Prémios Grünenthal
Um grupo de investigadores portugueses foi distinguido com dois prémios no valor de 15 mil euros, atribuídos pela Fundação...

“A injeção intra-articular de colagenase no joelho de ratos como modelo alternativo para o estudo da nocicepção associada à osteoartrose” venceu o Prémio de Investigação Básica, avaliado em 7.500 euros.

Este trabalho é da autoria de Sara Adães, Marcelo Mendonça, Lígia Almeida, José M. Castro-Lopes, Joana Ferreira-Gomes, Fani L. Neto, do Departamento de Biologia Experimental, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e do grupo de Morfofisiologia do Sistema Somato-sensitivo (Grupo de Dor), do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S).

Sara Adães, investigadora principal do estudo vencedor, explicou que “os modelos animais usados na investigação da dor associada à osteoartrose centravam-se predominantemente no desenvolvimento de alterações que desencadeiam a dor, falhando na capacidade de reproduzir os mecanismos patogénicos e as características estruturais da doença”.

“Nós quisemos avaliar se o modelo da injeção de colagenase, até então utilizado apenas para o estudo das características estruturais da doença, reproduziria também as características da dor associada à osteoartrose. De seguida, utilizámos o mesmo modelo para estudar mecanismos patológicos subjacentes ao desenvolvimento da dor”.

Os investigadores verificaram que “o modelo animal apresenta um perfil de desenvolvimento de dor semelhante ao observado na osteoartrose humana, pelo que poderá reproduzir mais eficazmente as características da doença e, consequentemente, permitir uma melhor translação dos resultados experimentais para a prática clínica”.

“Observámos ainda que, numa primeira fase de desenvolvimento da doença, a dor associada à osteoartrose tem características predominantemente inflamatórias. No entanto, numa fase mais avançada, a progressão das alterações estruturais articulares cria condições que favorecem a lesão dos neurónios sensitivos que inervam essas articulações e o desenvolvimento de alterações com características neuropáticas, isto é, derivadas da disfunção do tecido nervoso”, adiantou.

Também com o valor de 7.500 euros, o Prémio de Investigação Clínica foi atribuído a uma equipa da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, composta pelos investigadores Nélia Gouveia, Ana Rodrigues, Sofia Ramiro, Mónica Eusébio, Pedro Machado, Helena Canhão e Jaime da Cunha Branco pelo trabalho “O encargo da lombalgia crónica na população adulta portuguesa: resultados de um estudo de base populacional (EpiReumaPt)”.

“Até à data, a prevalência e o encargo social da lombalgia crónica eram desconhecidos e o nosso Grupo de Investigação decidiu explorar esta questão tendo em conta os seguintes tópicos: prevalência, «peso» social da lombalgia crónica e análise do encargo adicional dos sintomas psicológicos (ansiedade e depressão) em indivíduos com esta patologia”, disse Nélia Gouveia, investigadora principal do estudo premiado.

A investigação apurou que “a lombalgia crónica é um problema de saúde muito comum em Portugal, afetando 10,4 por cento da população adulta (o que corresponde a mais de um milhão de Portugueses)”.

“Verificámos ainda que a lombalgia crónica contribui para uma grande incapacidade por parte dos doentes e pior qualidade de vida, com efeitos consideráveis no desempenho laboral e bem-estar dos indivíduos, estando ainda associada a um grande consumo de recursos de saúde”, acrescentou.

O júri do Prémio Grünenthal Dor foi constituído por sete elementos: um representante da Fundação Grünenthal e seis personalidades médicas da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação e da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.

Os prémios serão entregues no dia 23 de setembro, às 17h, na Fundação Calouste Gulbenkian, numa cerimónia que vai ser precedida de um colóquio dedicado ao tema “Cognição e Dor”.

Parlamento
A Assembleia da República aprovou hoje, por unanimidade, dois projetos de resolução apresentados pelo Bloco de Esquerda e PCP...

O diploma da autoria do Bloco de Esquerda recomenda ao Governo a divulgação de um relatório sobre a implementação de rastreios de base populacional de cancro da mama, cancro de colo do útero, retinopatia diabética e cancros do colon e retal.

Já o projeto de resolução apresentado pelo PCP incide especificamente sobre a necessidade de o Governo adotar medidas de reforço da prevenção, diagnóstico, tratamento e apoio aos doentes de cancro de mama.

Na mesma série de votações da atual segunda sessão legislativa, em plenário, foi também aprovado por unanimidade um requerimento no sentido de fazer baixar diretamente à comissão parlamentar um projeto do PAN (Pessoas Animais e Natureza) para assegurar igualdade de acesso ao mercado arrendamento em relação a quem possui animais de companhia.

Prós e contras
Sabia que as primeiras chupetas consistiam num pedaço de pano, amarrado em forma de chumaço, que se

Revisão histórica
Os primeiros textos sobre “bicos” diziam respeito a “bicos” mamários e foram encontrados no papiro médico de Ebers (Séc. XIV aC) e representavam vasos antropomórficos que mostravam a eventual prática de aleitamento artificial no Egipto1. Posteriormente, escavações arqueológicas na Grécia, na Itália (4000 aC) e no Egipto (888 aC), encontraram utensílios semelhantes a biberões2.

Contudo, a primeira referência à chupeta surgiu no fim do século XV, por Metlinger (1473)3. Mas foi Albrecht Durer que em 1506 representou pela primeira vez uma espécie de chupeta na tela Madonna with a Siskin, que consistia num pedaço de pano (linho trançado) amarrado em forma de chumaço onde se podia colocar no seu interior alimentos (pão, grão, gordura, carne ou peixe) ou era embebido em liquido doce (mel), alcoólico (brandy) ou em opiáceos, utilizada para acalmar e nutrir as crianças “fazendo-as dormir”3. Estas eram bastante grandes para que as crianças não as pudessem engolir e possuíam uma ponta para serem atadas à roupa da cama ou ao berço e não como actualmente à roupa do recém-nascido (RN)3.

                

Com o decorrer do tempo estas chupetas foram muito contestadas por serem anti-higiénicas e produzirem lábios grossos e bocas grandes. Mas foi muito mais tarde, em 1845, que surgiu a primeira patente de bico de borracha, nos Estados Unidos por Ellijah Pratt, fazendo lembrar a chupeta actual4. Esta demorou muito até ser aceite, devido ao mau sabor e cheiro que possuía. Inicialmente as chupetas eram constituídas por materiais primitivos e em várias peças, que facilmente se desagregavam, colocando em risco a saúde da criança. Estas foram evoluindo, com o intuito de proporcionar maior conforto e segurança. A borracha deu lugar ao latex, potencialmente tóxico, que não permitia a esterilização repetida e rompia facilmente. Actualmente é sobretudo o silicone que predomina, em peça única e com menor potencial alergénico. Existem em diferentes tamanhos e formas e os bicos podem ser longos/curtos e de formato redondo ou achatado. Mais recentemente, meados do século passado, surgiram as chupetas ortodônticas, mais fisiológicas e teoricamente (pois mesmo isto é controverso) mais adaptáveis ao palato, reduzindo o seu efeito sobre a estrutura dentária, permitindo ainda uma respiração correcta (nasal).

O uso da chupeta
O uso da chupeta está largamente difundido na nossa população, pelos aparentes benefícios que produz e pelo seu baixo custo e facilidade de compra. Esta prática depende de hábitos culturais e de práticas sociais, sendo poucas as crianças que não fizeram ou fazem o seu uso. A motivação para os pais é sobretudo a sensação de conforto e calma que transmite à criança, associada à insegurança e inexperiência dos mesmos no acto de cuidar e amamentar o filho. Outros aspectos referidos pelos pais para o uso da chupeta são o facto de evitar a sucção dos dedos, o aspecto de “beleza” pela sua utilização, a influência dos media e a conduta de alguns profissionais, com orientações inadequadas, por desconhecimento dos benefícios/malefícios do seu uso.

