Temperaturas ambiente extremas contribuem para a mortalidade na diabetes, reforça APDP
A propósito do Dia Mundial do Ambiente, que se assinala anualmente a 5 de junho, a Associação Protectora dos Diabéticos de...

“Num momento dominado pela discussão sobre as alterações climáticas a nível global e o efeito destas na vida das pessoas, é crucial olharmos para o seu real impacto quando relacionadas com a diabetes. Desta forma, poderemos contribuir para a discussão de intervenções a nível pessoal, comunitário, governamental e político que ajudem a mitigar o crescente risco global para a saúde pública causado pelos fatores ambientais”, explica Rogério Ribeiro, investigador da APDP.

Segundo a Federação Internacional de Diabetes, cerca de 10,5% dos adultos em todo o mundo, mais de 500 milhões de pessoas, vivem com diabetes tipo 2, e quase metade não sabem que têm a doença. Até 2045, estima-se que 783 milhões de pessoas terão diabetes tipo 2. Em causa estão fatores como hábitos sedentários, alimentação pobre em nutrientes e a exposição crónica a poluentes no ar, no solo e na água, existindo fortes evidências de que a poluição do ar é de longe o fator de risco ambiental mais dominante para a saúde em geral e é responsável por mais de 9 milhões de mortes anuais em todo o mundo.

Uma revisão publicada recentemente na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, revela que um estudo sobre a Carga Global de Doenças estimou que um quinto dos casos de diabetes tipo 2 a nível mundial é atribuível à exposição crónica a partículas em suspensão com um diâmetro de 2,5 μm ou menos.

Atualmente, 99% da população mundial reside em zonas onde os níveis de poluição atmosférica estão acima das atuais diretrizes de qualidade do ar da OMS. “Existe, por isso, uma preocupação crescente relativamente aos fatores comuns da poluição atmosférica e das alterações climáticas e uma necessidade premente de compreender a ligação entre a poluição atmosférica e as doenças cardiometabólicas, de forma a delinearmos uma estratégia para lidar com este fator de risco evitável”, acrescenta o investigador.

“Além disto, a interação da diabetes com o ambiente vai ainda mais longe. Tem sido evidente na literatura científica dos últimos anos que as amplitudes térmicas extremas influenciam também a mortalidade das pessoas com diabetes”, acrescenta, rematando: “Por exemplo, foi observado que 3% das mortes de pessoas com diabetes e doença renal crónica em Portugal foram causadas pelas temperaturas extremas, tendo as temperaturas baixas um efeito mais prejudicial nos anos de vida perdidos”.

Evento RITMO junta atividades de exercício físico, palestras, workshops, alimentação e arte
A 3.ª edição do evento RITMO, promovido em parceria pela Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS) e pela Escola...

O tema do aniversário da ESALD é “One Health”: promoção da saúde integral de pessoas, ambientes e animais. Por este motivo, a SPLS junta-se às comemorações do 76.º aniversário da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias do Instituto Politécnico de Castelo Branco, em resposta ao desafio lançado pela Vice-Presidente da SPLS, Mariana Fonseca, ex-aluna desta instituição, e pela Presidente da SPLS, Cristina Vaz de Almeida.  

O evento vai contar com diversas atividades de forma a promover a literacia em saúde. Suporte Básico de Vida, rastreios médicos, higiene oral, alimentação saudável, atividade física e arte são alguns dos temas em destaque neste encontro, à semelhança dos anteriores. 

Para a Presidente da SPLS, Cristina Vaz de Almeida, “o RITMO em Castelo Branco, dentro das comemorações da ESALD, é um marco relevante também para a SPLS, que aposta nas intervenções comunitárias a partir de organizações impulsionadoras da literacia em saúde”, diz. “Parabenizo, por isso, a escola e, em particular, a Professora Rute Crisóstomo, Diretora da ESALD, e a Professora Veronika Kozlova, sua subdiretora”. 

Segundo a organização, estão previstas cerca de 500 pessoas, desde crianças à população sénior, assim como a participação de associações locais e grupos particulares. O programa RITMO proporciona aos participantes uma intervenção comunitária destinada a promover a saúde e o bem-estar de forma holística, com integração de movimento, atividade física, alimentação saudável, literacia para a saúde, conexão social e ambiental. 

Mariana Fonseca, Vice-Presidente da SPLS, reforça a importância do RITMO em Castelo Branco, afirmando que é "crucial que diferentes municípios continuem dinâmicos e proativos perante a construção de eventos como o RITMO, que garantem a promoção da saúde e prevenção da doença através da conexão social". 

“Como diretora da ESALD, sinto-me profundamente grata pela oportunidade de colaborar nesta iniciativa que tanto contribui para o desenvolvimento integral da nossa comunidade académica e para o fortalecimento dos laços entre saúde, educação e sociedade”, diz a Diretora da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias, Rute Crisóstomo. 

“O programa procura oferecer uma experiência sensorial mais abrangente da saúde e do bem-estar, que seja motivadora da aprendizagem contínua e da literacia para a saúde. Participar no RITMO é beneficiar de uma abordagem científica e holística voltada para a promoção da saúde e do bem-estar", conclui a presidente da SPLS. 

O evento RITMO insere-se no Programa “Literacia faz bem à saúde”, da SPLS, sendo organizado apenas por profissionais de saúde que apelam aos estilos de vida saudável, alimentação, atividade física, bem-estar físico e psicológico. O programa completo pode ser consultado aqui.

Opinião
De acordo com o Regulamento das competências específicas do enfermeiro especialista em Enfermagem de

Neste âmbito, impõe-se uma questão que seja norteadora de uma breve reflexão: Como se situa atualmente a Enfermagem de Reabilitação em Portugal, e quais os desafios para o futuro?

Para se desenvolver a questão formulada, optou-se por fazer um exercício reflexivo e que é traduzido numa breve análise SWOT.

Como forças, apontam-se: uma experiência acumulada desde 18 de Outubro de 1965, data de início do primeiro curso de especialização em Enfermagem de Reabilitação, em Alcoitão; um corpo de conhecimentos técnico-científicos autónomo; definição de competências específicas devidamente regulamentadas; e o seu papel de autorregulação.

Como fraquezas, apontam-se: investigação em Enfermagem de Reabilitação ainda relativamente reduzida; necessidade de melhoria na estruturação das equipas de Enfermagem; número de publicações científicas ainda reduzido, e concretamente em áreas específicas, como a Reabilitação Respiratória; a necessidade de melhoria na certificação de locais de ensino clínico.

Como oportunidades, apontam-se: novas áreas de especialidade; desenvolvimento tecnológico; existências de centros e unidades de investigação em Enfermagem, e de redes colaborativas internacionais de investigação; idoneidade formativa de locais de ensino clínico; e concretização de parcerias internacionais.

Como ameaças, apontam-se: apropriação de áreas de Enfermagem de Reabilitação por outros profissionais da área da saúde, existentes ou eventualmente a existir no futuro; constrangimentos profissionais; constrangimentos económicos; e constrangimentos políticos.

Adicionalmente, importa clarificar todo um conjunto de elementos que se traduzem em desafios para a Enfermagem de Reabilitação em Portugal. Estes mesmos desafios devem ser entendidos pelos enfermeiros especialistas de Enfermagem de Reabilitação essencialmente como oportunidades, vislumbrando-se assim um caráter positivista e relevante para o seu futuro.

Estes elementos prendem-se com o desenvolvimento de novos modelos e abordagens de cuidados, potenciadores da promoção da autogestão e da telesaúde, a participação e envolvimento dos enfermeiros especialistas de Reabilitação no desenvolvimento e planeamento nas políticas de saúde, e o reconhecimento da sua experiência, dos seus conhecimentos e das suas competências, valorizando-se assim o seu papel central nas equipas e nas instituições de saúde. Destaca-se ainda a necessidade de uma maior e melhor divulgação e disseminação de práticas clínicas efetivas em resultados de saúde, e inovadoras na promoção da saúde das comunidades, assim como um maior investimento na melhoria das condições de trabalho, formação e desenvolvimento profissional.

Em conclusão, a Enfermagem de Reabilitação em Portugal enfrenta todo um conjunto de desafios e oportunidades, que exigem a adoção de uma abordagem estratégica e inovadora. Mas ao transformar os desafios em oportunidades, a Enfermagem de Reabilitação seguramente poderá continuar a evoluir e a contribuir significativamente para a melhoria da saúde e da qualidade de vida das pessoas, reafirmando o seu papel indispensável no sistema nacional de saúde.

Referências:

Regulamento n.º 392/2019 - Regulamento das competências específicas do enfermeiro especialista em Enfermagem de Reabilitação.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Crianças temem as alterações climáticas
Desenvolvido no âmbito do programa educativo ‘O MARE vai à Escola’, um estudo recente do MARE – Centro de Ciências do Mar e do...

