Estudo
Um estudo recente descobriu que quem come mais fruta, vegetais e cereais integrais tem cinco vezes menos probabilidades de...

Nos últimos 17 anos, uma equipa de investigadores da Universidade de Nova Iorque estudou cerca de 550 mil adultos em seis estados e mais duas cidades dos EUA e chegou à conclusão de que uma dieta mediterrânica protege as pessoas contra os efeitos prejudiciais da poluição do ar. Aqueles que seguem uma alimentação rica em fruta, vegetais e cereais integrais têm menos cinco vezes de probabilidade de morrer de causas relacionadas com a poluição do ar - Os antioxidantes encontrados nestes alimentos contrariam o seu efeito no organismo.

"A adoção de uma dieta mediterrânea tem o potencial de reduzir os efeitos da poluição do ar numa parte substancial da população nos Estados Unidos", acredita George Thurston, o principal autor do estudo.

Para chegar a estes resultados, a amostra foi monitorizada e exposta, a longo prazo, a alguns tipos de poluição do ar, incluindo na forma de partículas (formam-se na atmosfera como resultado da reação química entre diferentes poluentes). Ao mesmo tempo, os investigadores tiveram em atenção o tipo de alimentação que cada um dos participantes seguia.

Aqueles que não tinham uma alimentação rica em frutas, vegetais e cereais integrais mostraram uma taxa de mortalidade por doenças cardíacas 10% mais elevada, por cada aumento de 10 partes por mil milhões na exposição a dióxido de nitrogénio (que resulta, por exemplo, dos motores de combustão ou incêndios). Na mesma situação, para os que seguiam a dieta mediterrânea, a taxa de mortalidade só subiu 2 por cento.

A taxa de mortalidade por doenças cardíacas também aumentou para 17% quando a exposição à poluição em forma de partículas aumentou 10 miligramas por metro cúbico. Para os seguidores deste tipo de alimentação, aumentou apenas 5 por cento.

“Estudos anteriores mostraram que mudanças na dieta, particularmente a adição de antioxidantes, podem atenuar os efeitos adversos da exposição a altos níveis de poluição do ar em curtos períodos de tempo", lembra Chris Lim, um dos investigadores. "O que não sabíamos era se a dieta podia influenciar a associação entre a exposição à poluição do ar a longo prazo e os efeitos na saúde", acrescenta.

Estudo
A tosse convulsa provocou, entre 2000 e 2015, uma média de 143 hospitalizações por ano. Recém-nascidos são os mais afetados....

A tosse convulsa tornou a gerar preocupação nos últimos anos e o primeiro estudo sobre o tema traça um retrato do que se passou entre 2000 e 2015. Neste período, houve uma média de 143 hospitalizações por ano, correspondente a três internamentos por semana. A doença custou ao Estado cerca de 2,7 milhões de euros, só em custos diretos. 

O trabalho foi desenvolvido por investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde. Em comunicado, a instituição sublinha que os dados, anonimizados, foram cedidos pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), ao abrigo de um protocolo de colaboração com o referido centro de investigação.

No período em estudo, ocorreram 2.229 hospitalizações por tosse convulsa nos hospitais públicos portugueses. 94% desses internamentos diziam respeito a lactentes com menos de um ano, sobretudo bebés com menos de dois meses (idade em que não foi ainda iniciada a vacinação contra a tosse convulsa). Seguiram-se as crianças e adolescentes com idades compreendidas entre 1 e 17 anos, que somaram 3,5% dos internamentos, e por fim, os adultos e idosos.

A equipa de investigação concluiu que, ao longo do tempo, se verificaram surtos a cada 3 ou 5 anos, tendo sido registado um pico maior em 2012. “Curiosamente, ocorreram mais hospitalizações de lactentes com menos de 1 ano durante o Inverno, enquanto nos restantes grupos etários estas foram mais frequentes no Verão. Adicionalmente, o Algarve foi a região que registou maior taxa de internamentos, “possivelmente devido à maior aglomeração de indivíduos de diferentes grupos etários e ao maior influxo de estrangeiros”, explicou Manuel Gonçalves Pinho, investigador do CINTESIS.

Sara Oliveira, outra das autoras do estudo, salienta que as hospitalizações por tosse convulsa representam “apenas a ponta do iceberg” e que esta doença continua, nos dias de hoje, a atingir não só a população pediátrica, mas também os adultos e idosos. Apesar do Programa Nacional de Vacinação incluir a imunização contra a tosse convulsa desde 1965, e do elevado índice de cobertura vacinal, é importante compreender que “não se erradicou a doença e que se deve ter um elevado índice de suspeição perante situações de tosse prolongada, para evitar um diagnóstico tardio, a disseminação da doença e as complicações consequentes”

Grávidas devem vacinar-se

Em 2017, a DGS implementou a vacinação de todas as grávidas  entre as 20 e 36 semanas de gestação, com o intuito de proteger recém-nascidos e pequenos lactentes, já que os bebés só podem fazer a vacina aos 12 meses. Os últimos dados disponíveis sugerem que a medida pode estar a ter efeito. Segundo dados publicados no portal da transparência do SNS, em 2015 foram declarados 239 casos de tosse convulsa, em 2016 houve 565 casos e em 2017 o número baixou para 60.  Segundo o último balanço da DGS, no ano passado 75% das grávidas fizeram a vacina.

31 de maio | Dia Mundial sem Tabaco
É um exame importante. Tão importante como a medição da tensão arterial para quem sofre de hipertensão ou da glicemia para os...

É por isso que a FPP aproveita o Dia Mundial sem Tabaco, que se assinala a 31 de maio, para reforçar a necessidade de se fazerem mais deste tipo de exames, tornando-o “mais democrático, espalhado pelo País” e acessível aos fumadores, sobretudo os mais jovens e até os mais recentes. Um trabalho a que a FPP quer dar a sua ajuda.

“É preciso insistir no diagnóstico precoce e no ensino da população”, reforça o especialista, que não concorda com a realização de espirometrias aos fumadores apenas a partir dos 40 anos, como preconizam as guidelines nacionais. “Se esperarmos pelos 40, pode haver uma perda de função respiratória que já não é recuperável.” Até porque, acrescenta, “só se nota uma perda da função respiratória quando está nos 60%. É, por isso, preciso intervir nos fumadores e a FPP pretende, juntamente com as farmácias, fazer uma campanha nacional para a realização de espirometrias aos fumadores, sobretudo os mais jovens”.

Paula Pinto, pneumologista, explica que a espirometria é “um exame não doloroso” e que “mede a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar cada vez que respira, ou seja, a quantidade de ar que um indivíduo é capaz de colocar para dentro e para fora dos pulmões e a velocidade com que o faz”, concordando que “devem ser efetuados todos os esforços para aumentar a acessibilidade à espirometria nos diversos níveis de saúde”.

Para a realização deste teste é necessário um técnico especializado e um médico, a quem cabe a leitura do resultado. Apesar de tudo isto, José Alves considera que a democratização das espirometrias é exequível, através de programação e organização. “Marca-se um dia e faz-se, nesse mesmo dia em que o técnico se desloca às farmácias, uma série de exames, que depois o médico vai poder avaliar.” Gastos que, com a deteção precoce, se transformam numa “poupança enorme. Não estamos a querer tirar o protagonismo ao Serviço Nacional de Saúde, a quem cabe a realização destes exames. Mas a disponibilizarmo-nos para o fazer a quem não tem acesso fácil e rápido. É esse o nosso objetivo”.

A DPOC é uma doença que afeta o sistema respiratório, “causando obstrução das vias aéreas, sendo a sua principal causa o tabagismo”, explica Paula Pinto. “Esta doença tem um forte impacto na vida das pessoas e no Sistema Nacional de Saúde”, acrescenta, salientando que se manifesta, muitas vezes, com sintomas como “o cansaço, que vai aumentando progressivamente e provoca uma adaptação sucessiva dos doentes às limitações crescentes. No dia-a-dia, não conseguir acompanhar ‘o passo’ de outras pessoas da mesma idade, é um exemplo destes sintomas. Outro sintoma é a sensação de cansaço em tarefas simples, como ir às compras ou subir escadas, precisando de parar mais frequentemente do que outras pessoas para recuperar”.

