Anonimato dadores
Centros de procriação medicamente assistida estão a enfrentar dificuldades com a decisão do Tribunal Constitucional de acabar...

Mas esta decisão também teve um efeito positivo: aumentaram os candidatos a dadores de óvulos e espermatozoides, revelou o diretor do Laboratório de Procriação Medicamente Assistida da clínica Ferticentro, Vladimir Silva, no simpósio “Procriação Medicamente Assistida – Que futuro?”, promovido pela Associação Portuguesa de Fertilidade (APF).

“O ‘boom’ mediático que este assunto trouxe teve um efeito paradoxal, aumentaram os candidatos a dadores, coisa que nós não esperávamos”, disse Vladimir Silva, comentando o impacto do acórdão do TC de 24 de abril, que considerou inconstitucionais algumas normas da lei da Procriação Medicamente Assistida (PMA), nomeadamente o anonimato dos dadores de gâmetas.

Segundo o responsável, esta decisão está a criar “um problema grande” em relação aos embriões que estão congelados porque “envolvem pessoas que já fizeram doações há muito tempo”, muitas delas sob anonimato.

Citando dados do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), Vladimir Silva disse que em 2017 existiam 7.495 embriões obtidos com gâmetas de dadores anónimos. “Se nós admitirmos uma percentagem em que em 60% a 70% destes casos possamos estar a falar de dadores incontactáveis ou de dadores que não querem deixar de ser anónimos ou de dadores que são provenientes de bancos de gâmetas estrangeiros chegaremos com facilidade aos 5.000 embriões” que podem ser destruídos.

“Só em 2017 tivemos 390 aplicações de espermatozoides importados e 151 de ovócitos importados”, disse, explicando que “a normal atividade da PMA depende da utilização de gâmetas importados e, os que não são importados, uma percentagem deles é de dadores que não querem ou não podem deixar de ser anónimos”.

Esta semana a clínica pediu o envio de “seis ou sete casos para o estrangeiro, de pessoas que têm os tratamentos suspensos” e condições financeiras para ir. “Temos muitos outros que estão à espera de uma resolução da lei”, disse.

Contou ainda os telefonemas “absolutamente horríveis” que a clínica tem de fazer a dizer a alguém que “não pode ter um segundo filho porque os embriões são de dadores anónimos, embora o tratamento tenha sido feito em 2014”.

Por outro lado, “há dadores que reagem violentamente quando são contactados (para saber se permitem levantar o anonimato), porque doaram esperma há cinco anos ou seis anos”, disse Vladimir Silva.

Presente no simpósio, o diretor da clínica IVI, Sérgio Soares, afirmou ter vergonha do que se está a passar.

“Eu tenho vergonha de participar no que tem acontecido nesta fase de transição com pessoas que doaram e com pessoas que receberam [as doações] quando o anonimato era uma garantia”, disse Sérgio Soares, aludindo aos tratamentos que tiveram de parar devido a esta situação.

“Em termos de mudança legal futura, o que vier vai ser gerível e nós vamos conseguir trabalhar com isso, o que eu acho vergonhosa é essa fase de transição”, sublinhou.

Ana Oliveira, psicóloga da Ava Clinic, alertou, por seu turno, para os efeitos que esta decisão pode ter: “não sei qual serão os efeitos em todos os envolvidos se continuarmos dois três anos sem clarificar o que é que se passa”.

O juiz desembargador Eurico Reis, que se demitiu do CNPMA, em protesto contra o acórdão do Tribunal Constitucional, defendeu no simpósio que o legislador tem que dizer já que “a declaração de inconstitucionalidade só vale a partir de 24 de abril de 2018 ou então é a Assembleia da República que estará também a colaborar neste golpe de Estado”.

“A partir desta altura a situação que ocorre é a de que não há preservação do segredo da identidade civil dos dadores. Vamos ter de esperar por uma nova legislatura e espero que não tenhamos de esperar sete anos, que é o tempo de duração do mandato dos juízes que estão neste momento no Tribunal Constitucional”, afirmou Eurico Reis.

Estudo
A solidão é prejudicial para o coração e aumenta fortemente o risco de morte prematura, revela um estudo apresentado em Dublin,...

"A solidão é um forte preditor de morte prematura, de pior saúde mental e de menor qualidade de vida em pacientes com doença cardiovascular. É um preditor muito mais forte do que viver sozinho, tanto em homens como em mulheres", afirmou Vinggaard Christensen, autora do estudo e investigadora do Centro do Coração, do Hospital Universitário de Copenhaga, na Dinamarca.

Investigações anteriores mostraram que a solidão e o isolamento social estão relacionados com a doença coronária e o acidente vascular cerebral, mas o seu impacto não foi investigado em doentes com diferentes tipos de doença cardiovascular, explicou a investigadora.

O estudo investigou se uma rede social frágil estava associada a piores desfechos em 13.463 pacientes com doença cardíaca isquémica, arritmia, insuficiência cardíaca ou doença valvular cardíaca.

Os dados de registos nacionais foram ligados à pesquisa ‘DenHeart’, que pediu a todos os pacientes que receberam alta, entre abril de 2013 a abril de 2014 de cinco centros cardíacos na Dinamarca, para responder a um questionário sobre a sua saúde física e mental e sobre fatores de estilo de vida como o tabagismo e o suporte social.

O suporte social foi medido usando dados do registo, como morar sozinho ou não, e através de duas perguntas sobre o sentimento de solidão: “Tem alguém com quem conversar quando precisa?” e “Sente-se sozinho às vezes, mesmo que queira estar com alguém?”

"Era importante reunir informações” sobre estas duas questões, uma vez que “as pessoas podem viver sozinhas, mas não se sentirem sós, enquanto outras convivem, mas sentem-se solitárias", disse a investigadora.

Vinggaard Christensen observou que as pessoas com pouco apoio social podem ter mais problemas de saúde, porque têm estilos de vida menos saudáveis, não aderem tão bem ao tratamento e são mais afetados por situações de stress.

“Nós ajustamos os comportamentos de estilo de vida e muitos outros fatores na investigação e descobrimos que a solidão é má para a saúde", vincou a investigadora no congresso EuroHeartCare2018.

A investigação, que resultou da revisão de vários estudos, revelou que relações sociais frágeis estavam associadas a um aumento de 29% no risco de incidente de doença coronária isquémica e de 32% no aumento do risco de acidente vascular cerebral.

“Vivemos numa época em que a solidão está mais presente e as autoridades de saúde devem levar isso em consideração ao avaliar o risco”, disse a investigadora.

Dados de 70 estudos prospetivos independentes, com 3.407.134 participantes seguidos por uma média de sete anos, revelaram um efeito significativo do isolamento social, solidão, e viver sozinho na probabilidade de mortalidade.

As diretrizes europeias sobre prevenção cardiovascular afirmam que as pessoas que estão isoladas ou desligadas de outras pessoas correm maior risco de desenvolver e morrer prematuramente de doença arterial coronária e recomendam a avaliação de fatores de risco psicossociais em pacientes com doença cardiovascular e naqueles que apresentem alto risco de a desenvolver.

O que fazer?
O peixe-aranha é “responsável” por um grande número de picadas em Portugal.
Peixe aranha na areia

Alimenta-se sobretudo de crustáceos jovens e moluscos e a fim de sobreviver quando a maré baixa, procura um regato de água onde possa ficar até que a maré suba. Deitado sobre o seu ventre e sob a areia, com a sua cor facilmente confundível com alguma alga ou pedaço de madeira, passa despercebido. É na verdade uma armadilha que pode apanhar o mais incauto. Enquanto a sua segunda barbatana dorsal é inofensiva, a primeira que contém uma parte óssea que protege as suas brânquias (popularmente conhecidas por guelras) tem dois espinhos, cada um com duas pontas agudas que se eriçam ao toque do pé humano.

Nestes espinhos existem dois sulcos pelos quais é segregado um veneno perigoso que pode chegar à corrente sanguínea e paralisar o pé picado, ou mesmo a perna. Há inclusive relatos de infecções fatais após a picadela provocada pelo peixe-aranha.

Sintomas

- Dor intensa, que pode durar de 2 a 24 horas

- Edema (inchaço)

- Náuseas e vómitos

- As pessoas reagem ao veneno de acordo com a sua sensibilidade ao mesmo. Nos casos de alergia, a situação pode revelar-se extremamente perigosa.

