Sindicato dos Enfermeiros diz que "enfermeiros não ficarão a aguardar por uma resposta por tempo indeterminado”
O Sindicato dos Enfermeiros – SE estabeleceu o dia 4 de julho como a data-limite para o Ministério da Saúde marcar a retoma da...

Em um ofício conjunto enviado com o Sindicato Independente Profissionais de Enfermagem ao Ministério da Saúde, Pedro Costa recorda que, ao longo dos últimos meses, “o Sindicato dos Enfermeiros – SE sempre esteve do lado da solução e do diálogo”.

“Quando muitos nos pressionavam para avançar para a greve, optámos por continuar a trabalhar e a servir os portugueses, que tanto necessitam do SNS, mantendo sempre a porta aberta ao diálogo com a tutela”, salienta. Mas, sustenta Pedro Costa, “há limites e não podemos continuar indefinidamente a aguardar que o Ministério da Saúde decida quando quer retomar as negociações com os sindicatos dos enfermeiros”.

Em maio passado, recorda Pedro Costa, o Sindicato dos Enfermeiros, o Sindicato Independente Profissionais de Enfermagem e o Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos desafiaram o Ministério da Saúde a retomar a mesa negocial com as estruturas sindicais, com vista à valorização da carreira de enfermagem. O repto foi lançado à margem da II Convenção Internacional dos Enfermeiros, organizado pela Ordem dos Enfermeiros na Figueira da Foz.

“Nesse momento, o Ministro da Saúde comprometeu-se a retomar o diálogo com as estruturas sindicais durante o corrente mês de junho”, o que, reforça o presidente do SE, ainda não aconteceu até ao momento. O líder do Sindicato dos Enfermeiros adianta ainda que, desde esse momento e até agora, “já foram enviados vários ofícios à tutela, mas sem qualquer resposta”.

“Há, entre os enfermeiros portugueses, um crescente sentimento de revolta, uma vez que vemos cada vez mais esfumar-se a oportunidade de valorização da nossa carreira, uma reivindicação que entendemos ser mais que merecida”, assevera Pedro Costa. Sem deixar de acrescentar que os enfermeiros “esperam desde 2017 que seja concluído o primeiro Acordo Coletivo de Trabalho para a classe”.

O Sindicato dos Enfermeiros exorta ainda o Governo a trabalhar de forma antecipada para que, “aquando da elaboração do Orçamento de Estado para 2024, sejam contempladas verbas para a valorização salarial dos níveis remuneratórios dos enfermeiros”. Se tal não suceder de forma antecipada, afiança Pedro Costa, “já sabemos que nada vai ser contemplado e que, na altura de discussão do Orçamento vão sempre surgir dificuldades de última hora, que vão adiar mais um ano a tomada de decisões”.

Deste modo, as três estruturas sindicais, definiram o dia 4 de julho como a última oportunidade para Manuel Pizarro marcar a primeira reunião. “Se até essa data nada for feito, compreenda o ministro da Saúde que nos sentimos legitimados para decretar uma Greve Geral conjunta, prolongada no tempo, de modo a garantir que os direitos dos enfermeiros são cumpridos e respeitados”.

Dia 29 de junho
Para responder a esta e a outras questões, no dia 29 de junho às 15h, realiza-se o seminário “Prevenção de Úlceras de Pressão e...

A Inteligência Artificial tem influenciado a área da saúde de diversas formas, nomeadamente através da realização de diagnósticos precisos, bem como na monitorização de pacientes. “Neste projeto, procuramos demonstrar através da utilização de Inteligência Artificial num colchão, quais os locais onde o paciente já tem úlceras por pressão e onde poderá vir a desenvolver dado o tempo que passa imobilizado na mesma posição,” refere Paulo Alves, investigador e diretor da Escola de Enfermagem da Universidade Católica Portuguesa no Porto. “Esta tecnologia já é utilizada com muita precisão em pessoas que utilizam cadeiras de rodas, mas era agora preciso dar o passo para o colchão,” acrescenta.

O evento vai permitir explicar os principais resultados obtidos no decorrer do projeto, mas também falar de futuro na utilização da Inteligência Artificial enquanto instrumento estratégico nos cuidados de enfermagem e na gestão e prevenção de úlceras por pressão.

O seminário “Prevenção de Úlceras de Pressão e Tecnologia Digital”, organizado no Instituto de Ciências da Saúde (Porto) da Universidade Católica Portuguesa juntamente com a SensoMatt Lda, terá lugar no próximo dia 29 de junho, a partir das 15h00, em formato híbrido. A sessão tem entrada livre, mediante inscrição prévia.

O SensoMatt é um projeto financiado CENTRO-01-0247-FEDER-070107, desenvolvido pela empresa SesonMatt Lda., com o Instituto Politécnico de Castelo Branco e em parceria com o Instituto de Ciências da Saúde (Porto) da Universidade Católica Portuguesa.

Destinado a farmacêuticos
A União das Associações das Doenças Raras de Portugal (RD-Portugal) e a Ordem dos Farmacêuticos (OF) estabeleceram uma parceria...

O acordo estabelecido pretende aproximar os farmacêuticos das pessoas com doença rara em particular e da RD-Portugal em geral – no sentido de apoiar a sua missão e partilha de conhecimento sobre as doenças raras –, avaliar necessidades formativas dos farmacêuticos relativamente às diferentes patologias e a intervenção profissional necessária no apoio e atendimento adequado dos doentes. 

Outro objetivo da parceria visa ainda idealizar e estruturar ofertas formativas referentes às doenças raras, bem como sobre os vários tipos e a intervenção profissional nas mesmas, de modo a que os farmacêuticos adquiram saberes fundamentais na sua prática laboral. 

Nesse sentido, a RD-Portugal e a OF desenvolveram um questionário cujos resultados vão permitir idealizar e estruturar modelos formativos que contemplem conhecimentos essenciais aos profissionais ao nível da referenciação, tratamento e gestão de várias doenças raras. 

O questionário pode ser preenchido através deste link: https://forms.office.com/Pages/ResponsePage.aspx?id=Flgxz63ib0Og473y3ZL6y2Lb2Deti5JJnfToF87hFMJUQ0MyOURLUVFOUUhVVjBQTEdQRks1WFpOUCQlQCN0PWcu

Esta parceria prevê ademais a divulgação de informações destinadas a farmacêuticos sobre a RD-Portugal, bem como no que concerne à oferta formativa já disponível de âmbito internacional quanto às doenças raras. 

 

Opinião
Num mundo cada vez mais moderno e numa sociedade progressivamente mais assoberbada de tecnologia e e

O que é PHDA?

A PHDA é uma condição neuropsiquiátrica tipicamente caracterizada por inquietação e dificuldade em manter a atenção, embora possa apresentar outros sintomas de natureza mais subtil. Por razões tanto genéticas como ambientais, resulta de alterações do neurodesenvolvimento. É por esse motivo que é uma condição frequentemente associada às crianças. No entanto, a PHDA pode persistir até à idade adulta, afetando significativamente a vida pessoal, académica e profissional das pessoas que a vivenciam.

Enfrentar Estereótipos

Uma vez que a PHDA é frequentemente associada a comportamentos hiperativos e impulsivos, muitas pessoas têm uma visão estereotipada da condição. Acontece que, além destes sintomas, há outras características como a nossa personalidade e a nossa inteligência que influenciam a forma como cada pessoa com PHDA vai aprendendo a lidar com os seus sintomas ao longo da vida. Esquecimentos frequentes, perda de objetos, dificuldade em esperar, instabilidade emocional, dificuldade em relaxar, precipitar respostas nas conversas, dificuldade em gerir o tempo e precisar de listas ou rotinas para garantir a funcionalidade, podem ser sintomas que, consoante uma avaliação clínica completa, podem configurar uma PHDA. No entanto, traços de personalidade de perfecionismo e estratégias adaptativas eficazes podem ser “bengalas” que fazem alguns sintomas da PHDA passar despercebida durante anos. Uma avaliação e uma abordagem clínicas adequadas podem ser fundamentais na prevenção de uma espiral de outras condições de saúde mental associadas, dos mais variados tipos, como sintomas depressivos, de ansiedade, alterações do sono ou até adição a jogos, álcool e drogas. Infelizmente, não é raro que cheguem à consulta pessoas que apresentam perturbações de ansiedade ou perturbações depressivas e que, de base, têm também uma PHDA. Por estes motivos, pode acontecer que só em idade adulta é que a PHDA é diagnosticada.

Derrubar Mitos

Embora não haja uma cura para a PHDA, existem formas eficazes de lidar com os seus sintomas, quer psicoterapêuticas quer farmacológicas. No entanto, infelizmente, a PHDA é ainda mal compreendida, muitas vezes subdiagnosticada e rodeada de estigma. Algumas pessoas acreditam erradamente que é apenas uma desculpa para comportamentos indisciplinados, desviantes, para a desarrumação, preguiça ou que não existe na idade adulta. Já outras pessoas acreditam que é uma forma de “medicalizar” comportamentos. No entanto, sabemos que esta doença tem bases biológicas claras, em relação a neurotransmissores, áreas cerebrais e genes envolvidos, sendo inclusive uma doença com uma predisposição hereditária. É fundamental desmistificar esses preconceitos e promover a empatia e a inclusão daqueles que têm PHDA. Além disso, o apoio emocional e a compreensão por parte da família e dos amigos, assim como a promoção da literacia sobre esta condição são essenciais.