Trata-se de uma doença que, de acordo com dados recentes, atinge cerca de 14% da população portuguesa com mais de 45 anos “e está ainda subdiagnosticada. Atualmente, estima-se que a nível mundial 250 milhões de pessoas sofram de DPOC, prevendo-se que, em 2030, a DPOC seja a terceira causa de morte”.

É uma doença que se instala progressivamente e “afeta maioritariamente fumadores ou ex-fumadores”, pelo que “a procura de ajuda junto do médico é tardia e numa fase em que os sintomas já são muito limitantes. Muitas vezes, a ida ao médico só acontece porque o doente teve um episódio de agravamento que obrigou a uma ida ao hospital em episódio de urgência, que sendo suficientemente grave pode inclusivamente levar a um internamento (estes casos são classificados como agudizações). O sentimento de culpa associado a esta doença também motiva algum afastamento dos doentes da procura do seu médico, pois consideram os sintomas uma consequência natural de fumarem”, refere a especialista.

Neste Dia Mundial sem Tabaco, a médica reforça que “principal prevenção da DPOC passa pela evicção tabágica. Se é ou foi fumador e tem queixas, como falta de ar, cansa-se mais do que as pessoas da sua idade, tem tosse ou expetoração deverá consultar o seu médico para efetuar uma espirometria, uma vez que o tratamento precoce desta doença se traduz numa maior qualidade de vida, bem como num aumento da sobrevida”.

Tecnologia
Investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) criaram uma ...

"A nossa ideia é fornecer aos utilizadores a possibilidade de saber qual a espécie de qualquer amostra biológica que estes queiram analisar", disse à agência Lusa Filipe Pereira, líder do projeto e investigador no CIIMAR.

As soluções desenvolvidas pela ‘startup' (empresa de base tecnológica em fase de desenvolvimento) Identifica, que realiza igualmente análise de amostras no seu laboratório, podem ser utilizadas por laboratórios, por empresas e pela comunidade em geral.

Segundo o coordenador, esses testes e ‘kits' são o resultado de dez anos de investigação na área da genética populacional e forense, na Universidade do Porto, "apresentando características únicas, nomeadamente na identificação de amostras degradadas e processadas".

"A grande vantagem é termos desenvolvido ‘kits' que funcionam em amostras degradadas e com misturas de diferentes espécies", como é o caso dos produtos alimentares processados e das amostras ambientais, frisou.

Essa vantagem, continuou, resulta do facto de a equipa efetuar investigação na área da genética forense, onde essa é "uma característica fundamental".

"Os nossos ‘kits' estão desenhados para darem resultados quando as amostras têm pouco DNA, situações em que, através de outras técnicas, não se consegue obter qualquer resultado", acrescentou.

Por outro lado, enquanto "a maioria das empresas no mercado fornece testes para humanos", os responsáveis pela Identifica estão "focados em identificações biológicas em DNA de outros animais, plantas, bactérias e fungos".

Em breve, a equipa espera lançar um serviço para deteção de DNA de animais em amostras alimentares e vestuário, tendo como público-alvo os utilizadores ‘vegan'.

No futuro, pretendem também tornar os ‘kits' portáveis, permitindo ao utilizador fazer a identificação em qualquer local, trabalho que está a ser desenvolvido em parceria com o International Iberian Nanotechnology Laboratory (INL), em Braga.

Segundo Filipe Pereira, essa é uma inovação que "ainda não existe, em nenhuma parte do mundo".

Ainda no doutoramento em genética populacional, no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, o investigador desenvolveu ‘kits' para identificar espécies, investigação que continuou no CIIMAR, resultando em diversos testes genéticos, como um para deteção do salmão transgénico.

O projeto Identifica conquistou o segundo lugar na edição deste ano do Business Ignition Programme (BIP), um programa que visa dotar os participantes de competências relevantes para darem resposta a desafios e oportunidades de mercado.

O BIP, promovido pela U.Porto Inovação, pelo CIIMAR e pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência da Universidade do Porto (INESC TEC), é financiado pelo Norte 2020, Portugal 2020 e União Europeia.

A ‘startup' Identifica, que realiza trabalhos em parceria com outras entidades, como a Sociedade Internacional de Genética Forense, está incubada no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto.

Melhor qualidade
Os hospitais de Coimbra vão investir dez milhões de euros na automatização do ‘core’ laboratorial do Serviço de Patologia...

“O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) está a implementar uma cadeia laboratorial de elevado grau de automatização, em conformidade com o conceito ‘corelab’, no Edifício São Jerónimo, localizado no campus do polo dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC)”, afirma uma nota do gabinete de comunicação do CHUC.

O projeto surge no âmbito da reorganização dos laboratórios do Serviço de Patologia Clínica (SPC) do CHUC, que tem como principais objetivos reduzir o tempo de resposta aos pedidos de análises e o número de amostras colhidas por doente, otimizar recursos e simplificar processos e fluxos de trabalho.

Trata-se de “uma intervenção com um custo superior a 10 milhões de euros repartidos por um período de cinco anos”, que “vai permitir a automatização total de cerca de seis milhões e 200 mil análises realizadas anualmente no laboratório principal do polo HUC, o que representa mais de 90% do total de análises realizadas neste laboratório”, sublinha o presidente do Conselho de Administração do CHUC, Fernando Regateiro, citado na mesma nota.

Em 2017, o SPC do CHUC realizou mais de oito milhões e 200 mil análises, no total dos laboratórios de que dispõe – incluindo os dos hospitais Pediátrico e Geral (Covões) – que, com esta intervenção, serão também objeto de “uniformização tecnológica e de recursos, para além da uniformização da carteira de serviços laboratoriais”.

As principais áreas de automatização incluem “a bioquímica, hematologia, serologia infecciosa, imunologia e imunoquímica, num vasto painel de parâmetros analíticos”, refere o gabinete de comunicação do CHUC.

O CHUC prevê, com “a organização do trabalho em conceito ‘corelab’”, uma redução anual de custos superior a um milhão de euros, na aquisição de reagentes, para um número de análises crescente.

“Há também ganhos indiretos relevantes gerados por esta solução tecnológica, como o conceito do ‘tubo único’, a existência de apenas um frigorífico para amostras e outro para reagentes, a total rastreabilidade das amostras, a gestão documentada da informação e a libertação de profissionais para as áreas mais diferenciadas e com menor grau de automatização”, acrescenta o CHUC.

“Para além da significativa redução anual de custos – superior a um milhão de euros –, o CHUC estima uma redução anual de 80 mil tubos de sangue colhidos, promovendo decisivamente o bem-estar do doente, a melhor eficácia assistencial e o equilíbrio ambiental, reduzindo em 35% a produção dos resíduos hospitalares associados”, destaca Fernando Regateiro.

O presidente do CHUC salienta ainda que “as condições criadas para a implementação do ‘corelab’ do CHUC representam uma intervenção sem precedentes no contexto do SNS [Serviço Nacional de Saúde], focada na centralidade dos utentes e suportada em pensamento ‘lean’, orientado para a minimização dos desperdícios, a redução de custos, a melhoria da qualidade e o aumento da eficiência”.

A entrada em funcionamento do ‘corelab’ do CHUC está prevista para o último trimestre deste ano.

24º Congresso Nacional de Medicina Interna | 31 de maio a 3 de junho
O 24.º Congresso Nacional de Medicina Interna será, segundo Estevão de Pape, Presidente do Congresso, uma oportunidade para ...

O evento, que decorre a partir do dia 31 de maio até ao domingo seguinte, tem lugar no Centro de Congressos do Algarve, nos Salgados.

O congresso irá abordar temas de relevo para a prática clínica, dando especial destaque “aos desafios que a especialidade enfrenta, como o envelhecimento da população e consequentes comorbilidades, a fragmentação do conhecimento e a hiperespecialização dos internistas, alternativas ao internamento e a necessidade da redução do número de doentes que acorrem aos serviços de urgência hospitalares. Desafios estes que deverão ser liderados por profissionais de medicina interna, muito pelas qualidades e formação dos seus internistas”, explica o Presidente do Congresso.

