Centro Hospitalar de Lisboa Central
O 30º transplante pulmonar realizado este ano no hospital Santa Marta, em Lisboa, devolveu a Rosa Fernandes o ar e a...

O Hospital Santa Marta, que pertence ao Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), iniciou a transplantação pulmonar em 2001. Começou com poucas intervenções anuais, mas hoje é um dos que mais transplantes pulmonares realiza no mundo.

Só este ano, foram 30 os transplantes pulmonares realizados neste centro – o único do país que efetua esta cirurgia –, um número que só não cresce mais porque não existem órgãos suficientes e, principalmente, em condições.

“Usamos um em cada três órgãos que nos são doados, porque alguns pulmões não nos chegam em boas condições”, explicou o cirurgião cardiotorácico José Fragata, que dirige o Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de Santa Marta.

O médico sublinhou a sensibilidade deste órgão: “Fígados e rins aproveitam-se 80 a 100%, coração 50% e o pulmão, nos melhores sítios, 20%. Nós já estamos a usar 33%”.

Muita desta sensibilidade deve-se ao facto de o pulmão ser “um órgão muito suscetível a encharcar-se de líquidos. Às vezes, em esforços de reanimação para manter o dador viável, o pulmão acaba por sofrer e infeta-se”.

A pneumologista Luísa Semedo, da equipa de transplantação de José Fragata, enumera outras dificuldades com que se debatem os médicos e, logo, os doentes que precisam de um órgão, nomeadamente o grupo sanguíneo e a altura do dador.

“A altura é a maior dificuldade. Temos mais dificuldade em dadores mais pequenos e vão ser estes os doentes que vão estar mais tempo em lista de espera”, afirmou.

Nesta lista encontram-se atualmente entre 45 a 50 doentes e José Fragata reconhece que, dificilmente, ela vai deixar de existir.

“Nós não transplantamos doentes que não precisam [de um transplante], mas à medida que a oferta é maior, a procura instala-se porque os próprios pneumologistas começam a inscrever os doentes mais cedo”, referiu.

Esta procura maior que a oferta leva a que cerca de 15% dos doentes em lista de espera não cheguem a receber o órgão que precisam.

Ainda assim, José Fragata reconhece que os 30 transplantes anuais são um número que nunca imaginou alcançar quando arrancou com o programa de transplantação pulmonar.

“É um esforço de equipa brutal e um exemplo muito bom para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), como história de sucesso”, disse.

Segundo José Fragata, se estes doentes não tivessem sido operados no Santa Marta, tê-lo-iam sido em Espanha a um custo de 160 mil euros por transplante, além dos “custos morais e de deslocação da família”.

Atualmente, só seguem para o estrangeiro “casos pontuais e excecionais”.

O médico explicou que a insuficiência respiratória crónica, nomeadamente em contexto de fibrose pulmonar, a doença pulmonar obstrutiva e a fibrose quística são as principais razões clínicas que justificam o transplante pulmonar.

A doença pulmonar obstrutiva tirava há muito o fôlego a Rosa Fernandes, uma portuguesa de 56 anos que viveu na Venezuela até ao ano passado, altura em que percebeu que não iria ter uma resposta clínica para o seu problema de saúde.

Foi o médico que lhe disse que se ficasse na Venezuela poderia morrer a qualquer momento e que devia ir para Portugal, onde teria melhores oportunidades.

Em Portugal desde julho de 2016, começou a receber tratamento no Santa Marta em setembro, enquanto aguardava por um transplante pulmonar, o qual chegou há 14 dias.

Sem esconder o sorriso, afirma que o par de pulmões que recebeu permitiu-lhe voltar a respirar sem ajuda de uma bomba de oxigénio e a sonhar, nomeadamente com o dia em que voltará a dançar.

“Já andava a ensaiar com a botija”, afirmou.

DGS
A vacinação dos profissionais de saúde contra a gripe é “quase um imperativo deontológico e ético”, considerou a diretora-geral...

Numa sessão de apresentação do plano de contingência para o inverno, Graça Freitas indicou que já foram administradas no Serviço Nacional de Saúde mais de um milhão de vacinas contra a gripe.

A diretora-geral da Saúde lembrou que os profissionais de saúde são um dos grupos alvo para a vacina, por estarem mais expostos ao vírus e por poderem também contagiar doentes.

“É quase um imperativo deontológico e ético os profissionais de saúde vacinaram-se”, afirmou.

A DGS não tem ainda dados para a atual época gripal sobre a vacinação dos profissionais de saúde, mas geralmente são um dos grupos alvo da vacinação com mais baixa taxa de adesão à imunização.

Segundo os últimos dados do ‘Vacinómetro’ deste ano só se tinham vacinado desde outubro cerca de um terço dos profissionais de saúde com contacto direto com os doentes. Nos outros grupos prioritários, a vacina chegou a mais de metade das pessoas com 65 ou mais anos e 45% dos portadores de doença crónica.

“Estes valores, quando comparados com o mesmo período da época anterior, mostram uma taxa de vacinação superior para todos os grupos, com exceção dos profissionais de saúde, cujos valores se mantêm semelhantes”, refere o relatório do ‘Vacinómetro’ de dia 8 deste mês, ferramenta que permite monitorizar em tempo real a taxa de cobertura da vacinação contra a gripe em grupos prioritários recomendados pela DGS.

A vacina recomenda-se ainda às pessoas com idade entre os 60 e os 64 anos.

A imunização contra a gripe é gratuita no SNS para residentes em instituições, como lares de idoso, doentes na rede de cuidados continuados, pessoas com apoio domiciliário, internados em unidades públicas com patologias crónicas e portadores de diabetes, doentes em diálise, sob quimioterapia e bombeiros com recomendação para serem vacinados, entre outros.

Associação Portuguesa de Fertilidade
Entre as causas mais comuns de infertilidade estão as doenças auto-imunes, como doenças gastrointestinais, e as doenças...

Doenças cardiovasculares, da hemoglobina e relacionadas com a coagulação, devido ao risco de hemorragia e trombose que aportam, impõem um maior cuidado no tratamento hormonal da infertilidade. No caso das mulheres grávidas, estas doenças exigem também uma maior vigilância durante o período de gestação e durante o parto. Descolamento da placenta e situações de parto prematuro são as mais comuns. Muitas vezes, responsáveis também por abortos de repetição. No caso dos homens, podem provocar dificuldades de ereção ou de ejaculação.

As doenças respiratórias também têm a sua influência. Doenças como sinusite crónica ou bronquite crónica, muito comuns entre a população portuguesa, impedem o movimento do embrião ao longo das trompas de falópio e em direção à cavidade uterina. A asma e as dificuldades respiratórias também influenciam o momento do parto, onde a respiração é fundamental.

Doenças da tiróide e outras auto-imunes como artrite reumatóide, espondilite anquilosante ou lúpus, por exemplo, podem igualmente ser causas de infertilidade, isto porque os anticorpos impedem a fecundação ou a implantação, podendo originar abortos de repetição por rejeição materno-fetal.