As vantagens/desvantagens do uso da chupeta

Para muitos autores as vantagens do uso da chupeta são indiscutíveis, referindo sempre o efeito calmante/analgésico, o auxilio na indução do sono e o efeito protector contra a morte súbita. Para muitos outros os contras são igualmente importantes, alguns afirmam mesmo que o seu uso deve ser o último recurso. Das desvantagens salientam-se:  

  • O desmame precoce e dificuldade na amamentação, pela “confusão do mamilo”, traduzido pela técnica de sucção ser totalmente diferente quando é feita no seio da mãe e na chupeta;
  • O facto do eventual efeito calmante da chupeta poder/dever ser substituído pelos pais por carinho, colo, falar/cantar, amamentar, entre outros;
  • Má oclusão dentária, com deformação na arcada dentária e alterações na mastigação, além de atraso na fala, dado que a chupeta ocupa a cavidade oral, limitando o balbucio, a imitação de sons e a emissão de palavras, levando a uma vocalização distorcida e alterações emocionais;
  • Alteração da postura e tonicidade dos músculos da boca, com o lábio superior encurtado, o inferior flácido e evertido, bochechas híper/hipotonificadas e caídas e língua hipotónica;
  • Alterações respiratórias, com uma expiração prolongada, podendo reduzir a oxigenação e frequência respiratória;
  • Maior frequência de candidíase oral, pela falta de higiene;
  • Está associada a maior número de episódios de otites médias agudas;
  • Está associada à cárie dentária quando o seu uso é feito com a colocação de produtos açucarados.

Faz sentido o uso da chupeta actualmente?
O uso da chupeta começou a ser questionado nos anos setenta do passado século quando começou o movimento de incentivo ao aleitamento materno. Sendo desaconselhado sobretudo em crianças amamentadas, enquanto a lactação não estiver bem estabelecida.

Isto parece dever-se ao facto da sucção para o RN ter apenas dois tipos de significados, a obtenção das necessidades nutricionais e alimentares (sucção nutritiva) e o consolo (sucção não nutritiva). Dado que o RN que usa a chupeta tem mais dificuldade para extrair o leite da mama por poder fazer “confusão de sucção” provocada pelas diferenças fisiológica de sucção da chupeta (sucção negativa) e do seio (movimento de ordenha), pode levar à diminuição do número de mamadas diárias, levando a uma menor estimulação e produção de leite e, por inerência, a necessidade de eventual introdução de suplemento. A diminuição de estimulação parece advir do facto de a sucção da chupeta activar a salivação e a deglutição, enviando informações erradas ao sistema funcional da alimentação, produzindo a sensação de saciedade, disfarçando assim uma possível fome ou sede.

Instituições como a OMS e a UNICEF, são peremptórias ao desaconselharem o uso da chupeta, quando no ponto nove das medidas para o sucesso da amamentação e para atribuição de centros de reconhecimento de apoio ao aleitamento materno afirmam isso mesmo: “não dar tetinas ou chupetas a crianças amamentadas ao peito”5. Outras entidades, como a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) partilham da mesma opinião, mas admitem a sua introdução quando o aleitamento estiver bem estabelecido. Assim, a AAP desaconselha o seu uso no primeiro mês de vida, enquanto a SPP diz que “não deve ser oferecida nas primeiras semanas de vida”. Contudo, ambas estão de acordo da importância do seu uso no início do sono numa fase posterior, por reduzir o risco de morte súbita, apesar de se desconhecer os mecanismos envolvidos nesse processo.

Em síntese, cabe aos profissionais de saúde, em particular aos enfermeiros, esclarecerem os pais de todos os benefícios/malefícios do uso da chupeta para que estes possam decidir de forma livre e consciente do uso ou não da chupeta. Quando optarem pelo uso, ter em conta que este é recomendado quando a amamentação estiver bem estabelecida. Este facto depende de criança para criança, mas nunca acontece antes dos quinze dias de idade e deve iniciar-se de forma progressiva a retirada para terminar antes dos dois anos de idade, porque o crescimento ósseo está concluído sensivelmente nesta idade e é importante que o seu uso já esteja terminado para evitar uma arcada dentária indesejável e má oclusão dentária no final da fase de dentição primária.

 

Referências
1FERRAZ, AR; GUIMARÃES, H (2007). História da neonatologia no mundo. Revista da Sociedade Portuguesa de Pediatria, Secção de neonatologia.
2ICHISATO, SMT; SHIMO, AKK (2002). Revisitando o desmame precoce através de recortes da história. Revista Latino-americana de enfermagem. 10: 578-385
3TOSATO, JP; BIASOTTO-GONZALEZ, DA & GONZALEZ, TO (2005). Presença de desconforto na articulação temporomandibular relacionada com o uso da chupeta. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. 71:3. P. 365-368
4REA, MF (1990). Substitutos do leite materno: passado e presente. Revista de Saúde Pública. 24(3): 241-49
5LEVY, L; BÉRTOLO, H (2012). Manual do aleitamento materno. Comité Português para a UNICEF, Comissão Nacional Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Acesso a medicamentos
As parcerias representam um reforço do envolvimento do setor social no Programa Abem, o primeiro projeto de impacto nacional...

Na próxima segunda-feira, dia 19 de setembro, a Associação Dignitude irá assinar dois protocolos de colaboração com a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade e a União das Misericórdias Portuguesas. Trata-se de duas parcerias de extrema relevância para a Dignitude, que representam um reforço significativo da rede social do Programa Abem.

Para o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, padre Lino Maia, “a Dignitude é uma iniciativa solidária e paradigmática de que cada vez mais nos devemos responsabilizar uns pelos outros. Há pessoas com enormes dificuldades para adquirir os medicamentos que lhes são essenciais e esta parceria vai-nos permitir, entre outras coisas, aumentar a consciencialização da sociedade para esse facto”.

Para o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, “a assinatura deste protocolo com a Associação Dignitude representa uma possibilidade muito séria de trabalharmos em rede, que é uma coisa de que se fala muito, mas a que, em Portugal, estamos muito pouco habituados». Manuel de Lemos está convicto de que «seremos capazes de o fazer, assim como de desenvolver parcerias que acrescentarão valor àquilo em que já estamos a trabalhar”.

 

Paulo Cleto Duarte, presidente da Associação Dignitude, sublinha a importância destes compromissos. “A união de instituições de referência do sector social e do sector da saúde dá-nos força para iniciar este combate à discriminação no acesso ao medicamento”.

No próximo domingo
Onze cidades do país vão acolher no domingo o Passeio da Memória, uma caminhada solidária promovida pela associação Alzheimer...

A iniciativa, que assinala o Dia Mundial da Doença de Alzheimer (21 de setembro), realiza-se também em Pombal, no dia 21, e em Penafiel, no dia 25, disse Tânia Nunes, coordenadora do Departamento de Relações Públicas da associação.

Os “grandes objetivos” da caminhada são “informar e consciencializar a população para a importância de reduzir o risco de vir a desenvolver demência”, através da adoção de um estilo de vida saudável, chamar a atenção para os sinais de alerta da doença e principais sintomas e para a importância de um diagnóstico atempado, explicou Tânia Neves

No fundo, sustentou, “queremos chamar a atenção para este problema que afeta em Portugal mais de 182 mil pessoas e que ainda não tem, infelizmente, respostas” e equipamentos adequados.

A Alzheimer Portugal tem um lar com capacidade para 36 pessoas, uma “gotinha no oceano” em que a associação procura dar ”um exemplo daquilo que são boas práticas.

