Esta semana em Lisboa
Cerca de 90 instituições da saúde participam numa Convenção Nacional que esta semana decorrerá em Lisboa, com o objetivo de...

A convenção foi criada com o objetivo de ser “o maior debate nacional de sempre sobre o presente e o futuro da saúde em Portugal” e o presidente da comissão organizadora, Eurico Castro Alves, acredita que há condições para se estabelecer um “pacto nacional para a saúde”, como tem sido advogado pelo Presidente da República.

“Envolvemos muita gente nesta discussão e temos cerca de 90 instituições fortes da saúde, como todas as ordens profissionais, hospitais públicos e privados, associações de doentes e também o setor social”, referiu Eurico Castro Alves, em declarações.

O presidente da comissão organizadora, que refere que se envolveu “de alma e coração” nesta convenção, acredita que há condições para um pacto na saúde e que é possível encontrar e valorizar “mais o que une do que aquilo que separa” os vários intervenientes no setor.

Eurico Castro Alves reconhece que há, no setor, “interesses muitas vezes conflituantes”, mas julga que é possível “pôr de lado as diferenças e olhar para o que pode servir de base a um compromisso futuro”.

“Temos um Serviço Nacional de Saúde (SNS) que todos valorizamos e que queremos estimar”, exemplificou.

A questão do financiamento do setor deve estar no centro do debate de ideias na Convenção Nacional da Saúde, reconhece o responsável, que entende que é incontornável discutir a necessidade de orçamentos plurianuais, uma ideia que já foi defendida pelas várias ordens profissionais.

Também o mentor da ideia da convenção, o bastonário da Ordem dos Médicos, admite que um maior financiamento para o setor é um “objetivo de base que tem de ser concretizável”.

“Julgo que toda a gente no país já percebeu que é preciso mais dinheiro para a saúde. Vamos ser todos objetivos. Se toda a gente já percebeu que é preciso mais dinheiro para a saúde, então esse objetivo tem de ser concretizável”, afirmou o bastonário Miguel Guimarães, em declarações.

O representante dos médicos frisa que a questão do investimento e do financiamento do Serviço Nacional de Saúde é central em toda a discussão, considerando que todos os intervenientes na Convenção partilham a ideia de que o SNS é fundamental para os portugueses e para o país.

“Se o nosso objetivo é melhorar a qualidade e o acesso à saúde, o primeiro ponto, não tenho dúvidas, é o do investimento. Se não tivermos mais dinheiro, não vamos conseguir fazer mais nada”, afirmou.

Miguel Guimarães recorda que, há pouco mais de um ano, vários bastonários de ordens ligadas à saúde propuseram que o Orçamento de Estado dedicasse à saúde 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB), a média dos países da OCDE, propondo também orçamentos plurianuais.

O bastonário dos Médicos lembra que esta era uma ideia apenas das ordens e que a convenção pode definir outro tipo de objetivo, uma vez que “tem o mérito de reunir várias entidades e ser quase completamente representativa do setor”.

Mas Miguel Guimarães assume que a iniciativa seria um fracasso caso dela não resultassem “recomendações objetivas”, com estabelecimento de metas.

Na mesma linha, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros lembra que “não há tempo nem disposição para entrar em debates intermináveis”.

“O financiamento da saúde e do SNS é um ponto base. Precisamos de mais dinheiro, de mais investimento, de mais recursos. Já somos dos países que menos gasta em saúde”, sintetiza Ana Rita Cavaco.

Para a bastonária, o país depara-se com um “problema grave e estrutural” que é o subfinanciamento da saúde: “o problema está no dinheiro que lá pomos”.

A representante dos Enfermeiros chama também a atenção para a necessidade de orçamentos plurianuais, mas entende que nada se resolve se “o bolo não for maior”.

A Convenção Nacional da Saúde decorre quinta e sexta-feira, na Culturgest, em Lisboa.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, reconheceu ontem que o número de anestesistas é insuficiente, mas realçou que...

Adalberto Campos Fernandes falava aos jornalistas na Cidade do Futebol, Oeiras, após o lançamento do plano da Organização Mundial da Saúde para a atividade física para o período 2018-2030.

As declarações do ministro da Saúde surgiram em resposta a um estudo ontem divulgado segundo o qual mais de 500 anestesistas estão em falta nos hospitais públicos portugueses, apesar de o número destes profissionais ter crescido desde 2014.

O ministro realçou que o país tem hoje mais anestesistas do que em 2017 ou "há dois e três anos", considerando que o número está a "evoluir positivamente".

"São suficientes? Ainda não são", reconheceu, assinalando que "não vale a pena iludir as pessoas com soluções fáceis, rápidas e imediatas que não existem".

Sem concretizar medidas, Adalberto Campos Fernandes disse que há cinco especialidades médicas carenciadas, incluindo a anestesiologia, cuja preocupação do Governo é "formar mais e contratar assim que possível".

De acordo com o estudo, publicado na Ata Médica Portuguesa, faltam 541 anestesistas nos hospitais públicos, quando as necessidades de especialistas são crescentes.

O estudo - Censos de Anestesiologia 2017 - analisou a realidade em 86 hospitais do Serviço Nacional de Saúde e foi realizado pelo colégio de especialidade da Ordem dos Médicos, permitindo fazer uma comparação com o mesmo trabalho efetuado em 2014.

A Ordem dos Médicos considera inaceitável que o Ministério da Saúde continue a obrigar os anestesistas a fazerem 18 horas semanais de serviço de urgência, impedindo assim o aumento da capacidade cirúrgica em Portugal.

