda nesta legislatura seja conseguida a legalização do consumo das drogas leves em Portugal.

"Neste momento, o BE não tem modelos fechados e para discutir os modelos a seguir vamos promover uma audição pública, na Assembleia da República, na segunda semana de dezembro para, com quem quiser estar presente e com especialistas na área, debater qual o melhor caminho", revelou Moisés Ferreira.

Os bloquistas pretendem que dois objetivos sejam cumpridos: a permissão do auto-cultivo, seja como “clube social” ou não, e a possibilidade de aquisição, de forma controlada, em locais licenciados para o consumo da canábis.

O seminário incluído na feira abordou os temas: Canábis: Paradoxos da (des)criminalização; Clubes sociais de canábis, o caso espanhol; O futuro da canábis na União Europeia; A opinião dos utilizadores recreativos em Portugal.

Lembrando que Portugal "tem autorizadas plantações de canábis que depois são exportadas", o deputado critica que se continue "sem legalizar a sua prescrição médica".

"O que nós queremos é uma coisa diferente e melhor. Que os médicos possam prescrever a planta em si ou os seus derivados e que possam depois essas receitas ser aviadas na farmácia e comparticipadas após avaliação de quem tutela a área da saúde no Governo", descreveu o deputado, para quem Portugal deve também dar passos na área da investigação.

"Queremos que Portugal aposte na investigação da canábis para fins medicinais. Já são conhecidos os efeitos terapêuticos do Tetra-hidrocanabinol (THC) e começam a ser cada vez mais conhecidos e descritos os efeitos do cannabidiol (CBD), mas existem muitos outros canabinoides que continuam relativamente desconhecidos e que têm, certamente, efeitos medicinais", acrescentou.

Distinguindo esta matéria da "legalização para uso pessoal e individual para fins recreativos", invocando o combate ao tráfico e às máfias em contraponto com as situações de saúde pública, os bloquistas querem garantir "qualidade no consumo", evitando a existência de "produtos adulterados quimicamente ou geneticamente".

"Se trouxermos o consumo da canábis para a legalidade, necessariamente esse consumo terá de ser mais informado, logo menos perigoso para o individuo e para a sociedade", alegou o deputado.

Em matéria de limites, o BE só o prevê no que se refere ao auto-cultivo, limitando o "número de pés por pessoa", assim evitando "a criação de um mercado negro ou paralelo que mais não seria do que o recrear das atuais redes", disse.

O BE, acrescentou, já apresentou vários modelos para consumo, sempre seguindo as "novas experiências de vanguarda na Europa", e que recreavam as lógicas dos 'coffee shops' e, mais recentemente, os "clubes sociais" na Catalunha.

Negando terem já havido conversas com os demais partidos sobre esta matéria, Moisés Ferreira aprazou-as para o momento a seguir à audição pública, quando houver uma "proposta de projeto", ainda que assuma haver uma expectativa positiva.

"Sentimos que há cada vez mais deputados a reverem-se nos nossos projetos e vemos que há cada vez mais a votar a favor ou a abster-se, pelo que estamos otimistas quanto ao aprovar de um novo regime jurídico", concluiu Moisés Ferreira.

Legionella
A empresa Veolia Portugal, responsável pela manutenção das torres de refrigeração do Hospital de São Francisco Xavier, em...

"Todos os procedimentos foram implementados corretamente e são perfeitamente rastreáveis. Da análise efetuada não foi encontrada qualquer ação ou omissão significativa suscetível de explicar a amplitude deste fenómeno”, precisa a empresa, numa nota de esclarecimento.

A empresa de climatização adianta que, na sequência do surto de ‘legionella’ no Hospital de São Francisco Xavier, que já provocou cinco mortos, foi aberta uma investigação interna para “uma melhor clarificação” do quadro em que ocorreu este surto.

Apesar de estar em fase de conclusão, a empresa avança com algumas das indicações preliminares, sustentando que aplica “os procedimentos de prevenção do risco de ‘legionella’ em conformidade com as regras vigentes em Portugal, com as referências internacionais e com as exigências do Grupo Veolia”.

