Efeitos adversos
Investigadores do Norte coordenaram o primeiro livro redigido em português sobre os fundamentos da Toxicologia, uma ciência que...

"Os desafios que se colocam à sociedade atual, num plano de desenvolvimento sustentado, implicam uma atenção permanente ao impacto do desenvolvimento na saúde ambiental e humana", sendo necessária a formação adequada de profissionais com competências na área da Toxicologia, disse o investigador Ricardo Jorge Dinis-Oliveira, da Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário (CESPU), um dos coordenadores do livro "Toxicologia Fundamental".

Nesse sentido, continuou o professor, a edição deste livro, que contou com mais de 25 autores de diferentes áreas e é o primeiro redigido em língua portuguesa, representa "um marco importante" no desenvolvimento pedagógico e científico dessa área para os países lusófonos.

A Toxicologia estuda os efeitos adversos de agentes químicos, físicos ou biológicos sobre os organismos vivos e o ecossistema, incluindo a prevenção e a melhoria de tais efeitos adversos, sendo uma disciplina de estudo "relativamente recente e extremamente multidisciplinar", que integra conhecimentos de diferentes áreas, explicou.

Esses agentes podem ser poluentes ambientais, fumo do tabaco, nitrosaminas e outros carcinogénicos, substâncias psicoativas, cocaína, anfetaminas, heroína, monóxido de carbono, fármacos, metais pesados e desregulados do sistema endócrino, entre outros.

Adequado para diferentes cursos superiores, o livro constituiu-se como um suporte pedagógico para estudantes e professores nas áreas de Ciências Farmacêuticas, Ciências Forenses, Ciências Biomédicas, Medicina, Análises Clínicas e Biologia.

Redigido numa linguagem "que pretende chegar a todos que tenham curiosidade ou desejem aprofundar conhecimentos", foca-se "no que mais útil e atual se pratica nesta área", notou o investigador.

O docente acredita que a atualidade e pertinência científica deste livro constitui "um forte sinal da excelência da rede de competências toxicológicas que existe em Portugal", servindo para colmatar uma lacuna existente nessa área.

"Toxicologia Fundamental" é ainda coordenadora pelos docentes Félix Dias Carvalho e Maria de Lourdes Bastos, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP). Os três investigadores são membros do laboratório UCIBIO-REQUIMTE.

Ricardo Jorge Dinis-Oliveira já coordenou outras três obras, dedicadas à Toxicologia Forense e as suas aplicações em sede judicial ou judiciária e ao esclarecimento das Ciências Forenses, incluindo os conceitos, a abrangência e as perspetivas futuras.

Em janeiro, foi convidado para editor chefe, durante os próximos dois anos, da revista científica Current Drug Abuse Reviews (CDAR), que publica trabalhos, estudos e ensaios clínicos de medicamentos, bem como avanços no abuso e dependência de álcool e drogas.

Segundo o próprio, este convite representa a afirmação e o reconhecimento internacional da boa produção científica que o grupo de investigação do qual faz parte tem conseguido.

Desde que acabou os estudos, Ricardo Jorge Dinis-Oliveira tem desenvolvido atividade científica e académica nas áreas da Toxicologia e Farmacologia das Substâncias Psicoativas, Pesticidas e Fármacos, nos seus aspetos pré-clínicos, clínicos e forenses.

O docente contribuiu para a descoberta de antídotos, para o desenvolvimento de compostos com interesse analgésico em drogas de abuso, tendo estudado igualmente uma das drogas de produção caseira "mais tóxicas", o krokodil.

Estudo
As condições socioeconómicas dos locais de residência afetam a qualidade de vida dos seus habitantes, principalmente a forma...

Em termos de saúde pública, Vânia Rocha, primeira autora do estudo, alerta para “a necessidade de se apostar em políticas a vários níveis – tanto individual como contextual (ambiente físico e social) – para aumentar a qualidade de vida dos habitantes da cidade do Porto”.

“É importante apostar em intervenções ao nível dos locais, como o aumento da disponibilidade de espaços verdes, a melhoria das infraestruturas, a redução da criminalidade, e também em ações que melhorem a literacia e os comportamentos em saúde dos residentes, para se melhorar a qualidade de vida das pessoas”, considera Vânia Rocha.

Perceber se há uma relação entre os locais onde se vive e a qualidade de vida dos habitantes “é particularmente importante, pois as áreas de residência são espaços privilegiados, onde ocorrem interações pessoais, se formam valores e padrões culturais e se estabelecem hábitos de consumo, que podem influenciar a saúde e os comportamentos em saúde dos indivíduos”, defendem os investigadores.

Referem que como até à data não existiam, em Portugal, estudos que avaliassem esta relação, decidiram estudar “se o nível de privação socioeconómica dos locais de residência da cidade do Porto (medido através da tipologia de habitação, atratividade dos locais, desemprego, nível de escolaridade, qualidade das infraestruturas, entre outros indicadores) influenciava a qualidade de vida dos habitantes, nomeadamente as componentes relacionadas com a saúde física e mental”.

A investigação envolveu 1.154 indivíduos da coorte EPIPorto - um estudo de base populacional, que avalia, há 18 anos, os determinantes de saúde da população adulta residente no Porto. Avaliou-se a saúde física e mental dos participantes (a partir de um questionário de qualidade de vida) e classificou-se a sua área de residência.

Concluiu-se que os indivíduos que habitavam em zonas menos favorecidas da cidade consideravam ter pior qualidade de vida, nomeadamente pior saúde física, do que aqueles que moravam em zonas mais favorecidas do Porto, independentemente das suas características individuais (idade, género e educação) e comportamentais (tabagismo, sedentarismo e alcoolismo, por exemplo).

Assim, o que estes resultados mostram é que duas pessoas com as mesmas características – idade, sexo, nível de escolaridade – que vivam em zonas da cidade expostas a diferentes níveis de privação têm níveis de qualidade de vida distintos.

O estudo designado Neighbourhood socioeconomic deprivation and health-related quality of life: A multilevel analysis foi recentemente publicado na revista “PLOS One”.

