No âmbito do Dia Nacional do Doente Coronário
Anualmente morrem por Enfarte do Miocárdio mais de 8 mil portugueses, o que equivale sensivelmente a uma morte a cada hora.

Estima-se que em 2020 serão as doenças cardiovasculares a principal causa de incapacidade e mortalidade no Mundo. Em Portugal, apesar de algum decréscimo nas últimas décadas, as doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte.

Segundo Carlos Catarino, médico da Fundação Portuguesa de Cardiologia, “um dos grandes desafios neste início de século é o de travar o flagelo das doenças cardiovasculares. Os números são assustadores, com Portugal a liderar a maior taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares na Europa Ocidental.”. Salienta ainda que, “esta situação é facilmente explicada, se tivermos em conta que 70% da população adulta tem colesterol elevado, 20% é fumadora, mais de 30% é obesa, 40% é hipertensa, a maioria é sedentária (somos o país da União Europeia com menos praticantes de actividade física) e o número de diabéticos tem vindo a aumentar consideravelmente.”

A Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) desenvolve um papel fundamental na luta por Corações (mais) Saudáveis e, neste âmbito, no Dia Nacional do Doente Coronário, irá promover uma série de iniciativas assentes na temática “Como prevenir o Enfarte do Miocárdio”.

Neste sentido, no próximo dia 14 de Fevereiro, entre as 10h e as 13h, o Porto de Recreio de Oeiras será palco da iniciativa “PASSEIO COM O CORAÇÃO - um parceiro para a vida”, uma caminhada orientada promovida pela Fundação Portuguesa de Cardiologia em parceria com a Câmara Municipal de Oeiras. No local, para além dos rastreios cardiovasculares gratuitos e de um espaço com aconselhamento nutricional, estarão presentes também a Associação de Produtores da Maçã de Alcobaça, com oferta de fruta e sumos, e o Museu do Pão, com oferta de Pão São. No seu conjunto, este evento pretende ser uma referência à importância da adopção de estilos de vida saudável, que inclua a prática de actividade física e uma alimentação saudável.

Apelo dirigido ao Ministro da Saúde e laboratórios farmacêuticos
Numa altura em que a hepatite C e o seu tratamento estão na ordem do dia, o Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado da...

“Não pode prever-se com segurança a evolução de cada doente, pelo que todos devem ser considerados candidatos ao tratamento, embora a dificuldade de acesso à melhor terapêutica possa impor a priorização dos mais graves”, explica o secretariado do Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado (NEDF).

O NEDF considera que os novos fármacos para o tratamento da hepatite C constituem uma inovação disruptiva e apresentam custo-efectividade dentro dos parâmetros até aqui aceites, embora seja desejável e possível obter preços mais baixos. Permitem hoje obter a cura em mais de 90% dos doentes, com terapêutica oral, sem interferão e quase sem efeitos adversos. “Para quem, como nós, está habituado a seguir doentes crónicos e conhece o impacto e os custos da doença crónica nos serviços de saúde, poder curar uma destas doenças em 3 meses é algo que supera as melhores expectativas”, afirmam os especialistas.

No entanto, o preço elevado destes fármacos tem sido o único impedimento a que possam ser utilizados, quando indicados. Tendo em consideração o número de doentes a tratar, a escolha do tratamento adequado a cada caso e os preços que poderão ser definidos, o NEDF defende que “poderíamos assegurar a cura de mais de 90% dos doentes com hepatite C, em cinco anos, com menos do que se gasta num ano com o tratamento da infecção VIH (mais de 220 milhões de euros) ”.

A incidência da hepatite C tem vindo a diminuir, pelo que a maioria dos doentes portugueses foi infectada há já muitos anos e mais de 40% têm já cirrose hepática, sendo imperioso o tratamento a curto prazo, com os novos fármacos, sem interferão, em mais de metade dos doentes que seguimos.

O NEDF apela ao ministro da Saúde, Paulo Macedo, e aos laboratórios farmacêuticos que sejam razoáveis e coloquem acima de tudo o interesse dos doentes nas discussões que decorrem para negociar o custo dos novos tratamentos para a hepatite C, permitindo a adopção do plano que os especialistas há muito defendem e que é essencial para curar a esmagadora maioria dos doentes.

Versão portuguesa é apresentada amanhã na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra apresenta, amanhã, a versão portuguesa do novo guia sobre prevenção e tratamento de...

“Prevenção e Tratamento de Úlceras por Pressão: Guia de Consulta Rápida” é o título desta publicação, cuja tradução para português foi feita pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e que será apresentada após a cerimónia de abertura do III Congresso Internacional de Feridas, que a ESEnfC organiza nos dias 5 e 6 de Fevereiro, nas respectivas instalações, em S. Martinho do Bispo (Polo B).

O guia, cuja versão original foi publicada em setembro de 2014, apresenta recomendações (guidelines) sobre avaliação, diagnóstico, prevenção e tratamento das úlceras por pressão, feitas com base na melhor evidência científica disponível, que podem ser utilizadas na tomada de decisão e nos cuidados prestados pelos profissionais de saúde em todo o mundo.

“O guia é direccionado a todos os profissionais de saúde, independentemente da disciplina clínica, que estejam envolvidos na prestação de cuidados a indivíduos em risco de desenvolver ou com úlceras por pressão já desenvolvidas. Este guia destina-se a ser aplicado em todos os contextos clínicos, incluindo hospitais ou instituições de reabilitação, cuidados continuados e assistência domiciliária e, a menos que seja especificamente indicado, pode ser considerado adequado a todos os indivíduos, independentemente do seu diagnóstico ou outras necessidades de cuidados de saúde”, lê-se na introdução do documento.

A versão portuguesa deste guia de consulta rápida contou com a coordenação dos professores Luís Paiva e Verónica Coutinho e com a tradução de Ana Fernandes e Patrícia Ribeiro.

O III Congresso Internacional de Feridas abordará outros temas, como a “A importância da nutrição na prevenção de feridas” e a “Qualidade de Vida relacionada com feridas crónicas” (títulos de conferências previstas para estes dois dias de trabalhos).

