Relatório da OIT e IAPB
De acordo com o estudo “Saúde Ocular e o Mundo do Trabalho” , 13 milhões de pessoas vivem com deficiência visual associada ao...

A saúde ocular afeta significativamente o mercado de trabalho: trabalhadores com deficiência visual têm 30% menos probabilidade de serem empregados, em comparação com aqueles sem deficiência. O desenvolvimento económico desempenha um papel significativo na prevalência de deficiência visual, com regiões de baixo e médio rendimento a registarem cerca de quatro vezes mais casos do que regiões de alto rendimento.

Mais de 90% dos casos de deficiência visual são evitáveis ou tratáveis por meio de intervenções existentes e com elevada taxa de custo-efetividade, refere o estudo. Isso ressalta a necessidade de iniciativas globais coordenadas.

Segundo este estudo, os programas de segurança e saúde no trabalho destinados a proteger a visão dos trabalhadores devem ser concebidos tendo em mente três objetivos: prevenir a exposição a riscos específicos em cada local de trabalho, proteger a saúde existente dos olhos dos trabalhadores e fornecer um sistema para incluir a perda de visão natural dos trabalhadores nas avaliações de risco.

Os trabalhadores devem ser informados dos riscos que podem afetar a saúde da sua visão. Os trabalhadores e os seus representantes devem também ser consultados sobre programas e intervenções de saúde ocular nos locais de trabalho.

"A OIT enfatiza a importância de proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores – incluindo seus olhos. Ao priorizar a consciencialização sobre a saúde ocular e a implementação efetiva, podemos garantir que os trabalhadores tenham acesso a um ambiente de trabalho seguro e saudável. Isso garante seu bem-estar geral, reduz as disparidades e leva ao aumento da produtividade", disse Joaquim Pintado Nunes, chefe de Administração do Trabalho, Inspeção do Trabalho e Segurança e Saúde Ocupacional da OIT.

"Este relatório demonstra a todos a importância de cuidar dos nossos olhos, ao mesmo tempo em que fornece orientações e recomendações incrivelmente úteis sobre como proteger e promover a saúde ocular no local de trabalho", disse a presidente do IAPB, Caroline Casey.

Este estudo surge no âmbito do Dia Mundial da Visão (12 de outubro) que este ano se centra na importância da saúde ocular no local de trabalho com o tema 'Ame os Seus Olhos no Trabalho'.

 

Congresso Internacional da ERS 2023
Porque os médicos e outros profissionais de saúde são um pilar fundamental no foco no que é realmente importante para os...

O espaço Air Liquide Healthcare presente no Congresso, contará com uma exposição que permitirá aos médicos e outros profissionais de saúde vivenciar a jornada terapêutica de três pessoas com Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), respetivamente, recorrendo a tablets, óculos de realidade virtual e vídeos que ajudarão a criar uma experiência imersiva e mais próxima da realidade quotidiana do doente.

Pretende-se, assim, transmitir de que forma a Air Liquide Healthcare personaliza e adapta os seus cuidados a cada doente. Neste espaço, os especialistas na área respiratória da Air Liquide Healthcare irão ainda partilhar a sua experiência e conhecimento relativamente aos principais desafios e impactos das doenças respiratórias crónicas, aos principais outcomes que importam aos doentes, e de que forma podem colaborar também com os seus cuidadores para melhorar os outcomes.

Um plano de cuidados personalizados que visa melhorar os outcomes do doente com Apneia do Sono

O plano de cuidados permite um apoio personalizado a doentes, médicos e outros profissionais de saúde, desde o momento do diagnóstico e ao longo de todo o percurso do tratamento da apneia do sono, incluindo: - Personalização da iniciação terapêutica baseada no perfil e avaliação de preferências do doente - Plano de seguimento personalizado, elaborado com base na monitorização de indicadores clínicos, resultados reportados pelo doente (PROMs) e experiência (PREMs) ao longo do tempo. Esta abordagem integrada permite ajustar continuamente o apoio prestado, de forma a responder às necessidades dos doentes, com uma combinação única de interações humanas e digitais.

Este novo modelo é o resultado de um projeto de investigação em que se procurou compreender os comportamentos e preocupações relativas às doenças crónicas de cerca de 50 mil doentes em todo o mundo, tendo sido o seu desenvolvimento orientado para os resultados valorizados pelos doentes, procurando potenciar a adesão ao tratamento*.

Promover a implementação de uma abordagem Value-Based Healthcare nos cuidados de saúde ao domicílio

Como empresa líder nos cuidados de saúde ao domicílio, a ambição da Air Liquide Healthcare é acompanhar e impulsionar a transformação destes cuidados, procurando maximizar os resultados (outcomes) que mais importam para os doentes, nomeadamente a qualidade de vida e experiência com a terapia, ao melhor custo para o sistema de saúde.

Com mais de 30 anos de experiência no cuidado dos doentes no seu domicílio, a Air Liquide Healthcare apoia e capacita 1,9 milhões de pessoas que vivem com doenças crónicas ao longo da sua jornada, medindo os outcomes que mais lhes importam e adaptando os cuidados com o objetivo de melhorar os resultados em saúde.

Segundo Dolores Paredes, Vice-Presidente de Mercados, Estratégia e Inovação da Air Liquide Healthcare, "A proximidade com cada doente permite-nos adotar uma abordagem centrada no doente, projetar planos de cuidados personalizados, contribuindo para melhorar a sua qualidade de vida. Estamos empenhados em trabalhar em conjunto com médicos e outros profissionais de saúde, já que acreditamos firmemente que juntar esforços no sentido de adotar um modelo Value-Based Healthcare é a melhor forma de desenvolver o que realmente importa para a maioria dos doentes e, simultaneamente, garantir a sustentabilidade do Sistema de Saúde.”

Estudo Fundação Champalimaud
O cérebro do peixe-zebra, embora mais simples do que o seu homólogo humano, é uma rede complexa de n

Por que temos um cérebro “A função primária do cérebro é o movimento”, explica Claudia Feierstein, autora principal do estudo publicado na revista científica Current Biology. “As plantas não precisam de cérebro porque não se movem. No entanto, mesmo para algo aparentemente tão simples como os movimentos oculares, o papel do cérebro permanece em grande parte enigmático. O nosso objetivo é iluminar esta ‘caixa preta’ de movimento e descodificar como a atividade neural controla os movimentos dos olhos e do corpo, usando o peixe-zebra como organismo modelo”.

Com os seus minúsculos corpos transparentes, os peixes-zebra tornaram-se um modelo muito “querido” pela neurociência, uma vez que oferecem uma janela única para o funcionamento do cérebro. “O movimento dos olhos é um circuito neural conservado, ou seja, semelhante, em todas as espécies, incluindo os humanos”, observa Feierstein. “Se conseguirmos compreender como funciona no peixe-zebra, poderemos começar a compreender melhor como o cérebro humano se movimenta”. O peixe-zebra, como os humanos, possui uma capacidade inata de estabilizar a sua visão e posição em resposta ao movimento. Quando o mundo ao seu redor gira, para manter a estabilidade, os seus olhos e corpo movem-se em conjunto. O mesmo acontece quando fixamos o olhar num ponto durante uma volta de carrossel.

Mas como é que o cérebro coordena esse comportamento? Estudos anteriores, realizados por esta equipa, mostraram que diferentes partes do cérebro do peixe-zebra estavam associadas a diferentes tipos de movimentos. No entanto, a relação precisa entre estas áreas cerebrais e o comportamento real permaneceu desconhecida. “Embora saibamos que os neurónios estão envolvidos na deteção de estímulos visuais (a entrada) e no controlo dos músculos (a saída), permanecemos sem compreender sobre o processamento cerebral que acontece entre uma coisa e outra.”, observa Feierstein. Para complicar as coisas está a infinidade de estímulos aos quais os neurónios respondem e a quantidade impressionante de dados que são registados por estudos de imagens do cérebro inteiro. “Quando temos dezenas de milhares de neurónios e 100 diferentes comportamentos possíveis que esses neurónios podem codificar, não é trivial compreender o que está a acontecer”.

Como explica Michael Orger, um dos dois autores seniores do estudo: “Quando observamos a atividade de neurónios individuais, descobrimos que eles podem responder a múltiplas variáveis comportamentais. Isto torna difícil identificar o que é que está exatamente a impulsionar a sua atividade”. Isto leva a uma interação complexa entre neurónios e comportamento, onde neurónios individuais podem estar envolvidos em vários tipos de movimentos.

Uma nova abordagem analítica

Para enfrentar este desafio, os investigadores utilizaram inicialmente um método estatístico conhecido como regressão linear para explorar a relação entre variáveis comportamentais e atividade neuronal. No entanto, rapidamente perceberam que examinar os neurónios um por um não fornecia uma compreensão clara do quadro geral. Era como tentar compreender um espetáculo de dança, de grande escala, com centenas de bailarinos, quando se está apenas a observar os movimentos de um bailarino. “Começamos por observar neurónios individuais, mas rapidamente percebemos que precisávamos compreender o conjunto, ou se quisermos, todo o grupo de bailarinos”, diz Feierstein. “Portanto, incorporámos na nossa análise o que é conhecido como etapa de ‘redução de dimensionalidade’ por forma a obter uma visão ampliada do que a população de neurónios está a fazer”.

Como aponta Christian Machens, o outro autor sénior do estudo: “Queríamos saber: como a atividade geral que medimos se relaciona com o comportamento? Como podemos resumir a atividade de dezenas de milhares de neurónios às suas características essenciais? Foi necessário um tempo considerável para desenvolver a abordagem analítica para isso. Mas uma vez que conseguimos superar estes desafios, foi finalmente possível perguntar: como é que a atividade global destes neurónios se relaciona com comportamentos específicos, como o movimento dos olhos ou a natação?”.