OMS
A vacinação contra a gripe nos grupos de risco caiu na Europa nos últimos sete anos e cerca de metade dos países reportaram uma...

A Organização Mundial da Saúde e o Centro Europeu de Controlo de Doenças analisaram a cobertura vacinal em relação à gripe na região europeia entre 2008/09 e 2014/15 e ontem divulgaram as principais conclusões.

As duas organizações avisam que todos os anos morrem cerca de 44 mil pessoas de doenças respiratórias associadas à gripe na região europeia e referem que uma diminuição da vacinação reduz a capacidade de proteger as pessoas durante as epidemias anuais de gripe e durante uma próxima pandemia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) insta os países europeus a aumentarem as suas coberturas vacinais, atingindo uma meta de 75% de vacinados nos grupos de riscos e nas pessoas mais velhas, a partir dos 65 anos.

Apesar dos constantes apelos, em pelo menos metade dos países europeus apenas um em cada três idosos são vacinados contra a gripe.

De acordo com os dados das duas organizações, das 44 mil mortes anuais atribuíveis à gripe, 34 mil ocorrem em pessoas com mais de 65 anos.

A OMS refere que a diminuição na vacinação pode estar ligada a múltiplos fatores, sobretudo consoante os países. Nos estados com menos recursos, onde a gripe pode não ser considerada uma prioridade, a baixa cobertura pode estar ligada a menor procura.

Já nos países onde as vacinas estão amplamente disponíveis, uma quebra nas taxas de vacinação pode estar relacionada com uma falta de confiança nas vacinas ou nas autoridades de saúde ou a barreiras no acesso aos serviços de saúde.

Estudo
Uma equipa de cientistas liderada pelo português Jorge Ruas descobriu que a prática diária de exercício físico induz a perda de...

Os resultados da descoberta, feita numa experiência com ratinhos, foram publicados na revista científica Cell Metabolism.

A equipa coordenada por Jorge Ruas, professor-associado e investigador do Instituto Karolinska, na Suécia, já tinha concluído, em 2014, que a substância em causa, o ácido quinurénico, aumentava com a prática de exercício físico, com músculos 'treinados', e evitava, de certa forma, estados depressivos provocados pelo 'stress', ao eliminar do cérebro os efeitos tóxicos de uma outra substância, a quinurenina.

Agora, os investigadores descobriram que o ácido quinurénico atua também nas células adiposas, aumenta o gasto de energia e faz perder peso, ao mesmo tempo que interfere com o sistema imunitário fortalecendo as respostas anti-inflamatórias.

Mas, para que isso aconteça, os músculos têm de estar 'treinados', exercitados com a prática diária de atividade física.

Face às conclusões, Jorge Ruas considera que a substância pode ser um bom alvo terapêutico para doenças como a obesidade, em que há um excesso de gordura armazenada.

Na prática, explicou o investigador, o que o ácido quinurénico faz é "forçar o organismo a queimar gordura adicional", ao converter a gordura branca, que é armazenada, em gordura castanha, a que se dissipa sob a forma de calor para controlar a temperatura corporal.

Para a experiência, que decorreu durante um mês, a equipa usou dois grupos de ratinhos, aos quais deu uma dieta alimentar hipercalórica.

A um dos grupos, o de controlo, foi administrado um placebo. Ao outro, uma dose diária de ácido quinurénico, em quantidades correspondentes aos níveis atingidos após a prática de exercício físico como a corrida.

Resultado: ao fim de três a quatro dias, os roedores com níveis de ácido quinurénico aumentados começaram a perder tecido adiposo e, em consequência disso, a perder peso, independentemente da quantidade de comida ingerida.

No estudo, os cientistas descobriram ainda que uma proteína na superfície das células adiposas e imunitárias, a GPR35, funciona como um recetor do ácido quinurénico, mas também de outras pequenas moléculas, "algumas delas sintéticas".

Em futuros trabalhos, Jorge Ruas e restante equipa, da qual fazem parte outros investigadores portugueses, vão testar o que é mais eficaz para travar ou reverter a obesidade, se a administração direta de doses de ácido quinurénico ou de moléculas sintéticas com a mesma função.

A investigação foi realizada em colaboração com instituições científicas da Dinamarca e da Noruega.

Embaixador
A dívida de Angola com tratamento médico de cidadãos angolanos em Portugal ronda os cinco milhões de dólares, anunciou ontem o...

Marcos Barrica disse que, por essa razão, os doentes em tratamento em Portugal passam por dificuldades.

"Há dificuldades reconhecidas, que não são novas, periodicamente temos vindo a reportar e estamos a acompanhar. Há dificuldades temos que reconhecer isso", afirmou Marcos Barrica, em declarações à Rádio Nacional de Angola.

Segundo o embaixador de Angola em Portugal, essa questão "está em vias de resolução", porquanto "há um esforço muito grande por parte do Estado angolano para resolver a dívida".

"E tem vindo a ser resolvida, essa divida é repartida em várias áreas, não só na área clínica, mas também em todos os domínios conexos, por exemplo, o alojamento dos doentes e acompanhantes, estão nas pensões e às vezes em casas particulares, o transporte e o subsídio que recebem mensalmente, tudo isto configura-se então na dívida que se tem", explicou o diplomata angolano.

O embaixador de Angola em Portugal informou ainda que o Ministério da Saúde angolano enviou há bem pouco tempo uma delegação, dirigida pela Junta Nacional de Saúde, para fazer uma radiografia da situação do setor da saúde.

"Estamos crentes que com o trabalho feito e com as conclusões recolhidas poderão sim estar em melhores condições para a solução que se espera seja encontrada", frisou.

Há um ano, o ex-ministro da Saúde de Angola, Luís Gomes Sambo, afirmou que o Estado angolano estava a resolver o problema da dívida que contraiu com países para onde são transportados doentes, entre os quais Portugal, mas sem avançar o valor da mesma.