De acordo com os investigadores envolvidos no estudo, a ansiedade relativamente a temas como as alterações climáticas surge como consequência, não só da informação recebida por estas crianças na escola, como também do contacto com os media e das conversas com familiares e amigos.

“As crianças são o futuro, mas também o presente. É necessário apoiá-las, disponibilizar informação adaptada às suas capacidades cognitivas e fornecer conhecimento, tendo sempre a preocupação de não exacerbar as suas dúvidas e ansiedades. A isso chamamos esperança construtiva, um conceito que está relacionado com o envolvimento ambiental positivo e que parece desempenhar um importante papel motivacional entre os mais novos”, começa por explicar Zara Teixeira, autora principal do estudo, e investigadora do MARE do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra.

Segundo a informação recolhida pelos investigadores do MARE, as crianças acreditam ter consciência da gravidade de problemas como as alterações climáticas e demonstram interesse no seu impacto, o que levanta questões sobre o rumo das iniciativas de educação e comunicação nesta área – se não forem ensinadas de forma correta, as alterações climáticas podem revelar-se uma ameaça psicológica pela ansiedade que causam e pelo declínio do bem-estar mental nos jovens.

“Vemos a educação climática, e a promoção de esperança construtiva, como fundamentais, não só na promoção do envolvimento pró-ambiental, mas também na neutralização das emoções negativas”, continua Zara Teixeira, para quem a educação climática “deve incluir uma forte dimensão de esperança e recorrer à implementação de estratégias que permitam aos alunos mudar de perspetiva e confiar em atores sociais, aumentando a consciência, o sentimento de partilha de responsabilidade e a crença de que estas alterações podem ser mitigadas através da transformação de comportamentos”.

O que “sabem” vs. o que querem saber

O estudo concluiu, ainda, que em iniciativas futuras se devem espelhar as experiências e a realidade das crianças, mas também alargar os campos do conhecimento. Isto porque, apesar de declararem conhecer o conceito de alterações climáticas, as crianças não se mostraram capazes de especificar tópicos que gostassem de aprender sobre esta temática. Se, por um lado, as crianças foram bastante específicas nos temas sobre os quais acreditam ter algum conhecimento (a maioria relacionados com as consequências, as causas e o conceito de alterações climáticas), por outro lado, declararam que gostariam de saber mais sobre como, o quê, quando e porquê ocorrem estas mudanças.

Convidados a detalhar os tópicos sobre os quais gostariam de adquirir conhecimento, as crianças apontaram temas que já haviam revelado conhecer (poluição, relação com os seres vivos, alterações no gelo marinho), o que pode ser um indicativo de que o seu conhecimento sobre as alterações climáticas não é suficiente para solicitar aprendizagem sobre questões específicas para além daquelas sobre as quais já parecem ter alguma informação.

O estudo concluiu, assim, que embora os conhecimentos e interesses prévios devam ser tidos em conta na conceção de iniciativas de comunicação científica em contextos educativos (como forma de motivar para o tema), as soluções a levar para as salas de aula devem basear-se em iniciativas que alarguem campos de conhecimento e introduzam abordagens inovadoras que permitam compreender a complexidade do tema.

O que sabem, afinal, as crianças sobre alterações climáticas?

Os alunos estudados mostraram-se conscientes do fenómeno das alterações climáticas e reconheceram as suas causas antropogénicas, bem como as suas consequências, quer para o homem, quer para o ambiente. No entanto, tiveram dificuldade em identificar estratégias para as combater, mas mostraram particular interesse em aprender mais sobre elas.

Da mesma forma, os alunos demonstraram um grande interesse em compreender quão grave podem vir a ser as alterações climáticas e em aprender sobre como, onde, quando e porque ocorrem (contexto).

Temas como as alterações do gelo marinho, a poluição e os efeitos nos seres vivos estão entre os mais populares, os mesmos sobre os quais as crianças gostariam de adquirir conhecimento.

O que é ‘O MARE vai à Escola’?

O MARE-Centro de Ciências do Mar e do Ambiente tem, desde 2015, um programa educativo direcionado aos ciclos da escolaridade obrigatória. Composto por atividades internas, incluídas nas aulas, e externas, desenvolvidas fora da escola através de atividades educativas informais, ‘O MARE vai à Escola’ foi um dos primeiros programas do género em Portugal. Totalmente desenvolvido e liderado por investigadores, entre 2015 e 2019 chegou a mais de 40 mil alunos de 358 escolas, abrangendo temas como a sobrepesca, o lixo marinho, a biotecnologia, a biodiversidade marinha e as alterações climáticas. Foi essa a comunidade analisada no presente estudo.

Exposição inaugura a 6 de junho
O Museu da Farmácia celebra, dia 6 de junho, os 80 anos do Dia D, juntando um painel de oradores que contarão de viva-voz as...

Durante a manhã, juntam-se histórias e realidades bastante distintas desta operação militar que marca o início do fim da Segunda Guerra Mundial. Andrew Bailey, filho de um dos primeiros militares da marinha inglesa a colocar explosivos que permitiram o desembarque na Normandia, será um dos presentes no evento. A sessão contará, ainda, com Jacqueline Vangoidsenhoven, que estava em Bruxelas durante os dias da libertação e que se recorda de um soldado inglês que lhe ofereceu um chocolate, soldado esse que reencontrou anos depois no Algarve; Jean Buhot, que tinha pouco mais de cinco anos quando se deu o desembarque e se recorda do barulho dos canhões dos navios; e Monique Benveniste, uma das refugiadas que veio nos comboios de França para Portugal com um visto passado pelo diplomata português Aristides de Sousa Mendes.

Da parte da tarde terá lugar a conferência “Portugal e a Segunda Guerra Mundial – A visão de historiadores”, que dará palco a um momento de aprendizagem e reflexão do papel e da envolvência de Portugal neste conflito militar global, com a presença de José Barata Feyo, Cláudia Ninhos, Inês Fialho Brandão e Manuel Nascimento.

“As memórias sobre a Segunda Guerra Mundial chegam-nos normalmente através de documentários ou revistas. Esta é uma oportunidade ímpar de ouvir relatos reais de quem efetivamente fez parte da história”, sublinha João Neto, diretor do Museu da Farmácia.

O Museu da Farmácia irá também inaugurar uma exposição com peças nunca antes expostas, num momento de encontro com a história e que conta com uma mochila do Desembarque na Praia de Omaha, em 1944, a Farmácia da Enfermeira de Adolf Hitler, objetos dos campos de concentração de Auschitwz e Bunchenwald, e caixas de medicamentos do filme “O resgate do Soldado Ryan” e da série “Irmãos de Armas”.

A exposição estará patente a partir de 6 de junho, no Museu da Farmácia, em Lisboa, podendo ser visitada de segunda-feira a sábado entre as 10h00 e as 18h00.

Formação avançada, investigação e inovação
A Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP NOVA) e a consultora global de negócio e tecnologia NTT...

Além de fortalecer as boas relações já existentes entre a ENSP NOVA e a NTT DATA, esta parceria vem contribuir para a partilha de conhecimentos e o desenvolvimento de projetos conjuntos em áreas como inteligência artificial, análise de dados e cibersegurança, com foco na saúde.

“A inovação em saúde é um processo contínuo e cada vez mais rápido por imposição da transformação digital. O protocolo que agora estabelecemos tem como objetivo acrescentar valor à formação dos alunos da ENSP NOVA. Na NTT DATA, acreditamos no potencial da inteligência artificial e da análise de dados para modernizar os sistemas de saúde e otimizar resultados. Este protocolo contempla ainda o desenvolvimento de estágios, projetos de investigação aplicada e oportunidades de mentoria para os estudantes, bem como a criação de produtos de ensino conjuntos que atendam às necessidades do mercado e soluções de negócio que aumentem a articulação com a comunidade, nomeadamente em iniciativas de saúde pública”, afirma Ricardo Constantino, Partner e Head of Public Sector & Health da NTT DATA Portugal. “Este protocolo é também reflexo do nosso empenho em colaborar com as instituições académicas para aumentar o talento digital em Portugal”, conclui o responsável.

Para Sónia Dias, Diretora da ENSP NOVA, “esta parceria representa um marco significativo para a nossa Escola, reforçando o nosso compromisso com a inovação digital e a ciência de dados no setor da saúde. Na ENSP NOVA, estamos empenhados em desenvolver respostas eficazes para os desafios emergentes da saúde pública, procurando construir um futuro sustentável no qual a saúde e os sistemas de saúde promovam uma cultura de inovação, adaptabilidade, longevidade e inclusão”.

Veterinários apelam à prevenção através da vacinação
A leishmaniose canina é uma doença parasitária grave, causada por um parasita denominado leishmania, transmitido por um inseto...

