Centeno
O ministro das Finanças disse hoje que se as estimativas indicam cinco mil médicos em falta no Serviço Nacional de Saúde isso...

Numa audição parlamentar conjunta nas comissões de Saúde e Finanças, Mário Centeno insistiu diversas vezes que o Serviço Nacional de Saúde tem hoje mais 8.480 trabalhadores do que em 2015.

“Podemos admitir que as necessidades não estão satisfeitas. E se há a estimativa de faltarem 5.000 médicos hoje, significa que em 2015 faltavam 8.000. Entre faltarem 8.000 ou 5.000 há uma recuperação de 3.000”, declarou em resposta aos deputados que o questionaram sobre a falta de recursos humanos no SNS.

A Ordem dos Médicos tem estimado em diversas ocasiões que faltem no SNS entre quatro a cinco mil médicos especialistas.

Mário Centeno assegurou que o Governo tem canalizado “objetivamente mais recursos para o SNS”, aludindo a um “aumento de 13% da despesa efetiva”.

Também em termos de produção, de número de consultas ou cirurgias, o ministro das Finanças disse que o país está “hoje incomparavelmente melhor”.

Mário Centeno assume que “o financiamento da saúde é um desafio” que “requer uma resposta diária” e comprometeu-se a “introduzir um conjunto adicional significativo de níveis de autonomia na gestão hospitalar”.

Lembrando que os “serviços públicos com dívidas em atraso têm dificuldade adicional em executar despesa”, Centeno prometeu que o Governo vai libertar transitória e “temporariamente o SNS dessa restrição”, mas adiantou que “é algo que tem de ser feito com imensa responsabilidade”.

Em resposta às várias perguntas da oposição sobre quantos dossiers da saúde tem para despachar no seu gabinete, o ministro das Finanças disse que o número de processos na sua secretária “é infinitamente menor do que o que estava” quando o PS assumiu o Governo.

Sobre os bloqueios por parte das Finanças alegados por vários partidos da oposição, Mário Centeno adiantou que dos 106 milhões de euros de investimento na saúde, mais de 80 milhões não tiveram qualquer intervenção do seu Ministério.

A audição ao ministro das Finanças, que durou cerca de cinco horas, foi pedida pelo PSD e pelo CDS.

 

Especialista
A especialista em medicina interna Elisa Serradeiro defende uma maior sensibilização junto dos médicos de família com vista ao...

A cidade de Vila Real acolhe entre quinta-feira e sábado a 24.ª reunião do Núcleo de Estudos das Doenças Autoimunes (NEDI), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

Em Portugal não há dados concretos sobre a prevalência destas doenças, mas estima-se que “sejam elevados”, afetando três vezes mais mulheres do que homens em Portugal. São, inclusive, uma das principais causas de morte em mulheres com menos de 65 anos.

“São doenças que surgem em idades jovens, doenças que podem ser muito agressivas e afetar órgãos nobres, com elevada morbilidade e aumento da mortalidade. Estima-se, por exemplo, que a artrite reumatoide diminua em 10 anos a sobrevida média”, afirmou Elisa Serradeiro, médica internista e presidente da reunião.

A especialista disse hoje à agência Lusa que é um “desafio diagnosticar” as doenças autoimunes e salientou que o “ideal é diagnosticar o mais precocemente possível”.

“É necessário fazer mais intervenções junto dos médicos de família, nos centros de saúde, promover sessões de formação, de forma a alertar para sintomas e sinais sugestivos de doença autoimune, como aliás temos feito, com eficácia, na nossa área de influência”, salientou.

A Unidade de Doenças Autoimunes do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) realiza regularmente sessões nos centros de saúde da região porque é, precisamente, ao médico de família que o doente recorre em primeiro lugar.

“Pretendemos, por isso, alertar para os sinais e sintomas da doença para que os doentes sejam referenciados para as consultas especializadas”, referiu.

A reunião do NEDI em Vila Real inclui a realização de um curso para médicos de família, com 30 vagas já preenchidas, e onde se vai alertar para os sinais e sintomas que indiciam uma doença autoimune, informar sobre a medicação e os seus efeitos, falar sobre a dor crónica e elencar as doenças mais comuns.

Entre as diversas doenças autoimunes sistémicas estão as miopatias inflamatórias, vasculites, esclerose sistémica, síndrome de Sjögren e a artrite reumatóide.

Esta sensibilização, para a especialista, “ajuda a que os sintomas, muitas vezes vagos, das mulheres mais jovens, sejam levados a sério”.

“Sendo doenças multissistémicas, podem ter sintomas de diferentes órgãos/sistemas. Podem confundir e simular outras doenças, podem ser inespecíficos e passar despercebidos, daí a importância da medicina interna para juntar tudo, juntar o puzzle e chegar ao diagnóstico final”, referiu.

E continuou: “por vezes temos sintomas respiratórios, cardíacos, gastrointestinais, articulares, cutâneos, neurológicos, simultaneamente, como manifestações da mesma doença, pelo que, embora a abordagem multidisciplinar seja muito importante, é fundamental o papel do médico internista na gestão do doente”.

Ao nível dos tratamentos, a médica disse que “são cada vez mais as respostas disponíveis”

“Todos os anos saem novos fármacos, todos os anos saem novas classificações, novas escalas, novos princípios fisiopatológicos. Na década de 50 a mortalidade associada ao lúpus eritematoso sistémico era de cerca de 50% aos cinco anos e atualmente é inferior a 10% aos cinco anos”, exemplificou.

No encontro vão ainda marcar presença enfermeiros e doentes, os quais, na opinião de Elisa Serradeiro, cada vez mais devem ser envolvidos nas decisões terapêuticas.

Figueira da Foz
Uma aplicação móvel e ‘web’ destinada ao acompanhamento de crianças com doenças crónicas vai ser desenvolvida durante os...

"Queremos fazer chegar aos jovens com doenças como asma, diabetes e obesidade uma ferramenta útil e poderosa que permita a monitorização do seu estado de saúde, evitando ao máximo a perturbação da vida diária com deslocações ao médico e internamentos", explica Clara Rodrigues, gestora de projetos na consultora Future Balloons.

