Análise da Globaldata
O mercado global de dispositivos viscoelásticos oftálmicos (OVD), avaliado em 709,1 milhões de dólares em 2020, prevê-se que...

De acordo com a análise de mercado da GlobalData, as vendas de OVDs no ano passado diminuíram 17% devido ao encerramento das clínicas de oftalmologia durante o 2º trimestre de 2020. Em 2021, a GlobalData antecipa o início de um "período de subida" nos procedimentos e vendas de OVD para compensar os procedimentos que foram adiados em 2020. No entanto, de acordo com o relatório da GlobalData, "Dispositivos Viscoelasticos Oftalmológicos (Dispositivos Oftalmológicos) – Global Market Analysis and Forecast Model (COVID-19 Market Impact)", o aumento não compensará as perdas de receitas até 2022. As vendas de OVDs foram mais afetadas do que outros mercados, uma vez que estes dispositivos dependem principalmente de procedimentos eletivos para gerar rendimento.

Eric Chapman, Analista Sénior de Dispositivos Médicos da GlobalData, comenta que “no primeiro trimestre de 2020, os procedimentos eletivos foram adiados a partir de meados de março (duas em 12 semanas) e este período de duas semanas teve um impacto negativo nas vendas globais de OVDs. No segundo trimestre de 2020, com o número de novos casos Covid-19 a atingir um pico, muitas clínicas foram encerradas e o mercado baixou mais de 50%”.

"Carl Zeiss é o líder de mercado para as vendas da OVD, seguido da Bausch & Lomb, Johnson & Johnson e Alcon. Como tal, estas empresas perderam mais receitas devido ao impacto da pandemia. No entanto, prevê-se que estes players mantenham a sua posição no mercado pós-pandemia, enquanto os fabricantes muito mais pequenos continuarão a lutar e terão dificuldade em ganhar quota de mercado das principais empresas, especialmente nos EUA”, acrescenta.

Os dispositivos viscoelásticos oftálmicos (OVD) são materiais injetados no espaço intraocular durante a remoção das cataratas para reduzir o trauma no olho do paciente.

 

 

Iniciativa portuguesa
As infraestruturas científicas e o financiamento sustentado da investigação desempenham um papel fundamental na luta global...

A diretora-geral da EMBL, Edith Heard, vai discursar no evento e sublinha a forte colaboração da Europa face à emergência covid-19. "Estou muito feliz que o EMBL e o governo português tenham conseguido unir esforços e fazer com que esta conferência aconteça no contexto da pandemia", diz. "É uma grande ilustração da importância da cooperação europeia quando se lida com estas crises."

A conferência contará com a participação de especialistas internacionais de renome, como Özlem Türeci, cofundadora e CMO da BioNTech; Sylvie Brian, Diretora do Departamento de Preparação Global de Riscos Infeciosos da Organização Mundial de Saúde; Jeremy Farrar, Diretor da Wellcome Trust; e o Diretor-geral Adjunto da EMBL, Ewan Birney.

O programa inclui sessões sobre epidemiologia, biologia celular da infeção e desenvolvimento de vacinas. A discussão sobre esta última área não abrangerá apenas os êxitos recentes, mas também abordará a questão importante da confiança pública.

Comentando a sua participação na conferência, Ewan Birney refera que "a Covid-19 é uma doença terrível causada por um vírus altamente transmissível: toda a humanidade tem de trabalhar em conjunto para o vencer. É ótimo que o governo português esteja a permitir estas discussões como parte da sua presidência da UE."

"Um dos principais desafios que a humanidade enfrenta atualmente é o de melhor equilíbrio da atividade económica e da proteção do ecossistema", afirma Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior português. "Como demonstra a Covid-19 – que se pensa ter tido origem em morcegos – é dado um sinal alarmante por doenças zoonóticas, ou zoonoses, que têm vindo a aumentar devido à pressão que as nossas sociedades e o seu desenvolvimento económico exercem sobre a natureza. Esta é uma manifestação clara da influência desequilibrada dos seres humanos na Terra, que também é expressa através das alterações climáticas. A eventual demonstração científica destas relações com a pandemia, com a qual vivemos, requer mais conhecimento para poder fazer perguntas mais precisas e difíceis e compreender melhor os riscos que corremos, bem como garantir que a Europa lidera a evolução científica nesta nova era geológica do Antropoceno."

Bolsa D. Manuel de Mello no valor de 50 mil euros
O investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Hélder Novais e Bastos, recebe, hoje, o maior prémio nacional...

Hélder Novais e Bastos, professor e investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), e médico pneumologista no Centro Hospitalar Universitário de São João, recebe o prémio para desenvolver no projeto de investigação “FIBRA-Lung: Interações hospedeiro-microbioma na busca por biomarcadores de doenças pulmonares intersticiais fibrosantes que regem a aceleração”, que tem como objetivo melhorar o prognóstico e a qualidade de vida das pessoas que sofrem de fibrose pulmonar.

A fibrose pulmonar é o resultado de um conjunto de doenças pulmonares difusas, que se caracteriza pela inflamação e cicatrização anómala do tecido pulmonar, geralmente progressiva, estando associada a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade, com um prognóstico comparável ao cancro.

O amplo desconhecimento sobre os mecanismos da doença fez com que a fibrose pulmonar se tornasse, nos últimos anos, numa das principais razões para transplante do órgão, representando cerca de ⅓ do total de transplantes de pulmão em Portugal e no mundo. Esta condição, subdiagnosticada, causa deterioração gradual da função pulmonar resultando em cansaço crescente, insuficiência respiratória e morte.

O diagnóstico habitualmente tardio, a inexistência de marcadores fiáveis que permitam prever a evolução da doença e o quão precoce ou intensivo deve ser iniciado o tratamento, aliada à escassez de alternativas terapêuticas disponíveis, motivam o desenvolvimento deste estudo.

O projeto liderado por Hélder Novais e Bastos, pretende investigar a prevalência das doenças pulmonares que conduzem à fibrose progressiva  e explorar as interações entre a genética do indivíduo e os diferentes fatores ambientais, por forma a identificar novos biomarcadores que permitam avaliar a evolução da doença e indicar precocemente o tratamento mais adequado e personalizado para cada indivíduo afetado, contribuindo, assim, para a melhoria do prognóstico e qualidade de vida de quem sofre de fibrose pulmonar.

Este projeto de investigação prevê a criação do primeiro registo português de doentes com fibrose pulmonar, com um biobanco associado, no qual os participantes serão seguidos e monitorizados ao longo dos primeiros anos após o diagnóstico. A criação deste biobanco permitirá ainda cruzar os dados da evolução da doença com os perfis moleculares e a composição de microrganismos presentes no sistema respiratório de cada doente.

Este projeto, desenvolvido por uma equipa de médicos do Centro Hospitalar Universitário de São João e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em cooperação com biólogos e imunologistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) - onde se centrará grande parte da pesquisa laboratorial - está sob a coordenação da Doutora Margarida Saraiva do grupo de investigação “Immune regulation” (regulação imune).

Rui Diniz, Presidente da Comissão Executiva da CUF, considera que a Bolsa D. Manuel de Mello é “um incentivo à investigação e ao desenvolvimento de melhores práticas clínicas ao serviço dos doentes. O investimento no ensino e na cooperação com as instituições universitárias é estratégico para o futuro dos cuidados de saúde, pelo que iniciativas como a Bolsa D. Manuel de Mello são fundamentais para valorizar o mérito dos investigadores portugueses, e dos seus trabalhos, e contribuir para a melhoria contínua dos cuidados de saúde”.

