Despesas aumentam
O Conselho Superior de Supervisão da ADSE alerta para a perda de sustentabilidade do subsistema de saúde dos funcionários...

Se não se inverter a atual situação, de aumento de despesas e perda de receitas, a ADSE caminhará “rapidamente para uma situação de insustentabilidade”, diz o Conselho.

Num parecer sobre as contas do exercício de 2017 da ADSE, aprovado por unanimidade na quinta-feira e hoje divulgado, o Conselho explica que a ADSE tinha 492 milhões de euros, mas um passivo de 274 milhões em faturas não pagas.

Portanto “restam apenas 218 milhões” à ADSE, nota o Conselho.

No ativo do balanço, nota a entidade, há a conta “dívidas de terceiros – clientes c/c” com um valor de quase 212 milhões, dos quais 32 milhões se referem a dívidas das autarquias e 180 milhões a dívidas de “clientes esporádicos”.

“A recuperação destas dívidas depende de decisões políticas. Se não fossem dívidas do Estado a ADSE certamente seria obrigada a constituir uma provisão. Se a ADSE não conseguir recuperar estas dívidas, estes montantes terão de ser abatidos, com perdas efetivas para a ADSE, com consequências graves na sustentabilidade da ADSE”, lê-se no parecer.

Da análise das contas da ADSE o Conselho resume que em 2017 os custos com os regimes convencionado e livre atingiriam 557 milhões de euros, a que se juntam mais cinco milhões com custos com pessoal, o que dá quase 563 milhões. As receitas foram de 573 milhões, do que resulta “um excedente de apenas 10,97 milhões de euros”.

Mas além desta receita, diz-se ainda no documento, a ADSE arrecadou no ano passado mais 44 milhões de reembolsos de autarquias e mais 23 milhões de dividas do Estado (embora não recebidos).

Se tivesse sido eliminado o reembolso das autarquias, e transferido para a ADSE o custo do regime livre dos trabalhadores das autarquias, a ADSE tinha registado no ano passado um prejuízo de quase quatro milhões de euros, sem contar com os 23 milhões de euros das dívidas de “difícil cobrança” do Estado, alerta-se no parecer.

E alerta-se também para a tendência de agravamento da situação, “mesmo a curto prazo”, se o ritmo de crescimento dos custos com a saúde dos beneficiários não for contido, porque é muito superior ao aumento das receitas.

O Conselho Geral de Supervisão recomenda que se dote a ADSE de “meios humanos indispensáveis a um controlo eficaz da despesa, combatendo os consumos excessivos e desnecessários, o desperdício e a fraude”, para melhor utilização de recursos e contenção do elevado crescimento de custos, já que caso contrário se caminhará “rapidamente para uma situação de insustentabilidade”.

E recomenda que sejam pagas as dívidas à ADSE, e que “conjuntamente com o Governo, no quadro da diminuição da receita (reembolso do regime convencionado) e de aumento de custos (pagamento pela ADSE dos custos do regime livre), se encontre uma solução que compense a ADSE”.

 

Estudo
Mais de 220 mil reações adversas a medicamentos foram registadas em ambiente hospitalar em Portugal entre 2000 e 2015, segundo...

No estudo, destacado na edição de hoje da “Infarmed Newsletter”, os autores analisam a base de dados dos Grupos de Diagnósticos Homogéneos (sistema de classificação de doentes) e procuram estimar a frequência e o impacto dos eventos adversos nos hospitais públicos.

Foram contabilizadas 15 milhões de hospitalizações nos 15 anos em análise, constatando-se que 5,8% dessas hospitalizações (860 mil) tinham no mínimo um evento adverso associado, e que 1,5% (220 mil) estavam associadas a pelo menos uma reação adversa a medicamento.

“Este número é seis vezes superior às notificações registadas no âmbito do Sistema Nacional de Farmacovigilância para igual período, 34 mil notificações”, afirma-se na “newsletter” do Infarmed, concluindo-se que apesar de limitações metodológicas do estudo se confirma “que a subnotificação de reações adversas a medicamentos em Portugal é uma realidade significativa”.

No estudo os eventos adversos foram divididos em cinco tipos: incidentes na prestação de cuidados médicos ou cirúrgicos, complicações decorrentes de cuidados médicos ou cirúrgicos, intoxicações, reações adversas a medicamentos, e efeitos tardios.

Os autores do estudo sublinham também que os eventos adversos mais comuns são as complicações decorrentes de procedimentos médicos ou cirúrgicos e reações adversas a medicamentos, ambos com uma tendência crescente de ocorrência desde o ano 2000.

Entre 2000 e 2015, as complicações decorrentes de cuidados médicos ou cirúrgicos aumentaram 111%, os incidentes na prestação de cuidados médicos ou cirúrgicos aumentaram 120%, as reações adversas a medicamentos e efeitos tardios aumentaram 275%, e as intoxicações 27%.

Os autores, Bernardo Sousa-Pinto, Bernardo Marques, Fernando Lopes e Alberto Freitas, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do CINTESIS - Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, do Porto, admitem que esses aumentos também estejam relacionados com melhorias nos Grupos de Diagnóstico Homogéneos.

 

Estudo
A maioria dos enfermeiros inquiridos num estudo muda de farda a cada dois turnos, 86% lava-a na lavandaria da instituição e 62%...

O estudo, realizado entre 06 de março e 27 de maio de 2017 e visou compreender a gestão da farda clínica usada por enfermeiros em serviços de medicina interna de um hospital da região centro, envolveu 50 enfermeiros e avaliações microbiológicas de 300 amostras referentes às mãos, farda clínica e material clínico de bolso destes profissionais.

Quando questionados relativamente aos locais onde habitualmente usam a farda clínica, todos os enfermeiros identificaram a unidade onde prestam cuidados, seguido de 62% em outras unidades de cuidados, o bar com 58%, os serviços de apoio com 50% e as áreas administrativas com 46%, adianta o estudo apresentado hoje no V Congresso dos Enfermeiros, que decorre até domingo em Lisboa.

Relativamente à frequência com que mudam de fardas, 56% dos enfermeiros disseram que o fazem a cada dois turnos, 28% a cada três turnos e 6% a cada turno.

Quase a totalidade dos inquiridos apontou “sujidade” como o principal motivo para trocar de farda, seguido do risco de contaminação cruzada para o utente/profissional, uma vez que se trata de um equipamento de proteção individual.