A Importância da Sensibilização

Para criar uma sociedade mais acolhedora e compreensiva, a sensibilização e a informação desempenham um papel crucial. Felizmente, cada vez mais têm sido criadas iniciativas de sensibilização para a PHDA, incluindo associações e páginas de comunidades nas redes sociais. Também algumas celebridades têm admitido condições de saúde mental. No caso da PHDA, muito recentemente a artista luso-canadiana Nelly Furtado terá admitido o seu diagnóstico já em idade adulta. Iniciativas como estas podem aumentar a literacia da população em saúde e podem ser nucleares na forma como encaramos estas doenças, como compreendemos as pessoas e a estarmos mais atentos a elas.

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39.º Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE)
Uma equipa de investigadores liderada pela Dra. Catarina Godinho*, ginecologista e especialista em medicina da reprodução do...

O objetivo deste estudo, nomeado para prémio na categoria de Ciência Clínica, de melhor poster no Congresso em conjunto com mais quatro estudos, era saber se a gravidez e os resultados maternos e neonatais sofriam alterações, caso fosse adotado um protocolo inovador para a transferência de embriões congelados. Um novo procedimento que tem a vantagem de oferecer maior facilidade de agendamento e menos deslocações das mulheres às clínicas, em substituição do protocolo habitual, de aproveitar o melhor do ciclo natural (endométrio mais fisiológico). 

Os resultados mostraram que a taxa de gravidez não registou diferenças em relação aos ciclos tradicionais de preparação do útero para a transferência de embriões congelados, pelo que o protocolo em estudo se revelou seguro, além de trazer mais flexibilidade e eficiência. 

O melhor protocolo de preparação endometrial para a transferência de embriões ainda é controverso. Uma transferência de ciclo natural pode exigir mais visitas à clínica e oferece menos flexibilidade. Por outro lado, os ciclos artificiais, embora sejam mais flexíveis em termos de programação, têm sido associados a maiores taxas de aborto espontâneo e morbilidade materna. Na estratégia alternativa agora apresentada, e que demonstrou segurança, mesmo em relação às taxas de aborto, a progesterona é iniciada assim que a proliferação do endométrio atinge 7 mm de espessura, independentemente do tamanho do folículo dominante e sem a administração de hormonas. 

Para os resultados obtidos, os investigadores realizaram um estudo de coorte retrospetivo de centro único de ciclos de transferência de embriões congelados realizados entre janeiro de 2020 e junho de 2022 (n = 2158). Apenas transferências de estágio de blastocisto de embrião único foram incluídas. O desfecho principal foi a taxa de gravidez após 22 semanas. Os resultados secundários incluíram o número de visitas à clínica durante a monitorização, os níveis séricos de progesterona no dia da transferência, taxas de nados-vivos e aborto espontâneo e resultados maternos/perinatais. 

Mais investigações são necessárias para tentar também confirmar se a ovulação ainda ocorre apesar da administração de progesterona vaginal. 

De acordo com o neurocientista, Fabiano de Abreu Agrela, o cérebro pode viciar-se em adrenalina
O caso da implosão do submersível no Oceano Atlântico que iria realizar uma expedição até os destroços do Titanic e causou a...

O turismo radical sempre chamou a atenção, seja para escalar montanhas, nadar com tubarões ou realizar saltos de avião, mas com a crescente evolução da tecnologia os limites para a realização desse tipo de atividade expandiu. Com diversas empresas a oferecer viagens a grandes profundidades nos oceanos e a enormes altitudes no espaço uma questão tem surgido: Por quê o ser humano se submete a atividades perigosas?

A ação da adrenalina no cérebro

De acordo com o neurocientista, Fabiano de Abreu Agrela,o cérebro é o órgão mais afetado pelas descargas de adrenalina, o que gera reações em todo o corpo.

“A adrenalina, uma hormona produzida pelas glândulas adrenais e neurónios do Sistema Nervoso Central, desempenha um papel crucial em situações perigosas ou stressantes. O cérebro deteta o perigo e envia um sinal para a amígdala, que, por sua vez, aciona o hipotálamo. O hipotálamo comunica com o corpo através do sistema nervoso simpático, estimulando as glândulas adrenais a libertarem adrenalina na corrente sanguínea”.

“A adrenalina desencadeia diversas reações no corpo, ela quebra moléculas de glicogénio no fígado, fornecendo energia aos músculos, também acelera a respiração, aumenta os batimentos cardíacos, contrai os vasos sanguíneos e estimula a transpiração”, explica Fabiano de Abreu.

O cérebro viciado em adrenalina e os riscos do turismo radical

Em 1974, os psicólogos Donald Dutton e Arthur Aron conduziram uma experiência reveladora sobre como a atribuição errónea da excitação afeta os nossos sentimentos de atração. 

Homens que visitavam um parque em Vancouver foram entrevistados por uma mulher atraente, metade atravessou uma ponte suspensa, enquanto a outra metade passou por uma ponte sólida. 

Após visualizarem uma foto e imaginarem uma história por trás dela, a mulher forneceu seu número de telefone aos participantes. Surpreendentemente, a maioria dos homens que ligaram para essa mulher atravessaram a ponte suspensa, confundindo a excitação com atração. Quando a experiência foi repetida com um entrevistador masculino, poucos ligaram. 

Essa confusão ocorreu devido ao aumento dos batimentos cardíacos e da respiração acelerada na ponte suspensa, que foi interpretado erroneamente como atração, por ambos os sentimentos, medo e paixão, se relacionarem ao Sistema Nervoso Simpático, relacionado com o instinto de lutar ou fugir, gerando reações semelhantes, o que pode confundir as sensações.

“A exposição à adrenalina pode ser viciante pois quando ela ocorre em ambientes controlados, como parques de diversões ou desportos radicais, onde, teoricamente, os riscos de morte são mínimos, mas não a sensação de exposição a ela, o que faz com que o cérebro gere sensações que podem ser confundidas com prazer e paixão, o que pode gerar a necessidade de continuar a se expor a essas situações, muitas vezes ignorando os riscos incluídos nela”, explica Fabiano de Abreu Agrela.

Revela investigação da Mayo Clinic
A obesidade e os problemas cardiometabólicos que lhe estão associados são um grave problema de saúde a nível mundial. De acordo...

A obesidade está associada a um risco acrescido de doenças cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral, a insuficiência cardíaca e o enfarte do miocárdio. Felizmente, a obesidade é uma doença multifatorial resultante da desregulação do equilíbrio energético e é frequentemente um fator de risco modificável para as doenças cardiovasculares.

"O peso corporal é regulado por várias interações complicadas entre hereditariedade e fatores ambientais", afirma Lizeth Cifuentes, investigadora de gastroenterologia na Mayo Clinic. "Estima-se que a hereditariedade da obesidade varie entre 40-70%, mas apenas 10% dos casos de obesidade mórbida de início precoce se devem a variantes genéticas.

Estas variantes devem-se principalmente a mutações recessivas nos genes da via da leptina-melanocortina, uma via essencial para regular a ingestão de alimentos e o peso corporal. Estas variantes genéticas são mais comuns em cerca de 6% das crianças e 2,5% dos adultos com obesidade mórbida de início precoce.

Cifuentes e os colegas do Programa de Medicina de Precisão da Mayo Clinic Obesity quiseram estudar as diferenças nas doenças cardiovasculares e nos fatores de doença em doentes com antecedentes de obesidade mórbida, com ou sem variantes genéticas nessa via. "Compreender o efeito destas variantes na saúde cardiovascular ajudaria os médicos a abordar fatores de risco modificáveis nos seus doentes com obesidade mórbida", explica.

Para tal, realizaram um estudo transversal com participantes do Mayo Clinic Biobank com antecedentes de obesidade mórbida, definida como um índice de massa corporal igual ou superior a 40, ou que tinham sido submetidos a cirurgia bariátrica, e efetuaram a genotipagem na via da leptina-melanocortina hipotalâmica. O Mayo Clinic Biobank consiste numa coleção de amostras médicas (incluindo sangue e derivados do sangue) e de informações sobre a saúde doadas por pacientes da Mayo Clinic e utilizadas na investigação em curso no domínio da saúde.

No total, foram identificados 168 portadores da variante do gene MC4R, e a equipa de investigação da Mayo descobriu que os portadores apresentavam um risco mais elevado de hipertensão e relatavam mais fatores de risco cardiovascular em comparação com os 2039 não portadores. "Ajustar a idade, o sexo e o índice de massa corporal, que podem influenciar o risco cardiovascular, não afetou as nossas conclusões de que os portadores apresentavam uma maior prevalência de hipertensão", refere Andres Acosta, investigador principal do laboratório Precision Obesity Medicine.