Haverá, também, quatro mesas-redondas: “As alterações da pele durante o ciclo vital”, “Questões emergentes sobre tratamento de feridas”, “Feridas em unidades de cuidados continuados” e “Feridas de difícil cicatrização” (serão analisados a ferida oncológica e os enxertos de pele).

O III Congresso Internacional de Feridas compreende, igualmente, um conjunto de workshops sobre “Pé diabético”, “Terapia compressiva”, “Epidermólise Bolhosa”, “Terapia por vácuo”, “Simulação em Feridas”, “Infeção e antisséticos”, “Úlceras por pressão”, “Queimados”, “Estomas de eliminação” e “Desbridamento Biológico - Larvoterapia”.

Empresa de Coimbra integra consórcio europeu
Uma empresa de Coimbra integra um consórcio europeu para desenvolver uma técnica inovadora que permitirá “desenhar e conceber...

Apoiado pela Comissão Europeia com quatro milhões de euros, o projecto SocketMaster permitirá o fabrico de “uma prótese com elevada qualidade, optimizada e com um encaixe perfeito”, realçando que a sua produção será “menos dependente da competência” de cada profissional protético.

“O grande objectivo é tornar a prótese mais confortável para o amputado e diminuir o tempo de fabrico”, disse Carlos Alcobia, docente do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra e um dos fundadores da empresa Sensing Future Technologies.

O projecto em que participa a empresa de Coimbra, financiado no âmbito do novo programa comunitário Horizonte 2020 – Investigação e Inovação, arrancou esta semana e inclui a realização de mais de 50 ensaios clínicos, com o objectivo de desenvolver “uma nova técnica de ‘design’ e fabrico rápido de próteses optimizadas” para membros inferiores.

Criada em 2012 e instalada na incubadora do Instituto Pedro Nunes (IPN), a Sensing Future desenvolve dispositivos médicos que resultam da aplicação de conhecimentos na área das engenharias à saúde.

Os trabalhos decorrerão ao longo dos próximos três anos, com cinco profissionais da ‘start-up’ portuguesa envolvidos na “realização dos testes de ‘hardware’ e ‘software’ do sistema”, disse Carlos Alcobia.

A proposta apresentada à Comissão Europeia obteve uma classificação de 14,5 pontos em 15, com duas pontuações máximas nos itens de “Excelência do consórcio” e “Impacto”.

“Trata-se de um projecto ambicioso que promete fornecer aos amputados próteses optimizadas e que podem ser concebidas e fabricadas num curto espaço de tempo”, de acordo com o IPN, realçando que, nos países desenvolvidos, “mais de 90% dos amputados alcançam a sua mobilidade” através do uso de próteses.

O projecto SocketMaster aposta numa “melhor qualidade de vida para o utilizador de prótese”, cujo conforto “é uma questão crucial” para os fabricantes e os prestadores de cuidados de saúde.

A nova técnica passa por “integrar diversos microssensores numa meia, que ajudará o profissional protético a desenhar e conceber rapidamente” as próteses para membros inferiores.

“Através destes sensores, espera-se recolher uma quantidade abrangente de dados do utilizador durante as suas actividades de rotina. Esses dados irão depois ser utilizados para a otimização e conceção 3D da prótese, que poderá ser fabricada numa máquina de prototipagem rápida”, explica uma nota do IPN.

Além da portuguesa Sensing Future, o projecto envolve a Innora (Grécia), a Fondazione de Bruno Kessler (Itália), a Veneto Nanotech SCPA (Itália), a Polkom Badania SP ZOO (Polónia), a University of Surrey (Reino Unido), a Hugh Steeper Limited (Reino Unido) e a TWI (Reino Unido), que lidera o consórcio.

A primeira reunião de trabalho com todos os parceiros realiza-se na próxima semana, no Reino Unido.

Deco defende
A Deco defendeu um "regresso ao passado" em que a carne picada a granel só podia ser triturada à vista e a pedido do...

Ouvido na Comissão de Agricultura e Mar, a pedido do PS, sobre o estudo da associação de defesa do consumidor relativo à qualidade da carne picada vendida em Portugal, Nuno Lima, técnico da associação, afirmou que "a Deco mantém tudo o que disse porque confia no seu trabalho".

O estudo da Deco analisou amostras de carne picada vendida em 26 talhos de rua, de mercados e de hipermercados, tendo chumbado todos na conservação, higiene e temperatura de venda da carne de vaca picada a granel, com 23 a adicionarem ao preparado sulfitos, aditivos proibidos por lei.

A questão da utilização dos sulfitos na carne privada foi considerada como a "mais preocupante" por Nuno Lima, afirmando que "é uma fraude", porque estão a utilizar-se conservantes que não são permitidos por lei e que podem colocar em causa a saúde pública.

Perante os resultados do estudo, o técnico da associação voltou a defender a interdição da venda de carne a granel previamente picada ao consumidor.

Ana Cristina Tapadinhas, da Deco, acrescentou que o estudo "é uma fotografia do momento" para que as entidades com capacidade de intervenção possam "fazer o filme todo" e intervirem para garantir a segurança dos cidadãos.

A ASAE também foi ouvida na comissão parlamentar, a seguir à Deco, tendo o inspector-geral do organismo, Pedro Portugal Gaspar, afirmado que não pode pronunciar-se sobre o estudo porque não o conhece.

"O que tivemos sempre o cuidado de dizer é que qualquer comunicação de risco tem de ser bem fundamentada e não conhecendo o estudo não posso pronunciar-me sobre ele", disse Pedro Gaspar aos jornalistas no final da audição, adiantando que pediu à Deco o estudo para ser avaliado pelo painel científico da ASAE.

Ana Tapadinhas frisou que os estudos da Deco são feitos por “laboratórios acreditados e credenciados” com o objectivo de “dar mais informação aos consumidores”.

Sobre a polémica levantada em torno do estudo, considerou “lamentável que se queira matar o mensageiro e não se dê importância à mensagem”.