No que se refere ao local de higienização das fardas, a maioria apontou o hospital (86%), enquanto 14% disseram que a lavam em casa, alegando a falta de fardas para utilização no turno seguinte como fator determinante para esta prática e adiantando que a lavam separadamente da restante roupa e a altas temperaturas.

Na avaliação microbiológica, verificou-se a presença de bactérias em 80% das fardas, refere o estudo, adiantando que os ‘staphylococcus coagulase positivos’ foram as estirpes bacterianas com maior representatividade (44% na zona abdominal e 54% no bolso da farda).

Questionados sobre o conhecimento de normas específicas relativas à gestão da farda, 70% disseram não ter acesso a qualquer tipo de orientação (50% desconhece e 20% refere não existir), dados que revelam “uma lacuna na gestão do conhecimento existente nos contextos institucionais e unidades visadas, uma vez que poderá colocar em risco os profissionais de saúde e os utentes”.

Perante estes resultados, o estudo afirma que “emerge a necessidade de elaboração de normas” para que os profissionais “atuem de forma informada e exista uma sensibilização, consciencialização e responsabilização dos profissionais e figuras de gestão”.

“A potencial contaminação microbiológica da farda clínica dos enfermeiros afigura-se como um desafio ainda atual, constituindo um reservatório em constante mobilidade intrainstitucional e em contacto com diversos utentes, profissionais de saúde e superfícies hospitalares”, adverte.

Salienta ainda que estes profissionais ocupam “uma posição privilegiada na melhoria dos cuidados”, recaindo sobre eles “uma responsabilidade acrescida na adoção de boas-práticas e prevenção e controlo de infeções associadas aos cuidados de saúde”.

O estudo ressalva que os dados referentes à gestão da farda baseiam-se na perceção dos profissionais, e podem não corresponder às práticas habituais em contexto clínico, aconselhando a realização de novos estudos que incorporem uma componente observacional.

Administração Regional de Saúde
As taxas de vacinação na região Centro "satisfazem completamente", afirmou hoje o diretor do Departamento de Saúde...

A Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) atingiu a maioria das metas a que se propôs em 2017, conseguindo resultados iguais ou superiores a 96% nas vacinas administradas na infância e juventude, com exceção da vacina contra o vírus do papiloma humano, cuja meta para 2017 - que foi atingida - era de alcançar uma taxa igual ou superior a 89%.

Apenas a vacina contra a poliomielite dos quatro aos sete anos de idade (atingiu 96% e a meta era de 97%) e a vacina pneumocócica (atingidos 97% e a meta era 98%) ficaram aquém das metas estipuladas para o ano passado pela ARSC.

"As taxas satisfazem completamente, porque são a consequência de um trabalho de uma organização, de um conjunto de profissionais, com resultados consolidados, mas também responsabilizantes", comentou o diretor Departamento de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), João Pedro Pimentel.

Os resultados atingidos obrigam a entidade "a manter estas taxas de cobertura que apontam para uma imunidade de grupo muito interessante".

Um dos principais objetivos tem a ver com algumas assimetrias verificadas, sendo necessário "apostar na pesquisa ativa de bolsas suscetíveis e não vacinadas" em unidades de saúde com menores taxas de cobertura, considerou.

Para além disso, há o "desafio permanente" de aumentar a vacinação contra a gripe por parte dos profissionais de saúde.

"Não temos valores que nos agradem, mas têm melhorado", constatou João Pedro Pimentel, que falava à agência Lusa à margem de uma sessão comemorativa da Semana Europeia da Vacinação, promovida pela ARSC e pela Direção-Geral de Saúde, em Coimbra.

A partir de 2021
Os doentes portugueses com cancro vão poder ser tratados de forma mais eficaz e sem efeitos secundários com tecnologia nuclear...

Manuel Heitor falava aos jornalistas no Instituto Tecnológico e Nuclear, na Bobadela, concelho de Loures, onde deverá ser feito um investimento de 100 milhões de euros em cinco anos, vindos de fundos europeus e emprestados pelo Banco Europeu de Investimento.

"Hoje, as ciências e tecnologias nucleares permitem curar o cancro", afirmou o ministro após a assinatura de um protocolo com a Agência Internacional de Energia Atómica, no local onde há 57 anos se investiga e trabalha no nuclear, principalmente no reator experimental que o governo e o Instituto Superior Técnico decidiram fechar.

O trabalho nesta área será "reorientado para a saúde", nomeadamente na tecnologia de feixes de protões que "podem ser concentrados num tumor para curar e tratar cancros, sobretudo em doentes jovens e crianças", disse Manuel Heitor.

Será a primeira clínica com esta terapia no sul da Europa e Portugal quer conseguir prolongar a vida a pelo menos três em cada quatro doentes oncológicos.

A Fundação para a Ciência e Tecnologia irá formar médicos e cientistas para poderem usar a tecnologia na clínica, que terá que ser construída de raiz.

Segundo uma nota do ministério da Saúde, a terapia de protões "permite o tratamento eficaz de múltiplas tipologias de cancro, reduzindo eventuais efeitos secundários relativamente a tratamentos baseados em tecnologias mais convencionais, permitindo minimizar as lesões em tecidos saudáveis circundantes dos tumores".

"Prevê-se que venha a ser possível tratar cerca de 700 doentes por ano com feixe de protões, selecionados de acordo com as melhores práticas internacionais", acrescenta-se na nota do gabinete de Adalberto Campos Ferreira.

Saiba mais
Alivia o stress, combate a ansiedade e a depressão.

A dança é uma atividade física que consiste em realizar uma série de passos coordenados, ou não, seguindo um ritmo musical, sendo por isso muito fácil de praticar por qualquer pessoa independentemente da idade, agilidade ou tipo de corpo. Pode dançar qualquer estilo ou género musical, não importa como o faz! Dançar é um bom exercício até mesmo para pessoas fisicamente pouco ativas.

A dança é uma forma de socialização que aproxima as pessoas e permite conhecer indivíduos de diferentes culturas ou de diferentes origens. É uma forma de fazer amigos, de se sentir livre, de conhecer o corpo e de aprender a expressar-se através dele. Trabalha a cooperação, a disciplina e desenvolve sentimentos de consideração e respeito pelo próximo.

Estando em dúvida sobre qual a atividade a escolher para acabar com o sedentarismo, a dança é uma excelente opção, já que permite escolher o ritmo e tempos mais adequados a cada um e existem uma infinidade de estilos como zumba, ballet, dança de salão, pop, hip hop, salsa, jazz, flamenco, entre outros.

