World Health Summit Regional Meeting Coimbra 2018
Integrado na Cimeira Mundial da Saúde- World Health Summit Regional Meeting, o programa internacional Young Physician Leaders...

O programa Young Physician Leaders, uma iniciativa internacional de formação em liderança na área da saúde, é pela primeira vez realizado exclusivamente com um grupo de jovens médicos e profissionais da saúde provenientes de países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Este programa de formação é integrado na World Health Summit (WHS) Regional Meeting, a cimeira de saúde que decorre de 19 a 20 de Abril em Coimbra e que se irá centrar na saúde global dos países de baixa e média renda, com foco nos países africanos.

Nesta edição do programa Young Physician Leaders, que se realiza de 17 a 19 de abril em Coimbra, participam doze jovens profissionais de saúde, com menos de 40 anos e com potencial de liderança e um percurso promissor. O grupo – proveniente de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste – vai receber formação em liderança na área da saúde através de um conjunto de seminários orientados e especialistas nacionais e internacionais como Jo Ivey Bouffard, Presidente da Academia de Medicina de Nova Iorque.

Nuno Madeira, médico no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), foi o primeiro português a participar no programa, em 2017. “Com a minha participação destacaria o ganho de competências de gestão e organização de recursos humanos, quer em estruturas assistenciais quer de investigação, e também o estabelecimento de relações informais com outros jovens líderes médicos a nível internacional”, refere. “É relativamente raro que um médico receba formação específica nessas áreas; muitas vezes aprendemos por tentativa e erro ao longo da nossa carreira”.

“Ao regressar a Portugal senti que vários conhecimentos me permitiram melhorar a dinâmica e organização das equipas clínicas que coordeno no seio do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, mas também acrescentar valor à minha atividade na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, onde ensino e investigo. Contribuiu para perspetivar e traçar um plano de crescimento pessoal a nível profissional, capitalizando os meus pontos fortes e aquilo que possa ser o meu contributo no desenvolvimento das organizações onde trabalho”, acrescenta Nuno Madeira.

Este programa foi inicialmente lançado em 2011 pela IAMP – The Interacademy Medical Panel, em parceria com a World Health Summit e a M8 Alliance of Academic Health Centres, Universities and National Academies, contando já com oito edições. Este ano realiza-se em Coimbra, em parceria com a Universidade de Coimbra e com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com especial colaboração da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Os participantes são selecionados entre candidatos nomeados pela IAMP, membros da M8 Alliance e academias de medicina.

No âmbito do Dia Europeu dos Direitos dos Doentes
A Alzheimer Portugal há muito que tem vindo a defender um Plano Nacional para que as pessoas com dem

Segundo dados recentes divulgados pela Organização Mundial de Saúde, estima-se que até 2050, o número de casos de demência venham a triplicar. A nível mundial cerca de 47.5 milhões de pessoas sofrem de demência atualmente, dos quais entre 180 a 200 mil são portugueses.É urgente que as altas patentes apresentem soluções que possam responder com a maior eficácia possível a uma realidade cada vez mais presente na nossa sociedade.

Por entre as recomendações nomeadas na proposta das “Bases para a definição de Políticas Públicas na área das Demências”[i], salientamos, pela sua importância, a primeira: “Que possa ser definida como prioridade nacional a elaboração de um Plano para as Demências em Portugal. Este Plano deverá definir e operacionalizar percursos adequados de cuidados, contemplando como eixos fundamentais a melhoria da qualidade de vida das pessoas com demência e a dos seus cuidadores, a investigação pertinente nas áreas relacionadas com as demências, e a criação de um quadro jurídico definidor dos direitos das pessoas em situação de incapacidade (como é o caso de muitas pessoas com demência), incluindo o enquadramento legal dos cuidados, das intervenções e da investigação”.

Importa enfatizar que o tempo das pessoas e respetivas famílias já afetadas pelo problema que é a demência nem sempre é compatível com os tempos demorados da decisão política. No entanto, a inexistência presente de um Plano não poderá ser razão para não se investir na melhoria possível e continuada dos cuidados já existentes. Decerto, um trabalho continuado neste sentido seria uma “ponte” para a futura conceção do Plano propriamente dito.

Com o principal objetivo de garantir melhor qualidade de vida aos cidadãos afetados por esta doença, manter-nos-emos focados na urgência do reconhecimento, pelos decisores políticos, das demências e da Doença de Alzheimer como uma prioridade a ser incluída nas políticas de saúde e de segurança social a serem implementadas. Tudo faremos para que o Plano Nacional para as Demências seja uma realidade e não apenas um desejo que tarda a ser concretizado.


[i] Documento elaborado pelo grupo de trabalho coordenado pelo Professor Manuel Lopes, Coordenador para a Reforma do SNS na Área dos Cuidados Continuados Integrados e pelo Dr. António Leuschner, Presidente do Conselho Nacional de Saúde Mental. O grupo de trabalho, constituído por pessoas de diferentes áreas profissionais, com experiências diversas, provindas quer de instituições públicas, privadas ou do terceiro sector, foi incumbido de propor uma estratégia para o desenvolvimento de políticas públicas para os cuidados à pessoa com demência, nos termos do Despacho nº 17/2016 de 20.10 do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde. Este Despacho definiu a necessidade de desenvolver “um quadro de referência que permita o desenho do percurso de cuidados das pessoas com demência, tendo em consideração as características específicas do Serviço Nacional de Saúde, o nosso sistema de proteção social, e, bem assim as características peculiares do nosso tecido social e solidário.”

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Fundação “la Caixa”
Portugal apresentou 167 candidaturas aos projetos de investigação em saúde da Fundação Bancária espanhola “la Caixa”, no valor...

Em causa estão projetos de excelência nas áreas da oncologia, neurociências, doenças infecciosas e cardiovasculares, bem como projetos biomédicos transversais.

A Fundação “la Caixa” adianta que o processo de candidaturas de 2018 terminou em março, sendo que dos 785 projetos apresentados na convocatória, 167 são de Portugal, ou seja, mais de 20% do total.

“O total do financiamento solicitado pelos projetos coordenados por instituições portuguesas é de 96 milhões de euros”, é destacado na nota, que indica também que a Fundação Bancária “la Caixa” vai contribuir com 12 milhões de euros anuais para a nova convocatória.

A Fundação para Ciência e Tecnologia (FCT) vai igualar os investimentos que a “la Caixa” destine a projetos de investigação selecionados em Portugal, na sequência de um acordo de colaboração assinado em fevereiro.

Na nota, é referido que de entre as cinco instituições com mais projetos apresentados, três são de instituições portuguesas.

A Fundação destaca que as candidaturas apresentadas dividem-se em áreas temáticas como as doenças cardiovasculares (19), doenças infecciosas (27), neurociência (47), oncologia (35) e outras áreas de biomedicina (39).

“Serão selecionados cerca de 20 projetos, os de maior potencial e impacto social, quer seja no âmbito da investigação básica, clínica ou translacional, através de um processo que cumpre os melhores padrões de qualidade, imparcialidade, objetividade e transparência”, é referido.

A entidade esclarece que vão ser concedidas ajudas até 500.000 euros para os projetos transformadores que se poderão destinar a um único grupo de investigação e até 1.000.000 de euros para iniciativas que agrupem mais de um centro e que apresentem um elevado grau de transdisciplinaridade (nesta pode ser valorizada existência de parceiros internacionais).

Os projetos apresentados à convocatória foram liderados por investigadores de universidades e centros de investigação sem fins lucrativos de Espanha e Portugal e serão avaliados até junho.

Os resultados serão tornados públicos em julho e as iniciativas selecionadas serão executadas ao longo de 36 meses.

De acordo com os últimos dados da Organização Mundial de Saúde, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, seguidas das oncológicas.

As doenças infecciosas são a causa de uma em cada três mortes no mundo enquanto no campo das doenças degenerativas, 47 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de demência.

Estudo
A quase totalidade dos inquiridos num estudo afirma saber o que é o colesterol, mas mais de metade desconhece o valor que tem,...

Promovido pela Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), o inquérito “Os portugueses e o colesterol”, que é apresentado hoje, em Lisboa, na sessão solene de abertura da campanha ‘Maio, mês do coração’, decorreu em março e envolveu uma amostra de 1.000 participantes.