“A leishmaniose é uma importante zoonose que afeta alguns dos nossos animais domésticos. É causada por um parasita protozoário, que é transmitido através da picada de um inseto (mosquito) vetor, o flebótomo. O cão é um dos principais hospedeiros reservatório do parasita e também um possível responsável pela transmissão da doença”, esclarece a Maria João Rodrigues, médica veterinária no AniCura CHV Porto Hospital Veterinário. Os flebótomos são insetos com cores entre o amarelo-claro e o castanho-escuro, com pilosidades e de pequeno tamanho que, ao contrário dos mosquitos comuns, não emitem zunido quando voam. Estes insetos mantêm-se ativos durante os meses mais quentes, normalmente, entre abril e setembro. Em anos mais quentes, a sua atividade pode prolongar-se entre março e novembro. “Os flebótomos estão ativos, sobretudo, entre o entardecer e o amanhecer e é durante este período que ocorre, normalmente, a transmissão do parasita da leishmaniose”, acrescenta a médica veterinária.

Por sua vez, o médico veterinário Ricardo Medeiros do AniCura Restelo Hospital Veterinário explica que “um dos sinais mais frequentes de leishmaniose canina é a perda de pelo, sobretudo em redor dos olhos, nariz, boca e orelhas. À medida que a doença progride, também se verifica a perda de peso no cão. Também pode ocorrer o desenvolvimento de dermatite ulcerativa (com feridas) que pode disseminar-se por toda a superfície corporal do cão”. Num estádio mais avançado da doença, pode desenvolver-se insuficiência renal crónica e, nesta fase, os cães começam a urinar mais vezes e a beber mais água.

Como prevenir a Leishmaniose

A prevenção é a melhor forma de reduzir o risco de desenvolver a doença, já que os tratamentos atualmente disponíveis não permitem curar a infeção de forma definitiva, podendo os animais apresentar recidivas passados meses ou anos. Neste sentido, os veterinários lembram a importância da vacinação contra a leishmaniose canina como forma de aumentar as defesas dos animais e reduzir o risco de desenvolver a doença. Segundo os profissionais, “a combinação da vacina com o repelente representa a proteção mais completa”. Além destas medidas, é aconselhável evitar os passeios, sobretudo entre o entardecer e o amanhecer, período de maior atividade dos flebótomos transmissores; assegurar o bom estado de saúde do animal para proteger o seu sistema imunitário, através de uma alimentação cuidada, da vacinação e da desparasitação regulares; realizar rastreios anuais para detetar precocemente a doença e, consequentemente, avançar para um tratamento mais eficaz.

Ricardo Medeiros incentiva os cuidadores “a procurarem aconselhamento sobre a leishmaniose e formas de prevenção junto do médico veterinário e a contactarem um profissional ao primeiro sinal de alerta de doença.”

A AniCura, grupo de hospitais e clínicas de animais especializado em cuidados médico-veterinários para animais de companhia, acaba de lançar uma campanha de sensibilização para a leishmaniose destinada aos seus associados e aos cuidadores de cães. O objetivo da campanha, que decorre durante os meses de junho e julho, é promover a educação através da informação e sensibilizar para a importância da prevenção completa através da vacinação e do repelente.

Mais informação sobre leishmaniose canina em: www.anicura.pt/conselhos-de-saude/cao/conselhos-de-saude-para-cao/leishmaniose-canina/ 

Smeg, Abbott e Mgen financiam projeto de responsabilidade social
A NOVA Medical School vai disponibilizar 32 inscrições gratuitas para frequência do campo de férias Summer Medical School:...

Dirigidas a crianças entre os 6 e os 14 anos, a residir na região de Lisboa, estas bolsas serão atribuídas em conjunto com as empresas SMEG, Abbott e MGEN. O objetivo é promover a igualdade de acesso à educação em saúde, mas também capacitar e inspirar todas as crianças a adotarem estilos de vida saudáveis desde cedo, sem barreiras.

Este programa de verão da NOVA Medical School alia diversão à educação para boas práticas no que diz respeito aos estilos de vida, numa oportunidade inclusiva e acessível.

Ao longo do mês de julho, os participantes da Summer Medical School: lifestyle têm um acompanhamento personalizado, onde podem contar com apoio de nutricionistas, que se dedicam não só a induzir mudanças nos comportamentos alimentares, mas também a ensinar a prevenir doenças.

Os 32 participantes identificados por entidades ligadas ao setor social e associação de doentes vão poder participar numa das turmas deste campo de férias, que decorre integralmente numa escola médica.

"De acordo com os últimos dados, entre 2020 e 2050, estima-se que o nível de crescimento da obesidade infantil seja de 3,5%. Um estudo recente concluiu que crianças dos 7 aos 10 anos de meios socioeconómicos menos favorecidos já apresentam alterações biológicas que as podem colocar numa trajetória de saúde menos favorável ao longo da vida. Esta parceria reflete o compromisso partilhado com o futuro saudável de todas as crianças, independentemente do contexto onde estão inseridas. Procuramos não só promover a educação, mas também a saúde e o bem-estar destas crianças e o seu impacto junto das famílias", explica Conceição Calhau, subdiretora para a Extensão à Comunidade da NOVA Medical School.

A Bolsa Smeg permitirá que a Gebalis, possa identificar 10 crianças para frequentarem o programa, à semelhança do que aconteceu na edição anterior.

“Na Smeg, valorizamos a importância de um estilo de vida saudável, que inclui uma alimentação nutritiva e a prática regular de atividade física. Como estamos conscientes de que, infelizmente, esta não é a realidade de todas as famílias, sentimos ser nosso dever contribuir para que possam ter acesso a recursos e oportunidades que promovam estes hábitos. É para nós um orgulho associarmo-nos à Nova Medical School neste projeto desafiante e enriquecedor”, afirma Pedro Luz, Marketing Director da Smeg.

Já a Bolsa Abbott, permitirá que a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, possa identificar 12 crianças com diabetes, para frequentarem o programa com um acompanhamento personalizado.

Por fim, a bolsa MGEN permitirá que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa selecione 10 crianças, de várias instituições da região, para frequentarem o programa durante uma semana.

“A criação da Bolsa MGEN no âmbito da Summer Medical School: lifestyle está perfeitamente alinhada com o compromisso da MGEN em gerar um impacto positivo na sociedade, contribuindo, neste caso particular, para o desenvolvimento de crianças e jovens através da promoção de um estilo de vida saudável”, refere Maria Quaresma, Diretora do Departamento de Comunicação e Marketing da empresa.

A Summer Medical School: Lifestyle tem lugar durante o mês de julho e destina-se a crianças, entre os 6 e os 14 anos, e a jovens, entre os 15 e os 18 anos, sendo o programa adaptado em função da faixa etária. O campo de férias pretende mudar comportamentos, sob o mote “o lugar onde se aprende hoje a saúde de amanhã”.

Opinião
Descansar é essencial e ignorar esta necessidade vital pode provocar consequências graves na produti

O sono não é apenas um período de inatividade do organismo, mas um processo vital de restauração e renovação essencial para a saúde. Durante o sono, o organismo recupera energia, otimiza a função cognitiva, consolida a memória e procede à recuperação muscular. Ignorar a importância do sono significa pôr em causa as necessidades básicas e pode resultar em consequências graves para a saúde, com impacto direto em funções como o desempenho cognitivo e a produtividade.

O sono é orientado pela produção de melatonina, que acontece, sobretudo, a partir do período do final do dia, quando os estímulos luminosos começam a diminuir e o metabolismo começa a ficar mais lento. Por este motivo é tão importante, no momento de dormir, evitar a luminosidade, estímulos sonoros ou aromáticos que possam inverter esta tendência, acelerar o metabolismo e diminuir a produção de melatonina. A melatonina é produzida de forma natural pelo organismo, mais concretamente no cérebro, pela glândula pineal, que regula os ciclos circadianos.

Dado que o sono tem influência direta na atenção, perceção, memória, criatividade, tomada de decisão, resolução de problemas e tolerância à frustração, competências fundamentais para o sucesso profissional, o efeito da privação de sono pode influenciar negativamente a produtividade laboral.

Tal como outras funções e processos do organismo, a produção desta hormona diminui com a idade, mas não só. A diminuição da produção também pode estar associada a determinadas patologias. Noutros casos, pessoas com estilos de vida pouco rotineiros, como trabalhadores por turnos ou a exposição ao jet lag podem impactar a produção de melatonina. Por isso, apesar de ser uma hormona produzida naturalmente pelo organismo, é possível obter melatonina através de suplementos alimentares ou medicação prescrita por um profissional de saúde. A suplementação de melatonina ajuda a preparar as funções biológicas necessárias para dormir, sem causar habituação.