Ao praticar qualquer atividade física, o cérebro liberta uma substância chamada serotonina, que é um neurotransmissor responsável pela sensação de alívio, relaxamento e bem-estar. Ao haver libertação de serotonina verificam-se ainda alterações no humor e na qualidade do sono.

Dançar duas vezes por semana pode reduzir significativamente os níveis de cortisol, uma substância também conhecida por hormona do stress. Para quem anda frequentemente tenso e stressado, a dança pode ser muito benéfica para que se sinta mais relaxado e feliz.

As aulas de dança proporcionam momentos de diversão e convívio, pelo que a prática de dança em grupo tem ainda mais vantagens. Quem a pratica desliga-se dos seus problemas e a dança funciona quase como uma terapia que aumenta o bem-estar e a auto-estima.

A dança promove um aumento da qualidade de vida e da saúde psicológica. Muitos praticantes apresentam ao longo do tempo menores sintomas depressivos e maior vitalidade. Para pessoas mais tímidas é difícil libertarem-se ao início, mas quando o fazem, verifica-se um aumento da auto-estima e da confiança em si mesmo e nas suas capacidades. Esta atividade promove também o desenvolvimento da atenção, raciocínio e memória. O hipocampo, que é a parte do cérebro que controla a memória, vai encolhendo de forma natural durante o final da vida adulta, o que leva muitas vezes à perda de memória e até mesmo à demência. No entanto, já existem estudos que revelam que é possível reverter a perda de volume do hipocampo, sendo que a dança pode ser uma boa aliada nesta tarefa.

A dança melhora as relações interpessoais, e é uma excelente forma de superar a solidão e a timidez, estabelecendo novas relações, reduzindo o stress, favorecendo o relaxamento, libertando tensões, a ansiedade e depressão. Ajuda a expressar emoções e a canalizar a adrenalina. Promove ainda a auto-confiança e a clareza de pensamento.

Para além de todos os benefícios físicos ou psicológicos, o melhor da dança é a boa disposição. É praticamente impossível dançar sem sorrir. Quando dança, a mente e o corpo concentram-se unicamente nesta divertida actividade física. A pessoa consegue, ainda que por momentos, libertar-se de todos os problemas e focar-se apenas na diversão.

Ser feliz é o que faz a vida valer a pena. Tudo o resto é puro detalhe. A dança ensina-nos que nada é impossível e que cada pessoa é única. Quando superamos o medo de sermos nós mesmos, tudo fica mais pequeno e mais simples. Arrisque e faça a vida valer a pena!

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Comissão Europeia
Os Estados-membros da União Europeia aprovaram hoje uma proposta que proíbe o uso ao ar livre de inseticidas danosos para as...

O Comité Permanente da Cadeia Alimentar e da Saúde Animal, onde estão representados todos os Estados-membros, deu luz verde à proposta de restrição do uso de três substâncias prejudiciais para as abelhas conhecidas como neonicotinóides: imidacloprid, clotianidina e tiametoxam.

A sua utilização é proibida a não ser em estufas onde não ocorra exposição de abelhas aos produtos.

A proposta apresentada ao comité teve como objetivo a proteção das abelhas, da biodiversidade, da produção alimentar e do ambiente.

A proposta será formalmente aprovada por Bruxelas nas próximas semanas e entrará em vigor no final do ano.

Diário da República
Os enfermeiros especialistas que desempenham estas funções vão começar a receber um suplemento remuneratório de 150 euros, com...

De acordo com o decreto-lei, este suplemento remuneratório vai ser atribuído pelo menos “até uma próxima revisão das carreiras de enfermagem que reavalie as funções dos enfermeiros habilitados com o título de enfermeiro especialistas e a respetiva valorização”.

O suplemento só será atribuído aos enfermeiros que, detentores do título de enfermeiro especialista, estejam a exercer as respetivas funções e que estas estejam previstas “na caracterização dos postos de trabalho dos respetivos mapas de pessoal”.

Este decreto-lei entra em vigor sábado e produz efeitos desde 01 de janeiro de 2018.

Congresso Português de Cardiologia
CPC2018, o Congresso sem lema, mas com muitos desígnios, onde a informalidade, a celebração do conhecimento e o rigor se...

Entre os dias 28 e 30 de abril, o Palácio de Congressos do Algarve, na Herdade dos Salgados – Albufeira, acolherá aquele que é o maior palco da Cardiologia portuguesa: o Congresso Português de Cardiologia (CPC). O Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, João Morais, refere-se ao CPC como “o coração e os pulmões da SPC”, considerando este evento o ponto alto da vida científica desta sociedade. “Inclusivo, informal e promotor de boa ciência,” é a tríade deste ano, como desvenda o Presidente do CPC2018, Marco Costa.

Se este evento promete dar continuidade à excelência com que o Congresso Português de Cardiologia nos tem vindo a brindar, também será pautado por novidades onde a informalidade, talvez seja o único lema que este congresso sem lema terá. As gravatas não são bem-vindas, as filas muito menos e os atrasos não terão desculpas. Concretamente, o CPC terá um Check-in eletrónico, permitindo a cada congressista fazer o seu próprio check-in e, para que os tempos das apresentações sejam respeitados, teremos uma espécie de countdown do tempo, findo o qual as apresentações “sofrerão” um blackout. As sessões também não terão mesas de presidência, de forma a promover uma maior proximidade entre os palestrantes e a audiência. O CPC2018 será, ainda, ambientalista e digital. Para além da Aplicação Mobile, a APP CPC2018-2019, este ano os congressistas serão dispensados de pastas.

Serão 3 dias de intensa circulação de conhecimento científico. Nesta reunião estarão presentes algumas das maiores figuras da Cardiologia internacional para debater, entre outros tópicos, os dois temas que mais atenção têm merecido por parte da SPC e da Cardiologia portuguesa: a Insuficiência Cardíaca e a Morte Súbita. Haverá igualmente lugar à partilha de conhecimento e à divulgação de novos estudos e procedimentos, num ambiente que se quer de networking e de união em torno de um objetivo único, que é o de melhorar a qualidade da saúde cardiovascular dos portugueses. Prova disso é, pois, a joint session entre a SPC e o ACC (American College of Cardiology), em que vão ser debatidas as questões em aberto na cardiologia atual. De destacar, igualmente, a transmissão de procedimentos invasivos em direto, os “live-cases”, nas áreas da Aritmologia e da Cardiologia de Intervenção.