Mais de metade (58%) dos inquiridos assumiram não saber qual o seu valor de colesterol, um desconhecimento que é muito expressivo nos jovens.

A grande maioria (90%) dos jovens, com idades entre os 15 e os 24 anos, disse desconhecer o seu nível de colesterol, valor que desce para os 73% nos inquiridos com idades entre os 25 e os 34 anos e para os 63% nos participantes com idades entre os 35 e os 44 anos.

Com o avanço da idade vai diminuindo o desconhecimento das pessoas sobre o seu valor de colesterol: 48% (45-64 anos), 34% (55-64 anos) e 48% (65 e mais anos), indica o estudo.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador da campanha e assessor médico da FPC, Luís Negrão, considerou preocupante o facto de mais de metade da população não saber o seu nível de colesterol.

“Isto preocupa-nos um bocado” porque ao desconhecer que têm colesterol não tomam medidas preventivas, mas o “mais preocupante” é os níveis de desconhecimento nos jovens, disse Luís Negrão.

O médico destacou como positivo 98% dos inquiridos saberem o que é o colesterol, 97% conhecerem que é uma gordura que circula no corpo e 70% saberem que um valor normal é inferior a 190 mg/dl.

A grande maioria (95%) apontou a gordura animal como o tipo de gordura que facilita o aumento do colesterol no sangue.

“As pessoas estão informadas, sabem o que é o colesterol, sabem qual é o valor normal e sabem as consequências que podem vir a ter se o tiverem elevado, como um AVC, ataque cardíaco e doenças cardiovasculares”, disse Luís Negrão, considerando que esta informação “resulta um pouco do trabalho que a fundação tem vindo a fazer ao longo dos anos”.

Quase metade dos inquiridos (47%) é da opinião que alguns suplementos alimentares fazem melhor ao colesterol do que as estatinas que os médicos receitam.

A quase totalidade rejeita a ideia de que “a prática regular do exercício físico não traz vantagens para quem tem o colesterol elevado” ou que “os magros não têm que se preocupar com o colesterol”.

Para Luís Negrão estes dados indicam que “as pessoas têm algum conhecimento, mas era preciso mudarem a opinião que têm relativamente ao problema do colesterol e problema das doenças cardiovasculares”.

Apelou ainda aos portugueses para vigiarem o colesterol e “falarem sempre com o médico de família ou o médico assistente para ambos tentarem resolver o problema de colesterol elevado”.

Isto porque “há pessoas que largam as estatinas e substituem-nas por suplementos alimentares por acreditarem que fazem melhor ao colesterol”, explicou o médico.

A campanha da Fundação Portuguesa de Cardiologia “Maio, mês do Coração” é dedicada este ano ao colesterol.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Quase todas as regiões de Portugal continental e o arquipélago da Madeira apresentam hoje um risco ‘muito elevado’ de exposição...

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), todas as regiões do continente, com exceção de Viana do Castelo e Braga (‘elevado’), apresentam níveis ‘muito elevados’ de radiação ultravioleta (UV) tal como o arquipélago da Madeira.

Os Açores estão, segundo o IPMA, com níveis ‘moderados’.

O IPMA prevê para os próximos dias no continente uma subida dos valores das temperaturas, em particular da máxima, prevendo-se valores acima da média para o mês de abril.

Segundo o IPMA, a temperatura máxima irá variar entre 24/25 °C na generalidade do território, podendo atingir 27/28°C em alguns locais.

A temperatura mínima, deverá variar entre 4ºC e 13ºC, subindo para valores entre 9ºC e 16 ºC a partir de sexta-feira.

No fim de semana, a temperatura máxima deverá voltar a descer, mantendo-se no entanto acima de 20ºC praticamente em todo o território do continente.

O IPMA prevê para hoje céu geralmente limpo, vento fraco, soprando temporariamente moderado de sueste no Algarve e nas terras altas, neblina ou nevoeiro matinal em alguns locais e pequena subida de temperatura, em especial da máxima.

Na Madeira prevê-se períodos de céu muito nublado, tornando-se muito nublado no final do dia com ocorrência de períodos de chuva, vento fraco, tornando-se fraco a moderado do quadrante norte no final do dia.

No continente, as temperaturas mínimas vão variar entre os 07 graus celsius (em Bragança e Braga) e os 12 (em Faro) e as máximas entre os 20 graus (na Guarda) e os 28 graus (em Santarém).

No Funchal, as temperaturas vão oscilar entre os 16 e os 22 graus.

Para as regiões com risco 'muito elevado' e ‘elevado’ de exposição à radiação UV, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

No caso de risco ‘moderado’ são aconselhados óculos de Sol e protetor solar.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o UV é 'baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

“Não caia nisso”
“Não caia nisso” é o tema da campanha de sensibilização que a Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia lança hoje para...

O responsável pela iniciativa, Carlos Evangelista, ortopedista, disse que a campanha pretende evitar problemas como fraturas, que podem levar à imobilidade e a imobilidade pode causar uma grande dependência de terceiros ou até a morte.

“Há problemas que a pessoa pode ter em si que levam à queda, chamados, problemas intrínsecos, como não vigiar a tensão arterial, não controlar a diabetes, ter tonturas, tomar mal a medicação e que são importantes identificar", explicou.

Tendo em conta que “há muitas quedas que acontecem dentro de casa”, a campanha dá alguns conselhos para as prevenir, como ter sempre atenção quando o chão está molhado, retirar tapetes que possam provocar derrapagens, ter atenção com os fios e com a desarrumação.

O responsável pela iniciativa advertiu também para a importância de “ter uma luz de presença no quarto durante a noite”, lembrando que “conhecemos a nossa casa mas ela própria encerra perigos que muitas vezes não detetamos porque nos são familiares”.

Carlos Evangelista salientou também a importância de chamar a atenção para as quedas que acontecem por fraqueza muscular.

“Muitas vezes as pessoas com alguma idade que vivem sozinhas, têm tendência a estar muito tempo sentadas e mexem-se pouco o que acaba por causar a perda da musculatura e faz com que tenham uma base de sustentabilidade menor", alertou.

O ortopedista afirmou também que “a má alimentação acaba por tirar capacidades físicas e cognitivas”, uma vez que as pessoas têm tendência a facilitar na alimentação quando vivem sozinhas, não ingerindo os nutrientes necessários.

A própria estrutura médica terá de se preparar para o “flagelo das fraturas do colo do fémur” que ocupam muitas unidades hospitalares e terá de se tornar “mais multidisciplinar”, fornecendo a melhor técnica para a recuperação dos doentes.

Carlos Evangelista alertou também que terá de haver uma grande cumplicidade entre a fisioterapia e a medicina interna, no sentido de “reequilibrar mentalmente, psicologicamente e fisicamente” as pessoas que se encontram em recuperação e que por se encontrarem debilitadas acabam por sofrer de atrofia da massa óssea ao não conseguirem motivação para reiniciar o percurso de tonificação muscular.

Programa de Estabilidade 2018-2022
O Conselho Estratégico da Saúde apela ao Governo para que assuma como prioridade um financiamento da saúde de pelo menos 5% do...

Numa análise ao Programa de Estabilidade 2018-2022 apresentado na semana passada pelo Governo, o Conselho Estratégico Nacional da Saúde (CENS) da CIP-Confederação Empresarial de Portugal entende que a saúde ainda não foi assumida “como prioridade nacional”.

“Nem se perspetiva que nos próximos anos haja um quadro orçamental suficiente para fazer face às necessidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), refere o CENS, que congrega seis associações do setor que representam mais de 4.500 empresas a operar em Portugal.

O CENS pede ao Governo “que assuma com caráter de prioridade um financiamento do SNS não inferior a 5% do PIB”, argumentando que este é um patamar “absolutamente indispensável para a atividade assistencial, para a prevenção e para os investimentos”.

Várias estruturas profissionais e associações, como a Ordem dos Médicos, têm defendido que a despesa pública em saúde corresponda a 6,5% do PIB, que é um valor comparável à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O Conselho Estratégico recorda ainda que “o problema das dívidas vencidas”, nomeadamente por parte dos hospitais aos fornecedores, “continua a afetar muito gravemente o setor da saúde”.

Dados de fevereiro revelavam que havia 1.029 milhões de euros de dívida vencida, sendo que o CENS considera que o Programa de Estabilidade não parece enfrentar esta questão”.