Vasco de Mello, Presidente da Fundação Amélia de Mello, sublinha que “com 14 anos de história e mais de uma dezena de projectos de investigação apoiados, a Bolsa D. Manuel de Mello cumpre, e continuará a cumprir, o propósito para o qual foi instituída de contribuir para a investigação e para o progresso das Ciências da Saúde em Portugal”.

A Bolsa D. Manuel de Mello é uma bolsa de investigação anual instituída, em 2007, pela Fundação Amélia de Mello em parceria com a CUF, que se destina a premiar jovens médicos que desenvolvam projetos de investigação clínica, no âmbito das unidades de investigação e desenvolvimento das Faculdades de Medicina portuguesas.

A cerimónia de entrega da Bolsa D. Manuel de Mello, hoje, no Auditório do Hospital CUF Porto, conta com a presença do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales e o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.  

 

Resposta reforçada em todo o país
Segundo o Coordenador da Task Force do Plano de Vacinação contra a Covid-19, Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo, vão ser...

O objetivo, explicou Gouveia e Melo, é “evitar stocks e acelerar a proteção da população portuguesa”. Para tal, estão a ser criados 119 postos de vacinação rápida e 161 postos de vacinação reforçada, numa ação que articulada entre o Ministério da Saúde e autarquias.

Segundo o responsável, estão também a ser adaptados os sistemas de informação com agendamento centralizado e opções complementares aos métodos de agendamento até agora praticados, como o auto-agendamento.

O coordenador da Task Force salientou ainda que numa fase inicial o “principal desafio” foi a disponibilidade de vacinas e nesta o desafio será ter a capacidade para administrar “os nove milhões de vacinas previstos para chegar a Portugal neste segundo trimestre”.

 

Proposta já levanta questões
A Nova Zelândia quer tornar-se um país livre de fumo em 2025 e tem um projeto ambicioso que visa proibir a venda de cigarros e...

O governo de Jacinda Ardern anunciou uma série de propostas para reduzir os danos causados pelo tabaco. "Precisamos de acelerar para alcançar o objetivo de deixar de fumar até 2025", disse ao Guardian a vice-ministra da Saúde, Ayesha Verral.

Entre as propostas está o de tornar totalmente ilegal a venda de cigarros e produtos de tabaco a pessoas nascidas desde 2004, mas também aumentar gradualmente a idade legal para o consumo de tabaco, diminuir significativamente o nível de nicotina nos produtos e limitar os pontos de venda de cigarros e similares.

Várias organizações de saúde pública acolheram com agrado o projeto de governo liderado pela Primeira-Ministra Jacinda Ardern, mas não faltam já críticas a esta iniciativa, uma vez que muitos se questionam sobre onde ficam os direitos dos cidadãos.

Para lançar a discussão junto da opinião publica, o Governo publicou um documento no site do Ministério da Saúde com os detalhes da proposta, solicitando aos cidadãos que dessem a sua opinião sobre o projeto.

Até agora, a Nova Zelândia já implementou um programa de redução do tabagismo na população, que incluiu a proibição da venda de cigarros e produtos de tabaco a crianças menores de 18 anos, os impostos sobre os cigarros, a introdução de zonas sem fumo, como locais de trabalho, interiores, escolas e viveiros, mas também a proibição de publicidade, patrocínio e promoção de produtos do tabaco e ajuda a quem pretende deixar de fumar.

 

 

Mas benefícios superam os riscos
O Comité de Segurança da EMA (PRAC) concluiu que um aviso sobre coágulos sanguíneos incomuns com plaquetas de sangue baixas...

Para chegar a esta conclusão, o Comité tomou em consideração todos os elementos de prova atualmente disponíveis, incluindo oito relatórios dos Estados Unidos sobre casos graves de coágulos sanguíneos incomuns associados a baixos níveis de plaquetas sanguíneas, um dos quais teve um resultado fatal. Até 13 de abril de 2021, mais de 7 milhões de pessoas tinham recebido a vacina da Janssen nos Estados Unidos.

Todos os casos ocorreram em pessoas com menos de 60 anos no prazo de três semanas após a vacinação, a maioria em mulheres, no entanto, de acordo com o PRAC, “com base nos elementos de prova atualmente disponíveis, não foram confirmados fatores de risco específicos”.

De acordo com a nota de imprensa hoje divulgada, o PRAC “observou que os coágulos sanguíneos ocorreram principalmente em locais incomuns, como nas veias do cérebro (trombose do seio venoso cerebral, CVST) e no abdómen (trombose venosa esplancónica) e nas artérias, juntamente com baixos níveis de plaquetas sanguíneas e, por vezes, sangramento”. Os casos analisados foram muito semelhantes aos casos ocorridos com a vacina Covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca, a Vaxzevria.

Segundo a EMA, os profissionais de saúde e as pessoas que vão receber a vacina “devem estar cientes da possibilidade de casos muito raros de coágulos sanguíneos combinados com baixos níveis de plaquetas sanguíneas que ocorrem no prazo de três semanas após a vacinação”, sublinhando que estes casos são muito raros e que os benefícios globais da vacinação “superam os riscos dos efeitos colaterais”.

Deste modo, a avaliação científica da EMA “sustenta a utilização segura e eficaz das vacinas”, sendo que “a utilização da vacina durante as campanhas de vacinação a nível nacional terá em conta a situação pandemia e a disponibilidade de vacinas em cada Estado-Membro”.

Para a EMA, “uma explicação plausível para a combinação de coágulos sanguíneos e plaquetas baixas é uma resposta imune, levando a uma condição semelhante à que se vê às vezes em pacientes tratados com heparina chamada trombocitopenia induzida por heparina, HIT”.

Em comunicado, o PRAC sublinha a importância do tratamento médico especializado rápido. Reconhecendo os sinais de coágulos sanguíneos e plaquetas baixas e tratando-os precocemente, os profissionais de saúde podem ajudar os afetados na sua recuperação e evitar complicações. “A trombose em combinação com a trombocitopenia requer uma gestão clínica especializada. Os profissionais de saúde devem consultar a orientação aplicável e/ou consultar especialistas (por exemplo, hematologistas, especialistas em coagulação) para diagnosticar e tratar esta condição”, pode ler-se.

Boletim Epidemiológico
Portugal registou, nas últimas 24 horas, cinco mortes e 424 novos casos de infeção por Covid-19. O número de internamentos...

Segundo o boletim divulgado, registaram, nas últimas 24 horas, mais cinco óbitos associados à infeção provocada pelo novo coronavírus. A maioria (3) foi registada na região de Lisboa e Vale do Tejo. A região norte e a região centro têm ambas uma morte a assinalar. As restantes regiões do país, incluindo a região autónoma da Madeira, não registaram nenhum óbito.

Quanto ao número de novos casos, o boletim epidemiológico divulgado hoje, pela Direção Geral da Saúde, mostra que foram diagnosticados 424 novos casos. A região de Lisboa e Vale do Tejo contabilizou 153 novos casos e a região norte 129. Desde ontem foram diagnosticados mais 34 na região Centro, 41 no Alentejo e 28 no Algarve. No arquipélago da Madeira foram identificadas mais 23 infeções e nos Açores 16.

Quanto ao número de internamentos, há atualmente 429 doentes internados, menos 25 que ontem. No entanto, as unidades de cuidados intensivos passaram a ter mais um doente internado. Atualmente, estão em UCI 113 pessoas.

