Administradores
O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares reconhece que os casos sociais continuam com “tempos de...

“Nos hospitais portugueses desempenhamos também um papel de natureza social e, muitas vezes, quando não existem respostas da comunidade ou outros tipos de resposta, os hospitais acabam por assumir alguma responsabilidade sobre o acompanhamento de doentes que não necessitam de cuidados clínicos”, disse Alexandre Lourenço.

Por esta razão, “continuamos a ter tempos de estadias nos hospitais muito elevados” de doentes que esperam por uma resposta da Segurança Social, dos cuidados continuados ou da família, uma situação que “deve ser evitada” e “resolvida, porque leva a problemas graves dentro das instituições”.

Entre os problemas, Alexandre Lourenço apontou o risco da infeção hospitalar: “Quanto mais tempo um doente estiver no hospital, maior a probabilidade de ser infetado por um vírus, uma bactéria ou um fungo”, o que obrigará a uma continuidade de cuidados.

Outro problema prende-se com a ocupação das camas, o que pode impedir que outros doentes tenham acesso a cuidados de saúde.

“Muitas vezes, quando falamos de tempos de espera para cirurgia devemos ter em consideração que, cada vez que um doente estiver a ocupar uma cama, outro doente não poderá ser operado”, elucidou.

Por outro lado, esta ocupação leva a uma utilização excessiva de recursos que podem ser utilizados em outras áreas da prestação de cuidados de saúde com “melhor efetividade”, defendeu Alexandre Lourenço.

Só este ano, até novembro, o Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC) registou, nas suas seis unidades hospitalares (S. José, S. Marta, D. Estefânia, S. António dos Capuchos, Curry Cabral e a Maternidade Alfredo da Costa), 198 casos de doentes que tiveram a sua alta adiada por motivos sociais, situações que demoraram, em média, 21 dias a ser resolvidas.

Em 2015, foram registados 290 casos, mais dois face ao ano anterior.

As dificuldades das famílias em assumir o papel de cuidador, problemas económicos, “falta de resposta atempada” da rede social formal e a dependência física e cognitiva dos doentes são motivos apontados pelo centro hospitalar para estas situações.

Quando se trata de crianças e jovens, os motivos prendem-se principalmente com a aplicação de medidas de proteção, a inexistência de rede social informal (família, amigos, vizinhos) e desestruturação familiar.

Para solucionar estes casos, os assistentes sociais procuram a integração em lares, o acolhimento em instituições de menores e subsídios para o cuidador, apoio domiciliário e centro de dia.

Este problema também se regista no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), que engloba os hospitais de S. Francisco Xavier, Egas Moniz e Santa Cruz, onde foram contabilizados, até novembro, 60 casos. Em 2014 tinham sido 46 e no ano seguinte 69.

Segundo o CHLO, estes casos foram encaminhados para instituições de solidariedade social.

Já no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António encontram-se 35 doentes com alta clínica à espera de solução para sair do hospital.

“Muitos são idosos residentes no centro histórico do Porto e sem retaguarda familiar”, cuja solução passa pelo encaminhamento para instituições da Segurança Social.

O Centro Hospitalar de São João informou que, até à data, não tem conhecimento de doentes com alta clínica que permaneçam no hospital sem que alguém os venha buscar.

Administradores
O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares avançou que irá ser realizada uma caracterização dos...

“Estamos a reabilitar um processo de revisão da utilização em que o objetivo é, para a grande maioria dos doentes que estão internados, fazer uma caracterização clara sobre quais são os que estão internados por motivações sociais ou por motivações clínicas”, explicou Alexandre Lourenço.

Com este processo, pretende-se também calcular “o número de dias que os doentes estão nos hospitais sem necessidade”, “identificar situações e encontrar as melhores alternativas na comunidade, em conjunto com as famílias e com os doentes”, adiantou.

Os hospitais debatem-se com situações de doentes que têm de permanecer internados, após alta clínica, à espera de resposta da segurança social ou de outras soluções encontradas pela família.

