Na luta contra a pandemia
A Food and Drug Administration (FDA), dos EUA, concedeu esta segunda-feira uma aprovação total à vacina contra o coronavírus da...

A BNT162b2 recebeu pela primeira vez uma autorização de uso de emergência, nos EUA, em dezembro passado, para pessoas com 16 ou mais anos, expandindo-se mais recentemente para incluir a prevenção da Covid-19 em adolescentes dos 12 aos 15 anos de idade. Entretanto, em julho, a FDA concedeu uma revisão a esta vacina, procurando a sua aprovação integral,

A aprovação total foi dada hoje e espera-se que esta decisão venha a incentivar mais norte-americanos a receber a vacina contra a Covid-19, reduzindo os seus receios quanto à falta de confiança no fármaco.

De acordo com a farmacêutica, a vacina vai continuar disponível para crianças entre 12 e 15 anos e como terceira dose, para pacientes imunocomprometidos, apenas em uso de emergência.

“A aprovação da FDA para esta vacina é um marco, na medida em que continuamos a lutar contra a pandemia de Covid-19”, disse em comunicado, Janet Woodcock, comissária da entidade reguladora norte-americana. 

Sefgundo a responsável, a população “pode estar muito confiante de que esta vacina cumpre os altos padrões de segurança, eficácia e produção de qualidade que a FDA exige de um produto aprovado”.

 

 

Dia Mundial para a Consciencialização da Distrofia Muscular de Duchenne assinala-se a 7 de setembro
A Associação Portuguesa de Neuromusculares (APN) está a promover uma ação nacional de consciencialização para a Distrofia...

“Todos os anos, 1 em cada 3.500 crianças do sexo masculino nasce com Distrofia Muscular de Duchenne, uma doença neuromuscular, que altera as capacidades da criança durante a infância, como andar ou subir escadas. À medida que crescem, estes jovens sentem também cada vez mais dificuldades em respirar já que esta doença provoca a fraqueza dos músculos, incluindo o músculo cardíaco e os músculos da respiração”, explica Joaquim Brites, presidente da Associação Portuguesa de Neuromusculares.

E frisa: “Felizmente, nos últimos anos, a esperança média de vida tem vindo a aumentar, graças à formação e à informação distribuída aos seus cuidadores. Mas é importante continuar a apostar na informação por forma a assegurar um diagnóstico mais célere. Se os pais verificarem que a criança sente dificuldades em andar, correr, saltar, subir escadas ou levantar-se do chão, e se cai muitas vezes, devem ficar alerta e aconselhar-se junto do médico assistente”.

Descrita em 1868 pelo neurologista francês Guillaume Duchenne, é, desde então, a doença neuromuscular mais investigada. “Ainda sem cura, mantém-se no topo da investigação de muitas sociedades científicas e de laboratórios, a nível mundial, que procuram implementar alguns tratamentos que permitam minimizar os efeitos provocados pela progressiva degradação de todos os músculos do corpo, incluindo o cardíaco”, refere Joaquim Brites.

Apesar dos avanços na investigação, os Centros de Referência para as Doenças Neuromusculares tardam em aparecer em Portugal.  “Sendo as doenças neuromusculares, o maior grupo de doenças raras do mundo, é inexplicável que Portugal não disponha de um Centro de Referência, a elas destinado. Com uma investigação cada vez mais ativa, implicando, por consequência, o aparecimento de medicamentos órfãos destinados a combater alguns dos seus efeitos, estes centros são determinantes no que respeita à análise de resultados” critica Joaquim Brites.

E conclui: “Falta, também, responder à Diretiva Europeia 2011/24/EU, do Parlamento Europeu, de 9 de março 2011. Estamos à espera, há anos demais! A Rede de Referência Europeia para as doenças Neuromusculares (ERN – EURONMD), também exige que Portugal esteja presente”.

O dia 7 de setembro foi instituído como o Dia Mundial para a Consciencialização da Distrofia Muscular de Duchenne. Em Portugal, e em todos os lugares do mundo, a data assinala-se com eventos variados, conferências científicas e outros acontecimentos que pretendem chamar à atenção para a sua identificação, de forma cada vez mais precoce. 

 

Crescimento Global
O laboratório farmacêutico francês Biocodex, que chegou a Portugal há dois anos, vai continuar a aumentar o seu portefólio com...

Quando a farmacêutica abriu a sua filial no centro de Lisboa, em 2019, trazia na bagagem o probiótico mais vendido em Portugal para o tratamento da diarreia em crianças e adultos e diarreia associada ao uso de antibióticos, presente em mais de uma centena de países. Desde a sua chegada a Portugal lançou a marca Symbiosys.

A recente aquisição dos Laboratoires IPRAD, a nível mundial, está também a ser estratégica para a consolidação do crescimento da farmacêutica. A Biocodex passou a ter, desde o início deste ano, a exclusividade da comercialização e distribuição da marca Saforelleem Portugal.  

Em junho, lançou também o único gel vaginal em spray para as lesões do colo do útero. 

A chegada da Biocodex a Portugal insere-se numa estratégia global de expansão da empresa, que está presente em mais de uma centena de países e tem filiais em países como os Estados Unidos, Bélgica, Polónia, Rússia, México e Canadá. “Queremos continuar a crescer porque somos uma empresa que trabalha e investe a pensar a longo prazo e focada no desenvolvimento sustentável”, sublinha a Country Manager da Biocodex Portugal. 

Marie Bonte, que assumiu o projeto português há dois anos, após 11 anos como diretora de marketing internacional na Biocodex em França, garante que o balanço é muito positivo e que o entusiamo inicial permanece inalterado. “Somos uma equipa dinâmica e ágil que encara este desafio de forma muito dedicada. Temos mais de 65 anos de experiência, na investigação, no desenvolvimento e na comercialização de probióticos e o nosso objetivo é trabalharmos todos os dias para trazer a inovação aos que mais precisam”, acrescenta. 

Paralelamente, a Biocodex desenvolve uma vasta atividade formativa para o público em geral (www.biocodexmicrobiotainstitute.com) e para profissionais de saúde. O foco no aprofundamento do conhecimento na área da microbiota levou à criação da plataforma www.mybiocodex.pt para as equipas de farmácia. 

Na área da investigação, e através da Biocodex Microbiota Foundation, está a lançar, pelo terceiro ano, a Bolsa Nacional para Projetos de Investigação em Microbiota, com um prémio anual de 25 mil euros. O trabalho vencedor da edição 2020-2021foi o projeto PRIMING, que visa compreender o impacto da obesidade materna na ativação e estimulação do sistema imunitário da criança induzido pela microbiota intestinal ao longo do primeiro ano de vida, da autoria de uma equipa de investigadores do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto. 