“Consideramos o papel da ASAE importante, entendemos, contudo, que são necessárias alterações à lei” e que “a fiscalização seja mais eficiente” e divulgada ao consumidor para que saiba os riscos que pode correr se comer carne nestas condições.

Baseando-se nos dados da ASAE em matéria de prevenção e fiscalização, Pedro Portugal disse que a situação é "perfeitamente normal e que não há razão para qualquer tipo de alarmismo".

Pedro Portugal adiantou que a ASAE tem vindo a aumentar o acompanhamento na área alimentar, que é "importante para a saúde pública e para a defesa do consumidor".

Em matéria operacional, em 2012, 40% da fiscalização era na área alimentar e 60% na área económica. Em 2014, a fiscalização na área alimentar foi de 57,2%.

Lembrando um estudo da Deco de 2013 sobre a carne picada, o deputado do PS Miguel Freitas lamentou que, dois anos depois, esteja “tudo na mesma”: “Os resultados da Deco são os mesmos, a reacção de todas as entidades é exactamente a mesma e as soluções parecem ser exactamente as mesmas e isso não nos satisfaz”.

Já o deputado social-democrata Nuno Saraiva manifestou “total confiança” nas instituições que regulam esta actividade e nos laboratórios científicos, destacando ainda o aumento dos cuidados com a saúde pública e a segurança alimentar nos últimos anos.

Junto ao parlamento
Cerca de meia centena de doentes com hepatite C e seus familiares concentraram-se hoje frente à Assembleia da República para...

Organizado pela recém-formada Plataforma Hepatite C, a concentração contou também com o apoio da associação de doentes SOS Hepatites e ainda de outros doentes a título individual.

A Plataforma exige ao Ministério da Saúde que trate até ao final do ano as 5.000 pessoas mais doentes e em maior risco de progressão para doença grave.

Em causa está a dificuldade de acesso ao medicamento inovador Sofosbuvir, que actualmente só é administrado nos hospitais através de autorização de utilização especial (AUE), processo moroso que por vezes pode custar a vida ao doente, como aconteceu recentemente com uma mulher, cujo filho foi assistir hoje à audição do ministro da Saúde no Parlamento.

O Ministério da Saúde tem estado a negociar com o laboratório que fabrica o Sofosbuvir, para conseguir um abaixamento do preço daquele tratamento que neste momento custa mais de 40 mil euros por doente, o que significaria uma despesa do Estado superior a 200 milhões de euros para tratar os doentes mais urgentes.

Emília Rodrigues, do SOS Hepatites, salientou que este foi apenas mais um caso dos vários doentes que têm morrido com esta doença, mas cujos familiares não têm dado a cara.

Só no ano passado morreram sete pessoas associadas da SOS Hepatites, fora as que morrem nas urgências, disse Emília Rodrigues, acrescentando que no ano passado o Ministério da Saúde prometeu tratamento para 150 doentes até final de dezembro e foram feitos apenas 35.

“Até agora já foram tratados 60”, acrescentou a responsável da SOS Hepatites, sublinhando que “há vários doentes à espera do medicamento desde Maio. São casos em estádio muito avançado e que neste momento vão começar morrer”.

Emília Rodrigues destaca que muitas vezes os doentes morrem nas urgências por rebentamento de varizes esofágicas ou descompensações cirróticas, que são consequência da Hepatite C, mas não entram na contabilização como mortes por Hepatite C.

Para estes doentes “a vida não tem preço” – como se lê num dos cartazes que ostentam – e o tempo está sempre a contar.

“O ministro da Saúde diz que não tem data limite [para o fim das negociações], mas os doentes têm”, lamentou Emília Rodrigues.

João Carolino é marido de uma doente de cerca de 60 anos que contraiu a doença na sequência de uma transfusão de sangue que recebeu em 1989 durante uma cirurgia no Hospital dos Capuchos.

A mulher descobriu há menos de meio ano que tem hepatite C e varizes esofágicas e já é prioritária para acesso à terapêutica inovadora, explicou o marido, que não se conforma e não compreende que por 40 mil euros se perca uma vida.

“Mesmo que eu queira comprar o medicamento particularmente, não posso, tem que ser através do hospital. A minha mulher está refém. Nós estamos reféns”, afirmou comovido João Carolino - que tem dois filhos e netos – acrescentando não compreender que este mesmo medicamento custe cerca de “600 euros em Israel ou no Egipto”.

Maria João Santa Maria, uma das fundadoras da Plataforma, contou que esta concentração surgiu quase espontaneamente há dois dias, assim que se soube que o ministro viria ao parlamento.

O objectivo foi apelar à tutela que trate imediatamente os doentes mais urgentes e que sejam revistas as condições de AUE, para que todos os doentes possam fazer tratamento, e á industria para que pratique preços que permitam assegurar o acesso universal às terapêuticas.

Até aos 18 anos
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, mostrou-se “disponível para legislar” o alargamento da isenção de pagamento de taxas...

Paulo Macedo falava na Comissão Parlamentar da Saúde, que debate a questão das urgências hospitalares, a pedido potestativo do PCP, onde se mostrou “disponível para legislar” a isenção do pagamento de taxas moderadoras até aos 18 anos.

Durante uma intervenção, o ministro enumerou várias medidas com que conta resolver a carência de recursos humanos, nomeadamente médicos, anunciando que o seu ministério vai “flexibilizar as condições” para que os clínicos reformados possam trabalhar a tempo parcial.

Assim, e durante um “período experimental que não deve ir além dos três anos, os médicos reformados poderão trabalhar 20 horas semanais (em vez das 40 em vigor) e acumular a reforma com o salário relativo a esse horário parcial.

Além desta medida, Paulo Macedo disse que está em fase de análise pelos sindicatos uma proposta de incentivos para os clínicos irem trabalhar na periferia.

Os clínicos que optarem pela periferia irão, assim, beneficiar de um subsídio a atribuir no início da deslocação e um outro anual.