O boletim desta terça-feira mostra ainda que, desde ontem, 902 pessoas recuperaram da Covid-19, elevando para 790.118 o total daqueles que conseguiram vencer a doença desde o início da pandemia.

No que diz respeito aos casos ativos, o boletim epidemiológico divulgado hoje pela DGS, revela que existem 24.576 casos, menos 483 que ontem.  As autoridades de saúde mantêm sob vigilância mais 1043 contactos, estando agora 21.866 pessoas em vigilância.

Perturbação Obsessiva-Compulsiva
Caraterizada pela presença de obsessões e compulsões, a Perturbação-Obsessiva Compulsiva tem um enor

Sabendo que as pessoas com Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) podem manifestar uma série de sintomas que causam tensão, medo, culpa e ansiedade, interferindo nas atividades da vida diária, no trabalho e nas relações, começo por lhe perguntar quais a principais manifestações da doença? Que idade tinha quando surgiram os primeiros sintomas? No seu caso, como evoluiu esta doença? De que forma começou a condicionar o seu dia-a-dia?

Desde muito jovem que associo pensamentos, medos e dúvidas à doença. Já na infância era assaltada por medos de morte de familiares, o que gerava uma grande ansiedade. É um medo comum na infância, mas em mim assumia uma importância exacerbada, provocada pela doença, o que gerava em mim uma enorme e prologada ansiedade com pensamentos recorrentes, ruminantes, persistentes e limitativos.

Pelo que me lembro, foi no início da adolescência que comecei a adotar rituais compulsivos como forma de dissipar essa ansiedade, que era imensa. Logicamente, estes eram desajustados, tal como os pensamentos, e tinha consciência disso.

Os sintomas de superstição/pensamento mágico foram os primeiros a surgir, em que a doença me fazia crer que realizando determinados rituais estereotipados e repetitivos (rezas silenciosas, bater na madeira e repetir frases sempre da mesma forma, não escrever a preto, …) seria capaz de evitar o que os meus pensamentos tinham premunido ou os medos que me assolavam.

Mais tarde, começaram a surgir os sintomas de verificação. Ainda no início da juventude, revia trabalhos vezes sem conta para confirmar que não faltavam páginas e, mais tarde, já na minha atividade profissional, revia todos os passos que percorria. A dúvida sobre os atos que tinha praticado nunca era refutada e a ansiedade, apesar das compulsões de verificação, mantinha-se elevada.

Por volta dos meus 28 anos, altura em que engravidei da minha filha mais velha e após um incidente no trabalho, comecei a padecer de sintomas de contaminação. Sei que normalmente julgam que o doente tem medo de ser contagiado por determinadas doenças, mas não é só. Era assolada por medos de ser contaminada com detergentes, pó, terra e partículas nas superfícies, que a doença me fazia ver sempre sujas. Na verdade, o que me lembro é de me sentir sempre suja, o que me incitava a compulsões de lavagem repetidas das mãos, cada vez com produtos mais agressivos para a pele, e de superfícies com que tinha contato. Cheguei a um ponto em que sair de casa se tornou incomportável, porque via o mundo como um lugar sujo e ameaçador.

Todos estes sintomas eram vividos de uma forma egodistónica, ou seja, estranhos ao Eu. Sabia bem que eram exagerados e desajustados. Por isso mesmo escondia-os, sentia vergonha e disfarçava os rituais para que ninguém pudesse notar.

Todos estes pensamentos encadeados uns nos outros, repetitivos, ruminantes e que resistiam a sair da consciência, faziam-me viver numa grande ansiedade, exaustão e roubavam muito tempo aos meus dias.

Sabendo que o doente, nem sempre consegue perceber que precisa de ajuda, como se deu o “clique”? Em que momento decidiu procurar ajuda e como recebeu este diagnóstico? Foi fácil aceitar?

Sempre negava a mim mesma a doença, apesar de por volta dos meus 20 anos, já a frequentar a licenciatura de Medicina, me ter apercebido da existência desta doença e do diagnóstico que deveria fazer a mim mesma. Negava os sintomas, até porque os sentia como meus e não de uma doença.

Costumo usar uma analogia para expressar como se sente a doença: quando me doi um joelho digo: “ele doi”; quando tenho pensamentos intrusivos (que não são meus, são da doença) digo: “eu penso assim”. Pois, mas eu não penso assim, quem pensa assim é a doença, mas eu não conseguia aceitar isso, achava que os pensamentos eram meus e tinha vergonha, quer dos pensamentos quer dos rituais a que a doença me obrigava.

Fui levada a procurar ajuda médica pela primeira vez aos 29 anos, na altura da gravidez da minha filha. Nessa altura, a doença exacerbou-se muito e tornou-se visível. O meu marido ajudou-me a procurar acompanhamento médico. Fiz medicação e psicoterapia e melhorei. Claro que contei ao médico e à psicóloga apenas os sintomas de contaminação que se encontravam exacerbados na altura e continuei a esconder o “meu segredo”, não referindo os rituais de verificação e pensamento mágico.

Após 2 anos de medicação e melhoria tive alta da consulta por considerarem que estava curada e que teria sido um episódio de POC associado à gravidez, o que é frequente. Esse facto fez com que aceitar a doença, nessa altura, tenha sido relativamente fácil. Atribuí a culpa não a mim, mas às hormonas da gravidez e, como melhorei, julguei ter-se tratado apenas de um episódio. A nossa mente sabe muito bem mentir a si própria!!

Fiquei então de novo por minha conta. Seguiram-se uns anos muito bons, em que o equilíbrio entre a atividade profissional e o lazer, as relações saudáveis que mantinha com o meu marido e amigos e mais um filho a caminho, me davam a estabilidade de que precisava para controlar melhor a ansiedade e a POC. Conseguia manter a doença sob controlo e lidava com ela recorrendo a algumas ferramentas que tinha apreendido durante a psicoterapia.

Em 2010 assumi um cargo de Coordenação. A responsabilidade aumentou, a ansiedade subiu, o tempo que dedicava ao trabalho era excessivo e tudo se descompensou.

Em 2012 caí numa depressão profunda pela exaustão a que a doença, que se tinha agravado em todas as suas vertentes, me conduziu. Cheguei a estar cerca de 24 horas tomada pela POC, entre pensamentos ruminativos, rituais compulsivos e até em sonhos visualizava o que me preocupava. Aí fui conduzida por uma amiga e o meu marido à Psiquiatria.

Aqui foi mais difícil aceitar a doença que foi explorada em todas as suas vertentes. Foi difícil confessar todos os sintomas, todas as crenças da doença, todos os medos, todos os rituais. Sentia vergonha pelo que confessava e foi difícil aprender a lidar com o facto de as obsessões não serem pensamentos normais nem do “Eu”. Foi muito difícil aceitar, mas fui fazendo o caminho pela psicoterapia e estudei muito sobre a POC, o que me ajudou a conhecer melhor a doença e, assim, vê-la como algo externo a mim.

Tendo em conta que as manifestações clínicas da Perturbação Obsessiva Compulsiva começaram cedo, hoje consegue identificar o que porquê de ter desenvolvido esta perturbação?

A Perturbação Obsessiva Compulsiva (POC) tem uma etiologia multifatorial. Identifico, na minha história familiar, casos de Distúrbio de Ansiedade, de Perturbação Obsessiva Compulsiva, Tiques e Depressão, o que me faz crer existir uma certa predisposição hereditária. Fatores ambientais, com certeza, estiveram implicados. Copiar comportamentos que via nos mais velhos, na tenra infância, assistir a formas de reação a desafios da vida e alguma rigidez de comportamentos poderão ter despoletado algumas crenças e comportamentos.