Simultaneamente, lançou a primeira edição do Prémio Henri Boulard de Saúde Pública, que vai distinguir os dois melhores projetos que tenham um impacto positivo na saúde em alguns países subdesenvolvidos da Ásia, África e da América Latina. Por exemplo, por meio da educação e consciencialização em saúde, novas infraestruturas, projetos agrícolas ou de purificação de água. Cada um dos prémios a atribuir tem um valor monetário de 10 mil euros. 

Ainda na área da investigação, a Biocodex está envolvida em Portugal na dinamização de sessões, simpósios e apoio financeiro a estudos, entre os quais o Gut microbiota, Spark and Flame of COVID-19 Disease que investiga a relação entre a microbiota intestinal e a severidade da COVID-19, liderado pela Professora Conceição Calhau, docente e investigadora da Faculdade de Ciências Médicas | NOVA Medical School da Universidade Nova de Lisboa.  

No plano cultural e didático, dirigido a todas as idades, apoiou, de outubro de 2019 a agosto de 2020, a exposição “PUM! A vida Secreta dos Intestinos”, inspirada no best seller “A Vida Secreta dos Intestinos”, de Giulia e Jill Enders, concebida pela Cité des Sciences et de l´Industrie de Paris. A exposição, que esteve patente no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, foi visitada por mais de 80 mil pessoas. 

Associada à Covid-19
Estudo publicado na revista Nature Communications vem mostrar que o “esgotamento” das células T por ação permanente de agentes...

Segundo os dados de um grupo de trabalho, constituído pela Organização Mundial de Saúde para investigar a possível relação entre a Covid-19 e a síndrome inflamatória multissitémica, responsável pela doença de Kawasaki, estes casos ocorrem em menos de uma em cada 100 mil crianças e são habitualmente ligeiros, sendo as faixas etárias entre os 12 e os 19 anos as mais atingidas por esta síndrome.

Não obstante, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou ser “urgente caracterizar esta síndrome para compreender as suas causas e efeitos”.

Agora, uma nova pesquisa, publicada na Nature Communications, revela agora uma pista importante sobre a sua origem e desenvolvimento: o esgotamento das células T por exposição permanente a agentes patogénicos em doentes com síndrome inflamatória multissistémica é um dos fatores possíveis que impulsionam esta doença.

De acordo com um dos autores deste trabalho, Noam Beckmann, do Centro de Investigação do Hospital Mount Sinaí em Nova Iorque (Estados Unidos), citado pelo jornal El Mundo, este fenómeno sugere que "um aumento das células NK (assassinos naturais) e das células CD8+ T empobrecidas poderia melhorar os sintomas da doença inflamatória.

Isto porque, quando as células CD8+ T são persistentemente expostas a agentes patogénicos, entram num estado de 'esgotamento', resultando numa perda da sua eficácia e capacidade de proliferação."

As células Cd8+ T, em particular, são consideradas neste estado de esgotamento, o que pode enfraquecer a resposta imunológica inflamatória. "Além disso, um aumento das células NK também está associado com células CD8+ T esgotadas."

O estudo identificou ainda nove reguladores-chave nesta rede que são conhecidos por terem associações com a funcionalidade das células NK esgotadas e das células CD8+ T. "Um destes reguladores, o TBX21, é um alvo terapêutico promissor porque serve como coordenador principal da transição das células CD8+ T de efetiva para esgotada", diz o investigador.

A síndrome inflamatória multissistémica, geralmente, não afeta bebés ou a crianças muito jovens. Atinge, sobretudo, crianças em idade escolar, ou seja, entre os 5 e os 12 anos, embora tenham sido também relatados casos de crianças entre os 12 meses e os 16 anos, sem patologia básica.

 

Situação Epidemiológica
Desde ontem foram registados pouco mais de 1.100 novos casos de infeção pelo novo coronavírus e seis mortes em território...

As regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Norte foram aquelas que registam maior número de mortes, desde o último balanço: duas cada, de seis. Segue-se a região Centro e Algarve com um óbito cada.

De acordo com o boletim divulgado hoje pela DGS, foram ainda diagnosticados 1.126 novos casos. A região Norte foi aquela que registou a maioria dos casos, nas últimas 24 horas: 462, seguida da região Lisboa e Vale do Tejo com 321 novas infeções. Desde ontem foram diagnosticados mais 108 casos na região Centro, 18 no Alentejo e 169 no Algarve. Quanto às regiões autónomas, no arquipélago da Madeira foram identificadas mais 38 infeções e dez nos Açores.

Quanto ao número de internamentos, há atualmente 733 doentes internados, mais 25 que ontem.  No entanto, as unidades de cuidados intensivos têm menos um doente internado, relativamente ao último balanço: 151.

O boletim desta segunda-feira mostra ainda que, desde ontem, 1.043 pessoas recuperaram da Covid-19, elevando para 957.359 o total daqueles que conseguiram vencer a doença desde o início da pandemia.

No que diz respeito aos casos ativos, o boletim epidemiológico divulgado hoje pela DGS, revela que existem 45.542 casos, mais 77 que ontem.  As autoridades de saúde mantêm sob vigilância menos 1.410 contactos, estando agora 48.945 pessoas em vigilância.

Tratamentos minimamente invasivos
A procura por tratamentos de Ginecostética – quer na vertente estética, quer na vertente funcional da saúde íntima feminina –,...

“Uma vez que o corpo feminino sofre uma série de mudanças ao longo da vida, quer a nível estético, quer a nível funcional, há alterações de forma significativa na imagem, bem-estar, autoestima e sexualidade das mulheres. De forma a atenuar essas alterações, com as constantes evoluções tecnológicas e a par do aumento da procura pela Medicina Estética em geral, a Ginecostética surge como uma alternativa, sendo uma das áreas dentro da Ginecologia com maior crescimento”, afirma Belisa Vides.

Já existem em Portugal diversos tratamentos minimamente invasivos de Ginecostética, como o AccuTite. Trata-se de um procedimento que, aplicado nos pequenos lábios vaginais, provoca a retração dos tecidos, sem corte ou excisão dos mesmos. Recorrendo à RFAL (lipólise assistida por radiofrequência), é uma tecnologia que utiliza a radiofrequência associada a lipólise dos tecidos, que confere firmeza e diminuição da flacidez, bem como uma remodelação/redução significativa do seu tamanho.

“O facto de não ser invasivo, como seria uma intervenção cirúrgica, torna o AccuTite mais acessível, indolor e com um tempo de recuperação mais rápido, também por não necessitar de internamento. Além disso, a RFAL não se associa ao risco de complicações, como dor, hemorragias, infeções, cicatrização com fibrose, formação de aderências ou alterações da sensibilidade”, explica Belisa Vides.