Além desta investigação interna, a Veolia Portugal adianta que solicitou ao ISQ, “como entidade independente e credível a nível nacional e internacional”, para realizar “com efeitos imediatos” uma análise aprofundada de toda instalação, verificando o estado de condição dos equipamentos e funcionamento do sistema.

A empresa considera também que “é fundamental ter em conta que um surto de ‘legionella’ resulta de uma conjugação de vários fatores”, sendo, por isso, “essencial efetuar todas as análises e testes necessários”.

“Em 20 anos de atividade em hospitais, a Veolia Portugal nunca conheceu uma situação semelhante”, refere, sustentando que “operam especificamente na central de trigeração” do Hospital de São Francisco Xavier e que não têm atividades “de limpeza e manutenção dos edifícios hospitalares, do sistema de águas quentes sanitárias nem dos depósitos da água fria”.

O surto da bactéria 'Legionella pneumophila' no Hospital São Francisco Xavier infetou, até ao momento, 54 pessoas, encontrando-se atualmente cinco internadas em Unidades de Cuidados Intensivos, segundo a Direção-Geral da Saúde.

O primeiro caso de doença dos legionários, provocada pela bactéria 'legionella', e que já causou cinco mortos, foi confirmado em 31 de outubro.

Prematuridade
Em todo o mundo nascem, por ano, cerca de 15 milhões de bebés prematuros e, destes, mais de 1 milhão

A prematuridade é a principal causa de morte no primeiro mês de vida e a segunda causa de morte antes dos 5 anos. Em Portugal, 8 em cada 100 bebés nascem prematuros.

Em muitas das crianças que sobrevivem, registam-se sequelas significativas, como a dificuldade de aprendizagem, o défice de visão e de audição.

O parto prematuro é aquele que ocorre antes das 37 semanas, sendo designado de extremo, quando tem lugar antes das 28 semanas (maioria peso <1000g); moderado, se ocorre entre as 28 e as 32 semanas, e pré-termo limiar, se acontece entre as 33 e as 37 semanas.

Quanto maior for a idade gestacional à data do parto, menor será a probabilidade de sequelas.

O avanço tecnológico e a diferenciação de alguns hospitais em apoio perinatal permitiram o aumento significativo da taxa de sobrevida do bebé prematuro.

Atualmente, nesta área, os avanços médicos são frequentes, assumindo-se que, em regra, os bebés com mais de 1000 g sobrevivem em 95% dos casos.

São fatores de risco para a prematuridade, a gravidez gemelar, a gravidez resultante de técnicas de procriação médica assistida (PMA), bem como antecedentes de parto prematuro ou abortamentos recorrentes em gestações prévias.  A estes, acrescem a gravidez nos extremos da vida reprodutiva ( <18 e >35 anos), o tabagismo, o baixo peso materno e o insuficiente ganho ponderal na gravidez, as profissões de desgaste físico e ainda o stress psicológico intenso.

O aumento de prematuros deve-se a variados fatores, devendo destacar-se especialmente o adiar da idade materna (mulher com mais patologia associada e com maior número de gestações gemelares) e ao avanço da medicina, que permite que mulheres com patologia crónica sejam mães e possibilitam também as técnicas de PMA, que aumentam o número de gravidezes gemelares.

Refira-se que nem sempre o parto prematuro é espontâneo, sendo muitas vezes iatrogénico, isto é, consequência de uma decisão médica. O obstetra decide pelo parto antes do termo, quando existe uma situação clínica suscetível de colocar a vida do feto e/ou da mãe em risco. Os casos mais frequentes são a restrição do crescimento intrauterino grave com alterações da fluxometria e a patologia materna da gravidez, como a Pré-eclâmpsia grave e Síndrome de HELLP, que podem resultar em morte fetal e/ou materna. Nestes casos, o parto é o tratamento.