Posteriormente, as imposições que colocava a mim mesma para tentar anular qualquer hipótese de erro, com a prática de compulsões que tinham como objetivo diminuir a ansiedade das obsessões, foram alimentando a doença.

Como é que esta doença se relaciona com a depressão? No seu caso, o que despoletou a doença depressiva? Que episódios recorda?

O primeiro episódio depressivo de que me lembro de ter tido aconteceu por volta dos meus 20 anos. Sinto que o que desencadeava os sintomas depressivos era sempre a ansiedade e a POC. Sentir-me constantemente invadida por pensamentos estranhos recorrentes, medos repetitivos e desgastantes que giravam na minha mente, encadeados e constantemente, e os rituais compulsivos rígidos a cumprir conduziam-me a uma grande exaustão e desgaste, afastando-me da vida e do mundo.

A minha existência passava a reger-se pela doença, pela ansiedade e ficava fechada em mim, como se a vida se passasse em segundo plano, não vivia em pleno. Isolava-me das relações e das atividades, vivia nos meus pensamentos, era arrastada para um mundo de solidão, tristeza, falta de energia e vontade… isto é a depressão.

No seu caso, a doença tornou-se resistente ao tratamento. Para quem não faz ideia o que é viver com uma depressão, como é que esta impactou a sua vida?

Até aos meus 38 anos fui tendo alguns episódios depressivos autolimitados e recorrendo a medicação resolvia-os em alguns em meses. Ia disfarçando a doença, quer a POC, quer a ansiedade, quer a Depressão, o que fazia com que tivesse de viver num mundo de luta constante, no meu interior, sem ninguém notar. Vivia afligida pelos sintomas da doença e tentava encontrar o equilíbrio que me permitisse manter o meu “segredo”.

Esta luta prolongada teve as suas consequências e aos 38 anos caí numa depressão profunda. Apesar de todos os esforços da equipa médica, com vários esquemas terapêuticos e eletroconvulsivoterapia, e de psicólogos que me acompanharam, estive cerca de 3 anos numa depressão profunda. Desses anos tenho apenas memórias retalhadas, tipo fotográficas. As memórias desses tempos são escassas. Sei que passava a maioria do meu tempo isolada, exausta, deitada ou sentada e absorta da realidade.

Recorro a um excerto do meu livro, “Na Loucura da Dúvida”, para tentar explicar o que é a depressão:

“E sucumbo, sucumbo ao cansaço, à dor, ao desespero de obsessões constantes, cada vez mais intensas, frequentes e absorventes.

Sucumbo e deixo de lutar porque as forças escasseiam e a desesperança impõe-se.

Sucumbo e deixo que a doença me leve para um lugar à parte, sem tempo e sem palavras. Um lugar de um escuro envolvente, um recanto negro, onde pairam todos os fantasmas, onde respondo a todos os medos, onde cada memória me ataca, onde cada pensamento é um ogro, verdadeiramente assustador… e onde vivo isolada do resto do mundo!

Nesse mundo estou tão só…

Curiosamente, antes não tinha medo da solidão!! Um livro e um sonho, por vezes, mais sonhos que livros, eu bastava-me e preenchia-me, eu era a minha melhor companhia. Mas, a doença rouba-me o sonho, rouba-me a risada fácil, rouba-me de mim!! Desespero a tentar encontrar-me nesse mundo, tenho saudades de me ter, quero o meu aconchego, recordo a minha alegria e anseio o meu sorriso! Sinto-me tão só, tão só sem mim!!

Nada quero, … nada desejo, … nada espero!

Como se me tivessem aberto os olhos, para o verdadeiro vazio da existência humana. Um vazio… mais do que de sentimentos, um vazio de vontades, uma ausência de desejos, um deserto de expectativas, um vácuo asfixiante!

A vida sem finalidade e sem propósito! A contradição de sentir o vazio!

Uma angústia que disseca por dentro, mói os ossos, dói nos músculos, enfraquece o corpo...  e mata a alma!!

Esvaziada! Fico esvaziada de mim! Como se esse vácuo me tivesse sugado a carne!!

Não há agrado, já nada tem sabor, arrasto-me por uma vida que vivo por viver.

Nesse mundo vivo profundamente cansada, sinto-me exausta de existir!! Cada inspiração é um esforço, cada pestanejar é uma luta, cada levante uma vitória contra a vontade imensa de me deixar ir!! O desejo de deixar de sentir angústia, tristeza e dor. Por fora pareço anestesiada e distante, mas por dentro, vivo um rebuliço de medos e de dor… um desespero sem fim!

E bramo por socorro através de uma lágrima que cai, pois, as forças escasseiam, para contar ao mundo, como é o recanto infernal onde vivo!!”

Como é que a doença condicionou as suas relações?

A doença (a POC e a Depressão) conduzem ao isolamento. Muitas vezes refugiava-me no meu mundo secreto de forma a esconder obsessões e rituais. Movida pela vergonha, reflexo da forma estranha como o Eu vivenciava os sintomas, adotava estratégias para esconder pensamentos e atos.

A própria depressão, devido à falta de energia e de vontade que a caracteriza, condicionou-me a um isolamento intenso em que recusava convites e fechava-me por completo no meu mundo.

Tentava, no entanto, de toda a forma poupar os meus filhos. Fazia um esforço para estar com eles o máximo tempo que conseguia, exibir um sorriso e esconder as compulsões. Mas nem tudo era possível de esconder e, claro, apercebiam-se do meu cansaço. E, por mais que tentasse, não resistia, por vezes, a tentar que cumprissem determinados comportamentos de forma a ser-me possível suportar a ansiedade provocada pela POC. Por exemplo, sabiam que quando chegava a casa do trabalho só me podiam abraçar após ter tomado banho e trocado de roupa.

A nível profissional, a POC e a Depressão conduziram-me a uma profunda incapacidade, tendo estado muito tempo sem ser capaz de trabalhar.

Em retrospetiva, qual ou quais os momentos mais difíceis pelos quais passou?

Quando se sofre assim é difícil definir momentos. Dias melhores intercalavam-se com dias em que o desespero se apoderava mais de mim, mas a verdade é que, em retrospetiva, a POC e a Depressão são um contínuo de dor e desesperança oscilantes. Passei anos em profundo sofrimento provocado pela dúvida, ideação suicida, pelo debate interno e por viver num mundo tomado pelos meus pensamentos.

Relativamente ao tratamento da POC, em que consiste?

O tratamento tem duas vertentes essenciais: a Intervenção Farmacológica e a Psicoterapia. Dependendo da gravidade da doença, os fármacos e a sua dose variam, mas a psicoterapia é a base. É importante que o doente entenda o que é a POC, as suas rasteiras, que os pensamentos (obsessões) não são pensamentos normais nem do “Eu” e que não devem ser analisados ou esmiuçados, como suportar a ansiedade inicial que impele à compulsão e como não a executar, uma competência que é treinada e aprendida através do esquema de intervenção Exposição/Prevenção da resposta.

Para casos graves e renitentes ao tratamento psicoterapêutico e farmacológico, há uns anos, foi aprovado para o tratamento da POC o procedimento neurocirúrgico: Estimulação Cerebral Profunda (Deep Brain Stimulation – DBS), com excelentes resultados.

Hoje tem a POC controlada? Que estratégias utiliza para não se deixar dominar pela doença?