Parlamento
A Assembleia da República discute na quinta-feira um projeto de resolução do Bloco de Esquerda que recomenda ao Governo o...

“Perante a realidade do contexto nacional consideramos que é inequívoca a necessidade crescente de integração deste novo profissional como técnico de saúde nos serviços de genética e serviços clínicos interdisciplinares”, defende o BE no documento.

O BE explica que o 'aconselhador genético' é “um profissional treinado” que reúne competências para “realizar cálculo de riscos genéticos, fornecer informação complexa aos pacientes e familiares de forma simples”, apoiando-os face ao diagnóstico e a cada situação particular, facilitando uma tomada de decisão livre mas informada e respeitando as questões éticas e de confidencialidade.

“A inclusão de profissionais não-médicos nas equipas multidisciplinares de genética é algo que tem sido expandido por todo o mundo, respondendo às necessidades dos serviços de genética e contribuindo para a difusão da área do aconselhamento genético”, salienta.

Na reunião plenária serão também debatidos projetos de resolução do BE, do CDS-PP e do PAN que propõem ao Governo a adoção de medidas de apoio às pessoas com doenças raras.

O CDS-PP recomenda a aplicação de medidas na área das doenças raras e da deficiência, promovendo maior apoio e proteção aos portadores de doença rara e deficiência, bem como aos seus cuidadores.

Entre essas medidas, os centristas defendem que os vários Centros de Referência que existem para cada doença rara sejam dotados dos meios humanos e tecnológicos necessários para “o cabal desempenho das suas funções altamente diferenciadas”.

Outra das medidas, também defendida pelo partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), é a criação do registo nacional de doenças raras.

No seu projeto de resolução, o PAN propõe, entre outras medidas, que crie “condições que possibilitem o acompanhamento psicológico regular dos portadores de doenças raras e de pessoas com deficiência, bem como dos membros do seu agregado familiar”.

O Bloco de Esquerda recomenda ao Governo que seja revista a forma de prescrição de tratamentos para pessoas com doenças raras, removendo limitações de número de tratamentos quando eles são necessários de forma prolongada, e que todas as pessoas diagnosticadas com doença rara acedem a consultas de aconselhamento genético.

Conheça os Direitos e Deveres do doente
Celebra-se hoje, 18 de abril de 2018, o XII Dia Europeu dos Direitos dos Doentes, com o intuito de a

Esta iniciativa é promovida pela ACN - Active Citizenship Network (Rede de Cidadania Activa), uma Organização Não Governamental sedeada em Roma, que congrega organizações de cidadãos dos estados membros da União Europeia e dos países candidatos que procuram incentivar a participação ativa dos cidadãos na elaboração de políticas europeias nas áreas da saúde, da responsabilidade social corporativa, da justiça e da educação, entre outras.

A Rede de Cidadania Activa foi iniciada em Dezembro de 2001 como a interface europeia e internacional da organização italiana de participação cívica Cittadinanzattiva (Cidadania Ativa), fundada em 1978 com a missão de promover e apoiar a construção da cidadania europeia como uma "cidadania ativa", que significa o exercício dos poderes e responsabilidades dos cidadãos na formulação de políticas.

As comemorações do XII Dia Europeu dos Direitos dos Doentes

Para além das muitas iniciativas promovidas por organizações nacionais, regionais e locais para comemorar este dia na Europa, e a exemplo do que sucedeu em anos anteriores, a Rede de Cidadania Ativa promove uma conferência internacional dirigida aos cidadãos, associações de doentes, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, cientistas, industriais e autoridades de saúde.

A conferência deste ano vai realizar-se no dia 23 de maio de 2018, nas instalações do Parlamento Europeu, em Bruxelas, e será subordinada ao tema “Adesão terapêutica: valorizar o impacto para os doentes e o sistema de saúde”.

Refletindo a grande preocupação existente com a sustentabilidade económica (presente e futura) dos sistemas de saúde, pretende-se com esta iniciativa “contribuir para o debate político atual sobre como alcançar uma prestação de cuidados mais sustentável”, atendendo a que “a fraca adesão aos tratamentos tem, de facto, implicações significativas para os gastos com saúde”, estimando-se que aumente os custos em aproximadamente 80 mil milhões de Euros por ano.

O evento será uma oportunidade para promover a comunicação entre os diferentes parceiros nos processos da cura e da prestação dos cuidados, de modo a identificar os fatores que podem impedir a adesão completa às terapias (em particular no que diz respeito às condições crônicas, com a diabetes ou o cancro) e procurar as melhores soluções para aumentar essa adesão aos tratamentos, respeitando os valores fundamentais reconhecidos pela Carta Europeia dos Direitos dos Doentes.

A Carta Europeia dos Direitos dos Doentes

Ao longo dos últimos anos, a ACN desenvolveu intensa atividade na área dos direitos dos doentes, tendo apresentado em Bruxelas, em 15.11.2002, a Carta Europeia dos Direitos dos Doentes, com o objetivo de uniformizar e harmonizar a diversidade verificada nos diversos países da União Europeia, no que se refere aos direitos fundamentais dos cidadãos na área da saúde: teoricamente, os sistemas nacionais de saúde de todos os países da UE contemplam o direito ao acesso universal aos cuidados de saúde mas, na prática a “realidade” difere de país para país e, dentro de cada país, de região para região e de população para população.

A Carta Europeia dos Direitos dos Doentes baseou-se principalmente na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, proclamada na Cimeira de Nice da EU, em 7 de Dezembro de 2000, e ainda em diversas recomendações e declarações da Organização Mundial da Saúde e do Conselho da Europa e reflectiu a necessidade de reforçar a proteção dos cidadãos em todo o território da EU, atendendo às preocupações levantadas pelo alargamento da EU e pela elevada mobilidade dos seus cidadãos.

Os direitos (e os deveres) dos doentes

A Carta Europeia dos Direitos dos Doentes definiu 14 “Direitos do Doente”, acautelando que a definição destes direitos implica que os cidadãos devem assumir as suas próprias responsabilidades e que isso significa que também têm deveres nesta matéria, devendo utilizar os recursos de saúde de forma responsável.

Dentro deste importante princípio, são os seguintes os “Direitos do Doente” contemplados na Carta Europeia:

1. Direito a Medidas Preventivas: todo o indivíduo tem o direito a serviços adequados com o objetivo de prevenir doenças.

2. Direito de Acesso: todo o indivíduo tem o direito de aceder aos serviços de saúde de que a saúde dele ou dela necessita. Os serviços de saúde devem garantir igual acesso a todos, sem discriminação relativa a recursos financeiros, local de residência, tipo de doença ou a hora a que se acede aos serviços. 

3. Direito à Informação: todo o indivíduo tem o direito de aceder a todo o tipo de informação que se refere ao seu estado de saúde, aos serviços de saúde e como usá-los, assim como de toda a investigação científica e inovação tecnológica que esteja disponível.

 4. Direito de Consentimento: todo o indivíduo tem o direito de aceder a toda a informação que o, ou a, possa incapacitar na participação ativa das decisões respeitantes à sua saúde; esta informação é um pré-requisito para qualquer procedimento e tratamento, incluindo a participação em investigações científicas.

 5. Direito de Livre Escolha: cada indivíduo tem o direito de livre escolha de entre todos os procedimentos de tratamento diferentes e de prestadores de serviços com base em informação adequada.

6. Direito de Privacidade e de Confidencialidade: todo o indivíduo tem o direito à confidencialidade da sua informação pessoal, incluindo informação relativa ao seu estado de saúde e diagnóstico potencial ou a procedimentos terapêuticos, assim como à protecção da sua privacidade durante o processo de diagnóstico, visitas de especialistas e tratamentos médicos e/ou cirúrgicos em geral.

 7. Direito ao Respeito pelo Tempo do Paciente: todo o indivíduo tem o direito a receber o tratamento necessário dentro de um rápido e predeterminado período de tempo. Este direito aplica-se a todas as fases do tratamento.

 8. Direito à Observância/Cumprimento das Normas de Qualidade: todo o indivíduo tem o direito de acesso aos serviços de saúde de elevada qualidade baseados nas especificações e na observância de normas precisas.

9. Direito à Segurança: todo o indivíduo tem o direito de estar isento dos malefícios decorridos do mau funcionamento dos serviços de saúde, erros e más práticas médicas, e o direito de aceder a serviços de saúde e a tratamentos que vão de encontro às elevadas normas de segurança.