Este é, portanto, um momento de celebração do que de melhor se faz na Cardiologia mundial, permitindo que mais centros e especialistas aprendam com os melhores. O formato e a dinâmica destas sessões, a atualização de conhecimentos e o clima de convívio são os pontos destacados pelos participantes portugueses, cujas expectativas são bastante elevadas e onde o encontro entre especialidades marcará presença. A este nível terá especial enfoque o Ciclo de Atualização em Cardiologia direcionado para a Medicina Geral e Familiar, onde os congressistas poderão rever, com os seus 8 módulos, as principais áreas temáticas da Medicina Cardiovascular.

Mais de 30 especialistas internacionais irão compor o programa deste ano que conta com cerca de uma centena de sessões científicas e mais de 2500 congressistas. Teremos 3 sessões de homenagem, sessões “Meet-the-Legend”, destinadas a homenagear grandes vultos da Cardiologia mundial, que este ano incluem SalimYusuf, Lars Wallentin e um português bem conhecido de todos: Ricardo Seabra-Gomes. Salim Yusuf, Cardiologista e Epidemiologista de renome mundial, e antigo presidente da World Heart Federation, falará no CPC 2018 sobre os progressos das últimas duas décadas na redução da carga global das doenças cardiovasculares e Lars Wallentin, reconhecido mundialmente como um dos principais líderes de opinião na doença coronária, abordará um dos hot topics atuais na sua conferência "Da medicina baseada na evidência à medicina personalizada."

O Presidente do CPC2018, Marco Costa, refere que o congresso estará este ano mais centrado que nunca no seu programa científico, será mais informal e inclusivo e, por isso, será um momento único para que os congressistas se “divirtam a aprender boa ciência”.

João Morais vai mais longe e identifica mesmo este congresso como um momento de festa, entre outras razões, por ser uma oportunidade para distinguir alguns sócios da SPC e serem atribuídas bolsas e prémios, dando visibilidade a nomes e procedimentos, “para que todos saibam o que cada um faz.” Destaca ainda um espaço no congresso deste ano que é um autêntico Speakers Corner da Cardiologia Nacional onde os serviços hospitalares podem partilhar os seus projetos e iniciativas, nas sessões “No meu serviço ando a fazer…”

Não há razão alguma que justifique faltar a um evento como este onde, até o Governo Sombra quis ir. Dia 27 são todos bem-vindos a um live (não é case, mas cases) deste governo que, em palco de cardiologistas, provocará muitas arritmias.

Campanha “Corações de Amanhã” é oficialmente lançada
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular vai lançar amanhã a campanha “Corações de Amanhã”, uma iniciativa de...

“Com esta campanha pretende-se unir esforços entre a comunidade médica, os doentes, cuidadores e familiares, as entidades de saúde e a sociedade civil, para a melhoria da qualidade de vida da população mais sénior, no sentido de promover o diagnóstico e tratamento precoce da estenose aórtica”, explica Rui Campante Teles, coordenador da iniciativa europeia Valve For Life, que promove em Portugal a campanha Corações de Amanhã.

A estenose aórtica é uma doença que se carateriza pelo estreitamento da válvula aórtica, impedindo o correto fluxo sanguíneo para fora do coração. Limitadora das capacidades e qualidade de vida, esta condição afeta cerca de 32 mil portugueses, maioritariamente pessoas acima dos 70 anos.

“Os sintomas da estenose aórtica (cansaço, dor no peito e desmaios) são muitas vezes desvalorizados pelas pessoas, pois podem ser interpretados como sendo próprios da velhice, o que acaba por adiar o encaminhamento para o cardiologista de intervenção. Acreditamos que com esta campanha vamos conseguir promover o conhecimento e compreensão sobre a estenose aórtica e os seus sintomas”, refere Lino Patrício, presidente da iniciativa Válvula para a Vida, também responsável pela campanha.

O lançamento oficial desta campanha está marcado para as 9h30 de amanhã no decorrer da sessão “Os Corações de Amanhã: combate à epidemia da doença valvular cardíaca”, mesa redonda integrada no programa do Congresso Português de Cardiologia.

Para mais informações sobre a campanha “Corações de Amanhã” consulte: www.coracoesdeamanha.pt

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular, uma entidade sem fins lucrativos, tem por finalidade o estudo, investigação e promoção de atividades científicas no âmbito dos aspetos médicos, cirúrgicos, tecnológicos e organizacionais da Intervenção Cardiovascular.

Dia Mundial da Asma assinala-se a 1 de maio
No dia 1 de maio assinala-se o Dia Mundial da Asma, doença que, de acordo com os dados do Observatório Nacional das Doenças...

As médicas pneumologistas destacam, a propósito deste dia, o impacto que o controlo da doença tem na qualidade de vida dos doentes: “os doentes mal controlados ou não controlados, limitam a sua atividade física devido aos sintomas, utilizam frequentemente a terapêutica de alívio e recorrem mais vezes aos cuidados de saúde, quer primários, quer secundários. As crianças e adolescentes perdem dias de escola e os adultos perdem dias de trabalho. Deste modo, conseguimos perceber o impacto que a asma poderá ter no quotidiano dos doentes, não apenas a nível do bem-estar físico, mas também psicológico e social.”

A Comissão de Trabalho de Alergologia Respiratória alerta ainda para o facto de, apesar de toda a informação e terapêutica disponíveis atualmente, “43% dos doentes não têm a sua asma controlada, de acordo com o último Inquérito Nacional de Controlo da Asma. Como doença crónica que é, o tratamento da asma deve ser feito de maneira regular, diariamente, de acordo com a orientação do médico assistente. A medicação de manutenção prescrita é segura e os doentes não devem ter receio em tomá-la, uma vez que é esta que vai controlar a doença”.

Coincidindo, este ano, o Dia Mundial da Asma com o Dia do Trabalhador, a Comissão de Trabalho faz ainda uma referência especial à asma relacionada com o trabalho - que inclui a asma ocupacional e a asma agravada pelo local de trabalho. “Em qualquer dos casos a palavra de ordem é a prevenção. Prevenir o desenvolvimento de sensibilidade a qualquer dos componentes no local de trabalho. Estes componentes podem ser alergénios ou agentes químicos. Deverão ser respeitadas todas as normas de segurança laborais e, no caso dos doentes com asma prévia, cumprir a medicação prescrita corretamente e evitar fatores desencadeantes de crises de asma”, referem Filipa Todo Bom e Rita Gerardo.