Com o AccuTite, é preservado o contorno externo dos pequenos lábios e promovida a manutenção da tonalidade natural dos bordos, conferindo um aspeto mais natural. É introduzida uma cânula na porção inferior dos pequenos lábios e ativada a energia na porção média para provocar a retração e a remodelação dos tecidos.

Este tipo de tratamento é recomendado a todas as pacientes que se sentem insatisfeitas com o aspeto estético dos pequenos lábios vaginais, seja por uma questão de dimensões, assimetrias, lesões pós-parto, ou que sintam desconforto durante o ato sexual, uso de vestuário justo ou limitações na prática de desporto. Em casos mais complexos, as pacientes poderão ser referenciadas pelo seu médico ginecologista se forem observadas dificuldades na higiene e infeções vulvares devido a hipertrofia.

“As pacientes que procuram esta intervenção estão, habitualmente, entre os 18-35 anos, e foram desenvolvendo uma hipertrofia progressiva desde o início da puberdade, pretendendo uma solução rápida e menos invasiva. A correção de aspetos estéticos ou funcionais dos órgãos genitais femininos confere-lhes um aspeto mais jovem, tonificado, harmonioso, numa espécie de “Delivering what women want”. Isto tem sido cada vez mais importante na promoção do bem-estar feminino”, acrescenta Belisa Vides.

Programa de aceleração
A segunda edição do Patient Innovation Bootcamp, uma colaboração entre o Patient Innovation, EIT Health, Copenhagen Business...

O Patient Innovation Bootcamp 2021 é um programa de aceleração que visa apoiar pacientes, cuidadores informais e colaboradores na implementação e desenvolvimento de soluções inovadoras que desenvolveram para ajudá-los a lidar com uma necessidade imposta pelo seu estado de saúde.

Desta forma, o Bootcamp consistirá em duas semanas presenciais, a primeira em Lisboa e a terceira em Copenhaga, intercaladas com uma semana de sessões online a partir de Barcelona. Em ambos os formatos serão disponibilizados materiais de e-learning projetados para ajudar as equipas a desenvolver e lançar seus dispositivos, ferramentas de diagnóstico ou inovações digitais em saúde.

Na semana em Lisboa as equipas iram focar-se no desenvolvimento e validação das soluções, de seguida vão desenvolver um plano de negócios durante a semana de Barcelona, e por fim vão aprender a consolidar, implementar e difundir as suas soluções na última semana em Copenhaga.

Nesta segunda edição do Bootcamp vão participar 11 equipas de 9 países diferentes que apresentam uma grande variedade de soluções entre aplicações e dispositivos, que durante as 3 semanas do Bootcamp irão desenvolver as suas soluções e aprender mais com os inúmeros mentores, experts e speakers convidados, os quais vão estar em estreita relação com as equipas, de forma a fomentar o desenvolvimento sólido de cada uma das ideias ou soluções.

Adicionalmente, todas as equipas irão participar no EIT Health Bootcamp Tour no final de 2021, que consiste num evento no qual todos os participantes de EIT Health Bootcamps participam em diferentes workshops e momentos de networking.

A Patient Innovation é uma plataforma internacional, multilíngue e sem fins lucrativos, desenvolvida em 2014 com o objetivo de compartilhar soluções criadas por doentes e ajudar a melhorar vidas.

Trata-se de uma plataforma online onde doentes e cuidadores de todo o mundo se ligam para partilhar soluções que os próprios desenvolveram, ou que criaram com a ajuda de um colaborador, para ultrapassar um desafio imposto por um problema de saúde. Em 2016, a Patient Innovation foi reconhecida pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, como um dos cinco projetos selecionados como exemplo de "Compromissos com Ação Coletiva" numa conferência em Nova Iorque.

Recentemente, o Patient Innovation foi nomeado pelas Nações Unidas como um exemplo de Boas Práticas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Sustainable Development Goals - SDG).

Esta nomeação de Boas Práticas de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável deve-se à contribuição para dois dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: # 3 (Boa saúde e bem-estar) e # 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura).

Prof. Doutor Tiago Torres: “Felizmente a realidade do tratamento da Dermatite Atópica está a mudar”
Com um aumento significativo da sua incidência, sobretudo nos países desenvolvidos, a Dermatite Atóp

Embora tenha um enorme impacto socioeconómico, afetando não só a qualidade de vida dos doentes, mas apresentando implicações até a nível laboral, o que explica que a Dermatite Atópica continue a ser subvalorizada?

A Dermatite Atópica é uma das doenças inflamatórias crónicas de pele mais comuns e apesar da forte evidência do seu impacto a nível físico, psicológico, familiar e socioeconómico, a verdade é que continua a ser desvalorizada. É conhecido que a dermatite atópica se associa a produtividade diminuída, a absentismo aumentado, a dificuldade de aprendizagem das crianças com um consequente impacto futuro, assim como a um elevado recurso aos sistemas de saúde (consultas, internamentos e terapêuticas).

No entanto, continua a existir uma escassa divulgação deste problema, o que aumenta o desconhecimento da população levando a que os doentes com dermatite atópica não tenham a visibilidade que necessitam e o seu impacto a nível físico, psicológico e necessidade de tratamentos constantes sejam mal compreendidos.

Adicionalmente, existe ainda a confusão de que “pele atópica” (expressão muito utilizada para designar “pele seca”, mas saudável) não é “dermatite atópica,” que é uma forma de eczema muitas vezes grave.

Para sensibilizar a população para uma doença que se estima que afete 4,4 milhões de europeus, peço-lhe que nos explique que patologia é esta? Quais as suas causas e quais a principais manifestações clínicas?

A dermatite atópica, ou eczema atópico, é uma das doenças inflamatórias crónicas de pele mais comuns, com uma prevalência estimada de 15-25% nas crianças e 7-10% nos adultos. A sua incidência tem aumentado nos últimos anos essencialmente nos países desenvolvidos. Clinicamente manifesta-se por lesões de eczema (manchas e placas de pele vermelhas, com descamação, e escoriações) localizadas habitualmente nas regiões flexoras dos braços, pernas, no pescoço e na face, associadas a prurido (comichão) muito intenso. A visibilidade das lesões e essencialmente o prurido, são causas de elevado impacto físico e psicológico, diminuído marcadamente a qualidade de vida dos doentes.