10. Direito à Inovação: todo o indivíduo tem o direito de acesso a procedimentos inovadores, incluindo procedimentos de diagnóstico, de acordo com normas internacionais e independentemente de considerações económicas ou financeiras.

11. Direito de Evitar Sofrimento Desnecessário e Dor: todo o indivíduo tem o direito de evitar o mais possível sofrimento e dor, em cada fase da sua doença.

12. Direito a Tratamento Personalizado: todo o indivíduo tem o direito a diagnósticos ou programas terapêuticos adaptados o mais possível às suas necessidades pessoais.

13. Direito de Queixa: todo o indivíduo tem o direito de se queixar quando tiver sofrido danos e o direito de receber uma resposta ou outro esclarecimento.

14. Direito de Compensação: todo o indivíduo tem o direito de receber suficiente compensação dentro de um curto prazo razoável de tempo quando tiver sofrido danos físicos ou morais e psicológicos causados por um tratamento dos serviços saúde. 

A legislação portuguesa

Em Portugal, a muita legislação avulsa que existia foi condensada, em 2014, num documento único, a Lei n.º 15/2014 de 21 de março, da Assembleia da República, que consolidou a legislação em matéria de direitos e deveres do utente dos serviços de saúde (e dos seus acompanhantes), incorporando na Lei de Bases da Saúde os diplomas legais referentes ao “Acompanhamento da mulher grávida durante o trabalho de parto”, ao “Direito de acompanhamento dos utentes dos serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde”, ao “Acompanhamento familiar em internamento hospitalar” (nomeadamente acompanhamento de crianças, pessoas com deficiência ou em situação de dependência), a “Carta dos Direitos de Acesso aos Cuidados de Saúde pelos Utentes do Serviço Nacional de Saúde” e ainda legislação sobre a proteção de dados pessoais e a reserva da vida privada.

Embora esta legislação se refira muitas vezes especificamente aos utentes do Serviço Nacional de Saúde, ela foi elaborada para valer em todos os serviços de saúde, mesmo os privados (independentemente de os seus beneficiários serem considerados por esses serviços como doentes, pacientes, utentes ou clientes), salvaguardando-se as especificidades de cada serviço de saúde, as suas regras de organização e os seus recursos.

O exemplo do Centro Hospitalar de Lisboa Central

Em vez de transcrever a Lei n.º 15/2014 de 21 de março, prefiro dar um exemplo prático da aplicação desta legislação por parte de uma unidade de saúde hospitalar de referência, o CHLC, anteriormente designado como Hospitais Civis de Lisboa, nos quais fiz a minha formação clínica inicial e à qual presto assim a minha homenagem pública por ser uma grande escola de Medicina.

Na página da “Informação ao Utente” do sítio da internet http://www.chlc.min-saude.pt pode encontrar-se o capítulo “Direitos e Deveres dos Utentes”, que se transcreve na íntegra:

Carta dos Direitos e Deveres dos Doentes

O direito à proteção da saúde está consagrado na Constituição da República Portuguesa e assenta num conjunto de valores fundamentais como a dignidade humana, a equidade, a ética e a solidariedade.

Conhecer os seus direitos e deveres aumenta a sua capacidade de atuação na melhoria dos cuidados e serviços de saúde.

Direitos dos Doentes

O doente tem direito a ser tratado no respeito pela dignidade humana;

O doente tem direito ao respeito pelas suas convicções culturais, filosóficas e religiosas;

O doente tem direito a receber os cuidados apropriados ao seu estado de saúde, no âmbito dos cuidados preventivos, curativos, de reabilitação e terminais;

O doente tem direito à prestação de cuidados continuados;

O doente tem direito a ser informado acerca dos serviços de saúde existentes, suas competências e níveis de cuidados;

O doente tem direito a ser informado sobre a sua situação de saúde;

O doente tem o direito de obter uma segunda opinião sobre a sua situação de saúde;

O doente tem direito a dar ou recusar o seu consentimento, antes de qualquer acto médico ou participação em investigação ou ensino clínico;

O doente tem direito à confidencialidade de toda a informação clínica e elementos identificativos que lhe respeitam;

O doente tem direito de acesso aos dados registados no seu processo clínico;

O doente tem direito à privacidade na prestação de todo e qualquer acto médico;

O doente tem direito, por si ou por quem o represente, a apresentar sugestões e reclamações.

Deveres dos Doentes

O doente tem o dever de zelar pelo seu estado de saúde. Isto significa que deve procurar garantir o mais completo restabelecimento e também participar na promoção da própria saúde e da comunidade em que vive;

O doente tem o dever de fornecer aos profissionais de saúde todas as informações necessárias para obtenção de um correto diagnóstico e adequado tratamento;

O doente tem o dever de respeitar os direitos dos outros doentes;

O doente tem o dever de colaborar com os profissionais de saúde, respeitando as indicações que lhe são recomendadas e, por si, livremente aceites;

O doente tem o dever de respeitar as regras de funcionamento dos serviços de saúde;

O doente tem o dever de utilizar os serviços de saúde de forma apropriada e de colaborar ativamente na redução de gastos desnecessários.

Carta dos Direitos do Doente Internado (documento que consagra todos os direitos dos doentes, considerando a situação específica do internamento)

O doente internado tem direito a ser tratado no respeito pela dignidade humana;

O doente internado tem direito a ser tratado com respeito, independentemente das suas convicções culturais, filosóficas e religiosas;

O doente internado tem direito a receber os cuidados apropriados ao seu estado de saúde, no âmbito dos cuidados preventivos, curativos, de reabilitação, terminais e paliativos;

O doente internado tem direito à continuidade dos cuidados;

O doente internado tem direito a ser informado acerca dos serviços de saúde existentes, suas competências e níveis de cuidados;

O doente internado tem direito a ser informado sobre a sua situação de saúde;

O doente internado tem direito a obter uma segunda opinião sobre a sua situação clínica;

O doente internado tem direito a dar ou recusar o seu consentimento, antes de qualquer acto clínico ou participação em investigação ou ensino;

O doente internado tem direito à confidencialidade de toda a informação clínica e elementos identificativos que lhe respeitam;

O doente internado tem direito de acesso aos dados registados no seu processo clínico;

O doente internado tem direito à privacidade na prestação de todo e qualquer acto clínico;

O doente internado tem direito, por si ou por quem o represente, a apresentar sugestões e reclamações;

O doente internado tem direito à visita dos seus familiares e amigos;

O doente internado tem direito à sua liberdade individual;

O regime legal de defesa do consumidor (Lei n.º 24/96, de 31 de Julho) prevê também o direito à qualidade dos bens e serviços e o direito à protecção da saúde e segurança física.

Carta da Criança Hospitalizada (esta carta foi preparada por várias associações europeias em 1988, em Leiden, resume e reafirma os Direitos das Crianças hospitalizadas)

A admissão de uma criança no Hospital só deve ter lugar quando os cuidados necessários à sua doença não possam ser prestados em casa, em consulta externa ou em hospital de dia;

Uma criança hospitalizada tem direito a ter pais ou seus substitutos, junto dela, dia e noite, qualquer que seja a sua idade ou o seu estado;

Os pais devem ser encorajados a ficar junto do seu filho devendo ser-lhes facultadas facilidades materiais sem que isso implique qualquer encargo financeiro ou perda de salário. Os pais devem ser informados sobre as regras e rotinas próprias do serviço para que participem ativamente nos cuidados ao seu filho;

As crianças e os pais têm o direito de receber uma informação sobre a doença e os tratamentos, adequada à idade e à compreensão, a fim de poderem participar nas decisões que lhes dizem respeito;

Deve evitar-se qualquer exame ou tratamento que não seja indispensável. As agressões físicas ou emocionais e a dor devem ser reduzidas ao mínimo;

As crianças não devem ser admitidas em serviços de adultos. Devem ficar reunidas por grupos etários para beneficiar, de jogos, recreios e actividades educativas adaptadas à idade, com toda a segurança. As pessoas que as visitam devem ser aceites sem limites de idade;

O Hospital deve oferecer às crianças um ambiente que corresponda às suas necessidades físicas, afetivas e educativas, quer no aspecto do equipamento, quer no do pessoal e da segurança;

A equipa de saúde deve ter a formação adequada para responder às necessidades psicológicas e emocionais das crianças e da família;

A equipa de saúde deve estar organizada de modo a assegurar a continuidade dos cuidados que são prestados a cada criança;

A intimidade de cada criança deve ser respeitada. A criança deve ser tratada com cuidado e compreensão em todas as circunstâncias.