A prevenção passa pela identificação das grávidas de risco e pelo acompanhamento mais apertado nestes casos; pela redução dos fatores de risco, quando possível; pela atenção aos sinais de alerta. Se detetados atempadamente é possível instituir medidas terapêuticas como a corticoterapia antenatal para maturação pulmonar e diminuição da incidência de enterocolite necrotizante e hemorragia interventricular, complicações comuns nestes bebés.

Não menos importante é orientar as grávidas com eminência de parto prematuro para um centro hospitalar com tecnologia adequada e com equipa de neonatologia treinada.

A taxa de prematuridade está a aumentar, mas a taxa de sobrevida de bebés sem sequelas está a estender-se a idades gestacionais cada vez menores.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Ministério da Saúde
Todos os agrupamentos de centros de saúde em Portugal vão ter pelo menos um médico dentista dentro de dois anos, comprometeu-se...

Na sessão de abertura do Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, anunciou que em 2018 e 2019 será reforçada a contratação de médicos dentistas para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O objetivo é que nos próximos dois anos todos os agrupamentos de centros de saúde tenham pelo menos um médico dentista a trabalhar.

Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado lembrou que atualmente há cerca de 60 locais nos cuidados de saúde primários com médicos dentistas e que a ideia é chegar ao fim de 2019 com dentistas em cerca de uma centena de locais.

Fernando Araújo lembrou que a saúde oral e a medicina dentária foram áreas “esquecidas pelo SNS durante largos anos”.

As consultas de saúde oral em centros de saúde começaram a ser introduzidas em julho de 2016, com experiências piloto que decorreram em algumas unidades da Grande Lisboa e do Alentejo.

Entretanto, o projeto foi sendo alargado ao resto do país.

O Ministério da Saúde anunciou hoje também que propôs ao Ministério das Finanças a criação da carreira de médico dentista na administração pública.

Finanças
O Ministério da Saúde propôs às Finanças a criação de uma carreira do médico dentista no Serviço Nacional de Saúde, anunciou...

Fernando Araújo fez o anúncio na cerimónia de abertura do Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, que decorre em Lisboa.

Em declarações, o secretário de Estado explicou que a recomendação para criar uma carreira do médico dentista na administração pública partiu do grupo de trabalho nomeado pelo Governo para analisar o enquadramento da atividade dos dentistas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Estas recomendações tiveram o parecer favorável do Ministério da Saúde e foi remetida a proposta para o Ministério das Finanças”, acrescentou Fernando Araújo, sublinhando que “faz sentido criar esta carreira”.

O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas lembrou que esta é “uma aspiração com 35 anos” para os profissionais.

Para Orlando Monteiro da Silva trata-se de “um passo enorme para a profissão”, que “vai ter impacto em todo o SNS, em toda a medicina dentária e nos utentes”.

O bastonário recordou que é uma carreira especial e com um grau de complexidade elevado complexidade, semelhante à da carreira dos médicos.

“Espero que se concretize muito rapidamente este enorme passo”, desejou Monteiro da Silva.

Cintesis
Investigadoras do Cintesis, do Porto, ganharam a Bolsa Milupa/2017, da Sociedade Portuguesa de Neonatologia, no valor de cinco...

As investigadoras do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis) Conceição Calhau, Juliana Morais, Cláudia Marques e Ana Faria consideram que “esta bolsa constitui um importante estímulo para a realização deste projeto e para a manutenção de uma proveitosa colaboração interinstitucional entre a academia e a maior maternidade do país”.

A Bolsa Milupa/2017, da Sociedade Portuguesa de Neonatologia (SPN) apoia anualmente trabalhos de investigação clínica em neonatologia na área da nutrição que contribuam substancialmente para a melhoria da prática clínica.

O projeto vencedor visa avaliar, em bebés prematuros nascidos até às 32 semanas de gestação e seguidos na Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, a influência do tipo de alimentação nas primeiras semanas de vida na microbiota intestinal.

A microbiota intestinal, população de bactérias presentes no intestino, é hoje um tópico considerado prioritário na investigação biomédica, pelo reconhecimento da comunidade científica e médica do impacto que tem na saúde em geral.