Cumprir o esquema terapêutico, manter o plano de consultas com o Psiquiatra que me acompanha e colocar em prática todas as estratégias que fui aprendendo durante o processo de psicoterapia, como: não dar importância a pensamentos automáticos sentidos como estranhos ao “Eu” e que invadem o pensamento normal; adiar o pensamento (não me debater com as obsessões e enganá-las. Pensar, por exemplo: “eu sei que és importante, já penso em ti daqui a meia hora, agora vou descansar um bocadinho!!”. Desta forma, as obsessões vão perdendo a sua força); distrair-me de forma a evitar entrar no ciclo ruminativo de pensamentos; evitar responder à ansiedade gerada pelos pensamentos, sabendo que ao realizar as compulsões irei reforçar o aparecimento desses mesmos pensamentos (Obsessões); praticar exercício moderado; equilibrar tempos de trabalho e lazer; manter ritmos de sono regulares; ter momentos dedicados a relaxamento.

Que mensagem gostaria de deixar no âmbito deste tema, sobretudo quando ainda é tabu falar sobre doença mental?

A doença mental, em geral, está envolvida num grande estigma e, na minha opinião, apenas por um motivo: MEDO. Medo do desconhecido, medo da crença de serem doenças incuráveis e às quais não se pode proporcionar alívio, medo de se perder aquilo que mais nos define: a nossa identidade. Acredito que só se poderá aceitar e compreender se procurarmos conhecer… ENTENDER PARA ACEITAR!!!

Pelo que acho que a única forma de quebrar este mesmo estigma é falando da doença mental: dar a conhecer os seus sintomas, as formas de ajuda, que tantas vezes passam pelos conviventes com o doente, os progressos enormíssimos da medicina, principalmente neste último século, que já tanto alívio e cura proporcionam aos doentes, mostrar que são doenças como outras quaisquer e que a ajuda médica e psicoterapêutica têm resultados muito bons.

Acredito que todos nós, sem saber, convivemos com pessoas que padecem de doença mental e que vivem num sofrimento enorme, no silêncio da sua vergonha e da não aceitação por parte da sociedade.

Que se quebre este estigma! Que se quebre esta vergonha!… Aceitar e conhecer… para ajudar!

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Patologias dos pés podem surgir na sequência da falta de atividade física
A Associação Portuguesa de Podologia (APP) está preocupada com os dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que...

Manuel Portela, presidente da APP, considera que “o comportamento sedentário e os reduzidos índices de atividade física, poderão ter um impacto muito negativo, na saúde, no bem-estar e na qualidade de vida da população”. “Está ainda comprovado que a falta de atividade física é uma das principais causas para o desenvolvimento de deficiências estruturais e de patologias relacionadas com os pés”, afirma.

E acrescenta: “Mais do que nunca, hoje é fundamental mantermo-nos ativos. A pandemia trouxe-nos inúmeros comportamentos sedentários: o teletrabalho, os longos períodos de confinamento, ou as restrições à livre circulação. Neste sentido, mais do que necessário, é vital que nos mantenhamos ativos.”

De forma a colmatar esta redução, a OMS lançou novas recomendações para aumentar a atividade física e para combater o comportamento sedentário. São elas:

Para as crianças e os adolescentes, com idades compreendidas entre os cinco e os 17 anos, a prática de atividade física deve ser realizada durante 60 minutos, três dias por semana. Nesta faixa etária o exercício melhora a aptidão cardiorrespiratória e muscular; a saúde cardiometabólica, óssea e mental; a cognição e a redução da gordura corporal.

Nos adultos, entre os 18 e os 64 anos, a atividade física reduz a mortalidade por todas as causas e por doenças cardiovasculares; a incidência de hipertensão, de alguns tipos de cancros, e da diabetes tipo 2; melhora a saúde mental, o funcionamento cognitivo e o sono. A recomendação é de 150 a 300 minutos de atividade moderadas ou de 75 a 150 minutos de atividades vigorosa ou, ainda, uma combinação das duas, ao longo da semana.

Nos idosos com mais de 65 anos, além dos benefícios descritos para o grupo anterior, o plano ressalva que a atividade física ajuda a prevenir quedas e lesões relacionadas com as mesmas, e o declínio da saúde óssea e da capacidade funcional.

No caso dos adultos ou idosos com doenças crónicas, os tempos de atividade física recomendados são semelhantes. Quando não for possível cumprir as recomendações, as pessoas “devem praticar atividade física de acordo com suas capacidades”.

A recomendação para as mulheres grávidas e no pós-parto é para que pratiquem 150 minutos de atividade moderada, reduzindo assim o risco de pré-eclâmpsia, de hipertensão gestacional, de diabetes gestacional, do ganho excessivo de peso, de complicações no parto e de depressão no pós-parto, assim como de complicações no recém-nascido, entre outros.

Estudo
O sangue do cordão umbilical tem apresentado resultados promissores no tratamento da leucemia em doentes com idade mais...

A leucemia mieloide aguda é um tipo raro de doença maligna do sangue que, apesar de poder afetar crianças e jovens, apresenta uma maior incidência a partir dos 60 anos, verificando-se 15 casos em cada 100 mil idosos. Nas situações mais graves, o tratamento consiste em quimioterapia, seguida de um transplante de células estaminais hemapotoiéticas, como as que existem na medula óssea. No entanto, os doentes com idade mais avançada têm menor probabilidade de ter um familiar compatível que possa ser dador de células estaminais para transplante.

Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, explica que “neste contexto, o sangue do cordão umbilical apresenta-se como uma fonte de células estaminais hemapotoiéticas muito útil, possibilitando que doentes que não dispõem de um dador de medula óssea compatível possam ser tratados recorrendo a um transplante hematopoiético.”

Os investigadores deste estudo analisaram a evolução clínica de um grupo de mais de 1.500 doentes japoneses com idades entre os 60 e os 85 anos, transplantados com sangue do cordão umbilical para o tratamento de leucemia mieloide aguda, entre 2002 e 2017. Os doentes foram submetidos a quimioterapia e receberam, de seguida, células estaminais saudáveis, provenientes de sangue do cordão umbilical armazenado num banco de células estaminais, com o objetivo de reconstituir o seu sistema hematológico (de produção de células do sangue).

Os resultados do estudo indicam que 81% dos doentes alcançou a reconstituição hematológica após o transplante, o que demonstra a utilidade do sangue do cordão umbilical na transplantação de doentes com mais de 60 anos com leucemia mieloide aguda.

Verificou-se, ainda, que a idade, por si só, não teve impacto negativo na capacidade de reconstituição hematológica após o transplante. Contudo, observou-se que a idade superior a 70 anos e a presença de outros problemas de saúde, por exemplo do foro pulmonar ou cardíaco, estiveram relacionados com uma menor taxa de sobrevivência neste grupo de doentes, pelo que é importante fazer uma criteriosa seleção dos doentes a transplantar, com base em vários fatores, como a gravidade da doença e outros problemas de saúde que apresentem em simultâneo.

 

Saber reconhecer os sintomas
No âmbito do Dia Mundial de Sensibilização para a Leucemia Mieloide Aguda (LMA), que se assinala a 21 de abril, a Associação...

Cansaço, febre, falta de ar, perda de peso, hematomas, fraqueza, suores noturnos e infeções são os sintomas mais frequentes da LMA, um cancro raro e agressivo do sangue e da medula óssea que interfere no desenvolvimento de células sanguíneas saudáveis. Devido à falta de sintomas singulares da doença, estes podem muitas vezes ser confundidos com gripe ou até COVID-19.