O bastonário Miguel Guimarães defendeu, que a redução de 18 para 12 horas semanais em urgência, voltando-se a cumprir o que estava estabelecido antes da intervenção da 'troika', iria "aumentar a capacidade cirúrgica no país". As horas que os anestesistas deixassem de cumprir em serviço de urgência passavam a ser cumpridas em bloco operatório.

Em resposta, o ministro da Saúde invocou ontem, na Cidade do Futebol, que "há mais atividade cirúrgica este ano do que no ano passado e há dois anos" e que "se os médicos estão na urgência é porque fazem falta".

Adalberto Campos Fernandes referiu, sem se comprometer com prazos, que "assim que possível" serão criadas "condições para que a carga horária seja reduzida".

Região Centro
Quatro dezenas de municípios da região Centro aderiram ontem ao programa de promoção da atividade física da Direção-Geral da...

Em comunicado, a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) salienta que, "ao subscreverem os protocolos de cooperação, as autarquias assumem-se como agentes facilitadores para a implementação, a nível concelhio, de estratégias de participação comunitária para o cumprimento das orientações da Organização Mundial de Saúde e das políticas de saúde nacional, designadamente a nível de consumos alimentares e da prática da atividade física".

"A promoção da atividade física é vital para a melhoria da saúde das populações e os municípios são fundamentais para o desenvolvimento de estratégias nesse sentido porque conhecem bem as necessidades locais e os recursos disponíveis para a concretização de planos e de projetos adequados à sua realidade", destacou a presidente da ARSC, citada na nota.

Segundo Rosa Reis Marques, este é o caminho a seguir para que o "Centro do país seja, efetivamente, uma região saudável, com uma população cada vez menos atingida por doenças crónicas como a diabetes, a obesidade, as doenças cardiovasculares ou oncológicas".

A assinatura dos protocolos de cooperação realizou-se ontem  em Lisboa, no decurso do lançamento do Plano de Ação Mundial para a promoção da Atividade Física da OMS, com as presenças do Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, e do Diretor-Geral da OMS, Tedros Ghebreyesus.

"Pessoas Mais Ativas para um Mundo mais Saudável" foi o nome escolhido pela OMS para este plano que dá orientações aos países para promoverem, numa lógica intersetorial e de saúde em todas as políticas, a atividade física junto das populações, nomeadamente através da criação de ambientes seguros e acessíveis para pessoas de todas as idades.

Artigo de Opinião
A nossa sociedade assenta na premissa que a doença é uma coisa má.

Muitas vezes utilizamos expressões do tipo “lutar contra esta doença”, como se ela fosse um intruso e aprendemos a vê-la e a senti-la como o inimigo, que devastou o nosso mundo.

E quando integramos esta forma de pensar, quase que todo o nosso ser, o nosso corpo, o nosso espírito se põe em posição de batalha, de luta, de guerra, em que muitas vezes “vale tudo” e o que se quer apenas é ganhar. Ganhar a qualquer custo.

Mas será isso mesmo o que precisamos? Será esse estado de alma que nos vai devolver a tranquilidade ao nosso mundo, que nos vai ajudar a (re)conquistar a nossa paz interior?

Convido-o a pensar a sua doença de outra forma, como se ela tivesse algo para lhe dizer. Talvez até para lhe ensinar. E tal como se faz em “conversações de paz”, onde os vários lados se sentam a uma mesa para conversar, negociar e escutar, convido-o a si a parar um pouco e a disponibilizar-se para escutar “o outro lado”, para ouvir dessa doença que agora habita em si, e que de certa forma faz parte de si, é parte de si, e ouvir o que tem para lhe dizer.

E nessa reflexão em que começará a olhar para a sua doença de outra forma e, por outras palavras, a olhar para si de forma diferente, convido-o a nova reflexão, na qual identifica 3 coisas que na verdade vai conseguir obter, até mesmo ganhar, com essa situação. Estas coisas ou se quiser estes ganhos, podem ir desde alterações favoráveis a emoções e sentimentos até a mais tempo para si, ou aprendizagens e mesmo novos relacionamentos.

Sei que em momentos complicados pode-nos ser difícil pensar de outra forma e sobretudo de uma forma mais positiva. Não desista enquanto não tiver 3 coisas boas que esta doença lhe trouxe ou lhe pode trazer. E com essa mão cheia de coisas boas, volte a conversar consigo e negoceie então com aquele que o habita (a doença), qual é a melhor forma de (con)viverem juntos durante esta fase da sua vida.

Se e quando precisar de mim, aqui estou para si.

Um abraço,

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Aeroporto de Lisboa
O SEF e a organização não-governamental de ajuda humanitária Médicos do Mundo deram ontem início a uma colaboração para...

Em comunicado, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras adianta que, através deste projeto piloto, vai ser avaliado o estado de saúde de todos os cidadãos estrangeiros com o objetivo de “prevenir a agudização de doenças detetadas, instituindo terapêuticas a todos os casos que possam ser seguidos em ambulatório”, além das situações mais graves serem encaminhadas para uma urgência hospitalar.

Segundo o SEF, esta equipa de saúde, constituída por um coordenador, um médico e um enfermeiro, vão ainda dar formação aos colaboradores deste serviço de segurança para que possam dar uma resposta imediata a casos comuns de doença aguda.

Os cidadãos estrangeiros são instalados no Centro de Instalação Temporária do Aeroporto de Lisboa de acordo com o estabelecido pela Lei de Estrangeiros e do Asilo, para efeitos de afastamento de território nacional ou no âmbito de uma recusa de entrada no país ou caso tenham apresentado um pedido de proteção internacional naquele posto de fronteira.