Este ano, o lema do congresso é Medicina Interna 100 Margens porque “a Medicina Interna não deve ter limites ou margens. Não devemos fechar-nos no hospital sem falar com outras especialidades. Não nos devemos fechar à comunidade e ao doente e aos desafios atuais. A Medicina Interna é o grande pilar dos hospitais, a força motriz da vida hospitalar, com uma visão global única. Temos de saber liderar mas também ter a responsabilidade da dedicação sem limites, aplicando à doença, e ao doente, todas as áreas da medicina interna e interligando-as para tirar daqui o melhor partido”, acrescenta Estevão de Pape.

A sessão de abertura do 24.º Congresso Nacional de Medicina Interna tem início no dia 1 de junho, pelas 10h30 e conta com a presença de vários nomes de relevo no sector, tais como: Dra. Rosa Matos, Secretária de Estado da Saúde em representação do Ministro da Saúde; Dr. Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos; Prof. Doutor Armando Carvalho, Presidente do Colégio Medicina Interna, Dr. Xavier Corbella, Secretário Geral da European Federation of Internal Medicine (ENFIM), e Dr. Diogo Cruz, Subdiretor Geral da Saúde.

Em destaque ao longo dos três dias estão várias temáticas, tais como: ‘Complicações Clínicas em internamentos prolongados por motivo social após alta clínica, caracterização de um serviço de medicina; ‘Alternativas ao internamento convencional’; ‘Inovação em saúde’; ‘Hospitalização domiciliária - Um modelo para saúde 100 fronteiras’; ‘Globalização em saúde pública: Desafios e oportunidades’ e ‘Questões éticas em fim de vida’, este último apresentado por Dr. Guilherme Oliveira Martins da Fundação Gulbenkian.

Estevão de Pape refere ainda, em género de conclusão, “É neste congresso, nas suas comunicações, que veremos grandes estudos e projectos apresentados, por especialistas de medicina interna, na área de insuficiência cardíaca, diabetes, hipertensão e doenças autoimunes, por exemplo. O programa foi pensado para dar especial destaque ao jovem internista de forma a criar a dinâmica necessária para uma nova forma de olhar o hospital, ainda mais atualizado, moderno e organizado, sem falhas de comunicação e que contribuem para uma melhor e maior oferta do sistema de saúde”.

Para mais informações consultar site do congresso: https://www.spmi.pt/24congresso/.  

Eutanásia
O homicídio assistido é crime em Portugal, mas há portugueses a morrer por sua vontade na Suíça, e, para outros, a morte chega...

Numa altura em que a morte medicamente assistida está em discussão no parlamento, com o debate de quatro leis para despenalizar esta prática na terça-feira, a Lusa tentou fazer um retrato do fenómeno em Portugal.

Para o fazer legalmente, há portugueses a recorrer à eutanásia, mas no estrangeiro, na Suíça, por exemplo.

A Dignitas, uma associação com sede na Suíça, defende uma “abordagem integrada” quanto ao problema do fim da vida, combinando “cuidados paliativos, prevenção do suicídio”, além de apoio psicológico, e que pode terminar na morte medicamente assistida.

Na prática, apesar de ser associada à morte medicamente assistida, a associação salientou, em vários momentos da sua resposta, por email, à Lusa, que tem um trabalho “muito mais abrangente”, com base no aconselhamento e na procura de alternativas a uma vida digna e com conforto.

A Dignitas afirmou que tinha, em 2017, 25 associados portugueses, o que, sublinhou, não quer dizer que todos queiram recorrer à morte assistida, dado que alguns são considerados apoiantes da causa.

Desde 2009, a associação da Suíça, país onde a morte assistida está regulada, tem registadas cinco pessoas com nacionalidade portuguesa que tiveram a sua ajuda para morrer.

De resto, este país europeu, onde se admite que poderá existir suicídio assistido se for praticado por um doente terminal em sofrimento intolerável e irreversível, foi onde nasceu também a Exit International, movimento pró-eutanásia fundado pelo australiano Philip Nitschke, conhecido por “Dr. Morte”.

O movimento, criado em 2008, não respondeu às perguntas da Lusa, mas a revista Visão noticiou, em 2017, que a Exit International tinha pelo menos 30 registos em Portugal, admitindo Philip Nitschke que foram enviados produtos e que, “provavelmente sim”, alguns portugueses tenham morrido com os chamados “peacefull pill” (droga tranquila).

A venda deste tipo de medicamento é ilegal em Portugal, dado que foi proibida há já alguns anos. Mas, na Internet são muitos os ‘sites’ onde é possível encomendar, com cartão de crédito, a substância para morrer.

Contactada pela Lusa, a Polícia Judiciária (PJ) informou que não existe qualquer investigação em curso sobre compra ou venda ilegal desse tipo de medicamento que chega a atingir centenas de euros no mercado negro.

E se não há memória de julgamentos recentes de eutanásia nos tribunais portugueses, o mesmo não se pode dizer da investigação de processos.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) tem números: em 2015 e 2016, foram abertos 76 processos, mas a esmagadora maioria deles, mais de 90% (70 processos), foi arquivada.

Em 2015, foram registados dois inquéritos por homicídio privilegiado e um foi arquivado. O crime de incitamento ou ajuda ao suicídio esteve na base de 34 inquéritos registados nesse ano, tendo sido arquivados 31.

Em 2016, registou-se um inquérito por homicídio privilegiado e o crime de incitamento ou ajuda ao suicídio voltou a estar na base de 39 inquéritos, tendo sido arquivados 38.

A morte ou suicídio assistido é, em Portugal, uma realidade quase subterrânea, mas revelada, de forma muito parcial, pelas estatísticas das autópsias no Instituto de Medicina Legal.

Os números são reduzidos, segundo dados fornecidos à Lusa pelo Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses (IMLCF), através do Ministério da Justiça quanto ao pentobarbital, uma das substâncias associadas aos medicamentos usados no suicídio assistido e que, em Portugal, só é permitida em veterinária.

Desde 2009, quando foi introduzida uma plataforma LIMS que permite ter informação estatística atualizada sobre processos e exames realizados e pendentes, o IMLCF identificou “a presença de pentobarbital em dez casos”.

“Em cinco destes casos havia alguma informação sugestiva de se tratar de administrações voluntárias (suicídio)”, lê-se na informação do instituto.

E há médicos que já praticaram a morte medicamente assistida em Portugal? A consulta dos arquivos de jornais revela alguns casos.

Em abril de 2016, a revista Sábado publicou, com o título “Sim, matei quatro pessoas e defendo a eutanásia”, o depoimento de um médico, não identificado, em que descreve como ajudou a morrer uma amiga, em sua casa. Ela e mais três pessoas, incluindo “um dos [seus] melhores amigos”.

Laura Ferreira dos Santos, que dedicou parte da sua vida à reflexão, investigação e intervenção em torno das problemáticas do fim de vida, tendo publicado em 2009 o livro “Ajudas-me a morrer?”, foi uma das fundadoras do movimento Direito a Morrer com Dignidade, que deu origem à petição discutida no parlamento, no ano passado.

Doente oncológica, num depoimento à Visão, há dois anos, equacionava usar o medicamento letal. Morreu em dezembro de 2016.

Pontos Essenciais
A eutanásia foi descriminalizada em dois países europeus, Holanda e Bélgica, em 2002, mas há mais países do mundo onde é...

Em Portugal, onde o debate chega ao parlamento, a morte assistida não está tipificada como crime com esse nome, mas a sua prática pode ser punida por três artigos do Código Penal: homicídio privilegiado (artigo 133.º), homicídio a pedido da vítima (artigo 134.º) e crime de incitamento ou auxílio ao suicídio (artigo 135.º).

A palavra eutanásia tem origem no grego – “eu”, que significa boa, e “tanathos”, que quer dizer “morte”, ou seja, “boa morte”, remetendo para o ato de tirar a vida a alguém por solicitação, de modo a acabar com o seu sofrimento.

A morte assistida é o ato que leva à morte de um doente por sua vontade, através do suicídio assistido ou através do ato de um profissional de saúde (eutanásia).

Embora com soluções legais diferentes, em vários países onde é praticada a morte assistida, o sofrimento intolerável do doente e o seu grau de consciência para tomar essa decisão são condições essenciais para a prática.