No estudo, os peixes-zebra foram colocados em agarose, uma substância semelhante à gelatina, para assim mantê-los numa posição fixa possibilitando aos investigadores a recolha de imagens do cérebro. Para permitir o movimento, a agarose foi removida das zonas próximas dos olhos e da cauda. “Colocámos então imagens num ecrã por baixo do peixe-zebra e registámos a atividade cerebral com um corante fluorescente através de um microscópio”, descreve Feierstein.

Revelando a coreografia do cérebro

Ao aplicar a sua abordagem analítica a uma região do cérebro do peixe-zebra chamada rombencéfalo, os investigadores conseguiram condensar a cacofonia da atividade neuronal em duas “características” principais, ou padrões de atividade, que correspondiam a tipos específicos de movimentos, e que são presumivelmente gerados por circuitos independentes no romboencéfalo do peixe-zebra.

O primeiro circuito que encontraram diz respeito principalmente aos movimentos oculares, especificamente à rotação dos olhos, no sentido dos ponteiros do relógio ou no sentido contrário. Imagine um peixe a ver algo a girar no seu ambiente. Para manter uma visão estável deste objeto giratório, os olhos do peixe também giram e a sua cauda pode mover-se. Essencialmente, este circuito ajuda o peixe a ajustar os olhos para manter uma imagem constante e estável do que está a ver. Como explica Feierstein: “É como se o cérebro dissesse: ‘Tudo bem, o mundo está a girar ao meu redor, preciso mover os meus olhos para o acompanhar’”. Além disso, os investigadores descobriram que os neurónios associados à rotação para a esquerda e para a direita estavam anatomicamente segregados nos hemisférios esquerdo e direito do cérebro, respetivamente.

O segundo circuito está mais envolvido no que os investigadores chamam de “vergência” e movimento da cauda. Vergência é a capacidade dos olhos se moverem em direções opostas - em que ambos os olhos se aproximam ou afastam do nariz - em resposta a estímulos. Este circuito entra em ação quando o peixe percebe um estímulo que se move de trás para frente. Ao sentir-se como se estivesse a flutuar para trás, o peixe nada para frente para estabilizar a sua posição. Ao mesmo tempo, os seus olhos convergem para manter uma imagem estável. Consequentemente, este circuito ajuda o peixe a ajustar os movimentos do corpo e dos olhos para permanecer numa posição estável.

Como resume Orger: “Um circuito cerebral está principalmente preocupado com os movimentos oculares, particularmente a rotação, para manter uma imagem estável na retina. O outro circuito está principalmente envolvido no movimento corporal, principalmente na natação, em resposta a estímulos visuais para manter uma posição estável no ambiente. Estes circuitos ajudam os peixes a adaptar-se às mudanças no seu ambiente, permitindo-lhes manter uma visão e posição estáveis. Embora os mecanismos exatos ainda não estejam totalmente claros, este estudo fornece informações valiosas sobre como circuitos independentes no cérebro controlam diferentes tipos de movimentos”.

O que mais surpreendeu Feierstein e a sua equipa foi a robustez das suas descobertas. “Encontramos estes circuitos de forma consistente em cada um dos peixes que observamos”, acrescenta. O estudo sugere que esses circuitos não são puramente sensoriais nem puramente motores, mas ficam num ponto intermédio, possivelmente traduzindo informações sensoriais em ações motoras. Em resumo, os investigadores podem ter encontrado dois “coreógrafos” diferentes, cada um dirigindo o seu próprio conjunto de movimentos para ajudar os peixes a interagir com o seu ambiente de forma eficaz.

Uma perspetiva mais simples sobre a complexidade

A investigação da equipa contribui não apenas para uma melhor compreensão de como o cérebro controla o movimento, como também traz um novo método analítico para esta área que pode servir como uma ferramenta muito útil para outros investigadores. “O bom deste método”, diz Feierstein, “é que pode ser utilizado por outras equipas interessadas em melhor compreender a ligação entre a atividade neural e o comportamento”.

As descobertas do estudo podem potencialmente abrir novos caminhos para a compreensão de condições em que a tradução de informações sensoriais em comandos motores pode ser interrompida, como em certos distúrbios neurológicos. Além disso, os resultados poderão inspirar novas abordagens em robótica e aprendizagem automática, onde o conceito de traduzir dados sensoriais em movimento é um princípio fundamental.

Para Machens, “a técnica analítica que desenvolvemos sublinha uma visão crítica: embora os neurónios individuais possam ser incrivelmente complexos, a nível populacional, o seu comportamento pode ser destilado em padrões mais simples. É um lembrete de que às vezes, para compreender a intrincada dança do cérebro, precisamos recuar e ver o todo, o conjunto”.

Quanto aos próximos passos, Feierstein está interessada em ir mais a fundo. “Nós apenas arranhamos a superfície. Um dos próximos passos será observar a atividade de diferentes tipos de neurónios, como os neurónios excitatórios e inibitórios, para ver o que está a acontecer e como estão envolvidos neste processo”. No grande ballet do cérebro, cada neurónio desempenha um papel e, graças a este estudo, estamos uma pirueta mais perto de compreender a coreografia do movimento.


Legenda da imagem: Circuitos do cérebro posterior do peixe-zebra ativos durante as rotações dos olhos (neurónios a azul e a vermelho) e natação (neurónios verdes).
Créditos: Cláudia Feierstein.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Show Cooking insere-se em programa de alimentação sustentável do IPC
No próximo dia 11 de setembro, os estudantes do Politécnico de Coimbra têm a oportunidade de começar o ano letivo a viajar por...

O evento, dinamizado pelo Serviço de Saúde Ocupacional e Ambiental e pela Unidade de Alimentação e Nutrição dos Serviços de Ação Social (SAS) do IPC conta com a presença do Presidente do IPC, Jorge Conde, e de João Lobato, Administrador dos SAS do IPC.

“Este workshop é mais um contributo para a promoção e sensibilização dos estudantes do Ensino Superior para uma alimentação mais saudável e sustentável”, declara João Lobato sobre o evento gratuito e aberto a todos os estudantes, contudo sujeito a um número limitado de vagas, que podem ser garantidas aqui.

Este workshop foi desenvolvido no âmbito do lançamento do novo programa “Prato Sustentável”, desenvolvido pelo SASIPC, que consiste em servir aos alunos todas as segundas-feiras, ao almoço e ao jantar, refeições de base vegetal saborosas, apelativas e equilibradas. Assim, substitui-se a refeição de carne por um prato vegano, a que se juntam os já habituais 1 prato de peixe e 1 prato vegano, com vista a tornar as refeições escolares mais amigas do ambiente e a incentivar hábitos alimentares sustentáveis. Estimula-se assim o aumento do

consumo de legumes e leguminosas, desde as idades mais jovens, promovendo a sua saúde. Além disso, as leguminosas (fontes de proteína vegetal - por exemplo, grão-de-bico, feijão, fava e lentilhas), têm uma pegada ecológica reduzida, dado que a sua produção requer menos recursos – como água fresca e terra arável – e emitem menos gases com efeito de estufa, tornando as refeições escolares mais amigas do ambiente.

“Quando falamos de consumo sustentável é comum pensar-se no consumo de energia e de água, na prevenção e separação de resíduos para reciclagem, no uso da bicicleta e de transportes públicos, mas, na verdade, é a alimentação que apresenta a maior fatia da pegada ecológica dos Portugueses (30%)”, alerta Ana Ferreira, Vice-Presidente do IPC e responsável pela área da Saúde Ocupacional e Ambiental. “Sabendo que, ao apostarmos na redução do consumo de proteína animal, podemos diminuir a nossa pegada alimentar para cerca de metade e que estamos, ainda, a promover saúde com menor risco de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, atribuímos à iniciativa uma importância fulcral”, acrescenta.

Este projeto surge no âmbito da preocupação sentida pelo Politécnico de Coimbra em relação ao facto de o consumo de carne e peixe, per capita, em Portugal, ser dos mais elevados do mundo. Este consumo é o fator que mais peso tem na pegada ecológica, tendo em conta que representa mais de 50 por cento da pegada ecológica da alimentação, além de que o consumo de carne, de pescado e de ovos é três vezes superior de acordo com a Roda dos Alimentos. Face a estes dados, entidades como a ONU têm vindo a recomendar a redução do consumo de proteína animal como uma das formas mais eficazes de combate às alterações climáticas. A alimentação de base vegetal, e a predominantemente vegetariana, traz maior diversidade alimentar e benefícios cientificamente comprovados para a saúde, sobretudo ao nível da prevenção de diabetes, hipertensão, obesidade, doença coronária e doença oncológica.

Dia 26 de setembro
O Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira vai promover um workshop dedicado à proteção de dados de saúde dos utentes,...

Este workshop tem como público-alvo os colaboradores do CHUCB, mas também se destina à comunidade local, às entidades públicas e privadas que colaboraram no projeto, bem como outros stakeholders, interessados na temática.

O evento será dividido em dois momentos distintos. No primeiro momento, serão apresentadas as soluções implementadas no contexto do projeto PUHealthDat@. Serão destacadas as inovações e medidas adotadas para garantir a proteção eficaz dos dados de saúde dos utentes, uma questão de relevância crescente no setor da saúde.

O segundo momento consistirá numa sessão prática em proteção de dados, especialmente desenvolvida para os profissionais de saúde. Esta fornecerá orientações práticas e informações cruciais sobre as melhores práticas em termos de proteção de dados de saúde.

O projecto “PUHealthDat@” foi desenvolvido no âmbito do sistema de apoio à modernização e capacitação da administração pública (SAMA 2020) e é co-financiado pelo Compete 2020, Portugal 2020 e Fundo Social Europeu.

O Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira demonstra, assim, o seu compromisso com a segurança e privacidade dos dados de saúde dos utentes, buscando a excelência na gestão dessas informações críticas.