Os portadores da variante MC4R não registaram um aumento da incidência de doenças cardiovasculares ou morte, de acordo com os resultados publicados num artigo na revista médica Mayo Clinic Proceedings. "A nossa expetativa era uma maior prevalência de hipertensão, uma vez que o aumento excessivo de peso prediz o desenvolvimento da doença", explica o Dr. Acosta, autor principal do estudo.

Cifuentes, diz que os investigadores ficaram surpreendidos por não haver uma associação consistente com as doenças cardiovasculares. "Dada a complexidade das vias causais das doenças cardiovasculares, é possível que haja simplesmente uma quantidade significativa de dados de confusão não medidos nas nossas análises", afirma.

A importância do estudo para os clínicos é reconhecer que os pacientes com obesidade que são submetidos a genotipagem e têm variantes heterozigóticas na via da leptina-melanocortina podem não estar protegidos da hipertensão, como se pensava anteriormente. "Estes doentes podem necessitar de uma atenção mais rigorosa aos fatores de risco modificáveis da hipertensão, incluindo tratamentos anti obesidade individualizados e eficazes", afirma Cifuentes.

As pessoas com as variantes genéticas podem ter tido obesidade desde a infância, mas a duração não foi documentada na coorte estudada pelos investigadores da Mayo, e são necessários mais estudos para determinar o risco a longo prazo de obesidade e doenças cardiovasculares em pessoas com variantes genéticas.

Entre as limitações do estudo está o facto de a raça autodeclarada dos participantes na coorte do Mayo Clinic Biobank ser 90% branca, o que significa que a generalização dos resultados a outras populações pode ser limitada.

O trabalho de Acosta é financiado pelo National Institutes of Health, pelo Mayo Clinic Biobank e pela empresa farmacêutica Rhythm Pharmaceuticals para estudos de genotipagem. Os autores declararam não haver conflitos de interesses. O Mayo Clinic Biobank é financiado pelo Mayo Clinic Center for Individualised Medicine.

Projeto “VV4MC"
Um consórcio da Universidade de Coimbra (UC) vai apresentar já na próxima sexta-feira, 30 de junho, pelas 18h30, o projeto ...

«O projeto VV4C visa a otimização, por via numérica e com validação experimental, de novos protótipos, partindo do protótipo desenvolvido no projeto Mask4MC do mesmo consórcio. Nesta nova versão, exploram-se novos designs e materiais que permitam, entre outros aspetos, melhor vedação aerodinâmica e maior conforto durante a utilização, tendo como foco proporcionar uma proteção segura e eficaz aos profissionais de saúde», explica José Costa, docente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e responsável pelo projeto.

Neste seminário, destinado essencialmente a divulgar os resultados do projeto, serão também abordados temos como “Transmissão por aerossóis de agentes biológicos” e “Qualidade do ar e legislação nas clínicas de Medicina Dentária”. Será ainda apresentado sucintamente o desenvolvimento do projeto e a descrição detalhada do protótipo deste equipamento de proteção individual (EPI) inovador, destacando o seu desempenho em termos de eficiência de proteção e das características acústicas. Para finalizar, haverá uma simulação e experimentação do protótipo da viseira com vedação aerodinâmica.

Do consórcio fazem parte a FMUC, a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) da FCTUC e SETSA - Sociedade de Engenharia e Transformação S.A.

Para participar basta inscrever-se aqui e, para mais informações, pode aceder à página do projeto.

 

Entrevista | Presidente da Sociedade Espanhola de Ortodontia
A inclusão da Inteligência Artificial e da Tecnologia 3D está a revolucionar o setor dentário.

Realizada de 7 a 10 de junho em Bilbau, que balanço faz da reunião anual da SEDO, deste ano, centrada na ortodontia e no tratamento interdisciplinar do paciente adulto? Quantos oradores e quantos especialistas participaram no evento?

O programa em Bilbao foi um dos mais completos e poderosos que tivemos até agora, conseguimos reunir os melhores ortodontistas de dentro e fora de Espanha. Nesta ocasião, recebemos mais de um milhar de profissionais de medicina dentária. Alguns dos principais oradores nacionais e internacionais com que pudemos contar são: Björn Ludwig, Dan Grauer, Ute Schneider, Lorenz Moser, Itamar Friedlander, Renato Cocconi, Arturo Vela, Eduardo Espinar, Domingo Martín, Miguel Hirschhaut, Alicia Megía, Iratxe Díaz, Elvira Antolín, Manuel Román e Ion Zabalegui, entre muitos outros.

Em que consiste este conceito de tratamento interdisciplinar associado à ortodontia?

O congresso deste ano centrou-se nos tratamentos multidisciplinares, em tudo aquilo que vai ser o dia a dia de uma clínica de ortodontia, dando o salto para a tecnologia 3D e para a inteligência artificial. Estes últimos conceitos estão intimamente relacionados com o processo de digitalização e já fazem parte do presente de uma clínica, não do seu futuro. Todos estes conceitos devem ser integrados num tratamento interdisciplinar.

Quais foram os principais temas abordados no Congresso? Quais foram as principais inovações apresentadas?

Alguns dos temas que abordámos nesta edição foram: casos interdisciplinares complexos de alinhadores, inovações digitais que vão transformar o tratamento com alinhadores, aplicação da tecnologia 3D, tratamentos cirúrgicos ou a evolução nos últimos anos das diferentes áreas da ortodontia.

Como é que a tecnologia, com a inclusão da Inteligência Artificial, pode ser uma vantagem nos tratamentos ortodônticos?

A inteligência artificial está a abrir um novo mundo de possibilidades no sector dentário e, especificamente, na ortodontia. Um exemplo disso é que, na nossa clínica MAEX em Santiago, lançámos um programa piloto baseado na inteligência artificial e na tecnologia digital que permite o acompanhamento virtual dos tratamentos ortodônticos e deteta até 130 observações ou incidentes clínicos.

O sistema, desenvolvido pela DentalMonitoring, permite ao paciente obter imagens intraorais a partir de qualquer lugar e enviá-las ao dentista através da aplicação do paciente.  Posteriormente, as imagens são processadas pelo seu sistema, graças à IA, qualquer incidente é detetado e são gerados dois relatórios: um para o paciente, com recomendações e instruções sobre o tratamento; e outro para o dentista, com indicadores que especificam a evolução do tratamento do paciente sem a necessidade de se deslocar à clínica. Isto facilita a comunicação entre o paciente e o profissional e evita visitas desnecessárias.

Neste sentido, o que podemos esperar do futuro neste domínio?

Cada vez mais profissionais do nosso sector estão a incorporar as novas tecnologias baseadas na Inteligência Artificial nas suas clínicas, porque estas se revelam ferramentas que permitem aos profissionais abordar as várias necessidades de tratamento de forma precisa e eficaz.

Como já referi, outro dos avanços mais notáveis é a utilização da tecnologia 3D. No passado, utilizava-se pasta de alginato para obter um registo para trabalhar. Hoje é possível obter a imagem com um scanner intraoral, armazená-la num formato STL na nuvem, imprimi-la numa impressora 3D e até gerar um tratamento ou um aparelho com software.

Uma das empresas pioneiras na utilização do STL é a DentalMonitoring, que apresenta o Smart STL. Esta tecnologia oferece múltiplos benefícios para os pacientes que se refletiram na sua prática, ajudando principalmente a tornar os tratamentos mais rápidos, mais simples e mais eficientes.

Em geral, quais são os principais desafios associados ao sector da ortodontia?

Um dos principais desafios que temos no nosso sector é o controlo dos alinhadores; muitas empresas tentam vendê-los diretamente ao paciente de forma indiscriminada. Na SEDO defendemos que é fundamental que qualquer tratamento seja planeado e controlado por um profissional qualificado.

Quais são os principais problemas ortodônticos que levam à consulta? Acha que a população em geral está mais consciente destes problemas e mais preocupada com o impacto do seu sorriso?

Alguns dos casos mais comuns que encontramos em crianças são problemas transversais do maxilar, ou seja, casos em que o palato é estreito e fazemos expansões do maxilar (é muito comum ver isto em crianças com 5-6-7 anos).

Nos adultos, recebemos normalmente pacientes que querem melhorar a estética do seu sorriso, que têm sobrelotação. Graças a esta melhoria no alinhamento, terão uma escovagem mais eficiente e, consequentemente, uma melhoria na sua condição periodontal.

Para os ortodontistas, um dos principais objetivos é melhorar o ajuste dos dentes. Cada vez mais pacientes chegam aos nossos consultórios dizendo que têm dores na articulação temporomandibular, que muitas vezes requerem tratamentos multidisciplinares, e estamos mesmo a detetar que cada vez mais pacientes nos chegam referenciados por pneumologistas ou otorrinolaringologistas com problemas respiratórios ou apneia do sono, que agora resolvemos através de tratamentos ortodônticos combinados com cirurgia ortognática para melhorar as vias respiratórias.

Os alinhadores invisíveis são atualmente muito procurados. Mas será que são a solução para todos os casos?