Com início oficial no dia 01 de abril, o projeto Tichron decorre de uma candidatura conjunta ao programa Interreg Sudoe, sob a iniciativa do Instituto de Investigação Sanitária IDIVAL, em Santander, Espanha.

O projeto, que numa primeira fase abrange 75 crianças, é suportado financeiramente por fundos comunitários num valor superior a 700 mil euros. Em Portugal, o projeto-piloto vai debruçar-se sobre asma e doenças respiratórias, na França a prioridade será a obesidade infantil e na Espanha os diabetes.

“A médio prazo, estamos a falar no envolvimento de duas mil pessoas, entre os jovens e respetivas famílias", garante Clara Rodrigues, em declarações à agência Lusa, adiantando que "a intenção é criar uma atmosfera positiva junto das crianças e famílias no seu ambiente escolar e quotidiano, bem como facilitar o uso das novas tecnologias no acompanhamento da sua própria saúde".

As ferramentas digitais irão para além da simples monitorização, sendo provável a criação de aparelhos e acessórios que permitam manter uma atualização constante da evolução da doença.

Em Portugal, o Hospital Pediátrico de Coimbra participa como conselho consultivo, "associando-se no sentido de estabelecer uma relação mais forte com os utilizadores dada a sua vasta experiência com pacientes crónicos infantis", explica a consultora.

Fundada em 2010, a Future Balloons é uma empresa de consultoria e investigação na área da tecnologia, com sede na Figueira da Foz e ligações à região Centro. Presta serviços nas áreas de formação e apoio de projetos, desenvolvimento de software e design para a educação e inovação social.

Oncologia
A incidência de cancro em Portugal tem aumentado “três a quatro por cento ao ano” e, em 2017, foram registados cerca de &quot...

“Em 2017, tivemos praticamente 50 mil novos casos de cancro no país. A incidência da doença tem vindo a aumentar três a quatro por cento ao ano”, mas a mortalidade “tem estado relativamente estacionária ou com um aumento muito ligeiro”, assinalou hoje o diretor do serviço de Oncologia do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.

O médico, que faz parte da organização dos Encontros da Primavera em Oncologia, que vão decorrer em Évora, entre quinta-feira e sábado, disse que estes números mostram que, apesar de existirem “cada vez mais novos casos de cancro”, os serviços estão “a tratar cada vez melhor” os doentes.

“Felizmente, é por tratarmos bem os doentes que estes se vão acumulando”, mas o que acontece também é que “os serviços clínicos por esse país fora estão no limite”, disse.

“Praticamente todos os serviços de oncologia ou que tratam o doente oncológico” registam “um aumento do número de doentes, porque recebem cada vez mais casos novos e conservam cada vez mais os doentes que têm”, graças ao “sucesso nos tratamentos”, assinalou.

Perante esta realidade e considerando que, para 2030, se estima que Portugal possa chegar aos “60 mil novos casos de cancro, com a mesma mortalidade”, Miguel Barbosa defendeu que é preciso “acautelar que os serviços clínicos estejam capazes de responder a esta necessidade”.

“Os diagnósticos de cancro irão aumentar”, devido ao envelhecimento populacional, pelo que “as necessidades assistenciais”, ao nível “de profissionais, mas também de condições dos serviços, serão maiores”, afirmou.

Mas, realçou o oncologista, Portugal tem tido um investimento “muito limitado” na Saúde, devido “às condições financeiras” dos últimos anos, e é necessário um aumento.

“Não tem sido o suficiente. Claramente, precisamos de mais investimento, em termos de profissionais de Saúde dedicados a esta área, mas também em termos de espaços físicos para atendermos os doentes com toda a consideração que merecem”, reclamou.

A atualidade do cancro em Portugal e os últimos avanços no diagnóstico e tratamento da doença vão ser discutidos em Évora, numa unidade hoteleira da cidade, nos Encontros da Primavera, que são o maior evento nacional na área da oncologia.

Médicos, farmacêuticos, enfermeiros, nutricionistas e outros profissionais de Saúde da área oncológica participam na iniciativa, subordinada ao tema “Da Evidência à Clínica”.

Atualmente, explicou Miguel Barbosa, os médicos estão “rodeados por sistemas de informação” que visam “facilitar a circulação de informação clínica dos doentes para ajudar num melhor tratamento, mas que também contribuem para o afastamento do profissional de Saúde em relação ao doente”.

“Por vezes, passamos tanto ou mais tempo a olhar para o computador do que, propriamente, a atender às necessidades específicas daquele doente”, alertou o membro da comissão organizadora.

A necessidade de as associações de doentes “serem fortes” e terem uma “voz ativa” no tratamento das pessoas com doença oncológica, para garantir um melhor tratamento e a defesa de terapêuticas inovadoras que “podem fazer a diferença”, vai ser outro dos temas em debate, indicou Miguel Barbosa.

Direção-Geral da Saúde
O número de casos confirmados de sarampo subiu para 106 e há 21 casos ainda em investigação, de acordo com a Direção-Geral da...

Segundo o último boletim epidemiológico, hoje divulgada, dos 106 casos confirmados, 85 (80%) são profissionais de saúde e mais de metade (58%) são do sexo feminino.

Do total de casos confirmados, 15 (14%) ocorreram em pessoas não vacinadas e 10 (9%) em pessoas com esquema vacinal incompleto.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) indica ainda que foram registados 246 casos negativos e há 21 ainda em investigação.

O vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infecciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra.

Os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes até quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea.

Segundo a DGS, “os sintomas de sarampo aparecem geralmente entre 10 a 12 dias depois da pessoa ser infetada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (progride da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal”.

Existe vacina contra o sarampo no Programa Nacional de Vacinação, que deve ser administrada aos 12 meses e 5 anos de idade.

As pessoas com esquema vacinal completo podem contrair a doença, mas de forma leve e não são veículo de transmissão, segundo as autoridades de saúde.

Quem já teve sarampo está imunizado e não voltará a ter a doença.

Serviço Nacional da Saúde
O ministro das Finanças anunciou hoje que 98% de todas as faturas identificadas ao abrigo da regulação de pagamentos em atraso...