Juliana Morais, que integra o grupo ProNutri, sob a coordenação de Conceição Calhau, explicou que “quando os bebés prematuros estão hospitalizados, podem ser alimentados de diferentes formas: com leite materno, com leite de dadora ou com fórmulas industriais”.

“Queremos saber de que modo essa alimentação afeta a microbiota desses bebés”, sustentou.

O estudo irá avaliar igualmente a influência de outros fatores, como por exemplo, a alimentação da mãe durante o tempo de gestação e o tipo de parto. Depois de uma fase de recolha de amostras, espera-se que os primeiros resultados possam surgir entre abril e maio de 2018.

O projeto vencedor foi iniciado por Conceição Calhau, investigadora principal do ProNutri, do Cintesis, e docente da Nova Medical School, numa parceria com a Maternidade Alfredo da Costa, nomeadamente com o Serviço de Neonatologia.

Além das investigadoras do Cintesis, o projeto tem a participação de Sara Brito, médica neonatologista, e de Manuela Cardoso, nutricionista, ambas da Maternidade Alfredo da Costa.

O Cintesis - Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.

Sediado na Universidade do Porto, o Cintesis detém polos em oito instituições de Ensino Superior: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Aveiro, Universidade do Algarve, Universidade da Madeira, Instituto Superior de Engenharia do Porto e Escola Superior de Enfermagem do Porto. Coopera ainda com 18 institutos politécnicos.

No total, o centro agrega mais de 450 investigadores, em 16 grupos de investigação que trabalham em quatro grandes linhas temáticas: Investigação Clínica e Serviços de Saúde; Neurociências e Envelhecimento Ativo; Diagnóstico, Doença e Terapêutica; e Dados e Método.

25 mil euros
A Cruz Vermelha Portuguesa vai receber o Prémio Direitos Humanos 2017 da Assembleia da República pela sua atuação junto das...

O montante do prémio é de 25 mil euros e vai ser encaminhado para as vítimas dos incêndios florestais.

Segundo uma nota da Cruz Vermelha enviada à agência Lusa, “o júri do Prémio Direitos Humanos 2017, constituído no âmbito da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, deliberou por unanimidade propor a atribuição do Prémio Direitos Humanos 2017 (…) à Cruz Vermelha Portuguesa”.

O galardão visa premiar a atuação da Cruz Vermelha “junto das populações afetadas pelos incêndios florestais” deste ano, “quer através do reforço de meios de emergência, da participação em equipas de socorro e transporte, de apoio psicológico, logístico e de sobrevivência às populações desalojadas ou deslocadas, quer através do trabalho desenvolvido na recuperação e retorno à normalidade dessas populações”.

Esta proposta de atribuição teve ainda a concordância do presidente da Assembleia da República.

Este galardão já foi atribuído a entidades como o Instituto de Apoio à Criança, a Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social, a Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios, a Associação dos Deficientes das Forças Armadas e também a António Guterres.

Entrevista
Na Europa, o cancro do pâncreas é o sétimo mais frequente, estimando-se que só em Portugal sejam dia

AdS: De acordo com um estudo, cerca de 60% da população desconhece a sintomatologia associada ao cancro do Pâncreas. Quais os principais sintomas da doença?

O cancro do pâncreas é uma doença que evolui normalmente de forma silenciosa, não apresentando sintomas específicos, o que dificulta o diagnóstico precoce. Alguns dos sintomas mais frequentes são, na realidade, inespecíficos e que podem-se confundir com outras doenças menos graves.

A sintomatologia mais comum são a iterícia (cor amarelada da pele), náuseas, dor abdominal e da coluna dorsal, perda de peso inexplicável e alterações nos hábitos intestinais.

AdS: No entanto, uma vez que esta é, maioritariamante, uma doença silenciosa quais os sinais a que devemos estar atentos?