O aparecimento dos alinhadores está a fazer com que cada vez mais pacientes nos peçam este tipo de tratamento devido às vantagens que oferecem. Mas, como já referi, os alinhadores são um tratamento ortodôntico e, como tal, devem ser diagnosticados, prescritos e supervisionados por um profissional qualificado e com formação na área.

Cada caso deve ser estudado individualmente para oferecer a solução mais eficaz de acordo com os problemas apresentados pelo paciente. Nalguns casos, tratar-se-á de ortodontia invisível, de aparelhos, etc.

Que conselhos gostaria de dar a quem quer ter um sorriso mais bonito?

A prevenção e a higiene são a chave para um sorriso bonito. Deve visitar o dentista pelo menos duas vezes por ano para fazer check-ups e/ou limpezas. É importante ir ao dentista assim que for detetado desconforto, sensibilidade, sangue nas gengivas, etc.

É também essencial manter uma boa higiene dentária em casa e evitar o consumo excessivo de certos alimentos ou bebidas que podem danificar os nossos dentes, tais como café, chá, alimentos ácidos, etc.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Centro de Biotecnologia e Química Fina e Grupo Celeste desenvolvem
A 29 de junho vão ser apresentados os resultados do projeto de investigação “NutriSafeLab: Desenvolvimento de soluções...

Segundo a atual evidência científica que demonstra uma associação entre a ingestão de gordura saturada, sal e açúcar, com a prevalência de doenças crónicas não transmissíveis, são várias as recomendações e estratégias que têm sido pedidas por autoridades de saúde internacionais, no sentido de regular a quantidade destes ingredientes nos produtos de panificação e pastelaria. Neste sentido, há uma procura crescente de formulações com redução de aditivos e substituição de aditivos sintéticos por naturais (conceito “Clean Label”), havendo assim o espaço e a necessidade para criar novas formulações de elevado valor nutricional, que possam criar produtos mais saudáveis, com enquadramento nas principais estratégias do Plano Nacional Para uma Alimentação Saudável, indo também ao encontro das expectativas dos consumidores. Para responder a estes desafios, o Grupo Celeste, bem posicionado a nível nacional no sector de panificação, integrou em consórcio o Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, com uma longa e consolidada experiência de investigação nestes desafios da alimentação, nomeadamente, segurança, sustentabilidade e saúde.

“O nosso desafio enquanto investigadores era melhorar o perfil nutricional e funcional dos produtos de pastelaria e de panificação, com redução de gordura e onde conservantes, aromas e corantes sintéticos fossem substituídos por alternativas naturais,” esclarece Manuela Pintado, investigadora principal do projeto e diretora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa. “Estes conceitos foram aplicados e demonstrados em dois casos de estudo de elevado consumo e impacto na empresa e no consumidor, nomeadamente, na massa de brioche e na massa folhada,” acrescenta. Ana Martins, diretora industrial do Grupo Celeste, refere “em linha com os resultados deste projeto estamos a lançar produtos saudáveis ‘Healthyfat’ e ‘Nutrihealthy’ e uma linha de produtos ‘Clean Label’”.

Numa tarde onde o grande tema serão os resultados do NutriSafeLab, vão estar em debate questões associadas aos desafios de uma alimentação saudável e às tendências do consumidor na área da panificação e de pastelaria. Haverá também espaço para uma mesa redonda com a presença de Ana Machado Silva (gestora de projetos da SONAE MC), Ana Martins (diretora industrial do Grupo Celeste) e Manuela Pintado (investigadora principal do projeto e diretora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa).

NutriSafeLab é um projeto financiado pelo COMPETE 2020, no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT empresarial na vertente de co-promoção, que teve a duração de 30 meses.

Inquérito internacional revela no dia Dia Mundial do Microbioma
De acordo com um inquérito que envolveu sete países, o primeiro do Observatório Internacional das Microbiotas, os portugueses...

O inquérito, que assinala hoje o Dia Mundial do Microbioma, abrangeu sete países (França, Espanha, Portugal, Estados Unidos, Brasil, México e China), com uma amostra de 6500 pessoas. O objetivo foi avaliar o conhecimento sobre o papel da microbiota na saúde, não só por parte da população, como dos profissionais de saúde. 

A microbiota é constituída por milhares de milhões de microrganismos (bactérias, vírus, fungos, etc.) que vivem em simbiose no nosso corpo. Temos não só uma microbiota (flora) intestinal, mas também uma microbiota na pele, na boca, nos pulmões, no trato urinário e vaginal, etc. No entanto, a maioria dos inquiridos não sabe que algumas doenças não digestivas, como Parkinson, Alzheimer e autismo, podem estar relacionadas com a microbiota (75%).

Um baixo nível de conhecimento sobre o papel da microbiota na saúde

Apenas 1 em cada 5 pessoas afirma saber o significado exato do termo microbiota (21%). A microbiota intestinal continua a ser a mais conhecida, com 53% dos inquiridos familiarizados com o termo, mas apenas 24% afirmam saber exatamente o que é. Outras microbiotas são muito menos conhecidas, como a microbiota vaginal (45% dos entrevistados conhecem o termo, mas apenas 18% sabem exatamente o que é), a microbiota oral (43% conhecem-na pelo nome, mas não mais de 17% sabem o que é) e a microbiota da pele (40% conhecem o termo, mas apenas 15% sabem o que é). 

Três em cada quatro entrevistados estão conscientes de que um risco de desequilíbrio da microbiota pode ter consequências importantes para a saúde (75%). 74% dos entrevistados sabem que a alimentação tem consequências importantes no equilíbrio da nossa microbiota e 72% sabem que a microbiota desempenha um papel real nos mecanismos imunitários de defesa. 

Porém, mais de uma em cada três pessoas não sabe que os antibióticos têm um impacto sobre a nossa microbiota (34%). A grande maioria dos inquiridos não sabe que certas doenças não digestivas, como Parkinson, Alzheimer e autismo, podem estar ligadas à microbiota (75%). 

Uma consciência tímida dos comportamentos "corretos" a adotar para cuidar da microbiota 

Os portugueses estão conscientes da necessidade de adotar uma alimentação equilibrada (84%), de praticar exercício físico (76%) e de evitar fumar (72%) para se manterem com boa saúde e, por dedução, de que estes comportamentos têm um impacto favorável na microbiota. 

No entanto, quando se trata de comportamentos mais específicos, o nível de conhecimentos cai: apenas 1 em cada 3 pessoas sabe que é melhor não se lavar mais de duas vezes por dia para preservar a microbiota da pele (35%). Menos de 1 em cada 2 mulheres sabe que deve evitar o duche vaginal porque é prejudicial para a microbiota da região íntima feminina (42%). 

Mais de 1 em cada 2 pessoas afirma ter adotado comportamentos na sua vida quotidiana para manter o equilíbrio da microbiota (57%). 

É preciso reconhecer esta nova consciencialização, embora deva também ser relativizada. Inicialmente porque apenas 1 pessoa em 7 diz fazer “muito” (15%), as outras dizem, na sua maioria, fazer apenas “um pouco” (42%). Em seguida, porque 43% das pessoas interrogadas dizem não ter adotado nenhum comportamento específico. Os resultados do Observatório Internacional das Microbiotas mostram que ainda existe muito a fazer neste campo. 

A microbiota explicada pelos profissionais de saúde: a chave para adotar um bom comportamento 

Menos de 1 em cada 2 pacientes afirma que o seu médico já lhe explicou como manter uma microbiota equilibrada (44%, mas apenas a 19% isso já foi explicado mais do que uma vez). Apenas uma minoria dos entrevistados declarou ter sido sensibilizado pelo seu médico sobre a importância de ter uma microbiota bem equilibrada (42%). Apenas 1 em cada 3 pessoas afirma que o seu médico já lhes ensinou o que é a microbiota e para que serve (37%).

A informação fornecida pelos médicos aquando da prescrição de antibióticos ilustra claramente até que ponto essa informação ainda é insuficiente. Menos de 1 em cada 2 pacientes afirma ter sido informado pelo seu médico sobre os riscos de possíveis problemas digestivos associados à utilização de antibióticos (41%). Apenas 1 em cada 3 doentes afirma ter recebido conselhos do profissional de saúde sobre a forma de minimizar o impacto negativo da toma de antibióticos na microbiota (34%), ou ter sido informado de que a toma de antibióticos poderia ter um impacto negativo no equilíbrio da microbiota (33%). 

Entretanto, quando um doente recebe repetidamente todas as informações sobre o assunto, a sua relação com a microbiota altera-se significativamente. Mais de 9 em cada 10 pessoas (95%) que receberam repetidamente todas as informações do seu profissional de saúde adotaram posteriormente um comportamento visando manter uma microbiota equilibrada, em comparação com 57% do conjunto das pessoas interrogadas. 

Idosos mal informados num momento em que estão mais vulneráveis

Apesar de se encontrarem numa idade em que muitos deles enfrentarão problemas de saúde crescentes relacionados com o envelhecimento, os idosos (pessoas com 60 anos ou mais) são os que menos sabem sobre a microbiota intestinal (20%, menos 4 pontos do que o valor global).