Os Centros de Instalação Temporária acolhem estrangeiros nacionais de estados terceiros a quem foi recusada a entrada em território nacional ou que apresentaram pedido de asilo político nos aeroportos ou que se encontrem a aguardar afastamento de território nacional.

Atualmente, o SEF dispõe de três Centros de Instalação Temporária em Lisboa, Porto e Faro.

Os Médicos do Mundo são uma organização não governamental de ajuda humanitária e de cooperação para o desenvolvimento, assentando o seu trabalho no direito fundamental de todos os seres humanos terem acesso a cuidados de saúde independentemente da sua nacionalidade, religião, ideologia ou situação económica.

Estudo
Investigadores da Universidade de Basileia, na Suíça, criaram uma medula óssea artificial na qual as células estaminais...

A investigação, publicada na revista científica PNAS, lembra que há anos que se tenta reproduzir em laboratório a medula óssea, para melhor compreender os mecanismos de formação do sangue e desenvolver novas terapias, por exemplo para o tratamento da leucemia.

A medula óssea é um tecido gelatinoso dentro de vários ossos onde estão as chamadas células estaminais, as células que se autorrenovam, se dividem e se transformam em outros tipos de células.

Todos os dias são formados na medula óssea muitos milhões de células sanguíneas, com as células estaminais a multiplicar-se e a amadurecer em glóbulos vermelhos e brancos que passam então para a corrente sanguínea.

Se até agora, diz-se no estudo, tem sido difícil criar modelos “in vitro” (em laboratório) porque as células estaminais perdem a capacidade de se multiplicarem, os investigadores projetaram nesta investigação um tipo de medula óssea na qual as células estaminais se multiplicam durante alguns dias.

Os investigadores, entre eles Ivan Martin, do Departamento de Biomedicina da Universidade de Basileia e do Hospital Universitário, e Timm Schroeder, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, desenvolveram um tecido artificial que imita algumas das complexas propriedades biológicas dos nichos naturais da medula óssea.

Para tal combinaram células estromais mesenquimais (consideradas células fonte das células estaminais) com um recipiente em 3D, poroso, semelhante a um osso, num processo conhecido como biorreator de perfusão, que combina materiais biológicos e sintéticos para imitar as condições propícias às células estaminais no corpo humano.

Assinala-se hoje o Dia Mundial da Ortóptica
No dia Mundial da Ortóptica é importante falar desta ciência e desta profissão, dando a conhecer tod

O ortoptista é o único profissional da área da visão, para além do médico oftalmologista, com competências e habilitações para desempenhar variadíssimos atos clínicos na área da oftalmologia, que vão desde os variadíssimos exames complementares de diagnóstico, as avaliações e tratamentos de ortóptica, as consultas de contactologia, avaliação refrativa e sub-visão, as ações de sensibilização, os programas de rastreio e prevenção no âmbito da promoção e educação para a saúde da visão, e ainda o trabalho dedicado à área do ensino e da investigação, integrando equipas multidisciplinares.

Atualmente, o ortoptista não é um mero executante de exames complementares de diagnóstico e colabora ativamente em todo o follow-up do doente, trabalhando em equipa com o médico oftalmologista.

Esta profissão, apesar de desconhecida para muitos, é importante para quase todos nós pois, de uma forma ou de outra, num hospital, numa clínica, no centro de saúde, numa óptica, possivelmente já se terá cruzado com este profissional sem dar conta.

Nos casos de doentes diabéticos, o ortoptista realiza exames que permitem observar a retina e detetar os primeiros sinais de retinopatia diabética; no glaucoma avalia o estado geral do nervo óptico bem como a tensão ocular e o respetivo campo visual; em casos de presença de catarata realiza todos os exames pré e pós cirúrgicos necessários; em usuários de lentes de contato ou que ambicionem deixar de usar óculos realiza todos os exames exaustivos à córnea e filme lacrimal.

Na observação de crianças pode detetar precocemente qualquer anomalia na sua função visual, como a presença de ambliopia (olho preguiçoso) e/ou alterações da motilidade ocular (por exemplo, estrabismos ou insuficiência de convergência), daí a importância da prevenção precoce.

Em suma, o ortoptista é um profissional bastante completo.

Num ano marcado por alguma turbulência e de revolução para os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica (TSDT), num período de lutas e greves, é importante ressalvar que a ortóptica está em luta ao lado das restantes 16 profissões que compõem o grupo e cujas funções estão relacionadas com as ciências biomédicas laboratoriais, da imagem médica e da radioterapia, da fisiologia clínica e dos biossinais, da terapia e reabilitação, da visão, da audição, da saúde oral, da farmácia, da ortoprotesia e da saúde pública.

Só podem exercer estas profissões aqueles a quem, na sequência de uma formação superior, seja atribuído o título profissional respetivo pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). A detenção do título profissional é comprovada pela emissão de uma cédula profissional, ao abrigo de um decreto-lei específico para cada profissão.

Autores:
Cátia Cantante, Inês Seatra, Dora Teixeira e Vera Pereira - Ortoptistas nas Clínicas Leite

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Investigação da Universidade de Aveiro na área da Computação Afetiva
Através de um simples eletrocardiograma já é possível descobrir não só a quem pertence o respetivo coração como ainda as...

“O eletrocardiograma (ECG) é o sinal elétrico emitido pelo nosso coração. Este sinal contém informação muito variada, desde a informação clínica consultada pelo médico para inferir o estado do nosso coração, até informação individual, como é o caso dos padrões de resposta a estímulos emocionais”, explica Susana Brás, investigadora do Instituto de Engenharia Electrónica e Informática de Aveiro (IEETA) da Universidade de Aveiro (UA) e coordenadora do trabalho.