“A LMA desenvolve-se e piora rapidamente a menos que seja tratada. Como tal, quando o doente apresenta sintomas, é de extrema importância ficar atento e fazer o diagnóstico adequado, permitindo iniciar tratamentos o mais precocemente possível. Só assim é possível aumentar as possibilidades de sobrevivência”, explica Manuel Abecassis, Presidente da APCL.

Numa altura em que o país está a desconfinar gradualmente, a APCL apela aos doentes com LMA e outros cancros do sangue, sobretudo aos que descuraram os tratamentos durante a pandemia devido à COVID-19, que, por um lado, sigam todas as recomendações dos seus médicos assistentes e das unidades hospitalares onde são acompanhados e, por outro, se aconselhem junto dos profissionais de saúde que habitualmente os assistem sobre as formas de acompanhamento, necessidade de consultas e meios de diagnóstico. 

A LMA é a mais comum das leucemias agudas, sendo responsável por cerca de 25% dos casos. Apesar de afetar tanto adultos como crianças, a sua incidência aumenta com o envelhecimento. A sobrevivência pode ser limitada. Cerca de um terço dos doentes terá uma mutação no gene FLT3, que pode resultar numa progressão mais rápida da doença, com maiores taxas de recaída e menores taxas de sobrevivência do que outras formas de LMA. São conhecidas já muitas outras alterações genéticas que podem influenciar positivamente ou negativamente o prognóstico.

O diagnóstico é feito através de análises ao sangue, biópsia da medula óssea, um estudo dos cromossomas, imunofenotipagem e estudos moleculares. Na maioria dos casos, o tratamento pode passar por quimioterapia, terapêuticas dirigidas a defeitos genéticos ou proteínas específicas das células leucémicas, transplante de células estaminais, imunoterapia ou novos tratamentos ainda em fase de ensaio clínico.

“Na Astellas empenhamo-nos em encontrar e disponibilizar novos tratamentos que possam melhorar e prolongar a vida dos doentes, nomeadamente os fármacos inovadores que temos no nosso pipeline em áreas com opções terapêuticas, até ao momento, limitadas como é o caso da LMA, na área dos Cancros do Sangue”, refere Filipe Novais, diretor geral da Astellas Farma.

Potencial terapêutico
Uma equipa de cientistas da RCSI University of Medicine and Health Sciences e do SFI AMBER Centre conseguiram desenvolveram um...

Em pesquisas anteriores, este grupo de investigadores descobriu que é possível ativar um gene, designado de fator de crescimento (PGF), de modo a promover a regeneração óssea e o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos. Utilizando este conhecimento, os investigadores desenvolveram um biomaterial que entrega PGF em diferentes concentrações.

Inspirado na forma natural como os defeitos ósseos se regeneram, o biomaterial liberta pela primeira vez uma alta dose de PGF, promovendo o crescimento dos vasos sanguíneos, e segue-o com uma dose mais baixa sustentada, que promove a regeneração óssea. Quando testado num modelo pré-clínico, o biomaterial repara com sucesso grandes defeitos ósseos, ao mesmo tempo que recria os vasos sanguíneos.

Os biomateriais atuais que promovem tanto o crescimento dos vasos sanguíneos como os ósseos normalmente requerem o uso de mais do que um fármaco terapêutico, o que significa desenhar um sistema mais complexo e que enfrenta mais desafios. Além disso, os fármacos aprovados para uso na clínica têm sido controversamente associados a efeitos secundários perigosos, salientando a necessidade de novas estratégias.

"São necessários mais testes antes de podermos iniciar os ensaios clínicos, mas se formos bem-sucedidos, este biomaterial pode beneficiar os pacientes na reparação de defeitos ósseos, fornecendo uma alternativa aos sistemas atuais", disse Fergal O'Brien, investigador principal do estudo e Diretor de Investigação e Inovação do RCSI.

"Além de reparar defeitos ósseos, a nossa abordagem à medicina regenerativa executada no estudo fornece um novo quadro para a avaliação de biomateriais regenerativos para outras aplicações de engenharia de tecidos. Estamos agora a aplicar este conceito de "mecanobiologia informada medicina regenerativa" para identificar novas terapêuticas noutras áreas, incluindo a reparação da cartilagem e da medula espinhal."

O biomaterial foi desenvolvido por investigadores do Grupo de Investigação em Engenharia de Tecidos (TERG) sediado no RCSI e no SFI AMBER Centre. O seu trabalho foi apoiado pelo Irish Research Council, o EU BlueHuman Interreg Atlantic Area Project, o programa de investigação e inovação horizonte 2020 da Comunidade Europeia ao abrigo do European Research Council Advanced Grant agreement nº 788753 (ReCaP) e do Health Research Board of Ireland ao abrigo dos Health Research Awards – Patient-Oriented Research Scheme.

"Ao utilizarmos uma abordagem informada pela mecanobiologia, conseguimos identificar um novo candidato terapêutico promissor para a reparação óssea e também determinar as concentrações ideais necessárias para promover a angiogénese e a osteogénese dentro de um único biomaterial", disse Eamon Sheehy, o primeiro autor e investigador do estudo no TERG.

"A regeneração de grandes defeitos ósseos continua a ser um desafio clínico significativo, mas esperamos que o nosso novo biomaterial continue a revelar-se benéfico em novos ensaios", conclui.

Doentes e cuidadores lançam apelo no Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar
Em vésperas do Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar, assinalado a 5 de maio, a Associação Portuguesa da Hipertensão Pulmonar ...

Estima-se que em Portugal existam cerca de 300 pessoas diagnosticadas com HP, mas os especialistas acreditam que a prevalência da doença é muito superior a esse número.  O subdiagnóstico leva a que muitos doentes levem anos a serem identificados e a iniciar o tratamento atempadamente. Apesar de incurável, um diagnóstico precoce pode garantir o controlo da patologia por meio de tratamentos que auxiliam no alívio dos seus efeitos.

“É determinante identificar mais pessoas com HP, uma vez que temos vários doentes que chegam até nós, após anos perdidos em consultas médicas. Estamos perante uma condição difícil de diagnosticar porque os seus sintomas são transversais a muitas outras patologias pulmonares, cardiovasculares e até neurológicas. O tempo médio que decorre entre o início dos sintomas e o diagnóstico é de aproximadamente 2 anos, mas temos casos em que esse processo pode atingir os 7 anos, algo que impacta consideravelmente a qualidade de vida” *, afirma Maria João Canas Saraiva, presidente da APHP

Portugal é um dos países da Europa onde a HP não é considerada uma doença crónica. Urge mudar essa realidade, no sentido de ajudar a comunidade de doentes e cuidadores a viverem melhor com esta condição. A facilidade de acesso a consultas, tratamentos e apoios a nível profissional devido ao absentismo provocado pela doença são conquistas importantes de serem alcançadas, no âmbito desta patologia.

Ainda a propósito do Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar, a APHP vai lançar, a nível nacional, a campanha de sensibilização “Heróis do Ar”. A iniciativa, implementada com o apoio da Ferrer, ambiciona homenagear doentes e cuidadores, e aumentar o diagnóstico precoce, ajudando a população identificar os sintomas da HP.

A campanha convida os portugueses a visualizarem e partilharem um  vídeo com testemunhos de pessoas com HP que diariamente perdem momentos importantes do seu quotidiano pela falta de oxigénio, o principal sintoma da HP e um elemento essencial à vida. Subir escadas, pegar no filho ao colo ou simplesmente caminhar são exemplos de atividades que estes doentes não conseguem realizar. Por cada visualização e partilha nas redes sociais com a hashtag #heroisdoar, no dia da efeméride (5 de maio), será doado 1 euro à Associação.                                                                                  

 

Estudo
Investigadores da Albert Einstein College of Medicine desenvolveram um medicamento tópico que regenera e restaura a função dos...