As inscrições para participação presencial no evento são gratuitas, mas obrigatórias, em chcbeira.up.events, e somente nesta modalidade conferem direito a certificado de participação.

 

Primeiro escritório da OMS dedicado à tecnologia, à robótica e ao empreendedorismo em saúde nasce em Portugal
O Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, assinou, esta terça-feira, uma carta de intenções com o diretor regional da Organização...

Na conferência de imprensa conjunta, o Ministro da Saúde salientou que os países enfrentam desafios comuns neste setor, como a escassez de recursos humanos, defendendo que só a união entre os vários estados permitirá responder com sucesso e encontrar as melhores soluções.

Neste contexto, Manuel Pizarro manifestou a satisfação de Portugal por poder receber o primeiro escritório da OMS dedicado à temática da tecnologia e do empreendedorismo em saúde, sublinhando a capacidade e o conhecimento do país nesta área, em que poderá trabalhar de forma mais intensa e contribuir com conhecimento para toda a Europa.

Da prescrição desmaterializada, passando pelas teleconsultas, pela Linha SNS24 e por medidas como a desburocratização das baixas até três dias, foram vários os exemplos avançados pelo Ministro da Saúde de reformas bem-sucedidas em Portugal e que podem ajudar outros países.

O governante afirmou que a digitalização é crucial para a transformação dos sistemas de saúde e para o desenho de respostas que vão ao encontro das necessidades e expetativas das pessoas. “Temos que investir na digitalização, mas não perdendo o foco de que na sociedade, no seu conjunto, e no SNS, em particular, são as pessoas que estão no centro”, disse.

Para Manuel Pizarro, a tecnologia deve aproximar as pessoas e ser fator de equidade. “A transição digital não pode deixar parte da sociedade para trás”, disse, defendendo a importância da regulação e assegurando que “a tecnologia manterá os valores de sempre do nosso sistema de saúde. Esses valores, do acesso universal e da equidade, não são negociáveis”, asseverou.

O Ministro da Saúde já tinha firmado, em fevereiro, em Copenhaga, um compromisso para instalar em Portugal este escritório. A declaração conjunta foi assinada após uma reunião de trabalho entre a comitiva ministerial portuguesa e o diretor regional da OMS para a Europa, focada na promoção do acesso universal e equitativo à saúde.

A criação deste escritório em Portugal representa um passo importante na ação da OMS a nível internacional, e de um modo especial na região europeia, uma vez que a implementação de tecnologias de saúde, acompanhada de programas de literacia digital, contribuirá de um modo decisivo para a modernização dos serviços de saúde, garantindo acesso a cuidados de saúde mais inovadores que respondam às necessidades da população, especialmente dos mais vulneráveis. Para a concretização deste acordo contribuíram as vantagens estratégicas de Portugal e a vocação empreendedora e inovadora do País, objeto de diálogo ao longo dos últimos meses com a OMS/Europa.

O ColorADD é um Sistema de Identificação de Cores para Daltónicos
Na semana em que se assinala o Dia Mundial do Daltonismo, o 8ª Avenida, LoureShopping e RioSul Shopping, Centros Comerciais...

O Código ColorAdd é uma ferramenta inovadora que procura garantir a plena integração de um público daltónico, sempre que a cor é fator determinante de

identificação, orientação ou escolha. Este código estará presente nos espaços comuns, em zonas como os parques de estacionamento, zonas de separação de resíduos e elevadores.

Criado em Portugal, o Sistema de Identificação de Cores ColorADD é uma linguagem universal que permite aos portadores de daltonismo identificar cores nos objetos e superfícies, com o objetivo tornar a comunicação mais eficaz. Este código é composto por cinco símbolos gráficos que representam as 3 cores primárias - azul, amarelo e vermelho –, assim como o preto e o branco, ajudando também às tonalidades mais claras e escuras.

“O principal compromisso da CBRE é com as pessoas, e esta iniciativa representa não só uma inovação local, mas uma contribuição global para uma comunidade aberta a todos, vem reforçar o nosso foco e objetivo de impactar as comunidades de forma positiva. Estamos muito satisfeitos por permitir que os nossos Centros Comerciais sejam espaços ainda mais inclusivos e acessíveis a todos.”, afirma Mónica Pinto Coelho, Diretora Ibérica de Marketing de Property Management da CBRE.

O daltonismo é uma insuficiência visual que afeta a capacidade de distinguir várias cores. Cerca de 350 milhões de pessoas no mundo, das quais 500 mil homens e 27 mil mulheres, em Portugal, sofrem desta incapacidade de identificar cores.

 

E as desigualdades de género levam a atrasos no diagnóstico de doença nas mulheres
As desigualdades educacionais matam mais que o tabaco. Esta é a conclusão devastadora a que chegou um grupo de investigadores...

Relativamente às desigualdades na educação, utilizando o registo de mortalidade e os dados de exposição da população de Espanha para o período 2016-2019, os investigadores estimaram que ocorreram um total de 64.960 mortes anuais (35.920 homens e 29.040 mulheres) atribuíveis à desigualdade educativa, em comparação com as 54.772 mortes anuais atribuíveis ao tabagismo (45.865 homens e 8.907 mulheres). Ou seja, a mortalidade associada às desigualdades socioeconómicas, em Espanha, é superior à mortalidade por consumo de tabaco.

Tal como explica Sergi Trias-Llimós, investigador Ramón y Cajal do Centro de Estudos Demográficos de Barcelona e principal autor deste estudo, as pessoas com um nível educacional mais baixo apresentam taxas de mortalidade mais elevadas. Isto deve-se a múltiplos fatores, incluindo melhores rendimentos, mais recursos materiais e mais conhecimento sobre saúde e bem-estar. “Tudo isso contribui para que as classes sociais mais altas tenham melhor saúde e, portanto, maior expectativa de vida”, ressalta.

Na verdade, segundo os cálculos de Trias-Llimós, se não existissem desigualdades, se todos tivessem o nível educacional dos grupos sociais mais favorecidos, 15% das mortes associadas a esta desigualdade poderiam ser evitadas.

No caso dos homens, seriam evitadas principalmente as mortes causadas por doenças cardiovasculares, respiratórias, oncológicas e infeciosas. Quanto às mulheres, a maioria das mortes que seriam evitadas estariam relacionadas com doenças cardiovasculares, infeciosas e endócrinas.

“Estas desigualdades são um desafio para a saúde pública. Muitas vezes são estudados sob uma única perspetiva e devem ser analisados sob diferentes prismas para poder envolver quem implementa as políticas públicas”, considera o investigador. “Embora as políticas de saúde pública se tenham, maioritariamente, focado na mudança de estilos de vida, este estudo mostra que a eliminação das desigualdades estruturais teria um impacto muito relevante”, acrescenta.

Atrasos em diagnósticos que colocam em risco a saúde da mulher

Além da condição socioeconómica, o género é outro dos fatores determinantes das desigualdades em saúde. Não só determina as diferentes exposições aos riscos, mas também os comportamentos relacionados com a saúde, o acesso ao sistema de saúde e até o diagnóstico e tratamento.

Por exemplo, os trabalhos que exigem maior esforço físico são normalmente desempenhados por homens, o que os expõe a um maior risco de acidentes de trabalho. Em contrapartida, as mulheres realizam frequentemente tarefas relacionadas com cuidados, o que as expõe a produtos químicos relacionados com a limpeza ou movimentos repetidos.

"Homens e mulheres acedem ao sistema de saúde de forma diferente e o sistema de saúde também responde de forma diferente, uma vez que o conhecimento que é aplicado na prática clínica se baseia em estudos que priorizaram o conhecimento sobre a saúde dos homens e

perpetuaram estereótipos de género”, afirma Elisa Chilet, investigadora e professora da Universidade Miguel Hernández de Elche que, neste congresso, ministrou um curso sobre desigualdades em saúde com perspetiva de género.

Chilet expõe citando um estudo publicado em 2019 na Nature Comunicações que dizia que, em média, as mulheres são diagnosticadas até quatro anos depois dos homens, embora não se saiba se essas diferenças se devem à genética, ao ambiente, aos critérios diagnósticos ou a uma combinação de vários fatores. Mas os atrasos no diagnóstico não são as únicas consequências destas desigualdades, tal como o são o subtratamento nas doenças cardíacas, uma maior prescrição de analgésicos, mais diagnósticos de depressão e ansiedade e, inversamente, o subdiagnóstico de outras patologias mentais.

“Há uma tendência a interpretar os sintomas e queixas das mulheres como exagerados e a atribuí-los a causas psicossomáticas e não físicas”, explica a investigadora, que também se refere às dores incapacitantes que muitas mulheres sofrem durante a menstruação. “Elas têm que ouvir repetidamente que a menstruação dói e não foi considerado um problema de saúde importante para estudar”, afirma.

Da mesma forma, Chilet é muito crítico em relação à atitude paternalista com que, por vezes, o pessoal médico aborda o momento do parto. “Partem da premissa de que as mulheres devem ser estóicas durante o parto, apesar da dor”, diz ela.

Avanços importantes, mas lentos contra a desigualdade

Apesar destas desigualdades, considera que os profissionais de saúde estão cada vez mais conscientes de que a situação deve mudar, e diferentes iniciativas têm surgido na prática clínica para ter em conta as questões de género. “No entanto, tendo em conta que discutimos estes preconceitos há mais de 30 anos, o progresso é lento”, salienta.

Perante esta realidade, o especialista acredita que a epidemiologia pode desempenhar um papel fundamental ao fornecer informação sobre as diferenças na prevalência de doenças entre os sexos, nos comportamentos de risco ou no acesso a cuidados médicos por parte de homens e mulheres. “A investigação que não inclua a perspetiva de género será uma fotografia parcial da realidade que nos levará a soluções que não beneficiam equitativamente a população”, alerta.