Mário Centeno falava numa audição conjunta das comissões parlamentares da Saúde e das Finanças, a requerimento do CDS e do PSD, sobre os “sucessivos bloqueios que degradam a qualidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Segundo o ministro, dos 1.400 milhões de euros anunciados para pagamentos de dívidas dos hospitais, 900 milhões foram já “concretizados” no período anunciado.

Mário Centeno respondia à intervenção da deputada Isabel Galriça Neto (CDS) que, citando os dados da Direção Geral do Orçamento, referiu que os pagamentos em atraso dos hospitais Entidades Públicas Empresariais (EPE) aumentaram 73 milhões de euros em fevereiro de 2018, face a janeiro e aumentaram 352 milhões de euros face a fevereiro de 2017.

“Neste momento, os pagamentos em atraso estão em 1.024 milhões de euros e isto significa que, entre fevereiro de 2017 e fevereiro de 2018, os pagamentos em atraso dos hospitais EPE aumentaram a um ritmo de 29,3 milhões de euros por mês”, disse a deputada, classificando a situação de “inadmissível”.

Isabel Galriça Neto sublinhou que a “austeridade imposta aos serviços de saúde” têm consequências nas condições assistenciais às pessoas, enumerando situações, como a forma em que as crianças estão a receber os tratamentos de quimioterapia na ala pediátrica do Hospital de São João, no Porto.

Mário Centeno disse aos deputados que o orçamento da saúde recebeu mais 670 milhões de euros entre 2016 e 2018, depois de um corte de mil milhões imposto pelo anterior executivo (menos 10% no orçamento).

“Em três anos, mais do que recuperámos a delapidação que a saúde sofreu na última legislatura”, disse o ministro, acusando o anterior Governo de “cortes cegos nos recursos humanos”.

Mário Centeno declarou ainda que, em três anos (de março de 2015 a março de 2018), entraram para o Serviço Nacional da Saúde (SNS) 8.480 trabalhadores (mais 7,6%), tendo sido reposto “o nível de emprego e aumentá-lo, face ao início da legislatura”.

Segundo o governante, nesse período entraram para o SNS 3.926 enfermeiros, 2.795 médicos, 460 técnicos de diagnostico e 778 assistentes operacionais.

Ricardo Batista Leite (PSD) afirmou que, passados três anos de governação socialista, o que se assiste é a um aumento de três milhões de euros por dia de aumento da dívida.

O deputado do PSD indicou ainda que o investimento no SNS decaiu 40% entre 2016 e 2018.

Mário Centeno respondeu a este deputado, comentando que gastou a sua intervenção a falar da indústria farmacêutica, embora tenha terminado com uma citação de Nelson Mandela sobre “os mais fracos”.

No Porto
Investigadores do Porto estão a desenvolver uma solução natural para remover antibióticos das águas residuais, com recurso a...

"As fito-ETARs são sistemas de zonas húmidas construídos para tratar águas residuais ou poluídas", inspirados nos processos que ocorrem nas zonas húmidas naturais - como estuários e zonas lagunares (alagadas periodicamente), que envolvem solo, vegetação e microorganismos, disseram os investigadores Carlos Gomes e Marisa Almeida.

Este processo natural é uma tecnologia verde constituída por plantas macrófitas (adaptadas a solos alagados) e plantas halófitas (adaptadas a águas com elevado teor de sais), explicaram os investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

Segundo os responsáveis, escreve o Sapo, estes sistemas podem ser usados como complemento ou alternativa aos sistemas convencionais de tratamento de águas residuais domésticas, de agro-pecuária ou industriais.

"Apesar de necessitarem de uma área considerável para a sua implantação, os baixos custos de manutenção e operação tornam esta tecnologia verde bastante atrativa", podendo ser utilizada "em qualquer local, desde que adaptada à região", acrescentaram.

Remoção de poluentes
De acordo com a equipa, nos últimos anos as fito-ETARs têm sido utilizadas não só para a remoção de poluentes comuns, nomeadamente nutrientes, matéria orgânica ou bactérias, mas também de poluentes persistentes, como os pesticidas ou os hidrocarbonetos (compostos presentes no petróleo e combustíveis).

Recentemente, continuaram, têm sido testadas para remover poluentes emergentes, como medicamentos e produtos de uso pessoal - desodorizantes e shampoos, entre outros.

Estes poluentes emergentes são continuamente descarregados nos sistemas aquáticos devido à falta de preparação para a sua eliminação por parte das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) convencionais, acarretando diversos riscos para a natureza e também para a saúde humana (resistência a antibióticos, por exemplo), referiram.

Para contornar esse problema, os investigadores estão a verificar as potencialidades das fito-ETARs para a remoção simultânea de poluentes comuns e poluentes emergentes (como antibióticos) de águas residuais de aquaculturas, doce ou salina, "algo ainda não explorado".

Apesar de concentrar o trabalho na remoção de antibióticos, a equipa tem verificado igualmente a remoção de outros micropoluentes, como os filtros UV, presentes nos protetores solares.

Os resultados obtidos, continuaram os investigadores, têm demonstrado que as fito-ETAR podem ser uma alternativa sustentável para controlar, diminuir ou eliminar a presença de poluentes emergentes dos ecossistemas aquáticos.

A possibilidade de reutilização da água tratada, relevante para a economia circular, é também uma das questões em estudo.

Environmental Working Group
Pelo terceiro ano consecutivo, os morangos surgem no topo da lista das frutas e vegetais com maior predominância de praguicidas...

A organização não governamental Environmental Working Group (EWG), cujo relatório de 2018 acaba de ser divulgado, analisou 47 frutas e vegetais que estão no topo das preferências dos consumidores, segundo o Departamento de Agricultura e Alimentação dos Estados Unidos.

Estes testes foram realizados em mais de 38.800 amostras de vegetais produzidos através de agricultura convencional não biológica, escreve o Sapo. Antes de efetuarem os testes, os investigadores lavaram os alimentos para imitar práticas comuns à maioria dos consumidores.

Segundo este estudo, uma só amostra de morangos revelou conter resíduos de cerca de 20 pesticidas. O relatório frisa também que um terço de todas as amostras tinha dez ou mais pesticidas.

O relatório indica ainda que 70% das produções analisadas estavam contaminadas com estes químicos.

Depois dos morangos, os alimentos que surgem na lista como os mais contaminados são os espinafres, seguidos das nectarinas, maçãs, uvas, pêssegos, cerejas, peras, tomates, aipo, batatas e pimentão doce.