Dr. Viriato Horta - Medicina Geral e Familiar Clínica Europa Carcavelos

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Investigação
Uma equipa de cientistas descobriu uma enzima que consegue destruir garrafas de plástico. Uma descoberta que pode ajudar a...

É considerada uma descoberta revolucionária. Tudo começou em 2016, quando um grupo de cientistas japoneses identificou a primeira bactéria capaz de comer plástico. Uma equipa de investigadores internacionais estava a estudar esta bactéria e acabou por ir mais longe.

Na manipulação molecular para perceber a estrutura, acidentalmente desenvolveu uma enzima que consegue destruir o Polietileno Tereftalato, mais conhecido como PET, a matéria base das garrafas de plástico, escreve a TSF.

A investigação, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, é liderada pela Universidade de Portsmouth, no Reino Unido. O investigador principal, John McGeehan, explicou à BBC que o poliéster existe na Natureza. Serve para proteger as folhas das plantas. Mas esta capacidade de destruir o plástico e revertê-lo para os componentes originais é surpreendente para os cientistas.

Esta enzima mutante agora descoberta leva alguns dias a começar a desfazer garrafa, mas os investigadores estão otimistas e acreditam que este tempo pode ser reduzido e tornar-se um processo viável para uso industrial.

Atualmente, só uma pequena percentagem das garrafas de plástico é reciclada e o processo é limitado: as garrafas são reduzidas a fibras opacas que servem apenas para roupa ou tapetes. Com esta descoberta a reciclagem é total, o que permite reduzir a quantidade e a produção de plástico no planeta.

Desde 1950, já foram produzidas 8,3 mil milhões de toneladas de plástico no mundo. As previsões apontam para 12 mil milhões de toneladas de plástico não recicladas daqui a 30 anos.

OMS
A Organização Mundial de Saúde pediu hoje uma “ação urgente” para que em 2030 se consiga acabar com a desnutrição e instaurar...

“Os dados atuais não indicam apenas que é improvável que se consigam cumprir os objetivos globais de nutrição em 2025, mas também que se acabe com todas as formas de desnutrição até 2030”, disse a diretora da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África, Matshidiso Moeti, num comunicado divulgado em Nairobi.

Em 2016, cerca de 59 milhões de crianças em África registavam atrasos no crescimento e à volta de 14 milhões apresentavam um peso baixo em relação à altura, o que é um forte indicador de mortalidades nos menores de cinco anos.

Por outro lado, o número de crianças obesas em 2014 era de 10 milhões, quase o dobro das existentes em 2000.

As principais causas da desnutrição em África são a pobreza, a fome e as doenças, fatores ligados à falta de educação, a instabilidade nas possibilidades de obter rendimento e a falta de acesso a serviços básicos, como a saúde, mas também a uma alimentação saudável e nutritiva.

“O peso de uma alimentação insuficiente continua a persistir na região africana e hoje o seu impacto é sentido juntamente com o excesso de peso, a obesidade e as doenças relacionadas com o regime alimentar em muitos agregados familiares pobres”, explicou Felicitas Zawaira, diretora do departamento Família e Saúde Reprodutiva da OMS em África.

A deficiência de micronutrientes, que afeta o desenvolvimento das crianças pequenas, a saúde reprodutiva e a capacidade de trabalho, é outro dos fatores relacionados com a nutrição que afetam o continente.

“Melhorar de forma sustentável a nutrição exige ter em conta como produzir, distribuir e assegurar o acesso a dietas saudáveis e nutrientes essenciais, não apenas maiores quantidades de comida”, alertou Zawaira.

Acesso à saúde
Ordens e associações da saúde querem lançar uma agenda para o setor para a próxima década que conte com os contributos da...

A Convenção Nacional da Saúde, que vai decorrer a 7 e 8 de junho em Lisboa, foi hoje apresentada pelo bastonário da Ordem dos Médicos, acompanhado por outros parceiros do setor que participam na iniciativa.

Miguel Guimarães definiu a convenção como um “largo debate nacional” sobre o presente e o futuro da saúde em Portugal, indicando que pretende contar com os contributos dos cidadãos e da sociedade civil.

Após a convenção, pretende-se definir “um pacto para a saúde”, sendo colocado para contributo dos cidadãos um texto que oriente esse entendimento.

O objetivo será depois apresentar um texto final ao Governo, ao Presidente da República e aos decisores políticos.

O bastonário da Ordem dos Médicos recordou que o próprio Presidente da República lançou “há mais de um ano” a ideia de um pacto para a saúde, estando as ordens profissionais e várias associações do setor “a tentar cumprir o repto do Presidente”.

A iniciativa pretende também elaborar uma “agenda da saúde para a próxima década”, tendo como principal objetivo “garantir o acesso de todos os cidadãos às tecnologias de saúde, incluindo as mais inovadoras, e um nível de financiamento do sistema de saúde adequado às necessidades dos portugueses, garantindo simultaneamente a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde”.

Quanto à questão do financiamento, Miguel Guimarães referiu-se ao “subfinanciamento crónico” do setor e lembrou que é necessário um financiamento adequado para a saúde, mas disse não querer “estar a discutir a questão política”.

Questionado se acredita num pacto na área da saúde entre PS e PSD ou entre Governo e oposição, o bastonário manifestou a expectativa de que “não seja muito complexo” que os partidos políticos encontrem um entendimento.

No ‘site’ criado a propósito desta convenção nacional da saúde, a iniciativa é definida como “o maior debate nacional de sempre sobre o presente e o futuro” do setor em Portugal, podendo ter o envolvimento de “todos os parceiros da saúde e de milhares de cidadãos”.

ASAE
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica apreendeu mais de 1.600 rótulos e cerca de 50 quilos de queijo de ovelha por...

No total, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apreendeu 1.612 rótulos, cerca de 50 quilos de queijo, no valor de 1.200 euros.

A apreensão deveu-se à utilização do nome “serra da Estrela” em queijos cuja produção não reunia os requisitos necessários para essa certificação, quanto à origem da matéria-prima utilizada.

A investigação da ASAE detetou que um estabelecimento de produtos tradicionais no Porto comprou os queijos de ovelha de uma fábrica da zona centro e substituiu os rótulos de origem por outros, fazendo constar que a sua origem seria “serra da Estrela”.

No estabelecimento foram apreendidos 500 rótulos de queijo da serra que seriam colocados nas próximas unidades.

Foi ainda detetado, segundo o comunicado, que a unidade de fabrico produzia queijos para um grupo de restaurantes em Lisboa, cujos rótulos ostentavam a denominação protegida.

Estudo
O composto já está patenteado e é considerada a nova esperança de tratamento e, sobretudo, de cura para a diabetes tipo 1 que,...

Segundo o El País, foram precisos vários anos para desenvolver a molécula ou recetor molecular capaz de regenerar as células produtoras de insulina está a ser desenvolvida por uma equipa de investigadores espanhóis, com resultados comprovados em ratinhos e em culturas de células humanas. Daqui pode sair o primeiro medicamento capaz de reverter os sintomas e as causas da doença, escreve a SIC Notícias.

A diabetes tipo 1 é uma condição autoimune que destrói as células do pâncreas responsáveis pela produção, armazenamento e secreção da insulina. A insuficiência de insulina no organismo é o que obriga às injeções permanentes de insulina nos diabéticos.

Curar a diabetes exige, por isso, duas coisas: travar a destruição das células que causa da doença e produzir substituir as células que deixam de funcionar no pâncreas.

O novo composto químico conhecido por BL001 já está patenteado, enquanto continua a ser desenvolvido pela equipa multidisciplinar no Centro Andaluz de Biologia Molecular e Medicina Regenerativa (Cabimer), de Sevilha.

Os testes laboratoriais são encorajadores tanto com ratinhos como com células humanas de culturas do tecido do pâncreas, doadas por famílias de pessoas falecidas e os resultados já foram publicados pela Nature Communications.

Mas daqui até ter uma nova droga que cure a doença serão precisos vários e anos e milhões de euros.