Assim, aponta, “os registos de ECG de diferentes pessoas contêm informação semelhante, sendo essa informação a que é analisada e extraída pelo médico, de forma a avaliar a nossa condição de saúde”. Contudo, “o nosso coração é único e, por conseguinte, tem informação individual, imprimindo uma chave unívoca no ECG e permitindo, desse modo, que a pessoa seja identificada”.

No que às emoções diz respeito, “estas desempenham uma importante função de coordenação com o nosso meio ambiente, mobilizando o organismo para um conjunto de ações sincronizadas que visam promover funções adaptativas como fugir de uma situação de perigo, no caso da emoção de medo”. Entre estas ações, destacam-se as biológicas que, entre outras manifestações, “se refletem no traçado do ECG, o que permite então a identificação da emoção experienciada pela pessoa”, desvenda Susana Brás.

E se até agora já existiam estudos sobre identificação biométrica usando ECG e outros que o usavam para identificar emoções, o trabalho da UA, pela primeira vez, apresenta um método capaz de identificar ambas as situações – a pessoa e a sua emoção – ao mesmo tempo.

Computação Afetiva ao serviço das pessoas
“O método usado neste trabalho compara registos, isto é, tendo uma base de dados com vários registos, quando recebe um novo registo de ECG compara-o com os que conhece da base de dados. A identificação da pessoa e da emoção tem como base a maior medida de semelhança”, aponta a investigadora.

Sabendo que o ECG é um sinal rico em informação sobre a pessoa e sobre o que esta está a sentir, este poderá ser usado na adaptação de sistemas, tais como casas, aplicações de software ou pontos de acesso. Nestes casos, aponta Susana Brás, “a ideia será adaptar o sistema às necessidades de cada um”. Imagine-se que a pessoa está triste ou cansada. Nestes casos, por exemplo, o sistema poderá adaptar-se de forma a ajudá-la a reverter essas situações ligando uma música calma ou aconselhando um filme alegre.

Por outro lado, esta informação poderá ser usada em perícias criminais, para avaliar, por exemplo, o estado emocional de testemunhas e suspeitos, assim como auxiliar no diagnóstico e avaliação da eficácia da terapêutica na intervenção psicológica.

Este trabalho surge da colaboração entre duas unidades orgânicas da UA, o Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática e o Departamento de Educação e Psicologia, e das unidades de investigação IEETA e Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS).

Assinado também por Jacqueline Ferreira, Sandra Soares e Armando Pinho, a investigação correspondendo a um de vários trabalhos interdisciplinares, nesta universidade, entre a Engenharia Informática e a Psicologia na área da Computação Afetiva.

“É uma nova área de investigação dentro das Ciências de Computadores, que visa estudar a pessoa como o centro de qualquer sistema. Sendo assim o sistema será desenvolvido de acordo com as necessidades da pessoa, tornando-o mais apelativo. Neste contexto podemos ter sistemas desenvolvidos com os mais diversos objetivos”, aponta Susana Brás.

Quimioterapia
Uma nova combinação de quimioterapia foi experimentada em França e no Canadá em doentes com cancro no pâncreas, que viveram...

Os investigadores, que divulgaram hoje as conclusões num encontro médico em Chicago, nos Estados Unidos, acreditam que poderá ser uma mudança de paradigma no combate à doença, que tem baixa taxa de sobrevivência, desde que o tumor seja detetado e removido cirurgicamente antes de se espalhar.

Dois terços dos doentes conseguiram sobreviver mais três anos com a nova terapia em relação aos que receberam os tratamentos habituais.

A nova terapia foi usada em 500 doentes, a quem foi ministrado um medicamento chamado 'folfirinox', que junta quatro substâncias usadas em quimioterapia, em testes de comparação com a terapia habitual com um medicamento denominado 'gemzar'.

Em Lisboa
Cerca de 340 casos de tuberculose foram diagnosticados entre 2001 e 2017, num universo de 6.856 toxicodependentes, no âmbito do...

No ano em que se assinalam duas décadas de colaboração regional entre a deteção e tratamento da tuberculose e o PSBLE – Programa de redução de danos e de proximidade aos utilizadores de drogas com apoio de saúde e psicossocial e recurso a administração de metadona da cidade de Lisboa, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) salienta “os feitos conquistados na saúde de uma população vulnerável e com especificidades muito próprias”.

Entre 2001 e 2017, foram diagnosticados 343 casos de tuberculose nas pessoas que aderiram ao programa, através da realização de 20.210 exames radiográficos e confirmados pelos exames bacteriológicos efetuados nos Centros de Diagnóstico Pneumológico (CDP) e na unidade móvel de radiorrastreio da ARSLVT.

Ao longo deste período, o CDP de Lisboa e o PSBLE, gerido pela Associação Ares do Pinhal, deram resposta a estas 343 pessoas, num total de 6.856 utentes, o que significa uma taxa de prevalência da tuberculose de 5%.

No total, mais de 95,4% dos utentes completou o tratamento para a tuberculose no decurso do programa de substituição e a taxa de abandono situou-se nos 4,6%, adiantam os dados divulgados pela ARSLVT em comunicado.

Destes doentes, a maioria tinha outros fatores de risco como VIH e um marcador positivo para a hepatite C.

“Desde o primeiro momento que chamámos a atenção para comportamentos como o alcoolismo, tabaco e outras toxicodependências como fatores a considerar na redução do abandono do tratamento da tuberculose e na melhoria da acessibilidade à terapia. E estes números demonstram isso mesmo”, afirma Maria da Conceição Gomes, responsável pela área da Tuberculose da ARSLVT, realçando o papel fundamental desta parceria.