"Conformo que temos evacuado muitos doentes e ultrapassado a capacidade orçamental, estamos neste momento a resolver o problema da dívida, estamos a pagar a dívida, ao mesmo tempo que estamos a diminuir o número de doentes evacuados para esses países", disse então Luís Gomes Sambo.

Estudo
Algumas espécies de formigas produzem os seus próprios antibióticos, o que pode ter implicações na procura de novos...

“Estas descobertas sugerem que as formigas podem no futuro ser uma fonte de novos antibióticos para ajudar a luta contra as doenças nos humanos”, disse o principal autor do estudo, Clint Penick, investigador assistente da Universidade do Estado do Arizona e ex-investigador da Universidade de Carolina do Norte.

Os investigadores lembram que as formigas, tal como os seres humanos, lidam com a doença e combatem as bactérias que causam algumas dessas doenças produzindo os seus próprios antibióticos. No entanto, segundo o estudo comparativo, 40% das espécies de formigas testadas não parece produzir antibióticos.

Adrian Smith, outro dos autores do estudo, professor assistente e investigador em ciências biológicas, da Universidade de Carolina do Norte, disse que uma das espécies examinadas, a 'formiga ladra' (Solenopsis molesta) foi a que teve “o efeito antibiótico mais poderoso de todas as espécies testadas”.

O estudo “Imunidade externa nas sociedades das formigas: a sociabilidade e o tamanho da colónia não implica investimento em antimicrobianos”, foi apresentado pela Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, e é publicado na revista “Royal Society Open Science”.

Para o estudo os investigadores testaram as propriedades antimicrobianas associadas a 20 espécies de formigas. Foi usado um solvente para remover as substâncias na superfície do corpo de cada formiga, sendo a solução resultante introduzida numa pasta bacteriana.

O crescimento das bactérias na pasta foi depois comparado com o crescimento das bactérias num grupo de controle. Havendo um crescimento menor de bactérias (comparado com o grupo de controle) tal significaria que um agente antimicrobiano estava ativo. A pasta contendo a solução da formiga ladra não mostrou crescimento bacteriano.

Os investigadores descobriram que 12 das 20 espécies de formigas testadas tinham algum tipo de agente antimicrobiano nos seus exoesqueletos. As outras oito ou não usavam antibióticos ou se usavam eram ineficazes contra a bactéria usada no estudo.

“Encontrar espécies que carregam um poderoso agente antimicrobiano é uma boa notícia para os que querem descobrir novos antibióticos que podem ajudar os seres humanos. Mas o facto de muitas espécies parecerem ter pouca ou nenhuma defesa química contra os micróbios patogénicos também é importante”, disse Adrian Smith.

Até agora pensava-se, erradamente, que a maioria, se não todas as espécies de formigas, possuía agentes antimicrobianos, mas parece que muitas espécies “encontraram formas alternativas de prevenir as infeções que não dependem de produtos químicos antimicrobianos”, afirmou Clint Penick.

Os investigadores dizem que o estudo é um primeiro passo de um trabalho sem limites. Nos testes apenas foi usado um agente bacteriano, pelo que não se sabe como é que cada espécie de formiga reage a com outras bactérias. Também é preciso determinar que substâncias produzem os efeitos antibióticos e que estratégias alternativas aos antibióticos usam algumas espécies de formigas para se defender das doenças.

Ordem
A Ordem dos Nutricionistas alertou hoje o governo para a necessidade destes profissionais nas escolas para assegurarem a...

No final de um encontro com a secretária de Estado Adjunta e da Educação, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, disse que partilhou com a governante uma proposta sobre “o que deve ser a alimentação escolar”.

“Queremos informar e capacitar as nossas crianças para escolhas mais saudáveis e criar um ambiente mais saudável, nos bufetes e nos refeitórios”, disse Alexandra Bento.

A bastonária defendeu a verificação das normas existentes e a serem criadas por equipas que vão ao terreno averiguar a qualidade do que é servido às crianças.

Além de “uma oferta alimentar mais saudável”, a Ordem defende uma oferta “atrativa”.

“Nada contra vontade. O que se pretende é envolvê-los [aos alunos] nesta cultura alimentar saudável”, referiu.

Para a Ordem, esta intervenção só poderá ser bem-sucedida com “a presença de nutricionistas nas escolas que acautelem que a alimentação servida nas escolas é saudável e apelativa”.

Estudo
Quase um terço dos portugueses com mais de 15 anos bebe refrigerantes, um consumo maior nos homens, nos mais jovens e nos que...

Publicado na última edição do Boletim Epidemiológico “Observações”, do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), o estudo de Mariana Neto e Irina Kislaya foi realizado com base nos dados do Inquérito Nacional de Saúde 2014 (INS 2014) com o objetivo de estimar a prevalência do consumo de refrigerantes e as suas características sociodemográficas na população portuguesa.

A investigação apurou uma “prevalência do consumo de bebidas refrigerantes na população portuguesa com mais de 15 anos de idade de 31%”.

“Verificou-se que o consumo era superior no sexo masculino (35,2%) e nos participantes mais jovens, decrescendo com a idade”, referem as autoras que identificaram ainda “diferenças regionais significativas, sendo a Região Autónoma dos Açores a região do país com o maior consumo de refrigerantes”.

Nesta região autónoma, o consumo de refrigerantes atingiu os 48,6%, segundo o estudo “Consumo de refrigerantes nas refeições principais em Portugal: dados do Inquérito Nacional de Saúde 2014”.

De acordo com o artigo publicado no Boletim do INSA, “os participantes com menor nível de escolaridade tendiam, de forma significativa, a consumir mais refrigerantes, à semelhança dos participantes solteiros”.

Em relação aos rendimentos, as autoras verificaram que “existia um decréscimo de consumo em relação aos escalões mais elevados”.

As autoras começam por recordar que “o excesso do consumo de açúcar simples (‘free sugar’) está associado ao excesso de peso e obesidade, doenças crónicas, como diabetes tipo 2 e à ocorrência de cáries dentárias.

