Relatório alerta

Aumento da extração de recursos pode provocar danos irreversíveis

A extração de recursos naturais poderá aumentar de 85 para 186 mil milhões de toneladas até 2050, devido ao aumento e enriquecimento da população mundial, o que poderá provocar danos irreversíveis no ambiente, alerta um relatório.

O documento, publicado pelo Painel Internacional sobre os Recursos (PIR), que reúne 34 cientistas internacionais e mais de 30 governos nacionais e outros grupos, alerta que se isso acontecer a capacidade da terra para fornecer os recursos necessários para a sobrevivência e desenvolvimento humanos pode estar em causa.

O consórcio, sediado no Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), apela a uma mudança para um sistema alimentar "inteligente" que transforme a forma como os alimentos são produzidos, colhidos, processados, comercializados, transportados, armazenados, vendidos e consumidos.

Em comunicado, a organização explica que os sistemas alimentares atuais, que os cientistas consideram "ineficientes e insustentáveis", são responsáveis por 60% da perda de biodiversidade terrestre e por 24% das emissões de gases com efeito de estufa.

São também responsáveis pela sobre pesca de 29% das populações de peixes comercializáveis e pela sobre-exploração de 20% dos aquíferos do mundo.

Apesar de a produção alimentar ter aumentado em todo o mundo, mais de 800 milhões de pessoas continuam com fome, mais de dois mil milhões têm deficiências de micronutrientes e mais de dois mil milhões têm excesso de peso.

Para combater estes problemas, o PIR defende a adoção de um sistema alimentar inteligente, que assente em três princípios: baixo impacto ambiental, uso sustentável de recursos renováveis e uso eficiente de todos os recursos.

"Temos o conhecimento e os instrumentos à nossa disposição para alimentar todas as pessoas no mundo, enquanto minimizamos os danos no ambiente. Um sistema alimentar melhor e mais sustentável permite-nos produzir e consumir alimentos sem os efeitos negativos nos nossos recursos naturais", disse Achim Steiner, diretor executivo do PNUA.

Steiner sublinha que o ambiente não é o único beneficiário deste sistema, já que um consumo e produção alimentar mais sustentáveis serão benéficos para a saúde humana e para o objetivo de acabar com a fome no mundo.

O PIR apresenta por isso 12 recomendações para os governos, empresas sociedade civil e cidadãos, entre as quais: reduzir o desperdício alimentar; evitar produtos que consomem muitos recursos, como a carne, as calorias vazias e os produtos processados; ligar os centros rurais e urbanos, especialmente nos países em desenvolvimento; informar os consumidores urbanos sobre a forma como os alimentos são produzidos, como lhes chegam aos pratos e quais os efeitos do seu consumo na saúde e no ambiente.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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