“A maior parte das pessoas com demência está em casa com os seus familiares ou em unidades em que os profissionais não sabem como cuidar deles”, disse Tânia Nunes, alertando para a necessidade de haver mais formação especializada para estes profissionais.

“Cuidar de uma pessoa com Alzheimer ou outra forma de demência não é igual a cuidar de um idoso que não tenha esta doença. É necessário todo um cuidado especial e terapêuticas especiais para estimulação cognitiva”, frisou.

Outro “grande problema”, apontou Tânia Nunes, é a sobrecarga dos cuidadores, que têm de cuidar de alguém que precisa de apoio 24 horas por dia, uma “situação muito desgastante” em termos físicos, emocionais e financeiros.

“As pessoas com demência vão perdendo as suas capacidades e vão progressivamente precisando de mais apoio, de uma supervisão e de um acompanhamento constante, porque chega a um ponto que perdem todas as capacidades”, sublinhou

Um dos trabalhos da Alzheimer Portugal é apoiar os cuidadores, dar-lhes formação e informação sobre as estratégias que existem para lidar melhor com determinadas situações.

“É uma situação muito complexa e nós não nascemos ensinados. Temos que aprender e ter alguém que nos apoie, porque nunca estamos preparados para ver aquela pessoa de quem gostamos tanto deixar de ser quem é, e a perder as suas capacidades”, sublinhou Tânia Nunes.

O Passeio da Memória, cujos fundos das inscrições revertem para a associação, chegou a Portugal em 2011 e decorreu apenas numa cidade (Oeiras). Desde então, há cada vez mais cidades a aderir à iniciativa

Este ano, vai decorrer em 13 cidades: Aveiro, Barreiro, Braga, Campo Maior, Fafe, Funchal, Matosinhos, Oeiras, Portimão, Viana do Castelo, Viseu, Pombal e Penafiel.

Estudos revelam
A mortalidade materna caiu 44% desde 1990 no mundo, mas a discrepância entre os países com maiores e menores taxas duplicou e...

As conclusões são de uma série de seis estudos publicada pela revista científica The Lancet, que atualiza dados de há dez anos e revela que há atualmente 210 milhões de gravidezes por ano e 140 milhões de nascimentos.

"O progresso ao nível global mascara grandes variações entre países e dentro dos países. (…) Parece uma história boa, mas é uma faca de dois gumes: há boas notícias e não tão boas notícias", disse a coautora da série Wendy J. Graham, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

Com a mensagem "Cada mulher, cada recém-nascido, em qualquer lugar, tem o direito a cuidados de saúde de qualidade", o estudo conclui que, em termos gerais, o panorama da saúde materna melhorou nas últimas décadas: a mortalidade materna caiu 44% desde 1990 e o acesso aos serviços de saúde materna aumentou significativamente.

No entanto, estas melhorias não chegaram para se alcançar o Objetivo de Desenvolvimento do Milénio, que previa reduzir em 75% a mortalidade materna e, pior do que isso, agravaram-se as desigualdades.

Em 1990, a taxa de mortalidade materna dos 10 países com piores níveis era 100 vezes mais elevada do que nos 10 países com melhores resultados. Em 2013, a diferença duplicou para 200 vezes mais.

Na África subsaariana, por exemplo, o risco de uma mulher morrer na gravidez ou no parto é de uma em cada 36, enquanto nos países ricos esse risco desce para uma em cada 4.900.

Outra conclusão do estudo é que o acesso das mulheres aos serviços de saúde materna aumentou consideravelmente e hoje 75% das parturientes do mundo já têm os filhos com a assistência de profissionais qualificados.

No entanto, alertam os autores, isto significa que um quarto - quase 53 milhões de mulheres, sobretudo nos países mais pobres ou entre as comunidades mais pobres de outros países - não têm qualquer assistência qualificada no parto.

Mesmo entre as que usam os serviços de saúde, muitas não têm acesso a cuidados de saúde de qualidade.

Para Wendy J. Graham, "o mais dececionante [no estudo] é a questão da qualidade dos cuidados que as mulheres estão a receber. As mulheres aceitaram a ideia de recorrer às unidades de saúde - três quartos têm partos em unidades - mas em muitas partes do mundo, a qualidade não é boa, não é o que elas merecem".

Segundo o estudo, muitas mulheres experimentam, nas unidades de saúde, um de dois extremos: demasiado pouco e demasiado tarde, por um lado, e demasiado ou demasiado cedo, por outro.

Nos países de alto e médio rendimento, assim como nos grupos mais bem-sucedidos dos países pobres, há um risco crescente de sobremedicalização da gravidez e do parto, com utilização rotineira de intervenções não apoiadas em evidência, concluem os autores do estudo.

"Cuidados de saúde que são demasiado, demasiado cedo, podem provocar danos, aumentar os custos da saúde e contribuir para uma cultura de desrespeito e abuso", escrevem os investigadores.

A episiotomia de rotina é um exemplo desses cuidados, assim como a administração profilática de antibióticos no parto, que além de não ter benefícios comprovados pode mascarar uma infeção e contribui para a resistência aos antibióticos, disse Wendy J. Graham.

No outro extremo, cuidados maternos que são demasiado poucos ou chegam demasiado tarde põem em causa a saúde da mulher e do recém-nascido.

"Uma coisa que demonstrámos é que, em muitos locais, os serviços não conseguem fornecer cuidados em partos não complicados e alguns nem sequer têm serviços básicos, como água ou saneamento. É perturbante pensar que há hospitais que não têm água e saneamento", disse outra coautora do estudo, Oona Campbell, em entrevista à The Lancet.

Segundo o estudo, em quatro dos sete países da África subsaariana estudados, mais de dois terços dos nascimentos em unidades de saúde ocorreram em locais que não tinham infraestruturas básicas, como água, e mais de metade ocorreram em unidades sem uma urgência obstétrica básica.

Outra conclusão é que, a par da redução da mortalidade materna, está a tornar-se mais evidente a morbilidade materna, estimando-se um total de 27 milhões de episódios em 2015, apenas contabilizando as cinco principais causas obstétricas (hemorragia pós-parto, eclampsia, pre-eclampsia, complicações graves resultantes de aborto e sepsis puerperal).

Wendy J. Graham lembra que a morbilidade materna está também associada à transição das doenças infeciosas para as doenças não transmissíveis, como a diabetes e as doenças cardiovasculares.

"O que isso significa é que há mais mulheres com esses problemas indiretos (...). No passado, algumas dessas mulheres (…) morriam na infância ou não conseguiam engravidar".

Para a especialista, a aposta tem de ser na qualidade dos serviços de saúde: "Se nos focarmos na qualidade dos serviços, mais mães e crianças serão salvas, mais morbilidade será tratada antes de se tornar grave e ameaçadora para a vida e haverá mais prevenção. A qualidade dos cuidados é crucial para fazer uma grande diferença na era pós-2015".

António Arnaut
O antigo ministro socialista António Arnaut disse, em Coimbra, que a “verdadeira sustentabilidade” do Serviço Nacional de Saúde...

“São eles que têm feito o Serviço Nacional de Saúde (SNS) todos os dias” desde a sua criação, afirmou o escritor e advogado, principal impulsionador do Serviço Nacional de Saúde enquanto deputado e governante, em 1979, homenageado em Coimbra, onde o Conselho de Ministros esteve reunido com uma agenda dedicada à saúde.

Trinta e sete anos depois, segundo o antigo ministro dos Assuntos Sociais, do segundo Governo liderado por Mário Soares, importa “dar estabilidade e dignidade” às carreiras médicas.