A fisiopatologia da dermatite atópica é complexa, envolvendo fatores genéticos, imunológicos e ambientais, não sendo possível classificar uma causa concreta. Os principais mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da doença são essencialmente dois: por um lado um defeito na barreira cutânea provocado por alterações de proteínas que constituem o “cimento” intercelular, permitindo uma penetração mais fácil de alergénios e uma perda de água pela pele mais acentuada; e por outro uma inflamação marcada da pele, causada por uma desregulação imunológica com o aumento de vários mediadores inflamatório chamados de citocinas infamatórias.

Por que motivo são as crianças as mais atingidas pela Dermatite Atópica?

A dermatite atópica, inicialmente, era considerada como uma patologia essencialmente pediátrica, com uma prevalência estimada de 15-25% nas crianças. Contudo, atualmente sabe-se que é também muito frequente nos adultos podendo atingir entre 7-10% desta faixa etária. Apesar de se poder manifestar em qualquer idade, o seu aparecimento ocorre em 45% até aos 6 meses e 80-90% até aos 5 anos. Com a idade tende a desaparecer, no entanto cerca de 25% pode manter-se na idade adulta, habitualmente com uma maior gravidade.

Esta, quando persiste ou surge pela primeira vez em idade adulta tende a ser mais grave, porquê?

A dermatite atópica do adulto é habitualmente mais grave e de mais difícil tratamento. As razões são ainda desconhecidas e terão a ver essencialmente com o perfil inflamatório da doença nesta faixa etária.

Que fatores podem condicionar o agravamento da doença?

A causa da dermatite atópica é multifatorial, ou seja, resulta da interação de vários fatores, quer do indivíduo quer do ambiente. Relativamente aos fatores individuais destacam-se as alterações genéticas, que podem associar-se a formas mais grave da doença. Dos fatores ambientais destacam-se o stress, a poluição, certas alergias e infeções, que podem agravar a dermatite atópica.

Quais as principais complicações associadas à Dermatite Atópica?

Além do elevado impacto físico e psicológico, a dermatite atópica pode-se associar a várias outras doenças, atópicas e não atópicas. A probabilidade da dermatite atópica se associar a outras patologias atópicas como asma, alergias alimentares e rinoconjuntivite alérgica é muito elevada. Por outro lado, o risco de infeções cutâneas, bacterianas e víricas é muito superior nestes doentes, podendo ser, em alguns casos, muito grave. Por fim, nos últimos anos, a dermatite atópica tem sido associada a muitas outras doenças, essencialmente neuropsiquiátricas (distúrbio do sono, ansiedade, depressão e dificuldade de aprendizagem) cardiovasculares (excesso de peso e eventos cardiovasculares) e auto-imunes (alopecia areata).

Como é feito o diagnóstico da Dermatite Atópica? Sabendo que o diagnóstico desta doença pode demorar cerca de 2 anos a chegar e que 10% dos doentes referem que o seu diagnóstico demorou mais de 6 anos até estar concluído, o que falha na identificação desta doença?

O diagnóstico é baseado exclusivamente em características clínicas, pelo que, na maioria das vezes, pela história clínica e observando as lesões é possível fazer o diagnóstico. Contudo, por vezes, é necessário recorrer a biopsia cutânea, quando as lesões não apresentam melhoria com o tratamento ou quando há dúvidas no diagnóstico. Em alguns casos, pode ser necessário alguns exames complementares no sentido de perceber se a dermatite atópica se associa a outras doenças atópicas como asma ou alergia alimentar.

O diagnóstico pode demorar por diversas razões, incluindo a própria dificuldade de diagnóstico ou o atraso do sistema de saúde.

Como se trata a Dermatite Atópica?

O tratamento da dermatite atópica passa essencialmente pela utilização de diversos fármacos, tópicos ou sistémicos, assim como no tratamento de algumas causas de exacerbação da doença.  Nas formas mais ligeiras, localizadas, a utilização de terapêutica tópica anti-inflamatória e emoliente (creme hidratante) é habitualmente suficiente. A principal dificuldade é o tratamento de formas mais graves, extensas e muito sintomáticas, em que as terapêuticas tópicas não são opção. Nestes casos, existe a necessidade de utilizar terapêuticas sistémicas. Até 2017 as opções terapêuticas eram muito limitadas. A maioria dos fármacos utilizados, eram imunossupressores que não estão aprovados para o tratamento da dermatite atópica e que, apesar eficazes numa parte dos doentes, o seu perfil de segurança, tolerabilidade, interações medicamentosas e toxicidade, dificultavam o tratamento e controlo da doença a longo prazo. Felizmente, esta realidade está a mudar e temos atualmente disponíveis terapêuticas orais e injetáveis, desenvolvidas especificamente para o tratamento da dermatite atópica que, além de muito eficazes, são também seguras e permitem um tratamento a longo prazo.

Nos casos em que o doente não responde aos tratamentos de primeira-linha, quais as opções? Que novidades terapêuticas existem?

Felizmente a realidade do tratamento da Dermatite Atópica está a mudar. Os avanços que se observaram no conhecimento dos mecanismos da doença nos últimos anos, permitiram identificar diversos alvos terapêuticos, conduzido ao desenvolvimento de novos fármacos dirigidos a estes alvos. Estas novas terapêuticas, algumas já aprovadas como o dupilumab, tralokinumab, barictinib e upadacitinib, outras em fase final de desenvolvimento, têm demonstrado excelentes resultados de eficácia e segurança nos ensaios clínicos, pelo que estão amidara por completo a abordagem terapêutica desta doença.

Assim, apesar da descoberta de uma cura estar ainda distante, o futuro do tratamento do eczema atópico parece ser promissor!

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
APCS organiza evento internacional
A Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas (APCS), sediada no Porto desde 1986, defende o reconhecimento e o respeito...

A Conferência Internacional realiza-se em formato virtual nos próximos dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro de 2021, evento ao qual a APCS se candidatou e ganhou a organização do mesmo, em Portugal.

Será um espaço de partilha de conhecimento, inovação e reflexão, o qual conta com o contributo de diversos especialistas na área da sobredotação, tendo em vista a definição de linhas de força no campo da política educativa; a partilha de modelos de ação inovadores de modo a delinear novas formas de intervenção; a promoção de um nível superior de conhecimento científico; e a potenciação, neste campo, da conjugação de esforços educacionais, na União Europeia e a nível mundial.

Em colaboração com a Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti (ESEPF) e a Leading, a Conferência ECHA 2021 conta com o Alto Patrocínio do Ex.mo Sr. Presidente da República Portuguesa e tem como tema central “Gifts and Talents, Values for the Future”.