Para frequentar o PSBLE, “é condição prévia” fazer o rastreio para a tuberculose, refere a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.

A colaboração da área da Tuberculose com a área das Dependências teve início em 1997. A parceria permanece até hoje com as Equipas de Tratamento de Xabregas/Taipas e Loures/Odivelas, bem como com as unidades móveis do programa.

O fator impulsionador do fortalecimento dessa parceria surgiu em 1998, ano em que o Programa de Substituição da Metadona teve início no Casal Ventoso, em Lisboa.

O PSLBLE é atualmente financiado pela Câmara Municipal de Lisboa e pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) e monitorizado pela Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências da ARSLVT.

Associação RESPIRA lançou campanha
Para assinalar o Dia Mundial Sem Tabaco, a Associação RESPIRA lançou uma campanha de sensibilização

Esta campanha pretendeu sensibilizar os condutores que fumam no interior dos carros, para os malefícios que o fumo provoca, sobretudo quando transportam crianças.

O tabagismo é considerado um grave problema de saúde pública, já que é responsável pela diminuição da qualidade e duração de vida. Tem ainda a agravante de ser um fator de risco, não só para o fumador, mas para todos aqueles que se encontram frequentemente expostos ao fumo passivo, sobretudo as crianças, que são o alvo mais sensível.

O fumador passivo desenvolve tantos problemas de saúde quanto os tradicionais fumadores. Para além das infeções respiratórias, que estão no topo das causas de morte por fumo passivo, existem outras complicações.

As crianças, dada a sua natureza mais frágil, acabam por ser fortemente afetadas com este fumo passivo. Das várias complicações destacamos o desenvolvimento de problemas respiratórios, nomeadamente asma, bronquite e pneumonia; o aumento em 30% de probabilidade de cancro do pulmão e em 24% o risco de problemas cardíacos; a curto prazo as crianças podem apresentar irritação nos olhos, dor de cabeça, náuseas, tosse, falta de ar, sinusite crônica e até problemas auditivos (perda auditiva neurossensorial); problemas psiquiátricos e psicológicos decorrentes da ansiedade e depressão causados pela inalação dos gases tóxicos do fumo do tabaco; e, por fim, os mais novos podem perder a capacidade de concentração e terem maiores dificuldades de aprendizagem, uma vez que a inalação de fumo interfere diretamente no seu comportamento, tendem a ficar mais irritadas e impacientes.

 

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Incêndios
A Cruz Vermelha disponibiliza, a partir de hoje, uma linha telefónica de alerta para ajudar a proteger as populações perante...

O número 1415 pretende “complementar as operações que visam assegurar a proteção das populações perante a iminência de catástrofes, nomeadamente incêndios florestais”, mas não substituindo o 112, pretendendo antes ser um contacto complementar e de proximidade, segundo a Cruz Vermelha Portuguesa.

O presidente da instituição, Francisco George, disse que o objetivo é acelerar respostas e estar mais próximo das pessoas, tendo sido criada uma linha telefónica com quatro dígitos para fácil memorização.

Segundo a Cruz Vermelha, qualquer cidadão pode ligar para a linha ao identificar um eventual processo de ignição de um incêndio, uma emergência ou uma situação de risco social.

As chamadas são atendias 24 horas por dia e 365 dias por ano, na sala de operações nacional da Cruz Vermelha, em Coimbra.

A informação recebida na linha será transmitida aos serviços competentes de Proteção Civil, forças de segurança, emergência médica e emergência social, para, em articulação com a Cruz Vermelha, ser possível intervir atempadamente e maximizar as capacidades de resposta.

Estudo
Cerca de um terço dos anestesistas formados nos últimos anos optou por não trabalhar no Serviço Nacional de Saúde, segundo um...

De acordo com os Censos de Anestesiologia 2017, formaram-se em três anos 145 especialistas em anestesiologia e 99 terão ingressado nos quadros médicos dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o que representa 68 por cento.

A capacidade formativa máxima de anestesiologistas aumentou, passando de um máximo de 64 para 80 médicos, uma alteração introduzia em 2016.

“Contudo, se deste esforço apenas dois terços dos novos especialistas efetivamente celebram contrato com as instituições do SNS, dificilmente conseguiremos no tempo estimado de três anos aumentar em 200 anestesiologistas”, como estava previsto no anterior Censos de 2014, refere o estudo.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, lamenta que o Ministério da Saúde continue a deixar sair profissionais para fora do país e para o privado, não os retendo no SNS.

“O país tem de criar condições competitivas para reter os jovens médicos no SNS. E dizer isto não significa pagar mais apenas. Significa, por exemplo, abrir rapidamente os concursos para os especialistas que terminam a sua formação e não demorar meses e meses a fazê-lo, fazendo com que desistam do sistema”, afirmou o bastonário.

É também necessário, segundo o representante dos médicos, melhorar o apoio à formação profissional, dar acesso aos profissionais à investigação, oferecer um claro projeto de trabalho e boas condições para trabalhar.

Projeções feitas nestes Censos mostram que até 2020 só se conseguirão obter mais 200 anestesistas, tendo em conta as saídas dos profissionais que completam 66 anos e vão para aposentação.

O estudo indica que há um défice de 541 anestesiologistas nas instituições hospitalares do SNS.

O rácio de anestesiologistas em 2017 determinado pelo Censos no SNS era de 12,4, para 100 mil habitantes quando em 2014 se situava nos 12,0.

Numa análise aos rácios pelas regiões das administrações de saúde, verifica-se que o rácio de anestesiologistas diminui em Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve.

Estudo
Mais de 500 anestesiologistas estão em falta nos hospitais públicos portugueses, apesar de o número de profissionais ter...