Um levantamento dos países onde é possível praticar legalmente a morte assistida (eutanásia ou suicídio assistido), na Europa e noutros países do mundo, foi feito pela Divisão de Informação Legislativa Parlamentar da Assembleia da República, para o parecer sobre a petição a favor da eutanásia, debatida em fevereiro de 2017, no parlamento.

Países e condições para a prática da morte assistida

Na Europa:

Holanda

Foi o primeiro país europeu a permitir a eutanásia e o suicídio assistido, que é possível fazer desde 2002.

Legalmente, é necessário que a pessoa tenha doença incurável, esteja num sofrimento insuportável e não tenha qualquer perspetiva de melhorar.

É condição a pessoa que quer morrer estar na plenitude das suas capacidades mentais. O recurso à eutanásia é permitido a partir dos 12 anos, com consentimento dos pais.

Na Holanda, existe uma Comissão de Controlo da Eutanásia.

Bélgica

Desde 2002 que a lei descriminalizou a eutanásia em todas as suas modalidades, não se fazendo distinção entre abreviar a vida por uma terceira pessoa, suicídio assistido ou deixar morrer.

O médico tem um papel importante e tem de informar o doente do seu estado de saúde, discutir o pedido de eutanásia, bem como as possibilidades de cuidados paliativos.

O doente tem que ser maior ou pelo menos emancipado, estar consciente no momento do pedido, que tem que ser voluntário, sem qualquer pressão externa.

Uma das condições é o doente estar numa situação médica sem saída e em sofrimento físico e/ou psíquico constante e insuportável e sofrer de uma doença incurável.

Na Bélgica, existe uma Comissão Federal de Controlo e Avaliação.

Luxemburgo

Foi o terceiro país europeu a despenalizar a eutanásia e tem uma lei muito parecida com a da Bélgica.

Prevê, no entanto, uma norma para que o doente manifeste, por escrito, em que condições e circunstâncias pode submeter-se à eutanásia se o médico concluir que tem uma doença grave e incurável e que a sua situação é “irreversível à luz do estado da ciência”.

Suíça

Apesar de a eutanásia ser ilegal, as autoridades suíças admitem que poderá existir suicídio assistido se for praticado por um doente terminal em sofrimento intolerável e irreversível. Foi na Suíça que nasceram e existem organizações como a Exit e a Dignitas, que ajudam no suicídio assistido. Em 2016, segundo o Diário de Notícias, havia 20 portugueses inscritos na Dignitas.

Na América:

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, ao nível federal, o ato médico de abreviar a vida por terceiros é proibido e comparado ao crime de homicídio. O suicídio assistido, porém, está regulamentado em cinco estados: Oregon, desde 1997, Vermont (2013), Califórnia (2015), Washington (2008) e Montana (2009).

Canadá

Em 2005, o Supremo Tribunal decidiu a descriminalização da eutanásia se praticada por um médico a pedido de alguém mentalmente competente em situação de doença terminal.

No ano seguinte, em 2006, é aprovada uma lei que se aplica a adultos mentalmente competentes com uma doença grave ou incurável em estado avançado de declínio irreversível. Dois médicos ou enfermeiros avaliam o pedido, que tem de ser corroborado por duas testemunhas.

Uruguai e Colômbia

Estes dois países adotaram normas legais da possibilidade de despenalização judicial do “homicídio piedoso”. Na prática, aplica-se um “perdão judicial” a situações de “homicídio piedoso”, isentando-o de responsabilidade criminal se tiver sido praticado como resposta a um pedido reiterado da vítima em estado terminal e com intenção provada para por fim ao seu sofrimento intenso e irreversível.

Eutanásia
A Assembleia da República debate e vota, na generalidade, na terça-feira, os quatros projetos de lei para despenalizar e...

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) foi o primeiro partido a apresentar um projeto, ainda em 2017, seguido, já este ano, pelo BE, pelo PS e o partido ecologista "Os Verdes".

O que é a eutanásia? 

A morte assistida é o ato que leva à morte de um doente por sua vontade, através do ato de um profissional de saúde (eutanásia) ou através de suicídio assistido.

A palavra eutanásia tem origem no grego – “eu”, que significa boa, e “tanathos”, que quer dizer “morte”, ou seja, “boa morte”, remetendo para o ato de tirar a vida a alguém por solicitação, de modo a acabar com o seu sofrimento. O termo, criado pelos filósofos enciclopedistas, surgiu pela primeira vez no século XVIII.

Embora com soluções legais diferentes, em vários países onde é praticada a morte assistida, o sofrimento intolerável do doente e o grau de consciência para tomar essa decisão são condições essenciais para a prática.

O que é a distanásia? 

A distanásia define-se como o adiamento, de forma artificial, da morte de um doente que se encontra em fase terminal com o recurso a tratamentos médicos considerados desproporcionados. Também é o utilizado o termo “obstinação terapêutica” como sinónimo de distanásia.

Em que países pode ser praticada a eutanásia? 

A eutanásia não é crime em quatro países europeus, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Suíça, mas há mais países do mundo onde é possível a morte assistida ou o suicídio assistido.

Nos Estados Unidos, há cinco Estados onde está regulamentada esta prática: Oregon, desde 1997, Vermont (2013), Califórnia (2015), Washington (2008) e Montana (2009). No Canadá, também é possível a eutanásia desde 2006.

Ainda no continente americano, há mais dois países onde é possível antecipar a morte: Uruguai e Colômbia.

Em Portugal, a eutanásia é crime? 

A sua prática pode ser punida por três artigos do Código Penal, homicídio privilegiado (artigo 133.º), homicídio a pedido da vítima (artigo 134.º) e crime de incitamento ou auxílio ao suicídio (artigo 135.º), embora não exista um crime com esse nome.

As penas variam entre um a cinco anos de prisão para o homicídio privilegiado, até três anos para homicídio a pedido da vítima e de dois a oito anos para o crime de incitamento ou auxílio ao suicídio.

O que prevê o Código Deontológico dos Médicos? 

A vida é vista, no juramento de Hipócrates feito pelos médicos, enquanto um dom sagrado: “Não darei a veneno a ninguém, mesmo que mo peça, nem lhe sugerirei essa possibilidade.”

O Código Deontológico também impede os médicos de darem uma “ajuda ao suicídio, à eutanásia e à distanásia”. E recomenda que, nos cuidados paliativos, o médico dirija “a sua ação para o bem-estar dos doentes, evitando utilizar meios fúteis de diagnóstico e terapêutica que podem, por si próprios, induzir mais sofrimento, sem que daí advenha qualquer benefício”.

O que têm em comum os projetos de lei do PS, BE, PAN e PEV? 

Traços em comum entre os quatro projetos são a despenalização de quem pratica a morte assistida e a garantia da objeção de consciência para os médicos e enfermeiros.

Todos os diplomas preveem que só podem pedir, através de um médico, a morte medicamente assistida pessoas maiores de 18 anos, sem problemas ou doenças mentais, em situação de sofrimento e com doença incurável, sendo necessário confirmar várias vezes essa vontade.

Os projetos de lei estipulam, embora com algumas diferenças, as condições para um doente pedir para morrer, confirmando, por várias vezes, essa vontade, e mediante pareceres positivos, vários, de médicos.

De acordo com os textos dos quatro projetos, o pedido de morte medicamente assistida só pode ser feito pelo próprio, através de um médico, com salvaguardas da avaliação por comissões técnicas, conforme as soluções propostas pelos partidos.

Em que condições pode um doente pedir a eutanásia?

Há ‘nuances’ nos projetos dos vários partidos, mas vários são os pontos em comum: o doente tem que ser maior de idade, são necessários vários pareceres médicos, inclusivamente de especialistas da doença de que a pessoa sofre.

O PAN, único partido a por esta matéria no seu programa eleitoral, foi o primeiro a apresentar o seu projeto, ainda em 2017.

No projeto, estipula-se que “o pedido de morte medicamente assistida apenas é admissível nos casos de doença ou lesão incurável, causadora de sofrimento físico ou psicológico intenso, persistente e não debelado ou atenuado para níveis suportáveis e aceites pelo doente ou nos casos de situação clínica de incapacidade ou dependência absoluta ou definitiva”.

O BE refere que o pedido tem de “corresponder a uma vontade livre, séria e esclarecida da pessoa com lesão definitiva ou doença incurável e fatal e em sofrimento duradouro e insuportável”.