António Arnaut intervinha no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), nas celebrações do Dia Nacional do SNS, em cujo programa participou o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e que incluiu a inauguração de um monumento com um busto em bronze do homenageado, à entrada do auditório do complexo hospitalar.

“Sou partidário da criação de condições para que o médico se sinta motivado para a dedicação exclusiva”, defendeu, frisando que deveria caber ao profissional “aceitar facultativamente” essa possibilidade.

O seu empenho na promoção do SNS, em 1978 e 1979, “foi a última oportunidade para concretizar” o artigo da Constituição da República que consagrou essa conquista da Revolução do 25 de Abril, recordou.

António Arnaut congratulou-se com a sobrevivência do Serviço Nacional de Saúde, “apesar de muitas amputações e desvios à sua matriz” fundadora, realçando especialmente o facto de ter conseguido, nestas décadas, "converter os descrentes e os agnósticos" do Estado Social.

Perante centenas de pessoas, o antigo grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) - Maçonaria Portuguesa evocou o pensador francês Rousseau, mas também os portugueses Antero de Quental e António Sérgio, entre outros, tendo justificado a colocação de “mais uma pedra na construção da fraternidade universal” – o próprio SNS – com a inspiração que foi buscar a homens como Jesus Cristo e ao revolucionário argentino Ernesto Che Guevara, que integrou a Revolução Cubana ao lado de Fidel Castro e Camilo Cienfuegos.

O SNS foi constituído para serem “os que podem a pagar para os que precisam” de cuidados de saúde, enfatizou, para admitir, com ironia, que a homenagem de ontem e outras dos últimos anos lhe dão “a sensação de ser póstumo, metálico e hirto”, como um dia escreveu o escritor Miguel Torga, seu amigo.

António Arnaut enalteceu ainda o grupo de trabalho que, sob a sua coordenação, concebeu o projeto de lei que fundou o SNS: Mário Mendes, António Gonçalves Ferreira (ambos falecidos), José Miguel Bezerra e António Leal Lopes.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse, em Coimbra, que, no final deste ano, o número de portugueses sem médico...

Nos últimos meses foi feita "a maior colocação de médicos de família de que há memória em Portugal", afirmou o governante, sublinhando que "fecharemos este ano com pouco menos de 500 mil portugueses sem médico de família".

Quando "chegámos [ao Governo], em novembro, havia um milhão e 100 mil portugueses sem médico de família", salientou o ministro da Saúde, que falava na sessão de homenagem ao SNS, que ontem comemorou o 37.º aniversário, e ao seu criador António Arnaut.

Além desta, outras importantes medidas, como a instalação (em curso) de 684 camas de cuidados continuados, têm sido adotadas pelo Governo, exemplificou Adalberto Campos Fernandes.

Ainda "foi aprovado um documento importantíssimo" pelo Governo, durante a reunião de Conselho de Ministros dedicada exclusivamente à saúde, que decorreu em Coimbra, sobre a regulamentação dos atos de saúde por parte dos diferentes profissionais ligados ao setor.

O documento, cuja validação pelas diversas ordens profissionais foi sublinhada pelo governante, procura garantir a sinergia entre os grupos profissionais envolvidos, simultaneamente ou de forma articulada, na prestação de cuidados de saúde, valorizando o trabalho em equipa e a interdependência.

"Eu sei que hoje as notícias são mais saber se é proibido fumar à porta" de escolas ou unidades de saúde "porque isso é que é a espuma da comunicação social", pois é "mais interessante e mais apelativo".

Mas "nós assumimos que no SNS está muita coisa por fazer e há muita coisa que está mal", reconheceu Adalberto Campos Fernandes.

"A escassez de recursos implica que em cada momento o país faça escolhas criteriosas, objetivas, onde não será possível em cada momento dar tudo a todos em iguais condições", sublinhou.

O ministro frisou que a obrigação da tutela "é começar por definir prioridades e dar àqueles que mais precisam aquilo que ‘emergentemente’ necessitam".

As comemorações do 37.º aniversário do SNS realizaram-se ontem em Coimbra, promovidas pelos CHUC e a Administração Regional de Saúde do Centro, tendo como tema "O Serviço Nacional de Saúde e o resgate da dignidade".

Incluíram uma homenagem ao advogado António Arnaut, que foi o autor da lei que criou o SNS em 1978, com a inauguração de um busto do advogado de Coimbra, que ficou localizado no centro de uma rotunda que dá acesso ao auditório dos Hospitais da Universidade de Coimbra.

Na sessão, o primeiro-ministro, António Costa, disse que a melhor forma de defender o SNS é desenvolver mais políticas de saúde na rede pública.

Assistência Médica Internacional
As futuras alterações climáticas e a deslocação em massa de populações vão trazer “momentos complicados” e “novas epidemias”,...

“Todos nós temos a perfeita noção de que aí veem momentos complicados e que temos de trabalhar em equipas, multidisciplinares, desde organizações não-governamentais às governamentais”, disse Fernando Nobre, presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), à margem da 11.ª edição do Young European Scientist Meeting (YES Meeting), evento que está a acontecer na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto até ao próximo domingo, dia 18.

Em entrevista, o presidente da AMI frisou que o “nível dos desafios” que se prepara para o futuro, seja a nível ambiental com as alterações climáticas, seja a nível de epidemias com a deslocação em massa de populações é de tal ordem que “não há nenhuma organização neste mundo”, nem “nenhum país neste mundo capaz de resolver a questão ‘per si’”, e, por isso, é preciso trabalhar em equipa, considerou, recordando o que aconteceu nos EUA, em Nova Orleães, com o furação Katrina e que é a “primeira potência económica e militar mundial”.

“Quando a natureza espirra, todos nós apanhamos uma pneumonia e das valentes”, reconheceu Fernando Nobre, sublinhando que para fazer face a “esse espirro da natureza” tem de haver “boa vontade”, “conhecimento”, “preparação”, mas também, pelo lado dos médicos, há que haver “critérios” para não haver “alarmismos desnecessários”.

Segundo o médico e presidente da AMI, as alterações climáticas vão nos “interpelar de forma violenta”, porque a saúde é uma situação de “bem-estar global”, ou seja bem-estar físico, psíquico, social, económico e ambiental.

“Estamos todos conscientes de que novas epidemias vão surgir” com a deslocação em massa de populações, adiantou Fernando Nobre, informando que se prevê, por exemplo, que só nos próximos 20 a 30 anos “um terço do Bangladesh estará submerso” e que um país que já tem 170 milhões de habitantes, isso significa que vai haver uma deslocação aproximativamente “de 40 milhões de pessoas” só daquele país.

Fernando Nobre participou hoje numa mesa-redonda sobre Saúde Global com elementos da Organização Mundial de Saúde (OMS), designadamente Cristopher Dye e Shoaib Hassan, onde se discutiu a relação entre médicos, cientistas e investigadores e os ‘mass media’.

Fernando Nobre apelou que “cada um” dos intervenientes falasse verdade” e que se tinha de saber entender que da outra parte, do lado da comunicação social, nem há sempre os mesmos conhecimentos científicos que os médicos têm, aconselhando a que tem de haver um compromisso de reciprocidade entre todos.

Numa plateia com estudantes de medicina vindos da Roménia, Bósnia, Turquia, Portugal, entre outros países, que participaram na mesa-redonda houve uma das ideias que se destacou na conclusão do debate e que foi a da foi que de futuro, tanto do lado do jornalistas, como médicos, terá de haver um aumento de conhecimento, tanto na área da especialização em saúde por parte dos jornalistas, como haver também conhecimentos na área da comunicação da parte dos médicos.

“Para comunicar aspetos de ciência e medicina é preciso confiar em alguns jornalistas, porque a Internet está fora de controlo com algumas páginas que não são credíveis”, referiu um dos convidados da OMS.