Encontro que reúne cerca de 800 profissionais

Cerca de 800 profissionais estão reunidos, desde terça-feira, no Porto no âmbito do XLI Encontro Anual da Sociedade Espanhola de Epidemiologia e do XVIII Congresso da Associação Portuguesa de Epidemiologia (APE). Através de 16 mesas espontâneas e de mais de mil comunicações, estão a ser abordados e discutidos vários temas como o rastreio do do cancro, má conduta científica, saúde e vulnerabilidade social, saúde urbana e alterações climáticas, doenças infeciosas, COVID-19 e suas consequências, género e saúde, saúde materno-infantil, VIH/sida, saúde mental ou ecoansiedade.

Esta sexta-feira, 8 de setembro, às 12h00, terá lugar um painel sobre como a epidemiologia tem contribuído para as decisões políticas para a saúde, que será o tema de encerramento desta edição do congresso.

Entrevista | Arsénio Santos, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF)
Fadiga e comichão na pele estão entre os principias sintomas da Colangite Biliar Primária, uma doenç

Estima-se que, em Portugal, possam existir entre 500 a 1000 pessoas com Colangite Biliar Primária. Uma doença sem cura, assintomática e da qual não se ouve falar. Assim, e para ajudar a compreender esta patologia, começo por lhe perguntar em que consiste e, sabendo que as causas ainda não são conhecidas, a que fatores se pensa que pode estar associada?

Começaria por dizer que, extrapolando para nós dados conhecidos do norte da Europa, acredito que existirão em Portugal muito mais casos, diria pelo menos 2 mil. Além de muitos dos casos já diagnosticados estarem dispersos por muitos médicos e não termos uma contabilização fidedigna da realidade nacional, acredito que bastantes casos estão ainda por diagnosticar. Trata-se de uma doença que resulta da inflamação crónica das vias biliares nos seus ramos localizados ao interior do fígado, que é provocada por um processo autoimune (o organismo ataca uma parte normal de si próprio). A razão por que isso acontece é desconhecida, sabemos que a doença pode estar associada a episódios prévios de infeção urinária ou a exposição a certos tóxicos, mas na prática clínica não identificamos habitualmente nenhum fator.

Por que motivo são as mulheres as mais atingidas por esta doença?

Esta é uma questão ainda nebulosa, mas podem estar em causa fatores hormonais: o ambiente hormonal típico do sexo feminino poderá ser facilitador da manifestação da doença.

A partir de que idade é, habitualmente diagnosticada?

Manifesta-se em regra entre os 35 e os 60 anos de idade.

Embora se estime que uma grande percentagem dos casos, e durante muitos anos, esta tenha uma evolução assintomática ou silenciosa, quando surgem as primeiras manifestações da doença, que manifestações são essas? A que sinais devemos estar atentos?

Os sintomas mais comuns são o prurido e a fadiga. Outros sintomas, tais como a icterícia, o aumento de volume do abdómen ou equimoses fáceis podem surgir numa fase mais tardia da doença e significam que houve evolução desfavorável. Contudo, é de salientar que a maioria das pessoas com esta doença não tem sintomas no momento do diagnóstico. Na verdade, muitas destes doentes só são diagnosticados, porque apresentam alterações hepáticas nos testes de rotina ao fígado.

Como é feito o seu diagnóstico? Existem análises específicas que podem facilitar a identificação da doença?

A Colangite Biliar Primária é diagnosticada com base em dois parâmetros alterados nas análises sanguíneas: um valor aumentado da fosfatase alcalina e a existência de anticorpos anti-mitocondriais positivos. Muito raramente é necessário para o diagnóstico fazer uma biopsia do fígado.

De um modo geral, qual o prognóstico da Colangite Biliar Primária? Quais as principais complicações associadas?

Numa boa parte dos doentes pode não haver evolução para formas graves da doença e a esperança de vida pode ser similar à das pessoas saudáveis. Há vários parâmetros que ajudam a prever essa evolução, sendo o mais importante o valor da fosfatase alcalina: quanto mais próximo do normal conseguirmos manter o seu valor, melhor o prognóstico. Mas, noutros casos, há risco de progressão da doença, com evolução para fibrose hepática, cirrose, insuficiência hepática e morte. Os estudos mostram que os doentes com níveis anormalmente elevados de fosfatase alcalina têm maior risco de transplante hepático e de morte, enquanto os doentes com níveis mais baixos têm melhores resultados clínicos. Neste aspeto, o tratamento tem um papel decisivo…

Sendo a cirrose uma das principais consequências, que cuidados deve ter o doente quando esta já está presente?

Quando já existe cirrose, o tratamento continua a ser importante. Há que tentar retardar o mais possível a descompensação hepática e evitar as suas complicações: a ascite, a hemorragia digestiva e a encefalopatia hepática, entre outras. E é muito importante nessa fase evitar outros fatores de agressão hepática, como certos medicamentos (anti-inflamatórios, por exemplo) e a ingestão de álcool.

Tratando-se de uma patologia para a qual não existe cura, em que consiste o seu tratamento?

O tratamento de primeira linha é o ácido ursodesoxicólico, fármaco que usamos há décadas e com o qual já existe larga experiência. É um tratamento geralmente bem tolerado e eficaz em cerca de 60% dos casos. Nos restantes cerca de 40% de doentes que têm uma resposta inadequada ao ácido ursodesoxicólico, temos atualmente outro medicamento, o ácido obeticólico, que deve ser tomado em associação com o anterior. E, em casos ainda mais resistentes, temos ainda outras possibilidades, como os fibratos que, não estando ainda formalmente aprovados nesta doença, têm estudos que mostram resultados promissores. O tratamento desta doença é, em princípio, para manter durante toda a vida.

O que acontece quando os tratamentos não são bem tolerados pelo paciente? É nestes casos que o transplante hepático pode ser a única opção?

Uma intolerância que impeça, de todo, o uso destes fármacos é rara. E, como foi dito anteriormente, já existem várias opções. Mas, é verdade, os casos em que não conseguirmos usar os tratamentos disponíveis correm maior risco de evolução desfavorável. O transplante hepático só é necessário quando se atinge a fase de cirrose ou quando a doença provoca um prurido intolerável e intratável por métodos mais comuns, situação que é rara.

Sabendo que durante muito anos (décadas) não houve progressos nesta área, o que mudou, entretanto?

É verdade. Durante décadas, tivemos apenas o ácido ursodesoxicólico que, sendo excelente, não era suficiente numa parte dos doentes. Mas, em 2016, foi aprovado o ácido obeticólico. E, como já foi referido, em breve poderemos ter outras opções formalmente aprovadas. Mas nos últimos anos, aumentou muito o nosso conhecimento desta doença e sabemos hoje melhor como lidar com ela. E, nos casos que correm pior, temos hoje a possibilidade de recorrer ao transplante de fígado.

De um modo geral, de que forma esta patologia impacta a vida do doente?

Atualmente, com os meios que temos ao dispor, a maioria dos doentes fazem uma vida normal. As situações mais desconfortáveis e, mesmo, dramáticas, são os casos, felizmente menos frequentes, em que os doentes mantêm prurido, apesar do tratamento (tratamento da doença e tratamento específico para o prurido). O prurido é um sintoma muito incapacitante…. Mais frequente é a astenia (cansaço fácil) que também influi na qualidade de vida, mas que os doentes toleram melhor.

No âmbito do Dia Mundial da Colangite Biliar Primária, quais as ideias-chave que devemos reter sobre esta patologia?

Que é importante diagnosticar. Se possível, na fase em que a doença é ainda assintomática. E isso é possível se forem valorizadas e esclarecidas pequenas alterações por vezes detetadas nas análises hepáticas, que devem sempre ser incluídas nas avaliações analíticas de rotina. E, nesta doença, é particularmente importante a fosfatase alcalina.

Segunda mensagem: sempre que se suspeitar de um caso de Colangite Biliar Primária o/a doente deve ser referenciado/a para um centro habilitado a tratar doenças hepáticas, no sentido de, confirmado o diagnóstico, iniciar precocemente o tratamento, que deve ser o mais adequado ao caso concreto.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
6, 7 e 8 de outubro
Nos próximos dias 6, 7 e 8 de outubro realiza-se a 3ª edição do Festival Arte e Consciência, na Ericeira. O festival junta...

O Festival Arte e Consciência é um espaço onde diversas formas de expressão se entrelaçam e se complementam no caminho do desenvolvimento pessoal. No centro deste festival está a ideia de despertar, através de várias artes, o nosso eu superior que reside dentro de cada um de nós.

No dia 6, a entrada no festival é gratuita e totalmente dedicado às escolas. Nos dias 7 e 8 contamos com a participação de Mário Caetano, Gustavo Santos, Lisa Joanes, Ana Bravo, Tâmara Castelo, Mafalda Rodilhes e Isabel Saldanha, entre muitos outros, em ações de desenvolvimento pessoal e autoconhecimento através de várias artes e modalidades. Estes vão ser 2 dias de elevação de estado de consciência.

O programa inclui Kundalini Awakening, Dança indiana, Constelações familiares, Afrodance, Orgasmic Dance, Nutrição consciente, Pintura de mural, Workshop de sushi vegan, Malabarismo, construção de mandalas, ritual do fogo, entre muitas outras atividades.

O programa também inclui um espaço para as crianças com várias atividades e ofícios, dois espaços de restauração e mercado.

Consulte o programa e local aqui: http://festivalarteconsciencia.com/

“O festival Arte e Consciência é um despertar para a educação e para o conhecimento humano. São 3 dias de experiências e revolução interna para que possam cair as nossas folhas velhas do outono e nascerem as novas flores na primavera...” – Explica Nuno Campo, organizador e co-fundador do festival.