A investigação recebeu financiamento público espanhola e apoios da associações de pais Juvenile Diabetes Research Foundation, de Nova York (EUA), e da DiabetesCERO, da Espanha.

Desenvolver um medicamento do laboratório até o paciente custa cerca de 20 milhões de euros. Nós já gastamos três milhões. Se você me der 17 milhões amanhã, daqui a alguns anos, se tudo der certo, já estaria no mercado” afirma Benoit Gauthier, o principal pesquisador do Cabimer ao diário espanhol El Pais.

Para além de tudo o que implica desenvolver uma nova droga, é preciso ainda definir a forma e as eficácias. A equipa está, neste momento, a tentar perceber os limites de toxicidade e de eficácia, para definir a composição e a forma da nova droga: se seria em comprimido ou numa injeção, à semelhança do que já acontece com as injeções de insulina. Os cientistas apontam para o objetivo mais ambicioso: encontrar a cura para a diabetes tipo 1 e não apenas mais um tratamento para uma doença crónica.

“As empresas farmacêuticas prefeririam uma pílula que os pacientes tivessem de tomar pelo resto da vida, mas o meu desejo é que se possa reeducar o sistema imunológico”, conclui Gauthier.

O diabetes tipo 1 ocorre em cerca de 5 a 10% dos pacientes com diabetes. Os portadores de diabetes tipo 1 necessitam injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em valores normais e há risco de vida se as doses de insulina não são dadas diariamente. O diabetes tipo 1, embora ocorra em qualquer idade, é mais comum ser diagnosticado em crianças, adolescentes ou adultos jovens.

Estudo
Cientistas do Centro Champalimaud descobrem que num emaranhado de ligações neurais existe um organizado mapa que diz ao cérebro...

Que o cérebro não é simples, não é novidade para ninguém. Mas que existem diferentes tipos de ligações neurais, umas que parecem ir “para a frente” e outras “para trás” é algo que ainda veio complicar mais o seu estudo.

Durante décadas, a existência de ligações densas no cérebro que parecem ir “para trás” tem desconcertado os neurocientistas. Estas ligações, que ligam áreas distantes do neocórtex – a parte do cérebro que é responsável pelas funções cognitivas superiores – servem claramente para transmitir importantes informações. Mas a sua organização – e daí o seu papel – era em grande parte desconhecida, escreve o Sapo.

Agora, o mistério de longa data da organização das ligações neurais “para trás” no sistema visual acaba de ser resolvido. Cientistas em Lisboa, Portugal, descobriram que estas ligações dizem ao cérebro para onde não olhar.

Num estudo publicado ontem na revista Nature Neuroscience, cientistas do Centro Champalimaud, em Lisboa, revelam pela primeira vez que estas ligações formam um mapa notavelmente organizado do espaço visual e fornecem pistas importantes sobre a forma como elas poderão estar envolvidas na perceção visual.

Existência de ligações neurais "retrógradas" entre áreas distantes do neocortex - a parte do cérebro responsável pelas funções cognitivas superiores - tem desconcertado os especialistas durante décadas créditos: Marques et al.

“A nossa compreensão atual do sistema visual sugere um modelo hierárquico”, explica Leopoldo Petreanu, o líder do estudo. “Segundo este modelo, estruturas inferiores recebem uma imagem vinda dos olhos que é processada e transmitida para estruturas superiores do neocórtex, que extraem as suas características-chave, tais como contornos, objetos e por aí fora.”

“Este poderia ser um excelente modelo”, acrescenta Petreanu, não fosse um problema óbvio: existem tantas, se não mais, ligações que vão para trás, isto é, das áreas superiores para as inferiores. Há décadas que a função destas ligações de feedback permanece um mistério para os neurocientistas.

As tentativas anteriores para elucidar a natureza destas ligações têm gerado ainda mais confusão. “As ligações de feedback são muito confusas”, diz Petreanu. “Ao microscópio, parecem uma extensa rede de fios, emaranhados como esparguete num prato. E como se isso não bastasse, os fios emaranhados codificam vários tipos de sinais. Não era nada claro que houvesse qualquer ordem nessa confusão.”

Muitas teorias sobre o papel destas ligações de feedback na cognição têm sido propostas, incluindo atenção, expectativas e até consciência. Porém, era impossível saber qual delas estava certa, uma vez que não se sabia qual era o mapa destas ligações.

Para resolver o mistério, Petreanu, juntamente com Tiago Marques e Julia Nguyen, ambos primeiros autores do estudo, utilizaram um método único, desenvolvido há uns anos por Petreanu. Graças a este método, os cientistas conseguiram medir a atividade nos pontos de contacto entre neurónios das estruturas superiores e inferiores.

 “Este método permitiu-nos perceber de forma totalmente inédita a organização das ligações de feedback e deu-nos pistas sobre a forma como essa organização poderá contribuir para a perceção visual”, diz Marques. “Encontrámos uma belíssima organização escondida no emaranhado de fios, em que as ligações de feedback se projetam para neurónios específicos em função dos sinais que transportam.”

Mas qual é exatamente esta organização? E qual poderá ser o seu papel na perceção visual? Petreanu e Marques descobriram algumas pistas que sugerem respostas para este mistério de longa data.

Ligações de feedback fornecem uma visão global
A primeira pista surgiu quando os investigadores se perguntaram se as ligações tinham um padrão específico. Suspeitavam que tinham.

“Em muitas estruturas distintas do sistema visual, começando pelo próprio olho, os neurónios vizinhos codificam áreas vizinhas do espaço visual. Assim, estas estruturas individuais contêm um mapa quase ‘ponto por ponto’ da imagem”, explica Marques.

Este mapa existe no córtex visual primário (também chamado V1), que é o ponto de entrada da informação visual no neocórtex. E foi com a pergunta: será que as ligações de feedback coincidem com o mapa visual codificado no V1? que os cientistas começaram esta aventura.

“A resposta foi que sim e não…”, diz Marques. “A maioria dos sinais vindos das ligações de feedback formam o mesmo mapa espacial que as áreas de V1 às quais estão ligadas. Por outras palavras o mapa de V1 e o mapa de feedback sobrepõem-se. Esta observação, que já havia sido reportada noutras espécies, tais como os primatas, não foi uma surpresa.”

“No ratinho, porém, observámos algo de novo”, salienta Marques. “As ligações de feedback também codificavam informações vindas de outros locais do espaço visual. Dado que a técnica que utilizámos é inédita e apenas foi aplicada aqui, é provável que esta propriedade também se encontre noutras espécies.”

Este resultado sugere que os sinais de feedback enviados pelas áreas corticais superiores são utilizados para fornecer contexto às estruturas inferiores. “Segundo a estrutura hierárquica do sistema visual, as estruturas inferiores só teriam acesso a informações locais, de baixo nível”, explica Marques. “O que as ligações de feedback lhes fornecem é a ‘visão global’. Desta forma, a atividade dos neurónios das estruturas inferiores pode ser alterada em função do contexto.”

“Este tipo de contextualização é muito importante para a perceção visual. Por exemplo, um círculo verde visto à distância será facilmente identificado como uma bola de ténis num corte de ténis ou uma maçã numa fruteira”, acrescenta.

Dizer ao cérebro para onde não olhar
A primeira descoberta levou os cientistas a olhar ainda mais de perto para outros tipos de informação que as ligações de feedback poderiam enviar ao V1. Desta vez, quiseram saber se estas ligações estariam a ajudar os neurónios do V1 a localizar objetos.

 “O mundo é feito de objetos”, explica Petreanu. “O telefone na nossa mão, os carros na estrada, são todos objetos definidos por linhas contínuas. Portanto, não é surpreendente que os neurónios do sistema visual atribuam uma grande importância a essas linhas.”

Como poderiam as ligações de feedback ajudar a acentuar as linhas de contorno dos objetos? Duas possibilidades: amplificando a atividade dos neurónios do V1 onde as linhas estão localizadas – ou silenciando a atividade dos neurónios onde as linhas não são supostas estar.

“Descobrimos que a segunda opção é a mais provável”, diz Petreanu. “As ligações de feedback eram abundantes em áreas do V1 situadas fora das linhas. A nossa hipótese é portanto que esta organização serve para silenciar os neurónios nas áreas fora das linhas de contorno dos objetos, acentuando assim o contraste entre os objetos e o que os rodeia.”