Além destas, também as doenças do trato intestinal, provocam, nos homens, a perda da qualidade do sémen e, nas mulheres, problemas associados à disfunção ovulatória e abortos de repetição. As doenças neurológicas (degenerativas) estão sobretudo associadas à perda da líbido tanto na mulher como no homem, e dificuldades de ereção e de ejaculação, na sequência da perda de capacidades associadas a estas doenças. No campo das doenças psiquiátricas e mentais, a deficiência mental impede, por norma, o recurso a tratamentos de fertilidade. Situações como esgotamentos ou depressões também podem afetar o processo de gravidez. A saúde mental assume extrema importância na fertilidade.

Um ano após tentativas de engravidar sem sucesso, o casal deve recorrer ao médico. A avaliação médica é fundamental para avaliar e seguir o tratamento adequado de acordo com a causa do problema.

Em Portugal, cerca de 300 mil casais são inférteis. Entre 10 a 15 por cento dos casais que fazem tratamentos de fertilidade podem precisar de doação de óvulos ou espermatozóides. A taxa de infertilidade masculina é similar à taxa de infertilidade feminina (cerca de 40 por cento em ambos os casos). Em média, um em cada 10 casos são de infertilidade nos dois membros do casal.

Desde outubro
Mais de um milhão de vacinas contra a gripe foram administradas pelo Serviço Nacional de Saúde desde outubro, o que representa...

Estes dados foram avançados pela Direção-Geral da Saúde hoje, dia em que a autoridade de saúde está a apresentar o plano de contingência sazonal para o inverno.

O Estado comprou para a época gripal atual 1,4 milhões de vacinas, que este ano passaram a ser também gratuitas para as pessoas com diabetes e para os bombeiros que tenham recomendação para a vacina, a juntar aos grupos que já as recebiam gratuitamente nos centros de saúde, como os idosos.

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, indicou que já foram administradas 1,1 milhões de vacinas da gripe no Serviço Nacional de Saúde (SNS), havendo ainda 300 mil doses disponíveis.

Além destas disponibilizadas pelo SNS, as farmácias dispõem de 600 mil doses de vacinas para venda.

Inquérito revela
Atualmente, ainda existem muitos mitos no que respeita à saúde sexual. São falsas crenças que provocam confusão, medos e,...

Os dados do último inquérito realizado pela empresa Harris Interactive para uma empresa farmacêutica1, que inquiriu mais de 5 mil mulheres no Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Espanha que tiveram relações sexuais desprotegidas, demonstram que apenas 39% das inquiridas admitiram já ter utilizado a pílula do dia seguinte, 49% reconhece não ser utilizadora, ainda que afirme conhecer a contraceção de emergência e as restantes 12% não são utilizadoras nem tem conhecimento sobre este tema.

Em Portugal, os estudos demonstram que os resultados não diferem muito. De acordo com o inquérito “Prioridades antes de ser mãe”, 40% das portuguesas que em caso de terem relações sexuais de risco não consideravam recorrer à contraceção de emergência2] para evitar uma gravidez não planeada, apesar da gravidez não planeada ser uma preocupação para 69% das inquiridas2.

Tendo em mente estes valores, podemos perguntar-nos se estão realmente informadas as portuguesas em matéria de educação sexual? A resposta, tendo em conta que muitos casais continuam a manter relações sexuais desprotegidas e com risco de gravidez não desejada, parece clara: Não! ‘Não’, porque ainda há casais que não utilizam nenhum tipo de método contracetivo porque consideram que este pode “diminuir” o prazer sexual, ou não recorrem a métodos hormonais porque acreditam que engordam ou provocam o crescimento de pelo corporal. Definitivamente ‘Não’, se mais de um terço (36%) das mulheres que em caso de situação de risco de gravidez não planeada não recorreriam à pílula do dia seguinte porque acreditam que é abortiva2, tem numerosos efeitos secundários (30%), a consideram uma bomba hormonal (24%) ou afirmam que provoca infertilidade (7%). E, claramente ‘Não’, se 17% das mulheres considera que o coito interrompido é um método seguro e torna a relação sexual protegida2.

Mas, porque não estão muitas mulheres dispostas a recorrer à contraceção de emergência? O inquérito Harris reflete que 57% das mulheres europeias não a tomariam por falta de conhecimento; 25% por medo dos seus efeitos secundários, 22% por ser contra os seus princípios morais e 11% por vergonha1.

Mas, a que se deve esta situação? Para Teresa Bombas, médica especialista em ginecologia e obstetrícia e presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção, “ainda existem crenças enraizadas na sociedade que podem provocar confusão relativamente à contraceção de emergência. Estereótipos que qualificam uma mulher que recorre à contraceção de emergência como “irresponsável” quando, o recurso à pílula de emergência é exatamente o contrário, é um ato de responsabilidade da mulher”. A especialista defende, por isso, que “a informação correta é fundamental para, em primeiro lugar, aumentar a correta utilização dos métodos contracetivos regulares e, em segundo, dissipar de uma vez por todas com estes mitos e crenças infundadas relativamente à contraceção de emergência”.

Não utilizar corretamente os métodos contracetivos regulares não só pode derivar numa gravidez não desejada, como também pode supor um grande impacto na vida social e trajetória laboral da mulher. De facto, as portuguesas têm atualmente outras prioridades para além da maternidade, sendo esta adiada para uma fase mais tardia da vida. Mais de metade das portuguesas (64%) considera que uma gravidez afetaria a sua vida social e laboral2 e, mais concretamente, 58% tem medo de perder oportunidades de trabalho ou de concluir os seus estudos devido a uma gravidez não planeada2.

Teresa Bombas acrescenta ainda que “os resultados dos estudos referidos deixam antever uma realidade que, ainda que preocupante, pode ser combatida através da facilitação do acesso a informação de qualidade sobre a utilização de contracetivos, tanto regulares como de emergência. Para uma vida sexual responsável, é necessário contar com fontes de informação corretas e que desmistifiquem ideias erradas e, desta forma, ajudem a eliminar medos que, durante anos, se foram fortalecendo em matéria de saúde sexual e levam muitos casais a um risco desnecessário.”

1Inquérito Harris Interactive para HRA, agosto 2017.
2Estudo ‘Prioridades Antes de Ser Mãe’ | Portugal, Kantar Health, julho de 2017

Especialistas
A Ordem dos Médicos quer que os clínicos tenham formação contínua e que demonstrem as competências adquiridas, estando a...

O bastonário Miguel Guimarães considera essencial a formação contínua dos médicos especialistas e quer ajudar a promover esta atualização de conhecimentos.

Por isso, a Ordem está a estudar uma forma de "dar mais possibilidade aos médicos" de realizarem a sua formação contínua e de fazer com que demonstrem com regularidade que atualizam os seus conhecimentos.