Nestes casos, encontram-se situações de abandono, de idosos que vivem sozinhos e de doentes que requerem mais cuidados em casa, mas as famílias não têm capacidade para os prestar, contou o responsável.

Alexandre Lourenço realçou “o papel essencial” que as famílias desempenham nestes casos, mas reconheceu as dificuldades que muitas têm em organizar-se e a ter recursos para acolher, principalmente, os mais idosos, em casa, e prestar-lhes os melhores cuidados.

Mas, advertiu, “a hospitalização não é o caminho seguramente, porque prestamos maus cuidados e colocamos risco para o próprio doente”.

Relativamente ao levantamento a fazer, o presidente da associação disse que arrancará em 2017, com a preparação e a formação de médicos e administradores hospitalares nesta matéria.

“Tem de se fazer uma análise exaustiva de todos os processos”, a começar pelo processo de informação. A partir daí, as instituições que quiserem podem desenvolver este trabalho.

“Creio que o Ministério da Saúde também está muito interessado no desenvolvimento destes mecanismos”, disse, convicto de que o processo será facilmente espalhado a todas as instituições do Serviço Nacional de Saúde.

Este levantamento também é necessário para perceber se a forma como os cuidados estão a ser prestados e organizados podem ser alterados, para se conseguir “prestar cuidados de saúde com melhor qualidade e segurança aos doentes”.

“Existe um esforço muito grande dos assistentes sociais dos hospitais e da Segurança Social, mas não é suficiente e, com o envelhecimento da população e com o aumento da prevalência das doenças crónica, nós temos de encontrar alternativas a estas situações”, defendeu Alexandre Lourenço.

A resposta passa pelo “desenvolvimento do hospital”, através de parcerias com organizações da comunidade que possam prestar cuidados mais perto de casa.

Por outro lado, esta situação também tem custos: “Cerca de três a quatro dias de internamento nas áreas médicas é excessivo quando comparamos com outros países e o nosso objetivo é reduzir esses dias”, frisou.

Contudo, não se pode estar apenas preocupado com o custo, mas em utilizar os recursos da melhor forma.

“Muitos dos problemas que atravessamos hoje das urgências hospitalares é pelo facto de não conseguirmos trazer os doentes das urgências para os internamentos, porque eles também estão cheios por casos de natureza social”, elucidou.

Aos 96 anos
O cirurgião norte-americano Henry Heimlich, que inventou a “manobra de Heimlich”, que permite salvar as pessoas quando estão...

Henry Heimlich morreu no sábado de manhã no Hospital de Cincinnati, depois de no início da semana ter tido um ataque cardíaco, segundo informações avançadas pelo filho e divulgadas pela agência de notícias Associated Press.

A “manobra de Heimlich” foi descrita pela primeira vez em 1974 pelo médico norte-americano que apresentou este método pré-hospitalar de desobstrução das vias aéreas superiores ao induzir uma tosse artificial na vítima, que assim acaba por expelir o objeto que está preso na traqueia.

Encontro com o Presidente da República
As ordens profissionais do setor da saúde defenderam a criação de uma lei de programação na saúde, forma de o investimento e a...

“Precisamos de uma lei de programação na saúde”, à semelhança de outros setores, como a lei de programação militar, disse aos jornalistas a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins.

As ordens profissionais da saúde foram recebidas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem apresentaram um plano de emergência para o setor que implica um financiamento de 1.2 milhões de euros.

O encontro juntou os bastonários das ordens dos médicos, médicos dentistas, farmacêuticos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos.

No final da audiência Ana Paula Martins disse que Marcelo Rebelo de Sousa está sensibilizado para a questão e que a reunião foi “produtiva”.

E os bastonários, disse a responsável, estão dispostos a trabalhar com o Ministério da Saúde e não prescindem de chamar a atenção e participar num planeamento necessário do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que tem de ser a longo prazo.