A seguir, os cientistas perguntaram se as ligações de feedback estariam a participar na detecção de movimentos. E ficaram surpreendidos ao constatar que não só o fazem, como usam a mesma estratégia para o fazer. “Desta vez, a computação visual era diferente, mas as ligações de feedback desempenhavam o mesmo papel”, diz Marques. “O que observámos foi que as ligações de feedback que respondem aos objetos em movimento eram mais abundantes em regiões do V1 situadas no sentido oposto ao do movimento.”

No seu conjunto, estes resultados sugerem que estas ligações de feedback atuam como uma espécie de clarividência. Mas como é que os neurónios se organizam desta forma?

“Pensamos que as ligações de feedback aprendem, com base na experiência, o que esperar do mundo exterior e a seguir utilizam esse conhecimento para moldar a informação visual”, diz Petreanu. “No mundo exterior, os objetos são definidos por linhas contínuas e não por pontos isolados, e os objetos em movimento têm tendência a manter a sua trajetória e não a movimentar-se ao acaso. Portanto, as ligações de feedback tentam em particular acentuar as características que aprenderam a antecipar. E surpreendentemente, fazem-no apontando para os sítios opostos aos sítios antecipados.”

Da visão biológica à visão artificial
Os resultados de Petreanu e Marques acrescentam um peça importante ao puzzle da organização do neocórtex e sugerem como a perceção visual poderá ser gerada no cérebro. Segundo Petreanu, estas descobertas não só contribuem para a nossa compreensão da biologia, mas também poderão ter implicações na área da visão artificial (machine vision).

“A relação entre a visão artificial e a neurociência foi sempre próxima”, diz Petreanu. “O conhecimento da organização dos circuitos cerebrais, e em especial do neocórtex, tem inspirado algoritmos cada vez melhores em tornar as máquinas capazes de ‘ver’”.

Mas segundo Petreanu, embora os algoritmos atuais de visão artificial sejam bastante bons, ainda não conseguem igualar o desempenho humano. “Os algoritmos modernos de visão artificial não costumam incluir ligações de feedback. Os nossos resultados poderão inspirar novos algoritmos, capazes de tirar partido destas ligações, o que poderá fazer com que o futuro chegue um pouco mais depressa”, conclui.

Estudo
A aprendizagem e o desempenho podem ser melhorados pela atividade locomotora. Um novo estudo, publicado na revista Nature...

“O nosso principal resultado é que podemos melhorar a capacidade de aprendizagem dos ratinhos fazendo-os correr mais depressa”, resume Catarina Albergaria, primeira autora do estudo.

A descoberta foi fruto do acaso: estes neurocientistas estavam a estudar algo de totalmente diferente. “O nosso objetivo inicial era relacionar a plasticidade celular no cérebro com a aprendizagem”, explica Albergaria. O que queriam era perceber como os circuitos neurais do cerebelo, uma parte do cérebro, são alterados pela aprendizagem de uma tarefa motora, escreve o Sapo.

“O cerebelo é importante para a aprendizagem de movimentos com precisão”, diz Megan Carey, que liderou o estudo. “Quando o ambiente muda, o cerebelo calibra os movimentos de maneira a coordená-los de uma forma muito precisa.”

Para perceber as alterações celulares no cerebelo que acompanham a aprendizagem, a equipa estava a estudar uma tarefa clássica de aprendizagem por condicionamento, semelhante ao comportamento condicionado do cão de Pavlov, que salivava quando ouvia determinado som porque tinha aprendido a associar esse som com comida.

No presente caso, enquanto corriam numa passadeira os ratinhos tinham de aprender a fechar as pálpebras em resposta a um flash de luz emitido imediatamente antes de receberem um sopro de ar nos olhos. Este tipo de aprendizagem decorre no cerebelo.

Várias experiências falhadas
As experiências que os cientistas estavam a realizar não estavam a funcionar. Não conseguiam ver quaisquer efeitos da tarefa de aprendizagem, devido à grande variabilidade dos resultados que obtinham com diferentes ratinhos – e até quando repetiam a experiência com o mesmo animal. O que estaria a gerar este “ruído” que contaminava as experiências e que não se conseguia eliminar? “As experiências continuaram a falhar durante muito tempo”, recorda Albergaria.

A dada altura, os cientistas perceberam o que se passava: os ratinhos mutantes que utilizavam nas experiências não conseguiam correr muito bem. De facto, quando tiveram em conta a velocidade de locomoção dos animais, o “ruído” desapareceu. E quando fizeram todos os animais correr mais depressa e à mesma velocidade, as suas curvas de aprendizagem tornaram-se semelhantes e o seu desempenho melhorou. “Este resultado surpreendeu-nos bastante”, diz Carey.

Isto confirmou que existia um elo causal entre a velocidade de corrida e a melhoria da aprendizagem – e não apenas uma correlação. “A descoberta de que basta alterar a velocidade imposta aos ratinhos para modular a aprendizagem (...) é uma demonstração causal de que o aumento da atividade locomotora melhora a aprendizagem”, escrevem os autores no seu artigo.

A equipa também mostrou que, uma vez a tarefa aprendida pelos ratinhos, o nível de desempenho subsequente dos animais nessa tarefa continuava a depender da velocidade de locomoção. “O desempenho dos ratinhos piorava quando diminuíamos a velocidade da passadeira, e isto acontecia no espaço de poucos segundos”, diz Albergaria.

E foi assim que aquilo que tinham estado a tentar eliminar – a aparente variabilidade aleatória da capacidade de aprendizagem e do desempenho – “passou a ser o foco do nosso trabalho”, diz Albergaria. “Agora, o que queríamos era perceber qual o mecanismo cerebral por detrás deste elo entre correr e aprender.”

A pergunta seguinte foi: onde é que este fenómeno estava a acontecer no cérebro? Primeiro, os cientistas quiseram ter a certeza de que o efeito não era específico do sistema visual. Ou será que os ratinhos viam melhor quando corriam, e por isso aprendiam mais facilmente?

Desta vez, treinaram os ratinhos a fecharem os olhos em resposta a outros tipos de estímulos antes de receberem o sopro de ar (tal como ouvir um som ou sentir uma vibração nos bigodes). E de facto, observaram o mesmo efeito da velocidade de corrida sobre a aprendizagem em cada uma das várias modalidades sensoriais, tal como tinha acontecido com o estímulo visual.

Este resultado significava que o processo por detrás da melhoria da capacidade de aprendizagem decorre independentemente do sistema sensorial – isto é, depois de os sinais sensoriais terem sido processados pelas áreas visuais, auditivas ou tácteis do córtex cerebral. A seguir, os cientistas estudaram o que se passava no cerebelo.

Utilizando a técnica de optogenética, que permite estimular diretamente neurónios específicos com um laser, estimularam os neurónios que projetam para o cerebelo através de axónios chamados mossy fibers (em português, fibras musgosas).

“Substituímos a atividade motora pela estimulação direta do cerebelo e descobrimos que quando conseguíamos aumentar a atividade das mossy fibers, melhorávamos a aprendizagem”, explica Albergaria. “Conseguimos identificar o local no cerebelo onde decorre esta modulação”, enfatiza Carey.

E nos humanos? “O cerebelo é uma estrutura bem conservada nas diversas espécies e existem circuitos que são comuns às várias espécies”, responde Albergaria, especulando que os resultados “bem poderiam aplicar-se a outras formas de aprendizagem cerebelar nos humanos”. Uma implicação deste trabalho é que “o que causa este efeito não precisa de ser a locomoção; tudo o que provoca um aumento de atividade nas mossy fibers poderá igualmente modular a aprendizagem”, diz Albergaria. No entanto, adverte, “não sabemos se os resultados são ou não válidos para tipos de aprendizagem que não acontecem no cerebelo”.

Se for o caso, isto poderá ter implicações gerais em termos de aprendizagem nos humanos. Já se perguntou por que precisa por vezes de deambular quando tem um problema difícil por resolver? Será porque pensamos melhor quando andamos, porque organizamos melhor as nossas ideias quando nos movemos?

“Há uma tendência a pensar que, para as pessoas melhorarem a sua capacidade de aprendizagem, têm de recorrer a medicamentos”, diz Carey. “Mas aqui, a única coisa que tivemos de fazer para obter uma melhoria foi controlar a velocidade de locomoção dos ratinhos. Seria interessante ver se isto se aplica aos humanos nas formas cerebelares de aprendizagem – e até noutros tipos de aprendizagem.”