São também os que menos adotaram comportamentos para manter a microbiota equilibrada (apenas 50% contra 57% no total). 

Mais uma vez, dada esta discrepância, os médicos têm um papel essencial para encorajar os idosos a mudarem o seu comportamento. No entanto, não falam muito sobre estas questões. Apenas 1 em cada 3 idosos já pediu ao seu médico que lhes explicasse como manter o equilíbrio da microbiota (32%, em comparação com 58% dos jovens entre os 25 e 34 anos). 1 em cada 4 idosos afirma já ter recebido explicações sobre o que é a microbiota (26%, em comparação com 50% das pessoas entre os 25 e 34 anos). Há uma necessidade urgente de alterar esta situação. 

Os portugueses possuem conhecimentos relativamente bons sobre o papel das microbiotas, mas sabem pouco sobre os probióticos; a maioria ainda faz pouco para garantir o equilíbrio da flora intestinal. 

Os portugueses estão mais familiarizados com o termo “flora” do que com o termo “microbiota”. Na verdade, eles fazem parte daqueles que sabem menos sobre o significado preciso do termo “microbiota” (17% contra 21% no total) e foram aqueles que menos ouviram falar da “microbiota intestinal” juntamente com os americanos (45% contra 53% no total). Em contrapartida, eles têm um melhor conhecimento dos termos “flora intestinal” (69% sabem precisamente o que é contra 53% no total) e de “flora vaginal” (58% contra 40% no total) que são, aliás, verdadeiramente conhecidos.

Os portugueses fazem parte daqueles que têm os melhores conhecimentos sobre o papel das microbiota

A grande maioria sabe que o desequilíbrio das microbiotas pode ter, em certos casos, importantes consequências sobre a saúde (85% contra 75% no total), que a nossa alimentação tem consequências importantes sobre o equilíbrio da nossa microbiota (83% contra 74% no total), que desempenha um papel importante nos mecanismos imunitários de defesa (76% contra 72% no total) ou ainda que a toma de antibióticos tem impacto nas microbiotas (72% contra 66% no total).

Mas sabem pouco sobre os probióticos e prebióticos

Conhecem-nos mal, apenas 37% sabem exatamente o que são probióticos (em comparação com 43% no total e menos de 1 português em cada 6 (17%) declara saber o que são realmente probióticos (contra 27% no total). 

Se a maioria dos portugueses declara ter adotado comportamentos para preservar o equilíbrio das suas microbiotas (58%), a maioria faz apenas “um pouco” (45% contra apenas 13% que dizem “muito”). Assim, eles fazem parte daqueles que conhecem mais sobre a importância de ter uma alimentação equilibrada (89%) e uma atividade física (81%). Entretanto, eles estão entre os menos sensibilizados para a importância de consumir probióticos (51% contra 62% no total) e prebióticos (36 contra 51% no total). 

Ao mesmo tempo, os portugueses fazem partes daqueles que partilham menos com os seus profissionais de saúde sobre este assunto. Apenas 32% declaram já terem visto prescrição de probióticos ou prebióticos (contra 46% no total). Apenas uma minoria entre eles considera que lhes explicaram os bons comportamentos a adotar (35% contra 44% no total). Enfim, apenas 1 em cada 4 portugueses já recebeu explicação de para que servem as microbiotas (26% contra 37% no total). Apenas 22% já foram aconselhados a testar as suas microbiotas (contra 30% no total). 

Em Portugal, a educação dos pacientes é hoje um desafio essencial para lhes ensinar não apenas o papel da microbiota, mas também os comportamentos a ter para as preservar da melhor forma possível. Esta educação deve passar, em parte, pelos profissionais de saúde. 

Para Murielle Escalmel, Diretora do Biocodex Microbiota Institute, “este observatório, o primeiro do seu género, fornece-nos ricos ensinamentos sobre o conhecimento, os comportamentos e as expectativas das populações mundiais em relação às microbiotas humanas. É preciso também salientar o papel fundamental dos profissionais de saúde na sensibilização para aos bons comportamentos de forma a cuidar bem das microbiotas. O inquérito mostra que, a partir do momento em que os pacientes recebem informações dos seus profissionais de saúde, a sua microbiota muda. Melhor ainda, é desencadeado um comportamento virtuoso. Por conseguinte, é necessário dar mais apoio aos profissionais de saúde para garantir que a microbiota faz parte integrante dos cuidados prestados aos doentes”.

Menos peso, mais saúde
A maioria dos pacientes procura dietas milagrosas, que têm em conta apenas as calorias, deixando de

Uma alimentação equilibrada para uma pessoa que tenha uma atividade física alta é, em geral, constituída por cerca de 50 a 55% de hidratos de carbono, 30% de lípidos e 15 a 25% de proteínas, os minerais e as vitaminas necessários e 1,5 a 3l de água por dia.

Mas nestas proporções temos de fazer duas contabilizações, a quantidade de hidratos de carbono tem de ser adaptada à sociedade em que vivemos, sendo a sua percentagem, na maioria dos casos, menor, do que a prevista inicialmente; temos, também, de ingerir uma quantidade de proteínas que nunca deve ser inferior 1 g/kg/dia (100 g de carne ou peixe têm entre 20 a 23 g de proteínas).

Tão importante como perder peso é, sem dúvida, aprender a comer para o resto da vida, de forma a manter o peso desejado. É importante interiorizar que, fazendo uma alimentação correta, ninguém passa fome nem precisa de fazer um esforço desmesurado. Os resultados tanto ao nível do peso, como em ganhos de saúde, fazem o esforço inicial valer a pena.

Aumentar a atividade de física no nosso dia a dia (como, por exemplo, levantar-se de hora a hora, pelo menos 1 minuto), e, também, um pouco de exercício físico regular, será o complemento necessário, para melhorar a nossa saúde e manter o peso em valores adequados.

Comer deve ser um ato consciente

O desenvolvimento das civilizações está intimamente ligado à forma como os homens se foram alimentando ao longo do tempo. A nossa alimentação é influenciada pelas nossas raízes culturais. Se hoje em dia é possível aceder a qualquer alimento, em qualquer lugar e altura do ano, o mesmo não acontecia antigamente, em que as populações se restringiam ao que conseguiam produzir. Por essa razão, ainda hoje, o tipo de alimentação que era praticado em determinada região influencia a alimentação praticada atualmente nessa mesma região.

Comer pode parecer um ato biologicamente automático, mas está relacionado com influências sociais, culturais e emocionais.

Se é verdade que estas influências vêm de tempos remotos, também é verdade que a obesidade é um problema das sociedades modernas. O ritmo de vida acelerado gerou, entre outras coisas, o fenómeno do fast food, consomem-se cada vez menos produtos frescos, o que, em conjunto com o aumento do sedentarismo, constitui a combinação ideal para o surgimento da obesidade.

Os erros cometidos na alimentação devem-se muitas vezes ao desconhecimento sobre as necessidades reais do organismo. A alimentação deve tornar-se num ato consciente, voluntário e educável.

Conheça os nutrientes: cada um com a sua função

Não existem dietas milagrosas que garantam o peso ideal. Uma boa dieta tem de incluir uma grande variedade de alimentos que garanta os nutrientes necessários para as funções vitais do organismo.

Os nutrientes que garantem estas funções e dividem-se em 7 grupos: hidratos de carbono, lípidos, proteínas, vitaminas, minerais, fibras e água.

Podemos comparar as funções dos nutrientes à construção de uma casa, sendo que os hidratos de carbono são o combustível e a mão de obra, os lípidos são a energia necessária para aquecer a casa, as proteínas e a água são a estrutura da casa e os restantes nutrientes regulam e harmonizam a construção da casa.

O padrão alimentar mediterrâneo

O padrão alimentar típico dos países mediterrâneos encontra-se amplamente estudado, sendo associado a múltiplos benefícios para a saúde, nomeadamente a redução da incidência das doenças cardiovasculares, cancro, Parkinson e Alzheimer.

O padrão alimentar mediterrânico baseia-se em 10 princípios: cozinha simples; elevado consumo de produtos vegetais; consumo de produtos vegetais produzidos localmente e da época; preferência pelo azeite como principal fonte de gordura; moderado consumo de lacticínios; utilização de ervas aromáticas para temperar, em detrimento do sal; consumo frequente de peixe e baixo de carnes vermelhas; consumo baixo de vinho tinto e apenas nas refeições principais (exceção crianças e grávidas); água como principal bebida e convivialidade à volta da mesa.

Infelizmente, esta dieta, que era a base da alimentação em Portugal, tem vindo progressivamente a perder força. Este facto pode estar relacionado com o aumento progressivo da obesidade.

Mitos

Aqui temos alguns exemplos da desinformação.

Se eu optar por pão integral emagreço?

As farinhas e cereais integrais têm praticamente as mesmas calorias que os não integrais ou refinados. Contudo, estes causam maior saciedade, são mais saudáveis, pelo que devem ser mais recomendados.