Abacate é o mais "limpo"
A EWG divulga também, todos os anos, a lista dos alimentos com menos pesticidas, considerados os "mais limpos".

Nessa lista, o número um é o abacate. Menos de 1% das amostras de abacate analisadas continham pesticidas.

A restante lista dos alimentos menos contaminados por estes químicos é composta por milho doce, ananás, couve, cebola, papaia, espargos, manga, beringela, kiwi, melão, couve-flor e brócolos.

Associação Zero
As regras europeias permitem que um químico, do mesmo grupo de outro proibido, continue a ser usado, como o bisfenol, presente...

Um relatório da organização não governamental (ONG) britânica Chem Trust demonstrou que a regulamentação da União Europeia (UE) permite que uma substância "identificada cientificamente como tóxica ou perigosa" seja substituída por "substâncias muito semelhantes", disse hoje Susana Fonseca, da Zero.

A ambientalista da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, refere o exemplo apontado no estudo - o bisfenol A - que, após mais de um século de debate sobre a sua perigosidade para a saúde humana e para o ambiente, foi classificado como tóxico, por ter efeitos principalmente no aparelho reprodutor e como desregulador do sistema endócrino.

Este químico tem vindo a ser substituído por outro tipo de bisfenol, mas Susana Fonseca salientou que, "se se fala dos bisfenóis, é muito provável que tenham características semelhantes também no impacto na saúde humana e no ambiente".

Aliás, "a atratividade por parte dos industriais" para, quando não podem usar o bisfenol A o substituírem por outro "é porque são moléculas semelhantes", acrescentou.

O relatório aponta para "a necessidade de, quando se procura regular uma substância, não o fazer individualmente, mas em grupo", ou seja, perceber se as substâncias daquele tipo, neste caso, os bisfenóis, têm ou não as mesmas características e se têm, ao restringir uma devem restringir-se todas as outras.

A substância estava presente em produtos de consumo como as garrafas de plástico desportivas para bebidas, tendo o bisfenol A sido substituído por bisfenol F que "está agora a ser identificado pela agência europeia se químicos como uma substância que também interfere com o sistema endócrino, [mas] ainda não há regulamentação", explicou a especialista da Zero.

"Quando vão comprar essas garrafas, as pessoas veem que é livre de bisfenol A, o que acontece com muita frequência, como com os biberões, que tinham a substância e que, desde 2011, a UE proibiu, mas nada impede que outras substâncias semelhantes que não estão reguladas, outros bisfenóis, estejam a ser utilizados no fabrico desses biberões", salientou ainda.

Além das garrafas e dos biberões, a Chem Trust refere o exemplo das latas de conserva e dos recibos térmicos, obtidos nas impressoras térmicas existentes na maioria das lojas, um papel que a partir de 2020 vai ser proibido, mas atualmente é uma fonte de bisfenol A, principalmente para os empregados que trabalham com este material.

"Apesar dos sofisticados sistemas de regulação da UE na área das substâncias químicas, a indústria tem sido autorizada a substituir um bisfenol preocupante por outro igualmente preocupante. Não é uma situação aceitável, quando está em jogo a saúde das gerações futuras", realça a ONG do Reino Unido, apelando aos reguladores para regularem os grupos de substâncias químicas relacionadas entre si, e não individualmente.

Os químicos desreguladores endócrinos (EDC em inglês) foram considerados como causadores da feminização de peixes e têm sido associados a problemas de desenvolvimento neurológico, perturbações da fertilidade, certos tipos de cancro como o da mama, diabetes, obesidade e doença coronária.

Investigadores
Foi apresentado na terça-feira um chip que monitoriza o consumo de álcool. O principal objetivo é que seja utilizado em doentes...

Engenheiros da Universidade de San Diego, Califórnia, desenvolveram um micro sensor que pode ser colocado sob a pele e monitorizar o consumo de álcool, pensado para pessoas em programas de tratamento. O minúsculo sensor, que consome pouca energia e que pode ser usado continuamente por um longo período, foi apresentado esta terça-feira numa conferência em San Diego, nos Estados Unidos.

O chip, explicaram os investigadores, é tão pequeno que pode ser implantado no corpo logo abaixo da superfície da pele e é alimentado por uma ligação sem fios através de um dispositivo como o “smartwatch”.

O objetivo final deste trabalho é desenvolver um rotineiro e não intrusivo rastreio de álcool e drogas, em doentes que estejam em programas de tratamento de abuso de substâncias”, disse Drew Hall, professor de engenharia elétrica na Universidade de San Diego e que liderou a investigação.

Até agora o chip já foi testado num ambiente imitando o humano e no futuro será implantado em animais. Os investigadores estão também a desenvolver versões que possam vigiar outras moléculas e drogas no corpo, escreve o Observador.

O responsável lembrou que há outras ferramentas para monitorizar pacientes em tratamento mas que são todas elas menos convenientes, desde o “teste do balão”, que é o mais comum mas que exige que o paciente se predisponha e saiba fazê-lo e não é muito preciso, passando pela análise sanguínea, que é mais precisa mas que exige a presença de um técnico especializado.

Uma “alternativa promissora”, disse, são os sensores que se colocam na pele semelhantes a uma tatuagem, mas também têm o inconveniente de poderem ser removidos e além disso são de uso único.

Um minúsculo sensor implantado através de uma injeção, que pode ser colocado numa clínica sem necessidade de cirurgia, pode ser mais fácil para os doentes que estão a seguir um programa de monitorização durante um longo período”, disse Drew Hall.

O chip mede cerca de um milímetro cúbico e pode ser injetado no fluido intersticial (fluido que envolve as células do corpo). Contém um sensor e é revestido com uma enzima que interage com o álcool para gerar um subproduto que pode ser detetado eletroquimicamente. Os sinais elétricos são depois transmitidos para um dispositivo via wireless.

Os investigadores desenharam o aparelho para que consumisse a mínima quantidade de energia possível, 970 nanowatts ao todo, cerca de um milhão de vezes menos do que gasta um smartphone ao fazer uma chamada telefónica.