"Estamos inclusivamente a estudar a forma de implementar bolsas e ferramentas de apoio à formação médica", afirmou à agência Lusa o bastonário Miguel Guimarães.

O representante dos médicos sublinha que não se trata de qualquer exame ou prestação de provas, até porque Miguel Guimarães entende que os clínicos "já são os profissionais que mais provas públicas prestam ao longo das suas carreiras".

"A demonstração de atualização poderá consistir na apresentação de um documento que resuma e ateste a atividade profissional desenvolvida pelo médico num determinado número de anos e seguindo um padrão proposto pelo respetivo colégio de especialidade", explicou Miguel Guimarães.

Está assim a ser estudado um programa de formação contínua pelo Conselho Nacional para a Formação Médica Contínua da Ordem, com os contributos dos vários colégios de especialidade e das sociedades científicas, sendo o objetivo que comece a ser aplicado no próximo ano.

Há 4 anos
Centros comerciais e ginásios deixaram há quatro anos de ter auditorias obrigatórias à qualidade do ar, com a legislação que...

Contactada, a Associação Portuguesa das Empresas dos Setores Térmico, Energético, Eletrónico e do Ambiente (APIRAC) considera que foi um passo atrás, alegando que, “ao acabar com as auditorias obrigatórias e com a figura do técnico responsável que garantia manutenção periódica dos sistemas”, perde-se a garantia de qualidade para quem usa esses espaços.

“Os técnicos que faziam esta verificação encontravam, além de’ legionella’, outros poluentes como o radão. E na altura de revalidar o certificado energético dos edifícios havia inclusive irregularidades que podiam ser corrigidas”, reconhece o secretário-geral da APIRAC, Nuno Roque.

Até dezembro de 2013, quando a nova legislação entrou em vigor, edifícios como escolas, centros desportivos, lares, hospitais e clínicas eram alvo de auditorias obrigatórias de dois em dois anos, enquanto em centros comerciais ou edifícios de escritórios a periodicidade era de três em três.

Estas fiscalizações eram garantidas por técnicos certificados pela Agência para a Energia (ADENE), que viu a nova legislação centrar as suas competências apenas na eficiência energética dos edifícios.

Daí para a frente, as auditorias obrigatórias deixaram de existir, a responsabilidade de controlar a qualidade do ar interior passou para os proprietários dos edifícios e a Inspeção-Geral da Agricultura, do Ambiente, do Mar e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) ficou com a responsabilidade de verificar se todos cumprem as regras.

Questionada sobre quantas fiscalizações foram feitas desde a entrada em vigor da nova lei e quantas multas foram aplicadas, a IGAMAOT não respondeu.

Em declarações, o secretário-geral da APIRAC, Nuno Roque, considera que não só as auditorias obrigatórias devem regressar, para melhorar a lei atual, como deveria igualmente regressar a figura “dos técnicos responsáveis pelo funcionamento dos sistemas e pela monitorização periódica”.

“Este técnico respondia diretamente ao dono do edifício e tinha de implementar o plano de manutenção e acompanhar as ações de manutenção periódicas definidas na lei. Isto além das auditorias obrigatórias”, afirmou.

“Deveriam manter-se os índices [de poluentes] que estão estabelecidos na nova lei, que é agora mais forte a esse nível, mas recuperar os técnicos responsáveis pelo funcionamento [dos sistemas], tal como as auditorias obrigatórias”, defende Nuno Roque.

Para o responsável, “ao ter-se aligeirado [a lei] nas auditorias e inspeções é como se o que foi ganho no rigor da definição destes parâmetros não existisse. Este acréscimo de exigência perde-se do ponto de vista real porque deixou de haver um real apuramento de responsabilidade”.

Nuno Roque critica igualmente o facto de a lei ter deixado a responsabilidade sobre os proprietários dos edifícios.

“Agora não há pressão, não havendo pressão – é natural e nós somos humanos -, como temos de gerir orçamentos, há uma afetação [destas verbas] a outras áreas que importa resolver”, acrescentou.

Organização Mundial de Saúde Animal
Um caso de encefalopatia espongiforme bovina, conhecida como doença das ‘vacas loucas’, foi detetada na província de Salamanca,...

O animal em causa foi abatido, anunciou a organização, com sede em Paris, com base em um relatório do Ministério da Agricultura espanhol.

Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal, um outro caso já tinha sido detetado em março deste ano, numa outra exploração da mesma região espanhola.

Infarmed
A Comissão de Trabalhadores do Infarmed vai pedir uma reunião com o ministro da Saúde para demonstrar que a transferência desta...

Em comunicado enviado às redações, a comissão de trabalhadores do Infarmed afirmou que a reprovação dos trabalhadores relativa a uma eventual transferência e o “risco da continuidade da missão do Infarmed” estão comprovados.

“Assim, ficam evidenciadas as duas linhas vermelhas traçadas pelo senhor ministro da Saúde na reunião mantida com esta Comissão de Trabalhadores na manhã de dia 22 de novembro, de que não será tomada nenhuma decisão definitiva caso seja posta em causa 1) a missão do Infarmed e 2) a vontade manifestada pelos seus trabalhadores”, lê-se no comunicado da Comissão de Trabalhadores (CT) do Infarmed.

A CT fundamenta os argumentos num inquérito realizado junto dos trabalhadores, que demonstrou que a quase totalidade (92%) está contra a mudança da Agência Nacional do Medicamento de Lisboa para o Porto e nas conclusões de um relatório de avaliação preliminar, que “demonstra tecnicamente as consequências que tal decisão implicará na continuidade da missão do Infarmed”.

De acordo com os riscos para a continuidade da missão da agência, identificados no relatório, um dos imediatos é a saída de profissionais qualificados, que têm nas funções que desempenham uma “experiência média de 10 anos” e que representam um investimento em formação nos últimos 10 anos superior a 1,75 milhões de euros.

A CT alerta que se tratam de quadros especializados com uma “elevada taxa de empregabilidade” nas empresas do setor, assim como organismos públicos nacionais e internacionais, que levam entre três a cinco anos a formar, o que também dificulta a sua substituição.

Nos dois cenários de saída de trabalhadores traçados pela CT do Infarmed, os trabalhadores estimam que uma saída de trabalhadores inferior a 65% do total implicaria um prazo de recuperação, para a atividade da agência aos níveis atuais, entre os dois a cinco anos, com impactos nos doentes, uma vez que atividades como a aprovação de novos medicamentos, o fabrico de medicamentos, libertação de vacinas para o mercado, entre outras, sofreriam atrasos.

Admitem ainda que ficaria em causa a monitorização da qualidade dos medicamentos, e que ficaria comprometida a indústria e investigação nacional nesta área.

Se a perda de trabalhadores fosse superior a 65% dos quadros atuais, todos estes aspetos sentiriam um impacto ainda maior, e o prazo de recuperação estimado para a atividade da agência nacional seria entre os cinco e os dez anos.