Já no texto do PS, a condição para pedir a “antecipação da morte” é ser uma “decisão da própria pessoa, maior, em situação de sofrimento extremo, com lesão definitiva ou doença incurável e fatal”.

O projeto do PEV, último a ser entregue no parlamento, prevê o recurso à “morte medicamente assistida” em caso de “pedido sério, livre, pessoal, reiterado, instante, expresso, consciente e informado da pessoa” se estiver “em situação de profundo sofrimento decorrente de doença grave, incurável e sem expectável esperança de melhoria clínica”, em “estado terminal ou com lesão amplamente incapacitante e definitiva”.

Em que condições pode o doente revogar a decisão?

Pode fazê-lo a qualquer momento, de acordo com todos os projetos. E se o doente ficar inconsciente, o processo é parado de imediato.

O processo também não avança se um dos pareceres médicos for negativo, havendo, ainda, recurso da decisão para as comissões criadas para avaliar os processos.

Cada partido, porém, tem uma solução diferente.

O PAN propõe uma Comissão de Controlo e Avaliação da Aplicação da Lei, que também recebe a analisa os processos de morte medicamente assistida, composta por médicos, juristas e uma personalidade da área da ética ou bioética.

O diploma do BE sugere uma Comissão de Avaliação dos Processos de Antecipação da Morte, a funcionar no âmbito da Assembleia da República, que também decide sobre os processos e rege-se por um regulamento próprio.

O projeto do PS cria a Comissão de Verificação e Avaliação dos Procedimentos Clínicos de Antecipação da Morte, com juristas, médicos, enfermeiros e um especialista em bioética indicado pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, que funciona junto do parlamento.

Já "Os Verdes" têm soluções distintas, propondo comissões por cada área de Administração Regional de Saúde, que faz a avaliação dos pedidos por região, compostas por médicos, enfermeiros, advogados e um magistrado. As decisões têm que ser tomadas por dois terços e não podem existir abstenções.

Todos os partidos sugerem que estas comissões façam relatórios regulares sobre a aplicação da lei.

Vai realizar-se um referendo? 

Não se sabe. O CDS-PP e vários dirigentes do PSD defenderam uma consulta aos portugueses, a exemplo do que aconteceu com outra matéria complexa e delicada – a despenalização do aborto, em 1998 e em 2007. Uma certeza existe: se os projetos de lei forem chumbados, também cai a ideia do referendo.

De acordo com a lei, os referendos podem ser pedidos por grupos parlamentares, pelo Governo ou por grupos de cidadãos. Depois, o Tribunal Constitucional aprecia o pedido e, por fim, a decisão cabe ao Presidente da República.

 

Estudo
Cerca de três quartos (76%) das Unidades de Saúde Familiar (USF) estão insatisfeitas com a atuação do Ministério da Saúde,...

No segundo dia do 10.º Encontro Nacional das USF - Unidades de Saúde Familiar, a associação apresentou a nona edição de um estudo que promove desde 2005, e onde aponta um crescimento do descontentamento, quando comparado com a realidade em 2015.

Segundo a mostra, o número de coordenadores de USF insatisfeitos "passou de 8,5% em 2015 para 35,2 % em 2017", sendo que a "soma com os muito insatisfeitos perfaz 76,1%", lê-se no documento a que a agência Lusa teve acesso.

O estudo pretende caracterizar o estado da reforma dos cuidados de saúde primários (CSP) desde 2005, ano da sua criação, através da avaliação que os coordenadores da USF fazem do momento atual da mesma.

A quase totalidade (91,4%) das USF ‘modelo A' querem passar a ‘modelo B' (um modelo mais avançado que prevê metas e incentivos para os profissionais), no ano em que o Governo "bloqueou na totalidade a abertura" das segundas, refere o estudo.

A situação, adianta, dá razão à associação nacional de USF na promoção de uma petição online para o fim das quotas para a constituição de ‘modelos A' e a eliminação das quotas na evolução para os ‘modelos B'".

Destacando ser o "capital humano" a "maior riqueza de todo o tipo de organizações", a USF-AN exige um "plano de recursos humanos nacional a curto, médio e longo prazo", motivando, dessa forma, "os profissionais a continuarem a apresentar candidaturas a USF de modo a que seja conseguida uma cobertura a 100% daquelas unidades em Portugal".

Ainda segundo o documento, "até maio de 2018, existiam em Portugal 501 USF", estimando a associação que "abranjam nove mil profissionais" que prestam cuidados de saúde a "quase seis milhões de pessoas".

O censo decorreu entre abril e 09 de maio e foram inquiridos todos os coordenadores de USF em atividade, tendo sido conseguida uma taxa de resposta de 71,4% (342 das 479 USF existentes no início do estudo), naquela que é a segunda taxa de resposta mais alta de sempre e com o maior número absoluto de respondentes, congratula-se o presidente USF-AN, João Rodrigues, citado pelo documento.

Considerando que estes estudos têm conseguido fornecer informação nova sobre aspetos importantes da evolução da reforma dos CSP ao permitir identificar áreas que necessitem de maior apoio e atenção ao seu desenvolvimento, apontando caminhos para a sua melhoria, o nono exercício mantém a linha traçada.

Assim, as três principais áreas que os coordenadores alterariam para melhorar o funcionamento das USF são os "Recursos Humanos na Saúde", "processo de trabalho" e "equipamentos e materiais".

Expandir a autonomia de gestão dos Agrupamentos dos Centros de Saúde, o desenvolvimento da governação clínica e de saúde e a implementação do enfermeiro de família e das várias profissões de saúde (fisioterapia, dentista, psicólogo, terapia da fala, entre outros) são outras algumas das melhorias reclamadas pela associação no documento hoje apresentado.

Relatório
O apoio psicológico apenas foi dado a 40% das pessoas que sentiram essa necessidade na sequência dos fogos de junho e de...

O resultado surge nas conclusões do estudo de opinião realizado no âmbito da comissão de acompanhamento à população afetada pelos incêndios de 2017, na área da saúde mental, que finalizou o seu relatório final este mês e ao qual a agência Lusa teve acesso.

Dos inquiridos, apenas 17,9% referiram ter necessidade de apoio psicológico.

Das pessoas que receberam apoio psicossocial, 56,9% consideraram-no "suficiente, e, no que respeita à qualidade do mesmo, apenas dois dos inquiridos consideraram que não tinham sido bem atendidos".

Dos aspetos mais positivos do apoio psicossocial, surge, em primeiro lugar, a oferta de bens, como roupa ou alimentos (43%), surgindo depois o acompanhamento psicológico (11,3%) e a solidariedade (10,2%).

Relativamente aos aspetos negativos, as pessoas afetadas criticaram a falta de apoio (40,8%), injustiças ou má distribuição (19,9%) e a falta de comunicação ou informação (08,3%).

Os inquiridos apontaram o serviço de saúde (38,8%), domicílio (38,5%) e bombeiros (36,7%) como os locais onde deveria ser prestado o apoio psicossocial.

Os concelhos onde o impacto psicológico foi mais referido (23,8% dos entrevistados) situam-se no grupo de Oliveira do Hospital, Arganil e Tábua (acompanhados por uma equipa de saúde mental comunitária) e no grupo de Pampilhosa da Serra, Góis, Lousã e Vila Nova de Poiares (que são "caracterizados por terem uma resposta reduzida na área da saúde mental").

Já nos concelhos mais afetados pelo grande incêndio de 17 de junho – Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos -, a percentagem é muito reduzida (04%), o que "sugere a importância de uma resposta de saúde mental consistente já instalada no terreno".

O inquérito, realizado em 26 concelhos afetados pelos grandes incêndios de 2017, foi feito a mais de 700 pessoas, sendo que 08% (58 inquiridos) perderam um familiar ou amigo e 5,4% referiram terem sido eles próprios, amigos ou familiares vítimas de ferimentos. Foram também entrevistados bombeiros, um elemento das forças de segurança, 19 profissionais de saúde e oito profissionais de intervenção social.

Dos 08% que referiram ter perdido um familiar ou amigo durante os incêndios, 63,8% evidenciavam um processo normal de luto e cerca de um terço relataram reações que podem estar relacionadas com processo de luto complicado (36,2%), segundo o inquérito a que a agência Lusa teve acesso.