Para otimizar a produtividade, é fundamental priorizar a qualidade do sono. Isto envolve a preservação de uma rotina de sono consistente, minimizar estímulos no espaço destinado a dormir e adotar hábitos de sono saudáveis. Investir em estratégias para melhorar a qualidade do sono é investir diretamente no nosso próprio desempenho diário e na nossa saúde.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Otimização da gestão da força de trabalho
A SISQUAL® WFM é agora a responsável pela gestão hospitalar das Unidades Locais de Saúde (ULS) nacionais – uma integração que...

Com esta alteração, as ULS poderão agora partilhar recursos com os extintos ACES de forma dinâmica, otimizando assim a gestão da força de trabalho e aumentando a produtividade e a capacidade de resposta. Este processo exigiu uma cuidadosa coordenação e ajustes contínuos para garantir uma transição suave e eficiente para todas as partes envolvidas.

Segundo Pedro Cabral, COO da SISQUAL® WFM, “uma das principais dificuldades foi a gestão da mudança, que teve impacto não apenas na componente tecnológica, mas também na comportamental e na adaptação a novos processos, regras e formas de trabalho. A SISQUAL WFM desempenhou um papel fundamental na planificação dessa mudança, garantindo, por meio da sua plataforma de Gestão de Força de Trabalho, a integração de uma grande quantidade de equipas novas nas ULS recém-criadas, com um movimento de mais de 20 mil pessoas”.

Esta aposta na ferramenta da SISQUAL® WFM representa um passo significativo no aprimoramento dos processos no ambiente hospitalar em Portugal, que consequentemente contribuirá para o aumento da segurança dos pacientes e simultaneamente a qualidade de vida dos colaboradores nas Unidades de Saúde Locais de todo o país.

O processo de implementação do sistema SISQUAL® WFM nas ULS contou com três fases distintas. 

Primeiro, foi realizado o planeamento de acordo com as orientações dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e respetiva integração com o sistema de informação RHV – Recursos Humanos e Vencimentos, sendo depois definido o plano de migração de recursos humanos, avaliação e mitigação de riscos, redefinição da segurança, acessos e comunicações dentro da RIS (Rede informática da Saúde), assim como a readaptação de todos os sistemas de registo de ponto adaptada à nova organização hospitalar.

A SISQUAL® WFM apoiou também a integração automática dos novos recursos na sua ferramenta, com reconfiguração de novos centros de custo, alteração da árvore hierárquica do sistema, reconversão dos novos números mecanográficos, atribuição de legislações, horários e associação aos respetivos quadros, carregamento de saldos e inicialização de férias. 

Ainda a decorrer, está a formação e apoio na exportação salarial com integração com o RHV da SPMS. Até ao momento foram feitos dois meses de exportação com sucesso, que não seriam possíveis sem o total empenho das equipas de Recursos Humanos das ULS e respetivas Direções no seu permanente apoio e disponibilidade para o desenvolvimento e sucesso deste projeto.

Procedimento inovador permite utilizar uma zona cirurgicamente inacessível
A equipa de nefrologia de intervenção do Hospital Garcia de Orta (HGO), da ULS Almada-Seixal, realizou, recentemente, um...

“Além da inovação tecnológica, este processo tem a mais-valia de poder ser o 2.º acesso do doente na escala de acessos vasculares. Com esta técnica cria-se uma nova opção e menos invasiva. Estamos a poupar vasos ao doente, o que é muito positivo”, sublinha Carlos Oliveira, membro da equipa de nefrologia de intervenção da ULSAS. “Ser minimamente invasivo é a primeira vantagem deste procedimento”, refere o nefrologista, destacando, mais à frente, “a vantagem estética de não deixar cicatriz”.

Em causa está um procedimento endovascular realizado sem cirurgia, em que é introduzido um cateter numa artéria e outro numa veia do antebraço do doente e, através de um dispositivo de radiofrequência, que funciona como um bisturi elétrico, é feita uma fístula, juntando uma artéria e uma veia, através dos dois cateteres.

Nos acessos vasculares para hemodiálise, a cirurgia mais simples e mais recomendada é a do punho, que é o primeiro acesso do doente, como sublinha o nefrologista Pedro Bravo, que realizou este primeiro procedimento. Quando este acesso falha avança-se para uma localização superior, mais proximal.

“É mais uma opção e mais uma alternativa ao que já tínhamos. Nem todos vão precisar porque a opção do punho continua a ser a primeira e melhor opção. Aqueles que já fizeram tentativa e não resultou ou que não têm vasos que permitam a construção de um aceso no punho, e que até agora passavam para o braço, agora têm esta opção. Mas isto implica um mapeamento e um estudo prévios da vasculatura do braço para perceber se são elegíveis anatomicamente”, explica Pedro Bravo.

Os doentes que fazem hemodiálise são doentes crónicos, pelo que se começa pela opção mais longe do coração possível. “Além de ser um método minimamente invasivo, passamos a ter opção de usar uma zona que cirurgicamente não está tão acessível”, complementa o nefrologista.

A técnica é realizada nos EUA e no Canadá desde 2019, e, de acordo com o nefrologista Carlos Oliveira, há 1.300 casos na Europa, sendo este o primeiro a nível nacional com este dispositivo.

Esteve presente no procedimento realizado em Portugal a equipa de nefrologia de intervenção da ULSAS, com o nefrologista Pedro Bravo, em conjunto com o radiologista de intervenção espanhol Iñigo Insausti (Universidade Navarra e Pamplona). Marcaram presença, também, enfermeiros, um técnico de radiologia, e um anestesista, bem como um elemento da cirurgia vascular. Os cirurgiões vasculares são os primeiros a ver os doentes e a fazer o estudo para o acesso, pelo que “é de todo o interesse que haja uma colaboração próxima entre nefrologia e cirurgia vascular”, sublinha Pedro Bravo.

De Espanha veio ainda um técnico dedicado a este tipo de acessos (com experiência no estudo e seleção dos doentes e do local para fazer a fístula) que deu apoio na seleção do doente.

“Quando um doente tem uma doença renal crónica, as guidelines estabelecem um plano de vida do doente que integra o início da terapêutica dialítica (hemodiálise, diálise peritoneal, transplantação renal). No doente que comece por fazer hemodiálise, podemos fazer um plano de vida do acesso vascular. O passo agora é integrar este acesso neste plano de vida. É mais uma etapa que temos no plano de vida do acesso”, remata Carlos Oliveira.

Iniciativa abrange cerca de 200 pessoas já identificadas pela associação SOS Amianto
Começa hoje na Fundação Champalimaud o programa de diagnóstico precoce do Mesotelioma Pleural Maligno (MPM) por exposição...

O programa começa com os primeiros três de um total de 200 pessoas já identificadas pela Associação SOS Amianto e que no passado foram expostas ao amianto nas Fábricas de Fibrocimento de Portugal, desde a década de 60 do século XX. 

O Programa de Diagnóstico Precoce do MPM da Fundação Champalimaud utilizará uma abordagem inovadora, o método de análise de metabolitos voláteis no ar exalado da respiração. Trata-se de um método não invasivo realizado apenas com recurso ao sopro. Será depois complementado com uma TAC torácica de baixa dose. Esta abordagem não invasiva permitirá identificar padrões de compostos voláteis orgânicos que podem corresponder a perfis típicos da doença, tornando o rastreio possível e o diagnóstico mais preciso e acessível.

O MPM é um tipo de tumor maligno da pleura associado à exposição contínua ao amianto com sintomas não específicos, tendo por isso um diagnóstico difícil. O diagnóstico precoce é, por isso, crucial para aumentar as probabilidades de tratamento bem-sucedido. Os sintomas mais comuns, como falta de ar, dor no peito, perda de peso e fadiga, geralmente só aparecem em fases avançadas da doença, o que pode levar à confusão com outras doenças do trato respiratório.

A mortalidade desta doença é muito elevada a nível mundial, sendo cerca de 92.500 casos por ano.

De acordo com Jorge Cruz, cirurgião da Unidade de Pulmão da Fundação Champalimaud que está a liderar este Programa, “atualmente Portugal regista apenas cerca de 38 casos registados por ano de MPM, devido à falta de diagnóstico, um valor manifestamente abaixo de outros países ocidentais”.

“Para melhorar a resposta no tratamento desta doença é necessário criar uma estratégia de diagnóstico precoce e desenvolver as estratégias terapêuticas, nomeadamente a cirurgia”, acrescenta. 

Apesar de o MPM já estar incluído na lista das doenças profissionais em Portugal, apenas 3% dos casos são notificados, uma vez que a comunicação como doença profissional não é obrigatória. Com a proibição da produção de materiais com amianto na Comunidade Europeia em 2005, prevê-se que o pico desta doença ocorra entre 2020 e 2040.

Neste momento, não existe um protocolo de diagnóstico precoce do MPM em Portugal pelo que a Fundação Champalimaud irá iniciar um estudo prospectivo pioneiro, representando um passo importante na melhoria da deteção e tratamento desta doença.