“Nos últimos 15 anos as verbas não foram suficientes”, assegurou, acrescentando que são “determinantes” os investimentos na prevenção e promoção da saúde.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, considerou como “razoável” o plano das ordens, ainda que o orçamento não o comporte. O ministro disse ainda que Portugal tem “obrigações internacionais que são muito relevantes para o conjunto do país” e que as ordens também devem ajudar no combate ao desperdício.

As ordens “acolhem positivamente” esse desafio, disse.

Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, salientou, também em declarações aos jornalistas, que haver alimentos e profissionais nos hospitais não chega se não houver medicamentos e equipamentos, porque “não é colocar as pessoas nos hospitais que lhes dá segurança” e “neste momento as pessoas não estão seguras”.

Referindo-se a recentes casos na área da saúde, como a detenção do ex-administrador da Octapharma (empresa de derivados de sangue ou plasma), a responsável defendeu que os hospitais comprem plasma ao Instituto Português do Sangue e Transplantação.

José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, disse que os profissionais do setor veem com tristeza os casos de corrupção mas ao mesmo tempo estão satisfeitos por as autoridades estarem a atuar.

Em 2017
O Governo quer lançar em 2017 uma plataforma nacional que reúna todos os dados sobre doenças oncológicas, indicou o secretário...

"Na mesma lógica em que os rastreios ajudam a perceber se conseguimos ou não identificar e minimizar casos, com a plataforma nacional teremos uma capacidade diferente de dar resposta a estas doenças. Queremos tornar mais eficaz a intervenção médica na área", disse Fernando Araújo.

O governante, que falava em Valongo, distrito do Porto, na cerimónia de lançamento de um projeto-piloto de rastreios ao cancro do cólon e reto, explicou que atualmente está em discussão uma proposta de lei e que a plataforma "avançará seguramente em 2017".

O objetivo é reunir os registos que todos os núcleos regionais dispõem sobre doenças oncológicas, elencando dados sobre diagnóstico, rastreios, incidência e tratamentos, entre outras vertentes.

Quanto ao projeto-piloto, este é dinamizado pela Administração Regional de Saúde do Norte em quatro concelhos do Grande Porto - Valongo, Maia, Póvoa de Varzim e Vila do Conde -, sendo ambição estendê-lo, depois de analisado, ao restante território nortenho.

Nesta fase estão abrangidos dez centros de saúde e cerca de 6.000 pessoas, sendo o público-alvo utentes com idades entre os 50 e os 74 anos.

Governo
O secretário de Estado da Saúde anunciou que o governo está a preparar um concurso com negociação privilegiada entre...

"Temos em curso, com o SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde), um processo de validação de um concurso, através daquilo que se chama uma negociação privilegiada entre concorrentes, de forma a termos um diálogo concorrencial, que permita montar um esquema que evite, sobretudo, o monopólio na oferta deste tipo de produtos [derivados de sangue]. Isto, provavelmente, em meados do próximo ano estará pronto e entrará em vigor", disse Manuel Delgado.

O governante explicou que já foram seleciondas três entidades que estão em condições de fazer o trabalho.

"Essas três entidades vão entrar agora no processo de negociação concursal, o chamado diálogo concorrencial, de forma a fazer um caderno de encargos e, posteriormente, selecionar a empresa ou as empresas que estão em condições de ir a concurso", acrescentou o secretário de estado da Saúde, depois de presidir à cerimónia comemorativa dos 25 anos do Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal.

Manuel Delgado adiantou ainda que o governo está também a preparar um despacho sobre os procedimentos que os hospitais públicos deverão adotar no tratamento do sangue, tendo em vista o aproveitamento do plasma, e prometeu novidades neste domínio já para a próxima semana.

Confrontado com o desperdício de dinheiros públicos na aquisição de plasma e com as suspeitas de que houve um favorecimento da Octapharma neste negócio, que poderá ter lesado o estado em cerca de 100 milhões de euros, o secretário de Estado da Saúde disse que o monopólio daquela empresa se tem prolongado devido a "controvérsias técnicas".