O que fazer em caso de picada por um peixe-aranha

- Acalmar a pessoa

- Verificar sinais de reacção alérgica (ex.: inchaço, dificuldade em respirar). Caso se verifique reacção alérgica deve-se encaminhar a pessoa de imediato para o hospital.

- Lavar o local com soro fisiológico, verificar o número de picadas e espremer as picadas até sair sangue. Atenção, utilizar luvas neste procedimento.

- Mergulhe o pé, ou outra zona afectada, em água tão quente quanto a pessoa consiga suportar. O ideal é que aí permaneça durante pelo menos 30 minutos. O veneno destes peixes decompõe-se por acção do calor.

- Deite água quente à medida que a outra arrefece. Tenha atenção para não queimar a pessoa.

- Se após o procedimento a dor e o inchaço persistirem contactar um profissional de saúde.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Recomendações
A Convenção Nacional da Saúde propõe que a fatia do Orçamento do Estado para a saúde aumente no mínimo 0,15 pontos percentuais...

As conclusões e algumas recomendações da Convenção foram hoje apresentadas pelo bastonário da Ordem dos Médicos, que presidiu à reunião e foi mentor da ideia da criação de um encontro que ajudasse a criar um pacto para a saúde e uma agenda do setor para a próxima década.

Depois de apresentar as conclusões, Miguel Guimarães explicou à Lusa que se pretende que o orçamento público da saúde tenha um aumento de pelo menos 0,15 pontos percentuais ao ano, alcançando, dentro de dez anos, 7% do PIB, quando atualmente se situa nos 5,2%.

A Convenção sugere ainda que a fatia do orçamento da Saúde destinada à prevenção – que se estima em cerca de 1% - seja aumentada, no mínimo, 0,25 pontos percentuais por ano “até alcançar a média dos países da OCDE”.

A média dos países da OCDE para prevenção da doença e promoção da saúde ronda os 2%, mas há muitos países que já dedicam 3% dos seus orçamentos da saúde a esta matéria.

A Convenção Nacional da Saúde considerou ainda como fundamental “reforçar a espinha dorsal do SNS”, referindo que a reforma dos cuidados de saúde primários tem de ser efetiva e aplicada na prática.

Para isso, as entidades envolvidas na Convenção querem que sejam constituídas “todas as Unidades de Saúde Familiar modelo B necessárias”, bem como dar mais tempo aos médicos de família para estarem com os seus utentes e fazerem efetiva promoção de saúde e prevenção.

Para uma melhor integração de cuidados entre centros de saúde e hospitais, a Convenção vai promover reuniões específicas entre a medicina geral e familiar e os médicos de medicina interna.

Segundo o bastonário dos Médicos, a Convenção decidiu ainda que deve ser “acarinhado” o projeto “SNS Mais Proximidade”, que era liderado pelo especialista em saúde pública Constantino Sakellarides, que, entretanto, se demitiu de consultor do ministro da Saúde.

O “SNS Mais Proximidade” é um programa que pretende criar um plano de saúde individual e adaptado a cada pessoa, bem como investir na literacia em saúde.

A Convenção Nacional da Saúde propõe ainda a “generalização da fatura virtual” com os custos reais da prestação de cuidados no SNS, como forma de os cidadãos terem “também responsabilidade”.

O bastonário dos Médicos adiantou ainda que “todas as profissões da saúde” devem ter uma carreira no SNS, não apenas as que estão representadas em ordens profissionais, mas também todos os outros profissionais, como os secretários clínicos.

A Convenção pede ainda uma regulação mais eficaz no setor social, privado e também nos seguros de saúde: “Não podemos continuar a ter os seguros em roda livre como neste momento. Esta regulação tem de ser feita”.

O aumento e incremento dos ensaios clínicos é outra das propostas, bem como acabar com “as barreiras ao acesso à inovação” nas tecnologias e medicamentos.

A Convenção Nacional da Saúde, que reuniu cerca de 90 organizações do setor, terminou hoje em Lisboa.

Proposta
Um plano de emergência para a rede de cuidados continuados, uma verba específica para investimentos em equipamentos e...

As sugestões surgiram do debate da convenção, que hoje terminou em Lisboa, e foram apresentadas pelo bastonário da Ordem dos Médicos no encerramento dos trabalhos do encontro.

Segundo Miguel Guimarães, a Convenção sugere criar um “plano de emergência para reforçar a rede de cuidados continuados”, bem como estabelecer um estatuto do cuidador informal, criando uma rede nacional destes cuidadores.

De acordo com o responsável, é necessário apostar na rede de cuidados continuados, lembrando que este tipo de camas são menos caras do que as de cuidados de agudos, além de que muitos doentes permanecem nos hospitais por não haver camas de cuidados continuados suficientes.

“É uma medida essencial que vai ser apresentada pelos representantes que vão sair desta Convenção Nacional de Saúde. É muito importante para reduzir os custos em saúde de uma forma mais correta e sustentada”, afirmou o bastonário.

Outra das medidas propostas é a criação de um gabinete interministerial “para combater a fraude e a publicidade enganosa e o exercício de ilegal de várias profissões” ligadas à saúde, uma medida que terá gerado consenso também entre os participantes da Convenção.

A Convenção sugere ainda uma “lei de programação de investimentos essenciais”, que estabeleça uma verba especial para atualizar equipamentos e infraestruturas no SNS.

Miguel Guimarães, que presidiu à Convenção, refere que há hospitais em Portugal que continuam a usar equipamento de radioterapia, para tratar doentes com cancro, que “estão fora de prazo” e que têm mais de 10 anos.

Também há muitos equipamentos de TAC já antiquados, quando está demonstrado que os de nova geração produzem menos radiação.

Estes são alguns dos pontos apresentados como conclusões ou propostas da Convenção Nacional da Saúde, que pretendia criar um pacto para o setor, bem como uma agenda para a próxima década.

Miguel Guimarães frisou que sem um pacto nacional será muito difícil melhorar o setor, avisando que a saúde “é mais importante que as ‘lutas’ entre partidos políticos”.

Recolha de assinaturas
A Associação Portuguesa de Fertilidade e os especialistas nesta área vão lançar uma petição para obrigar o parlamento a debater...

“Em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Medicina Reprodutiva vamos lançar uma petição pública por entendermos que esta confusão legal [criada pelo acórdão do TC] necessita de uma regulamentação urgente”, disse a presidente da Associação Portuguesa de Fertilidade (APF) à agência Lusa, à margem do simpósio “Procriação Medicamente Assistida – Que futuro?”, que está a decorrer em Lisboa.

O objetivo da petição, cuja recolha de assinaturas irá começar “o mais tardar no início da próxima semana”, é forçar o parlamento a “pegar urgentemente no assunto [para] que resolva o marasmo legal causado” pelo acórdão do passado mês de abril do Tribunal Constitucional, que considerou inconstitucionais algumas normas da lei da Procriação Medicamente Assistida (PMA), nomeadamente o anonimato dos dadores de gâmetas.

Cláudia Vieira adiantou que esta decisão do tribunal foi “uma total surpresa”: “Nunca pensámos que este acórdão viesse a cobrir esta questão do anonimato e o que é mais grave para nós é mudarem as regras do passado”, considerando “punitivo” o “efeito de retroatividade” da lei.

Para a responsável, devia ter sido definido um processo de transição para que os tratamentos iniciados pudessem ser concluídos e os embriões criopreservados protegidos.

“Neste momento, os embriões que estão criopreservados, o único destino que têm, se os dadores não concordarem levantar o anonimato, é serem destruídos”, lamentou, lembrando a “carência enorme de dadores” em Portugal.

Portugal tem de importar muitos gâmetas de Espanha, onde o anonimato é obrigatório, o que leva a que os dadores não possam ser contactados para saber se estão dispostos a levantar o anonimato.

Cláudia Vieira explicou que os embriões cujos dadores não derem autorização para levantar o anonimato têm de ser destruídos. “Se não forem, os casais beneficiários não podem iniciar novos tratamentos”.