De acordo com a investigação “o consumo de refrigerantes, estimado pelo Inquérito Nacional de Saúde 2014 é elevado na população portuguesa”.

Distrofia Muscular de Duchenne
Os doentes neuromusculares, com um diagnóstico de Distrofia Muscular de Duchenne e uma mutação “Non Sense”, em fase ambulatória...

A APN – Associação Portuguesa de Neuromusculares, congratula-se pelo facto e pela sensibilidade demonstrada no decorrer de todo o processo. Ao longo dos últimos 2 anos, todas as partes envolvidas procuraram, com empenho, todos os caminhos possíveis para que Portugal pudesse juntar-se aos países onde o tratamento já é uma realidade. Depois do Reino Unido e Itália, o nosso país pode, finalmente, considerar-se na linha da frente dos medicamentos inovadores. Esta aprovação, vai permitir que, logo após a confirmação do diagnóstico, exclusivamente para esta mutação, as crianças afetadas possam iniciar o tratamento que poderá permitir um alargamento da fase de marcha e uma menor degradação da massa muscular. Isso conduzirá, inevitavelmente, a uma melhoria substancial da sua qualidade de vida e da sua autonomia.

Desde que foram iniciados os ensaios clínicos de fase 3, a APN foi sendo informada dos resultados. Esteve, portanto, sempre na primeira linha pela aprovação deste tratamento logo que foi conhecida a autorização por parte da EMA (Agência Europeia do Medicamento). Consideramos, pois, que a comparticipação total deste fármaco, por parte do SNS, abriu uma nova era. A dos medicamentos órfãos para as doenças neuromusculares.

Estamos cada vez mais empenhados em participar, de forma construtiva, na criação de soluções e de caminhos, para uma diminuição significativa dos tempos de aprovação dos novos medicamentos destinados ao tratamento de doenças raras. Acreditamos que os organismos responsáveis, também estejam. 

A segunda causa de cegueira no mundo
Um diagnóstico precoce, incluindo a medição da pressão intraocular e um tratamento adequado, permitem retardar a progressão do...

O glaucoma é uma doença neurodegenerativa em que o nervo ótico encontra-se danificado. Geralmente está associado a um aumento da pressão intraocular (PIO). Segundo a OMS, é a segunda causa de cegueira no mundo. Em Portugal, estima-se que mais de 100 mil pessoas sofram de glaucoma, no entanto, está pouco diagnosticado por ser assintomático.

Esta doença evolui de forma lenta e progressiva, provocando lesões irreversíveis no nervo ótico. Devido aos tratamentos disponíveis atualmente, é possível atrasar e, em alguns casos, abrandar a sua evolução, melhorando assim a qualidade de vida dos doentes. Estes fármacos atuam através da redução da pressão intraocular, reduzindo desse modo o dano no nervo ótico.

80 milhões em 2020
Atualmente estima-se que 60 milhões de pessoas sofram de glaucoma em todo o mundo. Este número aumenta em 2,4 milhões a cada ano, pelo que em 2020 haverá quase 80 milhões de doentes com glaucoma. Por isso, os especialistas insistem cada vez mais na importância da deteção precoce e no início do tratamento adequado.

Como explica o Dr. António Figueiredo, Presidente do Grupo Português de Glaucoma da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, "a prevenção e a adesão ao tratamento são a melhor estratégia de que se dispõe para travar o glaucoma e evitar que este leve à cegueira".

Exames periódicos a partir dos 40 anos
A medição periódica da pressão intraocular é a ferramenta de diagnóstico mais eficaz na prevenção do glaucoma. Neste sentido, o Dr. António Figueiredo refere que "todas as pessoas com mais de 40 anos devem ir regularmente ao oftalmologista, já que, além de verificar a pressão ocular, é importante avaliar o estado do nervo ótico, especialmente nas pessoas com antecedentes familiares de glaucoma". O risco de se sofrer desta doença aumenta a partir dos 60 anos.

O tratamento
Existem várias opções para o tratamento farmacológico, sob a forma de colírio, com uma ou duas substâncias ativas na sua formulação. Geralmente, começa-se com uma monoterapia e, no caso de não ser suficiente, pode acrescentar-se um segundo ou até mesmo um terceiro fármaco. Estão disponíveis várias classes terapêuticas, como as prostaglandinas, betabloqueadores, inibidores da anidrase carbónica... Quando não se consegue controlar a pressão intraocular poderá ser necessária a cirurgia ocular.

Governo
Quase 240 casos de mutilação genital feminina foram detetados em Portugal entre 2014 e 2017, avançou hoje a secretária de...

Nos últimos três anos, “deu-se conta de 237 casos, é demasiado”, afirmou a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, num encontro na Associação Corações com Coroa (CCC), em Lisboa, que assinalou o Dia Internacional da Tolerância Zero Contra a Mutilação Genital Feminina.

“Estes números são dramáticos, mas a ideia da dor e da crueldade subjacente a esta prática, além de nos deixar arrepiados tem de nos mobilizar para a ação”, sustentou Rosa Monteiro.

Para a governante, é preciso ter “muita coragem para enfrentar o ‘status quo’”, que “não fala porque desconhece”, porque “é incómodo” ou “porque há outros assuntos prioritários”.

Rosa Monteiro assinalou os progressos feitos em Portugal e no mundo para combater esta prática, mas advertiu que é preciso fazer mais.

“Se não fizermos de maneira diferente, se não intensificarmos esta luta”, estima-se que, até 2030, 54 milhões de raparigas e mulheres possam vir a ser excisadas.

Rosa Monteiro observou que esta “é uma ameaça” que também aumenta com a intensificação dos fluxos migratórios: “Isto traz às nossas sociedades realidades com as quais temos de saber trabalhar”.

“Temos de capacitar os profissionais de saúde, os magistrados, os profissionais de justiça”, mas também quem trabalha nas escolas para que aprendam “a despistar, a apoiar, a encaminhar e a capacitar estas meninas e mulheres”, defendeu.