"Essas questões têm de ser esclarecidas do ponto de vista jurídico, e com certeza que nós não temos nada a ver com isso, mas as razões porque este processo se arrasta há anos sem uma solução - e este governo vai adotar uma solução - é porque há controvérsias de natureza técnica que não permitem tomar uma decisão que afaste dúvidas sobre desperdícios de dinheiro, de plasma, etc.".

O ex-administrador da Octapharma, Paulo Lalanda de Castro, que se demitiu dos cargos que ocupava naquela farmacêutica, e o ex-presidente da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo e do INEM, Luí Cunha Ribeiro, foram detidos na semana passada no âmbito de uma investigação do Ministério Público ao negócio do plasma.

Para o secretário de estado da saúde, uma coisa são as questões jurídicas, que não cabe ao Ministério da Saúde resolver, outra coisa são as questões técnicas que têm de ser devidamente consideradas, porque o sangue e seus derivados são produtos que podem afetar a segurança e a vida das pessoas.

"O que queremos fazer e vamos fazer já na semana que vem é, de uma vez por todas, acabar com esses bloqueios de natureza científica e tomar uma decisão politica que garanta aos portugueses não só qualidade nos produtos de sangue e produtos derivados que consome, mas também para o erário público cem termos económicos", acrescentou Manuel Delgado.

Compromisso
O Governo está empenhado em implementar os cuidados continuados integrados em saúde mental, que serão “uma realidade a curto...

Manuel Delgado – que falava na sessão de abertura da 18.ª reunião plenária da Comissão Nacional para os Direitos Humanos (CNDH), subordinada ao tema da saúde mental – assumiu, perante representantes de vários organismos da administração pública e de duas dezenas de organizações da sociedade civil, que “faltou colocar no terreno” os recursos que permitem cumprir com o compromisso dos cuidados continuados integrados em saúde mental.

O governante reconheceu que a saúde mental é “uma das áreas mais vulneráveis”, ainda rodeada de “estigma”, e assumiu a “escassez de recursos” e a “somatização dos doentes”, sublinhando, porém, “o empenho das novas gerações de profissionais” em dar respostas que garantam “um maior respeito pelos direitos humanos”.

Na mesma sessão de abertura da 6.ª reunião em formato alargado à sociedade civil, falou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, reconhecendo que a saúde mental “ainda é demasiado invisível na agenda internacional dos direitos humanos” e que é, por isso, “uma discussão pertinente”.

O ministro aproveitou para traçar as linhas da política externa portuguesa e destacar “a centralidade dos direitos humanos na orientação e na ação” da diplomacia nacional.

Realçando que os direitos humanos são “uma construção humana” e não “uma realidade fechada e estática”, Santos Silva defendeu um “debate franco e aberto” sobre a sua aplicação.

O ministro – que diz ter pedido, mal tomou posse, para participar na primeira reunião da CNDH em formato alargado – apelou à sociedade civil que faça “um acompanhamento crítico e implacável” das políticas nacionais em matéria de direitos humanos.

“O contributo da sociedade civil é essencial”, disse, deixando um apelo à participação e às organizações que não fazem parte da lista de contactos da diplomacia para o assinalarem junto dos serviços.

A Comissão Nacional para os Direitos Humanos é tutelada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e realizou, desde que foi criada, em 2010, seis reuniões alargadas à sociedade civil.

Portugal “é dos países com melhor desempenho” a nível de direitos humanos, frisou Santos Silva, reconhecendo que também há “problemas de violação ou não realização de direitos, problemas que são graves”, como a violência contra mulheres, a discriminação racial, as condições nas prisões e os atrasos na justiça.

Autoridade de Saúde do Norte lança
A Administração Regional de Saúde do Norte lançou hoje um projeto-piloto de rastreios ao cancro do cólon e reto que, após...

O cancro do cólon é o terceiro com maior incidência em Portugal e por dia morrem em média dez pessoas com cancro retal, sendo, indicaram os responsáveis da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) numa cerimónia que na manhã levou a Valongo o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, acrescentando que a taxa de incidência na região Norte é "significativa" o que ajuda a explicar o facto do número de colonoscopias ter duplicado em dois anos.