Cerca de dois terços das 58 pessoas que experienciaram um processo de luto referiram não ter sentido necessidade de apoio psicológico, sendo que as pessoas com luto complicado sentiram uma maior necessidade deste tipo de apoio.

De acordo com o inquérito, nove das 11 pessoas que evidenciaram luto complicado receberam apoio psicossocial e todos referiram ter "sido bem ou muito bem atendidos".

No estudo, fica também claro que os profissionais do centro de saúde tiveram um maior peso (42,1% contra 09,4%) no apoio nos incêndios de junho em relação aos de outubro, enquanto nestes, os familiares e amigos, bem como os municípios, tiveram um papel mais importante.

"Estas diferenças parecem estar relacionadas não só com a estrutura dos serviços de saúde locais, como com a estrutura da família e da sociedade em geral", explica o estudo.

O inquérito também questionou 67 entidades locais, como câmaras municipais, juntas de freguesia, centros de saúde e escolas, que consideraram que deveria ter havido mais coordenação, mais locais de atendimento e menos burocracia na resposta psicossocial às pessoas afetadas pelos grandes incêndios de 2017.

As entidades apontaram ainda para a necessidade de menor demora nas consultas (23,6%), melhores horários de atendimento (10,9%) e melhor preparação dos profissionais (07,3%).

Cinquenta e seis das 67 entidades inquiridas revelaram que os incêndios tiveram também um impacto institucional.

Mais de metade (58,9%) referiu que o principal impacto sentido na sequência dos fogos foi o impacto psicológico sobre os trabalhadores e colaboradores, sendo que "algumas entidades referiram ter havido absentismo por razões de saúde mental”.

Incêndios
A comissão de acompanhamento na área da saúde mental concluiu num relatório que a expansão da rede de equipas comunitárias em...

"A expansão da rede de equipas comunitárias de saúde mental a nível de todo o país, tal como se encontra preconizado no plano nacional de saúde mental, é o fator determinante para garantir um apoio adequado aos indivíduos mais vulneráveis das populações atingidas", concluiu o relatório final da comissão de acompanhamento às populações afetadas pelos grandes incêndios de 2017, a que a agência Lusa teve acesso.

A comissão entende que a saúde mental deve ser "parte integrante das respostas em situação de emergência e catástrofe", sendo que deve ser contemplada em todas as fases de desenvolvimento de planos globais.

Nesse sentido, o relatório defende que deve ser estruturado "rapidamente um modelo de respostas de saúde mental", que esteja integrado com as respostas gerais em situação de emergência e catástrofe, com níveis de coordenação "claramente identificados", e assente, "em termos de prevalência antecipável das perturbações, nos cuidados de saúde primários".

O plano de respostas deverá ter em conta as fases pré-crise (preparação), a fase imediata após o evento e a fase de estabilização.

A comissão considera que é necessário que os serviços locais de saúde mental constituam um núcleo local de resposta a catástrofes, formado por um médico, um enfermeiro, um psicólogo e um assistente social, com formação específica nesta área.

"Este núcleo tem como responsabilidade articular com um núcleo semelhante dos ACeS [Agrupamentos de Centros de Saúde] e com o gabinete de crise da ARS [Administração Regional de Saúde]", refere, considerando que a referenciação de casos deve ser feita sempre que possível às equipas comunitárias de saúde mental.

Para um plano desta ordem, a comissão afirma que é necessário avançar com programas de formação dirigida aos profissionais no terreno, sendo que a sua ausência poderá ter um impacto negativo na forma como as pessoas lidam com uma situação de emergência.

No entanto, o relatório reconhece que a implementação de um sistema de formação "é incompatível com a proximidade temporal do verão".

Por isso, numa perspetiva de contingência, defende a difusão do documento "Primeiros Cuidados Psicológicos: Guia para profissionais no terreno", da Organização Mundial de Saúde.

No relatório, é ainda sublinhado que o desenvolvimento de respostas de saúde mental em situações de emergência e catástrofe "não deve ser encarado como um atributo da responsabilidade exclusiva do setor da saúde, mas sim como um processo colaborativo", envolvendo múltiplos agentes, desde as entidades governamentais e passando pelas comunidades.

Saúde Mental
O relatório final da comissão de acompanhamento na área da saúde mental estima que nos territórios afetados pelos incêndios...

A comissão de acompanhamento na área da saúde mental às populações afetadas pelos grandes incêndios de 2017 estima que "a prevalência pontual de perturbações psiquiátricas graves suba aproximadamente 01% (de uma base de 02 a 03%)" e aumente 05 a 10% nas perturbações ligeiras a moderadas (de uma base de 10%).

A restante população deverá "recuperar habitualmente sem patologia relevante", conclui a comissão, no relatório final a que a agência Lusa teve acesso.

"Para responder a esta heterogeneidade de cenários, é necessário desenvolver um sistema com diversas camadas de apoio e intervenção, complementares entre si, que atenda às necessidades dos diferentes grupos", defende a comissão de acompanhamento, presidida por António Leuschner.

A comissão considera que a resposta em saúde mental "foi célere e efetiva nos dois grandes incêndios da região Centro", em junho e outubro de 2017, sendo que o facto de haver já no terreno equipas comunitárias de saúde mental "foi uma enorme mais-valia para a eficiência da resposta".

Ao todo, as equipas comunitárias de saúde mental "realizaram perto de cinco mil consultas de psicologia e psiquiatria, e mais de um quarto desse número de domicílios de saúde mental relacionados com os incêndios", sublinha o relatório.

Para além disso, a comissão considera também positiva a colaboração institucional com outras instituições, como os fuzileiros, autarquias, INEM, misericórdias e Cruz Vermelha.

Anexado ao relatório, está também presente uma proposta de folheto para distribuir junto das populações com soluções para lidar com o luto, feito pelo diretor do Centro de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, António Barbosa.

Nesse documento, intitulado "O meu luto", o especialista refere que partilhar as experiências vividas e os seus sentimentos com alguém de confiança ou com um profissional de saúde pode "contribuir para aliviar os sintomas e ajudar a lidar com os acontecimento e as memórias traumáticas".

António Barbosa refere que o medo e a ansiedade, quando se tornam constantes e excessivos, poderão ser combatidos através de vários recursos, como respirar profunda e lentamente, organizar um diário ou participar num grupo de apoio.

Na proposta de folheto são também apresentadas medidas sobre como lidar com as insónias e com a má alimentação, apontando também para medidas de "autocuidado".

O "autocuidado", refere, pode assumir a forma de descanso e relaxamento, a prática de atividade física para libertar a tensão, o convívio com familiares e amigos ou falar sobre o luto, que pode ajudar a pessoa a "lidar com a perda".

Para aniversários ou datas marcantes relacionadas com a pessoa que morreu ou a data em que a pessoa faleceu, António Barbosa define várias estratégias, nomeadamente anotar no calendário os momentos que poderão ser difíceis e pensar no que poderá fazer durante esses momentos.

No dia em concreto, a pessoa deve libertar-se das suas expectativas e das dos outros, fazer algo que normalmente não faria em memória do ente querido, criar um momento que honre e reconheça a perda ou falar "com o falecido", interiormente ou em voz alta, sendo que esta forma de verbalizar o que a pessoa quer dizer pode "proporcionar conforto".

O especialista aponta ainda para a importância da comunidade, da necessidade de se olhar para o futuro e da ajuda de profissionais que a pessoa pode e deve procurar.

 

Investigação
Mastigar pastilha elástica durante o exercício físico pode ser um aliado contra o excesso de peso em homens com mais de 40 anos...

“Combinar exercício físico e pastilha elástica pode ser uma maneira eficaz de controlar o peso”, escrevem os investigadores na revista Journal of Phisical Therapy Science, citados hoje pela AFP.

No estudo, os investigadores examinaram “o ritmo cardíaco, a distância percorrida, a velocidade de marcha, o número de passos e gasto energético” de 46 atletas japoneses com idades entre os 21 e os 69 anos.

A estes foi pedido que caminhassem ao seu “ritmo natural” durante 15 minutos numa pista de atletismo. Metade mastigou duas pastilhas elásticas durante o percurso e a outra metade ingeriu os ingredientes das pastilhas em forma de pó dissolvido em água.