“Em Portugal, estima-se que 3 a 5% das crianças e adolescentes que frequentam as escolas são sobredotados e a maioria está por identificar. Por isso, defendemos uma resposta estruturada das escolas às necessidades dos alunos sobredotados, para a qual é imprescindível a formação de professores nesta área, capacitando-os não só para a identificação destes alunos na sala de aula, mas também para a mobilização de medidas e estratégias pedagógicas adequadas e potenciadoras do desenvolvimento integral destes alunos”, refere Helena Serra, Presidente da Assembleia Geral da APCS.

Acrescenta ainda: “A sobredotação não é um estado homogéneo, e quando cresce uma criança que apresenta um imenso poder crítico, uma grande flexibilidade de pensamento ou um talento especial, ela necessita de uma atenção redobrada e de estratégias que a possa integrar e ajudar a relacionar-se com os outros sem sofrer qualquer tipo de discriminação. É sobre todas estas temáticas que vamos refletir e debater neste evento, ao mesmo tempo que pretendemos fomentar a partilha de experiências e boas práticas”.

A Conferência contará com a presença de vários investigadores de renome mundial, de entre os quais destacamos Howard Gardner (autor da Teoria das Inteligências Múltiplas), Denise Fleith, Kristóf Kovács e Heidrun Stoeger, para além das sessões paralelas de apresentações orais, workshops e simpósios sobre uma vasta escolha de temáticas, incluindo “Identification and assessment of giftedness”, “Giftedness and inclusion”, “International perspectives of gifted education” e “Family and social environment/context of gifted students”.

Este evento conta com a participação de cerca de 300 especialistas de 47 países. A par, realiza-se, também em formato virtual, um Youth Summit para cerca de 50 jovens sobredotados de 16 países.

Dados Task Force
Depois da adesão à vacinação ter ultrapassado os 110 mil pedidos de autoagendamento de jovens dos 12 aos 15 anos para todo o...

Os dados da task-force revelam que só no sábado, o foram vacinados mais de 128 mil utentes, sendo que destes mais de 115 mil foram jovens dos 12 aos 15 anos.

Já no domingo, os dados mostram que, até às 18h, mais de 40 mil pessoas tinham sido vacinadas contra a Covid-19. 33 mil correspondem a jovens entre os 12 e os 15 anos.

Recorde-se que este foi o primeiro fim de semana reservado pela 'task force' para a vacinação dos jovens entre os 12 e os 15 anos, e que a iniciativa vai continuar no fim de semana de 28 e 29 de agosto.

Este fim de semana, além dos que fizeram o pedido de autoagendamento, e os que foram chamados pelos serviços de saúde, esteve em funcionamento ainda a modalidade "casa aberta".

 

 

Cuidados a ter
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), 17 distritos de Portugal Continental apresentam hoje um risco muito...

A exceção é o Distrito de Viana do Castelo, que apresenta ainda assim um risco elevado.

Quanto às regiões autónomas, também a ilha da Madeira e Porto Santo apresentam um índice muito elevado de risco.

Nos Açores, a ilha do Faial (grupo central) está com nível moderados e as Flores (grupo ocidental) está com risco baixo de exposição à radiação UV.

A escala de radiação ultravioleta tem cinco níveis, entre risco extremo e baixo.

Deste modo, o IPMA aconselha, para as regiões com risco muito elevado, a utilização de óculos de sol com filtro UV, chapéu, 't-shirt', guarda-sol, protetor solar e que se evite a exposição das crianças ao sol.

Para as regiões com risco elevado, aconselha o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t’shirt’ e protetor solar.

 

Universidade do Michigan
Um estudo inovador da Universidade de Michigan revela que há medicamentos - incluindo um suplemento dietético - que têm...

O estudo, recentemente, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, usa a análise de imagem das linhas celulares humanas, alimentada por inteligência artificial, durante a infeção com o novo coronavírus.

Os investigadores usaram mais de 1.400 medicamentos e compostos aprovados pela FDA, para tratar as células, antes e após depois da infeção viral, tendo verificado 17 medicamentos com potencial para bloquear ou reduzir a infeção pelo novo coronavírus. Segundo indicam, dez desses fármacos foram recentemente reconhecidos, com sete identificados em estudos anteriores, incluindo o remdesivir, que é uma das poucas terapias aprovadas pela FDA para tratar a Covid-19 em doentes hospitalizados.

"Tradicionalmente, o processo de desenvolvimento de medicamentos demora uma década — e não temos uma década", disse Jonathan Sexton, professor assistente de Medicina Interna na Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan e um dos autores seniores do artigo. "As terapias que descobrimos estão bem posicionadas para os ensaios clínicos da fase 2 porque a sua segurança já foi estabelecida."

A equipa validou os 17 compostos candidatos em vários tipos de células, incluindo células pulmonares humanas derivadas de células estaminais, num esforço para imitar a infeção SARS-CoV2 no trato respiratório. Nove mostraram atividade antiviral em doses razoáveis, incluindo a lactoferrina, uma proteína encontrada no leite materno humano que também está disponível enquanto suplemento dietético derivado do leite de vaca.

"Descobrimos que a lactoferrina tinha uma eficácia notável para prevenir a infeção, funcionando melhor do que qualquer outra coisa que observámos", disse Sexton. De acordo com o investigador, os primeiros dados sugerem que esta eficácia se estende até mesmo a variantes mais recentes de SARS-CoV2, incluindo a variante Delta altamente transmissível.

A equipa está em breve a lançar ensaios clínicos do composto para examinar a sua capacidade de reduzir cargas virais e inflamação em pacientes com infeção SARS-CoV2. 

Os ensaios estão a juntar-se à lista de estudos em curso de medicamentos reaproveitados promissores. Jonathan Sexton observou que, ao longo da pandemia, outros estudos de reaproveitamento de fármacos identificaram diferentes compostos com potencial eficácia contra o SARS-CoV2.

"Os resultados parecem depender do sistema celular", conclui.

Alívio das medidas
Com a antecipação, em quase duas semanas, da meta almejada pelo Governo de conseguir vacinar 70% da população contra a Covid-19...

A Ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, no final do encontro avançou com as principais decisões.

Assim a partir da próxima semana, passa a ser possível juntar, à mesa de um restaurante, café ou pastelaria, oito pessoas no interior e 15 na esplanada.

Casamento e batizados podem ter 75% da lotação máxima do espaço onde se realizam e também as salas de espetáculos vão poder encher 75% dos lugares.

No âmbito dos transportes públicos, estes deixam de ter limites na lotação e os serviços públicos passam, a partir do dia 1 de setembro, a voltar ao atendimento ao público sem necessidade de marcação prévia.

No entanto mantêm-se os horários já em vigor para os estabelecimentos comerciais, ou seja, sem que haja qualquer restrição.