"A disfunção eréctil (DE) após a prostatectomia radical tem um grande impacto na vida de muitos pacientes e dos seus parceiros", disse David J. Sharp, professor no Departamento de Neurociências na Albert Einstein College of Medicine, e coautor deste estudo. "Como os ratos são modelos animais fiáveis na pesquisa urológica, este fármaco oferece uma esperança real de uma função sexual normal para as dezenas de milhares de homens que são submetidos a esta cirurgia todos os anos."

A prostatectomia radical — cirurgia para remover a próstata — é considerada o tratamento definitivo para o cancro da próstata localizado. "A cirurgia pode danificar os nervos cavernosos, que controlam a função eréctil regulando o fluxo sanguíneo para o pénis", explicou Kelvin P. Davies, professor de urologia e de fisiologia & biofísica. De acordo com o investigador, cerca de 60% dos doentes intervencionados reportam ter disfunção eréctil 18 meses após a cirurgia, e menos de 30% têm ereções firmes o suficiente para relações sexuais após cinco anos. O viagra e tratamentos semelhantes de DE raramente são eficazes nestes doentes, acrescentou.

Há uma década, Sharp e os colegas descobriram que a enzima fidgetina 2 (FL2) trava as células da pele enquanto migram para feridas para as curar. Para acelerar a cicatrização da ferida, os investigadores desenvolveram um fármaco "anti-FL2": pequenas moléculas de ARN (siRNAs) que inibem o gene que codifica o FL2. Embalados em nanopartículas de gel e pulverizados em ratos, os siRNAs não só curaram feridas duas vezes mais rápido que feridas não tratadas, como também regeneraram tecido danificado. Um estudo realizado em fevereiro de 2021 em ratos descobriu que os siRNAs também ajudaram na cura de queimaduras alcalinas corneais.

Os investigadores perceberam que os nervos feridos podem ser especialmente recetivos a este fármaco que silencia os genes. Por razões desconhecidas, o gene FL2 torna-se «sobreativo» após a lesão nas células nervosas, fazendo com que as células produzam quantidades abundantes de enzima FL2.

A equipa avaliou o fármaco usando modelos de ratos com lesão nervosa periférica em que os nervos cavernosos foram esmagados ou cortados, imitando os danos nervosos associados à prostatectomia radical. O gel de siRNA foi aplicado nos nervos imediatamente após a lesão.

Quando o tratamento foi aplicado foi possível observar a regeneração do nervo (recrescimento) e a restauração da função nervosa. Em três e quatro semanas após a terapia, os animais tratados tinham uma função eréctil significativamente melhor. Após um mês, a resposta da tensão arterial dos animais tratados era comparável à dos animais normais.

Os investigadores também descobriram que os eixos penianos dos animais tratados tinham níveis mais elevados da enzima óxido nítrico sintetase. A enzima produz o óxido nítrico necessário para desencadear a sequência de eventos que conduzem a ereções. "Isto é importante porque fármacos como o Viagra não funcionam se não houver óxido nítrico", explicou Sharp. "Mas se conseguirmos restaurar até mesmo alguns dos óxidos nítricos nestes nervos, o Viagra e outros fármacos para a Disfunção Eréctil podem então ser capazes de exercer os seus efeitos."

A equipa de investigação está ainda a estudar se os siRNAs podem promover a regeneração nervosa após lesões na medula espinhal.

Ciclo de webinars de 21 a 23 de abril
No âmbito do Dia Nacional da Reabilitação Respiratória que se assinala a 21 de abril, a Linde Saúde organiza um ciclo de 3...

Com o objetivo de dar a conhecer esta realidade, que faz agora parte do dia a dia de muitos portugueses, a Linde Saúde pretende alertar para as necessidades crescentes na área da Reabilitação Respiratória. “Sentimos que enquanto prestadores de cuidados de saúde que atua nesta área, temos o compromisso de, ativamente, sensibilizar e informar a sociedade sobre a importância da Reabilitação Respiratória. É fundamental encontrar soluções para os cidadãos que assegurem a continuidade dos cuidados em ambulatório e no domicílio, garantindo a qualidade assistencial através de intervenções de proximidade.”, afirma Maria João Vitorino, Diretora da Linde Saúde.

Esta iniciativa é composta por três webinars que decorrerão nos dias 21, 22 e 23 de abril, entre as 18h e as 19h30, dinamizados pela Academia Linde Saúde. Os webinars são dirigidos a profissionais de saúde.

A reabilitação respiratória habitualmente prescrita em casos de doença respiratória crónica, como doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) ou fibrose pulmonar, é também atualmente adaptada e recomendada a doentes que estão em fase de recuperação da COVID-19. O objetivo desta intervenção contribui para a melhoria da função pulmonar, redução da gravidade e do impacto dos sintomas no doente e consequentemente melhorar a sua qualidade de vida.

Para mais informações sobre este ciclo de webinars pode aceder aqui.

 

Formação contínua de internistas
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) acaba de disponibilizar o Catálogo de Formação 2021. A promoção da formação...

A frequência de cursos de formação ao longo da atividade profissional é um dos mais importantes meios de garantir a atualização dos clínicos nas mais diversas áreas do conhecimento da Medicina Interna.

“Continuamos a inovar nas modalidades formativas, potenciando a utilização da nossa plataforma digital de formação, também ela certificada, e o crescimento dos cursos exclusivamente em e-learning e dos cursos em b-learning são uma prova disso”, afirma Nuno Bernardino, Coordenador do FORMI. 

Em 2020 o FORMI realizou 14 ações de formação que envolveram um total de 975 formandos.

 O Centro de Formação em Medicina Interna (FORMI), entidade certificada pela DGERT, foi criado com o objetivo de garantir a qualidade das ações de formação, quer ao nível de conteúdos quer da sua estrutura pedagógica.

 O catálogo pode ser consultado ou fazer o seu download em: https://www.spmi.pt/catalogo-da-formacao-spmi/

 

Houve mais 5% de mortes em 16 anos
A Organização Mundial de Saúde (OMS) acaba de lançar o novo Pacto Global de Combate à Diabetes, um documento que tem como...

No documento divulgado no dia 14 de abril numa reunião coorganizada pela OMS e pelo Governo do Canadá, com o apoio da Universidade de Toronto, durante a qual foram assinalados os 100 anos da insulina, a OMS destaca 3 temas centrais: 

Insulina: uma solução com 100 anos que salva vidas 

Melhorar o acesso a medicamentos e tecnologias. Apesar das evidências e dos benefícios, ainda há um longo caminho a percorrer, principalmente nos países em desenvolvimento. 

Fortalecer os sistemas de saúde  

O investimento na capacitação dos profissionais de saúde para a prevenção e controlo da diabetes e uma melhor integração dos cuidados ao nível dos cuidados primários de saúde, são pilares fundamentais no combate à diabetes. 

Aprender com quem tem experiência de vida  

A implementação de medidas deve ser feita numa perspetiva colaborativa, incluindo as pessoas que vivem com diabetes. 

José Manuel Boavida, presidente da APDP, explica que “perante o cenário alarmante que vivemos hoje a nível mundial por causa da diabetes, a APDP subscreve totalmente a visão da OMS para os próximos anos e que passa pela aposta na redução do risco de desenvolver diabetes e por assegurar que todas as pessoas diagnosticadas com diabetes têm acesso a tratamentos e cuidados de qualidade de forma equitativa, universal e acessível. Em Portugal ainda há muito que fazer no que toca à diminuição do risco, ao diagnóstico precoce e aos cuidados ideais junto de toda a população, um caminho para o qual a APDP quer continuar a contribuir”. 