“Este é um Festival diferente, que une o desenvolvimento pessoal à arte, e que foi construído desde um lugar interno de muita humildade e amor. É um festival com uma causa nobre  - a de nos trazer vários momentos de crescimento pessoal e enquanto seres humanos que somos, momentos que nos ajudarão a ter maior consciência das nossas próprias feridas emocionais mais profundas e, acima de tudo, a adquirir ferramentas fortíssimas para libertar e transformar essas feridas, criando em nós o espaço necessário para levar maior foco a Quem Somos e a QUEM VERDADEIRAMENTE QUEREMOS SER! Porque a Decisão e a Escolha é nossa, só precisamos de nos permitir sentir que escolha é essa!”, - Afirma Lisa Joanes, organizadora e co-fundadora do projeto.

Grupo privado de saúde inaugura Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira
A Lusíadas Saúde anuncia a abertura de uma nova unidade em Santa Maria da Feira, prosseguindo com o plano estratégico de...

Para a região Norte, onde será feito um investimento na ordem dos 60 milhões de euros, a estratégia do Grupo Lusíadas Saúde passa por reforçar o compromisso na região com novas unidades, com destaque para a abertura, prevista para este ano, do novo Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira. Paralelamente, o Grupo mantém a contínua aposta no crescimento das suas duas principais unidades localizadas nesta geografia, o Hospital Lusíadas Porto e o Hospital Lusíadas Braga.

A região do Algarve será outra aposta do Grupo, com novas unidades e com a ampliação das existentes. Este aumento do número de unidades começou em Vilamoura, onde será inaugurado ainda este ano o novo Hospital Lusíadas Vilamoura, o primeiro hospital a sul do País dedicado em exclusivo à cirurgia de ambulatório.

O atual plano estratégico de expansão, que teve início com a apresentação do futuro Hospital Lusíadas Vilamoura, surge do compromisso do Grupo francês Vivalto Santé – atual acionista da Lusíadas Saúde – com Portugal. Esta estratégia está totalmente enquadrada com a missão do Grupo Vivalto – uma empresa ao serviço do público (“entreprise à mission”) – e com o seu compromisso com a redução das desigualdades e assimetrias no acesso a cuidados de saúde, alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável.

Sobre este plano, Vasco Antunes Pereira, CEO da Lusíadas Saúde, mostra-se confiante: “Representa mais um marco para a Lusíadas Saúde. Começámos por criar unidades prestadoras de cuidados clínicos nas grandes áreas populacionais, como Lisboa e Porto (e que hoje são uma referência ao nível da oferta e de inovação), para agora prosseguirmos, com ambição, para o alargamento das nossas competências a novos pontos estratégicos do País, sobretudo em áreas onde a oferta de cuidados de saúde privados é mais escassa.”

Plano de expansão da Lusíadas Saúde prossegue com hospital em Santa Maria da Feira

O Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira é a primeira unidade do Grupo no distrito de Aveiro e a quarta na região Norte. Com abertura prevista para o último trimestre deste ano, a unidade nasce de uma parceria com a Atrys Health, uma referência global dedicada aos serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento médico de precisão e pioneira em telemedicina e oncologia radioterapêutica de última geração, e já parceira do Grupo no Hospital Lusíadas Porto na medicina nuclear. Esta colaboração permite ampliar o anterior Centro Médico Avançado, transformando-o num hospital médico-cirúrgico de última geração.

Num investimento estimado superior a 2 milhões de euros em equipamento médico para o primeiro ano, o novo Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira irá contar com bloco operatório, disponível para diversas especialidades cirúrgicas, sendo o primeiro na oferta de saúde privada na cidade e no concelho.

No que se refere à equipa clínica, esta nova unidade de ambulatório contará com mais de 100 profissionais de saúde, divididos por várias especialidades: Cardiologia, Cardiotorácica, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica, Cirurgia Vascular, Clínica Geral, Dermatologia, Endocrinologia, Ginecologia, Medicina Geral e Familiar, Neurocirurgia, Neurologia, Nutrição, Oftalmologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Pneumologia, Psicologia, Psiquiatria e Urologia.

Somando às especialidades referidas, asseguradas pelo Grupo Lusíadas Saúde, o espaço continuará a disponibilizar os serviços da Atrys Health nas áreas de Medicina Nuclear, Oncologia, Radiologia e Radioterapia.

Segundo Vasco Antunes Pereira, CEO da Lusíadas Saúde, “esta nova unidade representa a abertura do terceiro hospital (e quarta unidade) do Grupo na região Norte e um reforço da nossa resposta clínica na área do Grande Porto. Acreditamos que será uma mais-valia para os cidadãos do distrito de Aveiro, que irão encontrar no Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira uma complementaridade de serviços e equipas, bem como uma oferta abrangente e completa.”

Sobre a parceria com a Atrys Health, acrescenta: “Esta parceria de impacto com a Atrys, um player de referência nacional e internacional na sua área de especialização, integra o plano de expansão da Lusíadas Saúde em Portugal, com o objetivo de ampliar a nossa oferta de cuidados de saúde em novas áreas geográficas e reduzir, assim, as atuais assimetrias regionais no acesso a cuidados de saúde. Acreditamos que esta parceria representará uma vantagem para a população e uma motivação adicional para os profissionais de saúde”.

Vacina contra a Covid-19
Tomar a vacina contra a Covid-19 pode não só reduzir o risco de uma pessoa contrair a infeção a longo prazo, como também pode...

Investigadores da Mayo Clinic descobriram que os doentes com Covid de longa duração vacinados antes de contraírem o vírus têm menos probabilidades de apresentar sintomas como dor abdominal, dor no peito, tonturas e falta de ar, de acordo com um estudo publicado no Journal of Investigative Medicine. Acredita-se que o estudo seja um dos primeiros a examinar o potencial das vacinas contra a Covid-19 para reduzir os sintomas da infeção a longo prazo.

"Os resultados foram muito surpreendentes", explica Greg Vanichkachorn, diretor do Programa de Reabilitação da Atividade Covid da Mayo Clinic e principal autor do estudo. "O estudo demonstra que as vacinas podem ser muito importantes para a Covid a longo prazo e podem ajudar a reduzir a gravidade desta doença."

Desde 2020, mais de 768 milhões de casos de Covid-19 foram confirmados em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre as pessoas infetadas, estima-se que 20% das pessoas com menos de 65 anos e 25% das pessoas com mais de 65 anos desenvolverão a síndrome pós-Covid-19, também conhecida como Covid-19 de longa duração. Os sintomas podem incluir fadiga, falta de ar, dificuldade de concentração, dores no peito e dores abdominais.

O estudo incluiu 477 doentes que procuraram tratamento para a Covid-19 de longa duração na Mayo Clinic entre 27 de maio de 2021 e 26 de julho de 2022. Pouco mais de metade dos doentes tinha recebido vacinas contra a Covid-19 da Pfizer, Moderna ou Johnson & Johnson antes de contrair o vírus.

O estudo concluiu que os doentes vacinados tinham metade da probabilidade de ter dores abdominais em comparação com os doentes não vacinados. Os doentes vacinados tinham também menos probabilidades de apresentar outros sintomas, incluindo perda de olfato, dores no peito, tonturas, dormência, falta de ar, tremores e fraqueza. Não se registaram diferenças significativas entre os doentes vacinados e não vacinados no que se refere a fadiga, dores musculares, taquicardia ou arritmia cardíaca.

Vanichkachorn explica que mais investigação ajudará os cientistas a compreender como a vacina contra a Covid-19 afeta os sintomas infeção a longo prazo, especialmente com as novas variantes do vírus.

"Passaram três anos desde que iniciámos o primeiro trabalho com doentes com Covid a longo prazo", explica Vanichkachorn. "Precisamos de mais investigação para compreender o que está a acontecer a nível celular para causar estes sintomas. Se compreendermos isto melhor, esperamos que possam surgir novos tratamentos para a Covid-19 de longa duração."

Doença genética
A distrofia de Duchenne é uma doença neuromuscular genética e degenerativa que acomete apenas as cri

O que é a Distrofia Muscular de Duchenne?

A distrofia muscular de Duchenne é uma forma de distrofia muscular ocasionada pela inexistência de distrofina no músculo, levando a uma necrose e perda progressiva de fibras musculares e substituição por fibrose e tecido adiposo.

 

Qual a sua incidência?

A Distrofia muscular de Duchenne é a causa mais comum de distrofia muscular e representa cerca de um terço dos doentes duma consulta de doenças neuromusculares pediátrica.

Esta doença afeta cerca de 1 em cada 3.500 recém-nascidos do sexo masculino.

Quais as causas?

Para o normal funcionamento das fibras musculares é necessário que as proteínas que a constituem sejam produzidas normalmente. Na Distrofia de Duchenne existe um defeito genético no gene da distrofia ou gene DMD, não sendo produzida a proteína distrofina. Esta proteína é muito importante para o normal funcionamento da fibra muscular e a sua ausência ocasiona uma perda progressiva das fibras musculares e incapacidade de sua regeneração levando a fraqueza muscular.

Em cerca de um terço dos casos a mutação genética surge pela primeira vez, isto é duma forma espontânea. Em cerca de 2/3 é herdada por via materna. Cada portadora tem um risco de 50% em cada gravidez de ter um filho com a doença.

Afeta apenas o sexo masculino? Porquê?

O gene da distrofina, ou gene DMD, encontra-se no cromossoma X e por isso esta doença afeta o sexo masculino. No sexo masculino existe um único cromossoma X e por isso quem seja portador dum cromossoma com esta mutação irá ter a doença. No sexo feminino existe dois cromossomas X e usualmente o cromossoma X portador da doença é inativado. Contudo algumas meninas ou mulheres podem apresentar sintomas como mialgias, caibras, graus variáveis de fraqueza muscular e cardiomiopatia pelo que deverão ser referenciadas par uma consulta de Neuromusculares.

Quais os principais sintomas da doença? A partir de que idade surgem?