Ao longo de quase quatro horas de debate, marcado essencialmente pela questão do acesso ao medicamento Sofosbuvir, contra a hepatite C, a oposição responsabilizou Paulo Macedo pelo estado das urgências hospitalares.

Em resposta, o governante enumerou as medidas tomadas pelo seu ministério, garantiu que a resposta ao inverno foi planeada e que os recursos humanos estão a ser reforçados.

A reiterar esta postura de Paulo Macedo, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, assegurou que “os fundamentais do SNS (financeiros, recursos humanos e prestação de cuidados) estão melhores”.

Doente com hepatite C diz a Paulo Macedo
“Não me deixe morrer, eu quero viver”, gritou hoje José Carlos Saldanha, doente que aguarda tratamento contra a hepatite C, ao...

José Carlos Saldanha, acompanhado pelos filhos de duas doentes com hepatite C, uma das quais falecida recentemente, assistiu a várias horas de debate sobre o estado das urgências hospitalares, mas também sobre o acesso aos tratamentos contra a hepatite C.

No meio da discussão, o doente levantou-se e, dirigindo-se a Paulo Macedo, gritou “não me deixe morrer, eu quero viver”.

Segundo afirmou, este doente com hepatite C terá oferecido a Paulo Macedo metade do custo do tratamento, não tendo recebido qualquer resposta da parte do Ministério da Saúde.

José Carlos Saldanha pediu depois desculpa aos deputados pela sua intervenção, não sem antes avisar Paulo Macedo: “A si, eu vou encontrá-lo”.

A intervenção causou celeuma, com o deputado do PSD a solicitar que os restantes dois elementos e filhos de doentes deixassem a sala onde decorre a Comissão Parlamentar da Saúde saíssem, proposta que não foi acatada.

Ébola
Apenas pouco mais de um terço dos fundos prometidos para combater a epidemia de Ébola na África Ocidental foram entregues, o...

“Até 31 de Dezembro de 2014, os doadores tinham prometido um total de 2,89 mil milhões de dólares (2,53 mil milhões de euros) para apoiar a acção internacional contra a epidemia de Ébola. No entanto, apenas 1,09 mil milhões foram efectivamente pagos”, indicou Karen Grépin, especialista em questões de saúde a nível mundial na Universidade de Nova Iorque, no relatório divulgado na terça-feira.

Os fundos entregues até final do ano passado correspondiam a cerca de 38% do que tinha sido prometido.

“O problema não foi a generosidade dos doadores (as necessidades para combater a epidemia foram avaliadas em 1,5 mil milhões de dólares), mas o facto de os recursos não terem sido disponibilizados com a rapidez suficiente”, explicou Grépin.

E o atraso “pode ter contribuído para a propagação do vírus”, considerou.

A Organização Mundial de Saúde decretou a mobilização mundial face à epidemia de febre hemorrágica Ébola no início de Agosto de 2014, mas os primeiros 500 milhões de dólares de ajuda só estiveram disponíveis em meados de Outubro, sublinha o estudo.

A propósito, o relatório assinala a necessidade “de um mecanismo para permitir um desembolso mais rápido dos fundos para combater as ameaças para a saúde pública como o Ébola”.

A progressão da doença, que causou cerca de 9.000 mortos num ano, regista um claro abrandamento no último mês nos três países da África Ocidental que constituem o seu epicentro (Libéria, Guiné-Conacri e Serra Leoa).

Esta epidemia de Ébola foi a mais grave desde que o vírus foi identificado em 1976, na África Central.

Ministro reconhece
O ministro da Saúde reconheceu hoje a necessidade de alargar os critérios para os doentes terem acesso aos tratamentos...

Paulo Macedo falava na Comissão Parlamentar da Saúde, a pedido do PCP, sobre a situação das urgências hospitalares, tendo o tema do acesso ao tratamento da hepatite C sido abordado por vários deputados, nomeadamente da oposição.

A assistir a esta comissão está um doente que aguarda o fármaco Sofosbuvir, o filho de uma doente internada com a doença e o filho de uma outra que morreu recentemente com esta patologia.

“Estamos a morrer”, afirmava José Carlos Saldanha, que aguarda o medicamento inovador, enquanto o ministro Paulo Macedo garantia que o governo tudo está a fazer para os doentes terem acesso ao melhor tratamento.

Nesse sentido, Paulo Macedo garantiu que, “relativamente aos doentes que têm indicação da comissão farmácia e terapêutica e critérios para tomar o medicamento, todos estão a ser tratados”.

“O que precisamos é de alargar os critérios, não para apenas estes doentes que estão em risco de vida, mas também para os que possam vir a beneficiar mais deste tratamento”, disse.

Sobre as negociações, o ministro reafirmou: “Não aceitamos que nos imponham uma política de preços totalmente opaca”.

Segundo Paulo Macedo, estão actualmente a ser tratados 630 doentes, com combinações entre vários medicamentos, em ensaios clínicos e com fármacos de três laboratórios, mais os cem tratamentos oferecidos pelo laboratório que comercializa o Sofosbuvir.

A presença deste doente e familiares de doentes na comissão ocorre no dia em que várias pessoas se manifestaram no exterior do Parlamento, pelo direito ao acesso dos medicamentos contra a hepatite C.

Especialista afirma
A oncologista cabo-verdiana Hirondina Spencer considerou que o aumento de número de casos de cancro por ano em Cabo Verde “é...

Em entrevista à agência de notícias cabo-verdiana Inforpress, a especialista, que coordena o combate à doença no Hospital Agostinho Neto, referiu que a falta de equipamentos obriga a tratamentos no estrangeiro, com os inerentes custos.

No dia em que se celebra o Dia Mundial de Luta contra o Cancro, Hirondina Spencer salientou que apenas a capital cabo-verdiana dispõe de equipamentos para quimioterapia, recebendo os doentes das restantes oito ilhas que, nos casos mais complexos, obriga à transferência dos pacientes, sobretudo para Portugal.

"Mesmo sem um registo nacional sobre o surgimento de novos casos, a situação de cancro é alarmante, porque realmente está a aumentar. Por ano, recebemos no Hospital Agostinho Neto uma média de 350 a 400 casos novos", precisou.