A ideia é sublinhada por João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP que realça que “tal como acontece com a OMS, os objetivos da APDP passam por proteger as populações, detetar e diagnosticar a diabetes, tratar adequadamente a doença e suas complicações e contribuir para a recuperação de todas as pessoas com diabetes que foram infetadas pelo novo coronavírus. Como diz o diretor geral da OMS, temos de fazer mais e podemos fazer mais”. 

Recorde-se que Portugal era, em 2019, um dos dois países da União Europeia com maior taxa de prevalência de diabetes entre adultos, segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicado no ano passado. Em 2019, Portugal tinha 9,8% dos adultos (entre os 20 e os 79 anos) com diabetes. Estima-se, porém, que esse número seja superior, devido ao número de casos não diagnosticados. 

Investigação da Universidade do Minho traz novas perspetivas sobre o consumo regular de café
Um novo estudo publicado na Molecular Psychiatry, oferece uma perspetiva única nas mudanças estruturais e de conectividade que...

Também foram encontrados padrões de maior eficiência noutras áreas do cérebro, como o cerebelo, consistente os efeitos já descritos como a melhoria do controlo motor. Além disto, houve ainda uma maior atividade dinâmica observada em várias áreas do cérebro, no grupo dos fãs de café, que permitiu juntar a estes efeitos uma notória melhoria na aprendizagem e na memória. Estas mudanças permitem ainda uma maior capacidade de foco.

“Esta é a primeira vez que o efeito que beber café regularmente tem na nossa rede cerebral é estudada com este nível de detalhe. Fomos capazes de observar o efeito do café na estrutura e na conetividade funcional do nosso cérebro, bem como as diferenças entre quem bebe café regularmente e quem não bebe café, em tempo real. Estas conclusões podem, pelo menos em certa medida, ajudar a oferecer uma visão mecanicista para alguns dos efeitos observados”, explica Nuno Sousa.

E depois de um copo de café? Estas diferenças no nosso cérebro, observadas entre quem bebe café regularmente, foram também notadas no grupo de pessoas que não bebe café após consumirem um copo de café. Este indicador surpreendente, demonstrou uma capacidade do café em impor mudanças em curtos períodos de tempo – e torna o café o gatilho dos efeitos.


Nuno Sousa lidera a investigação da Escola de Medicina da Universidade do Minho

A investigação foi conduzida por Nuno Sousa da Escola de Medicina da Universidade do Minho, usando uma tecnologia apelidada de ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla inglesa) por forma a comparar a estrutura e conetividade de um grupo de pessoas que bebem café diariamente com um grupo de pessoas que não bebem café. O projeto é apoiado pelo Institute for Scientific Information on Coffee.

Ensaio clínico
De acordo com os dados iniciais de um ensaio clínico liderado por investigadores do Scheie Eye Institute na Perelman School of...

De acordo com este trabalho de investigação, o gene GUCY2D é replicado sem defeito, sendo utilizado no tratamento de deficiências visuais graves causadas por mutações neste gene. Cada um dos três primeiros doentes tratados neste ensaio clínico apresentou melhorias em alguns aspetos da visão, sem efeitos colaterais graves, de acordo com o novo estudo publicado na revista iScience.

"Encontramos melhorias sustentadas na visão diurna e noturna, mesmo com uma dose relativamente baixa da terapia genética", disse o autor principal do estudo Samuel G. Jacobson, professor de Oftalmologia na Perelman School of Medicine.

O gene GUCY2D é um dos cerca de 25 genes humanos cujas mutações causam problemas na retina, levando a graves deficiências da visão desde o nascimento ou na infância. Esta família de distúrbios herdados da retina, coletivamente conhecida como Amaurose Congénita Leber (LCA), é responsável por uma parte considerável da cegueira em crianças em todo o mundo.

Cópias normais de GUCY2D codificam uma enzima na via chave que as células sensíveis à luz na retina usam para converter a luz em sinais eletroquímicos. A falta desta enzima bloqueia a recuperação desta via, evitando o reset necessário para uma maior sinalização. Como resultado, o sinal das células da vara e do cone torna-se muito fraco, o que equivale a uma perda severa da visão.

Mesmo em adultos que viveram décadas com esta condição, por vezes muitas células da retina que detetam luz permanecerem vivas e intactas apesar da sua disfunção. Assim, adicionar cópias funcionais do GUCY2D através de uma terapia genética poderia fazer com que essas células funcionassem novamente e restaurando alguma visão.

Em 2019, Samuel G. Jacobson Jacobson e Artur V. Cideciyan, um professor de investigação de Oftalmologia na Escola de Medicina Perelman, iniciaram o primeiro ensaio clínico de uma terapia genética GUCY2D, uma solução de um vírus inofensivo que transporta o gene e é injetado sob a retina -- inicialmente em apenas um olho por paciente. Os pacientes foram seguidos durante dois anos após o tratamento, sendo que o trabalho agora publicado descreve as descobertas após os primeiros nove meses do tratamento de três doentes.

Assim, de acordo com o relatório, o primeiro paciente experimentou um aumento substancial da sensibilidade à luz nas células da vara, que são mais sensíveis à luz do que as células cone e são principalmente responsáveis por baixa luminosidade ou "visão noturna". Este paciente também mostrou melhores respostas da pupila à luz.

O segundo paciente mostrou um aumento menor, mas sustentado da sensibilidade à luz nas células da vara, começando cerca de dois meses após a terapia genética.

O terceiro paciente não apresentou melhorias na sensibilidade das células da haste, mas mostrou uma acuidade visual significativamente melhorada durante o período de seguimento de nove meses, uma melhoria que os investigadores associaram a uma melhor função nas células cone do paciente, as células predominantes para a luz do dia e visão de cor.

"Estes resultados iniciais do primeiro ensaio de uma terapia genética GUCY2D são muito encorajadores e fornecem informações para a nossa pesquisa", disse Cideciyan.

De acordo com os investigadores, não houve efeitos colaterais adversos graves, e os que ocorreram foram resolvidos.

 

Acordo de compra
A Pfizer e a BioNTech vão fornecer mais 100 milhões de doses da vacina Covid-19, baseada em mRNA, elevando para 600 milhões o...

“Até à data, cumprimos todos os nossos compromissos de fornecimento à Comissão Europeia e planeamos entregar 250 milhões de doses à UE no segundo trimestre, um aumento quatro vezes superior à quantidade acordada no primeiro trimestre", afirmou o CEO da Pfizer, Albert Bourla. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, fez recentemente eco destes sentimentos, salientando que a empresa "cumpriu os seus compromissos e está a responder às nossas necessidades". As suas observações vieram a par de uma divulgação de que a UE também iniciará negociações para comprar 1,8 mil milhões de doses de Comirnaty até 2023.

UE parece favorecer vacinas baseadas em mRNA

Na semana passada, um relatório dizia que a UE não iria renegociar os contratos de fornecimento para as vacinas COVID-19 baseadas em vetores da AstraZeneca e johnson & Johnson, após término dos contratos este ano, centrando-se antes nas imunizações baseadas em mRNA. Uma fonte do Ministério da Saúde italiano sugeriu que este seria um "triunfo" tanto para o mRNA-1273 da Comirnaty como para a Moderna, que se baseia em tecnologia semelhante.

 

 

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