Como forma de alerta para a importância do diagnóstico e tratamento da asma de modo a que a doença esteja controlada, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, através da Comissão de Trabalho de Alergologia Respiratória, vai realizar um rastreio no Centro Comercial Colombo, no dia 1 de maio, entre as 10h e as 14h.

Especialista
O investigador da Universidade Católica do Porto António Jácomo indicou hoje que o uso da inteligência artificial na saúde vai...

"Um dos grandes problemas na saúde não é tanto o prognóstico e as terapêuticas, mas sim o diagnóstico", disse o especialista do Instituto de Bioética da Católica-Porto, falando à Lusa a propósito da 4.ª edição do ICONE - International Conference on Neuroetchics, uma conferência sobre inteligência artificial, que decorre hoje, na Católica Porto.

Segundo o investigador, muitas doenças são causadas pela dificuldade na identificação do diagnóstico, situações que se podem alongar por meses ou anos.

Caso se consiga criar uma base de dados ou uma estrutura de inteligência artificial que origine um "diagnóstico mais fidedigno", será possível começar a terapêutica de uma forma "muito mais assertiva e com melhores resultados" para a qualidade de vida dos doentes, referiu.

"Neste momento, o verdadeiro avanço prende-se aos mega computadores, que podem ser ótimos auxiliares na área do diagnóstico, pela sua capacidade em realizar análises comparativas de todos os meios auxiliares de diagnóstico, obtendo, depois, um diagnóstico mais assertivo", referiu.

Contudo, ao mesmo tempo, existe o receio de que essas máquinas "mais complexas e eficientes" levem à perda da narrativa da medicina e da relação tradicional entre o médico e o doente, "o alicerce de toda a estrutura".

Para o investigador, outra das "grandes preocupações" está associada aos dados pessoais utilizados pelas mesmas máquinas.

"Esses grandes computadores têm, na sua base de dados, milhares de exames, de diagnósticos complementares, compilando mais informação do que a experiência de qualquer médico", acrescentou.

No entanto, sem acesso a essa quantidade de dados, "a máquina não pode fazer o seu trabalho", notou, indicando que é isso que as leva a serem carregadas com "os dados de milhões de pessoas com patologias semelhantes e de meios auxiliares de diagnóstico".

De acordo com António Jácomo, isso leva a "um inevitável extravasar dos dados pessoais, que são da propriedade das pessoas e dos doentes".

Questionado sobre uma eventual substituição total dos profissionais de saúde pela robótica e pela inteligência artificial, o investigador disse que "as máquinas poderão fazer todo o trabalho", caso os humanos assim o pretendam.

"O nosso trabalho, no Instituto de Bioética e noutros grupos ligados a questões da ética, é chamar a atenção de que, no final, o grande ordenador de todo este recurso tem que ser sempre o profissional de saúde", frisou.

O professor acredita que os profissionais de saúde vão "ter sempre um papel primordial", embora considere que os jovens médicos e a nova medicina (que já não se baseia apenas na evidência) terão que enfrentar "novos desafios", precisando de estar mais bem preparados, a todos os níveis, para que "continuem a dominar a máquina".

Além das implicações da inteligência artificial na saúde, a conferência ICONE aborda temas relacionados com os robôs cognitivos e a revolução ética, os novos desafios colocados à sociedade e as questões sociais, éticas e económicas que influenciam o desenvolvimento da robótica.

V Congresso dos Enfermeiros
O financiamento e a forma de gerir a Saúde vão estar no centro do debate do Congresso dos Enfermeiros, que hoje começa, com a...

Cerca de mil pessoas são esperadas no V Congresso dos Enfermeiros, que decorre até domingo em Lisboa, segundo estima a organização, que salienta que a inscrição dos enfermeiros é gratuita.

Em entrevista, a bastonária dos Enfermeiros refere que o financiamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um tema que urge debater, apesar de duvidar que seja possível atualmente um pacto para a saúde.

“Acredito que [um pacto para a saúde] é possível, mas só com determinados intervenientes. Será possível, mas têm de ser as pessoas certas. Não tenho a certeza se hoje todas as pessoas que compõem a área da saúde são as mais acertadas para compor esse pacto”, afirmou Ana Rita Cavaco.

Contudo, a representante dos enfermeiros reconhece que era importante e urgente um pacto nesta área: “Daqui a pouco, o que vamos ter é uma sombra do que era o SNS. E temos de pensar se queremos um SNS para pobrezinhos, porque é para lá que estamos a caminhar”.

Quanto ao financiamento e à forma de gestão do SNS, Ana Rita Cavaco considera que é sobretudo um “problema de subfinanciamento”, mas não só, defendendo que é necessária outra forma de financiar o sistema.

“A forma como estamos a financiar o SNS está progressivamente a ser abandonada por outros países”, indica a bastonária, defendendo um financiamento “por pacote de tratamento às pessoas” e não por atos de saúde.

Ana Rita Cavaco considera que, enquanto se financiar o número de atos, “há uma perversidade do sistema”, insistindo que se deve “financiar o que é praticado a uma pessoa no seu conjunto, sejam atos médicos, de enfermagem ou outros, abarcando o resultado final da intervenção”.

Francisco George
O transporte das vítimas, o apoio aos órfãos e os cuidados prestados pelas ‘damas-enfermeiras’, onde quer que estivessem os...

“Os voluntários da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) desempenharam um papel fundamental”, afirmou à Lusa o presidente da CVP, Francisco George, recordando o trabalho desenvolvido pelas ‘damas-enfermeiras’, voluntárias que acudiam aos doentes, onde quer que estes se encontrassem.

Muitas delas acabaram por morrer, afirmou, enquanto exibia dois dos vários bustos alusivos a estas voluntárias, que se encontram nas instalações da CVP.

“Colunas de ‘damas-enfermeiras’ saíam de Lisboa a caminho dos sítios mais afetados, nomeadamente no Minho, e fizeram um trabalho notável”, disse o ex-diretor-geral da Saúde.

Outra tarefa das ‘damas-enfermeiras’ foi cuidar das crianças no orfanato improvisado na Ajuda, em Lisboa, onde viviam os que tinham perdido os pais na pandemia.