A análise ao impacto financeiro antevê “uma importante quebra na receita e uma forte pressão sobre a despesa”.

Os trabalhadores não excluem que os 20 milhões de euros anuais em receitas no âmbito do trabalho de avaliação de processos europeus se possam perder totalmente com a transferência da agência e estimam que aquilo que o Infarmed poderá ter que gastar todos os anos, num cenário de mudança para o Porto de 70% dos seus trabalhadores ascende a três milhões de euros, só em ajudas de custo diárias.

“Hoje as necessidades de financiamento desta Autoridade encontram-se amplamente cobertas, e a autonomia face ao Orçamento do Estado é total, gerando saldos de gerência, resultados líquidos anuais positivos, e meios financeiros líquidos que têm permitido realizar importantes contribuições para o financiamento do orçamento da saúde, através de transferências anuais que acendem a 30 milhões de euros”, lê-se no relatório.

Lembrando que “o valor económico do mercado regulado pelo Infarmed” corresponde a 6,3 mil milhões de euros ou 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB), o relatório defende que “é alarmante o impacto que se antevê para a economia nacional, em resultado de qualquer disrupção na atividade desta autoridade”.

O documento aponta ainda o impacto social da mudança para o Porto, referindo que tem “impacto direto na vida de 400 famílias estabelecidas na zona de Lisboa”, indicando que mais de 70% dos quadros da empresa são mulheres com idades até aos 44 anos e com filhos menores.

No final do relatório indica-se que o documento foi produzido com base em documentos institucionais do Infarmed.

O anúncio da transferência da sede do Infarmed de Lisboa para o Porto foi feito na semana passada pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, um dia depois de se saber que o Porto não conseguiu vencer a candidatura para receber a sede da Agência Europeia do Medicamento, que vai mudar de Londres para Amesterdão.

O Infarmed - Agência Nacional do Medicamento tem 350 trabalhadores e mais cerca de 100 colaboradores externos que incluem especialistas.

Procriação Medicamente Assistida
A gestante de substituição poderá interromper a gravidez nas primeiras 10 semanas de gestação, cessando o contrato com o casal...

De acordo com o texto do modelo de contrato-tipo de gestação de substituição, aprovado pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), na reunião que este órgão realizou na sexta-feira, o contrato “é livremente revogável por qualquer uma das partes até ao início do processo terapêutico de PMA”.

A gestante poderá ainda “livremente fazer cessar os efeitos do contrato mediante concretização de interrupção da gravidez realizada por opção da gestante nas primeiras 10 semanas desse estado”, segundo o documento.

O contrato define que nos casos em que a estante opte pela interrupção da gravidez, esta terá de “devolver ao casal beneficiário o valor correspondente ao montante total das despesas realizadas para concretização do ciclo de tratamento e dos pagamentos que a ela foram feitos”.

O CNPMA aprovou ainda os limites de idade da gestante de substituição que será de 45 anos, podendo ir até aos 50 anos “se a gestante for mãe ou irmã de um qualquer dos membros do casal”, segundo comunicado do Conselho.

No caso dos casais beneficiários, o limite para os homens é 60 anos e 50 para as mulheres.

O CNPMA vai agora avançar com as entrevistas “indispensáveis à celebração do contrato” aos elementos que compõem o primeiro pedido que chegou a este órgão: uma mãe que aceita ser gestante de substituição do neto, uma vez que a filha não pode engravidar.

O segundo pedido não avançou, por pedido de desistência dos intervenientes, tendo o CNPMA aprovado “liminarmente” o pedido número quatro, indo agora enviar a documentação à Ordem dos Médicos, a quem caberá dar um parecer.

O recurso à gestação de substituição só é possível a título excecional e com natureza gratuita, nos casos de ausência de útero e de lesão ou doença deste órgão que impeça de forma absoluta e definitiva a gravidez da mulher ou em situações clínicas que o justifiquem, segundo a lei em vigor.

Serviços Partilhados do Ministério da Saúde
Um sistema de avaliação de risco de diabetes disponível no portal do Serviço Nacional de Saúde já permitiu realizar 600...

"Neste momento, o ‘score' [avaliação] de risco para a diabetes já permitiu diagnosticar dez pessoas que não sabia, que tinham diabetes. Estamos a falar de 33 mil pessoas que usaram o ‘score’", disse Henrique Martins, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).

Com base nestes números, o responsável dos SPMS estima que se todos os portugueses estivessem inscritos na Área do Cidadão da referida página internet do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e fizessem a avaliação de risco de diabetes, o sistema informático poderia ajudar a antecipar três mil diagnósticos da doença.

"Todos podem e devem utilizar o sistema, aceder online, inscrever-se e fazer o ‘score'. A análise de risco é o futuro, temos de começar a antecipar as doenças", defendeu Henrique Martins.

Explicou que a plataforma informática do SNS permite - de acordo com o resultado da avaliação de risco de diabetes, dada por cinco cores, verde, azul, amarelo, laranja e vermelho - que o sistema "automaticamente" contacte o centro de saúde onde o utente está registado, podendo levar à marcação de consultas "caso o risco seja elevado e perceber se ele [o utente] é diabético ou não ou se está em risco".

"Se já for diabético, começa o tratamento. Se não for, começa um acompanhamento para evitar que seja diabético", acrescentou Henrique Martins.

Numa sessão sobre transformação digital do Serviço Nacional de Saúde, realizada ontem no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o presidente dos SPMS revelou que a avaliação de risco de diabetes emitiu mais de nove mil mensagens desde que entrou em funcionamento, que resultaram em cerca de mil consultas agendadas, 600 das quais já realizadas e nos referidos dez diagnósticos em pessoas que não sabiam que tinham a doença.

Perante cerca de 100 profissionais de saúde presentes na sessão, Henrique Martins lembrou que a diabetes "é uma doença que muitas vezes é diagnosticada nas urgências" hospitalares, onde o doente dá entrada por outras patologias, "quando podia ser diagnosticada um ou dois anos antes".

"Se todos os dez milhões de portugueses tivessem feito o registo, já tínhamos atingido três mil diagnósticos de diabetes. E se todos os da região Centro estivessem inscritos, por certo pouparíamos dinheiro e recursos ao CHUC", evidenciou.

Administração Regional de Saúde
A Administração Regional de Saúde do Norte admitiu que existe “um problema” de tuberculose no Porto, revelando que, desde março...

“As autoridades de saúde local e regional estão atentas ao problema e desencadearão as medidas consideradas necessárias à gestão da situação, decorrentes da avaliação em curso”, afirma a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N).

A declaração surge numa nota informativa de resposta a perguntas sobre “um eventual surto de tuberculose no bairro do Aleixo”, depois de a edição de domingo do Jornal de Notícias (JN) revelar que a doença está a “assustar os moradores” e que “já matou, pelo menos, uma pessoa do bairro”.