Os Censos de Anestesiologia 2017 foram realizados pelo colégio de especialidade da Ordem dos Médicos e permitem fazer uma comparação com o mesmo estudo feito em 2014.

Segundo o estudo, que analisou a realidade em 86 hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), faltam 541 anestesiologistas nos hospitais públicos, quando as necessidades de especialistas são crescentes.

Há atualmente 1.280 anestesiologistas a trabalhar no SNS, o que dá um rácio de 12,4 profissionais por 100 mil habitantes, quando em 2014 o rácio era de 12,0. Nos Censos de 2014 tinham sido identificados 1.192 anestesiologistas nos serviços públicos, o que dá um crescimento de 2,1%.

Tendo em conta os 262 anestesiologistas a trabalhar apenas em unidades privadas, o rácio de especialistas passa a ser de 15,1 por 100 mil habitantes em 2017, quando em meados de 2014 se situava nos 13,9.

Ainda assim, o artigo nota que está “muito longe dos 17,9 avançados” pela Federação Mundial de Sociedades de Anestesiologistas.

Os Censos mostram também que a necessidade destes profissionais é crescente: foram identificadas mais de 615 mil intervenções cirúrgicas em 2017, um acréscimo de 3,4% em relação a dados de 2013.

Do total de cirurgias, 84% foram operações programadas e, destas, quase metade foi em regime de ambulatório (sem necessidade de internamento).

Foram realizadas também mais consultas de anestesia, mais consultas de dor crónica e mais analgesias de parto em 2017 do que em 2013. Decresceram, contudo, os procedimentos com apoio de anestesia fora do bloco operatório (menos 19% do que em 2013).

“A anestesiologia tem sido uma especialidade em ampla expansão nas últimas duas décadas, adquirindo novas competências e assumindo novos desafios. Assim, parece natural a necessidade crescente destes especialistas, em especial nas instituições do SNS”, refere o artigo da Acta Médica Portuguesa.

Estudo
O maior estudo alguma vez realizado sobre tratamentos de cancro da mama concluiu que a maioria das mulheres com a forma mais...

Os resultados esperam poupar cerca de 70 mil doentes que todos os anos nos Estados Unidos e em outros locais passam por esta provação e fazem despesas com estes medicamentos.

O estudo envolveu cancros no estadio inicial, antes de se espalhar pelos gânglios linfáticos, alimentado por hormonas e que não é alvo do medicamento Herceptin.

Testes genéticos mostram que a maioria das mulheres não necessitam de tratamento, além da cirurgia e dos bloqueadores hormonais e que a quimio não melhora a sobrevida.

Os resultados do estudo foram ontem discutidos numa conferência sobre cancro em Chicago e são publicados na revista científica New England Journal of Medicine.

Estudo
Os tratamentos que atacam os tumores cancerígenos em função de suas características genéticas individuais aumentam...

O estudo, conduzido por uma equipa de investigadores do Texas, é considerado o maior feito até hoje sobre terapias inovadoras baseadas nas características genéticas individuais dos doentes.

Segundo relata a AFP, os tratamentos que atacam os tumores em função de suas características genéticas individuais, e não da sua categoria geral, aumentam significativamente a sobrevivência do paciente em relação aos métodos tradicionais.

Nem todos os cancros de mama, fígado ou outros são iguais, explicam os investigadores. Durante anos, os pesquisadores multiplicaram o sequenciamento de tumores, principalmente os resistentes aos tratamentos habituais, para encontrar mutações genéticas num paciente específico e adaptar o medicamento que lhe será administrado.

Estes tratamentos dirigidos são considerados promissores e não são novidade, mas faltava até agora confirmar estatisticamente se são mais eficazes.

Foi o que uma equipa de investigadores do Texas se propôs fazer em 2007, através de um estudo alargado denominado "Impact".

Os pesquisadores recrutaram 3.743 doentes tratados no centro oncológico MD Anderson, no Texas, de 2007 a 2013. Todos tinham cancro em estágio avançado, principalmente de mama, pulmão ou gastrointestinal.

Do total, 711 foram tratados com um medicamento adaptado a uma mutação genética identificada entre eles. Um segundo grupo, de 596, seguiu o protocolo padrão, principalmente porque não havia disponível nenhum tratamento geneticamente adaptado para seus casos.

Depois de três anos, 15% dos que receberam terapias moleculares específicas estavam vivos, em comparação com 7% no grupo de pacientes que seguiram o tratamento tradicional. Depois de 10 anos, 6% dos pacientes do grupo objetivo estavam vivos, contra 1% do outro grupo.

"Este é o primeiro e maior estudo que mostra que os tratamentos adaptados às mutações genéticas dos tumores em pacientes com cancro avançado aumentam a sobrevivência", resume Catherine Diefenbach, oncologista do Centro Médico Langone da Universidade de Nova York, citada pela AFP.

Esta médica, que não participou no estudo, refere que “este método, que consiste em identificar geneticamente os tumores, representa o futuro".

A médica adverte, no entanto, que “o sequenciamento não é um tratamento milagroso”, mas manifesta sinais de otimismo na nova terapia. “Em média, as terapias específicas aumentaram a sobrevivência dos pacientes em nove meses, em comparação com os 7,3 meses dos tratamentos habituais”, resume.

A principal autora do estudo, Apostolia Tsimberidou, disse à AFP que o novo método “melhora a cada ano”, abrindo novos horizontes para os tratamentos. “No começo, só podíamos trabalhar num ou dois genes. Hoje podem ser detetadas centenas de mutações”, explica.

Apostolia Tsimberidou espera que, no futuro, “os testes genéticos dos tumores e os exames de ADN venham a tornar-se a norma no momento do diagnóstico, o que deverá ajudar os pacientes desde o começo, principalmente nos cancros difíceis".