Este orfanato, recordou, foi várias vezes visitado pelo Presidente da República de então, Sidónio Pais, que durante as suas deslocações distribuiu cobertores.

“Sidónio visitou estes estabelecimentos da CVP, incluindo o orfanato da Ajuda, onde distribuiu cobertores. Era o medicamento que na altura era mais distribuído e necessário, tal a pobreza do país”, disse.

Francisco George não entende a razão pela qual a figura das ‘damas-enfermeiras’ é tão “pouco descrita” na literatura. Contudo, “ficou para sempre inscrita como heroínas na luta contra a doença”.

“Estavam na frente, não só na frente da guerra, dos hospitais de campanha, como também na frente dos orfanatos e dos hospitais que tratavam da pneumónica”, adiantou.

À CVP foi ainda atribuída por Sidónio Pais a tarefa de transportar os “epidemiados”, como eram designadas as pessoas atingidas pelo vírus da gripe, em ambulâncias criadas na época e que eram puxados por voluntários da instituição até aos hospitais, nomeadamente os improvisados criados para esse fim.

Na sede da CVP, além de boletins clínicos dos doentes com “gripe espanhola” e fotografias dos hospitais e orfanatos improvisados, consta ainda uma ambulância que transportou muitos dos “epidemiados”.

Também conhecida como pneumónica, porque os doentes morriam de pneumonia, a pandemia teve duas vagas, uma no verão, outra em outubro, matou cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, mais do que a I Guerra Mundial, das quais entre 50 mil e 70 mil em Portugal, e ainda hoje é incerta a sua origem.

Opinião
A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção, também conhecida como PHDA, é uma doença neurop

Atualmente estima-se que cerca de 4 por cento dos adultos sofra desta perturbação que se manifesta através da conjugação de uma variedade de sintomas, nomeadamente: desorganização; incapacidade de foco; distração constante; inquietude (por exemplo ao mexer os pés e braços constantemente quando se está sentado/a); falar excessivamente; dificuldade em realizar atividades que requeiram calma e esforço mental (como ler um livro); impaciência; vontade de interromper os outros com frequência; e propensão para praticar ações que possam colocar em risco a si mesmo/a e aos outros, o que pode resultar em comportamentos adictos, como abuso de álcool, drogas, ou até mesmo de jogos e internet.

Normalmente os indivíduos com PHDA são apontados pelos seus familiares, amigos e colegas como sendo apenas distraídos e desassossegados. No entanto, importa perceber que existem alguns fatores que provam a real presença de uma doença, e não apenas a existência de caraterísticas isoladas. Destaca-se a extensa duração da ocorrência dos sintomas (que tendem a agravar-se com o passar do tempo), e a multiplicidade de locais onde estes se podem manifestar, quer seja em casa, no trabalho, espaços públicos, etc.

Esta perturbação acaba por afetar o indivíduo em diferentes instâncias do seu dia-a-dia, seja a nível pessoal, profissional, social e/ou emocional. Em consequência, um adulto que sofra de PHDA está predisposto a desenvolver outro tipo de doenças, tais como ansiedade, depressão ou perturbações do sono.

Importa destacar que o diagnóstico atempado, assim como o tratamento e o acompanhamento adequados são essenciais para ajudar os adultos a gerir a PHDA, de modo a reduzir as consequências negativas e a promover a qualidade de vida dos indivíduos e respetivas famílias.

Como resposta aos adultos que sofrem desta doença, a Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra (UPPC) disponibiliza uma consulta de Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção, através da qual se aposta numa abordagem terapêutica que inclui intervenções psicoterapêuticas e farmacológicas. Habitualmente (e a longo prazo), a combinação das duas opções traz resultados mais positivos. Contudo, em casos mais isolados e a curto prazo, a eficácia do tratamento é alcançada com o uso de fármacos.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Gripe espanhola
O visionarismo de Ricardo Jorge, diretor-geral da Saúde durante a “gripe espanhola” de 1918, está espelhado nas medidas de...

Da obrigatoriedade da notificação dos casos de gripe à aposta na higiene dos doentes, passando pela organização dos serviços de saúde e a inibição das migrações militares e agrícolas, as medidas de Ricardo Jorge, enquanto autoridade de saúde, ajudaram a minimizar os efeitos de uma pandemia que em meses fez mais baixas do que os quatro anos da I Guerra Mundial.

A ameaça não podia ser maior. Em 1918, Ricardo Jorge referia-se ao vírus – cuja agente na altura era desconhecido – como algo que “quase instantaneamente se derrama por uma cidade inteira e salta por cima de todas as barreiras”.

E perante tal adversidade, Ricardo Jorge vai mais longe, promovendo o fim de contactos como os apertos de mão e os ósculos (beijos).

A ação de Ricardo Jorge, patrono do atual Instituto Nacional de Saúde, que tem o seu nome, estende-se ainda à requisição de espaços públicos para acolher os doentes.

Em Lisboa, o Convento das Trinas acolheu 300 camas e o Liceu Camões quinhentas. Nada chegava, nem os caixões. Num só dia, contaram-se 200 enterros em Lisboa.

Francisco George, que ocupou o cargo de Ricardo Jorge entre 2005 e 2017, recorda-o como “uma figura importante, com grande prestígio no país devido à forma como tinha combatido e resolvido a peste bubónica no Porto, na viragem do século XX”.

Já como diretor-geral da Saúde, nomeado por António José de Almeida, Ricardo Jorge “tomou medidas, a mais significativa delas foi a mobilização dos quintanistas [estudantes do quinto ano] da Faculdade de Medicina para estarem na linha da frente no combate à gripe”.

“Ricardo Jorge, como diretor-geral da Saúde, enquanto autoridade da saúde em Portugal, cumpriu e fez tudo aquilo que tinha de ser feito”, afirmou, recordando que, na altura, “o país não tinha recursos”.

“Era terrível, porque não permitia financiar atividades que pudessem reduzir o sofrimento do nosso povo”, lamentou.

Fernando Almeida, presidente do conselho de administração do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), tem no seu gabinete um retrato do patrono do instituto que dirige. Sobre a sua obra, recorda “a invulgar capacidade de tentar conduzir as coisas”.

“É um homem que merecia muito mais do que teve. O trabalho que implementou foi um trabalho totalmente inovador e que, para a época, foi mal percebido, porque quem é inovador é sempre mal percebido. Foi porventura um dos homens que evitou grandes catástrofes”, considerou.