Posso optar antes pelos sumos de fruta?

O sumo de fruta tem muito menos fibra e mais açúcar disponível. Beber sumos de fruta não é a mesma coisa do que comer a fruta inteira e, principalmente, para quem está num processo de emagrecimento, não é de todo aconselhável.

O azeite engorda?

Todas as gorduras aportam as mesmas 9 Kcal por grama. São, aliás, o nutriente que mais energia fornece ao organismo, estas dividem-se entre saturadas e insaturadas. As saturadas são maioritariamente de origem animal: estão presentes no leite gordo e derivados, nas margarinas, nas carnes de vaca, porco, cabra, nos enchidos e nos óleos de palma e coco. Quando consumidas em excesso, as gorduras saturadas favorecem o aparecimento de doenças cardiovasculares, pelo facto de provocarem um aumento do mau colesterol no sangue. Quanto às gorduras insaturadas elas encontram-se maioritariamente nos alimentos de origem vegetal: no azeite, nos óleos de sementes, nos frutos secos e no peixe. O consumo destas gorduras ajuda a controlar os níveis de colesterol no sangue, e tende a aumentar o colesterol HDL, também conhecido por “colesterol bom”. O azeite é mais cardio-saudável, e deve ser a gordura de eleição.

A carne de porco faz mal?

Durante muito tempo, a carne de porco foi apontada como o “patinho feio” da alimentação, o que sucedeu numa determinada fase também com a sardinha, peixe que hoje é considerado uma boa fonte de gordura saudável. Contudo, a carne de porco faz parte da dieta mediterrânica e, se optar por cortes magros, têm pouca gordura e relativamente poucas calorias. É uma carne rica em proteínas, fósforo, zinco, ferro e vitaminas B1, B3, B6 e B12 que melhoram o sistema imunitário e o desenvolvimento cognitivo.

O leite só deve ser consumido pelas crianças?

O leite é um alimento muito completo pelo que deve ser consumido em todas as idades, numa média de 2 a 4 porções por dia, à exceção das pessoas que tenham intolerância à lactose que devem optar por o tomar sem lactose. Tem proteínas de alta qualidade e é um importante fornecedor de cálcio e vitaminas A e B. Para quem esteja num processo de emagrecimento, pode optar por leite magro que, apesar de ter menos gordura, mantém todas estas boas propriedades. Mas quem for intolerante ou sensível a caseína, proteína do leite, tem mesmo que parar o seu consumo.

Conclusões

Infelizmente, com o aumento da facilidade de partilha de informação, é também partilhada muita desinformação, e, por isso, é preciso alertar consciências! A alimentação está na base da nossa saúde e, como tal, não deve ser tratada de forma leviana. É preciso aprender a comer, e só há um caminho para isso, a educação alimentar, fornecida por profissionais de saúde qualificados, os quais ajudarão a responder à pergunta: sabemos comer?

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Universidade de Coimbra
Na próxima quinta-feira, dia 29 de junho, a partir das 09h30, vai decorrer, no Colégio da Trindade da Universidade de Coimbra ...

A sessão de abertura vai contar com as intervenções do Reitor da UC, Amílcar Falcão, e do coordenador do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (que é formado pelo Centro de Neurociências e Biologia Celular, CNC-UC, pelo Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra, iCBR, e pelo Centro de Estudos e Investigação em Saúde, CEISUC, todos da UC), Luís Pereira de Almeida. Segue-se a apresentação do “PAS GRAS”, pelas 10h15, que vai ser feita pelo líder do projeto, vice-presidente e investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC, Paulo Oliveira.

O evento de lançamento do “PAS GRAS” vai contar também com comunicações de três notáveis cientistas, que integram a comissão de aconselhamento externa do projeto, a saber Philipp Scherer, Casper Schalkwijk e John P. A. Ioannidis.

Philipp Scherer, professor do Centro Médico Southwestern da Universidade do Texas (Estados Unidos da América), reconhecido mundialmente pelo estudo do tecido adiposo e do papel da gordura na saúde e na doença, vai conduzir, pelas 11h45, a palestra “As várias vidas dos adipócitos: implicações para a saúde e doença na população pediátrica e adulta”.

Pelas 15h30, Casper Schalkwijk, professor da Universidade de Maastricht (Países Baixos) e um dos principais cientistas mundiais na área das complicações vasculares e metabólicas associadas à obesidade e à diabetes, apresenta a comunicação “Produtos finais de glicação avançada: amigos ou inimigos da saúde humana?”.

John P. A. Ioannidis, um dos cientistas mais citados no mundo, é professor de Medicina, Epidemiologia e Saúde Pública, e Metaciência, da Universidade de Stanford (Estados Unidos da América), e investigador principal da Cátedra do Espaço Europeu da Investigação (ERA Chair) “EXCELScIOR” da UC, vai proferir, pelas 17 horas, a palestra “Produção e avaliação de ciência aberta, fiável e reprodutível”.

Ao longo do dia, vão ser também apresentados os 16 parceiros que integram este projeto de investigação e inovação, que vai decorrer ao longo dos próximos 5 anos.

O “PAS GRAS” foi 1 dos 6 projetos aprovados pelo programa Horizonte Europa, no pilar II do cluster da saúde, estando integrado nos  Desafios Globais e Competitividade Industrial Europeia. «O projeto nasceu de um interesse comum entre investigadores do CNC-UC e iCBR em estudar determinantes biológicos, metabólicos e ambientais da obesidade. Tem como objetivos calcular o risco individual da obesidade e suas complicações, reforçar inovação de base biológica e o desenvolvimento de novas abordagens para promover estilos de vida saudáveis, que passam pela adoção da dieta mediterrânica, e seus componentes específicos, aumento da atividade física, aumento da literacia em ciência e saúde», explica líder do projeto. «Uma vez aprovado o projeto, temos continuado a reunir colegas de várias áreas de investigação de ponta realizada na UC, a que se junta a excelência do conhecimento e experiência dos vários parceiros», acrescenta Paulo Oliveira.

Sobre a sessão de lançamento que vai decorrer na quinta-feira, o investigador destaca que vai ser «um momento único de comunhão entre cientistas, profissionais de saúde, educação, desporto, empresários e decisores. Teremos um livro branco para signatárias e signatários com o objetivo de mobilização de pessoas individuais e coletivas, grupos e organizações, que se associam à missão “PAS GRAS”».

«A obesidade é um problema de saúde pública. O projeto “PAS GRAS” está profundamente comprometido com ações para promover e manter mudanças de comportamento nos padrões de consumo e de produção de alimentos, bem como no envolvimento de setores muito relevantes como a indústria alimentar, retalhistas, produtores primários, serviços de restauração, assim como centros de saúde, centros de ciência, clubes desportivos, entre tantos outros. No final, esperamos contribuir com evidência científica sobre a biologia da obesidade, mas também reunir os resultados da campanha internacional de sensibilização no sentido de produzir recomendações cada vez mais próximas das necessidades    de todos e de cada um», acrescenta o investigador da UC.

O evento de lançamento do “PAS GRAS” é gratuito e aberto ao público.

Atualizar e consolidar conhecimentos de Hepatologia
A segunda edição Escola Anual Virtual de Hepatologia, uma parceria do Núcleo de Estudos de Doença do Fígado (NEDF) da Sociedade...

Após o sucesso da primeira edição esta iniciativa, constituída por treze módulos, terá transmissão mensal online, em formato webinar em direto, e com disponibilização de conteúdos referentes à sessão.

“Nesta nova edição, com o intuito de permitir um melhor desenvolvimento dos temas e uma discussão mais alargada dos tópicos abordados, a duração de cada sessão foi aumentada para uma hora e trinta minutos. A estrutura do curso também foi alterada, passando para treze módulos em vez dos onze da primeira edição. Estamos certos de que este upgrade irá de encontro às expectativas criadas para esta segunda edição da EAVH, modelo educativo inovador no panorama da Hepatologia nacional”, afirma Paulo Carrola, Coordenador do NEDF.

Para José Presa, da APEF, “esta escola tem como objetivo colmatar uma lacuna há muito sentida por quem se dedica ao doente hepático, a existência de um plano formativo regular que incida nas áreas de inquestionável relevo na Hepatologia. Pretende-se que esta iniciativa se torne uma referência nacional no âmbito da Hepatologia e que congregue todos quantos se dedicam a esta área, independentemente da sua especialidade mãe”.

“Screening” e abordagem da doença hepática, doença hepática autoimune, hepatites víricas, DILI e falência hepática aguda, MAFLD, doença hepática associada ao álcool, cirrose hepática, hemocromatose, doença de Wilson e Défice de alfa-1 antitripsina, ACLF e transplante hepático, doença vascular hepática: diagnóstico e abordagem, hemorragia digestiva no cirrótico, tumores hepáticos e cuidados paliativos em hepatologia são os temas que compõe o programa formativo.

Destinada a Internos de formação específica de Medicina Interna e Gastrenterologia ou especialistas de ambas as especialidades com interesse na área, a Escola Anual Virtual de Hepatologia irá funcionar de 21 de setembro de 2023 a 4 de julho de 2024.