Dia Mundial da Ortóptica
Ortóptica é a parte da Oftalmologia que diagnostica e trata desequilíbrios oculomotores e distúrbios

A palavra ortóptica remonta ao século VII, às palavras gregas “ortho optikos” (olhos direitos), como primeira abordagem prática do tratamento do estrabismo.

No anexo, do decreto-lei nº 261/93 de 24 de julho, a ortóptica é regulamentada como aquela que desenvolve “atividades no campo do diagnóstico e tratamento dos distúrbios da motilidade ocular, visão binocular e anomalias associadas; realização de exames para correção refrativa e adaptação de lentes de contacto, bem como para análise da função visual; avaliação da condução nervosa do estimulo visual e das deficiências do campo visual; programação e utilização de terapêuticas especificas de recuperação e reeducação das perturbações da visão binocular e de sub-visão; ações de sensibilização, programas de rastreio e prevenção no âmbito da promoção e educação para a saúde.”

Então, desmistifiquemos, a ortóptica não representa a área da saúde que trata dos ossos ou dentes (como muitos equacionam a partir da palavra), “ela” dedica-se aos olhos, “ela” complementa a oftalmologia com os seus exames de diagnostico, “ela” pesquisa cada detalhe para prevenir ou adequar o melhor tratamento possível. É especialista na motilidade ocular, sendo a sua ação primária nos estrabismos, visão binocular, tratamento da insuficiência de convergência e das ambliopias (olho preguiçoso), ajuda na deteção de patologias como: glaucoma, cataratas, retinopatia diabética, degenerescência macular ligada à idade, alterações neurológicas da visão e faz o seguimento de casos de baixa visão.

É também responsável por colaborar com os oftalmologistas no pré e pós operatório. E, ainda, integra equipas de investigação. Versátil, curiosa, delicada e dedicada é como se define esta área profissional.

Os Ortoptistas, assim se designam os técnicos que desempenham as atividades que a ortóptica assume, incorporam o grupo dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (TDT). Com a expansão da tecnologia em saúde, estes técnicos vêem a sua ação cada vez mais alargada. Para além da avaliação visual, e análise refrativa, exames como a ecografia ocular, microscopia especular, topografia corneana, biometria com cálculo de lente intra-ocular, tomografia de coerência óptica de segmento anterior e posterior, fotografias da retina (com e sem contraste), e mais recentemente o OCTA (tomografia de coerência óptica – com angiografia associada) fazem parte do dia-a-dia destes profissionais de saúde, que têm como objetivo principal potenciar a saúde da visão, em todas as suas vertentes. Estes profissionais estão aptos a atuar perante todas as idades, sendo tão importante junto dos recém-nascidos como dos mais idosos. Desde a primeira fase da sua formação que desenvolvem um “olho” clínico, porque a sua intervenção depende da sua observação.

Mas, afinal onde se encontram estes profissionais que nem sempre se ouve falar? Os ortoptistas têm como base de formação a área da saúde e integram equipas multidisciplinares, desenvolvendo a sua atividade em hospitais, clínicas, centros de saúde, ópticas, participam em rastreios visuais junto da população (também em escolas e infantários), e centros de investigação.

O sentido da visão é responsável por cerca de 80% da informação exterior que recebemos, motivo pelo qual esta profissão tem uma responsabilidade acrescida no bem-estar biopsicossocial do indivíduo.

«O olho é a janela do corpo humano pela qual ele abre os caminhos e se deleita com a beleza do mundo. …Ora, não percebeis que com os olhos alcançais toda a beleza do mundo? O olho é o senhor da astronomia e o autor da cosmografia; ele desvenda e corrige toda a arte da humanidade; conduz os homens às partes mais distantes do mundo; é o príncipe da matemática, e as ciências que o têm por fundamento são perfeitamente corretas. O olho mede a distância e o tamanho das estrelas; encontra os elementos e suas localizações; ele... deu origem à arquitectura, à perspectiva, e à divina arte da pintura... Que povos, que línguas poderão descrever completamente sua função!» (Leonardo da Vinci 1452-1519)

Leonardo da Vinci não foi ortoptista, mas poderia ter sido...

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Saúde Auditiva
Esta semana assinala-se o Dia Mundial da Criança (1 de junho), uma data com significado especial par

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem cerca de 1,5 mil milhões de pessoas no mundo que sofrem de perda auditiva, das quais 34 milhões são crianças.[1] E destes 34 milhões, 60% dos casos são derivados de causas evitáveis.[2]

A audição é fundamental para o desenvolvimento da fala e da linguagem, bem como para a educação, a aprendizagem e a socialização das crianças, pelo que, quanto mais cedo se identificar a perda auditiva, mais rapidamente se avança para o tratamento adequado. Por este motivo, esteja atento ao comportamento do(s) seu(s) filho(s) e aprenda a identificar os cinco sinais que podem indicar problemas auditivos:

  1. Falta de atenção ou dificuldade em seguir instruções – Se a criança parece frequentemente desatenta, não responde quando a chama e parece não ouvir o que lhe diz, ou o que está à sua volta (por exemplo, o telefone a tocar, a porta a bater, etc.), este pode ser um sinal de perda auditiva;
  2. Atraso no desenvolvimento da fala – É importante perceber se o seu filho está a falar tão bem quanto as crianças da mesma idade, uma vez que o atraso na fala pode representar a existência de problemas auditivos;
  3. Dificuldade no desempenho escolar – Fique atento ao que os professores dizem sobre os comportamentos do seu filho. Se a criança tiver dificuldades em acompanhar as aulas ou entender as instruções, respondendo muitas vezes de forma inadequada ou questionando regularmente ‘O quê’, consulte um médico especialista em audição para avaliar o seu caso;
  4. Volume mais alto quando fala ou utiliza dispositivos eletrónicos – Este é mais um sinal de que algo pode não estar bem. Falar muito alto e aumentar o volume da televisão, ou de outros dispositivos eletrónicos, é razão para ficar alarmado;
  5. Menção sobre um ‘ouvido bom’ e um ‘ouvido mau’ – Existem crianças que falam sobre terem um ‘ouvido bom’ e um ‘ouvido mau’, tendo em conta aquele que lhes permite ouvir melhor ou pior. Este é um indício que também não pode mesmo ignorar.

Gonçalo Nunes, audiologista pediátrico na Widex – Especialistas em Audição, afirma: “Os pais e os familiares mais próximos desempenham um papel crucial na identificação precoce de problemas auditivos nas crianças, ajudando a garantir que a sua qualidade de vida não seja afetada devido a isso. Na Widex acreditamos que a saúde auditiva e o bem-estar geral estão interligados, uma vez que a nossa capacidade de ouvir é fundamental para o nosso desenvolvimento cognitivo, pessoal e social. Isto é especialmente importante nas crianças, que estão num período crítico de aquisições e aprendizagem. Por isso, recomendamos aos pais levarem os seus filhos a realizar exames auditivos com regularidade, especialmente se houver histórico familiar de perda auditiva; questionar diretamente se eles têm dificuldades em ouvir; ensinar a criança a proteger a sua audição em ambientes expostos a ruídos altos e, claro, consultar um médico especialista em saúde auditiva, caso reconheçam sinais aparentes de problemas auditivos.” 

Referências: 

1,2 Organização Mundial da Saúde (2023). Deafness and hearing loss. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/hearing-loss#tab=tab_2. [Consultado em maio de 2024].

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Dia 5 de junho
A Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC) promove, a 5 de junho, mais uma edição do...

“No ano em que celebramos os 50 anos do 25 de Abril, temos o privilégio de comemorar os 45 anos daquela que foi uma das maiores conquistas da democracia: a criação do SNS”, afirma o presidente da ESTeSC-IPC, Graciano Paulo, alertando que “todos seremos poucos para garantir a existência de um SNS forte, funcional e sustentável, ao serviço de toda a sociedade, tal como explicitado no artigo 64º da Constituição da República Portuguesa”.

Com o objetivo de contribuir para um SNS mais robusto, a ESTeSC-IPC promove a reflexão sobre o passado, o presente e o futuro do Serviço Nacional de Saúde, em três dimensões: o Ensino, a Investigação e a Prática Profissional.

O primeiro painel do evento, dedicado ao Ensino, conta com uma conferência de Pedro Nuno Teixeira, Professor Catedrático da Universidade do Porto (UP) e ex-secretário de Estado responsável pela revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, à qual se segue um painel de discussão com os dirigentes das instituições de ensino superior de Coimbra. Segue-se uma sessão sobre investigação, que arranca com a conferência de Alexandre Quintanilha, Professor Jubilado da UP, e reúne, depois, num painel de discussão, os responsáveis das unidades de investigação de Coimbra.