A ARS-N reconhece que em março de 2017 foi “notificado um caso de tuberculose num indivíduo que frequentava o Bairro do Aleixo”, facto que levou à realização de um rastreio naquele conjunto habitacional, tendo sido avaliadas 32 pessoas sem que tivesse sido identificado qualquer outro caso da doença.

“Em março de 2017, tendo sido notificado um caso de tuberculose num indivíduo que frequentava o Bairro do Aleixo, e face à avaliação efetuada na altura, a Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Porto Ocidental, em conjunto com parceiros comunitários, planeou e realizou um rastreio de tuberculose no referido bairro. Nesse rastreio foram avaliadas 32 pessoas, não tendo sido identificado nenhum caso adicional de doença”, descreve.

De acordo com a ARS-N, “desde essa data, foram notificados mais cinco casos de tuberculose em toxicodependentes residentes na área do ACeS Porto Ocidental, incluindo um óbito”.

Em relação a estes casos, está “a decorrer a necessária investigação epidemiológica acompanhada pela Autoridade de Saúde local”, acrescenta a ARS-N.

Quanto à “abordagem do Bairro do Aleixo”, diz a ARS-N que “está a ser feita numa perspetiva de interdisciplinaridade e cooperação intersetorial, com envolvimento da autarquia e dos parceiros sociais que trabalham no terreno”.

“As autoridades de saúde local e regional estão atentas ao problema e desencadearão as medidas consideradas necessárias à gestão da situação, decorrentes da avaliação em curso”, conclui o comunicado.

A ARS-N destaca que “a toxicodependência está associada a um risco acrescido de doenças infecciosas, entre as quais a tuberculose, sendo que a magnitude desta associação depende do contexto social”.

“De uma forma global, na região de saúde do Norte, em cerca de 4% dos doentes com tuberculose há história de consumo de drogas por via endovenosa, proporção que atinge 9% no concelho do Porto”, assinala.

Segundo a ARS-N, “sempre que é notificado um caso de tuberculose, a Autoridade de Saúde local, na sequência do inquérito epidemiológico e da avaliação do risco, procede ao encaminhamento para rastreio dos contactos próximos do doente”.

De acordo com o JN, “os moradores do bairro do Aleixo”, onde foram demolidas duas das cinco torres durante o mandato do social-democrata Rui Rio, “estão assustados com o aumento de casos de tuberculose verificados naquela zona nos últimos meses”.

“Já com uma morte confirmada, os residentes têm insistido com a Domus Social [empresa municipal que gere o parque habitacional da Câmara do Porto] e com a Delegação de Saúde para tentar conter a doença, mas continuam sem respostas”, descreve a notícia do JN, referindo-se ainda ao “risco de uma grande contaminação por causa de uma subcave na torre 3”.

"Pátio dos Pensadores"
O "Pátio dos Pensadores", espaço de homenagem à memória do médico Daniel Serrão, vai ser inaugurado hoje na Faculdade...

Em comunicado, a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) refere que o tributo a Daniel Serrão, que morreu a 8 de janeiro de 2017, aos 88 anos, surgiu do desejo dos estudantes da Faculdade de Medicina do Porto honrarem o médico e investigador que ocupou o cargo de professor catedrático da instituição.

O Pátio dos Pensadores é um espaço ao ar livre onde estudantes, docentes e profissionais podem interagir. "É um espaço de comunhão, um local onde toda a gente pode partilhar convivências, experiências", disse o presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (AEFMUP), Francisco Sousa Vieira.

O dirigente associativo salientou a ligação "forte" que existia entre os alunos e o professor Daniel Serrão e adiantou que a ideia de criar o espaço "Pátio dos Pensadores" surgiu da AEFMUP em articulação com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Daniel Serrão destacou-se em particular pelos seus trabalhos nos campos da anatomia patológica e bioética, tendo sido especialista em ética da vida. Foi galardoado com a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos (2002), a Medalha Serviços Distintos do Ministério da Saúde grau Ouro e a Medalha de Mérito Militar do Ministério da Defesa.

Academia SPMS
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra vai passar a dispor de um centro de formação em cibersegurança na saúde, que...

Em declarações, Henrique Martins, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), cuja Academia assinou ontem um protocolo com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) para a criação do Centro de Desenvolvimento e Capacitação em Cibersegurança na Saúde, destacou a localização de Coimbra no centro do país "a meia distância" das universidades às quais se destina o polo de formação.

"Coimbra tem faculdade de Medicina, de Farmácia, tem Enfermagem e está no centro. É fácil reunir aqui estudantes de outras partes do país. E ter um polo tecnológico de saúde que se está a desenvolver e que beneficia muito de ser capacitado com um ‘know-how' de cibersegurança, pode ser um fator diferenciador", afirmou.

Por outro lado, a Academia SPMS pretende que o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra passe a desempenhar um papel "fundamental" na investigação da cibersegurança de dispositivos clínicos - quer em termos de ‘hardware’, quer no ‘software’ utilizado - os quais, embora sejam rotulados de seguros ao nível da cibersegurança aquando da sua produção, "têm de ser experimentados".

"E essa experimentação exige um centro hospitalar como este, o maior do país", defendeu Henrique Martins, que denominou o processo de teste de equipamentos e dispositivos como "ensaios clínicos de cibersegurança".

Na sessão de ontem, sobre os desafios da transformação digital em curso no CHUC, nomeadamente a harmonização de ‘software’ e a implementação de novas ferramentas digitais no atendimento a utentes e nos processos clínicos, o presidente do conselho de administração do CHUC, Fernando Regateiro, garantiu que a instituição quer "dar o salto, com segurança, cautela e de uma forma determinada" para possuir o mesmo sistema em todos os espaços do centro hospitalar.

Sobre a criação do centro de formação em cibersegurança, Fernando Regateiro disse à Lusa que o protocolo hoje assinado demonstra que o CHUC deseja "trabalhar com as instituições nacionais" e que não se trata só de ceder o espaço para o polo de formação, mas também de se constituir como um centro de inovação na área da segurança digital.

O Centro de Desenvolvimento e Capacitação em Cibersegurança na Saúde pretende, entre outros objetivos e no âmbito do protocolo hoje assinado, contribuir para a divulgação para todo o Serviço Nacional de Saúde das melhores práticas em cibersegurança, promover a formação e capacitação em tecnologias de informação e cibersegurança para profissionais de saúde e também integradas em currículos de universidades e politécnicos e apoiar o desenvolvimento de inovações tecnológicas em matéria de ciberdefesa relevante aos riscos próprios da saúde.

Doença atinge 10% das mulheres em idade reprodutiva
Dor menstrual intensa e incapacitante, desconforto na bexiga ou dor nas relações sexuais são os prin

De causa desconhecida, embora se admita que fatores genéticos, hormonais, imunológicos ou ambientais possam estar na sua origem, a Endometriose é uma condição clínica crónica que atinge cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. E, apesar de se estimar que em 80% dos casos o principal sintoma é a dor intensa, esta patologia pode ser assintomática.