Cimeira Mundial
Mais de 200 especialistas da indústria do controlo de pragas reúnem-se esta semana em Cascais para defender prevenção e novos...

O responsável de gestão de pragas da associação que reúne as empresas químicas e farmacêuticas, António Lula, disse que falta "um padrão" para que todos, especialmente autarquias e entidades públicas, sejam mais eficazes no combate às pragas, que abordam muitas vezes "com métodos do século passado".

Os métodos usados são os herdados da agricultura e os tratamentos consistem em "pôr três ou cinco vezes" o veneno, sem saber quanto é efetivamente comido e qual a eficácia real que tem.

"Veja lá se ninguém vê isto!" é a abordagem seguida pelos que procuram as empresas de controlo de pragas, ilustrou.

O problema é que a extensão de uma praga pode ultrapassar o que se vê e já não serve "o produto para matar tudo", porque mata mesmo tudo à volta, com efeitos ambientais e económicos.

António Lula afirmou que o setor usa "mais produtos naturais" porque as diretivas comunitárias assim impõem, levando ao uso de alternativas cujo impacto nos seres humanos e no ambiente seja menos nocivo.

As empresas contam que a Direção-Geral de Saúde, que também estará representada na cimeira, apresente o grupo de trabalho para fazer a regulamentação do setor.

Formação obrigatória para todos os que lidam com pragas é uma das condições que a Associação de Grossistas de Produtos Químicos e Farmacêuticos (Groquifar) quer ver regulamentada.

António Lula afirmou que os profissionais do setor, que se vão juntar num hotel de Cascais entre segunda e quarta-feira, veem "um aumento constante" de pragas, como ratos, tornadas "mais preocupantes" por não haver "monitorização concreta" das populações.

Na Cimeira Mundial dos Serviços de Gestão de Pragas para a Saúde Pública e Segurança Alimentar estarão confederações de empresas do setor de todo mundo.

 

Equipa portuguesa
Um professor de Neurorradiologia da Universidade do Algarve está a implementar em Portugal uma técnica criada por uma equipa...

Segundo Pedro Gonçalves Pereira, trata-se de um desenvolvimento avançado da técnica de Tractografia por Ressonância Magnética que é aplicada no planeamento cirúrgico destes tumores, que representam 10% a 15% de todos os tumores intracranianos, para identificar e preservar os nervos cranianos durante a cirurgia.

"Os tumores ao crescerem acabam por interferir com a função dos nervos e o cirurgião, quando os aborda, só tem a perceção da localização dos nervos que estão desviados quando está a remover o tumor", explicou o médico, acrescentando que a nova técnica permite conhecer a localização do desvio dos nervos antes da cirurgia.

De acordo com o docente do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina da Universidade do Algarve (UAlg), na técnica de ressonância que existia até há poucos anos "essa diferenciação antes da cirurgia não era conseguida", causando, em alguns casos, o corte inadvertido de um nervo, com “implicações definitivas” para o doente.

"Acontece em alguns episódios infelizes, não são muitos, mas acontecem. O doente tira um tumor e fica sem a função de um nervo que estava nas proximidades, como o nervo facial, o que fica para sempre", referiu o investigador, sublinhando que esta técnica permite reduzir esse risco.

Por outro lado, sublinha, o tipo de tecido nervoso do tumor em relação ao nervo "é muito parecido", não sendo fácil distinguir pelo cirurgião apenas pela observação visual, o que faz com que esta diferenciação, através de imagens, torne as cirurgias mais seguras e mais rápidas.

"Conseguem obter-se imagens de estruturas nervosas que têm menos de um milímetro de diâmetro, que são, em norma, difíceis de visualizar, ainda mais quando há um tumor a comprimi-las ou a desviá-las", indicou.

O método permite obter as imagens em aproximadamente seis minutos, quando existem centros que demoram 40 minutos a obter a mesma informação.

Por enquanto, Pedro Gonçalves Pereira é o único neurorradiologista a usar esta técnica em Portugal, que podia estar disponível "em qualquer serviço de Neurocirurgia que tenha ressonância moderna", pelo menos dos últimos dez anos.

"Não há hoje motivo para eu continuar a ser a única pessoa do país que faz isto, idealmente devia ser feito em todo o país", concluiu.

Além de estar disponível num hospital de Lisboa, a técnica apenas é usada em poucos centros de neurociências da Europa e dos Estados Unidos da América.

O trabalho foi desenvolvido por uma equipa multidisciplinar, que envolveu neurorradiologistas de Lisboa, neurocirurgiões de Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal e uma equipa de investigação da UAlg que trabalhou na validação científica da técnica.

Mais recentemente, foi criado outro método, designado por CICE e que é complementar à Tractografia do nervo facial circundando tumor da base do crânio, destinado a reforçar a sensibilidade do diagnóstico.

 

Estudo
Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto estão a participar num estudo europeu, financiado em dez...

"Se a atual onda de obesidade infantil não for interrompida, até 2025 mais de um em cada três adultos será obeso em alguns países europeus", indicou o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), em comunicado.

Esta previsão resulta de dados obtidos nas últimas décadas, sendo importante "modificar essa tendência, que pode levar a uma situação paradoxal: pela primeira vez, praticamente ao fim de um século, a esperança de vida da geração dos filhos pode ser inferior à dos pais", disse o investigador do ISPUP Henrique Barros.

Através do projeto STOP (Science and Technology in childhood Obesity Policy), iniciado na sexta-feira, os investigadores vão procurar avaliar a obesidade em várias idades da vida, em cerca de 40 mil indivíduos, com atenção particular a crianças até aos 12 anos, adiantou.