“Quem avançou com todo este processo e quem decidiu - neste caso o tribunal - não pensou nas repercussões que o efeito retroativo poderia ter”, disse, rematando: “uma coisa é mudarmos a lei e, a partir de agora, as pessoas saberem as regras e concordarem com elas, outra coisa é tentar alterar o que tem vindo a ser feito há mais de 12 anos”.

Segundo Cláudia Vieira, têm chegado à associação muitos pedidos de esclarecimento por parte de pessoas que têm os embriões criopreservados e não os podem utilizar porque não se consegue contactar os dadores. “Isto é uma confusão legal de tal forma que as pessoas estão com as vidas em suspenso”.

Márcia Santana é uma dessas pessoas que tem a vida em suspenso, conforme contou no simpósio.

Depois de se ter deslocado duas vezes a Espanha para recorrer à PMA, onde os tratamentos não tiveram o desfecho desejado, Márcia Santana decidiu iniciar o tratamento em Portugal.

“Fiquei muito agradada e feliz no dia 13 de maio de 2016 quando vi a lei [da gestação de substituição] ser aprovada no parlamento”, uma situação que se alterou no passado mês de abril com a decisão do TC.

“Fiquei muito triste e “senti-me me extremamente impotente e revoltada com o que aconteceu”, disse, contando o impacto que esta decisão teve na sua vida.

“Eu tinha três embriões, utilizei dois, infelizmente não tive uma notícia positiva, e resta-me agora um, que não posso usar porque o dador não aceita perder o anonimato [e] está no seu direito”, disse Márcia Santana,

Neste momento, disse, “não posso usar o embrião a não ser que a clínica me deixe levar o embrião, antes de nascer, a passear até Sevilha, o que não deixa de ser irónico”.

Boletim Polínico
As regiões de Castelo Branco, Lisboa, Setúbal, Évora e Portimão vão ter níveis de pólenes muito elevados ao longo dos próximos...

Para a semana de 8 a 14 de junho, a SPAIC prevê concentrações de pólenes muito elevadas nessas regiões continentais e concentrações elevadas no Porto (Entre Douro e Minho) e Vila Real (Trás-os-Montes e Alto Douro), que apresentam níveis moderados de pólen.

A SPAIC indica também que, ao contrário da maioria das regiões do continente, os pólenes estarão em níveis baixos na Madeira, destacando-se os pólenes das ervas gramíneas e parietária, e, nos Açores, os pólenes encontram-se em níveis moderados, com predomínio dos pólenes das árvores pinheiro e palmeira e das ervas gramíneas, parietária e tanchagem.

Os pólenes das árvores carvalhos e oliveira predominam nas regiões de Trás-os-Montes e Entre Douro e Minho. No que diz respeito às ervas, predominam os pólenes de gramíneas, parietária e tanchagem em Trás-os-Montes e urtiga, parietária, gramíneas e tanchagem em Entre Douro e Minho.

Nas regiões da Beira Interior, Beira Litoral, Lisboa, Setúbal e Algarve prevalecem os pólenes das árvores carvalhos e oliveira.

Os pólenes das ervas gramíneas predominam nas regiões da Beira Interior e da Beira Litoral, com o acréscimo das ervas tanchagem e parietária, respetivamente

Nas regiões de Lisboa, Setúbal e Algarve destacam-se os pólenes das ervas parietárias, gramíneas e quenopódio, com acréscimo das ervas tanchagem no Algarve.

Os pólenes das árvores sobreiro e oliveira e das ervas gramíneas, tanchagem e parietária serão os dominantes no Alentejo.

As concentrações de pólenes são suscetíveis a provocar doenças alérgicas, e estas podem ser do aparelho respiratório (asma e rinite alérgica), dos olhos (conjuntivite alérgica) ou da pele (urticária e eczema).

O Boletim Polínico efetua a divulgação semanal dos níveis de pólenes existentes no ar atmosférico recolhidos através da leitura de postos em várias regiões do país.

 

Relatório
Hospitais da Amadora, Lisboa e Algarve são os que receberam o maior número de reclamações. Queixas de utentes de serviços de...

As reclamações no setor da saúde dispararam no ano passado. Ao todo, foram feitas 70.120 reclamações pelos utentes dos serviços de saúde, o que representa um aumento superior a 18% em relação a 2016. Hospitais da Amadora, Lisboa e Algarve lideram no número de reclamações, de acordo com o relatório do Sistema de Gestão de Reclamações.

O “procedimentos administrativos” foram o principal motivo das reclamações, respondendo por 20,3% das queixas, superando os tempos de espera que lideram no ano anterior. Foi “particularmente reclamada a qualidade da informação institucional disponibilizada“, refere o documento divulgado, esta quinta-feira, pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

Seguem-se os “tempos de espera” (19,5% das reclamações), “em especial o tempo de espera para atendimento clínico não programado superior a uma hora”. Por fim, a “focalização do utente”mereceu 17% das queixas, “salientando-se as questões relacionadas com delicadeza/urbanidade do pessoal clínico”.

 

 

A propósito do Dia dos Oceanos
A poluição por plástico nos oceanos é um desafio à escala global, como o desafio das alterações climáticas, diz o ministro do...

No dia em que se assinala o Dia Mundial dos Oceanos, João Pedro Matos Fernandes alerta que com a poluição dos mares quem sofre são os oceanos e todos os seres vivos que vivem nesses oceanos, que fazendo parte da cadeia alimentar afetam todas as espécies, incluindo a humana.

Este ano sob o lema "prevenir a poluição por plástico, encorajar soluções para um oceano saudável", a efeméride serve para diversas iniciativas lembrarem o problema da poluição do mar, "um desafio global" nas palavras do ministro.

"Os principais problemas ambientais que se colocam ao mundo são problemas que ultrapassam muito a dimensão geográfica de cada país. Quando falamos das alterações climáticas, quando falamos da redução de matérias primas, esses problemas não são do país A ou B, são do mundo todo", afirmou o ministro.

E acrescentou que é cada vez mais evidente "que o problema dos plásticos nos oceanos também tem esta dimensão planetária", que nenhum país consegue resolver sozinho e que obriga a que todos façam "a sua parte".

"É impensável resolver o problema se não trabalharmos todos juntos", disse.

Para assinalar a data, entre outras iniciativas, em Peniche numa conferência debate-se o tema "Oceanos -- Sensibilizar para agir, Proteger para valorizar", numa organização do Instituto Politécnico de Leiria, Comissão Nacional da UNESCO, e Comité Português para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental, com a presença, entre outros do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

No Funchal uma conferência para sensibilizar a população para a poluição do mar (3.ª Conferência Regional MaRam), e em Lisboa o primeiro-ministro visita o Oceanário, no âmbito também do Dia Mundial dos Oceanos.

Criado em 1992, o Dia Mundial é celebrado sempre a 08 de junho. A ONU lembra na sua página na internet que oito milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos em cada ano. E que a poluição por plásticos custa a vida a um milhão de aves marinhas e a 100 mil mamíferos, também em cada ano.

 

A quantidade de dióxido de carbono na atmosfera voltou a atingir um novo máximo este ano, alertam cientistas.

A agência dos EUA para o Oceano e a Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês) divulgou na quinta-feira que os níveis de dióxido de carbono atingiram as 411,25 partes por milhão em maio, no observatório federal instalado em Mauna Loa, no Estado do Havai, acima dos 409,65 registados há um ano.

Instituição Scripps de Oceanografia, onde os cientistas começaram a seguir este gás com efeito de estufa, apurou um aumento similar.

Este é o mês com níveis mais elevados de dióxido de carbono

Maio é tradicionalmente o mês com os níveis mais elevados de dióxido de carbono, uma vez que, no final da Primavera e durante o Verão, as plantas diminuem, em termos líquidos, a presença deste gás da atmosfera.

A quantidade de dióxido de carbono na atmosfera cresceu cerca de 26% em 50 anos. A queima de carvão, gás e petróleo emite dióxido de carbono, que é um dos principais gases com efeito de estufa.

O chefe do serviço de monitorização destes gases na NOAA, Pieter Tans, disse que a taxa de crescimento no último ano foi um pouco menor do que nos anos mais recentes, mas muito acima da dos anos de 1990.

“As emissões que estamos a provocar hoje vão continuar no sistema atmosfera-oceano durante milhares de anos, a partir de agora”, afirmou Tans.