“Não queremos que o chip tenha um impacto significativo na vida útil da bateria. E a partir do momento em que o implantamos não queremos que seja gerada em determinada parte do corpo uma grande quantidade de calor, nem queremos uma bateria potencialmente tóxica”, justificou.

APHP
Os hospitais privados insistiram ontem na integração de temas na nova tabela de preços dos beneficiários da ADSE, que, dizem,...

A ADSE (Instituto de Proteção e Assistência na Doença), um subsistema de saúde para a administração pública, “continua a protelar a integração de temas, com os quais já concordou, na Tabela de Preços e Regras 2018”, diz-se num comunicado da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) ontem divulgado.

Os hospitais privados consideram que a inclusão desses temas é essencial para que continuem a negociar, e dizem também que as constantes alterações na tabela representam enormes custos para os hospitais privados, que “exigem uma célere estabilização do documento”.

A 01 de abril entrou em vigor a nova tabela de preços a pagar aos prestadores de cuidados de saúde aos beneficiários da ADSE, após meses de negociações com os operadores e uma adenda com 15 alterações.

Inicialmente prevista para entrar em vigor a 01 de março, a nova tabela de preços foi objeto de negociação entre a ADSE e os operadores privados, representados pela APHP, após uma proposta inicial ter sido recusada pelos convencionados.

De acordo com o comunicado de hoje os privados dizem que os beneficiários da ADSE vão pagar mais se recorrerem aos serviços de urgência e insistem que não há razão para “protelar a incorporação” na tabela de temas que ADSE e APHP “definiram como essenciais”.

O cronograma para a adoção da tabela da ordem dos médicos, o pagamento de consumos e fármacos em atos de medicina intrusivos, chamadas de especialistas em serviço de urgência, a instituição de um mecanismo de utilização de preços, ou o cumprimento do normativo legal sobre os prazos de pagamento são alguns dos temas que a APHP quer ver integrados na tabela de preços.

No final de março, a ADSE publicou no seu ‘site’ a nova tabela, mas os operadores privados afirmaram que a mesma tinha “erros e imprecisões”, alguns deles corrigidos no início do mês e comunicados aos hospitais privados.

Abrantes, Tomar e Torres Novas
Os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, do Centro Hospitalar do Médio Tejo, vão ser reforçados com um conjunto de...

"O aparelho para a realização de Tomografia Axial Computorizada (TAC) já está instalado na unidade hospitalar de Tomar, tendo hoje sido apresentado aos autarcas, representando um reforço importante da capacidade de diagnóstico no Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT)", disse o presidente do Conselho de Administração (CA), Carlos Andrade Costa, para quem a decisão "já deveria ter sido tomada há muitos anos atrás".

Segundo o administrador daquele centro hospitalar, no distrito de Santarém, "é fundamental que o CHMT tenha meios próprios para a realização de exames de Tomografia Axial Computorizada", em serviço que, até hoje, era apenas prestado por um aparelho TAC concessionado e instalado no hospital de Abrantes, tendo acrescentado que o aparelho para a TAC entrará em funcionamento "até ao final de maio", depois das "parametrizações do equipamento e a formação aos profissionais" que vão operar diretamente este novo equipamento.

Este aparelho "de topo", a par de um conjunto de adaptações em salas contíguas com a criação de uma sala de recobro, implicou um investimento na ordem dos 250 mil euros, e "vem na sequência de outros já feitos pelo CHMT, nomeadamente no bloco operatório de Tomar, onde foram entregues "equipamentos num valor superior a cem mil euros nos últimos dois anos, nomeadamente em ventiladores e estações de anestesia", observou o gestor, que referiu existirem mais investimentos em curso no CHMT.

"Dentro de três semanas vamos instalar no Serviço de Imagiologia de Torres Novas um novo mamógrafo, um investimento na ordem dos 180 mil euros, para além de estarmos a incrementar um novo 'software' com upgrade do sistema de digitalização", ainda para o Serviço de Imagiologia, "que vai facilitar o acesso dos médicos hospitalares e médicos de família à visualização de exames de diagnóstico", afirmou.

Ainda em Torres Novas, continuou Carlos Andrade, "até ao final de 2018 vai ser criada uma 'sala limpa', onde funcionará a câmara de fluxo laminar, equipamento que permite a preparação da medicação a ser distribuída aos doentes com cancro", um investimento que estimou em cerca de 120 mil euros.

Na unidade hospitalar de Abrantes, por sua vez, "vão ser renovados, até ao verão, equipamentos na Unidade de Cuidados Intensivos ao nível de monitores e ventiladores", um investimento na ordem dos 130 mil euros, para além de um investimento na ordem dos 700 mil euros, até 2019, ainda em Abrantes, na aquisição de um aparelho TAC e um outro de ressonância magnética.

Até 2019, o CHMT tem ainda investimentos programados de cerca de 6,5 ME, um valor que decorre da obra de ampliação da Urgência Médico-cirúrgica, na Unidade de Abrantes (1,5 ME), e a aprovação de candidatura de três projetos, um para cada Unidade Hospitalar, ao POSEUR - Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, no valor total de financiamento de cerca de 5 ME.

Segundo defendeu o administrador, os investimentos em curso são "a melhor forma de robustecer o Centro Hospitalar do Médio Tejo, dotando-o de mais e melhores equipamentos, mais modernos e inovadores e capazes de atrair jovens médicos".

Parlamento
O ministro das Finanças é hoje ouvido na comissão parlamentar de Saúde, a pedido do PSD, que agendou a audição para discutir...

A audição ao ministro Mário Centeno já tinha sido pedida pelo grupo parlamentar do PSD há um mês, mas na terça-feira o partido confirmou que vai confrontar o titular da pasta das Finanças com as queixas relativas à degradação da qualidade de atendimento do serviço pediátrico no Hospital de S. João, no Porto.

O presidente deste hospital admitiu na terça-feira que as condições do atendimento pediátrico são “indignas” e “miseráveis”, lamentando que a verba para a construção da nova unidade ainda não tenha sido desbloqueada.

“Há um protocolo assinado, temos um projeto pronto para entrar em execução e não temos o dinheiro libertado que torne possível a execução desse projeto”, afirmou António Oliveira e Silva.