No final, perceberam que aqueles que mastigavam pastilha elástica apresentaram, globalmente, uma frequência cardíaca mais elevada.

Verificaram ainda que os homens com idade superior a 40 anos, quando mastigavam pastilha elástica, tendiam a andar mais rápido, percorrendo uma maior distância, o que os fazia gastar mais calorias.

 

 

SNS
O presidente da Associação Nacional da Unidades de Saúde Familiar (USF-AA), João Rodrigues, criticou este fim de semana que só...

Em declarações à agência Lusa no final do primeiro dia do 10.º Encontro Nacional das USF - Unidades de Saúde Familiar, que decorreu em Gondomar, o presidente da USF-AN criticou o Governo por decisões que considera "contraditórias".

Lembrando que de acordo com "as cotas publicadas em janeiro, em 2018 podem abrir 25 USF 'modelo A' e 20 'modelo B'", João Rodrigues criticou o facto de as segundas "só poderem transitar em outubro" apesar de já "aprovadas pelo parecer técnico nacional".

O Ministério da Saúde publicou recentemente um estudo, com dados de 2015, a validar esta informação, "dizendo haver uma eficiência de 103 milhões de euros anuais se todo o país estivesse em USF 'modelo B'", enfatizou João Rodrigues.

Insistindo que as USF 'modelo B' "produzem mais qualidade nos cuidados e custos menores em termos de resultado final", o dirigente elencou as mais-valias destas unidades.

"Há menos internamentos evitáveis. Por exemplo, um utente diabético vigiado numa USF 'modelo B' é menos internado, pois é melhor controlado, sendo que estes doentes vão menos ao serviço de urgência. E um doente quando recorre ao serviço de urgência hospitalar está a disparar a despesa e também porque está mais doente", disse.

Dando conta que em 2018 abriram 10 USF 'modelo A', João Rodrigues revelou um questionário feito em janeiro pela associação "aos coordenadores das USF 'modelo A'", vincando que "91% deles responderam querer ir para o 'modelo B'".

Sobre os serviços de Avaliação Psicológica de Condutores e que dificuldades têm tido os médicos de família para passar atestados para cartas de condução, o presidente da USF-AN manteve o tom crítico, afirmando que "continua tudo na mesma".

Salientando que os "profissionais não estão preparados tecnicamente para fazer esse tipo de avaliação, desde logo, por falta de materiais", lembrou a "promessa deste Governo" de "criação de centros especializados" para garantir que "estão em banho-maria".

O primeiro de dois dias do 10.º Encontro Nacional das USF - Unidades de Saúde Familiar abriu com uma homenagem a António Arnaut, considerado o "pai" do Serviço Nacional de Saúde, que esta semana faleceu em Coimbra.

Infarmed
Um dos medicamentos para prevenir a malária está esgotado em Portugal, confirmou hoje a Autoridade do Medicamento (Infarmed),...

A informação foi confirmada à agência Lusa por fonte oficial do Infarmed, após uma notícia da Visão online que dá conta que as “últimas embalagens de mefloquina se venderam no início de maio”.

A reposição de stock de mefloquina está prevista para 27 de julho, estando o Infarmed “neste momento a avaliar alternativas para o abastecimento do mercado com esta substância”.

De acordo com a Autoridade do Medicamento os medicamentos com mefloquina têm alternativa terapêutica na sua indicação principal (Atovaquona + Proguanilo), que pode ser utilizada e “não tem ruturas notificadas”, ou seja, está disponível no mercado.

 

Novas diretrizes
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou hoje um plano para reduzir em 90% as mortes provocadas por cólera, adotou uma...

A porta-voz da OMS, Fadela Chaib, afirmou hoje em conferência de imprensa em Genebra que a cólera é responsável por 95.000 mortes por ano, afetando 2,9 milhões de pessoas em países com poucas infraestruturas, sistemas de saúde deficitários e em situações de conflito social.

A resolução insta a OMS a aumentar a sua capacidade para ajudar os países que lutam contra a cólera, reforçando a sua liderança global e papel de coordenação nesta área.

Além disso, os delegados que participam na Assembleia Mundial da Saúde adotaram outra resolução que desafia o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e os Estados-membros a apoiar a reunião de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, onde será discutido o "caminho para acabar com a tuberculose”.

A resolução exige que os Estados-membros aumentem os esforços para eliminar a doença e, a OMS, apela para que se desenvolva uma nova estratégia global para a investigação e inovação médica no campo da tuberculose.

Segundo a OMS em 2016 morreram 1,7 milhões de pessoas, sendo a tuberculose uma das dez principais causas de morte no mundo.

Também a estratégia a cinco anos da organização para erradicar a poliomielite foi revista durante o encontro, reforçando os sistemas de vacinação e procedimentos de urgência nos países que têm as ferramentas necessárias para manter o “mundo livre” da doença.

A Assembleia Mundial de Saúde é o principal órgão de decisão da OMS, responsável por aprovar as diretrizes e recursos do trabalho a realizar pela organização.

 

 

Listas de espera
O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa vai contratar a privados mamografias para casos de mulheres sem sinais de...

A informação foi hoje revelada pelo administrador do IPO de Lisboa, Francisco Ramos, que admitiu que há dificuldades em realizar “no melhor prazo” mamografias de seguimento a mulheres que estão há mais de cinco anos sem a doença e que devem realizar um exame anual.

“Estamos com seis meses de atraso para as mamografias das mulheres que tiveram o seu diagnóstico há mais de cinco anos. Estamos a tentar organizar as equipas para aumentar essa capacidade. E para resolver de forma mais rápida esse acumulado de atrasos, vamos temporariamente comprar serviços ao exterior e com isso reduzir de forma rápida esse atraso”, afirmou Francisco Ramos aos jornalistas.

O esclarecimento do administrador do IPO foi prestado na sequência de uma notícia do Diário de Notícias de hoje que dava conta de atrasos nas mamografias de mulheres

Francisco Ramos espera que já durante o próximo mês seja possível começar a encaminhar para privados algumas mulheres para estas mamografias, que devem abranger cerca de 400 casos.

O responsável entende que as mulheres não têm razões para estar preocupadas, sublinhando que o IPO continua a responsabilizar-se e a acompanhar “todos os seus doentes em todas as fases da doença” e no acompanhamento do pós-doença.

Mesmo em relação às mamografias anuais após os cinco anos de sucesso de tratamento da doença, o IPO de Lisboa continua a garantir os exames, embora reconheça os atrasos.

Sublinhando que os casos de cancro têm aumentado todos os anos, Francisco Ramos nota ainda que o IPO está a trabalhar para aumentar a sua capacidade para efetuar mamografias e reduzir os tempos de espera, reorganizando as equipas.

Mas, dentro de dois ou três anos, o administrador assume que é provável que o IPO tenha de comprar um novo equipamento para ter capacidade de responder a toda a procura.

O IPO de Lisboa realiza “milhares de mamografias por mês” e tem, por norma, “capacidade de fazer todos os seus exames de diagnóstico e terapêutica”, segundo o responsável.

Os atrasos registados devem-se fundamentalmente ao aumento do número de doentes. Francisco Ramos indica que todos os anos aparecem entre 1.000 a 1.200 novos casos de cancro da mama e que 80% a 85 % sobrevivem ao fim de cinco anos, continuando a precisar de monitorização.

“Todos os anos temos 800 a 900 novas mulheres que atingem os cinco anos de tratamento e precisam de fazer mamografia anual”, nota.

A prioridade clínica tem sido realizar exames para doentes no início dos seus tratamentos, para verificar a evolução da doença.

Tendo em conta o aumento de doentes sobreviventes e com necessidade de acompanhamento, o IPO tem ainda em curso um projeto que pretende fazer com que as mulheres que ao fim de cinco anos não têm sintomas passem a ser seguidas nos centros de saúde, sempre em articulação com o IPO.

“Não é uma decisão administrativa. É um trabalho técnico e clínico”, assegurou.

O IPO de Lisboa recebe mais de seis mil novos doentes com cancro e mantém em seguimento 57 mil pessoas. Dos seis mil novos casos, mais de mil são mulheres com cancro da mama.

Posição da Sociedade Portuguesa de Senologia
Sociedade Portuguesa de Senologia esclarece as notícias que dão conta da falta de capacidade do IPO na realização de exames de...