Este trabalho tem também de ser desenvolvido junto das pessoas e nas comunidades no sentido de as levar a compreender que “há alternativas e caminhos diferentes para as raparigas e mulheres que lhes permitem um estatuto social igualmente valorizado que não passe por estas práticas de violência”.

Para Rosa Monteiro, o “grande obstáculo” à denúncia é o “pacto de silêncio entre as mulheres”, que “vem de gerações, das avós, das mães e das próprias meninas e raparigas que foram vítimas em Portugal ou quando vão de férias ao seu país de origem”.

Em declarações, no final do encontro, a embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) e presidente da associação CCC, Catarina Furtado, disse à agência Lusa que ainda “há um trabalho gigante a fazer-se” para erradicar esta prática.

“Já conseguimos, do ponto de vista legislativo, e Portugal teve aqui um papel fundamental, que existisse uma lei de 2011 na Guiné-Bissau”, que é um dos países onde mais se pratica a mutilação genital feminina, a proibir esta prática.

A prática já está a ser erradicada nalgumas comunidades, “fruto do investimento político” e do trabalho de organizações não-governamentais nacionais e internacionais, mas ainda há muitas localidades onde continua a fazer-se “longe dos olhos da lei”, lamentou.

“Curiosamente verificamos que as comunidades que, em Portugal, praticam a mutilação genital feminina, a maioria guineense, estão mais atrasadas ao nível do conhecimento sobre as consequências nefastas desta prática do que as pessoas que estão nos seus países de origem”, frisou a embaixadora da FNUAP.

Isto acontece porque as pessoas “saíram há muito tempo dos seus países, vêm com os seus rituais, com as suas tradições, estão muito fechadas dentro das suas comunidades” e não têm esse conhecimento que resulta do trabalho realizado com as comunidades, líderes religiosos, profissionais, de saúde, professores que “tem sido muito positivo”.

“Esse trabalho também tem de ser feito aqui com investimento político, com as associações que estão no terreno, para que estes números não nos envergonhem também a nós. Quando as pessoas dizem ‘é lá longe’, é mentira. É ‘cá perto’ e com cidadãos portugueses”, salientou Catarina Furtado.

Segundo um estudo da Universidade Nova, feito com dados de 2015, existem em Portugal cerca de 6.600 mulheres excisadas.

União Europeia
O Parlamento Europeu vai criar uma comissão especial sobre o processo de autorização para o uso de pesticidas e herbicidas na...

O Parlamento Europeu (PE) aprovou hoje o mandato da comissão especial - cuja composição (30 eurodeputados) só será decidida na quinta-feira - que irá analisar o processo de autorização de pesticidas e herbicidas para avaliar, nomeadamente, eventuais falhas ou conflitos de interesse.

Esta comissão, segundo uma nota de imprensa, responde às preocupações levantadas sobre o risco que representa a utilização do herbicida glifosato, cuja licença foi renovada em novembro pelos Estados-membros.

Os eurodeputados que irão integrar a comissão terão como objetivos a avaliação do procedimento de autorização para pesticidas na União Europeia (UE), de potenciais falhas no modo como as substâncias são cientificamente avaliadas e aprovadas, do papel da Comissão Europeia na renovação da licença de utilização do glifosato e da eventual existência de conflitos de interesse no procedimento de aprovação.

O mandato da comissão é de nove meses após sua primeira reunião, tendo que apresentar um relatório final das conclusões e recomendações.

Em Lisboa
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura defendeu hoje que a fome no mundo se...

“Hoje estamos confiantes no progresso em reduzir o número de famintos, cada vez mais a fome se restringe a ambientes de conflito explícito, guerra civil, impactados pela mudança climática e alguns bolsões de pobreza extrema”, disse José Graziano da Silva, na abertura do seminário sobre Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no âmbito da reunião de alto nível de três dias a decorrer em Lisboa.

O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) alertou que, “paralelamente, uma epidemia fora de controlo, avassaladora, tanto em África como na Europa, ameaça-nos: a malnutrição, a obesidade, mais especificamente, em mulheres e crianças”.

Na sua intervenção, José Graziano apontou algumas medidas essenciais para apoiar o setor da agricultura familiar, como a garantia do acesso dos agricultores aos recursos naturais e meios de produção, alertando que a ausência de “políticas específicas” impede um “reconhecimento explícito deste setor diferenciado”.

O responsável do organismo da ONU deu o exemplo “de muito sucesso” no Brasil, já replicado em vários países africanos e da América Latina, que garante compras diretas aos produtores familiares para os lanches escolares.

Graziano alertou ainda para a necessidade de “fortalecer os instrumentos da proteção social”, face ao envelhecimento da população de agricultores familiares.

Outro problema é o acesso à água para beber, advertiu: “Falamos de água para a agricultura, mas esquecemos as populações que precisam de água potável. Quem quiser ajudar a fortalecer a mulher, tem de encontrar água para beber, porque é a mulher que, na época de seca, tem de andar, às vezes oito horas como no Brasil, à procura de uma lata de água”.

“Os agricultores familiares são fundamentais para a coesão social, o desenvolvimento do interior, a luta contra a desertificação da população, a manutenção da paisagem e a preservação dos vários ecossistemas”, considerou o responsável da FAO.

A agricultura familiar é “o maior empregador” na maioria dos Estados-membros da CPLP (entre 60 a 85% da população) e responsável pela produção de uma média dos 70% dos alimentos básicos, mas “a paradoxal verdade” é que os agricultores familiares “estão entre os mais pobres”, advertiu, por seu turno, a secretária-executiva da organização lusófona, Maria do Carmo Silveira.

Além disso, em vários países, as mulheres são “a maioria da força de trabalho na agricultura”, mas enfrentam “desigualdades de género”, com restrição de acesso aos recursos naturais, disse.

Construir uma CPLP “livre da fome” é “um dos maiores desígnios” da comunidade lusófona, sublinhou a secretária-executiva.

Em representação da Plataforma de Camponeses da CPLP, Luís Muchanga recordou que o setor representa, nos países da comunidade, mais de sete milhões de agricultores e agricultoras.