Mais informação: https://www.spmi.pt/escola-anual-virtual-de-hepatologia-23-24/

Formações gratuitas e dirigidas a profissionais de saúde
A Aliança formada pela Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP), a Escola Superior de Saúde do Politécnico do Porto e a...

Desenvolvidos no âmbito do projeto IPAlliance - Plataforma Integrada para Aprendizagem ao Longo da Vida e Formação para Profissionais de Saúde, encontram-se disponíveis cinco novos programas formativos centrados na prevenção e gestão da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica; da Insuficiência Cardíaca; do Enfarte agudo do miocárdio; do Acidente Vascular Cerebral Isquémico e Hemorrágico.

Estas formações gratuitas e dirigidas a profissionais de saúde, financiadas pelo fundo NextGenerationEU no âmbito da iniciativa Recuperar Portugal, são dinamizadas em formato Massive Open Online Courses (MOOC) e disponibilizadas na plataforma de gestão de cursos online para grandes audiências NAU.

De acordo com o diretor do projeto, Miguel Padilha, esta é uma “oportunidade única de requalificação e atualização multiprofissional para profissionais de saúde em Portugal, numa plataforma online, gratuita e certificada”.

apresentação destes cursos decorre no próximo dia 4 de julho, pelas 12:00 horas, no Auditório Paulo Parente da Escola Superior de Enfermagem do Porto. O evento é aberto ao público e de entrada gratuita, proporcionando uma oportunidade ímpar para conhecer os programas formativos e interagir com os especialistas envolvidos na sua criação.

Esta iniciativa, apoiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência, é uma de muitas outras de promoção de inovadores cursos dirigidos a médicos, enfermeiros, técnicos superiores de saúde e técnicos de diagnóstico e terapêutica, entre outros profissionais de saúde, com o intuito de promover a requalificação e atualização destes profissionais, centrando-se nos principais desafios globais em saúde e para otimizar a qualidade e segurança dos cuidados de saúde.

 

 

Investigação da F3M com a Associação Fraunhofer Portugal AICOS e a Universidade Católica Portuguesa
É uma solução tecnológica inovadora que resultou da parceria F3M, Associação Fraunhofer Portugal AICOS e a Universidade...

Baseada em Inteligência Artificial, esta solução é composta por uma aplicação móvel capaz de captar de forma automática imagens de feridas, integrando, também, informação clínica diferenciada sobre as mesmas. Desta forma, além de aumentar a eficácia do acompanhamento do processo de cicatrização da ferida, será, ainda, um excelente instrumento de apoio à decisão clínica diferenciada e seleção da intervenção terapêutica. Mas não só.

Foi, ainda, desenvolvida uma plataforma web direcionada para os gestores de unidades de saúde, onde serão integrados os dados adquiridos em termos de evolução das feridas, de acordo com as intervenções terapêuticas implementadas. Assim, será possível aos profissionais identificarem as opções terapêuticas mais promissoras em termos de eficácia e custos de gestão.

Desenvolvida no âmbito do projeto ClinicalWoundSupport, esta solução tecnológica inovadora para a área da saúde será, agora, apresentada num evento que irá juntar vários profissionais, especialistas e investigadores. Além de Pedro Fraga, Pedro Salgado, Patrícia Reis e Carla Rocha, da F3M, marcarão presença no evento Maria Vasconcelos, da Fraunhofer Portugal AICOS, Paulo Alves e Raquel Silva, da Universidade Católica Portuguesa, Paulo Ramos, da USF Corino de Andrade (Póvoa de Varzim), e Jorge Oliveira, da Santa Casa da Misericórdia de Vizela.

Além da demonstração da tecnologia inovadora, serão ainda partilhados alguns testemunhos e divulgados os resultados técnicos e científicos do projeto. O encontro, sob o título “Smart Technology for Clinical Wound Support” acontece, esta quarta-feira, na Porto Business School, no Porto. A participação está aberta ao público, sendo de carater gratuito, mas requer inscrição (www.lkme.pt/XOtMe).

 

 

Startup portuguesa aposta no crescimento da operação em Portugal e no Brasil
A MyCareforce, plataforma digital portuguesa que quer centralizar a contratação do sector da saúde, encerra com êxito uma ronda...

O novo financiamento irá contribuir para a aceleração da expansão na América do Sul, mais concretamente no Brasil, assim como para o desenvolvimento da operação em Portugal. O objetivo passa por investir no crescimento da utilização da solução, com foco em novos desenvolvimentos tecnológicos e no reforço da equipa com o recrutamento de novos talentos.

A MyCareforce conta hoje com 17 colaboradores em ambos os mercados e espera chegar ao final do ano com um total de 25, em Portugal e no Brasil, sobretudo nas áreas de Tecnologia, Operações e Suporte.

"Esta ronda é um importante sinal de confiança no modelo de negócio e na solução que a MyCareforce apresenta ao mercado, tanto junto das instituições como dos profissionais de Saúde.” explica Pedro Cruz Morais, Co-CEO e Co-Founder da MyCareforce, acrescentando que “temos vindo a crescer desde a nossa fundação em 2021 e, agora, temos novos meios para continuar a nossa estratégia de expansão e crescimento nos mercados onde já operamos.”

Já João Hugo Silva, Co-CEO e Co-Founder da MyCareforce, afirma que “o futuro do setor da saúde passa por duas grandes palavras-chave: flexibilidade e qualidade. Na MyCareforce estamos a contribuir para que as empresas nossas clientes reduzam o tempo gasto em processos burocráticos, podendo concentrar-se naquilo que é mais importante, que são os cuidados aos utentes/pacientes.”

Adicionalmente, a MyCareforce está a planear novos desenvolvimentos tecnológicos da plataforma por forma a melhorar a experiência dos utilizadores com a inclusão de novas funcionalidades como algoritmos de match e pesquisa de turnos, a construção de um sistema de rewards para profissionais e ainda uma aposta numa solução de integração dos profissionais nas unidades.

Recorde-se que a start-up portuguesa conta já com mais de 12.500 enfermeiros da Ordem, 1.000 técnicos auxiliares de saúde, e mais de 150 empresas de Saúde, incluindo o grupo José de Mello Saúde, Grupo Trofa Saúde, SAMS, Grupo Orpea e ainda com diferentes unidades do SNS, entre outras, através das quais já preencheu mais de 16.000 turnos, equivalente a mais de 130.000 horas trabalhadas. No mercado brasileiro, o objetivo passa por chegar ao final do primeiro ano de atividade com 30 mil inscrições de enfermeiros na plataforma e às 70 mil horas trabalhadas.

Livro apresentado na Feira do Livro
A editora LIDEL apresenta o novo livro “Sabemos Comer? Estratégias para o mundo atual”, da autoria de José Maria Tallon,...

Atualmente, passamos muito tempo sentados, quer seja a trabalhar, estudar, comer ou até mesmo a conversar. Aliado a esse fator, fazemos muito pouco exercício físico e estamos muito dependentes da vida online nas mais diversas situações. Todos estes aspetos, que aumentaram exponencialmente desde o início da pandemia, contribuem para que façamos muitas vezes escolhas que não são as mais ajustadas às nossas necessidades e que podem trazer algumas preocupações no futuro.

Em Portugal, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde, quase 60% dos adultos vive com excesso de peso ou obesidade e as previsões indicam que esse número continuará a crescer. O livro “Sabemos Comer? Estratégias para o mundo atual” surge como um aliado no combate a este flagelo, demonstrando que é possível mudar esta realidade sem que este seja um processo negativo.

Quando abrir este livro, o público poderá encontrar várias dicas e soluções para melhorar a sua saúde e controlar o seu peso, tais como: comer sopa, organizar a despensa e o frigorífico, fazer os telefonemas enquanto caminha, utilizar o tempo que gastava nos transportes para si, entre outras. Além disso, poderão também desvendar alguns mitos associados à alimentação.

Através desta obra, dirigida a todas as pessoas interessadas em melhorar o seu estilo de vida e aprofundar os seus conhecimentos sobre alimentação saudável, o autor pretende ajudar a descobrir como comer com prazer, mantendo um plano alimentar saudável, e mostrar alternativas para que o leitor possa diversificar e equilibrar as suas escolhas.

Este livro, lançado na Feira do Livro de Lisboa, conta não só com a vasta experiência do Dr. Tallon, que já atendeu mais de 213 mil pacientes e ajudou a perder no total mais de 2.000.000 de quilos, mas também com a colaboração de especialistas em áreas como: bioquímica, biotecnologia, desporto, educação física e saúde, medicina interna, nutrição e psicologia.

 

Uma das complicações médicas mais frequentes na gravidez
Quase todas as doenças conhecidas podem atingir a mulher durante a gravidez, umas podem complicar ac

A Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), é uma patologia de alto risco cuja prevalência tem vindo a aumentar nos últimos anos, sendo considerada segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS,2022), um dos 3 tipos de diabetes Mellitus, sendo os outros dois a diabetes tipo 1 ou insulino dependente e o tipo 2 não insulino dependente.