“A endometriose é uma doença crónica, benigna, que se caracteriza pelo crescimento de tecido endometrial (glândulas e estroma) fora do seu local habitual que é a cavidade uterina. Este focos vão colonizar a cavidade abdominal e também os órgãos vizinhos”, começa por explicar Fátima Faustino, ginecologista, coordenadora da Unidade Integrada de Endometriose do Hospital Lusíadas Lisboa.

De acordo com a especialista, “sempre que ocorre a menstruação existe sagramento nestas zonas, o que vai provocar uma reação inflamatória crónica”, que pode produzir aderência nos órgãos e o crescimento de tumores que “apesar de benignos, trazem grande transtorno como dor”, conduzindo em muitos casos à infertilidade.

Patrícia Mesquita descobriu “por acaso” que sofria da patologia. Apesar de não apresentar qualquer sintoma que “necessitasse de pesquisa ou identificação”, a doença já se encontrava numa fase avançada, sendo caraterizada como uma endometriose profunda. Tinha 30 anos.

“Existem vários tipos de endometriose”, esclarece a especialista que a classifica enquanto “endometriose superficial ou peritoneal, caracterizada por lesões disseminadas na superfície (peritoneu) do interior do abdómen, podendo atingir o diafragma”, endometriose ovárica com implantes na face externa dos ovários que conduz à formação de quistos (também designados por endometriomas) e endometriose infiltrativa profunda. Sendo que nesta última,  “em que os implantes alcançam uma profundidade superior a 5 milímetros”, a doença pode envolver o septo recto-vaginal e espaço vesico-uterino, “atingindo órgãos pélvicos como o recto, vagina, cólon sigmoide, uréteres, bexiga e nervos superficiais e profundos”. Órgãos mais distantes como o apêndice, diafragma e pulmão, também podem vir a ser afetados.  

Na sua forma mais grave, quando apresenta “infiltração dos órgãos adjacentes, pode conduzir a obstrução/perfuração intestinal ou obstrução dos uréteres com consequente interferência no funcionamento dos rins”, prejudicando severamente a função renal.

Pneumotorax ou derrame pleural são as consequências mais graves da doença, quando esta envolve o pulmão. No entanto, tal como descreve Fátima Faustino, estes são casos muito raros. 

No caso de Patrícia Mesquita, a doença afeta apenas o sistema reprodutor - “paredes externas do útero, trompas e ovários”. No entanto, dada a sua localização envolve já todo o canal rectovaginal.

Cirurgia e medicação, as armas terapêuticas contra a endometriose

De acordo com a especialista, o tratamento da doença deve ser individualizado “tendo em conta a idade da doente, a extensão e gravidade da doença, o desejo de engravidar e a sintomatologia dolorosa”.

Não obstante, Fátima Faustino afirma que a maioria das mulheres beneficia do tratamento médico que proporciona um alívio da dor e controlo na progressão da doença.

“A variedade de fármacos usado no tratamento da endometriose divide-se em dois grupos: os específicos para o tratamento da doença e os que são usados off-label”, explica.

Na primeira categoria enquadra-se a hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH), o danazol. “Estes fármacos promovem a atrofia de lesões endometrióticas e induzem a amenorreia – ausência de menstruação – através de forte redução da produção de estrogéneo”, refere acrescentando que, no entanto, dado os seus efeitos adversos, estes não devem ser usados de forma prolongada.

“Outra classe terapêutica usada para tratar a endometriose são os progestativos e destes destaca-se o dienogest, o único progestativo investigado de forma sistematizada para o tratamento da endometriose”, explica admitindo que estes são a primeira escolha para o tratamento da doença, uma vez que apresentam uma grande eficácia na redução da dor e menos efeitos secundários.  

No âmbito da terapêutica, existem ainda outros fármacos não específicos para a patologia, como os anti-inflamatórios não esteróides ou contracetivos orais não combinados, que podem ter efeitos positivos no seu tratamento.  

Já a abordagem cirurgica está indicada para casos que associam dor pélvica intensa (apesar desta nem sempre ser proporcional à gravidade das lesões) e infertilidade.

“Os principais objetivos da cirurgia são a excisão das lesões e a reposição da anatomia pélvica, tendo em consideração que se tratam habitualmente de mulheres jovens que querem engravidar, pelo que teremos de optar por uma cirurgia que conserve a integridade do útero, ovários e trompas”, explica a ginecologista.

Deste modo, afirma que a abordadem deverá ser, sempre que possível, minimamente invasiva, ou seja, via laparoscópica.

“No meu caso, o alastramento da doença poderia induzir a uma cirurgia imediata, mas a ausência de sintomas faz com que seja, atualmente, mais prudente controlar a sua evolução com recurso a exames médicos. Quando isso deixar de ser possível, passaremos para a cirurgia”, revela Patrícia Mesquita.


"É importante dizer que embora a característica mais falada seja as fortes dores, muitas vezes a doença pode ser silenciosa, como foi no meu caso", realça Patrícia 

Complexidade da doença e falta de informação dificultam diagnóstico

“A endometriose sempre foi conhecida pelos ginecologistas como uma doença complexa”, afirma Fátima Faustino. No entanto, dado o seu impacto e o agravamento que tem vindo a registar nos últimos anos, considera que “só agora os médicos começam a estar mais sensibilizados para a gravidade e consequências da endometriose”.

Ouvir as doentes e observá-las com atenção é pois, na opinião desta especialista, fundamental uma vez que permite considerar a doença como hipótese de diagnóstico.

A ecografia pélvica com sonda vaginal e retal e a ressonância magnética nuclear são os exames complementares que permitem identificar a doença. “No entanto, um exame negativo não exclui a doença, porque o diagnóstico definitivo só é possível por laparoscopia, que nos permite a visualização e biópsia das lesões”, ressalva a médica.

Foi também uma explicação semelhante que Patrícia recebeu aquando o seu diagnóstico. “Foi-me explicado pelo técnico, e posteriormente pela minha ginecologista, que as ecografias ginecológicas com sonda poderiam não ser conclusivas e teria de fazer uma ressonância magnética”, recorda a jovem revelando que, nessa altura, teve esperança de não se tratar de endometriose. “Afinal, eu não tinha sintomas. Como poderia ter esta doença? Pensei que poderia ser outra coisa qualquer, mas confesso que nem sabia bem o quê”, acrescenta.

No entanto, o resultado do exame não deixaria margem para dúvidas. “Um conjunto de termos técnicos assustadores culminam na conclusão que se tratava de endometriose profunda, com um elevado processo de aderência das trompas e o comprometimento do canal rectovaginal, embora se mantenha a integridade dos intestinos”, revela.

Dado o estado avançado da doença, Patrícia pode apenas supor que já convive com a endometriose há vários anos. “O que significa que os médicos que me acompanharam até aos meus 30 anos não a conseguiram identificar”, afirma considerando que, para além de muitos especialistas não estarem sensibilizados para a gravidade desta doença, também falta informação aos técnicos que realizam os exames que “procuram outro tipo de lesão”.