Estudo
Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde descobriram que substâncias presentes nos frutos...

“O consumo regular de frutos vermelhos ou vinho tinto pode ter um papel importante na regulação da microbiota intestinal, na diminuição da inflamação, na prevenção da depressão e no combate à demência e outras doenças neurodegenerativas, pela presença de uma classe particular de compostos nestes alimentos (antocianinas)”, concluiu o estudo, hoje divulgado.

Segundo os investigadores, “a hipótese deste tipo de substâncias, denominadas pré-bióticos e psicobióticos, induzirem o crescimento de bactérias benéficas no intestino, interferindo com a inflamação no cérebro, abre caminho a uma nova estratégia terapêutica para a prevenção e tratamento de doenças neuropsiquiátricas tão prevalentes na população, como a ansiedade e a depressão”.

Liderada por Conceição Calhau, investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis) e professora na Nova Medical School, a equipa realizou uma série de estudos para avaliar a relação entre o tipo de alimentação, a composição da microbiota intestinal, isto é, do conjunto de micróbios que habitam o intestino, e o próprio cérebro.

Numa primeira fase, os cientistas mostraram, em animais, que uma dieta rica em gordura saturada altera negativamente a composição da microbiota intestinal (com uma diminuição de bactérias benéficas e um aumento de substâncias inflamatórias) e induz inflamação no cérebro.

Cláudia Marques, uma das investigadoras do Cintesis envolvidas neste trabalho, explicou que “os efeitos de uma dieta rica em gordura saturada vão para além da obesidade e da resistência à insulina, precursora da diabetes. Uma alimentação desequilibrada vai alterar a microbiota intestinal e induzir um estado de inflamação generalizada. Esta inflamação, quando é crónica, pode resultar em alterações a nível cerebral, contribuindo para o desenvolvimento da disfunção neurológica e de uma série de doenças, como a depressão”.

Numa segunda fase, a equipa testou a eficácia do consumo crónico de antocianinas, (presentes em frutos de cor vermelha) na prevenção do desequilíbrio da microbiota intestinal e da inflamação a nível cerebral.

No modelo animal foi demonstrado que a ingestão continuada de extrato de amora, rica nessas substâncias, é capaz de melhorar a microbiota intestinal e reduzir a inflamação no cérebro que está subjacente às complicações neurológicas associadas à obesidade.

Em humanos, um ensaio clínico comparou também o impacto de um ‘puré’ de amora quando ingerido na presença ou ausência de álcool.

“Os resultados sugerem que o consumo do ‘puré’ de amora com álcool aumenta os níveis de antocianinas no sangue. Contudo, são necessários mais estudos para perceber se os indivíduos com excesso de peso ou obesidade podem efetivamente beneficiar do consumo de alimentos contendo simultaneamente antocianinas e álcool, como é o caso do vinho tinto”, sublinha Cláudia Marques.

O Cintesis é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.

Sediado na Universidade do Porto, o Cintesis beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como da Escola Superior de Enfermagem do Porto. No total, o centro agrega cerca de 500 investigadores e conta com sete ‘spin-offs’.

Ordem dos Nutricionistas
A bastonária da Ordem dos Nutricionistas inicia hoje em Lisboa uma série de reuniões que a vai levar a vários pontos do país em...

Alexandra Bento disse que este conjunto de reuniões vai decorrer até novembro, para “conhecer a realidade profissional dos nutricionistas”, tendo escolhido como tema os “nutricionistas no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, referindo desde já que são escassos.

Alexandra Bento fará visitas a vários centros hospitalares e ao agrupamento de centros de Saúde da Arrábida, em Setúbal, justificando que não poderia visitar "grandes centros de Saúde, porque não têm nutricionistas”, o que lamenta.

As visitas terão início na zona de Lisboa e Vale do Tejo e continuarão nas regiões norte e centro, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira, num total de 40 instituições.

Para a bastonária, é oportuno iniciar as visitas em Lisboa, uma vez que existem “menos nutricionistas numa zona geográfica densamente povoada”, o que se torna “difícil de compreender”, destacando que, nos cuidados de saúde primários, existem apenas sete profissionais para mais de três milhões de utentes.

A Alexandra Bento acrescentou que o Governo tem repetido “incessantemente” que há hoje mais 8.480 profissionais no SNS do que em 2015, mas nenhum é nutricionista.

As 40 vagas que estão previstas no Orçamento do Estado, são aguardadas “com expectativa”, sendo que no ano passado “esteve previsto abrir concurso para 55 nutricionistas e não abriu por ter sido chumbado pelo Ministério das Finanças”.

Alexandra Bento considera que o número de nutricionistas no SNS é “manifestamente insuficiente”, contando apenas com 416, ficando muito “aquém do necessário”.

A bastonária admite que, no decorrer das visitas, vai encontrar algum descontentamento, que procurará solucionar após o levantamento.

O levantamento da realidade profissional dos nutricionistas que pretende dar a conhecer, de forma aprofundada, o seu contexto real de trabalho, inicia-se com uma reunião com o presidente da Administração regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco.

Estudo
As overdoses de drogas fatais estão a aumentar as doações de órgãos e as investigações revelam que os transplantes correm tão...

O estudo revelado ontem, pela Annals of Internal Medicine, explica que as doações relacionadas com overdoses não são uma solução para a escassez de órgãos nos Estados Unidos, uma vez que existem mais de 115 mil pessoas na lista de espera, salientando que poucas mortes por overdose ocorrem em circunstâncias que permitem a doação de órgãos.

Ainda assim, o estudo concluiu que os órgãos provenientes de mortes por overdose funcionam bem o suficiente para que, quando estejam disponíveis, serem considerados para os candidatos a transplantes.

Estudo
Um projeto internacional, liderado por uma investigadora do Porto, concluiu que a presença da bactéria ‘Wolbachia' nos...

De acordo com um comunicado do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), do Porto, embora o mosquito ‘Aedes aegypti' não seja um hospedeiro natural desta bactéria (encontrada em diversos organismos, entre os quais insetos), estudos anteriores demonstraram que, em condições controladas, a sua presença reduzia a transmissão do vírus.

As conclusões deste projeto, no entanto, desafiam os resultados anteriores, ao indicarem que os mosquitos infetados pela ‘Wolbachia' têm maior potencial de transmitir a dengue, indica a nota informativa.

Este é o principal resultado de um estudo, liderado pela investigadora do CIBIO-InBIO Gabriela Gomes, que visava verificar a forma como a ‘Wolbachia' afeta o vírus da dengue no mosquito ‘Aedes aegypti' e de que modo esta variação poderia interferir nos modelos preditivos de transmissão da doença.

Segundo o CIBIO-InBIO, os modelos matemáticos de transmissão de doenças baseiam-se, normalmente, em valores médios populacionais da suscetibilidade dos indivíduos ao agente infeccioso.

Neste estudo, publicado ontem na revista científica Nature, a equipa demonstrou que considerar apenas os valores médios compromete a capacidade preditiva de resposta a intervenções.

Além disso, os investigadores afirmam que as previsões variam consoante o ambiente, o que impede o recurso a abordagens simples.

Os resultados desta investigação mostram, assim, que não existe um modelo matemático simples para prever o impacto da bactéria ‘Wolbachia' na capacidade dos mosquitos transmitirem a doença da dengue aos humanos.

Para a investigadora Gabriela Gomes, líder do projeto, sendo o ambiente variável, "é premente" catalogar os agentes infecciosos dos mosquitos sob várias condições ambientais.

Além da dengue, o mosquito do género ‘Aedes', originário das regiões tropicais e subtropicais, é responsável pela transmissão de diferentes patologias ao ser humano.

A dengue é uma doença infecciosa cujos sintomas incluem febre, dores e erupções cutâneas. Em alguns casos, pode evoluir para um quadro de febre hemorrágica, com risco de morte.

"Mais do que medir os efeitos da ‘Wolbachia' na transmissão de uma doença humana", este artigo "pode ser visto como uma mudança de paradigma em biologia quantitativa", acrescentou a investigadora.

Para o desenvolvimento deste projeto, a equipa recorreu a modelos matemáticos e a dados de estudos anteriores, realizados em regiões onde existe uma maior incidência de dengue.

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