Sendo considerada uma das complicações médicas mais frequentes na gravidez, é definida como uma anomalia da tolerância aos hidratos de carbono, de gravidade variável, que surge ou é diagnosticada pela primeira vez no decurso de uma gravidez (Paiva et al., 2022). Surgindo graus variáveis de hiperglicemia materna na gestação aumenta a morbidade e a mortalidade materna e fetal. Que segundo Friel (2023), podem ser quando há um descontrolo da diabetes preexistente (pré-gestacional) ou gestacional durante a organogénese (até aproximadamente às 10 semanas da gestação) o aumento do risco de: malformações congênitas e o risco de morte fetal in útero. O controlo deficiente da diabetes mais tarde na gestação, aumenta o risco de: macrossomia (peso fetal > 4.000 gramas ou > 4.500 gramas ao nascimento), pré-eclampsia, hipoglicémia neonatal, traumatismo de parto (distocia do ombro), o parto por cesariana e o natimorto (Friel, 2023).

Podemos referir então, que perturbando de maneira mais ou menos evidente a gravidez a diabetes mellitus, prejudica comumente o feto e pode provocar a sua morte. Não decorrendo a gravidez até ao fim, surge um impacto traumático que o diagnóstico de aborto ou morte fetal pode causar, associando-o à impossibilidade de o casal vir a ter um filho.

A perda gestacional é, assim, para o casal, um evento traumático que altera o percurso de vida do mesmo. Sendo o impacto dessa perda nos pais devastador e implica o início de um longo pesadelo. No período após a perda gestacional, os pais experimentam um processo de luto que os

afeta a nível biopsicossocial e espiritual. Estes podem experienciar depressão, ansiedade, transtorno de stress pós-traumático, transtornos alimentares e de sono, isolamento e perda de fé, entre outras manifestações.

Há a ideia que nas situações de perda perinatal o sofrimento dos pais é subestimado esperando-se que estes recuperem imediatamente da perda, porque é sentida como sendo uma perda menor do que seria no caso de morte de um filho, após o nascimento (Martínez-Serrano et al., 2019). Um dos fatores que faz com que essa perda seja acompanhada de um tipo de luto diferente de outras perdas é o fato de fazer parte de um processo socialmente oculto e pouco compreendido, mesmo pelos profissionais de saúde. Embora a literatura específica demonstre que o processo do luto inclui vários momentos e perspetivas, a perda gestacional é um acontecimento inesperado e altamente angustiante para os pais, que requer intervenções dos profissionais de saúde que ajudem cada casal, tendo em conta as suas características e individualidade, a ultrapassar esta fase da sua vida.

Quando um casal sofre uma perda gestacional é importante e necessário que o profissional de saúde saiba responder aos seus sentimentos e receios. Assim, ao incentivar o casal a expressar os seus sentimentos e ficar com eles nesse processo, o profissional de saúde ajuda o casal a manter a crença e a dar-lhe a sensação de que têm pelo menos uma quantidade mínima de controlo da sua situação. Deve também incentivar o casal a ter o parceiro presente para que juntos possam resolver essa situação difícil, apoiando-se. Como resultado, o casal e o profissional de saúde são capazes de alcançar um significado positivo de uma experiência de vida difícil. O apoio dos profissionais de saúde aos pais enlutados, a sua participação na perda, a expressão de sentimentos e de emoções, a utilização de métodos de distração, sessões de grupo, apoio social, prática de atividade física e educação familiar foram as intervenções mais eficazes (Lizcano Pabón et. al, 2019).

Neste sentido, o papel da equipa multidisciplinar deve passar por promover o acompanhamento da grávida realizando um rastreio e diagnóstico da diabetes gestacional, controlando as glicémias, com dieta e eventualmente insulinoterapia e incentivar a prática de exercício para melhorar o prognóstico. Possuírem um maior conhecimento sobre os fatores de risco da DMG que podem ser a história familiar, idade materna avançada, doenças como a hipertensão arterial e obesidade, por forma a prevenir esta patologia (OMS, 2022). E ainda promoverem o acompanhamento da mulher/casal perante um processo de luto, numa situação de perda gestacional, uma vez que os profissionais de saúde são uma das principais fontes de apoio ao casal,

implementando intervenções que possam ajudar os pais e os membros da família no processo de luto (Paraíso-Pueyo et al., 2021).

Assim, as evidências revelam a importância de uma comunicação terapêutica por parte do profissional de saúde, muito apoio, centrando as intervenções em ambos os membros do casal, recorrer à escuta ativa, estar presente (quando apropriado). Cada casal é diferente quando se trata da forma como lidam com a sua situação clínica. Assim, é imperativo para o profissional de saúde avaliar como cada membro do casal quer ser acompanhado durante este processo.

Conclui-se que o assunto abordado, é de suma relevância para os profissionais de saúde, que cuidam da mulher/casal que é diagnóstica com a diabetes mellitus gestacional, e pode passar pelo infortuno de perder o seu filho.

Referências Bibliográficas:

- Friel, Lara A. (2023). Diabetes mellitus na gestação – Manual MSD – Versão para profissionais de saúde. Disponível em: rhttps://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%A...

- Lizcano Pabón, L. D. M., Moreno Fergusson, M. E., & Palacios, A.M. (2019). Experience of Perinatal Death from the Father's Perspective. Nurs Res.; 68(5), E1-E9. doi: 10.1097/NNR.0000000000000369.

- Martínez-Serrano, P., Pedraz-Marcos, A., Solís-Muñoz, M., & Palmar-Santos, A.M. (2019). The experience of mothers and fathers in cases of stillbirth in Spain. A qualitative study. Midwifery.; 77, 37-44. doi: 10.1016/j.midw.2019.06.013.

- Organização Mundial da Saúde (OMS). (2022) Relatório Mundial sobre a Diabetes. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254649/9789243565255-spa. Pdfsequence=1&ua=1

- Paiva, I., Araújo, B., Paiva, S. (2022). Diabetes Gestacional: evolução dos critérios de diagnóstico e terapêutica. Revista Portuguesa de Diabetes. 17 (2):47-53p. Disponível em http://www.revportdiabetes.com/wp-content/uploads/2022/06/RPD_Junho_2022...

- Paraíso-Pueyo, E., González-Alonso, A.V., Botigué T., Masot, O., Escobar-Bravo, M.Á., Lavedán-Santamaría, A. (2021). Nursing interventions for perinatal bereavement care in neonatal intensive care units: A scoping review. Int. Nurs. Rev.; 68:122–127. doi: 10.1111/inr.12659.


Ana Cristina Almeida Santos Oliveira - Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia, no Aces Dão Lafões - UCSP de Sátão, Viseu

Mestre em Toxicodependências e Doenças Psicossociais; Pós-Graduação em Gestão e Administração de Serviços de Saúde

Doutoranda do Doutoramento em Enfermagem da Universidade de Lisboa/Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL) Sócia da www.girohc.pt

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Organização sem fins lucrativos
A European Association of Value-Based Health Care (EAVBHC) acaba de ser lançada publicamente no Parlamento Europeu em Bruxelas....

A associação é presidida pelo português João Marques Gomes, economista da saúde e professor na Nova SBE, e conta com um conjunto de personalidades europeias da área da saúde para apoiar na transição para um modelo de Saúde baseado em Valor.

A EAVBHC é uma organização sem fins lucrativos. Foi fundada por 21 especialistas em Value-Based Health Care (VBHC) de 10 países europeus que se juntaram para ajudar a acelerar a transformação dos cuidados de saúde em toda a Europa.

De acordo com João Marques Gomes, Presidente da EAVBHC, “Em todo o mundo, apesar do trabalho e do empenho dos profissionais de saúde, bem-intencionados e altamente qualificados, os sistemas de saúde enfrentam custos crescentes e desigualdade na qualidade dos serviços prestados. Se nada for feito, os custos ficarão incomportáveis e as sociedades terão de fazer escolhas. É urgente consciencializar os cidadãos europeus para os desafios que os sistemas de saúde enfrentam e fazê-los perceber que a Saúde Baseada em Valor é a solução para sistemas de saúde sustentáveis e centrados no doente”.

Perante sistemas de saúde financeiramente insustentáveis, a EAVBHC propõe substituir os atuais modelos de prestação dos cuidados de saúde baseados em volume por um sistema de cuidados de saúde baseado no real valor que os cuidados têm para os doentes e para os sistemas de saúde. Um sistema de saúde baseado em valor foca-se na promoção da saúde, na medicina preventiva e nos melhores tratamentos disponíveis para reduzir o número de doentes. Só assim será possível reduzir custos, promover um sistema de saúde sustentável e, acima de tudo, melhorar a qualidade de vida das pessoas.

O 'valor' na saúde é medido pelos resultados de saúde alcançados e pelos custos suportados, e não pelo número de consultas ou cirurgias. O valor inclui também, cada vez mais, a qualidade da experiência doente-família e as interações interpessoais entre o prestador e o utente.

 

 

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