O representante dos camponeses identificou como “prioridades” o trabalho ao nível das leis, estatutos, registo e cadastro, “para ter uma radiografia real dos agricultores familiares”.

“A valorização da semente local e a promoção de banco de sementes são estratégias imprescindíveis”, bem como a promoção do “papel importante da mulher e os jovens” neste setor, defendeu.

Muchanga apelou ainda ao desenvolvimento, entre todos, de “estratégias de luta” contra “os novos inimigos: a escassez de água para a agricultura e os impactos das mudanças climáticas, “que carregam consigo várias pragas e que minam os esforços dos camponeses na luta incansável pela melhoria da produção e produtividade agrária”.

Os trabalhos de hoje prosseguem com uma reunião ministerial da CPLP, em que será aprovada a “Carta de Lisboa pelo Fortalecimento da Agricultura Familiar”, no contexto da Consolidação da Estratégia da Segurança Alimentar e Nutricional da organização.

O documento, que será assinado na quarta-feira, último dia da reunião de alto nível, significará “um impulso importante” aos países da organização lusófona, sublinhou, no encontro, o ministro da Agricultura português, Luís Capoulas Santos.

Direção-Geral da Saúde
A sida e a tuberculose, até agora incluídas num só programa prioritário da Direção-Geral da Saúde, têm desde hoje um programa...

Até agora, as duas doenças tinham uma estratégia definida no Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida e Tuberculose, um dos prioritários da Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com um despacho do gabinete do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, “a experiência que tem vindo a ser adquirida durante a implementação destes programas, designadamente quanto à especificação das estratégias a seguir e dos resultados a obter, justifica alguns ajustamentos na definição das áreas de saúde prioritárias”.

Uma das mudanças foi a separação da sida e da tuberculose que passam, a partir de hoje, a ter um programa individual.

À frente do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida continuará Isabel Aldir, enquanto o programa para a tuberculose será dirigido por Raquel Duarte.

Casos de morte súbita por esforço podem ser evitados
Prevenir a morte súbita, cuja mortalidade é superior ao cancro e SIDA, deve passar pelo rastreio e tratamento antecipados da...

O rastreio clássico da doença coronária – de que é exemplo a prova de esforço – deteta apenas a doença coronária obstrutiva, mas a morte súbita ocorre também devido a doença coronária não obstrutiva, não detetável na prova de esforço.

“Estes métodos de rastreio já estão ultrapassados, hoje em dia temos disponíveis testes anatómicos não invasivos, como o score de cálcio coronário e a angiotomografia coronária, que permitem detetar casos de doença coronária não obstrutiva e aconselhar corretamente os doentes quanto à prática desportiva”, explica Miguel Ventura, coordenador do Serviço de Cardiologia da Idealmed UHC – Unidade Hospitalar de Coimbra.

“As pessoas ainda pensam que podem ir para um ginásio sem qualquer preocupação”, diz o especialista, alertando também para o facto de os desfibrilhadores não estarem disponíveis nestes espaços de prática desportiva, o que impede uma correta atuação em caso de morte súbita.

“Num caso de paragem cardíaca temos apenas 4 minutos para salvar aquela pessoa. Prevenir a morte súbita também implica que sejam colocados desfibrilhadores externos em espaços públicos e de grande afluência de pessoas”, acrescenta Miguel Ventura.

Os dispositivos de monitorização de longa duração, conhecidos por registador de longa duração, são igualmente relevantes na prevenção da morte súbita, segundo Miguel Ventura. O especialista esclarece que estes dispositivos permitem detetar casos e salvar vidas que de outra forma se perderiam.

Estima-se que a morte súbita, afete, anualmente, 14.000 pessoas em Portugal, sendo esta a causa de 1 em cada 5 mortes por doença cardiovascular. 

Especialistas defendem mudanças na prevenção
A morte súbita cardíaca é uma das causas mais frequentes de morte em todo o mundo, estimando-se que

A morte súbita cardíaca é uma morte inesperada que resulta da perda das funções cardíacas. Entre as principais causas encontra-se a doença coronária, consequência da aterosclerose, e a insuficiência cardíaca que consiste na “incapacidade do coração em bombear sangue e transportar oxigénio e nutrientes ao organismo”.

De acordo com Miguel Ventura, coordenador do Serviço de Cardiologia da Idealmed – Unidade Hospitalar de Coimbra, estima-se que a morte súbita afete, anualmente, 14 mil pessoas em Portugal, “sendo esta a causa de uma em cada cinco mortes por doença cardiovascular”.

“Os principais fatores de risco são a doença coronária e a insuficiência cardíaca”, afirma admitindo que, apesar da idade ser um fator determinante – sabe-se, por exemplo, que o risco cardiovascular máximo ocorre em homens entre os 40 e os 60 anos – “nos jovens também ocorre morte súbita, frequentemente, em grupos sem história prévia de doença cardíaca e que são, portanto, difíceis de prever”.

É neste sentido que, o cardiologista defende que a avaliação dos doentes deve ser mais aprofundada. “Para ser eficaz, esta não deve assentar apenas na forma convencional (de que é exemplo a prova de esforço), mas apostar cada vez mais no rastreio não convencional, como a Angiotac coronária, que permite diagnosticar formas não obstrutivas da doença e prevenir e até tratar complicações em subgrupos de doentes de risco”, afirma Miguel Ventura.

Quanto a sintomas, o especialista reforça que “qualquer sinal poderá ser de alerta” chamando a atenção para um desmaio sem razão ou um simples episódio de falta de ar. “É muito importante ligar para o número de emergência, 112, e seguir as indicações que forem dadas ao telefone após descrever o que está acontecer”, acrescenta. É que, em casos de paragem cardíaca, dispomos apenas de quatro minutos para salvar a vida de alguém.


"É importante que o cidadão comum saiba usar as chamadas técnicas de reanimação, mas mais importante é o acesso a desfibrilhadores externos em importantes pontos geográficos ", afirma o cardiologista eletrofisiologista Miguel Ventura 

Morte súbita pode ser prevenida

Nos últimos meses muito se tem falado em prevenção. E, muitos são os especialistas portugueses que afirmam ser urgente mudar o panorama atual, para que a morte súbita deixe de estar no topo da lista das principais causa de morte no país.