Esta doença é silenciosa pelo que os sinais podem ser vagos e pouco específicos e surgir apenas num estadio mais avançado de cancro do pâncreas. Alguns dos sinais são perda de apetite e de peso, a falta de força e, por vezes, a diarreia, sendo facilmente confundido com outras patologias, o que aumenta a dificuldade do diagnóstico por doentes ou mesmo profissionais de saúde que podem não associar de imediato o conjunto dos sintomas a este tipo de cancro.

AdS: Como é feito o seu diagnóstico?

Em 60% dos casos o diagnóstico é feito numa fase tardia e avançada da doença. Para além das manifestações clínicas, há análises de sangue que podem fazer suspeitar da doença e a confirmação passa por métodos de imagem que identificam a lesão. Habitualmente a ecografia abdominal, a TAC abdominal, ressonância magnética e a ecoendoscopia são os métodos mais utilizados.

No que diz respeito ao diagnóstico muito ainda necessita de ser feito. Há vários anos que os investigadores estudam o desenvolvimento de métodos de diagnóstico do cancro pancreático mais eficazes e que possam detetar a doença mais cedo.

Ads: Quanto aos testes genéticos, na prática qual a sua utilidade e quem pode ou deve realizá-los?

Qualquer inovação que possa haver no campo do diagnóstico é muito bem-vinda e, se o desenvolvimento dos testes genéticos for uma solução para o diagnóstico mais precoce, a Europacolon Portugal está completamente de acordo e entusiasta para que estes métodos sejam aplicados em Portugal. Existe uma investigação do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), que demonstra que o cancro do pâncreas produz, no sangue dos doentes, uma “assinatura biológica” da sua presença, podendo estar presente nos doentes bem antes do seu cancro ser detetável por métodos convencionais. O teste genético permite vislumbrar uma possível forma de detetar este cancro para o conseguir tratar antes que se torne letal. É um teste altamente sensível na determinação de cistos pancreáticos que podem evoluir para cancros agressivos do pâncreas. Encontra-se já disponível nos EUA.

AdS: Quais as causas ou fatores de risco para este tipo de cancro?

Existem diversos fatores de risco que influenciam a uma maior ou menor predisposição para o desenvolvimento do Cancro do Pâncreas. Esta doença está muito associada a hábitos como alimentação rica em gorduras, tabagismo, ingestão de álcool, peso elevado, diabetes, pancreatite crónica, idade e história familiar.

AdS: Apesar de alguns autores afirmarem que a doença tanto afeta homens como mulheres, alguns estudos mostram que o cancro do Pâncreas é duas vezes mais frequente no sexo masculino. Existe alguma explicação?

A incidência do cancro do pâncreas em Portugal é de cerca de 1300 pessoas, existindo de facto uma ligeira maioria da população masculina, o que em parte pode resultar do consumo de tabaco ser maior nos homens. O risco de aparecimento deste cancro aumenta com envelhecimento, aparecendo a partir dos 55 anos, mas com mais frequência a partir dos 65 anos.

AdS: Qual a incidência do Cancro do Pâncreas e quais os números da doença no nosso país? 

O Cancro Pancreático é uma doença oncológica cuja incidência em Portugal é de 1.300 casos, anuais, com uma mortalidade associada de 1.328/Ano (Globocan 2012). Atualmente, o cancro do pâncreas é a 7ª maior causa de morte por cancro. Sem melhorias no diagnóstico, prevê-se que venha a tornar-se a 4ª principal causa de morte por cancro em 2020, dos quais cerca de 700 pessoas em Portugal em estadio IV no momento do diagnóstico.

AdS: Tratanto-se de um tumor de difícil controlo, qual o prognóstico da doença?

Todos os dias a nível mundial, morrem 900 pessoas com a doença e 1000 novos casos surgem. Os tumores da cabeça do pâncreas que são detetados precocemente, submetidos a cirurgia curativa têm uma sobrevivência de cerca de 48% a 87% aos 5 anos na Europa. Revela-se muito importante a existência de um diagnóstico precoce para que seja possível uma intervenção cirúrgica. A investigação demonstra que os doentes diagnosticados a tempo de uma intervenção cirúrgica têm mais hipóteses de sobrevivência a cinco ou mais anos.