Ébola, Malária, Zika, gripe, fontes credíveis, sistemas de saúde, como se passa a informação de saúde pública à sociedade, foram outros dos temas discutidos na mesa-redonda sob o tema ‘Media approach to Medicine and New global Challenges (Aproximação dos Media à Medicina e novos desafios globais).

Lei do tabaco
O Governo aprovou hoje alterações à ‘lei do tabaco’, designadamente em relação ao conceito de fumar novos produtos do tabaco...

A proposta de lei hoje aprovada pelo Conselho de Ministros, que foi exclusivamente dedicado à saúde e decorreu em Coimbra, prevê a “proibição de fumar nos parques infantis e nas áreas situadas junto das portas e janelas” dos estabelecimentos de cuidados de saúde e de ensino.

As normas hoje aprovadas visam “proteger os cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco, assim como contribuir para a prevenção e controlo do consumo”, sublinha, no comunicado distribuído após a reunião, o Conselho de Ministros.

Estas proibições, que procuram contribuir para beneficiar “a qualidade de vida dos cidadãos”, não preveem, no entanto, medidas punitivas.

“As atitudes e comportamentos não se resolvem, nem se devem regular por aspetos de natureza legal, mas podem ser sinalizados e a lei, mais do que um caráter punitivo, pode ter um caráter de mensagem de sinalização e de alerta”, sustentou, durante a conferência de imprensa após a reunião, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

“Ninguém aceita como positivo que exista uma concentração de pessoas a fumar junto de unidades de saúde frequentadas por doentes ou em escolas frequentadas por jovens”, acrescentou.

Esta medida pretende ser “um sinal, um incentivo à mudança de comportamentos”, sublinhou Adalberto Campos Fernandes.

O Conselho de Ministros aprovou também uma proposta de lei para regular o Registo Oncológico Nacional, que “agrega numa única plataforma informática os diversos registos regionais”, garantindo “a uniformidade dos dados e da informação tratada” e permitindo a sua utilização para avaliação epidemiológica e análise da efetividade dos rastreios e terapêuticas”.

O Registo, que permitirá “conhecer melhor a realidade oncológica nacional”, garante a proteção de dados pessoais, respeitando as recomendações feitas, nesse sentido, pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD, assegurou o ministro da Saúde.

Para “aumentar a eficácia e eficiência do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, o Governo aprovou medidas sobre a gestão dos hospitais e da “circulação de informação clínica” e de “melhoria da governação do SNS”.

Entres essas medidas, de referir as que se relacionam com o regime jurídico e os estatutos aplicáveis às unidades do SNS com natureza de entidades públicas empresariais e as integradas no setor público administrativo.

O objetivo é “melhorar a articulação entre diferentes níveis de cuidados de saúde”, designadamente hospitalares, primários, continuados integrados e paliativos” e permitir, simultaneamente, “maior transparência, nos processos de recrutamento e formação de equipas mais profissionalizadas, afirma o Governo.

O Governo também aprovou, entre outras decisões, a nomeação de Jorge Simões e de Maria do Céu Machado para presidente e vice-presidente, respetivamente, do Conselho Nacional de Saúde.

Este órgão independente visa "garantir a procura de consensos alargados relativamente à política de saúde".

Na área de saúde
O Instituto de Investigação e Inovação da Universidade do Porto (i3S) vai financiar projetos iniciais na área da saúde que...

De acordo com um dos responsáveis pelo programa, João Cortez, a iniciativa destina-se a apoiar pelo menos dez tecnologias na área da saúde, com potencial interesse de mercado.

O Resolve, financiado pelo programa Norte2020, visa criar as condições necessárias para que aqueles projetos consigam dar "rapidamente o salto para uma fase que desperte o interesse de investidores e assim ganharem autonomia", explicou.

Para além do apoio financeiro, vão ser fornecidas às equipas selecionadas uma série de ferramentas que podem, por exemplo, proporcionar e facilitar os contactos com os utilizadores finais das tecnologias desenvolvidas, bem como os contactos para licenciamento das mesmas.

O número de projetos financiados pode ser superior a dez, "dependendo da qualidade das propostas que surjam", sendo 20 mil euros o valor mínimo atribuído a cada um.

No final, o júri irá atribuir prémios ao melhor projeto e ao melhor ‘business case’, no valor mínimo de cinco mil euros.

As candidaturas para concorrer ao Resolve acontecem em duas fases, sendo a primeira a 02 de novembro, com resultados divulgados a 15 do mesmo mês, e a segunda em maio de 2017.

 

Segundo João Cortez, o objetivo do Resolve é "servir como um caso de estudo, mostrando que o modelo de apoio adotado e implementado é bom para os investigadores e permite alavancar tecnologias que vêm das instituições portuguesas de investigação e desenvolvimento".

60 mil M€
O grupo químico e farmacêutico alemão Bayer anunciou o acordo para comprar a empresa norte-americana Monsanto, num negócio que...

"A Bayer e a Monsanto assinaram esta quarta-feira um acordo de fusão", ao preço de 128 dólares (114 euros) por ação, em dinheiro, anunciou a Bayer em comunicado.

"A transação associa duas atividades diferentes, mas fortemente complementares", relacionadas com a área agrícola, sementes e pesticidas, acrescenta o comunicado.

A empresa norte-americana Monsanto tinha rejeitado, no passado mês de maio, a oferta apresentada pelo grupo alemão Bayer para a adquirir por 55,2 mil milhões de euros (62 mil milhões de dólares), mas mostrou-se disponível para negociações, escreve a SIC Notícias.

"Acreditamos nas vantagens substanciais de uma estratégia integrada (...) e sempre respeitámos a atividade da Bayer", afirmou na altura o presidente da Monsanto, Hugh Grant, acrescentando que a empresa estava a ser subavaliada na proposta apresentada e que também não oferecia garantias necessárias para o financiamento da operação.

Desconhecem-se os desenvolvimentos das negociações, mas o certo é que a compra foi hoje anunciada, sendo também avançado o valor de aquisição, cerca de 60 mil milhões de euros, superior em quase 5 mil milhões de euros em relação à oferta anterior.

O objetivo da Bayer é criar um gigante mundial de produtos químicos e sementes geneticamente modificadas.

A Monsanto tem sido alvo de várias ações de contestação, especialmente contra os organismos geneticamente modificados, pesticidas e outros produtos químicos, que a empresa produz.

Cimeira Mundial da Saúde
O presidente da Cimeira Mundial de Saúde, Detlev Ganten, alertou hoje em Coimbra para o "fosso" entre a biologia e a...

O fosso entre biologia e civilização "é uma causa" para as doenças da civilização, nomeadamente cardiovasculares, nos músculos e ossos, doenças mentais ou depressões, sublinhou Detlev Ganten, na comunicação que apresentou hoje no Centro de Congressos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), no âmbito das comemorações dos 37 anos do Serviço Nacional de Saúde.

Para o também líder da Aliança M8, a "civilização é nova" e o desenvolvimento rápido, mas a biologia "é velha" e a evolução demorada, o que cria uma lacuna que acaba por criar problemas do ponto de vista da saúde, recordando também o excesso de consumo de açúcar, gorduras e sal.

De acordo com Detlev Ganten, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos numa cimeira das Nações Unidas (ONU), apenas poderão ser atingidos se houver "mudanças fundamentais" na forma como as pessoas vivem no mundo.

Para o especialista, a ciência "providencia a base para novas abordagens, soluções e tecnologias" para se alcançarem os objetivos.

Neste sentido, as instituições científicas têm um contributo importante, seja na produção do conhecimento, na cooperação, na monitorização dos resultados ou na criação de inovação para "o benefício de sistemas de saúde nacionais e global".