O período da tarde será dedicado ao papel das profissões no SNS. Inicia com uma conferência de Adalberto Campos Fernandes, Professor Associado da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP-UNL) e ex-ministro da Saúde, à qual se segue um painel de debate com as ordens e associações profissionais de saúde. O evento encerra com a conferência “Futuro do SNS”, proferida por Constantino Sakellarides, Professor catedrático jubilado da ENSP-UNL e ex-diretor geral de Saúde.

O programa detalhado, bem como o formulário de inscrição (aberta a todos os interessados até à próxima segunda-feira, 3 de junho), estão disponíveis em https://annual-meeting.estesc.organideia.com/annual-meeting/.

 
Opinião
Em Portugal, no dia 1 de junho celebra-se a o Dia Mundial da Criança.

As doenças neurológicas em idade pediátrica trazem desafios para o dia-a-dia destas crianças e das suas famílias, desde as atividades da vida diária, à necessidade de tratamentos intensivos e à participação em atividades educacionais, sociais e comunitárias. A sociedade tem um papel importante na vida destas crianças, através da sua responsabilidade na adaptação do ambiente escolar, quer pela utilização de rampas e elevadores para tornar acessíveis as diferentes áreas do recreio quer pela utilização dos equipamentos (como os escorregas e baloiços) adaptados, colocação de placas de sinalização em braille, utilização de cores com contraste, seleção de jogos e atividades inclusivas, disponibilização de dispositivos de comunicação aumentativa e alternativa (tablets e aplicações especificas), criação de espaços com brinquedos sensoriais e de áreas que proporcionam momentos de tranquilidade. Todavia, uma sociedade inclusiva depende essencialmente da formação dos profissionais da área da educação, não só para que todos estes recursos sejam utilizados de forma correta, mas também, para que todas as crianças encarem com naturalidade a sua presença no ambiente, assim como a sua utilização por todos.

A sociedade assume, também, o seu papel nos cuidados médicos integrais e no apoio total aos cuidadores através de rendimentos ajustados, do apoio socioeconómico e apoio psicossocial.

Merece a pena destacar que uma família que é cuidada, cuidará melhor da sua criança com doença neurológica. O apoio da família e dos amigos é importante para trazer a criança para os encontros e eventos e ser suporte aos cuidados nesses momentos, mas também para proteger o tempo em casal, tão importante para cuidar da relação e da harmonia familiar.

Os profissionais de saúde que trabalham diariamente com estas crianças e com as suas famílias incluem-se na rede de suporte social. A fisioterapia faz parte desta rede como parte integrante no tratamento e reabilitação das crianças com doença neurológica. A intervenção da fisioterapia deve ser dirigida às etapas do desenvolvimento motor e focar-se na melhoria de funções como a capacidade de rolar, sentar, gatinhar, posição de pé e o andar, ajustando os objetivos às atividades e rotinas diárias da criança.

Os planos de intervenção devem ser individualizados e ajustados aos objetivos da família, baseando-se no controlo motor, na promoção da estabilidade e mobilidade, no aumento da força, melhoria do equilíbrio e da coordenação motora, proporcionando uma melhor qualidade de vida e aumento da independência. É também da responsabilidade da fisioterapia apoiar as famílias na promoção de um estilo de vida saudável e na integração da criança no desporto adaptado. O envolvimento e participação das famílias nas sessões de fisioterapia é fundamental para a obtenção e manutenção de ganhos funcionais, assim como, para o ajuste do plano às reais necessidades da família, tanto nas sessões realizadas em contexto de clínica como no domicílio.

Em suma, cabe a todos nós, profissionais de saúde, da educação, amigos ou familiares, valorizar a diversidade, desenvolver empatia e compreensão, e potenciar a autonomia destas crianças, em qualquer ambiente que frequentem.

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Dia Mundial sem Tabaco
Ao longo dos anos, muito se tem falado do impacto negativo do consumo do tabaco na nossa vida e na s

O consumo de tabaco não afeta apenas os seus pulmões, também tem um impacto significativo na saúde oral. De acordo com a Ordem dos Médicos Dentistas, é o principal fator de risco para o desenvolvimento de cancro oral.

No âmbito do Dia Mundial sem tabaco, celebrado hoje, dia 31 de maio, a Clínica Médis pretende sensibilizar para o impacto do tabaco na saúde oral.

Fumadores em Portugal

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de fumadores na população adulta em Portugal, situa-se entre os 20% e os 25%, o que equivale a quase um quarto da população. Além disso, estima-se que a percentagem de mortes causadas pelo tabaco esteja entre 10% a 12% do total de óbitos registados no país.

Por muito boa que seja a sua higiene oral, dificilmente impede as consequências do tabaco, por isso é necessário ter cuidados redobrados. A boca é a principal porta de entrada do fumo no organismo e, por isso, é um dos locais onde os efeitos nocivos do tabaco se manifestam de forma mais visível. E é também a boca, ou melhor dizendo, o sorriso, que é um cartão de visita de cada Pessoa. Nesse sentido, um fumador deve fazer check-ups regulares para monitorizar a sua saúde oral.

Quais os efeitos do tabaco na saúde oral?

  • Mau hálito: uma das consequências mais comuns e imediatas do tabaco na saúde oral é o facto de causar mau hálito, que muitas pessoas têm e nem associam que possa ser pelo facto de serem fumadores. Além do odor desagradável, o fumo também provoca secura e irritação da mucosa oral e das vias respiratórias.
  • Pigmentação dentária: mais conhecida por “manchas nos dentes”, é muito comum nos fumadores, pois o esmalte pode tornar-se mais amarelado e escurecido. Os responsáveis são a nicotina e o alcatrão, substâncias que se depositam na superfície dentária.
  • Doença periodontal: o tabaco pode dificultar o combate às bactérias que causam as doenças periodontais, devido à sua interferência no sistema imunológico. Assim sendo, a circulação sanguínea na boca e a cicatrização das gengivas torna-se reduzida, podendo expor as raízes dos dentes e levar mesmo à sua perda.
  • Alterações na cicatrização e redução da taxa de sucesso de tratamentos: a cicatrização dos fumadores após cirurgia oral é mais lenta e retardada. Além disso, por exemplo, a formação de coágulo após a extração de um dente é quatro vezes mais frequente nos fumadores do que nos não fumadores.
  • Maior propensão para cáries: é também na população fumadora que se verifica um maior número de cáries nas raízes dos dentes, uma vez que o tabaco provoca a perda do suporte do dente e expõe a sua raiz.
  • Cancro oral: em casos mais intensos, existe mesmo o risco de se desenvolver cancro oral. Este tipo de cancro, o sexto mais frequente em todo o mundo, apresenta uma baixa taxa de sobrevivência, que ronda os 40% nos doentes afetados.

Como evitar estes efeitos nocivos?

Deixar de fumar é a solução mais eficaz para reduzir os riscos associados ao tema, evitando doenças graves. Não sendo possível, a curto prazo, alcançar esse objetivo, é importante adotar outras medidas para tentar evitar consequências mais graves.

É de extrema importância que tenha uma higiene oral cuidada, escovando os dentes e a língua com maior frequência, uma vez que ajuda na eliminação de resíduos. Isto porque, o fumo e os compostos do tabaco são extremamente nocivos para os tecidos da cavidade oral.

É também fundamental que faça uma ingestão regular de alimentos ricos em antioxidantes, como frutas e legumes, de forma a reduzir os efeitos adversos e a ajudar na limpeza do organismo.

Mais importante ainda é frequentar consultas de higiene oral com regularidade. Pode aconselhar-se com o seu médico dentista, que poderá estabelecer um plano estratégico, bem como informá-lo sobre os produtos que podem ajudar a acabar com o vício. O envolvimento dos profissionais de saúde oral em programas de desabituação tabágica é cada vez mais comum e aumenta o desenvolvimento de estratégias mais abrangentes de controlo do tabagismo. 

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Dia 4 de junho
A Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) realiza, no dia 4 de junho, um workshop de culinária dedicado a doentes hemato...

Este workshop tem o intuito de contribuir para o conhecimento dos benefícios de uma alimentação nutricionalmente equilibrada para a vida de doentes hemato-oncológicos. A parte prática do workshop será conduzida pelo Chef Pedro Sommer e pelo Chef Leandro Batista, que vão partilhar receitas saudáveis e saborosas adequadas às necessidades nutricionais dos doentes.

Por sua vez, as nutricionistas Diana Alexandre e Inês Almada Correia vão coordenar a componente teórica do evento, partilhando informação nutricional que contribua para a recuperação e qualidade de vida destes doentes.

A entrada é livre, mas os lugares são limitados, sendo necessária inscrição prévia, através do email [email protected]. Esta é mais uma iniciativa promovida pela APCL que pretende criar um espaço de partilha de informação e experiências relevantes para pessoas que vivem ou lidam com doenças hemato-oncológicas.