AdS: Quais as opções de tratamento disponíveis? E o que pode condicionar a escolha terapêutica?

Dependendo da particularidade de cada doente, são apresentadas quatro opções de tratamento: cirurgia, quimioterapia, radioterapia e as terapias inovadoras. A cirurgia para pacientes com cancro pancreático é realizada com o objetivo de remover completamente o tumor, contudo apenas 20% dos cancros pancreáticos são diagnosticados em tempo útil de forma a ser possível a remoção através de cirurgia. O aparecimento de novas terapias dirigidas podem ser uma interessante opção para o tratamento.

Ads: De acordo com os dados, de um universo de 100 doentes diagnosticados, estima-se que apenas 6 possam ser operados. O que falta fazer para que este tipo de cancro seja diagnosticado cada vez mais cedo, aumentando assim as hipóteses de tratamento destes doentes?

A investigação demonstra que os doentes diagnosticados a tempo de uma intervenção cirúrgica têm muitas mais hipóteses de sobrevivência a cinco ou mais anos. À medida que os médicos foram adquirindo novas informações sobre o que torna as células cancerígenas pancreáticas diferentes das células normais, novos fármacos podem ser desenvolvidos para atacar apenas aspetos específicos das células cancerígenas. Uma vez que as células normais não são atacadas da mesma maneira que em quimioterapia, os efeitos colaterais associados podem ser reduzidos com essas terapêuticas.

AdS: Considera que há falta de informação?

A população não está consciencializada para este cancro e há ainda muito a fazer para que mais informação chegue às pessoas através dos médicos de família e especialistas. É neste aspeto que a Europacolon Portugal e o trabalho internacional tem contribuído para uma melhoria da sensibilização da população e dos profissionais de saúde sobre esta patologia, promovendo uma melhoria da informação e um diagnóstico mais atempado da doença.

A Europacolon Portugal vai realizar em 2018 um estudo a nível nacional que visa aumentar a perceção dos médicos de medicina geral e familiar sobre o cancro do pâncreas, a fim de melhorar o diagnóstico precoce da doença.

Ads: Que avanços têm existido nos últimos anos no que diz respeito às terapêuticas e métodos de deteção?

Do financiamento em investigação, na área oncológica, só 2% se aplica ao cancro pancreático, número este que se tem mantido nos últimos 40 anos, pelo que é necessário desenvolverem-se mais oportunidades e ações na procura de novas soluções de diagnóstico precoce e tratamento mais eficazes, para além daqueles que existem atualmente. É necessário um trabalho urgente de divulgação da doença e dos seus possíveis sinais de alarme, junto da população em geral e dos médicos de família, e a Europacolon Portugal tem vindo a trabalha arduamente neste sentido.

AdS: Para terminar, que mensagem gostaria de deixar?

A Europacolon é membro fundador da World Pancreatic Coalition e único representante de Portugal nas iniciativas nacionais e internacionais desenvolvidas na área do cancro do pâncreas. É nosso foco apoiar os pacientes de cancro digestivo, os seus familiares e cuidados, pretendendo aumentar a sensibilização destas doenças e aumento da literacia em saúde através de maior conhecimento da população dos sintomas, fatores de risco e outras informações relevantes para a Saúde em geral.

A todos que precisem, disponibilizamos, gratuitamente, vários serviços como consultas de psicologia e nutrição, apoio social, apoio jurídico, segundas opiniões médicas, linha de apoio permanente (808 200 199) e realizamos diversas ações de sensibilização e prevenção primárias assim como participação nos mais variados eventos nacionais e internacionais sobre Saúde.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
GESCAT apresenta “White Book”
Para o GESCAT - Grupo de Estudos de Cancro e Trombose é determinante tomar medidas para reduzir a morbilidade e mortalidade dos...