Na sua apresentação, Detlev Ganten realça também o papel da Aliança M8 - o G8 da Saúde - para ajudar a alcançar os "nobres e ambiciosos" Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos numa cimeira das Nações Unidas (ONU).

Portugal está representado na Aliança M8 pelo consórcio CHUC e Universidade de Coimbra (UC), que foi admitido em 2015.

As comemorações dos 37 anos do Serviço Nacional de Saúde realizam-se hoje no Centro de Congressos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

As comemorações do CHUC e da Administração Regional de Saúde do Centro têm como tema "O Serviço Nacional de Saúde e o resgate da dignidade", evento que inclui uma homenagem ao advogado António Arnaut, que foi o autor da lei que criou o SNS.

Após morte em Espanha com febre hemorrágica
Portugal reforçou a vigilância às carraças na região de saúde do centro, dada a proximidade com Espanha, onde um homem morreu...

Um sexagenário morreu a 25 de agosto num hospital madrileno, com febre hemorrágica da Crimeia-Congo, tendo infetado uma enfermeira que o tratou.

Segundo Cristina Santos, da Unidade de Apoio à Autoridade de Saúde Nacional e à Gestão de Emergências em Saúde Pública da Direção-Geral da Saúde (DGS), não foram registados quaisquer casos de febre hemorrágica Crimeia-Congo em Portugal, mas foi dada orientação à Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro para reforçar a vigilância aos vetores, neste caso as carraças.

“A existência destes casos humanos em Espanha leva-nos a estar mais atentos às análises”, disse Cristina Santos, acrescentando que foi igualmente reforçada a informação para as autoridades de saúde estarem “mais atentas a eventuais casos”.

Em Portugal, a Rede de Vigilância de Vetores (Revive), da responsabilidade do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), monitoriza a introdução de novos vetores em novas regiões geográficas e determina a atividade dos agentes infeciosos.

Maria João Alves, especialista em febre hemorrágica e coordenadora da Revive, disse que o vírus nunca tinha sido identificado em Portugal, nem em Espanha, onde agora se registaram estas duas infeções e dezenas de pessoas estão a ser monitorizadas por terem estado em contacto com estes doentes.

“A transmissão do vírus da febre hemorrágica é feita pela carraça, através da picada”, adiantou, afirmando que em Portugal são recolhidas carraças em todo o território para posterior pesquiza de agentes, como o vírus da febre hemorrágica Crimeia-Congo.

 

No caso de alguma pessoa apresentar sintomas da doença – que são exuberantes, uma vez que incluem a hemorragia – o INSA disponibiliza diagnóstico.

Governo quer
O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, defendeu hoje a necessidade de manter na esfera pública a gestão de “áreas...

Tem sido possível “equilibrar os interesses” em torno da prestação de cuidados de saúde aos portugueses, disse Manuel Delgado, ao intervir no auditório do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), na abertura das comemorações do aniversário do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“O SNS foi, provavelmente, nas políticas públicas, o modelo mais consequente e com melhores resultados” ao longo do processo de democratização do país, desde a revolução do 25 de Abril, acrescentou.

O secretário de Estado recordou que houve “momentos de tensão” destes 37 anos de Serviço Nacional de Saúde, designadamente entre oferta e procura de cuidados, além de “tensões provocadas por sensibilidades ideológicas diferentes”.

“Temos, felizmente, conseguido equilibrar estes interesses”, afirmou.

Manuel Delegado enumerou vários índices da saúde em Portugal antes e depois da criação do SNS, em 1979, uma medida política que teve como principal impulsionador o advogado e escritor António Arnaut, do PS, então ministro dos Assuntos Sociais do segundo Governo liderado por Mário Soares.

Há 40 anos, por cada 1.000 crianças nascidas em Portugal, 70 morriam nos primeiros tempos de vida, enquanto atualmente verifica-se uma relação de três mortes por cada 1.000 nados vivos.

Trata-se de “uma das melhores” taxas a nível mundial no domínio da mortalidade infantil, referiu.

Para ilustrar os avanços do país na saúde, na sequência da criação do SNS, o governante salientou ainda, por exemplo, que o Estado investe atualmente 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na saúde, contra apenas 2% do PIB antes de 1979.

Por seu turno, o reitor da Universidade de Coimbra (UC), João Gabriel Silva, disse que os médicos do SNS enfrentam, 37 anos depois, um desafio “cada vez mais pesado”.

Na sua opinião, “o desafio principal é saber se também se quer transformar” a saúde e o SNS “num produto de conhecimento” que possa contribuir para dinamizar a economia nacional.

João Gabriel Silva defendeu que hospitais e outras instituições do setor poderão produzir “um conhecimento depurado” que possa ser aplicado em Portugal e noutros países, o que passaria por uma “decisão estratégica”.

“O conhecimento em sentido lato deve passar a fazer parte do Serviço Nacional de Saúde”, preconizou, ressalvando que existem já “algumas ilhas de produção de conhecimento científico” neste campo.

Para o reitor da UC, o SNS deverá constitui-se como “uma fator de atração de doentes, médicos e outros profissionais de saúde” de fora do país.

“Gostaríamos de ter uma colaboração muito mais intensa com todas as estruturas de saúde, partilhando esse objetivo”, acentuou.

João Gabriel Silva defendeu ainda que o SNS “é para Portugal e para o mundo”, apesar das dificuldades financeiras.

“Nunca tivemos recurso infinitos, nem nos tempos gloriosos dos Descobrimentos”, concluiu.

Estudo
Análise à poeira acumulada dentro de casa encontra substâncias perigosas em móveis e até frigideiras. Crianças são mais...

Móveis, cortinas para as banheiras, pequenos eletrodomésticos como computadores, televisores e videojogos, carpetes, cosméticos, purificadores de ar, sabonetes, brinquedos para os mais pequenos e materiais de construção entram, direta ou indiretamente, no quotidiano de todos - também nas escolas, escritórios, ginásios, automóveis e até unidades hospitalares -, mas podem estar a matar-nos silenciosamente. A conclusão, segundo o Diário de Notícias, é de um estudo multidisciplinar que mostra que há substâncias perigosas que são libertadas pelos produtos que temos em casa, tornando-se parte do ar que respiramos e poeira doméstica. Essas toxinas, dentro das habitações, acarretam perigos endócrinos, imunológicos, reprodutivos e neurológicos, podendo mesmo causar cancro.

Muitas pessoas estão longe de imaginar que alguns dos aparentes aliados para o bem-estar nas suas habitações podem ser os maiores inimigos para a saúde. Há muito se sabe que os plásticos e produtos químicos em nada contribuem para uma vida saudável, mas agora há a certeza de que alguns são mesmo muito perigosos. Ao todo, a equipa de cientistas - composta por sete investigadores de três universidades diferentes e dois grupos ambientalistas, que agora publicou as suas conclusões na Environmental Science and Technology - analisou dados científicos e identificou as 45 substâncias - ftalatos, fenóis, retardadores de chamas, produtos químicos fluorados e fragrâncias - que mais são libertadas pelos produtos, tornando-se parte do ar que respiramos e poeira doméstica. Toxinas que, no limite, podem causar doenças oncológicas. Isto porque, em forma de poeira, "podem entrar no nosso corpo", resumiu, como alerta, Ami Zota.

A professora assistente da Faculdade de Saúde Pública do Instituto Milken da Universidade George Washington e coautora do estudo, acrescentou ainda a certeza de que "esses produtos químicos, mesmo em baixos níveis, podem provocar efeitos negativos à saúde": "As descobertas sugerem que as pessoas, especialmente as crianças, são expostas diariamente a vários produtos químicos em pó, que estão ligados a problemas graves de saúde."