"Isso inclui melhorar a compreensão de como o ambiente em que se vive molda o comportamento das crianças e as escolhas dos pais, desde antes do nascimento", de forma a verificar "os primeiros sinais de mudanças biológicas que podem levar à obesidade", segundo a nota do ISPUP.

Este estudo "tem uma importante contribuição das coortes [grupo de pessoas que possuem características em comum] do Porto - Geração 21 e Epiteen - nas quais seguimos crianças e adolescentes desde há cerca de 15 anos. No entanto, projetam-se dados para além dessas idades, com o contributo de amostras obtidas em mais seis países europeus", indicou Henrique Barros.

O projeto, que tem a duração de quatro anos e é coordenado pelo Imperial College Business School, de Londres (Reino Unido), visa também tornar "a indústria de alimentos e outros atores comerciais responsáveis pelo que as crianças consomem", estimulando-os "a produzir soluções inovadoras para tornar o consumo infantil mais saudável", avançou o ISPUP.

Entre outras políticas, avaliará a possibilidade de os governos europeus usarem alavancas - como impostos, rótulos nutricionais e restrições de comercialização de alimentos e bebidas - para combater a obesidade infantil.

De acordo com o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF 2015-2016), promovido pela Universidade do Porto, em indivíduos entre os 3 meses e os 84 anos, a prevalência nacional de pré-obesidade é de 34,8% e de obesidade de 22,3%.

"Isso significa que seis em cada dez portugueses (60% da população) são pré-obesos ou obesos", havendo um "aumento gradual da obesidade ao longo da idade", notou Henrique Barros.

Segundo o responsável, "a realidade é já alarmante na população infantil", estimando-se que 25% das crianças com menos de 10 anos e 32,3% dos adolescentes (entre os 10 e os 17 anos) possuam critérios de obesidade ou pré-obesidade, "o que reforça a necessidade de estratégias de prevenção primária de obesidade, em fases precoces da vida".

Em 2016, acrescentou, "a obesidade posicionava-se como o 6.º fator de risco para mortalidade total e o 4º fator responsável por mais anos totais de vida saudável perdidos (11,5%) em Portugal, precedido apenas pelos hábitos alimentares inadequados (15,8%), a hipertensão arterial (13%) e o tabagismo (12,2%)".

Para o investigador, a elevada prevalência de obesidade e pré-obesidade em Portugal, o aumento do número de novos casos, bem como a sua elevada ocorrência, desde idades muito precoces, "colocam a obesidade como um dos principais problemas de saúde pública" do país.

Iniciado na sexta-feira e contando com a participação de 31 organizações de pesquisa e governamentais de 16 países europeus, este é "o maior projeto de pesquisa na Europa para combater a obesidade infantil", sendo a segunda "grande iniciativa financiada pela União Europeia lançada este ano", no âmbito do programa Horizonte 2020, acrescenta a nota informativa.

Mulheres fumadoras
A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género lamentou o recurso a “estereótipos discriminatórios” na campanha antitabágica...

“Segundo o último relatório do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, da Direção-Geral da Saúde, os homens portugueses estão a fumar menos, em oposição ao grupo das mulheres. O Inquérito Nacional de Saúde, em 2014, revelou que uma em cada 10 mulheres com 15 ou mais anos fumava, com um crescimento relevante nos últimos anos”, começa por referir um comunicado da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) disponibilizado no seu sítio na Internet.

Perante “estes dados preocupantes”, a CIG “considera de extrema importância a realização de uma campanha de sensibilização neste sentido”, lamentando, contudo, “a forma utilizada para transmitir esta mensagem, recorrendo a estereótipos discriminatórios, os quais são igualmente prejudiciais à vida das mulheres e dos homens na nossa sociedade”.

A campanha, intitulada “Uma princesa não fuma”, mostra o relacionamento entre uma mãe fumadora e uma filha e começou na quarta-feira, no mesmo dia em que a deputada socialista Isabel Moreira defendeu que o Ministério da Saúde deve retirar o vídeo.

“Espero que o Ministério da Saúde retire a campanha, que é uma campanha misógina e culpabilizante das mulheres”, declarou.

No dia seguinte, confrontada com as críticas, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou que a campanha antitabágica visa diminuir o consumo de tabaco nas mulheres mais jovens, que são quem mais está a fumar.

Graça Freitas esclareceu que esta campanha do Ministério da Saúde, que acompanhou desde o início, é dirigida a um público-alvo: as mulheres jovens.

Isto porque “é nesta parte da população que o consumo de tabaco está a aumentar, em vez de diminuir”, explicou.

Segundo Graça Freitas, a campanha tem um enquadramento epidemiológico que são as mulheres adolescentes, porque são as que estão a fumar mais.

Relativamente ao ‘slogan’ “opte por amar mais”, a diretora-geral da Saúde esclareceu que se refere ao bem-estar, ao amor à vida e não a terceiros.

“Queremos, desejamos que o consumo do tabaco se reduza”, adiantou, optando por esperar pela forma como a campanha vai evoluir.

Segundo Graça Freitas, se se verificar que é útil alguma alteração, esta será feita.

Segundo o Ministério da Saúde, o consumo de tabaco é responsável por 10,6% das mortes em Portugal, o que significa que o tabaco mata um português a cada 50 minutos e que as mulheres estão a adoecer e a morrer mais por doenças associadas ao tabaco.

O relatório das doenças oncológicas, publicado em 2017, destacou o aumento de 15% da mortalidade no sexo feminino, entre 2014 e 2015, por tumores malignos de traqueia, brônquios e pulmão.

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