A maioria dos doentes manifesta os primeiros sintomas no início do segundo ano de vida, com atraso na aquisição da marcha, marcha instável, quedas frequentes, dificuldade em se levantarem do chão, subir e descer escadas, incapacidade em correr. Frequentemente a família nota que tendem a andar em pontas de pés e que os músculos das pernas (gémeos) são mais volumosos e duros. Alguns doentes têm atraso de linguagem e podem ter dificuldades de aprendizagem. Outros podem ter alterações de comportamento.

Quais os sinais de alerta?

Sempre que surja qualquer sintoma da doença deverá ser colocada a hipótese desta doença. Por vezes a discrepância entre músculos volumosos e duros e um grau importante de fraqueza leva á suspeita que estamos perante uma distrofia muscular.

A doença piora ao longo do tempo?

A evolução da doença é progressiva e pelos 10 a 14 anos os doentes os meninos perdem a marcha. Posteriormente surge fraqueza dos membros superiores, com incapacidade em os levantar, depois de levar a mão á boca e fraqueza em agarrar objetos com as mãos. Os músculos de sustentação do tronco vão ficando fracos e surge frequentemente escoliose. Os músculos cardíacos vão ficando afetados ocasionando um grau maior ou menor de insuficiência cardíaca. Os músculos respiratórios vão ficando progressivamente mais fracos com necessidade de apoio ventilatório inicialmente noturno e posteriormente nas 24 horas.

Como é feito o diagnóstico?

Perante a suspeita clínica é efetuado o doseamento de uma enzima muscular, creatina cinase (Ck) que está muito elevada neste caso. Em seguida é pedido o estudo genético e / ou biopsia muscular que confirmam a doença.

Por vezes o diagnóstico é suspeitado de forma acidental, ainda antes de surgirem os sintomas, pela deteção duma elevação de enzimas musculares como transaminases e de Ck.

Existem testes que permitem saber se uma criança nascerá com a doença?

Sim, existem. Todas as mulheres portadoras da doença devem ser orientadas para uma Consulta de Genética Médica onde serão devidamente informadas. No entanto, nos casos em que a mutação surge de forma espontânea, não existe possibilidade de diagnóstico pré-natal.

Qual o tratamento?

Ainda não existe uma cura para a doença. Nas últimas décadas os doentes têm sido preconizado o uso de esteroides, de preferência de uso diário, e sendo iniciados quando surgem os sintomas. Contudo, nem todos os doentes respondem de forma favorável a este tratamento.

Tem havido um enorme esforço a nível internacional, incluindo da indústria farmacêutica, para a descoberta de novas terapêuticas, com vários ensaios clínicos em curso, para alguns dos casos de distrofia de Duchenne com mutações específicas, alguns em fases mais avançadas e um deles já em fase de comercialização. Até ao momento e apesar de parecerem efeitos benéficos relativamente ao placebo, nenhum se revelou ainda, como capaz de curar a doença.

Mas os cuidados para estes doentes têm vindo a melhorar, existindo protocolos de seguimento dos doentes, elaborados por especialistas nesta área e que poderão ser encontrados na página web do TREATNMD.

Em Portugal existem centros especializados no seguimento multidisciplinares destes doentes, coordenados por neuropediatras e neurologistas.

Atendendo aos múltiplos problemas que estes doentes têm é fundamental uma equipa de que façam parte, Fisiatras, Pneumologistas/ Equipa de Ventilação, Cardiologistas, Ortopedistas, Gastroenterologistas, Nutricionistas, Pedopsiquiatras/ Psiquiatras, equipa de Serviço Social, entre outros.

A associação de doentes tem igualmente um papel relevante no apoio às famílias e aos doentes.

Qual o prognóstico da doença?

A Distrofia de Duchenne é uma doença progressiva e a expectativa de vida destes doentes é menor, mas os avanços nos apoios têm permitido um aumento da sobreviva bem como uma melhoria na qualidade da mesma.

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Projeto de expansão
A Affidea adquiriu da clínica Ecorad, em Vila Franca de Xira. Esta aquisição está alinhada com o objetivo estratégico de...

A Ecorad, com mais de 30 anos de história, é uma clínica de diagnóstico por imagem de referência na região de Vila Franca de Xira que disponibiliza um vasto leque de serviços de diagnóstico, como Ressonância Magnética, Tomografia Computorizada, Ecografia, Mamografia, Raios-X ou Densitometria Óssea, dispondo de acordos com várias entidades públicas e privadas. 

Miguel Santos, CEO Affidea Portugal, afirmou: “A aquisição da clínica Ecorad concretiza um nosso desejo de longa data, de juntar ao nosso Grupo esta clínica e os seus profissionais que se distinguem pela exigência e qualidade de serviço clínico. Estamos muito entusiasmados para juntos, trabalharmos para a constante melhoria dos cuidados de saúde prestados nas unidades Affidea a mais de 1,5 milhões de utentes/ano”.

Com esta aquisição, a Affidea Portugal reforça a sua equipa passando a contar com mais de 1600 colaboradores. Não só as capacidades clínicas da Affidea saem reforçadas, mas também o seu compromisso em disponibilizar aos pacientes e médicos prescritores em todo país uma equipa de profissionais de saúde altamente especializadas.

A aquisição da clínica Ecorad é o quinto projeto de expansão da Affidea concretizado com sucesso em 2023, juntando-se às recentes aquisições da Clínica do Coração do Alentejo, em Évora, e da clínica RA - Radiologia de Albufeira, ao alargamento da unidade Affidea Setúbal e ao crescimento da rede de postos de colheita de Análises Clínicas dos Laboratórios Affidea.

A nível europeu, esta aquisição marca o sexto investimento do ano do Grupo Affidea, depois das expansões na Suíça, Roménia, Croácia, Reino Unido e Portugal. O Grupo Affidea conta agora com 322 centros, distribuídos por 15 países.

 

E insiste ainda na importância da abertura do centro de PMA do Algarve
A Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade) pede ao Governo mais profissionais, mais recursos e mais equipamentos...

“Ajudar a combater a baixa natalidade de Portugal também passa por prestar o devido apoio às pessoas com dificuldade em ter filhos, a quem é negado o direito constitucional de constituir família quando a porta do SNS se fecha por limites etários impostos à mulher e incapacidade de resposta aos milhares de casais em espera”, refere Cláudia Vieira.  

Atualmente, a dificuldade na renovação das gerações é uma das maiores preocupações do país, mas a associação acredita que o investimento nas alternativas de reprodução pode contribuir para atenuar o problema. Em 2022, nasceram mais de 80 mil bebés em Portugal — um número positivo face a 2021, mas que tem vindo a diminuir ao longo das décadas. Já em 2020, último ano em que há registos reunidos pelo Conselho Nacional de PMA, 3,3% dos nascimentos foram fruto de técnicas de PMA, cuja evolução tem sido de aumento nos últimos anos.  

Para Cláudia Vieira, os números positivos da PMA revelam a importância de um maior investimento para estas técnicas de reprodução. “Ainda que existam longas listas de espera para o acesso a tratamentos de fertilidade através do SNS, a realidade é que a percentagem de pessoas que acabam por ter filhos fruto da procriação medicamente assistida tem vindo a aumentar, o que se verifica pelos mais de 2.700 bebés nascidos em 2020”, afirma.   

Os problemas no acesso das mulheres e casais à PMA tem-se intensificado. “Os pedidos e desabafos são quase diários”, revela a associação. “Por telefone ou email, são partilhados diversos problemas, entre eles a aproximação da idade limite da mulher para acesso a tratamento no SNS e as longas listas de espera”, que podem chegar a meses para o caso da primeira consulta e anos para tratamento.  

Para responder a estes problemas, Cláudia Vieira defende a importância de “dotar as unidades já existentes de um orçamento realista, que responda às necessidades de melhoramento das infraestruturas, adquirir mais equipamento, aumentar o número de profissionais nas equipas e criar condições remuneratórias que impeçam a fuga destes elementos para o privado, nomeadamente dos embriologistas”, explica.  

A criação do Centro de PMA do Algarve é também uma “urgência”. Em fevereiro deste ano, a APFertilidade questionava a tutela sobre o atraso e afirmava ser "inadmissível que existam beneficiários do SNS obrigados a percorrer centenas de quilómetros para terem acesso a cuidados e tratamentos que constituem direitos básicos de qualquer contribuinte". O Governo tinha prometido inaugurar este centro em janeiro de 2023, mas, até hoje, não existe nenhuma data confirmada para a sua abertura.  

Próximas sessões a 20 e 27 de setembro
Desde a muda da fralda ao alívio das cólicas, os recém-nascidos necessitam de cuidados constantes nos seus primeiros dias de...

No dia 20, o pediatra Manuel Magalhães, da Mustela, vai falar sobre os primeiros dias do recém-nascido em casa, que podem ser muito desafiantes, visto que o bebé ainda se está a adaptar a um mundo novo e os pais a uma dinâmica familiar completamente diferente da que existia antes do bebé.

Nestes primeiros dias em casa com o bebé, saber como acalmar e aliviar as cólicas é essencial. Assim, a psicóloga pediátrica da ForBabiesBrain Clementina Almeida vai partilhar diversos cuidados que podem ajudar a evitar estes episódios, como pegar o bebé ao colo, fazer massagens circulares na barriga ou dar um banho morno.

Ainda a pensar nas grávidas que estão na reta final da gravidez, prestes a conhecer o seu bebé, a personal trainer Sandra Sousa vai dar uma aula de exercícios que devem fazer parte da rotina no terceiro trimestre.

Já no dia 27, vão ser abordadas as questões mais frequentes na hora da muda da fralda: Que produtos devemos utilizar? Como devemos colocar a fralda? Qual o tamanho mais adequado para o bebé? As enfermeiras especialistas em Saúde Infantil e Pediatria Ana Gaspar e Diana Calaia, da Aventura do Cuidar, vão explicar tudo sobre este processo, que deve acontecer com frequência sempre que a fralda estiver suja ou molhada, nomeadamente como podem proteger a pele do rabinho e como podem colocar a fralda de forma a não incomodar o bebé.