Sobre as notícias veiculadas esta manhã, a propósito do seguimento de sobreviventes de cancro da mama no Instituto Português de Oncologia de Lisboa, a Sociedade Portuguesa de Senologia vem esclarecer:

Conscientes do aumento das taxas de sobrevida dos doentes com cancro da mama e, como tal, do número de sobreviventes, a Sociedade Portuguesa de Senologia apresentou no final do ano passado o consenso “Sobreviventes de Cancro: Guidelines de Seguimento”, no qual procura responder à questão “por quanto tempo necessitam os sobreviventes de cancro de um controlo na instituição de tratamento inicial”.

Neste consenso procura-se dar guidelines para o momento em que o sobrevivente deve passar a ser acompanhado por um médico de família. Os objetivos são diminuir o número de sobreviventes seguidos por oncologistas e senologistas para que novos e atuais doentes possam ter um maior acompanhamento e dar aos médicos de família um papel crescente no acompanhamento dos sobreviventes através de informação e ferramentas que lhes permitam seguir os sobreviventes com conhecimentos alicerçados.

Paralelamente a este consenso com os médicos de família, há ainda um trabalho a desenvolver com a sociedade em geral e os doentes em particular, no sentido de criar uma consciência de que não existe riscos acrescidos para os sobreviventes que forem acompanhados nos cuidados de saúde primários. As taxas de sobrevida são idênticas se o seguimento depois dos cinco anos de sobreviventes de cancro da mama for feito nos IPOS e instituições da especialidade ou for feito nos cuidados de saúde primários.

Neste processo de transferência de seguimento dos doentes, existe a questão da ligação efetiva que o doente / sobrevivente tem com o médico oncologista que o acompanhou durante todo o tratamento, mas é uma questão que deverá ser gerida caso a caso. É urgente aliviar a carga existente nos serviços de oncologia, para receberem os novos casos de cancro que aumentam a cada ano.

 

 

 

Entrevista
As doenças cutâneas são bastante frequentes mas nem sempre lhes é dada a devida atenção.

O que é a Dermatite de Contacto e quais os seus principais sintomas?

A dermatite de contacto refere-se a um grupo de alterações da pele no qual surge uma reação cutânea após o contacto direto com o agente causal. O termo dermatite é equivalente a eczema, o qual pode ser agudo (um único episódio), limitado ou não ao local do contacto com eritema, pápulas ou vesículas ou crónico (persistente) observando-se neste caso sinais de cronicidade como o espessamento da pele. Quase sempre se acompanha por prurido. 

Quais os tipos mais frequentes de Dermatite de Contacto?

As formas mais frequentes de dermatite de contacto são a irritativa e a alérgica. Dentro desta, existe o subtipo fotoalérgica, que apenas é desencadeada quando o agente é exposto à radiação solar ultravioleta.

O que distingue a Dermatite de contacto irritativa da Dermatite de contacto alérgica?

A dermatite de contacto irritativa pode ocorrer após uma única exposição a um agente irritativo (por exemplo um desengordurante). Mas habitualmente, trata-se de uma situação onde a exposição repetida a substâncias como detergentes, solventes ou a imersão frequente em água levam à lesão da barreira cutânea. As manifestações clínicas geralmente são limitadas aos locais de contacto. Este tipo de reação é mais comum nos atópicos (doentes que já têm história prévia de eczema, rinite ou asma) ou noutras condições onde a pele já está previamente comprometida.

A dermatite de contacto alérgica exige uma sensibilização prévia a um determinado alérgeno específico. Esse agente é apresentado à pele várias vezes até que se dá uma verdadeira reação alérgica, sob a forma de eczema. Este tipo de reação é designado por hipersensibilidade retardada, podendo desencadear-se apenas 48 a 96h após o contacto com a substância. As manifestações clínicas tipicamente extravasam a área de contacto.

Quais são, por exemplo, as substâncias ou agentes que causam cada uma das variantes da erupção cutânea?

Como referido na questão anterior as substâncias causadoras de dermatites irritativas são detergentes, solventes, sabões, mas também podem ser por exemplo factores mecânicos (o caso de um trabalhador que exerça sempre o mesmo tipo de movimento de fricção). Este tipo de dermatite de contacto é mais comummente observado nos profissionais que têm trabalhos húmidos, com imersão frequente das mãos em água ou que contactam com agentes detergentes.

As substâncias que mais frequentemente estão implicadas no eczema de contacto alérgico são os metais, as fragrâncias e os conservantes. Os acrilatos (colas das unhas de gel) também têm tido especial destaque, quer a nível profissional, quer a nível pessoal, pelo que hoje em dia se tornaram um dos alérgenos testados de forma sistemática em doentes com suspeita de dermatite de contacto.

É fácil identificar as suas causas? Como é feito o diagnóstico?

A distinção entre as 2 formas nem sempre é fácil, podendo mesmo coexistir formas clínicas e polissensibilizações (ou seja, alergia a mais do que uma substância). Não raramente a dermatite irritativa, ao lesar a barreira cutânea, predispõe à sensibilização alérgica posterior. Para o esclarecimento diagnóstico, os doentes são referenciados à consulta de Alergologia cutânea, na qual se realizam as chamadas provas epicutâneas. Nestes testes, colocam-se em contacto com a pele várias baterias com uma variedade de alérgenos selecionados consoante a história clínica. Dada a reação poder apenas decorrer após várias horas de contacto, as leituras são efectuadas às 48 e 96h. Cada positividade é interpretada individualmente e é-lhe atribuída a sua relevância. Esta pode ser atual, isto é, com impacto na história do doente e a sua evicção resulta na melhoria clínica.


A especialista do Hospital de Egas Moniz e Cuf Descobertas, Cristina Amaro, destaca o eritema, as pápulas ou vesículas como os principais sintomas 

Quando se deve consultar o médico?

O eczema deve ser investigado caso persista. O doente deve ser enviado a uma consulta de Dermatologia para que seja realizada uma história clínica pormenorizada.

Qual o prognóstico da Dermatite de Contacto? Quanto tempo demora a erupção passar?

Teoricamente a evicção dos factores causais, sejam irritativos ou alérgicos, resulta numa melhoria clínica. O prognóstico é variável consoante a gravidade e a existência de predisposição a outras dermatoses de base, como o eczema atópico. Dependendo da área anatómica, podemos ter quadros bastante debilitantes como no eczema das mãos. Quando a dermatose tem relevância profissional poderá ser mais difícil a evicção total dos factores envolvidos.

Qual o tratamento indicado e quais os principais cuidados a ter?

Por vezes é necessário adicionar medidas terapêuticas como o uso de creme emoliente (creme hidratante) para restruturar a barreira cutânea, assim como medicação anti-inflamatória como por exemplo os corticosteróides.

Quais as principais medidas de prevenção?

A prevenção é primordial. O uso de medidas de proteção adequado é uma das principais recomendações. Os doentes devem evitar a manipulação das substâncias irritativas ou alérgicas utilizando, por exemplo, luvas que impeçam o contacto com esses químicos. As luvas devem ser individualizadas para cada caso, no que respeita ao seu tamanho, composição e capacidade de proteção. A utilização concomitante de luvas de algodão minora o efeito oclusivo das luvas de proteção. A aplicação regular de creme emoliente também constitui uma medida de prevenção.

Quais as complicações possíveis? O quadro pode evoluir para uma condição mais grave?

Por vezes, como dito anteriormente, o eczema pode extravasar a área de contacto e sofrer uma generalização pelo tegumento cutâneo. Nestes casos, a terapêutica pode ter que passar pelo uso de medicação oral. Há ainda uma outra condição designada por dermatite de contacto sistémica. Esta resulta da exposição por via sistémica (por exemplo através da absorção pelas mucosas do olho, anal, por via endovenosa ou inalatória) a alérgenos aos quais o doente se sensibilizou previamente através da pele, com aparecimento de quadros cutâneos mais complexos. 

Para terminar, que outras considerações gostaria de fazer sobre o tema?

Esta é uma área em constante atualização tendo em conta o desenvolvimento de novos produtos cosméticos e industriais. Os cosméticos têm vindo a tornar-se nos últimos anos os maiores causadores de dermatite de contacto alérgica dado o seu uso generalizado.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

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