 

Investigadores norte-americanos
Um grupo de investigadores norte-americanos e dinamarqueses afirmaram esta quinta-feira que desenvolveram um exame de sangue...

Embora mais estudos sejam necessárias, especialistas dizem que este novo teste tem potencial para reduzir fatalidades e complicações nos 15 milhões de nascimentos prematuros por ano em todo o mundo.

O teste também pode ser usado para estimar a data do parto de forma "tão confiável quanto e menos dispendiosa do que a ultrassonografia", disse o estudo publicado na revista Science.

O teste mede a atividade dos genes materno, placentário e fetal, avaliando os níveis de ARN livre de células, que são moléculas mensageiras que transportam instruções genéticas do corpo.

"Descobrimos que um punhado de genes são altamente capazes de prever que mulheres correm risco de parto prematuro", disse o coautor do estudo Mads Melbye, professor visitante da Universidade de Stanford e CEO do Statens Serum Institut em Copenhaga.

"Passei muito tempo ao longo dos últimos anos a trabalhar para entender o parto prematuro. Este é o primeiro progresso científico real e significativo sobre este problema em muito tempo", acrescentou.

Teste para prever Síndrome de Down é agora usado em milhões de grávidas

Outro investigador de destaque foi Stephen Quake, professor de bioengenharia e de física aplicada na Universidade de Stanford, que liderou uma equipa que criou um exame de sangue para a síndrome de Down em 2008 - hoje usado em mais de três milhões de mulheres grávidas por ano. 

O nascimento prematuro, que ocorre quando o bebê chega pelo menos três semanas antes da data prevista, afeta 9% dos nascimentos nos Estados Unidos e é a principal causa de morte antes dos cinco anos entre crianças em todo o mundo.

Já existem alguns testes para prever o nascimento prematuro, mas tendem a funcionar apenas em mulheres que apresentam um alto risco, e são precisos apenas em cerca de 20% dos casos.

Para desenvolver o teste, os investigadores examinaram amostras de sangue de 31 mulheres dinamarquesas para identificar que genes davam sinais confiáveis ​​sobre idade gestacional e risco de prematuridade.

 

Diz WWF
Os plásticos dominam os resíduos encontrados no Mediterrâneo, a maior parte com origem na Turquia e Espanha, e afetam Portugal,...

Um relatório da WWF, divulgado para assinalar o Dia Mundial dos Oceanos que hoje se comemora, conclui que "95% dos resíduos que flutuam no Mediterrâneo são compostos por plásticos" e pede um acordo internacional para eliminar esta poluição.

A maior parte desse plástico "é proveniente da Turquia e Espanha, seguida pela Itália, Egito e França. Os turistas que visitam a região a cada verão são responsáveis por um aumento de 40% no lixo marinho", acrescenta o relatório.

Os ambientalistas alertam que o Mediterrâneo "corre perigo de se transformar numa armadilha plástica, com níveis recorde de poluição causada por microplásticos, que ameaçam tanto espécies marinhas como a saúde humana".

Em Portugal, "os microplásticos predominam nas areias das praias, representando 72% do lixo encontrado em zonas industriais e de estuários", salienta um comunicado divulgado pela organização em Lisboa.

A WWF pede aos governos, empresas e cidadãos que adotem ações para reduzir a poluição por plásticos em ambientes urbanos, costeiros e marinhos, não só no Mediterrâneo, mas em todo o mundo, já que este problema afeta todos os oceanos.

Entre as propostas da organização está a adoção de um acordo internacional juridicamente vinculativo para eliminar a descarga deste material nos oceanos, com metas para atingir 100% de resíduos plásticos reciclados e reutilizáveis até 2030 e proibição dos produtos descartáveis, como sacos.

No relatório da WWF "Sair da Armadilha Plástica: Salvar o Mediterrâneo da poluição plástica", também é pedido às empresas para investirem em inovação e projetarem uma utilização de plástico mais eficaz e sustentável.

A poluição por plástico tem sido muito focada nos últimos dias, com a apresentação da estratégia europeia para reduzir o seu consumo e aumentar a reutilização e reciclagem, e a apresentação de alguns resultados preliminares do grupo de trabalho para procurar alternativas a este material, criado pelo Governo português.

Segundo trabalhos científicos referidos pela WWF, Portugal apresenta "dados preocupantes ao longo da cadeia alimentar marinha, nomeadamente em espécies que servem de alimento a peixes e mamíferos".

Os artigos, refere a organização, destacam as zonas de Lisboa e Costa Vicentina pela proximidade aos estuários do Tejo e Sado, apresentando elevadas densidades de microplásticos.

Acrescenta que "20% dos peixes de consumo quotidiano têm microplásticos nos seus estômagos e 80% das tartarugas-marinhas-comuns (Caretta caretta), cujos juvenis têm zonas de alimentação nos Açores, comem lixo, na sua maioria plástico".

"Os impactos da poluição plástica no Mediterrâneo têm repercussões em todo o mundo, e Portugal, na rota de saída deste mar, é o primeiro a sofrer as consequências, com sérios danos tanto para a natureza quanto para a saúde humana", realça a diretora executiva da Associação Natureza Portugal (ANP|WWF), citada no comunicado.

A poluição "ameaça o turismo e a pesca", alerta a responsável, para quem o problema dos plásticos é um sintoma do declínio geral da saúde do planeta".

Dos 27 milhões de toneladas de resíduos plásticos produzidos anualmente na Europa, apenas um terço é reciclado, 27% vai para aterro, uma percentagem que sobe a metade na Itália, França e Espanha.

O material reciclado representa 6% da procura de plásticos na Europa, aponta o relatório.

Se nada mudar, o mar terá uma tonelada de plástico por cada três toneladas de peixe em 2025 e em 2050 os oceanos poderão ter mais plástico que peixe, indicam estimativas citadas por organizações ambientalistas.

O custo económico dos 10 a 20 milhões de toneladas de plástico que acabam no mar a cada ano é responsável por cerca de 13 mil milhões de dólares de prejuízo nos ecossistemas marinhos, o que inclui perdas nas pescas, turismo e limpeza de praias.

Estudo
As principais necessidades paliativas em pessoas com doença avançada não são físicas, mas psicológicas, relacionadas com a...

O principal objetivo dos investigadores Bárbara Antunes e Pedro Pereira Rodrigues, do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), foi identificar as principais necessidades sentidas por pessoas com diagnóstico de doença incurável (oncológica e não oncológica) e potencialmente ameaçadora da vida no que diz respeito aos cuidados paliativos que gostariam que lhes fossem prestados.

Os autores triaram mais de 1.700 indivíduos, tendo incluído 135 de um total de nove instituições. Mais de 80% tinham cancro, 57% eram homens e a média de idades era de 66 anos. A maior parte estava em unidades de cuidados paliativos, mas também havia doentes seguidos nos cuidados primários de saúde ou em hospitais não especializados em cuidados paliativos, em diferentes fases da doença (estável, instável ou terminal).

Para os doentes a necessitar de cuidados paliativos, o principal problema reportado foi a ansiedade ou a preocupação dos seus familiares e amigos (36,3%), seguindo-se a própria ansiedade ou preocupação em relação à doença ou ao tratamento (13,3%) e a necessidade de se sentirem em paz (quase 10%).

A necessidade de partilhar as suas emoções foi a quinta principal necessidade paliativa referida. Só depois destas necessidades psicológicas ou espirituais vinham as necessidades físicas, como a dor (7,4%).

Através da utilização de uma escala designada por “The Portuguese Integrated Palliative Care Outcome Scale” (IPOS), validada para a população portuguesa, os investigadores concluíram ainda que, apesar de serem referidos, os problemas muitas vezes percecionados como os mais graves, como vómitos ou náuseas, eram, na verdade, os que menos preocupavam os doentes.

O estudo concluiu que “as equipas clínicas resolvem as questões físicas, mas devem melhorar a resolução de necessidades não físicas em sede de cuidados paliativos”, sugerindo a utilização daquela ferramenta para beneficiar a prática clínica paliativa e melhorar a assistência aos doentes e às suas famílias.

O trabalho é assinado também por Irene Higginson, do King’s College London, e por Pedro Ferreira, da Universidade de Coimbra.

O Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia. Sediado na Universidade do Porto, o CINTESIS beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como da Escola Superior de Enfermagem do Porto. No total, o centro agrega cerca de 500 investigadores e conta com sete ‘spin-offs’.