Mais expostos ao risco estão os mais novos pois, como é próprio da idade, são os que mais contactam com o pó e com tudo o que é sujidade, enquanto gatinham, brincam no chão e levam as mãos à boca. E, porque os cérebros e os corpos ainda estão em desenvolvimento, podem ser mesmo as crianças as mais vulneráveis aos efeitos negativos dos produtos químicos.

Para os resultados agora divulgados contribuíram informações recolhidas em estudos publicados desde 2000, com base em amostras de poeiras retiradas de casas em 14 estados norte-americanos. A partir desses dados foi calculada a média de níveis de produtos químicos e a estimativa da quantidade que entra no corpo humano, medindo os pressupostos perigos.

Perigo sempre à mão
O termo "produtos químicos" já soa a perigo, mas ninguém sabe bem onde eles estão e quais os mais prejudiciais. Por exemplo, o monóxido de di-hidrogénio é uma forma pouco comum de chamar água, sendo a substância que mata milhares de pessoas todos os anos, a maioria por a ter inalado acidentalmente. É usado como supressor ou retardador de chama e a sua ingestão pode provocar náuseas e vómitos, enquanto a exposição prolongada à sua forma sólida pode danificar, muitas vezes irreversivelmente, tecidos vivos.

Mas, nas residências particulares, não faltam outros inimigos e o melhor é prestar atenção às etiquetas e à composição do que nos rodeia, conhecendo as siglas que os identificam. Aliás, uma pesquisa publicada em março provou que a leitura dos rótulos de ingredientes dos cosméticos leva a uma aquisição mais inteligente e a uma redução da exposição.

Trocando por miúdos e como exemplo, o TCEP ou tris (2-cloroetil) fosfato é um retardador de chama comum nos móveis e nos colchões para crianças. Já o DEHP ou di (2-etilhexil) ftalato é a toxina que mais nos ameaça, podendo estar nos fios e cabos, pisos em PVC (vinil), persianas e estores e até em dispositivos médicos. Segundo Ami Zota, o HHCP ou galaxolide, muito usado em fragrâncias, é um provável disruptor endócrino, ou seja, uma substância exógena que age como hormonas no sistema endócrino, podendo causar infertilidade, entre outros problemas.

O Spring Institute, que participou da pesquisa, oferece um aplicativo gratuito - Detox Me - para ajudar as pessoas a saberem como desintoxicar as suas casas em prol de uma vida saudável.

European Union Contest for Young Scientists
Cinco estudantes portugueses participam no concurso europeu de jovens cientistas com dois projetos, um sobre o uso das cascas...

Começou mais uma edição do European Union Contest for Young Scientists (EUCYS) que, este ano, se realiza em Bruxelas e conta com cerca de 150 jovens de 38 países, entre os quais se encontram duas equipas de cinco jovens portugueses, que se destacaram na 10ª Mostra Nacional de Ciência.

Alunos da Escola Secundária da Azambuja, Henrique Gonçalves e Margarida Sousa, ambos com 17 anos, e Nelya Kril, de 18, vão representar Portugal com um projeto na área da Química.

A partir do desenvolvimento de um suplemento alimentar rico em cálcio, os jovens cientistas procuraram demonstrar que os ovos podem ter um valor incontestável em países onde a malnutrição tem um impacto massivo, escreve o Sapo.

Determinando a quantidade de cálcio biodisponível na casca de ovo, os cientistas desenvolveram um suplemento alimentar rico em cálcio, que supre as necessidades diárias de acordo com a idade.

Cascas de ovos não serão mais um resíduo sem valor
“Mostramos que há claras vantagens em consumir ovos biológicos (de galinhas criadas ao ar livre) em vez de ovos de aviário. Além do respeito pelos animais, que todos devemos ter, as cascas dos seus ovos mostraram ter maior quantidade de cálcio biodisponível. Transformamos as cascas de ovos, resíduo até agora sem valor, num bem precioso no combate a doenças como o raquitismo e a osteoporose”, explicam os autores do projeto.

A comitiva portuguesa que estará nos próximos dias em Bruxelas conta ainda com a equipa de Carlota Andrade e Vasco Pereira, ambos com 17 anos, que desenvolveram o projeto “When memory flies away”.

Os dois alunos da Escola Secundária Júlio Dinis de Ovar, utilizaram moscas para testar os efeitos do Omeprazol na memória.

Segundo os autores do projeto “o Omeprazol pertence a um grupo de medicamentos chamados ‘inibidores da bomba de protões’. Foram publicados estudos que atribuem à ingestão prolongada deste fármaco, uma carência da vitamina B12 necessária para o desenvolvimento e manutenção das funções do sistema nervoso".

Para estudar os efeitos do Omeprazol na memória, os alunos utilizaram como modelo moscas que foram sujeitas a testes de memória sendo sujeitas a diferentes gamas de concentração de Omeprazol na forma pura e na forma comercial (Omeprazol Omezolan) durante 24 horas antes do início de cada teste.

"Foram realizados também testes de reprodução. Os resultados obtidos demonstram possíveis efeitos de letargia ou confusão induzidos pelo consumo deste fármaco”, concluem os jovens cientistas.

Durante os próximos dias, Bruxelas vai receber cerca de 150 jovens cientistas que vão apresentar projetos nas mais variadas áreas da ciência como seja Biologia, Ciências do Ambiente, Ciências Médicas, Ciências Sociais, Economia, Engenharias, Ciências da Computação ou Psicologia.

Estudo
As células estaminais existentes no fluxo menstrual apresentam propriedades antitumorais que podem ser utilizadas para melhorar...

Uma equipa de investigadores da Universidade dos Andes, em Santiago do Chile, concluiu que os exossomas - pequenas vesículas secretadas por vários tipos de células que são encarregados da comunicação intercelular - inseridos no fluxo menstrual inibem a propagação de tumores malignos, escreve o Sapo.

O exossomas do fluxo menstrual "são capazes de inibir a formação de vasos sanguíneos", comentou Francisca Alcayaga, uma das cientistas que participou na investigação realizada pelo projeto Cells for Cells desta universidade chilena.

Desta forma, pode anular-se o crescimento do tumor, "que gera vasos sanguíneos para se poder nutrir e oxigenar, com o objetivo de continuar a crescer", lê-se no estudo.

As células estaminais do fluxo menstrual são recuperadas da parede do útero antes da menstruação, antes do surgimento da doença, num momento em que ainda apresentam "propriedades antiangiogénicas, sendo capazes de inibir a vasculatura tumoral", explicou Alcayaga.

Segundo os estudos preliminares, o cancro da próstata é uma das patologias que reagem mais facilmente à presença dos exossomas. Com a presença dos exossomas do fluxo menstrual, "o crescimento do tumor é mais lento, por isso vamos continuar a investigalão e ver a atividade complementar destes exossomas com as terapias convencionais", adianta a cientista citada pela agência de notícias France Presse.

O próximo passo é combinar a quimioterapia com um tratamento que contenha esta descoberta, para comprovar a sua eficácia, e conseguir um sistema em que os exossomas possam ser distribuídos em casos de metástase, já que nos testes de laboratórios estas células foram injetadas diretamente nos tumores.

As mulheres em idade fértil e livres de anticoncepcionais foram as doadoras de células para a realização do estudo publicado na revista científica americana Oncotarget.

Dia Mundial do Linfoma
Hoje assinala-se o dia Mundial do Linfoma, uma doença que tem vindo a aumentar nas últimas décadas m

O linfoma é uma doença maligna que afecta os linfócitos, que são um subtipo de glóbulos brancos.

