Investigação

Vesículas extracelulares podem aumentar o sucesso dos tratamentos reprodutivos

Estas partículas têm um papel fundamental na comunicação entre o embrião e o endométrio e têm o potencial para servir de biomarcador. Investigação quer melhorar métodos de seleção embrinonária e aumentar taxa de sucesso do tratamentos reprodutivos.

“O melhor embrião equivale aos melhores resultados de gravidez”, esta é uma verdade inquestionável na medicina reprodutiva. Assim, o foco dos laboratórios de embriologia é melhorar os métodos de seleção embrionária e escolher os embriões que apresentam maior potencial de implantação. Na oitava edição do International IVIRMA Congress o IVI apresenta um estudo sobre as vesículas extracelulares e abre uma nova via para melhorar esta seleção e aumentar as taxas de sucesso dos tratamentos reprodutivos.

“Extracellular vesicles can be isolated from culture media with and without exposure to human preimplantation embryos”, o estudo liderado pelo Diego Marín, embriologista do IVIRMA em New Jersey, nasce com o objetivo de encontrar um biomarcador (entidades que podem ser medidas e indicam a ocorrência de uma determinada função normal ou patológica de um organismo) que permita otimizar o processo de seleção embrionária mediante um método não invasivo, e aumentar desta forma as taxas de implantação dos embriões, neste caso euploides – aqueles que contêm 46 cromossomas normais – que atualmente se situam em 70%.

“As vesículas extracelulares são partículas derivadas de células com uma membrana de duas capas que segregam moléculas e desempenham um papel fundamental na comunicação intercelular. Dado que a interação entre o embrião e o endométrio é crucial para uma correta implantação e uma gravidez normal de termo. Queremos demonstrar que estas vesículas extracelulares segregadas pelo embrião antes da sua implantação têm uma função central nesta comunição e podem converter-se em biomarcadores potenciais para o desempenho reprodutivo embrionário”, comenta o Juan Antonio Garcia Velasco, diretor científico do 8th International IVIRMA Congress. Esta investigação decorre há dois anos e a longo prazo pretende-se identificar estas vesículas, isolá-las do meio de cultura e analisar para ver os efeitos que podem ter sobre o embrião, euploide, otimizando assim o potencial destas vesículas no campo da medicina reprodutiva.

“Ainda que existam estudos sobre a relação entre estas vesículas e a sua aplicação no tratamento de doenças renais ou infeções tumorais, não se tinha aplicado ainda na medicina reprodutiva. As vesículas extracelulares embrionárias são uma oportunidade encorajadora e não invasiva para avaliar a viabilidade do embrião, ajudar a melhorar a seleção embrionária e a entender o diálogo molecular entre o embrião e o endométrio. E assim, aumentar significativamente os resultados de gravidez, ao comparar esta ferramenta com outras tecnologias de diagnóstico. Mas são necessários estudos mais complexos para implementar o seu perfil como um teste de diagnóstico para a seleção de embriões”, acrescenta García Velasco.

À procura da panaceia reprodutiva

Devido à sua acessibilidade imediata, a morfologia do embrião converteu-se no método padrão para a seleção embrionária. Posteriormente, com a realização dos testes genéticos pré-implantação e concretamente o estudo das aneuplodias [anomalia cromossómica (PGT-A)] vieram melhorar os resultados clínicos, pois, permitiram selecionar embriões para além da sua aparência, através da constituição genética. Assim, pode observar-se que a transferência de embriões cromossomicamente normais conduzia a maiores taxas de implantação, menores taxas de aborto involuntário e tempos mais curtos para conseguir engravidar.

Por consequência, realizaram-se várias tentativas com a finalidade de encontrar variáveis sólidas e mensuráveis, que pudessem identificar biomarcadores do desempenho embrionário e continuar a melhorar assim os resultados reprodutivos. É neste ponto que se destaca a implementação de dispositivos como o Embryoscope, que permite o estudo de parâmetros morfocinéticos (relativamente à forma e ao movimento simultaneamente).

“Embora a morfologia embrionária, a constituição genética e os parâmetros morfocinéticos tenham vindo a aumentar os resultados clínicos, o cenário atual da taxa de implantação ainda pode melhorar: cerca de um terço dos embriões cromossomicamente normais não implantam no útero, explica Sofia Nunes, diretora do Laboratório de fecundação in vitro do IVI Lisboa.

“Agora, damos um passo mais à frente e investimos no estudo das vesículas extracelulares com o objetivo de aumentar a taxa de implantação embrionária com um conhecimento detalhado das possibilidades de estas partículas e a sua influência no processo reprodutivo”, conclui García Velasco.

Fonte: 
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Nota: 
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