SNS
A nova Lei de Bases da Saúde vai prever financiamento plurianual para investimento em recursos humanos, equipamentos e...

As revelações foram feitas por Maria de Belém Roseira, que está a coordenar a redação da nova Lei de Bases da Saúde, num discurso na Convenção Nacional da Saúde, que hoje termina em Lisboa.

“Vamos prever financiamento plurianual no que se refere a investimentos em recursos humanos, infraestruturas e equipamentos (…) “, afirmou Maria de Belém, indicando que também será referido que Portugal deve aproximar-se dos países da OCDE e da União Europeia em termos de orçamento dedicado à Saúde.

Segundo a responsável, será ainda sugerido que “deve ser diminuído o esforço financeiro” que cada cidadão faz “para gozar de boa saúde”.

A proposta da nova Lei de Bases da Saúde deve ser apresentada no parlamento em setembro, tal como indicou na quinta-feira o ministro da Saúde, de forma a que possa ser aprovada em 2019, ano do 40.º aniversário do Serviço Nacional de Saúde.

Na linha do menor esforço que deve ser pedido aos cidadãos para terem acesso à saúde, Maria de Belém indicou que o documento irá consagrar a saúde como um direito humano.

Maria de Belém explicou que a comissão que está a rever a Lei de Bases, à qual preside, é essencialmente constituída por juristas, constitucionalistas e representantes dos doentes, mas que está a ser feita uma auscultação a várias personalidades e entidades do setor.

A Lei de Bases deve ainda estabelecer que a saúde tem de ser um instrumento “corretor de desigualdades”, quer sociais, quer territoriais.

“’[Colocar] as pessoas no centro do sistema’ não pode ser visto como uma frase vazia, tem antes de ser uma realidade vivida”, afirmou Maria de Belém na Convenção Nacional da Saúde, que reúne cerca de 90 entidades do setor.

Quanto aos profissionais de saúde, a nova Lei de Bases deve estabelecer que existam regras que valorizem as carreiras e promovam o mérito.

Segundo Maria de Belém, deve ser consagrada a autonomia e o respeito das carreiras dos profissionais de saúde, estando isso assente na promoção por mérito e em concursos verdadeiramente públicos.

“O direito à formação e motivação dos profissionais é absolutamente indispensável”, declarou.

A presidente da comissão que está a rever a Lei de Bases revelou ainda a investigação em saúde será “muito valorizada” e que a “política de saúde deve ser definida de acordo com a evidência científica”, sendo essencial que as políticas nesta área tenham estabilidade e não durem apenas um ciclo político.

Globalmente, a Lei de Bases vai sugerir que o SNS tem de ser descentralizado, mais participado e “mais humano”, tratando bem e valorizando os seus recursos humanos.

“Haverá centralidade na promoção da saúde e na prevenção da doença e haverá uma referência muito expressa à saúde mental”, adiantou.

A comissão para rever a Lei de Bases da Saúde, que está a trabalhar desde fevereiro, “não tem qualquer mandato para alterar a Constituição”, lembra Maria de Belém, tem antes orientação para construir princípios gerais, desdobrando o que a lei fundamental prevê.

 

Alcoolismo
Registos arqueológicos revelam que, os primeiros indícios sobre o consumo de álcool pelo Homem datam

O álcool – etanol - pode ser produzido pela fermentação do açúcar existente em produtos de origem vegetal, frutos, caules e raízes ou produzido por destilação. A técnica para produzir álcool destilado deve-se aos árabes, mas o seu desenvolvimento industrial começou nos países cristãos do mediterrâneo a partir do século XII, ficando a tecnologia usada implantada no resto da Europa no século XIV.

Quando, posteriormente, se inicia a expansão europeia, o álcool torna-se num produto comercial de primeira ordem, seguramente dos que mais lucro produz. Isto é possível porque os produtos destilados europeus (aguardente, rum e genebra em especial) são produtos muito estáveis, que não são afectados pelo transporte nem pelo tempo e que concentram um enorme potencial psicoativo que lhes permite substituir, dado os baixos custos, as produções locais de fermento. Os destilados convertem-se, assim, num dos primeiros mercados mundiais.

 Mais tarde, já no século XIX, fenómenos como a industrialização, o desenvolvimento das comunicações e das tecnologias, que permitiram a estabilidade dos destilados, expandem ainda mais este mercado, que alcança um protagonismo definitivo, ao mesmo ritmo em que se vai desenvolvendo a sociedade de consumo no século XX.

No entanto, à medida que cresce o consumo, aumentam os problemas relacionados com estes produtos, e é neste mesmo século que surgem tentativas para a redução da sua presença na sociedade, a proibição nos Estados Unidos, nos anos 20, e as campanhas de prevenção, a partir dos anos 60, nos países desenvolvidos.

Alcoolismo é um termo genérico para descrever qualquer consumo de álcool que cause problemas de saúde físicos ou mentais. Em medicina, o alcoolismo define-se pela presença de duas ou mais das seguintes condições: consumo de grande quantidade de álcool durante um longo período de tempo, dificuldade em consumir poucas quantidades, a aquisição e consumo de álcool ocupam uma parte significativa do tempo da pessoa, as suas obrigações, o consumo causa problemas de saúde, o consumo está na origem de comportamentos de risco, ocorrem sintomas de abstinência quando se interrompe o consumo, ou o corpo já desenvolveu tolerância ao álcool. Entre os comportamentos de risco estão a condução sob efeito do álcool ou ter relações sexuais desprotegidas. Embora o abuso de álcool possa afetar qualquer parte do corpo, fá-lo sobretudo a nível do cérebro, coração, fígado, pâncreas e o sistema imunitário.

O abuso de álcool por tempo prolongado leva a complicações. As mais comuns são danos cerebrais/ perturbações mentais, desnutrição, síndrome de Wernicke-Korsakoff, problemas cardíacos (arritmia, hipertensão), cirrose, hepatite, gastrite, úlcera e aumento do risco de cancro (cancro na cavidade oral, esófago, faringe, fígado e/ou vesícula biliar).

Durante a gestação, o alcoolismo pode causar lesões fetais sendo uma das causas da má-formação fetal.

As mulheres são em geral menos tolerantes aos efeitos adversos do álcool.

O alcoolismo está associado a fatores de risco ambientais e genéticos em igual proporção. Uma pessoa cujo pai ou irmão tem alcoolismo apresenta uma probabilidade três a quatro vezes superior de vir ela própria a tornar-se alcoólica. Entre os fatores ambientais estão influências sociais, culturais e comportamentais.

O risco é aumentado pelo stresse, ansiedade e fácil acesso a bebidas alcoólicas.

Quando um alcoólico interrompe o consumo, manifestam-se sintomas de abstinência que podem levar a pessoa a continuar a consumir para prevenir ou aliviar esses sintomas. Em alguns casos, os sintomas de abstinência manifestam-se de forma ligeira durante meses após a interrupção. Em termos médicos, o alcoolismo é considerado uma doença tanto física como psicológica. O diagnóstico de alcoolismo pode ser auxiliado por questionários e análises ao sangue.

A prevenção do alcoolismo consiste na regulamentação e limitação da venda de bebidas alcoólicas, em taxar o álcool para aumentar o custo de aquisição e em disponibilizar tratamento a baixo custo.

O tratamento é feito em várias etapas. A interrupção do consumo deve ser controlada, uma vez que a abstinência pode levar ao aparecimento de problemas de saúde. Um dos métodos de controlo mais comuns nesta etapa é a administração de benzodiazepinas como o diazepam. Durante esta etapa, a pessoa pode ser internada numa instituição de saúde ou manter-se em casa sob vigilância atenta da família, amigos ou médicos. A presença de perturbações mentais ou outras dependências pode complicar o tratamento.

Após a etapa de desintoxicação, a terapia de grupo ou os grupos de apoio, como os alcoólicos anónimos, são medidas eficazes que ajudam a pessoa a não voltar a consumir. 

Nesta etapa, os medicamentos acamprosatodissulfiram ou naltrexona ajudam a prevenir recaídas.