Segundo Hirondina Spencer, os tipos de cancro mais frequentes nas mulheres são o do colo uterino e da mama, que são também os que têm mais doentes transferidos para tratamento, por precisarem de fazer a radioterapia que não existe no país.

Nos homens, os tumores de vias digestivas e o cancro da próstata são os mais frequentes, acrescentou.

Sobre o lema deste ano, "Vencer o Cancro Está ao Nosso Alcance", a oncologista cabo-verdiana lembrou que a doença é uma das principais causas de morte no arquipélago.

"Podemos mudar de estilo de vida, ter um tratamento disponível, investir nos recursos materiais e humanos para tratamento, apostar na prevenção e diagnóstico precoce para evitar o cancro", sustentou.

Todos os anos, a 4 de Fevereiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alia-se à União Internacional Contra o Cancro (UICC), a fim de promover a luta contra a doença.

A efeméride, aprovada na Carta de Paris a 4 de Fevereiro de 2000, na Cimeira Mundial Contra o Cancro para o Novo Milénio, é um instrumento que visa chamar a atenção de líderes governamentais, gestores de saúde e formadores de opinião para reduzir até 2020 a doença que ameaça as futuras gerações em todo o mundo.

Estima-se que o número de casos de cancro e mortes relacionadas a nível mundial venha a duplicar nos próximos 20 a 40 anos, especialmente nos países em desenvolvimento, os menos equipados para lidar com o impacto social e económico da doença.

Direcção-Geral da Saúde
A partir de hoje o Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê uma acentuada descida das temperaturas mínimas. Assim,...

Perante a previsão de tempo frio para os próximos dias a DGS recomenda que sejam tomadas as seguintes precauções:

  • Verificar a manutenção dos equipamentos utilizados para aquecimento antes de os utilizar;
  • Se utilizar lareiras, braseiras, salamandras ou equipamentos a gás mantenha a correcta ventilação das divisões de forma a evitar a acumulação de gases nocivos à saúde;
  • Não utilizar equipamentos de aquecimento de exterior (esplanadas) em espaços interiores;
  • Antes de se deitar ou sair de casa certifique-se de que apagou ou desligou os equipamentos de aquecimento, de forma a evitar fogos ou intoxicações;
  • Tenha especial atenção com os idosos e crianças para evitar queimaduras.

As pessoas mais vulneráveis ao frio são:

  • Crianças;
  • Idosos;
  • Doentes crónicos, principalmente com problemas respiratórios e cardiovasculares;
  • Os sem-abrigo;
  • Pessoas cuja habitação tenha mau isolamento térmico.

Proteja-se:

  • Use várias camadas de roupa adequadas à temperatura ambiente;
  • Proteja as extremidades do corpo (use luvas, gorro, meias quentes e cachecol);
  • Ingira bebidas e alimentos quentes.

Para mais informação consulte as recomendações neste site ou ligue para a Linha Saúde 24 (808 24 24 24).

Dia Mundial do Cancro
O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro manifestou-se satisfeito com o anúncio do governo de um investimento de 40...

“As verbas nunca são suficientes para a luta contra o cancro, mas é muito bom saber que há um investimento adicional de 40 milhões de euros, vemos isso com muita satisfação”, disse Francisco Cavaleiro Ferreira.

No Dia Mundial do Cancro, o presidente da Liga adiantou que a luta contra a doença em Portugal “está difícil”, lembrando que se trata de uma patologia “muito difícil, que tem vindo a aumentar nos últimos anos e que, tudo indica, continuará a aumentar no futuro”.

O Governo anunciou um investimento de 40 milhões de euros para tratamento de doentes oncológicos nos Institutos Portugueses de Oncologia (IPO) de Lisboa, Porto e Coimbra, sendo metade do valor fornecido pela tutela e a outra por fundos comunitários e receitas próprias dos institutos.

O anúncio foi feito hoje, Dia Mundial do Cancro, em comunicado pelo Ministério da Saúde, no qual lembra que esta doença é a principal causa de morte prematura antes dos 70 anos e, no conjunto das causas de mortalidade em todas as idades, ocupa o segundo lugar depois das doenças cérebro-cardiovasculares.

De acordo com Francisco Cavaleiro Ferreira, actualmente, “um em cada quatro portugueses tem ou vai ter a doença”, prevendo-se que em 2030 os dados sejam de “um em cada três”.

Segundo o responsável, estes dados têm a ver com hábitos de vida, com a longevidade das pessoas, que vivem cada vez mais anos. Cavaleiro Ferreira lembrou que em Portugal são detectados 50 mil casos por ano e morrem cerca de 25 mil pessoas. Francisco Cavaleiro Ferreira considerou que a dificuldade na prevenção da doença é o facto de “não existir cura”, embora reconheça que as “taxas de sobrevivência já são assinaláveis”.

“É preciso as pessoas estarem informadas e cientes do que é a doença e não a recearem. Há que desmistificar a doença, e a Liga faz um esforço grande na prevenção primária de informação e esclarecimentos”, explicou.

Para o presidente da Liga, as pessoas devem estar “alertadas para certos sinais no seu corpo”, além de terem cuidados de hábitos de vida, como a alimentação e o desporto, relembrando que sempre que puderem façam rastreios, já que se trata de “pequenos passos importantes na luta contra o cancro”.

O Ministério da Saúde anunciou que este ano estão previstos investimentos para a área oncológica, designadamente para as unidades dos IPO’s de Lisboa, Coimbra e Porto superiores a 40 milhões de euros.

“Uma parte deste investimento já será realizado graças à capacidade de autofinanciamento das unidades, outra, por candidatura a fundos comunitários, e outra parte, ainda, através da injecção de capital do Estado, até 20 milhões de euros, a realizar este ano”, indica a tutela.

O ministério lembrou que, em 2014, os principais investimentos nos três IPO’s rondaram os 8 milhões de euros.

Governo anuncia
O Governo anunciou um investimento de 40 milhões de euros para tratamento de doentes oncológicos nos Institutos Portugueses de...