“Infelizmente, é preciso sorte com os médicos que encontramos. E sorte é palavra que em saúde jamais deveria ser usada”, lamenta destacando a necessidade de entender que esta é uma doença muitas vezes silenciosa.

De acordo com Fátima Faustino, coordenadora da Unidade Integrada de Endometriose do Hospital Lusíadas de Lisboa, há ainda um longo caminho a percorrer quanto a esta matéria.

“Muito se tem feito, nos últimos anos, através de reuniões científicas nacionais e internacionais, e a Sociedade Portuguesa de Ginecologia tem tido um papel essencial na divulgação da doença à classe médica”, afiança destacando ainda o trabalho realizado pela MulherEndo, associação de apoio a doentes com esta patologia. Para além de ações de sensibilização e orientação das doentes, tem tentado chegar ao Governo na tentativa de “dar a esta doença o estatuto de doença crónica”. “Há um longo percurso a percorrer, mas penso que estamos no bom caminho”, afirma Fátima Faustino.

O diagnóstico de uma doença «é sempre assustador»

Perante o diagnóstico de uma doença crónica, seja ela progressiva ou não, muitos são os doentes que não são capazes de lidar sozinhos com a complexidade da sua situação.

A verdade é que, tal como explica a psicóloga Sílvia Botelho, “as doenças crónicas progressivas exigem uma adaptação psicológica e emocional significativa na vida das pessoas” e alguns doentes passam a ter uma visão muito negativa do seu futuro, antecipando que o “seu sofrimento ou dificuldades atuais, continuarão indefinidamente”.

“Quando recebemos um diagnóstico de uma doença é sempre assustador”, admite Patricía Mesquita que foi tomada de assalto por inúmeras dúvidas. “A questão da fertilidade, como a doença ia evoluir e condicionar a minha vida”, recorda assegurando, no entanto, que apesar de tudo nunca pensou em baixar os braços. “Eu quis saber logo tudo sobre a doença para a conseguir vencer”, afirma.

Stress e ansiedade são, na realidade, quadros bastante comuns a esta condição ginecológica crónica, que influencia e exerce um impacto direto na qualidade de vida conjugal, social, profissional “e até os planos futuros para a concepção”.

De acordo com a psicóloga, o diagnóstico e “todo o processo da doença “ podem ser vividos com grande sofrimento, não só físico (quando há sintomatologia associada) mas também psicológico.

No caso de endometriose, sabe-se que “muitas vezes o atraso no diagnóstico pode aumentar os riscos de transtornos depressivos ou outras alterações de humor que podem prejudicar a qualidade de vida da mulher”. É por isso que, na opinião desta especialista, a atenção dispensada às pacientes com endometriose deveria ser focada não apenas na doença “mas na mulher como um todo, tendo em vista os problemas emocionais, sexuais e sociais que causa nas pacientes”.

É, por isso, importante aprender novos comportamentos, novos hábitos e crenças. “Focar-se essencialmente na resolução de problemas e não tanto em alimentar o problema”, refere Sílvia Botelho.

Um diagnóstico de doença crónica pode ser avassalador sim! Mas é também, de acordo com a especialista, “o maior desafio da vida, que nos faz crescer, ganhar uma maior resistência”. Um desafio com “começo, meio e fim”, assegura.

E foi na resiliência que Patrícia Mesquita encontrou a sua maior aliada. Porque desistir nunca foi opção e talvez, por isso, deixe o apelo a outras mulheres: “não se habituem às dores considerando que se trata de algo normal. Quando algo dói no nosso corpo é sinal que ele não está bem. É a forma de ele nos pedir ajuda”.

A outras pacientes pede esperança. “Que os avanço na medicina nos tragam boas novas”.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Comité da UE
O Comité de Recurso da União Europeia deu “opinião positiva” à proposta de renovação por cinco anos do uso do glifosato, com...

Portugal absteve-se na votação, mantendo, segundo fonte do Ministério da Agricultura, a posição assumida desde o início face ao herbicida, tendo a renovação da licença merecido voto positivo da Alemanha, Bulgária, Dinamarca, Eslovénia, Eslováquia, Espanha, Estónia, Finlândia, Holanda, Hungria, Irlanda, Letónia, Lituânia, Polónia, Reino Unido, República Checa, Roménia e Suécia, que representam 65,71% da população dos 28.

Áustria, Bélgica, Chipre, Croácia, França, Grécia, Itália, Luxemburgo e Malta votaram contra, com o peso de 32,26% da população da Comité de Recurso da União Europeia (UE).

“O voto de hoje mostra que quando todos queremos, somos capazes de partilhar e de aceitar a nossa responsabilidade coletiva no processo de decisão, disse o comissário europeu para a Saúde, Vytenis Andriukaitis, segundo um comunicado.

A prorrogação por cinco anos da licença do herbicida - usado na agricultura - teve 18 votos a favor, nove contra e uma abstenção, tendo sido reunida uma maioria qualificada de 55% dos países da UE, que representem, pelo menos, 65% do total da sua população.

O executivo comunitário adiantou que adotará a decisão depois de 15 de dezembro, data em que caduca a atual licença do glifosato.

O Comité de Recurso é uma instância destinada a apoiar a tomada de decisões em casos sensíveis e problemáticos.

Organização "Save the Children"
Em cada minuto duas crianças menores de cinco anos morrem no mundo de pneumonia, uma enfermidade que mata quase um milhão de...

O alerta, citado pela agência espanhola EFE, consta do manifesto da organização não-governamental (ONG) "Save the Children" na sua informação "Lutando por Respirar", que explica que a pneumonia é a "doença da pobreza" e a principal causa de morte infantil por patologias infecciosas, que se concentram nos países economicamente mais atrasados e subdesenvolvidos.

Nesses países, são as crianças mais pobres que têm mais riscos de contrair aquela doença, que mata mais do que a malária, a diarreia e o sarampo juntos, segundo aquela ONG, que fixou como objetivo salvar um milhão de vidas nos próximos cinco anos.

A informação, cuja introdução foi escrita pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, mostra como umas políticas nacionais apoiadas pela cooperação internacional poderão salvar 5,3 milhões de vidas até 2010.

A organização sustenta que a administração de do antibiótico amoxicilina custa 34 cêntimos, "menos que um pacote de doces num supermercado ocidental", com o que se poderia salvar uma criança daquela doença.

Apesar do baixo preço daquele antibiótico, o fármaco não está disponível em muitos centros de saúde dos países mais afetados pela doença como sejam a Tanzânia e a República Democrática do Congo.

A "Save the Children" refere ainda que 170 milhões de crianças não estão vacinadas contra a doença e que as crianças do sexo feminino com pneumonia têm um risco de morrer 43% superior às do sexo masculino no sul da Ásia.

Para reduzir o número de vítimas, a ONG reclama vacinas mais baratas e que se possa vacinar mais de 166 milhões de crianças menores de dois anos para prevenir a enfermidade.