Da figura de Ricardo Jorge, Fernando Almeida destaca ainda a sua “capacidade de resiliência”.

“Só pessoas com uma grande convicção é que conseguem implementar medidas como os cordões sanitários”, referiu, sublinhando que há cem anos fazia falta um diagnóstico, pois inicialmente até se pensava que a doença era provocada por uma bactéria.

A historiadora Fernanda Rollo, que se tem destacado na investigação a este período da história, considera que “ninguém está preparado para dar resposta a uma pandemia desta natureza. Ninguém, nenhum país estava preparado”.

E recorda que “há uma continuidade de surtos epidémicos que vêm do século XIX. As pessoas não estão preparadas, não têm conhecimento nem instrumentos para lhe fazer face”.

Segundo a atual secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o esforço do combate à pandemia acabou por ser protagonizado por Ricardo Jorge, “um dos homens que nunca é demais elogiar e outros homens que começam por chamar as atenções para as questões de saúde pública”.

Em 1918 “não temos serviços públicos organizados, as infraestruturas não estão preparadas para ter um impacto deste”, disse, acrescentando aquilo que considera determinante: “Não temos ciência, não temos conhecimento organizado para compreender, para prevenir o impacto da pneumónica em Portugal, tal como não se tinha no contexto internacional”.

A virologista e diretora do Museu da Saúde, Helena Rebelo de Andrade, refere que algumas das medidas tomadas na altura para combater a “gripe espanhola” ainda hoje são “muito atuais”.

No início, “o que se recomenda é o doente ficar em casa, em repouso, ter uma dieta saudável, tomar tisanas, semelhante ao que hoje se recomenda”, disse

“Recomendava-se os caldos de galinha, água com açúcar, sumo de limão, de laranja, os gargarejos mentolados. E para a terapêutica para a redução da febre eram utilizadas soluções de quinino e os salicilatos”, adiantou.

Na segunda onda pandémica, em outubro, eram recomendadas para os casos graves injeções com soluções arsénicais e usadas injeções de cafeína e de adrenalina.

Na altura, Ricardo Jorge recomendou sete medidas: A obrigatoriedade da notificação dos casos, através dos delegados de saúde de todo o país, que teriam de concentrar a informação na Direção-Geral da Saúde, transmitindo-a telegraficamente, a higiene dos doentes e a inibição das migrações militares e agrícolas.

A requisição dos espaços públicos para instalação de hospitais, a organização dos serviços de saúde, a distribuição do serviço médico e farmacêutico nos distritos para atendimento dos mais pobres e a formação de uma comissão de socorro para o acompanhamento da epidemia foram outras medidas tomadas por Ricardo Jorge.

Helena Rebelo de Andrade sublinha ainda uma outra faceta de Ricardo Jorge.

“Durante a pandemia, como diretor-geral da Saúde não concorda com o fecho da fronteira com Espanha, que os espanhóis impuseram. Como não pode expressar politicamente a sua discordância, escreve nos jornais com um pseudónimo, Dr. Mirandela, para se insurgir contra o que chama de muralha da China”, contou.

A virologista não tem dúvidas de que da resposta à pneumónica foi possível tomar “muitas lições”, tendo em conta “a atualidade de algumas medidas, ainda hoje”.

A “gripe espanhola”, também conhecida por pneumónica, por conduzir à pneumonia na fase final da doença, atingiu o mundo em 1918, matando 50 milhões de pessoas. Em Portugal, a pandemia matou entre 509 mil e 70 mil pessoas em seis meses, dez vezes mais do que a I Guerra Mundial (1914-1918).

Procuradoria-Geral da República
O Ministério Público está a recolher elementos sobre os contratos de aluguer dos contentores onde estão a pediatria e...

A Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou que o Ministério Público se encontra a recolher elementos "com vista a decidir se há procedimentos a desencadear no âmbito das respetivas competências".

Esta recolha de elementos surge depois de a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavacoter pedido uma investigação a estes contratos, afirmando que “o nome das empresas [contratadas] muda sistematicamente”, mas “a pessoa é sempre a mesma”.

Ana Rita Cavaco questionou os contratos, lembrando que estão em causa “milhares de euros” gastos por mês.

“Aqueles contentores custam milhares de euros por mês ao Estado. Se calhar já tínhamos construído outro hospital de São João ao longo destes anos com aquele dinheiro. O mais engraçado é olhar para o nome das empresas a quem os contentores são contratualizados. A pessoa é sempre a mesma, mas o nome da empresa muda sistematicamente”, afirmou.

A bastonária lembra que se trata de dinheiro de todos os contribuintes e por isso pede às autoridades que investiguem.

“Nesta altura, em que falamos tanto de corrupção e que há eventualmente processos pouco transparentes, gostava que alguém fosse investigar esta questão”, refere.

Segundo o portal da contratação pública, o Centro Hospitalar de São João estabeleceu em 2016 contratos por ajuste direto para “renovação dos serviços de aluguer de contentores” no valor acima de 390 mil euros.

Em 2017, os contratos de aluguer de contentores atingiram cerca de 700 mil euros.

Os contentores instalados no hospital São João têm sido alvo de polémica, sobretudo após denúncias de falta de condições de atendimento e tratamento de crianças com doenças oncológicas.

Em protesto
O juiz Eurico Reis apresentou ontem ao presidente da Assembleia da República a demissão do Conselho Nacional de Procriação...

Segundo Eurico Reis, a demissão tem efeitos a partir de segunda-feira, devendo o juiz desembargador participar ainda na reunião do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) que hoje vai analisar o acórdão do Tribunal Constitucional (TC).

O TC considerou inconstitucionais algumas normas da lei da PMA, nomeadamente o anonimato dos dadores de gâmetas e a gestação de substituição.

De acordo com Eurico Reis, a demissão das funções que ocupa neste órgão regulador, do qual faz parte desde a sua criação em 2006, é “uma forma de protesto contra o acórdão do TC, nomeadamente as suas decisões e a fundamentação das mesmas”.

Numa primeira reação, no dia em que foi conhecida a decisão do TC, o juiz desembargador considerou que o chumbo de várias regras da lei da PMA espelha a visão dos juízes que o compõem e vai trazer mais infelicidade, alertando ainda para as consequências desta decisão.