O anúncio foi feito hoje, Dia Mundial do Cancro, em comunicado, pelo Ministério da Saúde, no qual lembra que esta doença é a principal causa de morte prematura antes dos 70 anos e, no conjunto das causas de mortalidade em todas as idades, ocupa o segundo lugar depois das doenças cérebro-cardiovasculares.

Para assinalar a efeméride, o Ministério da Saúde anunciou que este ano estão previstos investimentos para a área oncológica, designadamente para as unidades dos Institutos Portugueses de Oncologia (IPO) de Lisboa, Coimbra e Porto superiores a 40 milhões de euros.

“Uma parte deste investimento já será realizado graças à capacidade de autofinanciamento das unidades, outra, por candidatura a fundos comunitários, e outra parte, ainda, através da injecção de capital do Estado, até 20 milhões de euros a realizar este ano”, indica a tutela.

O ministério lembrou que, em 2014, os principais investimentos nos três IPO’s rondaram os oito milhões de euros.

Em comunicado, o ministério realça que o Programa Nacional para as doenças Oncológicas é considerado prioritário e os principais programas de prevenção primária, luta contra o tabagismo, a promoção de alimentação saudável, estão atualmente organizados em programas autónomos.

O ministério lembra também que várias acções vão ser levadas a cabo com o financiamento pelos jogos sociais no valor global de 350.000 euros.

De acordo com o ministério, as previsões para Portugal apontam para um acréscimo de 12,6% de novos casos, estimando-se que, à semelhança de 2014, este ano morram por cancro mais de 20.000 pessoas.

Deverá começar até final do ano
A colheita de órgãos em dadores com coração parado deverá começar a ser feita até ao final deste ano, uma vez que a legislação...

A informação foi avançada pelo presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), a propósito de uma portaria publicada em diário da república no final de Janeiro, que regulamenta o processo de colheita de órgãos em dadores mortos em paragem cardiocirculatória.

“Neste momento vai-se entrar em fase de candidaturas, depois é verificar e dar autorização e a partir daí, começa-se a fazer a colheita”, afirmou.

Para já é necessário as equipas treinarem-se para que “no final do ano um ou dois hospitais” já possam fazer esse tipo de transplante, disse.

“Esta preparação não podia ser feita sem o equipamento legal estar na rua e este já é um trabalho monstro, que implicou várias reuniões com mais de 30 pessoas”, explicou, sublinhando a importância agora do trabalho de preparação das equipas, porque a colheita de órgãos em dador de coração parado requer muita coordenação.

Para se candidatarem, os hospitais precisam de cumprir uma série de requisitos, como situarem-se em Lisboa, Coimbra ou Porto, disporem de um serviço de urgência polivalente e de um gabinete coordenador de colheita e transplantação e garantirem a disponibilidade de um coordenador hospitalar de doação de forma ininterrupta e em presença física.

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) também é chamado a participar neste processo devendo ter um protocolo com os hospitais em causa que assegure os procedimentos no âmbito da emergência médica pré-hospitalar.

Os hospitais são ainda obrigados a cumprir uma série de requisitos relativamente ao doente em paragem cardiocirculatória, como medidas de reanimação avançada, incluindo oxigenação extracorporal em tempo útil apos chegada ao hospital, ou a mobilização rápida de equipas cirúrgicas multidisciplinares para a colheita de órgãos.

Estas unidades hospitalares terão ainda que assegurar a articulação entre a sala de emergência, os cuidados intensivos e o bloco operatório, de modo a garantir que a colheita de órgãos se realiza num período inferior a 240 minutos.

Actualmente, a colheita de órgãos para transplante apenas é feita em doentes em morte cerebral, pelo que a possibilidade de transplantar a partir de pessoas em paragem cardiocirculatória irá aumentar o número de transplantes.

A medida já está prevista há mais de quatro anos, mas só em novembro de 2013 foi publicado em diário da república o despacho que define os critérios médico-legais segundo os quais pode ser declarada a paragem cardiocirculatória irreversível, e que foram propostos e aprovados pela Ordem dos Médicos.

No dia 23 de Janeiro deste ano, foi publicada a portaria que regulamenta todos os procedimentos, fechando o capítulo legal relativamente a este tipo de transplante e levando Hélder Trindade a afirmar que “o fundamental está feito: pôr a lei na rua”.

Em 2014
Em 2014 realizaram-se em Portugal 747 transplantes de órgãos, menos 42 do que no ano anterior, uma descida que o presidente do...

O número de dadores também desceu, de 295 em 2013, para 289 em 2014.

Segundo Hélder Trindade, no ano passado foram colhidos 829 órgãos, e houve uma diminuição de fígados e corações transplantados e um aumento de transplantes de rins e pulmões.

De acordo com os dados do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), em 2014 realizaram-se 451 transplantes renais (mais um do que em 2013), 209 transplantes hepáticos (menos 34), 43 cardíacos (menos 12), 19 pulmonares (mais três) e 25 pancreáticos (o mesmo número do ano anterior).

Na opinião de Hélder Trindade, é um número de transplantes “razoável” e apesar de ter havido uma ligeira descida, no geral “há uma estabilização de um ano para o outro”.

“O ano passado teve um bom primeiro semestre [em termos de transplantes] e o segundo foi pior. É habitual isto acontecer, o que é preciso é manter”, afirmou.

Segundo Hélder trindade, 78% causas de morte foram médicas, o que significa que são dadores mais idosos, com patologias associadas, o que pode condicionar os órgãos, sobretudo os rins.

“É importante que um dos dados que temos que perceber é que estamos a colher em população com morte por causa médica e não traumática, como antigamente. Por isso o transplante renal estar quase na mesma é um bom indicador”, afirmou.

O responsável adiantou ainda que estão a ser feitas auditorias aos hospitais, para identificar se estão a ser devidamente identificados e aproveitados todos os dadores cadáveres.

Estas auditorias permitirão posteriormente ir melhorando os processos de transplantação, sublinhou.