O presidente do Centro Hospitalar do São João falava aos jornalistas a propósito de queixas de pais de crianças com doenças oncológicas sobre a falta de condições de atendimento dos seus filhos em ambulatório e também na unidade do ‘Joãozinho’ para onde as crianças são encaminhadas quando têm de ser internadas, noticiadas pelo JN.

O secretário de Estado adjunto da Saúde disse recentemente que os 22 milhões de euros do Governo para as obras da Unidade pediátrica já tinham sido transferidos, aguardando apenas a autorização do Ministério das Finanças. As declarações de Fernando Araújo surgiram após a administração do Hospital de São João ter assumido que o bloqueio das Finanças colocava a unidade de Pediatria do São João em situação de rutura.

Na terça-feira o presidente do centro hospitalar lembrou que “há 10 anos que o centro pediátrico do Hospital de São João está em instalações provisórias”, e que em junho de 2017, foi assinado um protocolo entre o Centro Hospitalar de São João, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), e a ARS/Norte no sentido de serem desbloqueadas as verbas necessárias para a construção do projeto global do centro hospitalar pediátrico.

A comissão parlamentar de Saúde recebe hoje o ministro das Finanças pelas 10:30, e deverá em breve ouvir a administração do Hospital de São João, tendo na terça-feira o PSD adiantado que pretende também chamar ao parlamento os responsáveis pela gestão do hospital.

Numa pergunta entretanto entregue na Assembleia da República e que tem como destinatário o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, os sociais-democratas questionam diretamente se o Governo tem conhecimento das condições em que estão a ser realizados os tratamentos de quimioterapia pediátricos no Centro Hospitalar de São João.

“Que medidas foram já tomadas para impedir a ocorrência dessa flagrante violação dos direitos das crianças com doença oncológica?”, questionam, inquirindo se foram apresentadas justificações ou pedidos de desculpa aos pais das crianças.

Na audição de quarta-feira, o PSD promete confrontar Mário Centeno com este e outros casos “de norte a sul” do país, nomeadamente com a situação do IPO de Lisboa onde acusam o Governo de não ter investido os cinco milhões de euros previstos pelo anterior executivo para a expansão do bloco operatório.

Neuromodulação Sagrada devolve qualidade de vida aos doentes
Apesar de não existirem dados concretos sobre a sua incidência, estima-se que a Incontinência Fecal

Considerada um assunto “tabu”, poucos são os que dão a cara para falar de uma condição que apresenta graves repercussões na qualidade de vida dos que dela sofrem.  A Incontinência Fecal atinge sobretudo mulheres e é bem mais frequente do que imaginamos.

Na verdade, “desconhece-se a real dimensão do problema, porque muitos doentes têm vergonha de procurar ajuda e isolam-se”, começa por dizer o especialista em Cirurgia Geral, José de Assunção Gonçalves.

Estima-se, no entanto, que a IF atinja até 10% da população adulta, “numa relação de 2:1 feminino/masculino”. “Quando se trata de idosos institucionalizados, cerca de 50% sofre de incontinência fecal”, acrescenta.

Caracterizada por fuga ou perda involuntária do conteúdo intestinal, incluindo a libertação de gases, que é repetida ou contínua num período prolongado de tempo, a Incontinência Fecal apresenta como causa mais frequente o trauma obstétrico, ou seja, o traumatismo provocado pelo parto vaginal.

“Outras causas são os traumatismos ou alterações anatómicas e funcionais provocadas por cirurgias, alterações de motilidade intestinal e doenças degenerativas que provoquem alterações da força e sensibilidade”, esclarece o especialista.  

A IF pode ser classificada como incontinência de urgência, “quando o doente não consegue diferir o tempo necessário a vontade de evacuar”, e como incontinência passiva quando as fezes são expelidas sem que a pessoa se aperceba. De acordo com o especialista em Cirurgia Geral, é frequente as duas formas coexistirem.

Joana Paredes, de 41 anos, e Benilde Lopes, 67, contam hoje a sua história para que outros, como elas, ganhem coragem para pedir ajuda.

Foi um traumatismo obstétrico, provocado por cinco partos naturais, que esteve na origem na Incontinência Fecal de Benilde. “A minha incontinência surgiu como consequência de um prolapso ao qual acabei por ser operada”, começa por contar Benilde esclarecendo que, muito embora a cirurgia tenha sido um sucesso, por si só não foi suficiente para tratar a incontinência.  

“Eu não tinha controlo nas fezes. Parecia que me estavam a abrir as nádegas para sair”, recorda explicando que deixou de sair de casa com medo de se sujar. “Era uma vergonha. Não tem explicação.  Eu não falava disto a ninguém, nem mesmo à minha família”, acrescenta adiantando que o companheiro foi a única pessoa, durante sete anos, a acompanhar de perto a sua angústia.

Já Joana, apesar de mais nova e ter uma vida profissional bastante ativa, não descansou enquanto não encontrou uma solução para o problema. “Mesmo sendo um assunto «tabu», procurei desde cedo ajuda, porque achava impossível não existir uma solução médica e não estava disposta, face à minha idade, a viver o resto da vida com este problema e com todas as suas consequências” explica. “Imagine-se ter 30 e poucos anos, ser uma mulher vaidosa, ativa e sofrer de perdas quando menos espera...”, diz.

Joana tinha 34 anos quando, na sequência de uma cirurgia a uma fístula perianal, passou a sofrer de incontinência fecal. “Tinha dificuldade em conseguir controlar as fezes (tenho o colón irritável por isso tenho episódios frequentes de diarreia) e a sensação de que nunca estava limpa após a ida à casa de banho, mesmo quando tomava todas as medidas de higiene possíveis”, recorda.


"A partir dos 65 anos, a incidência da IF aumenta progressivamente", esclarece Assunção Gonçalves 

Estimulação nervosa é solução mais eficaz

O tratamento da IF depende da gravidade e da causa subjacente a esta condição. Neste contexto, os problemas ligeiros podem ser tratados de uma forma simples com o recurso a drogas obstipantes e com mudança nos hábitos alimentares.

Podem ainda ser indicados exercícios para fortalecimento dos músculos desta área através da electro-estimulação ou pela realização de “biofeedback”, em que o doente re-aprende a defecar e controlar as fezes, fortalecendo, ao mesmo tempo, os esfíncteres anais.