De acordo com o cardiologista Miguel Ventura, insistir na educação para a adoção de estilos de vida saudáveis deve ser o principal pilar da luta contra as doenças cardiovasculares.

Por outro lado, e uma vez que muitas mortes ocorrem sem história prévia de cardiopatia, “porque a doença coronária não obstrutiva ainda é subdiagnosticada”, é preciso fazer mais além dos testes de rastreio atuais. “Recorrer à utilização de técnicas que permitam refinar o rastreio em determinados grupos, cuja antevisão de morte súbita ainda permanece bastante aquém do desejado, como sejam testes anatómicos para deteção de doença coronária não obstrutiva em grupos de risco e monitorização de longa duração para deteção de fenómenos arrítmicos esporádicos, é outro passo necessário”, acrescenta o coordenador do Serviço de Cardiologia da Idealmed – Unidade Hospitalar de Coimbra.

A melhoria do panorama de prevenção da morte súbita passa também, na opinião deste especialista, por diminuir o tempo de assistência no caso de paragem cardíaca, “dotando locais públicos de grande movimento de desfibrilhadores automáticos e ponderar a construção de uma rede de drones capazes de enviar para os locais em questão, de forma célere, desfribrilhadores automáticos”. “Esta é uma medida já em estudo em alguns países”, explica acrescentando que, em muitos casos, estes equipamentos são a única opção para desfibrilhar o doente “e dar-lhe a oportunidade de chegar ao hospital ainda com vida”.

Neste sentido, é ainda importante que o cidadão comum saiba usar as chamadas técnicas de reanimação e que, em alguns casos, possam ser implantados dispositivos de monitorização cardíaca “mais prolongada”.

Com o objetivo de alertar várias especialidades para esta problemática, a Idealmed – Unidade Hospitalar de Coimbra, está a promover a reunião “Morte Súbita, como prevenir na atualidade”, esperando lançar o mote para novo debate.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Conselho de Geral e de Supervisão
As novas tabelas da ADSE que estão a ser negociadas com os prestadores de serviços de saúde privados deverão entrar em vigor em...

Segundo Francisco Braz, sindicalista e representante dos beneficiários no Conselho de Geral e de Supervisão (CGS), na reunião de ontem “o presidente do Conselho Diretivo da ADSE deu garantias de que está a trabalhar num acordo, tendo em conta a orientação do CGS e disse que as novas tabelas deverão entrar em vigor no início de abril”.

“Tem havido diálogo com as associações hospitalares e, portanto, parece-nos que as negociações caminham para um consenso”, acrescentou Francisco Braz, dirigente do Sindicato da Administração Local (STAL).

A próxima reunião do CGS da ADSE ficou marcada para dia 15, encontro onde as novas tabelas de preços “deverão ficar fechadas”, disse o sindicalista.

Também o líder da Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão, membro do CGS da ADSE, disse ser de esperar que as novas tabelas de preços entrem em vigor em abril e não em março, como estava previsto.

“Quanto mais tempo passa, pior para os beneficiários, que estão a pagar mais, e também para a ADSE”, defendeu Abraão, lembrando que a proposta sobre as tabelas previa uma poupança da ordem dos 30 milhões de euros para o sistema de saúde da função pública.

O dirigente da FESAP salientou, no entanto que, embora possa haver “ajustamentos” durante as negociações com os prestadores de serviços, “os princípios do parecer do CGS não podem ser desvirtuados”.

As novas tabelas da ADSE têm sido alvo de críticas por parte dos hospitais privados e o ministro da Saúde, Adalberto Fernandes, disse em 19 de janeiro, que ainda havia “muito tempo de negociação” para que fosse encontrada uma posição equilibrada.

A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada considerou que as novas tabelas da ADSE representam "perdas incomportáveis" para os privados e podem pôr em causa o acesso dos beneficiários aos cuidados de saúde.

De acordo com a Associação, as tabelas reduzem o valor pago aos prestadores de serviços que têm convenção com o sistema e reforçam o controlo das despesas públicas.

Também a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) pediu aos profissionais que ponderem acabar com o acordo com a ADSE caso se mantenha a proposta das novas tabelas de preços.

Na reunião de ontem foi ainda discutido o novo regime de benefícios da ADSE, mas ainda não há conclusões, disseram ambas as fontes. Em causa está a abertura do sistema de saúde da função pública a contratos individuais de trabalho do Estado, entre outros.

OMS alerta
O Observatório Global de Investigação e Desenvolvimento da Organização Mundial de Saúde encontrou “falhas e desigualdades...

“É vital garantir que a tomada de decisões sobre quais as doenças, países e produtos recebem financiamento não dependa na íntegra das forças de mercado”, lê-se num relatório deste observatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado este mês.

A organização recorda o surto de ébola em 2014, na África ocidental, para frisar que os mais de 11 mil mortos provocados pela doença na altura “expuseram de forma dramática a falta de investimento em produtos e abordagens para prevenir e minimizar o impacto de patogénicos com potencial epidémico” e que a falta de investimento em investigação em novos antibióticos é a causa da “preocupação global” com o aumento da resistência a estes medicamentos.

Segundo a OMS as desigualdades no investimento em investigação e desenvolvimento demonstram frequentemente falhas na relação entre o peso e importância das doenças e o nível de atividade de investigação.

Os dados recolhidos pelo observatório em 60 países revelam, por exemplo, que os países mais ricos têm 40 vezes mais investigadores na área de saúde do que os países mais pobres, com 1.140 investigadores por cada milhão de habitantes em Singapura contra 0,2 investigadores por cada milhão de habitantes no Zimbabué, por exemplo.

O relatório refere ainda desigualdades de género, com as mulheres a representarem 51% dos investigadores nos países mais ricos e apenas 27% nos países pobres.