 
Entrevista | Dra. Joana Marinho, Oncologista
O Cancro da Bexiga é um dos mais prevalentes em Portugal.

O que é o carcinoma urotelial e qual a sua incidência na população portuguesa?

O carcinoma urotelial é um tipo de cancro que leva ao crescimento anormal das células de revestimento do trato urinário, mais frequentemente da bexiga, mas também se pode desenvolver nos ureteres e na pelve renal, uma vez que estas células também estão lá presentes.

Segundo os dados do Globocan 2022 é o 8º tumor mais incidente na população portuguesa, considerando ambos os sexos, o 4º em homens.

Quais os principais sintomas ou sinais de alerta?

O principal sinal de alerta é o aparecimento de sangue na urina (hematúria). É o sinal mais frequente e que motiva na grande maioria das vezes a procura de cuidados médicos. Podem aparecer também outros sintomas como dor ao urinar, aumento da frequência urinária e dor na região lombar.

Quais os fatores que contribuem para aumentar o risco de cancro da Bexiga? Qual a sua relação, por exemplo, com o vírus do papiloma humano (HPV)?

O principal fator de risco para o desenvolvimento de cancro urotelial é o tabagismo. Existem ainda outros fatores de risco, menos frequentes como exposição a certas substâncias químicas (como as usadas na indústria do couro, borracha, têxtil e de tintas), infeções crónicas do trato urinário, radioterapia prévia à região pélvica e história familiar de cancro urotelial.

Múltiplos estudos sugeriram que existe uma relação entre a infeção pelo papilomavírus humano (HPV) e o carcinoma urotelial da bexiga. Um estudo (meta-análise) que incluiu dados de 52 estudos e 2855 casos de cancro da bexiga constatou que a prevalência de HPV nos doentes com cancro da bexiga era de 17%. A maioria desses casos estava associada a serotipos de alto risco de HPV, especialmente o HPV 16.

É possível determinar a sua causa e explicar o porquê desta neoplasia atingir maioritariamente o sexo masculino?

Os homens tem quatro vezes mais probabilidade de desenvolver cancro da bexiga. No entanto, doentes do sexo feminino diagnosticadas com cancro da bexiga têm um risco maior de recorrência, progressão e mortalidade.

São múltiplos os fatores que podem levar ao desenvolvimento de carcinoma urotelial, como já dito na pergunta anterior, e a sua maior prevalência no género masculino estará eventualmente relacionada com o maior consumo de tabaco.

No entanto em estudos em que se controla o fator tabaco, a incidência continua a ser mais elevada no sexo masculino. Não se sabe bem a causa. Existem fatores genéticos, imunológicos e hormonais que podem contribuir, como maiores níveis de androgénios, mas ainda estão em estudo.

Tendo em conta que alguns sintomas são comuns a outras patologias – como é caso da urgência urinária presente na bexiga hiperativa, por exemplo – como é feito o seu diagnóstico?

O sintoma/sinal mais comum acaba por ser o aparecimento de sangue na urina. E quando este aparece, é um sinal de alerta, que deve motivar avaliação médica. Muitas vezes, se o sintoma se tratar de urgência urinária o diagnóstico pode ser atrasado, uma vez que os doentes demoram a procurar ajuda médica.

O diagnóstico pode passar inicialmente por ecografia reno-vesical (ao sistema urinário), à procura de massas ou alterações no revestimento do aparelho urinário, seguida de um exame chamado de cistoscopia, que consiste na visualização do interior da uretra e da bexiga com uma câmara. Se observado algo de anormal será realizada uma biópsia.

Sendo que nem todos tumores invadem o músculo da bexiga, como se classificam e qual o seu sistema de estadiamento?

Os tumores da bexiga classificam-se de acordo com a profundidade de invasão da bexiga, e portanto dividem-se em tumores não músculo-invasivos (ou também chamados tumores superficiais da bexiga), quando não invadem o músculo. Estes é o subtipo mais comum de tumores uroteliais.

Falamos em tumores músculo-invasivos, quando invadem o músculo (estima-se que sejam apenas 10% de todos os tumores do urotélio).

Para o seu diagnóstico e estadiamento, necessitamos da biópsia, pois é esta que vai definir se o tumor invade ou não o músculo. Para pacientes com doença limitada à bexiga, a profundidade de invasão do tumor primário é a variável prognóstica mais importante para determinar o risco de recorrência ou progressão. Isso é integrado ao sistema de estadiamento padrão, o sistema tumor, nódulo, metástase (TNM), no qual a profundidade de invasão do tumor primário fornece informações prognósticas importantes.

Se a doença invadir o músculo será necessário também a realização de um tomografia computorizada (TAC), para avaliar se a doença está limitada ao órgão.

Quais as opções terapêuticas disponíveis para o tratamento do cancro da Bexiga?

As opções terapêuticas são várias, e dependentes do tipo de tumor (se invade ou não o músculo), e se a doença está limitada apenas ao órgão, ou se invade outras estruturas.

Na doença não músculo invasiva, o tratamento pode passar por cirurgia, radioterapia e quimioterapia, ou tratamentos intravesicais (com introdução de medicamentos na bexiga), como mitomicina ou BCG (bacilo Calmette–Guérin).

Na doença músculo-invasiva, se limitada ao órgão, os tratamentos podem passar por cirurgia com ou sem quimioterapia antes ou após a cirurgia, ou ainda imunoterapia após a cirurgia.

Se a doença se encontra espalhada a outros órgãos, ou seja, se estamos perante uma doença metastizada, esta deixa de ser potencialmente curável. O tratamento padrão atual é habitualmente quimioterapia, seguida ou não de imunoterapia.

Apesar de ainda não se encontrar aprovado pela EMA (agência europeia do medicamento), o tratamento de primeira linha padrão na doença metastizada será a breve prazo composto por imunoterapia em conjunto com uma nova classe de fármacos, os anticorpos conjugados a fármaco. Este tratamento parece vir revolucionar as taxas de sobrevivência deste tipo de tumores.

Qual a taxa de sobrevivência deste tipo de cancro?

A taxa de sobrevivência é muito variável consoante o tipo de doença que temos (se invade ou não o músculo e se a doença está limitada apenas ao órgão, ou se invade outras estruturas).

Segundo dados americanos (American Cancer Society), na doença não músculo-invasiva podemos falar em taxas de sobrevivência aos 5 anos superiores a 95%. Na doença musculo-invasiva limitada ao órgão essa taxa desce para cerca de 70%, e na doença metastizada cerca de 8%.

Neste sentido, qual a importância do diagnóstico precoce? Existem rastreios? Quando se deve investigar a doença?

Não existe exame de rastreio. Até agora o rastreio não mostrou diminuir a mortalidade e portanto não está preconizado. No entanto o mais importante é alertar a população para os sinais de alarme mais comuns, e que não devem ser ignorados, principalmente, alterações recentes no padrão miccional e presença de sangue na urina.

Muitas vezes o que vemos é que os doentes vão adiando a procura de ajuda médica quando aparecem estes sintomas. É fundamental estar alerta e procurar o médico assim que surjam. Isto permitirá detetar a doença numa fase mais inicial, aumentando a possibilidade de cura.

Na sua opinião, quais os principais desafios que esta neoplasia apresenta, tanto no que diz respeito ao diagnóstico quanto ao tratamento?

Um dos principais problemas no diagnóstico, prende-se com o diagnóstico tardio por duas razões: a primeira porque os doentes demoram a procurar ajuda médica. Muitas vezes os homens têm vergonha de procurar o médico, e menosprezam a perda de sangue. O segundo problema é a resposta do nosso serviço nacional de saúde. Em alguns hospitais existe a chamada via verde de hematúria, que permite que um doente que chegue à urgência com sangue na urina que não possa ser explicado por uma infeção por exemplo, possa rapidamente ser avaliado em consulta e pedidos os exames para diagnóstico e despiste de carcinoma urotelial.

O que vemos na maioria das realidades é um tempo muito longo desde o aparecimento do sintoma, procura de cuidados médicos, e o efetivo diagnóstico da doença. Isto leva a atrasos no inicio de tratamento, com compromisso na sua eficácia.

Quanto ao tratamento, nos últimos anos temos tidos muitas novidades e inovações para o tratamento do carcinoma urotelial.

Desde novidades na doença não musculo-invasiva, que em pouco tempo teremos tratamentos potencialmente mais eficazes na prática clinica e com melhor tolerância. Na doença musculo-invasiva, os principais desafios passam por aumentar a taxa de cura na doença localizada, uma vez que as taxas de recorrência após tratamento rondam os 40-50%. Já existem vários ensaios clínicos a testar novas moléculas neste contexto e com resultados promissores.