Quanto ao teletrabalho, embora não seja obrigatório continua a ser recomendado.

Só não se sabe ainda quando deixará de ser obrigatório o uso de máscara na rua. Esta é, segundo a ministra, uma decisão que “deverá ser tomas pela Assembleia da República”, quando retomar a atividade.

 “É esse o espaço em que se deve decidir sobre uma medida com tão forte impacto nos direitos, liberdades e garantias”, justificou a governante.

 

 

 

 

Situação Epidemiológica
Desde ontem foram registados mais 2.507 novos casos de infeção pelo novo coronavírus e nove mortes em território nacional. O...

A região de Lisboa e Vale do Tejo foi a que mais mortes registou, nas últimas 24 horas, em todo o território nacional: cinco de nove. Segue-se a região Centro com três óbitos e o Algarve com uma morte desde o último balanço.

De acordo com o boletim divulgado hoje pela DGS, foram ainda diagnosticados 2.507 novos casos. A região de Lisboa e Vale do Tejo contabilizou 838 novos casos e a região norte 948. Desde ontem foram diagnosticados mais 332 na região Centro, 92 no Alentejo e 213 no Algarve. Quanto às regiões autónomas, no arquipélago da Madeira foram identificadas mais 51 infeções e 33 nos Açores.

Quanto ao número de internamentos, há atualmente 687 doentes internados, menos um que ontem.  As unidades de cuidados intensivos têm agora 143 pacientes, mais dois doentes internados que no dia anterior.

O boletim desta sexta-feira mostra ainda que, desde ontem, 2.391 pessoas recuperaram da Covid-19, elevando para 852.094 o total daqueles que conseguiram vencer a doença desde o início da pandemia.

No que diz respeito aos casos ativos, o boletim epidemiológico divulgado hoje pela DGS, revela que existem 44.916 casos, mais 107 que ontem.  As autoridades de saúde mantêm sob vigilância mais 318 contactos, estando agora 51.027 pessoas em vigilância.

 

 

“Cuidados de Verão”
A Direção-Geral da Saúde (DGS), o Infarmed e a Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF) desenvolveram uma...

A decorrer ao longo do mês de agosto, esta campanha tem como objetivo sensibilizar os cidadãos para os cuidados a ter com os medicamentos durante a época verão, com especial enfoque nos comportamentos a adotar face a temperaturas mais elevadas. 

Para tal, foi desenvolvida uma infografia, subordinada ao tema “Cuidados de Verão para o Uso Seguro e Responsável do Medicamento”, que contém diversos conselhos importantes adaptados aos contextos: “Em viagem”; “Em casa”; “Na rua”. 

Mais de 1,2 milhões de israelitas receberam a terceira dose
A partir de hoje, aqueles que tiverem mais de 40 anos, vão começar a receber a terceira dose da vacina contra o novo...

As terceiras doses da vacina Covid-19 começaram a ser administradas, no país, no final do mês de julho na população acima dos 60 anos. Hoje o o primeiro-ministro israelita, Naftali Benet, foi um dos primeiros a receber a dose para a faixa etária recentemente aprovada.

"Apelo a todos os que cumpram os requisitos que a comissão coronavírus determinou para ser vacinado. Assuma a responsabilidade pela saúde e sustento de todos nós. Este não é o momento para arriscar a sua vida", disse Benet após aprovar a medida.

Mais de 1,2 milhões de israelitas receberam a terceira dose da vacina Covid-19, enquanto o país enfrenta uma quarta onda de infeções devido à variante delta, tendo detetado mais infeções entre pessoas vacinadas, algo que alguns especialistas associam ao declínio dos anticorpos.

 

Época gripal
O anúncio foi feito pelo Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, em entrevista à TVI: o Governo vai comprar mais...

Desde 2016 que o país tem vindo a reforçar o esquema vacinal da gripe. "Nesta época, 2021/2022, vamos fazer um reforço de 7%, mais 146 mil doses, para podermos estar preparados para esta situação", referiu o governante.

Nesta entrevista, António Lacerda Sales admitiu ainda que está a ser trabalhado um referencial para aumentar a vigilância epidemiológica, e para reforçar a vacinação da gripe sazonal, sublinhando que não podem ser desprezadas as aprendizagens adquiridas durante a pandemia. A verdade, refere é que o uso das máscaras e o distanciamento social, evitou muitos contágios com o vírus da gripe.

Segundo a Direção Geral da Saúde, a campanha de vacinação contra a gripe deverá começar no início de outubro, com a vacinação dos grupos prioritários", ou seja, lares, serviços de apoio domiciliário, centros de acolhimento temporário e unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). Só depois serão vacinados os profissionais de saúde e mulheres grávidas, também considerados prioritários.

Além disso, em comunicado a DGS faz saber que "à semelhança dos anos anteriores, as vacinas disponíveis em Portugal serão tetravalentes, incluindo 4 tipos de vírus da gripe (2 do tipo A e 2 do tipo B)" recordando ainda que "no SNS, a vacina é gratuita para cidadãos com idade igual ou superior a 65 anos, para pessoas residentes ou internadas em instituições, para pessoas com algumas doenças específicas, para profissionais de saúde do SNS e para os bombeiros". 

No âmbito do combate à pandemia
A investigadora do Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), Isabel Lopes...

Segundo nota do próprio instituto, esta missão, que decorre da assistência técnica da OMS à pandemia Covid-19, teve como objetivo “melhorar a capacidade de preparação do sistema de saúde de São Tomé e Príncipe para emergências de saúde pública, através da formação dos membros da equipa de resposta rápida”. Este treino está a ser desenvolvido por uma equipa multidisciplinar constituída por cerca de 12 elementos da OMS e de autoridades nacionais, na qual se inclui a especialista do INSA.

A formação conta com o apoio do Programa de Emergências em Saúde da OMS, “e inclui os principais pilares da resposta a emergências de saúde pública, como a definição e gestão de casos, Prevencão e Controlo de Infecção, colheita e transporte de amostras biológicas, rastreamento de contactos, descontaminação, investigação de surtos, comunicação de risco e mobilização social”.

Doutorada em Microbiologia pela Faculdade de Ciências de Lisboa em colaboração com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC, Estados Unidos), Isabel Lopes de Carvalho é investigadora no Departamento de Doenças Infeciosas do INSA, tendo como principais áreas de atividade as doenças transmitidas por vetores e em particular a resposta a emergências, implementação de novas abordagens para deteção e diagnóstico de organismos patogénicos, biossegurança e biopreparação.