A Organização Mundial de Saúde estima que em 2010 existissem 208 milhões de pessoas com alcoolismo em todo mundo, o que corresponde a 4,1% da população com mais de 15 anos de idade. Esta perturbação é mais comum entre homens e jovens adultos, e vai-se atenuando com a idade. A prevalência é maior na Europa de Leste  (11%). 

Em 2013 o alcoolismo foi a causa direta de 139 000 mortes, um aumento em relação às 112 000 mortes em 1990. Estima-se que 5,9% de todas as mortes num ano tenham origem no consumo de álcool. Em média, o alcoolismo diminui a esperança de vida em aproximadamente dez anos. O alcoolismo é fonte de estigma social, sendo comum o uso de termos pejorativos para descrever as pessoas afetadas por esta condição.

A Organização Mundial de Saúde desencorajou o uso do termo "alcoolismo" devido ao seu significado impreciso, preferindo o uso do termo "síndrome de dependência alcoólica".

Características

Para a maioria das pessoas, o consumo de álcool gera pouco ou nenhum risco de se tornar um vício. Outros fatores geralmente contribuem para que o uso de álcool se transforme em alcoolismo. Esses fatores podem incluir o ambiente social e cultural, a saúde psicológica e a predisposição genética.

Mecanismo

O consumo excessivo de álcool leva a uma degradação do etanol pelo fígado, Na segunda aumenta o metabolismo anaeróbico das células, o que irá produzir mais ácido lático no organismo. Esse excesso de ácido lático no organismo compete com a excreção de urato contribuindo para o aumento de ácido úrico no sangue, o qual irá precipitar-se nas articulações dando origem a uma doença conhecida como gota.

O conjunto de efeitos fisiológicos sentidos após excessivo consumo de álcool é popularmente chamada de "ressaca".

Álcool no sangue

Diagnóstico

Um diagnóstico de dependência, pela classificação internacional de doenças, só pode ser feito somente se três ou mais dos seguintes requisitos tiverem sido experimentados ou exibidos em algum momento durante um período de 12 meses:

  • Um forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância;
  • Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de seu início, término ou níveis de consumo;
  • Um estado de abstinência fisiológico quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, como evidenciado pela síndrome de abstinência característica para a substância ou o uso da mesma substância (ou de uma intimamente relacionada) com a intenção de aliviar ou evitar sintomas de abstinência;
  • Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas;
  • Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor da substância psicoativa, aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou tomar a substância ou para se recuperar de seus efeitos;
  • Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de consequências manifestamente nocivas, tais como dano no fígado por consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estados de humor depressivos consequentes a períodos de consumo excessivo da substância ou comprometimento do funcionamento cognitivo relacionado à droga; deve-se fazer esforços para determinar se o usuário estava realmente (ou se poderia esperar que estivesse) consciente da natureza e extensão do dano.

Generalidades/consenso

Muitos termos são aplicados para se referir a uma pessoa alcoólica e ao alcoolismo. Existe muita controvérsia a esse respeito, entretanto é consenso que:

  1. O alcoolismo pode levar à morte.
  2. O alcoolismo é uma doença, um transtorno psicológico sério, que precisa de tratamento multiprofissional.
  3. O alcoólico pode apresentar prejuízos relacionados com o uso de álcool em todas as áreas da vida (prejuízos físicos, mentais, morais, profissionais, sociais, entre outros).
  4. O alcoólico perde a capacidade de controlar uma quantidade de bebida que ingere, uma vez que vence uma ingestão.

Abuso, uso pesado, vício e dependência são todos rótulos comuns usados para descrever os hábitos de consumo, mas o real significado dessas palavras muito podem variar, dependendo do contexto em que são usadas. Mesmo dentro da área de saúde especializada, uma definição pode variar entre as áreas de especialização. Muitas vezes, a política e a religião ainda confundem o problema e agravam uma ambiguidade.

  • "Uso" refere-se ao simples uso de uma substância. Uma pessoa que bebe qualquer bebida alcoólica está a usar álcool.
  • "Desvio", "problemas com uso" e "uso pesado" são termos que sugerem que o consumo de álcool tem causado problemas psicológicos, físicos, sociais, ou seja, prejuízos ao consumidor. Os danos sociais e morais são altamente subjetivos e, portanto, diferem de indivíduo para indivíduo, o que dificulta a identificação desses pacientes.
  • A expressão "abuso de substâncias" tem uma variedade de significados possíveis. No campo da saúde mental, o uso do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais-IV, por psicólogos e psiquiatras, traz uma definição específica, que envolve um conjunto de circunstâncias da vida que acontecem por causa do uso da substância. No direito, o abuso é frequentemente usado para se referir ao uso ilegal de qualquer substância. Dentro do vasto campo da medicina, o abuso, por vezes, refere-se ao uso de medicamentos prescritos em excesso da dose prescrita ou a utilização de um medicamento que exige prescrição médica sem receita. Dentro da religião, o abuso pode se referir a qualquer uso de uma substância considerada inadequada. O termo, algumas vezes, é evitado por profissionais pela variabilidade em sua definição.
  • A dependência é simultânea à tolerância, ou seja, a necessidade de doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito. A dependência será tanto mais intensa quanto mais intenso for o grau de tolerância ao álcool. O diagnóstico de dependência de álcool não indica necessariamente uma presença de dependência física, ela pode ser apenas psicológica e estar associada com influência de amigos e família ou com poucas habilidades sociais. Dependência está associada à dificuldade em resistir a uma substância.
  • A definição precisa de vício é debatida, mas, em geral, se refere a qualquer condição que faz uma pessoa continuar a demonstrar comportamentos nocivos mesmo sofrendo prejuízos sociais, profissionais e pessoais. Pode ser causado por dependência física e psicológica.
  • Remissão é, segundo a Associação Psiquiátrica Americana, uma condição em que os sintomas físicos e mentais do alcoolismo não estão mais evidentes. A remissão pode ser parcial, quando breve, ou persistente, quando dura mais de um ano. Outros (principalmente Alcoólicos Anónimos) usam o termo "recuperação" para descrever aqueles que cessaram completamente o consumo de álcool.

Tratamento

Os tratamentos para o alcoolismo são bastante variados porque existem múltiplas perspectivas para essa condição. Aqueles que possuem um alcoolismo que se aproxima de uma condição médica ou doença são recomendados a se tratar de modo diferente dos que se aproximam desta condição como uma escolha social. Não se deve confundir o tratamento do alcoolismo com o tratamento apenas da síndrome de abstinência.

O tratamento do alcoolismo é complexo, multiprofissional e longo, dependendo da persistência do paciente e de sua rede social de apoio para o processo de cura.

A maioria dos tratamentos procura ajudar as pessoas a diminuir o consumo de álcool, seguido por um treino de vida ou suporte social de modo que ajudar a pessoa a resistir ao consumo de álcool. Como o alcoolismo envolve múltiplos fatores que incentivam a pessoa a continuar a beber, todos estes fatores devem ser suprimidos para que se previnam com sucesso os casos de recaídas. Um exemplo para este tipo de tratamento é a desintoxicação seguida por uma combinação de terapia de suporte, atendimento em grupos de autoajuda, etc. A maioria dos tratamentos geralmente preferem uma abstinência de tolerância zero; entretanto, alguns preferem uma abordagem de redução de consumo progressiva.

A efetividade dos tratamentos para o alcoolismo varia amplamente. Quando considerada a eficácia das opções de tratamento, deve-se considerar a taxa de sucesso daquelas pessoas que entraram no programa, não somente aqueles que o completaram. Como o término do programa é a qualificação para o sucesso, o sucesso entre as pessoas que completam um programa é geralmente perto de 100%. Também é importante considerar não somente a taxa daqueles que atingiram os objetivos do tratamento, mas também a taxa daqueles que tiveram recaídas. Os resultados também devem ser comparados com a taxa aproximada de 5% de pessoas que abandonam os programas por conta própria.

A desintoxicação trata os efeitos físicos do uso prolongado do álcool, mas na verdade não trata o alcoolismo. Após a desintoxicação, as recaídas são propensas a ocorrer se não houver um tratamento subsequente. A desintoxicação pode ou não ser necessária dependendo da idade, estado de saúde e histórico de ingestão de álcool da pessoa. Por exemplo, um homem jovem que quando consome álcool o faz em quantidades excessivas em um curto período de tempo, e que procura tratamento uma semana após seu último uso de álcool, pode não precisar de desintoxicação antes de iniciar o tratamento para o alcoolismo.