Especialistas denunciam
Especialistas em dor crónica denunciaram que há doentes graves que faltam às terapias da dor por falta de dinheiro para os...

“Nós temos doentes muito doentes, mas muito doentes, que são o ganha-pão da família e continuam a trabalhar até puderem para não faltarem ao trabalho”, contou Beatriz Craveiro Lopes, directora da Unidade da Dor do Hospital Garcia de Orta e da direcção da Associação para o Desenvolvimento da Terapia da Dor.

Na Unidade da Dor do Hospital Garcia de Orta, em Almada, são traçados planos terapêuticos para cada doente, que reúnem várias técnicas para aliviar a dor, como radiofrequências, neuroestimulação, reiki, psicodrama, musicoterapia, mas nem sempre são possíveis de cumprir por falta de disponibilidade do paciente.

“Muitas vezes há alguma dificuldade, não porque o doente não esteja interessadíssimo e empenhadíssimo” em fazer o tratamento, mas porque para o fazer “tem de se ausentar das suas actividades laborais” e eles “têm imenso medo de perder o emprego”, explicou a anestesiologista.

Contou ser frequente os doentes perguntarem se é possível fazer o tratamento em horário pós-laboral, um problema que os profissionais tentam gerir, mas que é difícil porque os horários estão estabelecidos (08:00/18:30).

“São tantos os doentes nestas condições que é confrangedor e nós sentimo-nos impotentes, porque também não temos muita margem de manobra, porque há horários institucionais que não podemos alterar”, explicou.

Também há casos de alguns doentes que, apesar de estarem “empenhadíssimos no seu tratamento”, faltam à consulta por falta de dinheiro para os transportes.

Algumas vezes tenta-se resolver a situação através de uma consulta pelo telefone para evitar a deslocação do doente, mas nem sempre é possível, disse Beatriz Craveiro Lopes, sublinhando que "é mais uma arma para defender os doentes".

Cláudia Costa, psicóloga clínica da União Humanitária dos Doentes com Cancro, contou que são muitos os casos de doentes oncológicos que continuam a trabalhar para não perderem o emprego, mas há situações em que isso acaba por acontecer e para se resolver esta questão "demora anos".

Há doentes com dificuldades financeiras que “não se podem dar ao luxo de estar de baixa, porque têm filhos para criar, família para ajudar e não têm dinheiro para comer”, disse Cláudia Costa, rematando que são "muitas as situações que fazem com que as pessoas vão trabalhar mesmo num estado precário".

“Já não basta estarem doentes e ainda têm de trabalhar, sem vontade nenhuma”, lamentou a psicóloga, defendendo que “devia haver mais apoio a nível psicológico no trabalho e mais compreensão”.

“Somos humanos e pode acontecer a qualquer um”, sustentou.

Há ainda casos em que o doente, para “não se sentir um fardo, vai trabalhar, mesmo num estado de saúde lastimoso, degradado, desnutrido, afectiva e emocionalmente afectado e, às vezes, sem o apoio familiar devido”, contou.

Para Cláudia Costa, o Estado deveria ajudar mais todos os doentes crónicos: “Os tratamentos são muito caros, as pessoas demoram muito tempo para ter uma consulta, para fazer o tratamento, outras vezes são esquecidas, os exames trocados. Isto é a realidade e a realidade tem de ser dita”.

A pedido do PS
A Deco e a ASAE vão ser ouvidas hoje na Comissão de Agricultura e Mar a pedido do PS, na sequência de um estudo da associação...

A audição da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e da associação de defesa do consumidor (Deco) foi requerida, com carácter de urgência, na quarta-feira pelo Grupo Parlamentar do PS, após a divulgação do estudo que colocou em causa a qualidade da carne picada vendida a granel em 26 talhos.

No requerimento, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista afirma que os resultados dos testes que a Deco fez à carne picada “vendida em estabelecimentos de venda ao público, não podem deixar a população tranquila”.

Os socialistas lembram que, “no passado recente (2013), a intranquilidade na segurança alimentar foi levantada a propósito do caso da fraude em produtos alimentares processados”, evidenciando a necessidade de uma maior fiscalização e maior controle das entidades com a responsabilidade do controlo e segurança alimentar.

“Passados cerca de dois anos, a dúvida na qualidade e segurança alimentar mantêm-se e volta a ser questionada, nomeadamente neste tipo de produtos cárnicos, assim como volta a ser colocada no epicentro a entidade com a responsabilidade de o garantir”, lê-se no requerimento.

O estudo da Deco analisou amostras de carne picada vendida em 26 talhos de rua, de mercados e de hipermercados, tendo chumbado todos na conservação, higiene e temperatura de venda da carne de vaca picada a granel, com 23 a adicionarem ao preparado sulfitos, aditivos proibidos por lei.

A ASAE esclareceu posteriormente que os sulfitos detectados em carne de vaca picada a granel são “aditivos alimentares aprovados como conservantes que podem ser utilizados em variadíssimos géneros alimentícios, como por exemplo, nos preparados de carne (almondegas, hambúrgueres, etc)”.

A polémica suscitada pelo estudo levou a uma reunião, na passada sexta-feira, da Comissão da Segurança Alimentar, na qual participaram o secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira de Brito, e o secretário de Estado adjunto e da Economia, Leonardo Mathias.

A Comissão, que tem por missão propor medidas que garantam não existirem alimentos à venda que não sejam seguros, e de informar as pessoas sobre suspeitas legítimas de riscos para a saúde, é composta por 12 membros, representantes dos ministérios da Economia e Agricultura, da ASAE, direção geral e institutos, de confederações, de federações e associações, entre as quais a DECO e os representantes da grande distribuição APED.

Especialista explica
Se já ouviu falar de Testamento Vital, sabe que não estamos a falar de nenhum testamento.
Homem a assinar documento

Aliás a Legislação aplicável[1] refere e muito bem, que se trata de Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV). E o que quer isto dizer? Quer dizer que um cidadão, qualquer cidadão, pode determinar os cuidados de saúde que pretende que sejam ou não sejam efetuados quando ele não puder expressar essa vontade. Em termos práticos um cidadão pode exprimir que se tiver um acidente não quer ser ligado à máquina (normalmente esta máquina é um ventilador artificial).