 

 

Opinião
A Esquizofrenia é provavelmente a doença mais paradigmática dentro do campo de acção da especialidad

Vale a pena nomear alguns nomes determinantes na evolução do conceito actual de esquizofrenia, começando por Emil Kraepelin (1856-1926), conhecido como o pai da psiquiatria moderna, que, valorizando uma constelação de sintomas definida, a par do curso crónico e debilitante da doença, define a “Demência Precoce”, valorizando assim o aspecto de deterioração mental global que surgia precocemente nestes doentes, e considerando que factores genéticos e biológicos eram fundamentais na génese da doença.

Poucos anos depois, Eugene Bleuler (1857-1939) traz outra abordagem da doença. Influenciado pela teoria psicanalítica de Sigmund Freud (1856-1939), valoriza as dinâmicas psicológicas na base da doença, sem deixar de considerar a existência de alterações neurobiológicas. É ele que pela primeira vez utiliza o termo “esquizofrenia”, resultante da união de duas palavras do grego “schizo” (fragmentar, dividir), e “phrene” (mente), procurando realçar a desagregação global do psiquismo como elemento essencial da doença. Nesta perspectiva, destaca como sintomas nucleares da doença o autismo (isolamento social, grave perturbação da comunicação), défices na associação mental (rotura na ligação entre diferentes aspectos da actividade mental), alterações dos afectos (incapacidade em sentir emoções e afectos), e ambivalência (estado mental marcado por afectos ou ideias opostas que coexistem ao mesmo tempo, com a mesma importância, em relação a uma mesma situação ou pessoa).

Referimos ainda Kurt Schneider (1887-1967), numa abordagem que valoriza sobretudo a clínica, preocupado em identificar sintomas que por si só definissem a esquizofrenia, estabeleceu uma hierarquia de sintomas, de acordo com sua importância para o diagnóstico da doença.

Considera assim sintomas de 1ª Ordem, que sugerem fortemente a presença de doença, não sendo, no entanto, obrigatórios para fazer o diagnóstico, e que são:

  • Vivências de influência e de intervenção alheia ao próprio, ao nível da corporalidade, da vontade, do pensamento ou da afectividade;
  • Sonoridade do pensamento e sintomas associados, como eco, difusão, ou roubo do pensamento;
  • Percepções delirantes e audição de vozes na 2ª e, ou, na 3ª pessoa.

E sintomas de 2ª Ordem, sem a mesma força diagnóstica dos primeiros:

  • Intuições e ocorrências delirantes;
  • Outros distúrbios sensoperceptivos;
  • Perplexidade;
  • Alterações do humor, pobreza afectiva.

Estas abordagens da doença, algumas entre as muitas que poderíamos citar, foram fundamentais na estruturação dos actuais ideias sobre esquizofrenia, e mostram-nos a complexidade do conceito.

Estamos cientes de que a tentativa de conseguir transmitir eficazmente para o público em geral estas noções é um exercício habitualmente votado ao fracasso, mas, ainda assim, que vale sempre a pena tentar.

As tentativas de encontrar alterações neurobiológicas associadas à esquizofrenia foram por muitas décadas frustradas e só no final do século XX, graças a dados imagiológicos que as novas tecnologias de tomografia computorizada ofereceram, se conseguiu definir alterações características da doença.

A redução de massa cerebral, com diminuição da substância branca e cinzenta e alargamento dos ventrículos laterais, é um achado que surge desde cedo na história da doença, e que se associa a alterações celulares, com redução da ramificação dendrítica dos neurónios, e compactação dos mesmos.

Definimos assim uma doença caracterizada pela perda rápida de capacidades cognitivas e destruturação da personalidade, por sintomas ditos negativos que afectam todas as dimensões do funcionamento da pessoa e as aptidões sociais, e outros ditos positivos em que as alucinações auditivo-verbais e as ideias delirantes associadas são os mais típicos.

Sabemos também que a esquizofrenia é o resultado final de uma equação complexa de factores que actuam ao longo do desenvolvimento neurológico da pessoa.

Todos possuímos mais ou menos genes entre centenas associados à esquizofrenia. Estes, em interacção com factores do ambiente envolvente, podem facilitar o desenvolvimento neurológico que conduz a um sistema nervoso predisponente à manifestação da doença. Tipicamente na adolescência ou idade adulta jovem, a associação de factores desencadeantes, como o consumo de cannabinóides, ou o confronto com contextos de vida que obrigam a profundas adaptações (emigrar, serviço militar, …), podem dar início a um primeiro surto de doença. Este pode aparecer a qualquer momento, sem que a presença dos ditos factores desencadeantes seja obrigatória.

O diagnóstico de Esquizofrenia resulta da identificação dos sintomas já descritos, sendo necessário que estes evoluam há pelo menos 6 meses, e estando sintomas específicos sempre presentes no último mês.

Embora pareça linear, o diagnóstico torna-se difícil por uma série de razões. Desde logo pela incapacidade do doente em perceber que está doente, antes sente que algo exterior o está a influenciar de forma estranha e inexplicável. Depois, pela dificuldade das pessoas próximas em perceber a gravidade da situação, dada a radicalidade das alterações, difíceis de perceber por alguém sem preparação técnica.

Acrescentamos ainda o facto de muitos destes sintomas poderem ser confundidos com outras alterações psíquicas, como a fobia social, uma perturbação de ansiedade, fantasias criativas, ou simplesmente uma crise de crescimento.

Também a dificuldade do doente em exprimir o que sente, dada a estranheza da experiência, que o impede de encontrar palavras para explicar aos outros o que se passa consigo, é mais um factor que dificulta o diagnóstico. Acresce a desconfiança que o invade, associada à sensação de perda de controlo de si próprio e daquilo que o rodeia, impedindo-o de se abrir às pessoas significativas, e tentar falar-lhes sobre o que sente.

Outro aspecto prende-se com a demora em contactar um técnico. Entre as questões referidas que limitam o doente, e a insegurança dos mais próximos sobre o que fazer, nomeadamente, levá-lo a uma consulta com um profissional de saúde mental, a situação vai-se arrastando, sem que o diagnóstico surja.

Finalmente, a heterogeneidade dos quadros clínicos. Como temos visto, a esquizofrenia é uma doença de manifestação complexa. Entre os múltiplos sintomas que referimos, a forma como estes surgem de pessoa para pessoa varia muito. Tal facto está ilustrado na designação de muitos autores de “esquizofrenias” em vez de “esquizofrenia”, pelas grandes diferenças que observamos nos quadros clínicos.