“O tratamento cirúrgico tem indicação quando o tratamento médico conservador/não invasivo não é eficaz. Compreende diferentes opções técnicas, desde a reparação do esfíncter anal à confeção de uma colostomia, passando pela neuromodulação sagrada”, explica o cirurgião geral, Assunção Gonçalves.

Benilde foi a primeira paciente a realizar uma neuromodulação sagrada. “O resultado foi imediato”, garante. Joana, “esperou” seis anos pela intervenção. “Em primeiro lugar foi proposta a cirurgia de reconstituição do esfíncter e depois ainda uma estimulação, que não resultaram em nada, apenas adiaram a solução”, conta.

Tratando-se de um procedimento minimamente invasivo e que é realizado em regime ambulatório com recurso a anestesia local, esta opção terapêutica é bem tolerada e sem intercorrências nem complicações. E, dentro das opções cirúrgicas atuais disponíveis, esta é, na opinão do especialista,  “aquela que oferece melhor eficácia, em termos de restauração da adequada continência e qualidade de vida, com resultados consolidados ao longo dos anos, a médio e a longo prazo”, e que consiste na colocação de um elétrodo na raiz dos nervos sagrados que controlam o intestino, com o objetivo de corrigir as mensagens desaquadas, indesejadas ou mesmo incorretas enviadas através das vias nervosas.

“Está indicada para os doentes que não respondem satisfatoriamente à terapêutica médica conservadora, e que tenham um esfíncter anal com potencial para ser estimulado”, explica Assunção Gonçalves.

Médico aconselha a não ter vergonha nem pudor

Muito mais comum do que se pode esperar, esta é uma condição que pode condicionar totalmente a vida social, a vida afetiva e a vida profissional do doente. “Para além da incontinência em si, está invariavelmente associada a sindromes depressivos graves e ao isolamento social. Nos casos mais graves, é comum ser causa de divórcio, de despedimento, de baixas prolongadas e reformas antecipadas”, revela o cirurgião quanto ao seu impacto.

Por isso, também este apela a que se fale sobre o tema. “Hoje em dia existem soluções eficazes para o tratamento da incontinência fecal, e quem sofre desta condição deve saber que não está condenado a viver isolado com fraldas, sem poder sair de casa”, diz.

Joana vai mais longe e reafirma a importância da criação de uma associação de doentes “que permita a quem padece desta situação sentir-se apoiado, informado e encaminhado para quem pode solucionar de forma definitiva a sua condição”.

“Quem passou por um processo destes sente necessidade de partilhar a sua experiência e dar esperança de que existe uma saída para o problema”, acrescenta realçando que muitos pacientes não falam nem com os seus familiares mais próximos por vergonha. Benilde só abriu o jogo com os filhos depois do problema estar solucionado.

“Eu não fazia ideia que existiam mais pessoas com este problema. Os meus filhos perguntaram-me porque é que eu o tinha escondido...”, revela.

“O neuroestimulador dá a qualidade de vida a quem já não sabe o que isso é, traz a segurança de poder voltar a realizar todas as tarefas normais e comuns sem quaisquer receios de perdas e constrangimentos”, afiança Joana Paredes, para quem a mensagem mais importante a deixar é  “não baixar os braços”.

A primeira Associação de Doentes com Incontinência Fecal, pode ser, para já, contactada através do email [email protected].

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Setor farmacêutico
O Infarmed solicitou a 200 empresas do setor farmacêutico informações sobre os pedidos de financiamento que vão submeter para...

Em comunicado, o Infarmed, a autoridade que regula o setor do medicamento em Portugal, informou que está a definir um mapa com “a inovação que deverá entrar nos próximos dois anos em Portugal”, para o qual foi solicitado a cerca de 200 empresas do setor farmacêutico que enviassem informação sobre os pedidos de financiamento que vão submeter até ao final de 2019.

Estes pedidos referem-se a novas substâncias ativas, novas indicações e primeiros genéricos e biossimilares.

Trata-se do projeto Horizon Scanning que arrancou com o setor do medicamento, embora esteja previsto que venha a ser alargado a outras tecnologias de saúde numa fase posterior.

“A recolha e tratamento, de forma sistemática, de informação de várias fontes sobre a entrada de novas tecnologias de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) permitirá uma melhor planificação das atividades”, lê-se no comunicado.

Em Sesimbra
GNR e Inspetores de Pescas apreenderam hoje 6,5 toneladas de cavala subdimensionada numa operação de fiscalização no porto de...

Segundo um comunicado da Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), a cavala (Scomber colias) apreendida, composta por exemplares subdimensionados, estava a bordo de um navio de pesca que se dirigiu ao porto de Sesimbra para fazer a descarga do pescado.

A DGRM salienta que "a manutenção a bordo e a descarga de pescado subdimensionado constitui infração grave" e esclarece que a cavala apreendida foi doada a instituições de solidariedade social.

De acordo com o comunicado, a apreensão foi efetuada durante uma missão conjunta de controlo e inspeção de pescas realizada hoje no porto de Sesimbra, que envolveu Inspetores de Pescas da Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) e agentes da Guarda Nacional Republicana-Unidade de Controlo Costeiro (GNR-UCC).

A DGRM refere ainda que "a missão conjunta decorreu no quadro de cooperação prevista no SIFICAP - Sistema Integrado de vigilância, Fiscalização e Controlo das Atividades da Pesca, como meio para a preservação dos Recursos Naturais da Política Comum de Pescas".

A DGRM é uma entidade que tem como missão, entre outras, a execução das políticas de pesca, a preservação dos recursos marinhos, bem como o controlo das atividades desenvolvidas no setor das pecas.

Em 2017
A associação Vida Norte, que apoia grávidas e bebés em situações de vulnerabilidade, auxiliou nos últimos três anos 480 mães,...

"Nos últimos três anos a associação apoiou em média 160 mulheres, sendo que em 2017 conseguimos, na área da empregabilidade, resolver cerca de 50% dos casos terminados neste período, que foram 69", congratulou-se a presidente da Associação de Promoção e Defesa da Vida e da Família - Vida Norte, em declarações

A Vida Norte existe desde 1999, mas só em 2017 conseguiu o estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), ainda que, segundo Isabel Pessanha Moreira, "não seja beneficiária de verbas ao abrigo do acordo social".