E porque existem algumas particularidades na anatomia do aparelho respiratório do bebé, existindo um maior risco de desenvolvimento de patologias, a enfermeira Luciana Rodrigues, especialista em reabilitação respiratória da Alívio em Respirar, vai ajudar os pais a identificar os principais sintomas de infeção.

Neste dia as grávidas também vão ter direito a um momento dedicado à sua saúde oral, com a médica dentista e autora do blog Dente a Dente Inês Guerra Pereira, que vai explicar como evitar complicações dentárias na gravidez.

Em ambos os eventos, serão abordados os benefícios e características das células estaminais do cordão umbilical do bebé, assim como as atuais aplicações clínicas e futuros desenvolvimentos, com as conselheiras em células estaminais da Crioestaminal Sofia Figueiredo e Joana Gomes.

Por fim, e porque setembro é o mês da grávida, uma das participantes destes eventos vai ter a oportunidade de receber uma mala de maternidade. As inscrições estão disponíveis nas plataformas.

Programa inclui sessões de trabalho e atividades desportivas e culturais
A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) organiza a 2.ª edição do ‘Programa de Liderança em Diabetes’ entre os...

“É importante fomentar a vontade que estes jovens possam ter de se tornarem líderes e referências, principalmente na área da saúde.”, refere José Manuel Boavida, presidente da APDP, acrescentando: “E quem melhor para defender os direitos das pessoas com diabetes do que os seus pares? Daí a importância de empoderar estes jovens com diabetes”. 

Desde comunicação em saúde e relações com a indústria farmacêutica a desenvolvimento pessoal e angariação de fundos, entre muitas outras temáticas, o programa da APDP possibilita o desenvolvimento de capacidades de liderança. O objetivo passa por incentivar os jovens a colocar em prática os novos conhecimentos, especialmente, nas associações de pessoas com diabetes e em atividades para a defesa dos seus interesses e direitos. Este ano os participantes vão ainda ser desafiados a planear e desenhar um projeto de intervenção. 

As sessões de trabalho serão dinâmicas e contam com apoio de formadores, profissionais de diversas áreas e também pessoas com diabetes que frequentaram os programas de liderança europeus e mundiais da Federação Internacional de Diabetes. 

Além da parte mais pedagógica, o programa inclui uma componente mais lúdica e cultural, com passeios e atividades enquadradas no mesmo local. Guarda ainda espaço para momentos de atividade física essenciais para a promoção de estilos de vida saudável. 

Para consulta do programa completo ou mais informações, visite a página oficial da APDP, https://apdp.pt/2-programa-de-lideranca-em-diabetes/.  

Sinais de alerta
A Fibrose Pulmonar é uma patologia subdiagnosticada, devido ao pouco conhecimento que ainda existe a

Numa fase precoce da doença, os doentes têm uma diminuição ligeira da capacidade de esforço, o que ainda lhes permite autonomia e qualidade de vida. Mas com a progressão da mesma, associada a uma diminuição daquela mesma capacidade e a uma sensação de asfixia, a limitação e a dependência serão cada vez mais acentuadas. Isabel Saraiva, Presidente da Associação Respira, refere que viver com Fibrose Pulmonar “é muito desafiante, tanto para os doentes, como para os seus familiares e cuidadores, uma vez que tarefas básicas do dia-a-dia, como caminhar pequenas distâncias, carregar pesos ou realizar tarefas domésticas apresentam grandes dificuldades para estes doentes”. 

Dispneia de esforço (intolerância crescente a esforços) e/ou tosse seca são sinais de alerta que carecem de atenção no que diz respeito à Fibrose Pulmonar. Porém, são sintomas que podem ocorrer em doenças cardíacas ou outras doenças respiratórias mais prevalentes, “o que é uma das maiores causas do reconhecimento tardio das doenças pulmonares fibróticas”, refere o António Morais, presidente da SPP. “A literacia em saúde em Portugal tem de ter um impulso significativo e a informação sobre as doenças raras, nomeadamente os sintomas de alerta devem ter um particular enfoque. Relativamente aos profissionais de saúde, é importante manter a sensibilização que numa dispneia de esforço a fibrose deve estar na equação do diagnóstico diferencial”, acrescenta.

Assim, “a terapêutica permite, pelo menos, diminuir a dinâmica da evolução, atrasando-a de forma significativa. A importância de realizar um diagnóstico atempado prende-se com a necessidade de colocar a terapêutica o mais precocemente possível, visto que, quando falamos de doenças progressivas, a progressão/agravamento da doença não é recuperável”, afirma António Morais. 

Apesar de haverem já progressos nesta área, ainda há um longo caminho a percorrer. José Alves, refere que “o número de doentes é crescente e isso tem um impacto significativo quer em recursos de diagnóstico quer no tratamento. Este crescimento está ligado ao facto de que um crescente número de Hospitais terem profissionais dedicados a esta área da Pneumologia”. Por outro lado, António Morais admite que a população deverá ser cada vez mais “sensibilizada para não desvalorizar os sintomas de apresentação, nomeadamente a intolerância ao esforço. Já os médicos, deverão ter este grupo de doenças como hipótese quando abordam o doente com queixas de dispneia de esforço e/ou tosse seca”.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
E o que deve ser reivindicado, classificado como Deficiência Auditiva Incapacitante?
Qual a surdez que deverá ser classificada como incapacitante? Surdez moderada, severa?

Panorama global sobre o impacto da surdez no Mundo:

Cinco por cento da população mundial apresenta algum tipo de surdez, diz um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentado em março de 2019. Pode-se pensar que é uma percentagem baixa. No entanto, esses cinco por cento representam 466 milhões de pessoas. Para se ter uma ideia: é como se toda a população dos Estados Unidos e México, juntas, sofressem de surdez. E, em 2050, a ONU calcula que, haverá no mundo cerca de 900 milhões de pessoas com perda auditiva.

A surdez é classificada em diferentes graus, que variam de leve a profundo. A gravidade da perda auditiva é determinada pela capacidade da pessoa de ouvir sons suaves. A surdez pode ser considerada incapacitante quando interfere significativamente na comunicação e na qualidade de vida da pessoa.

A surdez é frequentemente classificada em percentagem de perda auditiva, que varia de acordo com o nível de dificuldade em ouvir sons. Por exemplo, uma perda auditiva de 20-40% é considerada leve, enquanto uma perda de 41-55% é moderada. A perda auditiva de 56-70% é classificada como severa, e acima de 70% é considerada profunda.

A classificação mais simples e comumente usada, classifica a audição em 5 níveis:

  • Audição Normal: Limiares auditivos baixo de 25 dB
  • Perda Auditiva Leve: Limiares acima de 25 abaixo de 40dB
  • Perda Auditiva Moderada: Limiares acima de 40 abaixo de 70dB
  • Perda Auditiva Severa: Limiares acima de 70 abaixo de 90dB
  • Perda Auditiva Profunda: Limiares acima de 90dB

(Para melhores, informação e compreensão, sugere-se a leitura do "Guia de Orientações na Avaliação Audiológica Básica" brasileiro e escrito em português, no link: http://fonoaudiologia.org.br/comunicacao/manual-de-audiologia/).

NOTA: É importante dizer que basta que, embora a audiometria teste o limiar auditivo em diversas frequências (entre os agudos e os graves), basta que uma dessas frequências esteja alterada para que a pessoa seja classificada como portadora de uma perda auditiva.

A perda auditiva unilateral, ou surdez unilateral (SSD), é definida como a perda auditiva profunda de um ouvido com audição praticamente normal do outro lado. As principais causas relacionadas com a surdez unilateral (e também bilateral) são ototoxicidade (toxicidade ao ouvido interno), doença de Ménière, trauma, infeção da orelha interna (secundários a uma labirintite, otite média, meningite), otosclerose, tumores (schawnomas, neurinomas e outros), doenças circulatórias (como o AVC – acidente vascular cerebral), doenças metabólicas, surdez súbita, fatores genéticos dentre outros.

Estima-se que um em cada 500 recém-nascidos e 1 a 3% das crianças tenham perdas auditivas assimétricas. Essa prevalência aumenta com o envelhecimento da população. Em adultos, estima-se que ocorra 200 casos novos de surdez unilateral por cada milhão de pessoas no mundo a cada ano, representando cerca de 50 a 60 mil casos novos nos Estados Unidos e 9 mil no Reino Unido.

Portugal é um dos países que inclui a surdez unilateral como uma incapacidade e, portanto, se dispõe de auxílios e da possibilidade de tratamento no Sistema Nacional de Saúde (SNS). A surdez unilateral pode ser incapacitante e ter grande impacto na vida das pessoas, uma vez que algumas das principais habilidades do sistema auditivo fica comprometida.

Praticamente todo o nosso dia a dia decorre em ambientes onde há ruído competidor, oriundo de máquinas, conversas, músicas, automóveis, e, portanto, a capacidade de compreensão auditiva diminui drasticamente em pessoas com surdez unilateral. Normalmente, as pessoas com surdez unilateral conseguem, de maneira limitada, se adaptarem às mais diversas situações. Em reuniões, tendem a se posicionar da forma que o melhor ouvido fique direcionado para onde acontece a conversa, ou até utilizam a leitura labial como auxílio.

De acordo com a OMS (a Organização Mundial de Saúde):

Mais de 5% da população mundial – ou 430 milhões de pessoas – necessitam de reabilitação para resolver a sua perda auditiva incapacitante (432 milhões de adultos e 34 milhões de crianças). Estima-se que até 2050 mais de 700 milhões de pessoas – ou 1 em cada 10 pessoas – terão perda auditiva incapacitante.