Os linfócitos têm como função a montagem e regulação da resposta imunitária contra microrganismos tais como vírus, estando ainda implicados na produção de anticorpos que nos protegem das infecções, sendo também a base das doenças ditas auto-imunes.

Os linfócitos são glóbulos brancos muito versáteis que adquirem um grande leque de funções, dependendo da sua localização. Uns são essenciais para a produção de anticorpos (linfocitos B), enquanto que outros destroem as células que são infectadas por vírus, por exemplo (linfócitos T). Sendo que, dentro destes dois subgrupos, existem múltiplos subtipos de linfócitos B e T. Habitualmente os Linfomas T têm pior resposta aos tratamentos que os Linfomas B.

Os linfócitos habitualmente  encontram-se nos gânglios linfáticos, no sangue e no baço. Podem ainda ser encontrados em menor número noutros órgãos, tais como o estômago, intestino ou amígdalas, entre outros.

Assim, os linfomas habitualmente afectam os compartimentos onde habitualmente se encontram os linfócitos. Sendo este um “tumor liquido”, este tipo de doença pode-se encontrar em vários sítios ao mesmo tempo, sem que isso signifique a presença de metástases.

Dependendo do subtipo de linfócitos e da sua localização assim se classificam, de forma diferencial, os linfomas.

Os sintomas associados a esta patologia dependem do subtipo específico de linfoma e da sua localização. Existem depois sintomas que podem surgir de forma transversal a todos os tipo de linfomas: o cansaço, a falta de apetite, a perda de peso, os suores nocturnos e a febre esporádica que, frequentemente, surge durante a tarde/noite.

Dependendo da localização, os doentes podem notar o aparecimento de gânglios aumentados ou podem vir a desenvolver anemia.

Conhecem-se alguns factores de risco para o aparecimento de linfoma, estando estes relacionados com situações clínicas que possam estar a desregular o sistema imunitário no geral. Assim os indivíduos que, por qualquer motivo, estejam sob medicação que suprima o sistema imunitário estão sob maior risco de desenvolver este tipo de patologia oncológica (doentes transplantados, doentes com patologia auto-imune). Da mesma forma algumas doenças congénitas, que se definem por alguma deficiência imunitária, têm um risco acrescido de desenvolver linfoma.

A primeira grande divergência do ponto de vista diagnóstico está entre o Linfoma de Hodgkin e o Linfoma Não Hodgkin.

O linfoma de Hodgkin é caracterizado pela presença de linfócitos malignos (chamados de células de Reed-Sternberg), que provocam uma reacção inflamatória desmesurada em seu redor ao desregular a resposta imunitária das células normais.

Assim, o tratamento do Linfoma de Hodgkin é muito específico e diferente dos outros tipos de linfoma. Salvo algumas excepções, o linfoma de Hodgkin tem melhor prognóstico, sendo muito sensível à quimioterapia e à radioterapia.

Este tipo de linfoma é mais comum no adulto jovem, tendo posteriormente outro pico de incidência no idoso, sendo que nesta faixa etária é mais difícil de obter remissão.

O Linfoma Não Hodgkin (LNH) é constituído por um grupo muito grande e heterogéneo de doenças. A classificação dos LNH tem vindo a ser optimizada ao longo dos anos, baseando-se em descobertas do ponto de vista molecular, que diferenciam os linfomas não só do ponto de vista de morfologia das células, mas também de prognóstico, levando a uma tentativa de realizar um tratamento diferencial.

De uma forma mais generalista, podemos classificar os LNH em linfomas indolentes (considerados de evolução mais lenta e crónicos) e os linfomas agressivos (de evolução mais aguda, mas que são curáveis).

São exemplos de linfomas indolentes o Linfoma Folicular, o Linfoma Linfoplasmocítico, os Linfomas de MALT (das mucosas do estômago, intestino, pulmão, entre outros), o Linfoma Esplénico (do baço) e algusn linfomas T cutâneos.

São exemplos de Linfomas Agressivos o Linfoma de Burkitt, Linfoma Difuso de Grandes Células B, Linfoma T Periférico, Linfoma Anaplásico, Linfoma do Manto.

Os linfomas indolentes são doenças que se desenvolvem de forma mais lenta e cujas células são mais lentas a dividirem-se. Por esse motivo, quando tratados com esquemas de quimioterapia, embora se consiga atingir boas respostas com desaparecimento dos gânglios aumentados ou outras massas, não se consegue erradicar a doença na totalidade, que eventualmente, ao longo do tempo se volta a manifestar.

Assim, o objectivo do tratamento deste tipo de linfomas passa por só tratar quando a doença preenche critérios para tal, ou seja,  quando esta começa a provocar sintomas (gânglios muito aumentados, anemia, suores, febre, infecções de repetição). Isso permite tratar só quando é preciso, não infligindo demasiada toxicidade secundária à quimioterapia de forma precoce, tentando atingir respostas muito profundas, que permitam os doentes estarem sem tratamento durante um período mais longo possível. Quando a doença voltar a necessitar, é novamente tratada.

Este tipo de linfomas tem então uma evolução por paroxismos, alternando entre períodos em são sintomáticos e que têm que ser tratados e períodos em que estão senescentes (adormecidos).

Os linfomas agressivos, sendo linfomas mais sensíveis à quimioterapia, surgem de uma forma mais explosiva, necessitando rapidamente de iniciar tratamento. A resposta ao tratamento é mais rápida, sendo o objectivo deste a erradicação total da doença e consequente cura.

Assim sendo, a recaída de um linfoma agressivo tem um significado prognóstico muito mais desfavorável que a recaída de um linfoma indolente (que é espectável). Assim, se um linfoma agressivo recidiva, significa que não foi atingida a cura e os tratamentos subsequentes têm que incluir tratamentos de quimioterapia de alta dose e eventual transplante (nos doentes jovens).

Os tratamentos de quimioterapia, com associação ou não de radioterapia,  são frequentemente semelhantes e transversais entre linfomas agressivos e indolentes, tirando algumas excepções. De referir que frequentemente se usam esquemas de quimioterapia combinados com imunoterapia (medicamentos que são anticorpos que actuam especificamente contra moléculas presentes nas células de linfoma). A grande maioria das pessoas com linfoma conseguem manter-se sob tratamento em ambulatório.

Actualmente, havendo um maior conhecimento dos mecanismos de desenvolvimento dos linfomas a nível genético e molecular, vão também sendo desenvolvidos novos fármacos, o que abre uma janela a tratamentos inovadores, mais específicos e que trazem uma esperança aos doentes que tenham linfomas resistentes à quimioterapia.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Governo
Os administradores hospitalares só poderão estar nestas funções até dois mandatos, um inicial e uma renovação, segundo um...

Atualmente, o estatuto do gestor público prevê uma nomeação por três anos, podendo ocorrer até três renovações, mas o governo vai limitar o mandato dos administradores hospitalares até uma renovação.

Segundo fonte do gabinete do ministro da Saúde, estes conselhos de administração vão passar a integrar “um elemento proposto pelo membro do Governo responsável pela área das Finanças, que aprova expressamente qualquer matéria com impacto financeiro”.

O projeto de decreto-lei que aprova o regime jurídico aplicável às unidades de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com a natureza de Entidades Públicas Empresariais (EPE) concentra, num único diploma, os regimes jurídicos das entidades integradas no SNS e “constitui um instrumento fundamental para a reforma da prestação de cuidados de saúde que aposte no relançamento do SNS”.

O documento contempla a possibilidade de serem criados Centros de Responsabilidade Integrada (CRI) “com vista a potenciar os resultados da prestação de cuidados de saúde, melhorando a acessibilidade dos utentes e a qualidade dos serviços prestados, aumentando a produtividade”.

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