Portugal integra o grupo dos países mais ricos analisados pela OMS, registando 424 investigadores em saúde em 2014 por cada milhão de habitantes, 63% dos quais mulheres, acima da média dos países mais ricos.

Nesta lista Portugal aparece colocado em 4.º lugar, abaixo da Grécia com 463 investigadores por cada milhão de habitantes, mas já muito distante da Holanda, com 727 investigadores, ou de Singapura, com 1.140.

O observatório aponta ainda que apenas 1% de todo o financiamento para investigação e desenvolvimento em doenças está destinado a malária e tuberculose, apesar de estas terem um impacto de 12,5% em termos de doenças no mundo.

São os governos os principais financiadores da investigação em doenças negligenciadas, com as suas contribuições a representarem dois terços do investimento, seguindo-se as doações de filantropos.

Em 2016 o investimento mundial na investigação para as doenças negligenciadas (que incluem HIV/Sida, tuberculose, malária, dengue, entre outras) fixou-se num valor próximo dos 2,58 mil milhões de euros, com os Estados Unidos a serem o país que mais contribui para a investigação nesta área, com um financiamento de quase 17 milhões de euros em 2016.

Portugal aparece entre o grupo de países que investiu menos de um milhão de dólares, com um valor total de cerca de 320 mil euros aplicados na investigação destas doenças em 2016.

55,77% dessa verba foi entregue pela Fundação para a Ciência e Tecnologia para um consórcio europeu de ensaios clínicos, e o restante, com origem filantrópica na Fundação Calouste Gulbenkian, foi direcionado para a investigação de uma vacina para a tuberculose.

O relatório do observatório da OMS aponta ainda “sérios desequilíbrios nos fluxos de financiamento” em países com níveis de pobreza e necessidades de saúde comparáveis, que recebem níveis de assistência oficial ao desenvolvimento “surpreendentemente diferentes” para investigação e setores de saúde básicos.

Entre os países de mais baixos rendimentos a OMS destaca a Libéria, que recebeu em 2016 o maior valor de assistência oficial ao desenvolvimento ‘per capita’ que os países em situações comparáveis – por exemplo, um valor 3,5 vezes superior ao entregue a Madagáscar, que sofreu nesse ano um surto sério de pneumonia.

Unicef alerta
Portugal registou 80 casos de mutilação genital feminina entre janeiro de 2016 e o mesmo mês do ano passado, revelam dados...

No Relatório Intercalar de Execução do Programa de Acção para a Prevenção e Eliminação da Mutilação Genital Feminina (2014-2017) refere-se que os casos foram registados na Plataforma de Dados de Saúde (PDS), afirma a UNICEF, num documento em que alerta para as consequências nocivas desta prática em várias comunidades no mundo.

As vítimas foram quase todas adultas, havendo apenas registo de uma menor, com 17 anos.

Eram provenientes, na esmagadora maioria, da Guiné-Bissau (53), seguindo-se, em termos de representatividade, a Guiné-Conacri (20), a Eritreia (2), o Senegal (2), e a Nigéria, a Gâmbia e o Egito, cada um com 1 caso registado, de acordo com a informação recolhida.

Numa declaração conjunta, as diretoras executivas da UNICEF, Henrietta Fore, e do FNUAP (Fundo das Nações Unidas para a População), Natalia Kanem, afirmam que a mutilação genital feminina é um ato violento que causa infeções, doenças, complicações no parto e até mesmo a morte. “Uma prática cruel que inflige danos emocionais para toda a vida e atinge os membros mais vulneráveis e com menos poder da sociedade: raparigas até aos 15 anos de idade. Uma violação dos direitos humanos que reflete e perpetua a desvalorização das raparigas e mulheres em demasiados lugares do mundo”.

Consideram também que constitui um obstáculo ao bem-estar das comunidades e das economias.

As duas responsáveis afirmam que nos países em que têm trabalhado, as raparigas têm hoje menos um terço da probabilidade de serem submetidas a esta prática do que em 1997.

“Mais de 25 milhões de pessoas em cerca de 18.000 comunidades em 15 países rejeitaram publicamente a prática desde 2008. Globalmente, a sua prevalência diminuiu quase um quarto desde 2000”, lê-se na declaração.

Porém, as estimativas indicam que até 2030, mais de um terço do total de nascimentos em todo o mundo ocorrerá nos 30 países onde a mutilação genital feminina é praticada.

“Se não houver um progresso acelerado para proteger o número crescente de raparigas em risco, milhões delas poderão vir a ser cortadas nesses países até 2030”, advertem.

A mesma fonte recorda um estudo realizado em 2015 pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, segundo o qual, em Portugal, o número de mulheres em idade fértil que poderá ter sido submetida à prática ronda as 5.246. Ao ter em conta todas as mulheres com mais de 15 anos, o indicador sobe para 6.576, “o que corresponde a 49% do número de mulheres residentes no território português nascidas em países praticantes”.

Moody's
O envelhecimento da população e a pressão que exerce sobre as contas públicas, nomeadamente sobre a saúde, traz desafios que...

A agência de notação financeira lembra que a maioria dos países da União Europeia vai estar "super envelhecida" em 2030, com mais de 20% da população a ter 65 anos ou mais, o que trará desafios aos serviços públicos de saúde e de Segurança Social.

Segundo a Moody's, que cita projeções da Comissão Europeia, Portugal, Malta, Eslováquia e Croácia são os países que vão assistir mais rapidamente a pressões do envelhecimento sobre os serviços de saúde.

"A forma como os Governos adaptam os seus sistemas de cuidados com a saúde ao envelhecimento da população vai tornar-se cada vez mais importante para a nossa avaliação orçamental e, em última análise, para a análise das dívidas públicas", avisa a analista da Moody's Kathrin Muehlbronner, em comunicado.

Embora admita que alguns países iniciaram algumas reformas para melhorar a eficiência com os sistemas, a Moody's considera que são necessárias mais reformas para acomodar o impacto orçamental da pressão sobre a despesa pública com o envelhecimento.

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