Os dados do Eurostat, mostram que na União Europeia o cancro constitui a principal causa de morte (Eurostat Statistics Explained, May 2017) e a Comissão Europeia estabeleceu como objetivo a redução da mortalidade associada às doenças oncológicas em 15% até 2020. O cancro é uma doença com muitos aspetos a considerar. Esses aspetos relacionam-se com o tratamento, com a própria doença e com implicações nas atividades da vida diária. Um dos aspetos mais importantes é a possibilidade de desenvolver um coágulo de sangue. Esta condição é conhecida como trombose associada ao cancro (CAT).

Apesar da CAT constituir uma das principais causas de morte por cancro, após o próprio cancro, e constituir um gasto económico significativo (os custos do tratamento dos doentes com trombose e cancro é significativamente superior aos dos restantes doentes oncológicos e a sua qualidade de vida inferior), a sua prevenção e tratamento adequado são muitas vezes negligenciadas devido à falta de consciencialização sobre a sua gravidade.

Para Sérgio Barroso, médico oncologista e Presidente do Grupo de Estudos de Cancro e Trombose (GESCAT), “sabe-se hoje que as questões relacionadas com trombose e cancro são um problema importante em saúde pública, que se prevê tornar ainda mais relevante no futuro, pelo que se impõe uma reflexão sobre a forma de o abordar, em termos clínicos e económicos. A mensagem “investir para salvar e mais tarde poupar” assume particular importância particularmente no contexto atual de pressão sobre os serviços de saúde para redução de custos”.

Neste sentido, O GESCAT entendeu que era urgente chamar a atenção das entidades responsáveis, profissionais de saúde e sociedade em geral para se conseguir melhorar a prevenção e o diagnóstico precoce e assegurar um tratamento eficaz e seguro da CAT em todos os doentes oncológicos, de forma reduzir a morbilidade e a mortalidade.

Vai ser lançado no dia 21 de novembro, pelas 18h00, em Lisboa na Embaixada da Dinamarca, o White Book sobre a “Trombose Associada ao Cancro” que no seu conteúdo reúne um plano de ação que visa aumentar a consciência sobre a situação e reduzir a morbilidade e mortalidade dos doentes oncológicos com esta patologia, através da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado. Este White Book já foi apresentado na Embaixada Dinamarquesa em Bruxelas, no dia 12 de outubro de 2016 e no Parlamento Europeu no dia 13 de outubro de 2016.

O objetivo desta iniciativa será o GESCAT fazer a apresentação do White Book português e uma discussão do plano de ação proposto, envolvendo as principais sociedades científicas ligadas a este tema, e os representantes da área política, económica e social do setor.

“É urgente aumentar a prescrição de tromboprofilaxia nos doentes com cancro. A doença oncológica constitui um fator de risco independente e relevante para o tromboembolismo venoso (TEV), fundamentalmente porque altera o normal equilíbrio do sistema de coagulação do organismo, desviando-o no sentido “pró-coagulante”. Sabe-se hoje que o TEV associado ao cancro é cada vez mais prevalente, estimando-se que cerca de 1/5 de todos os doentes oncológicos terão o diagnóstico de TEV durante a evolução da sua doença” explica o Presidente do GESCAT.

Assim, e especificamente para esta população de doentes, as guidelines internacionais e nacionais são inequívocas e unânimes ao classificar as HBPM como tratamento de primeira linha, devendo ser administradas em monoterapia entre três a seis meses. Sobre esta questão Sérgio Barroso, esclarece “devido ao elevado risco de recorrência, o tratamento do tromboembolismo venoso no doente com cancro deve ser prolongado ao longo de vários meses e este facto aumenta os custos, afeta de forma adversa a qualidade de vida e aumenta a probabilidade de adiamento e redução da eficácia do tratamento médico dirigido à doença oncológica (como a quimioterapia). A prevenção da trombose associada ao cancro reduz custos com a doença, melhora os resultados e diminui as mortes associadas a esta doença. Os profissionais de saúde responsáveis pelo tratamento do cancro devem proceder à avaliação frequente do risco de TEV especifico para cada doente, tipo de tumor e tratamento utilizado”.