Além disso, pede aos governos planos de ação que assegurem a disponibilidade de antibióticos em todo o mundo, incluindo o acesso universal a centros de saúde com pessoal capacitado para diagnosticar a doença de forma "rápida e precisa".

A ONG propõe ainda o estabelecimento de alianças público-privadas para ampliar as provisões de oxigénio necessário para ajudar as crianças que "lutam por respirar" e a adoção de medidas para ajudar os mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo que não têm acesso a serviços médico-sanitários.

Em Macau
O presidente da Malo Clinic, Paulo Maló, afirmou hoje que a ordem de encerramento do Hospital Taivex/Malo, em Macau, não...

"O que se passou foi que as autoridades de Macau encerraram temporariamente o hospital Taivex/Malo e não a Malo Clinic em Macau", disse o empresário.

Em declarações por via telefónica, o empresário português esclarece que a Malo Clinic detém em Macau apenas a atividade ligada à medicina dentária e não à atividade relacionada com outras áreas médicas, que são responsabilidade de outras entidades.

"A Taivex/Malo não é a Malo Clinic", frisou Paulo Malo, notando que as duas entidades têm estruturas accionistas diferentes.

Na semana passada, os Serviços de Saúde de Macau informaram que "o Hospital Taivex/Malo está suspenso até 21 de maio de 2018 devido à prática de procriação medicamente assistida, tráfico e contrabando de medicamentos de oncologia, falta de condições de higiene e segurança para a prestação de cuidados de saúde".

As instalações do hospital foram, entretanto, encerradas, o que na prática afeta o funcionamento da Malo Clinic, explica o empresário.

"O que acontece é que como a Malo Clinic partilha o mesmo espaço e está sob a mesma licença, provavelmente não vamos conseguir ter acesso às nossas instalações", explicou.

"Mas estamos fechados não porque fizemos algo de errado, mas por que a Taivex/Malo fez algo contra a lei", acrescentou.

A Malo Clinic prestava cuidados de medicina dentária em Macau no hospital de Dia Taivex/Malo e ao abrigo da licença atribuída àquela unidade hospitalar.

Além do encerramento das instalações do Hospital Taivex/Malo, foram aplicadas duas multas: uma no valor de 103.000 patacas (10.745 euros), a quatro médicos e um enfermeiro, e outra de 76.000 patacas (7.929 euros), por técnicas ilegais de procriação medicamente assistida e prestação de serviços de oncologia, sem autorização dos Serviços de Saúde.

Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde declarou hoje o fim do surto de ‘legionella’ no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, que provocou...

Em comunicado, a Direção-Geral da Saúde (DGS) refere que se “considera que este surto está terminado”.

“O período de incubação é de 2 a 10 dias na maioria dos doentes, não estando descritos casos que ultrapassem os 20 dias. Assim, com a informação disponível, considera-se que este surto está terminado, uma vez que todos os casos diagnosticados, independentemente da data de início de sintomas ou de diagnóstico, tiveram contacto com o hospital e contraíram a infeção antes do encerramento da fonte de transmissão (4 de novembro). No entanto, as autoridades de saúde continuam atentas à situação”, indica a nota da autoridade de saúde hoje divulgada.

Até hoje foram confirmados 56 casos de doença dos legionários com ligação ao Hospital São Francisco Xavier e há outros cinco ainda em investigação epidemiológica e laboratorial. Cinco dos doentes infetados acabaram por morrer.

Na nota, a DGS recorda que no dia 3 de novembro o Hospital São Francisco Xavier informou a autoridade de saúde do diagnóstico de três casos de doença dos legionários, tendo sido "de imediato" iniciada a investigação para detetar as possíveis fontes de infeção.

No dia seguinte, 4 de novembro, foram encerradas e tratadas as potenciais fontes emissoras – as torres de refrigeração do hospital, tendo, entretanto, sido concluído através de análises que a fonte de transmissão estava em pelo menos uma dessas torres.

Dos 56 doentes infetados, 42 tiveram já alta clínica, sete ainda estão internados em enfermaria, dois estão internados ainda em cuidados intensivos e cinco acabaram por morrer.

Segundo a DGS, a maioria dos doentes tinha 70 ou mais anos de idade, doença crónica subjacente e fatores de risco.

Algarve
Um consórcio liderado por investigadores vai, até ao final de 2018, elaborar um plano de adaptação às alterações climáticas...

O plano visa projetar para a região algarvia um conjunto de medidas de adaptação que, a longo prazo, contribuam para minimizar os impactos das alterações climáticas em vários setores, desde o turismo, à saúde, agricultura, biodiversidade e recursos hídricos, explicou o coordenador do plano, Filipe Duarte Santos.

"É bom que as pessoas se consciencializem de que o clima está a mudar e a tendência é o clima do norte de África mover-se mais para norte, para Portugal e outros países do sul europeu", alertou o especialista em alterações climáticas que vai coordenar a elaboração de um plano com medidas concretas para o Algarve.

Segundo Filipe Duarte Santos, um dos problemas das alterações climáticas é a ocorrência de fenómenos extremos, mais frequentes e mais intensos, que aumentam, por exemplo, tanto o risco de haver cheias, como de períodos de seca, afetando as florestas, a agricultura e as zonas urbanas.

Outro dos trabalhos passará por identificar qual o impacto das alterações climáticas na saúde humana, no Algarve, nomeadamente no que respeita a doenças transmitidas, por exemplo, por mosquitos, que tendem a aumentar quando o clima muda e podem constituir um perigo para a saúde.

As zonas costeiras também estão em foco neste plano, já que a tendência é para que, até ao final do século, se registe uma subida superior a meio metro do nível da água do mar, o que no Algarve é mais preocupante na zona leste, entre a Ria Formosa e a fronteira com Espanha, exemplificou.

Por outro lado, o aumento da temperatura da água está a favorecer o aparecimento de novas espécies de peixes, o que pode constituir uma oportunidade e não uma ameaça, defendeu aquele especialista, acrescentando que o turismo também pode beneficiar da mudança de clima, permitindo concentrar a época turística noutras estações do ano e não apenas no verão.

"O horizonte temporal deste plano é até ao final do século, não nos podemos só preocupar com o que acontece agora, temos que pensar a médio e longo prazo", concluiu.

O Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas junta responsáveis universitários, autarcas e técnicos de instituições públicas, que vão reunir conhecimentos e elaborar propostas até ao final de 2018.

A decisão em avançar com este plano de combate às alterações climáticas foi aprovada na última reunião dos presidentes das 16 câmaras do Algarve, na Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), na sexta feira passada.

O coordenador do plano, Filipe Duarte Santos, é membro do centro de investigação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo sido um dos revisores do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).

Esta iniciativa envolve um investimento superior a 470 mil euros, verba financiada em 85% pelo Fundo de Coesão, através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, e em 15% pelos municípios algarvios.

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