Na doença metastizada, o ultimo ano trouxe novidades no tratamento de primeira linha, com uma duplicação das taxas de sobrevivência comparativamente ao tratamento de quimioterapia clássica. Resta agora saber como selecionaremos os doentes para estes novos tratamentos, uma vez que se esperam também toxicidades não desprezíveis.

Outro fator importante são os custos. Estes tratamento inovadores estão associados a custos elevadíssimos, e podem não estar acessíveis a todos os cidadãos globalmente. Ao nível de Portugal, sendo negociado um financiamento com o INFARMED, não serão à partida colocados entraves ao seu acesso. No entanto temos de pensar também na sustentabilidade a longo prazo.

Para terminar, quais as principais ideias-chave que devemos reter sobre a doença?

Em resumo, o carcinoma urotelial é um cancro prevalente em Portugal, especialmente entre homens, com uma incidência significativa que justifica o alerta . É importante saber que existe, estar alerta para sinais e sintomas, principalmente hematúria (sangue na urina), e se é fumador, não esquecer que a melhor prevenção é a abstinência.

Diagnósticos precoces salvam vidas! Estejam alerta!

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Sociedade Portuguesa de Pneumologia reforça
Por ocasião do Dia Mundial Sem Tabaco da OMS, que se assinala hoje, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia sublinha a...

"Sabe-se que há uma rede de influencers digitais pagos pela indústria para promover expressamente os seus produtos. Por outro lado, a indústria interfere na tomada de decisão política, fazendo lobby nos governos e decisores políticos, impedindo que sejam implementadas políticas públicas preventivas eficazes. Deste modo, a OMS urge que os Governos e decisores políticos avancem com ações concretas para banir preferencialmente, ou regular eficazmente, os novos produtos de tabaco e nicotina, ao mesmo tempo que devem acelerar a implementação de medidas abrangentes da CQCT", escreve a SPP em comunicado

A OMS defende a implementação de um pacote de medidas sinérgicas, como o aumento significativo da tributação em todos produtos de tabaco e de nicotina; a criação de mais zonas livres de fumo, com extensão a espaços exteriores; regulamentação mais robusta e fiscalização eficaz relativamente à venda e comercialização de produtos do tabaco/nicotina e da exploração de plataformas digitais para aliciar jovens consumidores, e a proibição dos cigarros eletrónicos com aromas. Além disso, a OMS considera fundamental proteger as políticas de Saúde Pública da nefasta influência da indústria do tabaco; e apoiar iniciativas de educação e sensibilização da população, e em particular dos jovens, para as táticas enganosas da indústria.

Trabalhando em conjunto, os governos, as organizações de saúde pública, a sociedade civil e os jovens capacitados podem criar um mundo onde a próxima geração esteja livre dos perigos do tabaco e da dependência da nicotina. Portugal está na cauda da Europa relativamente à prevenção e controlo do tabagismo, devendo acelerar a implementação das medidas da CQCT e regular eficazmente os novos produtos como tabaco aquecido, shisha e vapes.

Consumo em Portugal

Em Portugal, segundo os dados mais recentes (Inquérito do SICAD, 2022; população portuguesa, entre os 15 e os 74 anos) o consumo de tabaco mantem-se muito elevado nos adultos, progredindo até à idade média e só baixando significativamente a partir dos 65 anos, sobretudo entre as mulheres (25-34 anos: 34,9%, 44.9% nos homens, 24,9% nas mulheres; 35-44 anos: 38,1%; 42,8% nos homens e 33,8% nas mulheres; 45-54 anos: 36,1%, 45,5%, nos homens e 27,4% nas mulheres; 55-64 anos: 27,4%, 41,8% nos homens, 14,8% nas mulheres; 65-74 anos: 12,0%, 21,8% nos homens, 3,7% nas mulheres). 

O consumo nos jovens (15-24 anos) é mais baixo do que nos adultos (20,7%: 26,9% no sexo masculino e 14,2% no sexo feminino), pois neste grupo etário ainda se está a estabelecer a progressão do uso ocasional para o uso regular e/ou diário, além de que a disponibilidade financeira para a aquisição de tabaco é mais baixa. 

Um dado preocupante é a descida da idade média de experimentação do tabaco nos mais jovens para os 16 anos, em ambos os sexos (SICAD, 2022). A motivação para cessar de usar tabaco/nicotina é assustadoramente baixa (dos utilizadores, 96% relatam motivação baixa para cessar, independentemente do sexo). 

O inquérito nacional escolar de 2019 (Lavado e Calado, 2020) mostra que o consumo de tabaco nos mais jovens (13-18 anos) diminui entre ambos os sexos, comparativamente aos dados de 2015, mas a experimentação e uso dos novos produtos (cigarros eletrónicos, sisha e tabaco aquecido) está a tornar-se mais significativa. Esta tendência foi reforçada no inquérito nacional escolar de 2022 (SICAD, 2023, dados preliminares), mostrando um aumento no consumo dos produtos de tabaco e nicotina nos jovens á custa da experimentação dos novos produtos, i.e. tabaco aquecido e cigarros eletrónicos. 

Relativamente à iniciação do consumo, em 2019, 38,4% dos alunos do ensino público, disseram já ter experimentado fumar ou vapear. A experimentação foi mais alta no sexo masculino (40,7%), do que no sexo feminino (36,3%). Os cigarros foram o tipo de produto mais utilizado por quem já experimentou (29,3%), seguido dos cigarros eletrónicos (22,2%), do tabaco para cachimbo de água (15,0%) e do tabaco aquecido (4,9%) (Lavado e Calado, 2020).

Campanha da SPP

Neste contexto, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia lançou uma campanha nas redes sociais, divulgando uma série de imagens e vídeos dirigidos aos jovens, com mensagens claras e impactantes sobre os novos produtos do tabaco/nicotina e o marketing perverso da indústria que alicia crianças e adolescentes nas redes sociais a usar estes produtos.

"Queremos ajudar a construir uma geração mais consciente e livre do marketing predatório da indústria do tabaco/nicotina e da dependência da nicotina. Preocupantemente, o cérebro das crianças e adolescentes, ainda em desenvolvimento, é particularmente vulnerável à nicotina e outras substâncias aditivas".

"O risco de dependência nicotínica depende sobretudo da idade de experimentação e uso. Assim, quando as crianças e jovens experimentam produtos de tabaco e nicotina, facilmente se tornam dependentes, levando ao consumo repetido e regular, além de abrirem caminho para experimentarem outras substâncias psicoactivas, como cannabis, cocaína, etc. A dependência pode ser considerada como o pior malefício do uso de tabaco e nicotina, pois é por serem dependentes que os fumadores e vapers persistem no uso regular e continuado ao longo de anos e décadas e têm muita dificuldade em cessar; e consequentemente podendo adoecer e morrer prematuramente".

A boa notícia é que existe tratamento seguro e eficaz para ajudar os fumadores, utilizadores de tabaco aquecido e vapers a cessar o uso de tabaco e nicotina, tornando o processo de desabituação nicotínica muito mais fácil e tranquilo. "Os vapes e o tabaco aquecido não são dispositivos médicos, nem medicamentos, nem constituem uma alternativa segura e eficaz para deixar de fumar".

"Se usa produtos de tabaco e/ou nicotina não espere mais, procure ajuda médica para cessar, fale com o seu médico ou outro profissional de saúde!"

Consequências do consumo

Não é preciso esperar muito tempo para adoecer quando se usa cigarros eletrónicos.

"Diversos estudos indicam que os vapes podem causar sintomas e doença respiratória em adolescentes e jovens como exacerbações de asma, bronquite, pneumonia; inflamação e irritação do trato respiratório com sintomas recorrentes de tosse, aperto torácico e falta de ar, e dificuldade respiratória aguda. Por outro lado, existem estudos que concluem que os vapes podem elevar a pressão arterial e a frequência cardíaca em adultos jovens saudáveis".

"Em 2019, o CDC, EUA, reportou uma epidemia de doença respiratória aguda grave causada pelo uso de cigarros eletrónicos designada por EVALI. A EVALI é uma doença aguda grave que se manifesta por dificuldade respiratória. Causa insuficiência respiratória aguda com necessidade de hospitalização, tratamento com corticoides, oxigénio de alto débito e/ou ventilação mecânica. Até fevereiro de 2020 foram hospitalizadas 2.807 pessoas, das quais 80% eram jovens, 68 faleceram, e algumas tiveram necessidade de transplante pulmonar. Devido à pandemia COVID-19, a monitorização dos casos de EVALI foi interrompida nos EUA. No entanto, continuam a ser relatados casos de EVALI nos EUA e na Europa".

Salienta-se ainda que uso de nicotina prejudica seriamente o desenvolvimento cerebral do feto e do adolescente, associando-se a alterações cognitivas e comportamentais: dificuldades de memória, concentração e aprendizagem; ansiedade, insónia, cefaleias, fraqueza; aumentando o risco de problemas de saúde mental na vida futura.

 

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