“A trombose associada ao cancro, apesar de constituir uma das principais causas de morbidade e mortalidade dos doentes oncológicos, não recebe a atenção suficiente por parte das entidades responsáveis, profissionais de saúde e sociedade em geral. É necessário aumentar a sensibilização de todos os grupos de interesse relativamente ao impacto do TEV associado ao cancro e à necessidade de disponibilizar um diagnóstico precoce, prevenção adequada e tratamento eficaz aos doentes oncológicos com TEV. Os profissionais de saúde devem estar conscientes para o facto do TEV constituir uma possível complicação do cancro e do seu tratamento. Os responsáveis políticos devem ser esclarecidos sobre o custo económico e de saúde pública do TEV associado ao cancro e de como a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz da trombose associada a cancro pode salvar vidas e poupar recursos” conclui Sérgio Barroso.

Desenvolvido no Porto
Um videojogo desenvolvido no Porto para promover a atividade física em crianças com cancro conquistou o primeiro lugar e um...

"O Hope pretende responder de forma eficaz a dois problemas existentes em crianças internadas com uma doença oncológica: a ansiedade e o elevado sedentarismo associados à hospitalização", disse Hernâni Zão Oliveira, estudante de doutoramento da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e investigador responsável pelo projeto.

Nesse sentido, foi criado um videojogo para ‘tablets' e ‘smartphones', que permite ensinar tópicos sobre o cancro através de ferramentas normalmente associadas ao entretenimento, com o intuito de promover o conhecimento sobre a doença e a atividade física para crianças entre os seis e os dez anos, explicou.

Segundo o investigador, os desafios propostos durante o jogo são ultrapassados através de uma tecnologia que possibilita o ‘exergaming' (prática de exercício físico durante um jogo virtual), utilizando a câmara frontal dos dispositivos móveis.

"Toda a narrativa e o design deste jogo foram pensados para cruzar a perspetiva realista da doença oncológica, com base em fotorreportagens dos espaços hospitalares, com o mundo fantástico, onde os principais medos da criança se transformam em superpoderes da sua personagem", indicou Hernâni Zão Oliveira.

Tendo em conta as constantes dúvidas e preocupações dos pais e cuidadores, a equipa desenvolveu igualmente uma aplicação móvel para acompanhá-los durante o tratamento da criança.

A informação contida nessa aplicação, contou o aluno, foi trabalhada com técnicas de infografia para tornar mais clara a complexidade científica associada aos procedimentos oncológicos.

A narrativa utilizada no videojogo foi também aplicada nesta aplicação, para que os pais possam utilizar as mesmas metáforas explicativas para dialogarem com a criança sobre a doença.

Hernâni Zão Oliveira conta ter as aplicações disponíveis para utilização no último semestre de 2018.

O videojogo integra o projeto Hope, distinguido no Astellas Oncology C3 Prize, um concurso internacional promovido pela multinacional Astellas Pharma, em parceria com o investidor Robert Herjavec.

A final deste concurso, no qual participaram mais de 160 projetos oriundos de 21 países, decorreu na quarta-feira durante a conferência anual da União Internacional para o Controlo do Cancro - World Cancer Leaders' Summit -, no México.

O projeto português nasceu de uma parceria entre a Universidade do Porto (UP), o Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, do Porto, e a ‘startup' de comunicação em saúde Bright.

Para o investigador, a conquista deste prémio é um "importante reconhecimento" para divulgar nacional e internacionalmente o potencial português no desenvolvimento de projetos multidisciplinares na área da inovação em literacia em saúde, "um campo de estudo ainda recente, mas altamente pertinente".

O projeto Hope, finalista dos concursos "The Next Big Idea" e do "Prémio Nacional Indústrias Criativas", deu origem ao desenvolvimento do primeiro laboratório português focado na Literacia em Saúde, o LACLIS - Laboratório de Criação em Saúde, sediado no Media Innovation Labs, o centro de competências da UP para os media.

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