“Vai deixar de haver dadores, vamos gastar rios de dinheiro a importar gâmetas ou então para a PMA toda, ficando a funcionar apenas para aqueles para quem ainda é possível realizar tratamentos com material dos próprios”, disse.

O acórdão do TC responde a um pedido de fiscalização da constitucionalidade formulado por um grupo de deputados à Assembleia da República.

Eurico Reis referiu que o TC se desdiz, pois não levantou problemas em relação ao anonimato dos dadores, plasmado na lei da PMA, de 2006, levantando-os agora.

Em relação à gestação de substituição, o juiz desembargador considerou que esta posição é “um ataque” a uma “forma muito equilibrada que o legislador encontrou de dar felicidade às pessoas”.

Recordando que são precisas entidades como os tribunais para que a sociedade funcione de forma organizada, Eurico Reis alerta para uma questão: “Quem é que guarda os guardas, principalmente os guardas que ninguém guarda?”.

As declarações de inconstitucionalidade do TC não se irão aplicar nas situações em que já tenham sido iniciados os processos terapêuticos, em execução de contratos já autorizados pelo CNPMA.

A lei que regula o acesso à gestação de substituição nos casos de ausência de útero, de lesão ou de doença deste órgão que impeça de forma absoluta e definitiva a gravidez, foi publicada em Diário da República em 22 de agosto de 2016.

A legislação foi publicada depois de introduzidas alterações ao diploma inicial, vetado dois meses antes pelo Presidente da República, que o devolveu ao parlamento para que a lei fosse melhorada e incluísse "as condições importantes" defendidas pelo Conselho de Ética.

Na altura, Marcelo Rebelo de Sousa justificou a decisão com o argumento de que faltava na lei "afirmar de forma mais clara o interesse superior da criança ou a necessidade de informação cabal a todos os interessados ou permitir, a quem vai ter a responsabilidade de funcionar como maternidade de substituição, que possa repensar até ao momento do parto quanto ao seu consentimento".

A lei de gestação de substituição foi aprovada, com alterações após o veto presidencial, em 20 de julho de 2016, com os votos favoráveis do BE (partido autor da iniciativa legislativa), PS, PEV, PAN e 20 deputados do PSD, votos contra da maioria dos deputados do PSD, do PCP, do CDS-PP e de dois deputados do PS e a abstenção de oito deputados sociais-democratas.

As alterações introduzidas pelo BE estabelecem essencialmente a necessidade de um contrato escrito entre as partes, "que deve ter obrigatoriamente disposições sobre situações de malformação do feto ou em que seja necessário recorrer à interrupção voluntária da gravidez".

A decisão do TC foi saudada pelo CDS-PP, pela voz da sua líder, Assunção Cristas, depois de ter cabido aos centristas liderar o processo de pedido de fiscalização sucessiva, tendo também o PSD, através do seu líder parlamentar, Fernando Negrão, registado “com agrado” a decisão do tribunal.

Bloco de Esquerda e PS mostraram-se disponíveis para introduzir alterações à lei.

Estudo
Cientistas verificaram num ensaio pré-clínico com ratos que o vírus Zika elimina tumores cerebrais comuns em crianças com menos...

Uma equipa de investigadores da Universidade de São Paulo, no Brasil, injetou uma baixa concentração do vírus purificado em tumores cerebrais embrionários humanos que foram induzidos em ratos com baixa imunidade.

Resultado: os tumores regrediram em 20 dos 29 animais 'tratados' com o vírus, sendo que os tumores desapareceram em sete dos roedores.

Em alguns casos, o vírus Zika foi igualmente eficaz contra as metástases, ao eliminar um segundo tumor (formado a partir de um primeiro) ou inibir o seu desenvolvimento.

No trabalho, publicado ontem na revista da especialidade Cancer Research, os cientistas usaram linhagens de células humanas derivadas de dois tipos de tumores embrionários do sistema nervoso central que atingem crianças com menos de cinco anos: o meduloblastoma e o tumor teratóide rabdóide atípico.

A infeção pelo vírus Zika transmite-se aos humanos pela picada de um mosquito e tem sido associada a microcefalia (tamanho do cérebro e da cabeça mais pequeno) em fetos e recém-nascidos.

Um surto atingiu em 2015 vários países da América Latina, sobretudo Brasil.

Boletim Polínico
As concentrações de pólenes no ar vão estar muito elevadas em quase todas as regiões de Portugal continental nos próximos sete...

Para a semana de 27 de abril a 03 de maio de 2018, preveem-se concentrações de pólenes muito elevadas para quase todas as regiões, enquanto a Região de Entre Douro e Minho terá concentrações em níveis moderados, a Beira Litoral com níveis elevados e as regiões autónomas dos Açores e da Madeira com níveis baixos ou moderados.

Os pólenes das árvores carvalhos, pinheiro e bétula predominam nas regiões de Trás-os-Montes e no Alto Douro, bem como na região de Entre Douro e Minho. No que diz respeito às ervas, predominam os pólenes de gramíneas, parietária e azeda na região de Trás-os-Montes e de urtiga, parietária e gramíneas em Entre Douro e Minho.

Nas regiões da Beira Interior e da Beira Litoral prevalecem os pólenes das árvores carvalhos, oliveira e pinheiro e das ervas urtiga, parietária e gramíneas, com o acréscimo das ervas tanchagem e azeda apenas na Beira Litoral.

Os pólenes das árvores carvalhos e oliveira e das ervas urtiga, gramíneas, tanchagem e parietária estarão em destaque em Lisboa e Setúbal e no Algarve, apenas com o acréscimo da erva quenopódio na região do Algarve.

Os pólenes das árvores azinheira, sobreiro e oliveira e das ervas gramíneas, tanchagem, parietária e azeda serão os dominantes no Alentejo.

Ao contrário das regiões do continente, os pólenes estarão em níveis baixos na Madeira, destacando-se os pólenes do pinheiro e das ervas urtiga, gramíneas e parietária, e, nos Açores, os pólenes encontram-se em níveis moderados, com predomínio dos pólenes do pinheiro e das ervas urtiga e parietária.

A alergia ao pólen é causa frequente de manifestações alérgicas, que podem ser do aparelho respiratório (asma e rinite alérgica), dos olhos (conjuntivite alérgica) ou da pele (urticária e eczema).

O Boletim Polínico efetua a divulgação semanal dos níveis de pólenes existentes no ar atmosférico recolhidos através da leitura de postos que fazem uma recolha contínua dos pólenes em várias regiões do País.

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