O tratamento da esquizofrenia deve ser sempre orientado para a recuperação da pessoa e não apenas para a resolução dos sintomas agudos. Desde há muito que a psiquiatria se preocupa em tratar os doentes com esquizofrenia de forma multidisciplinar. As actividades ocupacionais, estruturadas de acordo com as capacidades e interesses da pessoa, o apoio psicológico, o apoio à família, actividades de treino de aptidões sociais e educação para a doença, a remediação cognitiva, a formação profissional, são todas vertentes igualmente importantes de um programa terapêutico.

O tratamento farmacológico é uma vertente particular do tratamento. A Cloropromazina é o primeiro antipsicótico, classe de fármacos destinado ao tratamento de perturbações psicóticas de que a esquizofrenia é o paradigma. Surge nos anos 50 do séc. XX, numa descoberta acidental, e desde aí, muitos outros foram surgindo.

Mas, até ao final do século XX, e apesar de todas as intervenções terapêuticas referidas existirem e serem tentadas desde há dezenas de anos, o tratamento tinha como principal objectivo o controlo dos sintomas positivos (alucinações, delírios), e todos os outros problemas que referimos (deterioração cognitiva, desagregação da personalidade, apagamento global da pessoa) persistiam invariavelmente, sendo ilusório alcançar outros ganhos terapêuticos.

A vida de uma pessoa com esquizofrenia resumia-se por isso, a maior parte das vezes, a estar em casa sem ocupação, sem projecto de vida, sem relações significativas.

Depois do início do uso de antipsicóticos atípicos, no final dos anos 1990, fármacos mais complexos na sua acção a nivel neuronal, os objectivos do tratamento vão sendo cada vez mais ambiciosos e, actualmente, é natural que se procure a recuperação completa da pessoa.

Actualmente, é normal a pessoa com esquizofrenia ter uma ocupação socialmente integrada, relações significativas, actividades em grupo, enfim, uma vida preenchida e realizada. Ou seja, não sendo os medicamentos “o tratamento”, a sua presença e o tipo de medicação usada determina a eficácia de todas as outras intervenções.

A valorização da medicação prende-se com este papel decisivo que a sua presença tem no plano terapêutico, e não pretende de todo ignorar ou pôr em causa a importância das outras vertentes terapêuticas.

A “ambivalência” é provavelmente a palavra-chave na definição da manutenção da estabilidade a longo prazo. É importante que o plano terapêutico se mantenha durante anos, ajustado à evolução da pessoa doente, e que o vínculo com os serviços de psiquiatria não se perca. Mesmo numa situação de recuperação da pessoa, em que esta não apresenta sintomas da doença, está integrada, funcionante, activa, e fez uma aprendizagem que lhe permite integrar as suas experiências enquanto em crise como fruto da doença, a ambivalência em relação à natureza dos sintomas persiste.

Só o próprio sabe como tudo o que sentiu foi experimentado como algo exterior a si próprio, a que é totalmente alheio. Algo a que foi submetido de alguma forma estranha, de que foi vítima, com alguma explicação mais ou menos bizarra que acabou por intuir.

Esta experiência tão radical, associada ao peso que as intervenções terapêuticas têm na vida da pessoa, pelo tempo e dinheiro dispendido, pelos eventuais efeitos secundários e ainda pelo estigma de necessitar de apoio em saúde mental, podem acabar por levar a um desinvestimento no tratamento.

E, por outro lado, todos temos a “memória curta”. Tendemos a evitar pensar ou até negar situações de grande sofrimento, sobretudo se vividas com a sensação de perda de controlo da situação, como algo que não é de mim, mas apenas um azar de que fui vítima por estar no local errado à hora errada. Embora todos à minha volta me digam que estava doente, há muito me mim que me diz que aquilo porque passei não será doença nenhuma. Por tudo isto é fácil a pessoa abandonar o plano de tratamento. E, num momento inicial, com ganhos substanciais, pois os efeitos desse tratamento perduram por alguns meses, a pessoa sente-se bem, sem sintomas, sem dificuldades de funcionamento em qualquer aspecto da sua vida, tem mais autonomia e tempo livre para coisas agradáveis, ou simplesmente para não fazer nada.

Até os familiares alimentam dentro de si a secreta esperança de que tudo passou e já não há motivos de preocupação nem justificação para mais tratamentos.

Dar voz a esta ambivalência é o aspecto mais nuclear para a manutenção do apoio, quando (felizmente) já nada parece justificar que este se mantenha.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
O que dizem os especialistas
A ministra da Saúde, Marta Temido, disse ontem que apesar de se ter atingido a meta do país ter 70% da população totalmente...

O virologista Pedro Simas, um dos especialistas que sempre defendeu que a última fase de desconfinamento deveria ter ocorrido mais cedo, considera que este “devia estar condicionado ao efeito da vacinação na população portuguesa” e não “à percentagem de vacinação, apesar de haver um efeito entre a vacinação e o número de casos graves”.

Segundo o especialista o Governo tem sido prudente nesta matéria, mas já se devia ter avançado com outras medidas de desconfinamento, além do fim da imposição do uso de máscara na rua. “Uma pessoa [que] está vacinada e tem um contacto com uma pessoa que é positiva não deveria ficar em quarentena. Se não tem sinais clínicos e, ao fazer um teste PCR, é negativo, não tem que ficar em quarentena preventiva. Isso devia ser revisto”, disse ao Eco.

No entanto, Pedro Simas alerta para o que está a acontecer em outros países que desconfinaram mais cedo e onde surgiu um aumento de casos. Segundo o especialista, devemos observar e não desconfinar completamente.

O professor e investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT-UNL), Tiago Correia, argumenta no mesmo sentido, mas considera que a questão “deve ser vista por vários ângulos”.

Entre eles “a eficácia de medidas às quais a população já não adere”. “É relativamente consensual que é mais prejudicial do que benéfico ter medidas de obrigatoriedade que não são cumpridas, porque causa descrédito às autoridades. Se a maioria da população deixar de cumprir, deixa também de ser eficaz”, explica ao Eco.

Por outro lado, diz concordar “em parte” com o facto de o Governo fazer depender o desconfinamento do processo de vacinação. Mas sendo as vacinas eficazes a circulação do vírus não vai produzir doença com intensidade igual à do passado, daí que considere que, por esse ponto de vista, o uso obrigatório de máscara em espaços públicos “devia cair”.

Já o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, que integra a comissão técnica de vacinação contra a Covid-19, mais prudente, chama a atenção para a necessidade de, mesmo em espaços abertos, “haver bom senso” após deixar de ser obrigatório o uso de máscara na via pública.

Este especialista apela a um desconfinamento gradual estando “constantemente a acompanhar o que é que se está a passar nos hospitais”.

“Hoje em dia, sou daqueles que concordam que não tem assim tanta importância o número de infeções como tem o número de doentes a necessitarem de hospitalização“, afirma.

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