Em 4 de dezembro de 2016, foi encontrado um gene (o Klotho) que controla a produção de hormônios no intestino e no fígado, responsável pelo controlo do consumo de bebidas alcoólicas e doces, o que pode ser um indício de uma nova forma de tratar o alcoolismo.

Psicoterapia

Após a desintoxicação, diversas formas de terapia em grupo ou psicoterapia podem ser usadas para lidar com os aspectos psicológicos subconscientes que são relacionados à doença do alcoolismo, assim como proporcionar a aquisição de habilidades de prevenção às recaídas como assertividade e técnicas de relaxamento mais saudáveis.

A terapia cognitivo comportamental é feita individualmente, mas pode envolver familiares e amigos para participar caso o paciente aceite, e tem como objetivos:

  • Desenvolver aprendizagem e prática de novos comportamentos substitutos para o comportamento de beber através de treinamento de habilidades intrapessoais (autoidentificação) e interpessoais (sociais);
  • Ensinar estratégias de enfrentamento que podem ser usadas para lidar com situações de alto risco (internas e externas) que poderiam levar ao vício;
  • Estabelecer estratégias gerais de mudanças no estilo de vida que ajudem o paciente a atingir seus objetivos académicos, profissionais, sociais e familiares de forma mais eficiente;
  • Desenvolver estratégias que favoreçam a manutenção do processo de mudança nos hábitos produzidos pelo tratamento.

Psicólogos cognitivos comportamentais também fazem planos de emergência para uma variedade de situações de stresse que podem surgir de maneira inesperada e planeiam com o paciente estratégias para resolvê-las.

Durante a terapia, é comum que outros transtornos, como fobia social, depressão maior, transtorno bipolar, hiperatividade, transtorno de personalidade limítrofe, transtorno de ansiedade generalizada, anorexia nervosa ou outro transtorno de humor, ansiedade ou alimentar sejam identificados como a causa do alcoolismo.

Grupos de ajuda mútua

O aconselhamento em grupo através de ajuda mútua é um dos meios mais comuns de ajudar os alcoólicos a manter a sobriedade. Muitas organizações já foram formadas para proporcionar esse serviço, sendo a mais conhecida delas os Alcoólicos Anónimos.

Racionamento e moderação

Os programas de racionamento e moderação do uso do álcool não forçam uma abstinência completa. Apesar de a maioria dos alcoólicos serem incapazes de limitar o seu consumo através destes programas, alguns passam a beber moderadamente. Muitas pessoas recuperam do alcoolismo. Um estudo realizado em 2002 nos Estados Unidos mostrou que 17,7% das pessoas que tinham sido diagnosticadas como dependentes do álcool a mais de um ano (anteriormente à pesquisa) retornaram ao consumo de baixo risco de álcool.

Medicamentos

Embora não sejam necessários para o tratamento do alcoolismo, diversas medicações podem ser prescritas como parte do tratamento. Algumas podem facilitar a transição para a sobriedade, enquanto outras podem causar dificuldades físicas quando do uso do álcool. Na maioria dos casos, o efeito desejado é fazer com que o alcoólatra se abstenha da bebida.

  • O dessulfurem previne a eliminação de acetaldeído, um composto químico que o corpo produz quando quebra o etanol. É o acetaldeído que causa os diversos sintomas da "ressaca" após o uso do álcool. O efeito geral do medicamento é um grande desconforto quando o álcool é ingerido: uma "ressaca" desconfortável extremamente rápida e de longa duração. Isso desencoraja o alcoólico a beber quantidades significativas de álcool enquanto ele está tomando o medicamento. O consumo excessivo de álcool associado com o dissulfiram pode causar doenças severas e até a morte.
  • naltrexona é um antagonista competitivo para os receptores opióides, bloqueando efetivamente a habilidade do corpo em usar as endorfinas e opiáceos. Ele também parece agir na ação da neurotransmissão do glutamato. A naltrexona é usada em duas formas muito diferentes de tratamento. O primeiro tratamento usa a naltrexona para diminuir os desejos pelo álcool e encorajar a abstinência. O outro tratamento, chamado extinção farmacológica, combina a naltrexona com o hábito normal de ingestão de álcool de forma para reverter o condicionamento das endorfinas que causam o vício ao álcool. A naltrexona é apresentada em duas formas. A naltrexona oral é uma pílula que deve ser tomada diariamente para ser eficiente. Vivitrol é uma formulação que é injetada nas nádegas uma vez ao mês.
  • Crê-se que o Acamprosato  (também conhecido como Campral) estabiliza o equilíbrio químico do cérebro prejudicado pelo alcoolismo. O FDA aprovou esta droga em 2004, dizendo "Embora seu mecanismo de ação não seja perfeitamente compreendido, acredita-se que o Campral atue nas vias químicas do cérebro relacionadas ao abuso do etanol. O Campral mostrou-se efetivo em manter a abstinência por um curto período de tempo. Embora seja efetivo sozinho, é comumente ministrado com outros medicamentos como a naltroxetona com grande sucesso.
  • Oxibato de sódio é o sal de sódio do ácido gama-hidroxibutírico (GHB). Ele é usado para a abstinência aguda do álcool e para a desintoxicação a médio e longo prazo. Essa droga melhora a neutrotransmissão do GABA e diminui os níveis de glutamato.
  • Baclofeno tem mostrado em estudos em animais e em pequenos estudos em humanos que melhora a desintoxicação. Esta droga atua como um agonista do receptor GABA B e isto pode ser benéfico.

Terapia nutricional

O tratamento preventivo das complicações do álcool inclui o uso a longo prazo de multivitaminas, além de vitaminas específicas como B12 e folato.

Apesar de a terapia nutricional não ser um tratamento propriamente para o alcoolismo, ela trata as dificuldades que podem surgir anos após o uso intenso de álcool. Muitos dependentes de álcool tem a síndrome da resistência à insulina, um distúrbio metabólico no qual a dificuldade do corpo em processar açúcares causa um suprimento desequilibrado na corrente sanguínea. Apesar do distúrbio poder ser diminuído com uma dieta hipoglicémica, ele pode afetar o comportamento e as emoções, efeitos colaterais que frequentemente são observados entre os álcool-dependentes em tratamento. Os aspectos metabólicos desta dependência são frequentemente negligenciados, gerando maus resultados para os tratamentos.

Prognóstico

Sem acompanhamento profissional, aproximadamente 90% dos alcoólatras voltam a beber nos 4 anos seguintes à interrupção. A principal causa de recaída apontada pelos usuários são emoções negativas (35%), pressão social (20%), brigas (16%), incapacidade de resistir ao desejo (11%) e teste de autocontrole (9%). Esses dados ressaltam a importância de acompanhamento psicológico prolongado e persistente em qualquer abuso de substâncias.

O facto de serem diagnosticados outros transtornos psicológicos associados ao uso do álcool nesse caso é sinal de bom prognóstico, pois o tratamento desses transtornos costuma resolver a raiz do alcoolismo e fatores que manteriam o consumo.

Outro fator de bom prognóstico é quando amigos e familiares também param de beber e oferecer bebidas ou já não tinham o hábito de beber. Quanto maior o apoio de amigos e familiares, melhores as hipóteses de cura definitiva.

Prevalência

É a média de litros de álcool consumidos por pessoa a cada ano no mundo. Na Europa Ocidental e nos Países Bálticos, o consumo é muito maior que a média do resto da Europa e do resto do Mundo. A maior proporção de consumidores de álcool e de alcoólicos é entre homens de 30 e 49 anos.

Associação com cigarro

67% dos alcoólicos são também são fumadores. Tendem a iniciar-se no consumo tabágico mais cedo, fumam durante mais tempo, fumam um maior número de cigarros por mês e apresentam fluxo expiratório mais baixo do que os abstémios.

*este artigo baseou-se também em fontes variadas, tendo o autor feito síntese das mesmas para tornar o texto mais compreensivo

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Cimeira Mundial da Gestão de Pragas
Três centenas de profissionais da indústria de gestão de pragas, da indústria alimentar e farmacêutica, cientistas e...