Criada para "procurar dar resposta a mulheres em situações de vulnerabilidade social e económica",vive "suportada pelo apoio de empresas e de particulares e do contributo ‘pro bono' de algumas pessoas".

As pessoas que assistem, relatou, chegam à associação "através do passa palavra, mas também indicadas pelas juntas de freguesia, centros de saúde e algumas organizações da área social", após o que a Vida Norte inicia o processo de "auxílio que se estende até aos 18 meses da criança".

"O apoio começa com a perceção do contexto em que a mãe grávida chega até nós, prossegue com as visitas domiciliárias e o acompanhamento de uma psicóloga sem esquecer o apoio à família em si", descreveu Isabel Pessanha Moreira.

E não são apenas mulheres grávidas portuguesas a receber assistência da associação, havendo registos de mulheres oriundas de Cabo Verde e de Marrocos "mas que estão a viver no Porto", explicou a responsável.

A prestar serviços no Porto e em Braga, a Vida Norte avançou em janeiro com um novo projeto, denominado "Escola comVida", que visa promover um "acompanhamento individual de proximidade às mães e recém-grávidas, a capacitação na área da gravidez, maternidade e empregabilidade/autonomia e a mediação do impacto da intervenção".

Com o propósito de "mostrar a transparência do seu trabalho" e, ao mesmo tempo, "informar os parceiros e mecenas em que áreas é utilizado o dinheiro recebido" a Vida Norte foi "mais longe na luta pela credibilidade" e recorreu a um Revisor Oficial de Contas (ROC) para elaborar o relatório e contas de 2017.

"Fomos sensíveis aos casos que puseram em causa credibilidade da ação social e recorremos a um ROC para elaborar o nosso relatório e contas, como já havíamos feito, internamente, nos anos anteriores", justificou a presidente.

Digital Day 2018
O ministro da Saúde considerou hoje que o Digital Day 2018, a decorrer em Bruxelas, representa um passo em frente para que a...

“É um dia que marca um passo em frente na consciencialização da política, dos políticos e da Comissão Europeia, mas também dos Estados-membros, para que a Europa rapidamente retome um papel de liderança mundial em termos de inovação e desenvolvimento”, disse Adalberto Campos Fernandes.

O ministro da Saúde, que intervém no painel dedicado à partilha de dados e à personalização dos cuidados, defendeu que o Digital Day, iniciativa organizada pela Comissão Europeia no âmbito da presidência búlgara do Conselho da União Europeia (UE), é estratégico para a Europa.

“Há um ano, provavelmente, falaríamos de grandes desígnios, hoje falamos de coisas muito concretas”, disse, referindo-se à iniciativa semelhante que decorreu em Roma em 2017.

Adalberto Campos Fernandes abordou ainda a preocupação expressa pela comissária europeia para a Economia e Sociedade Digital, Mariya Gabriel, de que a Europa se torne pouco competitiva em relação a grandes nações como a China e os Estados Unidos, considerando que é necessário “consciencializar uma estratégia comum”.

“Em segundo lugar, [é preciso] definir um caminho e dotá-lo dos instrumentos de financiamento que tornem a Europa um espaço de inteligência e de competitividade estratégica em termos de inovação científica. Eu creio que este dia marca essa preocupação, sinaliza-a. Eu creio que a Europa está consciente que a próxima década é a década do conhecimento, da inovação e da transformação digital e não há margem para que os europeus e a Europa fiquem para trás”, completou.

Para o ministro da Saúde, “estamos no limiar de um mundo completamente novo”. “Começamos a perceber, e isso é muito positivo, que a Europa, na sua múltipla dimensão, se dá conta da importância de agregar uma estratégia comum que permita que se torne mais competitiva também naquilo que tem a ver com a vida das pessoas”, sublinhou, indicando especificamente o campo da medicina personalizada.

Adalberto Campos Fernandes enalteceu ainda o papel da transformação digital na área da saúde, destacando o novo acesso ao conhecimento, a inteligência artificial, o uso da sequenciação do genoma humano para a evolução para formas mais efetivas de abordagem individual da doença, que podem ajudar a contribuir para “uma maior sustentabilidade dos sistemas de saúde em toda a Europa”.

Universidade do Minho
Investigadores do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho demonstraram ser &quot...

Em comunicado, o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) adianta que, num artigo recentemente publicado na revista Movement Disorders, as investigadoras Sara Silva e Patrícia Maciel mostraram "pela primeira vez que o tratamento prolongado com creatina resulta num importante atraso da progressão da doença e numa melhoria significativa dos sintomas, com preservação dos neurónios que normalmente degeneram".

A doença de Machado-Joseph é uma doença neurodegenerativa hereditária, que provoca descoordenação motora (ataxia). É causada por uma mutação num gene, bastando um dos progenitores ser afetado para que os filhos tenham uma probabilidade de 50% de nascer com a doença.

Segundo explana o texto, a creatina é um "composto natural produzido pelo corpo humano e frequentemente utilizado por pessoas saudáveis, incluindo atletas".

O ICVS adianta que o "próximo passo é a realização de um ensaio clínico, sendo que a ausência de toxicidade associada à creatina torna mais fácil a sua concretização".

Os resultados deste estudo, acrescenta, "apontam para uma nova abordagem terapêutica da doença, que neste momento não tem cura nem tratamento eficaz.".

O comunicado explica ainda que os sintomas da doença "têm habitualmente início na vida adulta, mas agravam-se progressivamente, levando a uma incapacidade muito marcada, com impacto nos doentes, mas também nos seus cuidadores".

Entre as manifestações mais comuns, refere o texto, são a "perda do controlo dos movimentos e do equilíbrio, espasmos musculares, dificuldades na deglutição e na articulação da fala, com progressão para a perda total de independência e morte prematura".

 

Governo
O Instituto de Oncologia do Porto vai poder gastar 2,71 milhões de euros em transporte de doentes até 2020, autorizou hoje o...

As autorizações para a despesa do Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil estão repartidas pelas três portarias, que autorizam a aquisição do serviço de transporte não urgente de doentes.

A despesa autorizada reparte-se em porções iguais pelos anos de 2018, 2019 e 2020.

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