Mas, e esta DAV tem vários “mas”, não é assim tão linear. Quando se dá entrada num serviço de Urgência está previsto que não existe obrigatoriedade de consultar o RENTEV. E isto é perfeitamente natural, uma vez que a espera para a consulta referida pode interferir com a rapidez das intervenções necessárias.

Mas referimos um RENTEV, que é a sigla para Registo Nacional do Testamento Vital. E o que se regista no RENTEV são as DAV. Confuso? Claro que sim! E por isso tanto alarido à volta de uma Legislação muito bem-intencionada e que em termos práticos o que diz é que cada cidadão tem o poder de gerir o seu processo de saúde/doença até quando já não está em condições do que quer e não quer que lhe façam.

Por outro lado o cidadão interessado pode pesquisar informaticamente através de http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/informacoes+uteis/testamento+vital/testamento+vital.htm ou de https://servicos.min-saude.pt/utente/portal/paginas/RENTEVDestaque.aspx e recolhe todas as informações necessárias.

Ou pode ainda recorrer ao seu Enfermeiro e pedir ajuda. Aliás é nos Centros de Saúde que funciona a recolha das DAV, que devem ser entregues em papel e assinadas presencialmente. Só não podem efetuar DAV menores e pessoas limitadas judicialmente por interdição ou por inabilitação.

Se o não fizer no Centro de Saúde, terá de enviar por carta registada e com assinatura reconhecida em Notário. Bem mais complicado, mas haverá situações em que possa ser útil.

O Cidadão tem ainda a possibilidade de nomear um Procurador de Cuidados de Saúde, que em caso de impossibilidade do próprio cidadão tem poderes representativos para decidir em vez dele.

Mais uma vez o Enfermeiro, na nossa opinião, poderá ser o Procurador de Cuidados por excelência, uma vez que nos seus processos de proximidade e acompanhamento dos indivíduos e famílias estará na posse de conhecimento no que concerne ao projeto concreto daquela pessoa, bem como dos seus desejos para o fim de vida.

Aliás esse papel até poderá sair reforçado pela previsão legislativa de que a consulta ao RENTEV é feita pelo médico. Assim, cabe ao Enfermeiro o dever de solicitar a informação a que tem direito, consignado na alínea f) do n.º 2 do Artigo 75º do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros publicado no Decreto-Lei nº 104/98, de 21 de Abril, alterado e republicado em Anexo à Lei nº 111/2009 de 16 de Setembro, pelo que o enfermeiro deve ser informado da existência ou não de DAV. Quer isto dizer que não tendo a faculdade de aceder ao registo, tem direito a ser informado, devendo de seguida atuar, como habitualmente, em conformidade com os desejos formulados pelo cidadão, defendendo esse desejo perante intervenções eventualmente menos esclarecidas. Sendo a vontade do doente atual, competente e esclarecida, deverá ser respeitada, seja no sentido do consentimento ou do dissentimento do cuidado proposto.

E porque referimos atual? Porque em qualquer momento, o cidadão pode revogar a DAV anteriormente formulada. E por isso não terá nenhuma consequência. Necessita é de se observar se o cidadão está capaz de formular o seu consentimento livre e esclarecido.

Se ainda não tinha ouvido falar do Testamento Vital então não se fique por aqui e consulte a legislação indicada e pergunte ao Seu Enfermeiro. Ele ajuda-o, como sempre.




[1] Lei n.º 25/2012 de 16 de julho - Regula as Diretivas antecipadas de vontade; Portaria n.º 96/2014 de 5 de maio - Regulamenta a organização e funcionamento do Registo Nacional do Testamento Vital; Portaria n.º 104/2014 de 15 de maio – Aprova o modelo de diretiva antecipada de vontade

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Considerações éticas do Testamento Vital

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Até 2017
O Governo vai atribuir em 2015 mais de 16,5 milhões de euros através de contratos-programa para a Rede Nacional de Cuidados...

Segundo despacho publicado segunda-feira em Diário da República, o Governo autoriza o Instituto de Segurança Social (ISS) e as Administrações Regionais de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, do Centro e do Norte a assumir os respectivos compromissos para os anos de 2015, 2016 e 2017 relativos aos contratos-programa com as entidades que integram ou passam a integrar a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

Em causa estão 16.545.499,2 euros distribuídos por três Unidades de Média Duração e Reabilitação (UMDR), três Unidades de Longa Duração e Manutenção (ULDM), cinco Unidades de Cuidados Paliativos (UCP) e uma Unidade de Convalescença (UC).

À responsabilidade do ISS ficam 2.794.602,6 euros que vão para as UMDR e ULDM do Hospital privado Soerad, em Torres Vedras, para as da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro e para as unidades do Hospital privado de Nossa Senhora da Arrábida, em Brejos de Azeitão.

Estas unidades recebem igualmente verbas provenientes da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), que, para os três anos, vai distribuir 4.653.389,7 euros.

No total, o Hospital privado Soerad recebe 3.788.098,5 euros, enquanto a Santa Casa da Misericórdia do Barreiro tem direito a 1.573.537,5 euros e o Hospital Nossa Senhora da Arrábida a 2.086.356,3 euros.

A ARSLVT tem também 4.043.336,4 euros para três Unidades de Cuidados Paliativos, entre 1.684.723,5 euros para TMG – Residências para Séniores, Lda, 1.572.408,6 euros para o Hospital Nossa Senhora da Arrábida e 786.204,3 euros para as Residências São João de Ávila, em Lisboa.

Por outro lado, a Administração Regional de Saúde do Norte está autorizada a atribuir 1.684.723,5 euros às UCP da Unidade Local de Saúde do Nordeste, em Macedo de Cavaleiros, e da empresa WE Care.

Já a Administração Regional de Saúde do Centro vai atribuir 3.369.447 euros à UC do Hospital Rovisco Pais, na Tocha.

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