A perda auditiva ‘incapacitante’ refere-se à perda auditiva superior a 35 decibéis (dB) no ouvido com melhor audição. Quase 80% das pessoas com perda auditiva incapacitante vivem em países com um nível de vida bastante condicionado e inferior. A prevalência da perda auditiva aumenta com a idade, entre aqueles com mais de 60 anos, mais de 25% são afetados por perda auditiva incapacitante.

Atendendo a legislação em vigor atual, considera-se "Indivíduo com Deficiência", aquele que apresenta um grau de invalidez permanente, devidamente comprovado pela entidade competente, igual ou superior a 60%. Através do Atestado de Incapacidade Multiusos, que pode ser avaliado por Junta Médica no Centro de Saúde, na apresentação de relatórios e exames médicos que comprovem invalidez permanente ou deficiência(s).

Para se atingir a incapacidade IGUAL a 60%, o indivíduo terá de portar uma surdez de severa a profunda, bilateral, em que a taxa de incapacidade está determinada por 30% para a surdez total em cada um dos ouvidos. Isto quer dizer, que não abrange e tão injustamente, os outros casos de surdez que possam ser incapacitantes e relevantes.

A incapacidade igual (ou acima) de 60% dá acesso a vários benefícios, entre os quais:

  • Isenção de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde (SNS)
  • Transporte não urgente de doentes
  • Atendimento prioritário
  • Benefícios fiscais (IRS, entre outros)
  • Isenção do Imposto Automóvel
  • Proteção e apoios sociais.

(Consultar o "Guia Prático: Os Direitos das Pessoas com Deficiência em Portugal", para mais detalhes em https://www.portugal.gov.pt/download-ficheiros/ficheiro.aspx?v=%3D%3DBAAAAB%2BLCAAAAAAABACzMDW0AAAFlyTYBAAAAA%3D%3D).

Uma das maiores discussões é saber com critério e rigor quando a surdez pode ser definida como incapacitante. Esta definição ajudaria a conhecer e a classificar, assim como a atribuição dos benefícios e dos direitos às pessoas com deficiência auditiva, perante determinado cenário. Um dos benefícios deveria ser o direito global e universal à comparticipação total na aquisição de próteses e implantes auditivos, e posterior manutenção, troca/substituição (em caso de avarias), através do SNS. Depois, poderá haver acesso à comparticipação na compra de outros acessórios e serviços complementares de apoio à escuta. Outros benefícios poderiam ser considerados, em conformidade com uma legislação mais abrangente, que não se propusesse, e não fosse tão somente condicionada ou resumida ao limiar de grau de incapacidade igual ou superior a 60%. Deveremos ou faz sentido discutir, a possibilidade de existir o apoio quanto ao que é determinado no limiar quando é abaixo dos 60%, por exemplo, progressivo, tal como na tabela das incapacidades está definido para a surdez?

Propõe-se que seja feita esta análise com alguma sensibilidade pelas entidades competentes, discutido pelas entidades governamentais, e que possa ser estudada a sua viabilidade. Um estudo que deveria ser apoiado nas várias vertentes, e não apenas na económica. E como conciliar com o novo panorama europeu e internacional, na sua uniformização, sendo que se pretende lançar atualmente um Cartão Europeu de Deficiência, comum aos parceiros e membros europeus (quais os itens a considerar, ou a expor? - tipo e grau de incapacidade, ou de surdez, se abranger só a deficiência auditiva).

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
XLI Reunião Anual da Sociedade Espanhola de Epidemiologia (SEE) e XVIII Congresso da Associação Portuguesa de Epidemiologia (APE)
Num mundo em mudança, sob o desafio das alterações climáticas e da degradação ambiental, a epidemiologia desempenha um papel...

O aquecimento global, a gentrificação, as desigualdades, bem como fenómenos sociopolíticos e de saúde pública imprevistos são algumas das ameaças que, neste momento, colocam em risco a saúde da população. Longe de serem inofensivos, têm consequências importantes, como o aumento da mortalidade relacionada com o calor, a deterioração da saúde mental ou os efeitos nocivos da pobreza urbana e da gentrificação.

Perante esta situação e segundo os especialistas, a epidemiologia de campo adquire grande relevância por estar na linha de frente da resposta aos alertas e emergências sanitárias. No entanto, para cumprir esta missão, a epidemiologia deve desenvolver todo o seu potencial e aproveitar as oportunidades oferecidas pela inovação, pelas novas tecnologias e pela multidisciplinaridade. Ou seja, deve adaptar-se para poder enfrentar o futuro.

“O futuro da epidemiologia de campo requer uma revisão crítica do presente, resolvendo os problemas que temos pendentes e aplicando uma abordagem mais integradora e colaborativa com outras disciplinas e atores”, afirma Pello Latasa, chefe de vigilância em saúde pública da Direção de Serviços Públicos, Saúde e Dependências do Governo Basco. Latasa participou na mesa de abertura juntamente com Ana Isabel Ribeiro, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto; Iván Martínez-Baz, Miguel Servet investigador de pós-doutoramento no Instituto de Saúde Pública e Ocupacional de Navarra – IdiSNA, CIBER de Epidemiologia e Saúde Pública e Isabel Aguilar Palacio, do Grupo de Pesquisa em Serviços de Saúde de Aragão. A mesa foi moderada por Maria João Forjaz, vice-presidente da Sociedade Espanhola de Epidemiologia (SEE) e Elisabete Ramos, atual presidente da Associação Portuguesa de Epidemiologia.

O futuro prepara-se no presente

Embora o papel dos epidemiologistas tenha sido reforçado durante a pandemia da COVID-19, ganhando visibilidade, o seu trabalho será ainda mais importante nas próximas décadas. Será então que a humanidade enfrentará desafios como as sindemias, em que vários desafios convergem simultaneamente: movimentos massivos de pessoas, escassez de água potável, desertificação, migrações devido a desastres naturais, alterações no ecossistema, maior presença de mosquitos que podem espalhar doenças ...

“A globalização e a digitalização aproximaram os países, tornando-os mais semelhantes e interdependentes. Portanto, os padrões das doenças e a distribuição dos fatores de risco também são mais semelhantes entre os países”, explica Ana Isabel Ribeiro, que lembra que nos últimos anos o planeta tem vivido vários eventos conhecidos como ‘cisnes negros’, ou seja, eventos raros, mas com profundos impactos sociais. “A imprevisibilidade destes acontecimentos refletiu-se na falta de preparação a nível global para enfrentar estes problemas e as suas consequências”, acrescenta.

Segundo os especialistas, a epidemiologia do futuro deve aprofundar-se nos determinantes ambientais e sociais da saúde, melhorar a comunicação dos riscos, desenvolver a capacidade de colaborar e liderar projetos com outros setores, bem como incorporar novos métodos estatísticos e desenhos de estudos de investigação.

Segundo Ana Isabel Ribeiro, a epidemiologia deve ser multiescalar, adaptável, inclusiva e sustentável. Multiescalar para poder focar-se na realidade planetária, mas também local; adaptável para lidar com mudanças constantes; inclusivo para ter em conta as desigualdades existentes e que as decisões tomadas possam beneficiar toda a população, independentemente do seu nível socioeconómico, género, idade, grau de deficiência ou nacionalidade; e sustentável para enfatizar o estudo das interações entre o homem, os animais e o meio ambiente.

Uma procura crescente por profissionais de epidemiologia em Espanha

Apesar dos muitos desafios que temos pela frente, Latasa acredita que a epidemiologia de campo pode ser uma disciplina altamente atrativa e gratificante para os jovens. No entanto, aqueles que trabalham nesta área encontram-se com salários mais baixos do que outros profissionais de saúde, dificuldades no acesso à profissão porque o seu acesso à formação é mal regulamentado e condições de trabalho e salariais que variam muito entre as diferentes instituições públicas.

Embora não existam dados oficiais sobre quantas pessoas se dedicam à epidemiologia em Espanha, o número de profissionais dedicados à vigilância da saúde é de 1,2 por 100.000 habitantes; embora durante a pandemia esse número tenha crescido para 3,8/100 mil habitantes. Neste sentido, Pello Latasa assegura que “é provável que exista uma procura crescente de profissionais de epidemiologia em Espanha devido à crescente complexidade das ameaças e riscos para a saúde pública”. Para satisfazê-lo, defende o aumento do número de pessoas formadas em epidemiologia e o aumento do número de empregos em epidemiologia, tanto no sector público como no privado.

Considera ainda que é importante “melhorar a formação do pessoal” que já trabalha nesta área para que se possa manter atualizado e enfrentar os desafios de saúde pública do século XXI”, apontando aspetos como as novas tecnologias de informação e análise, inteligência artificial, 'big data' ou comunicação de risco.

Nesse sentido, Ribeiro reconhece o grande esforço que os epidemiologistas e epidemiologistas e as instituições que os acolhem têm feito para comunicar o conhecimento. A investigadora realça que a população confia na ciência e nos cientistas, embora algumas idiossincrasias do trabalho científico ainda não sejam compreendidas, como a incerteza, a complexidade metodológica ou a linguagem excessivamente técnica. “Ainda há trabalho a fazer para que o papel dos cientistas seja compreendido pela população em geral, embora a cultura científica seja muito superior à de há duas ou três décadas”, conclui.

Próximas mesas e encerramento

Quinta-feira, 7 de setembro, às 11h00, está prevista uma mesa plenária para falar sobre a má conduta científica, como detetá-la e o papel que as revistas e instituições científicas desempenham. À tarde, às 15h, está marcada a outra mesa plenária: ‘Registo eletrónico: ferramenta para a investigação clínica epidemiológica’. Discutirá o papel dos biobancos no estudo longitudinal de doenças crônicas não transmissíveis e a eficácia da vacina COVID-19 com base em registos eletrónicos.

Na sexta-feira, 8 de setembro, às 12h. Um painel sobre como a epidemiologia tem contribuído para as opções de política de saúde dará o toque final a este encontro científico que começou terça-feira na cidade portuguesa.

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