Nesta terceira edição da Cimeira Mundial dos Serviços de Gestão de Pragas para a Saúde Pública e Segurança Alimentar, discutiu-se o impacto das alterações climáticas, do desenvolvimento urbano e da mobilização de pessoas contra o aumento da prevalência de pragas como arboviroses, vírus que podem ser transmitidos ao homem por agentes artrópodes, como mosquitos.

Anders Lindström, biólogo especializado em entomologia do Instituto de Veterinária da Suécia, alertou para o “surgimento de novas espécies de mosquitos” na Europa, especialmente nos países mais quentes.

“Mosquitos invasores que se reproduzem em reservatórios de água em zonas urbanas” vêm potenciar o aparecimento na Europa de doenças perigosas, até aqui predominantes apenas em países do hemisfério sul.

“Mais preocupante é o risco da febre amarela. Costumava ser um problema em África, depois houve um surto na Arábia Saudita e agora estudos recentes sobre anticorpos, desenvolvidos na Turquia e na Tunísia, mostram que a febre amarela está a circular nesses países. Significa que os mosquitos da febre amarela estão mesmo às portas da Europa. Se a febre amarela chegar à Europa, há agentes nativos prontos a transmitir a doença”.

Rubén Bueno, da Associação Europeia de Controlo de Mosquitos (EMCA), salientou a necessidade de serem criados “programas de contenção de mosquitos urbanos” por instituições de saúde pública de forma a reduzir o impacto das arboviroses urbanas importadas, como a dengue, o zika e o chikungunya.

“Quando casos importados de dengue, zika e chikungunya são diagnosticados, torna-se obrigatória a criação de protocolos de resposta rápida baseados em monitorização e controlo entomológico”- prescreve este especialista.

 

Parecer do Comité
O Comité dos Medicamentos para Uso Humano (CHMP) divulgou um parecer positivo para a expansão do atalureno fazendo assim com...

O Comité dos Medicamentos para Uso Humano (CHMP), da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), recomendou a aprovação de expandir a indicação do princípio ativo atalureno, passando assim a incluir crianças de dois a cinco anos com distrofia muscular de Duchenne de mutação sem sentido (nmDMD). Isto amplia a utilização, além da indicação atual, para doentes com capacidade motora e com mais de cinco anos de idade. Esta recomendação baseia-se na revisão do CHMP dos resultados do Estudo 030 da PTC, que este Comité concluiu demonstrarem uma relação benefício-risco positiva nestes doentes. Para além da expansão do rótulo, o CHMP recomendou também a renovação da atual autorização de comercialização do atalureno.

«O diagnóstico e tratamento atempados têm sido uma parte fundamental da nossa estratégia e esta recomendação alinha-se na perfeição com a visão de darmos o melhor tratamento aos doentes», afirmou Marcio Souza, diretor-geral administrativo da PTC Therapeutics.

Para Joaquim Brites, presidente da Associação Portuguesa de Neuromusculares, «esta é uma excelente notícia para os doentes e para as suas famílias, com a qual nos congratulamos muito. Trata-se de um importante passo para a investigação da doença mas, também, para a melhoria da qualidade de vida destes pacientes que, assim, podem iniciar um tratamento e usufruir dos seus benefícios, mais cedo.»

O atalureno, descoberto e desenvolvido pela PTC Therapeutics, é uma terapia de restauração proteica concebida para permitir a formação de uma proteína funcional em doentes com distúrbios genéticos causados ​​por uma mutação sem sentido. Uma mutação sem sentido é uma alteração no código genético que interrompe prematuramente a síntese de uma proteína essencial. O distúrbio resultante é determinado pela proteína que não pode ser expressa na sua totalidade e deixa de ser funcional, como a distrofina na distrofia muscular de Duchenne. O atalureno, está licenciado no Espaço Económico Europeu para o tratamento da distrofia muscular de Duchenne de mutação sem sentido, em doentes em ambulatório com cinco anos de idade ou mais.

 

Legalização
O Senado canadiano aprovou na quinta-feira a legalização do consumo de canábis para fins recreativos, que segue agora para a...

A lei que legaliza o consumo de canábis para fins recreativos foi aprovada com 52 votos a favor, 30 contra e uma abstenção.

A promessa eleitoral, de liberalização desta droga leve, feita por Justin Trudeau, fica assim mais próxima de ser concretizada.

Embora não haja ainda uma data exata para a venda de canábis ao público, a aprovação do Senado foi um passo muito significativo, sendo que muitos observadores apontam que a nova lei seja posta em prática a partir de agosto e que pode tornar o Canadá o primeiro país do G7 (grupo das sete economias mais avançadas do mundo) a legalizar este consumo recreativo.

Desde 2001 que é permitido o uso desta planta para fins medicinais no país.

 

i3S
Uma equipa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) recebeu um apoio de 37,5 mil euros...

Com este apoio, a equipa, liderada pela investigadora Isabel Cardoso, vai estudar a influência e a interação no cérebro de algumas proteínas que estão na base do desenvolvimento desta patologia, avaliando igualmente o efeito de compostos terapêuticos nessas interações.

A doença de Alzheimer é uma patologia progressiva, que atinge o cérebro e se caracteriza pela perda de memória e das capacidades de pensamento, afetando, atualmente, “cerca de 47 milhões de pessoas", segundo Isabel Cardoso.

 

Comissão
Isabel Saraiva, da Comissão para a Revisão da Lei de Bases da Saúde, defendeu que a nova legislação deve contemplar o...

Citando o índice de envelhecimento, que se situava em 65,7% em 1990, e em 148,7% em 2016, Isabel Saraiva adiantou que estes números revelam “uma sociedade completamente diferente”, mais envelhecida, uma realidade que tem de ser tida em conta na nova lei de bases.

A nova lei de bases também “tem que pensar nos cuidadores” informais e em toda a área da prevenção que “tem sido relativamente esquecida”, defendeu Isabel Saraiva, na conferência “A revisão da Lei de Bases de Saúde”, na Convenção Nacional da Saúde, que começou hoje na Culturgest, em Lisboa.

Também vai ter que contemplar recursos humanos e “vai ter que perceber que as mulheres ocupam um espaço que há 40 anos não existia”, disse Isabel Saraiva, também vice-presidente da associação Respira.

Defendeu igualmente um financiamento plurianual para a saúde, que contemple áreas como a formação e a compra de equipamentos, e destacou a importância da investigação, que “é o motor fundamental do desenvolvimento”.

Para Isabel Saraiva, a nova lei também tem que ter em conta as alterações ambientais, bem como a proteção de dados.

“Todos estes novos movimento, eventos, que, ao longo de 40 anos, tomaram forma”, vão ter que ser considerados na nova lei de bases em benefício da população e da prevenção da doença, sublinhou Isabel Saraiva.

Presente na conferência, Clara Carneiro, farmacêutica, defendeu que tem de ser “dado relevo ao acompanhamento da doença crónica, um apoio ao envelhecimento ativo e uma referência à saúde mental”.

Nos últimos quatro anos, o consumo de medicamentos para a saúde mental subiu 112%, elucidou.

Aludindo à nova Lei de Bases, Clara Carneiro disse que a atual lei, que tem quase 30 anos, ainda não está cumprida, porque “o sistema de saúde ainda não tem uma abrangência universal e ainda há desigualdades profundas no acesso à saúde”.

O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Fernando Regateiro, defendeu, por seu turno, que existem “grandes problemas” que precisam de ser resolvidos com “grandes soluções”.

Para Fernando Regateiro, a lei de bases deve valorizar o acesso à informação e fazer uma clara separação do que é informação, conhecimento e educação.

Fernando Regateiro defendeu que se deve “chamar o cidadão a gerir bem a sua saúde”, mas para isso tem de estar bem esclarecido.

Defendeu ainda que tem de haver respostas de proximidade para evitar que muitos doentes recorram ao hospital e que alguns tenham de ficar internados após alta por falta de respostas.

É preciso “atuar em rede” e “adotar um perfil de integração de cuidados” e não andar a competir uns com os outros, sublinhou Fernando Regateiro.

Cerca de 90 instituições da saúde participam na Convenção Nacional, com o objetivo de ajudar a criar um pacto para a saúde, que terá, no centro do debate, mais financiamento para o setor.

A convenção foi criada com o objetivo de ser “o maior debate nacional de sempre sobre o presente e o futuro da saúde em Portugal.

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