Assim, a ARS-Norte decidiu financiar rastreios em Valongo, Maia, Póvoa de varzim e Vila do Conde, num total de dez centros de saúde e podendo chegar a cerca de 6.000 pessoas.

Para realizar este projeto, a estrutura conta com a colaboração do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e da Unidade de Saúde Local de Matosinhos, aos quais caberá avançar com consultas e tratamentos após uma primeira abordagem nas unidades de saúde familiares.

O público-alvo dos rastreios são pessoas com idades entre os 50 e os 74 anos e existem dois modelos de captação: convite personalizado feito pelos profissionais da unidade de saúde e carta-convite enviada para casa.

"O objetivo é pelo menos chegar a 60% da população elegível para este piloto. Queremos também garantir que são feitas colonoscopias nos 60 dias posteriores ao rastreio. Nos resultados positivos, avançaremos com marcação de consultas e cirurgias", resumiu o responsável do departamento de estudos e planeamento da ARS-Norte, Fernando Tavares.

Já o secretário de Estado avançou esperar que este projeto seja alargado a outras regiões do país, considerando "urgente" apostar na prevenção e doenças oncológicas quer por razões sociais mas a também lembrando que o Serviço Nacional de Saúde procura "sustentabilidade".

Esta afirmação foi ao encontro da convicção do representante português da Associação Europa Cólon, Vítor Neves, que ao aplaudir o lançamento deste projeto, apontou que com ele o Ministério da Saúde pode "poupar em tratamentos futuros".

O "piloto" que abrange a partir de hoje quatro concelhos do Grande Porto vai durar cerca de cinco meses, sendo após análise a largado à região.

O folheto sobre esta iniciativa indica que em Portugal são diagnosticados, por ano, cerca de 7.000 novos casos de cancro do cólon e reto mas, vinca a informação, "é possível prevenir esta doença".

O consumo diário de frutas e verduras e a prática de exercício físico regular, bem como a realização do exame de rastreio que é gratuito são alguns dos concelhos que constam do folheto.

Pediatras dizem
Os pediatras defenderam hoje a realização de refeições em família e sem qualquer dispositivo móvel como forma de evitar a...

No âmbito da 23.ª edição das Jornadas de Pediatria de Leiria e Caldas da Rainha, organizado pelo Centro Hospitalar de Leiria, a pediatra do Centro Hospitalar Lisboa Central, Júlia Galhardo, afirmou que os "’tablet’, ‘iphone’ e demais ‘is' não podem estar na mesa".

"Se a criança estiver distraída não vai sinalizar que já está saciada e vai continuar a comer. As refeições devem ser feitas em família e devagar. Conversando sobre como correu o dia come-se mais devagar e o organismo tem tempo para fazer a sinalização [saciedade]".

Júlia Galhardo criticou ainda a forma como as refeições decorrem nas escolas, onde são feitas a correr. "Quem comer a sopa primeiro é que ganha. Está errado. Quem come a sopa devagar, é que deve ser premiado”.

A mesma opinião tem a pediatra do Hospital da CUF, no Porto, Carla Rêgo, que considerou ainda as creches o "lugar mais catastrófico" na questão da alimentação.

Esta pediatra recomenda ainda a proibição do uso do biberão a partir dos 12 meses, pois "permite a ingestão sem controlo de volumes brutais de leite", assim como o "leitinho noturno", onde vão ser ingeridas proteínas "sem serem gastas".

A ingestão frequente de água, fazer cinco a seis refeições diárias, com poucas porções, comer devagar e não repetir são outros conselhos deixados. "Deve-se estimular a variedade e evitar proteínas e hidratos de carbono ao jantar. A partir da adolescência, o jantar pode ser apenas água, sopa e fruta".

Júlia Galhardo considerou que os sabores são outro aspeto que pode influenciar o excesso de peso, pelo que recomendou que o bebé comece a ingerir primeiro a sopa e só mais tarde a papa. "Se comer primeiro a papa, que é mais doce, vai ter mais dificuldade em introduzir o [sabor] amargo”.

Outra sugestão deixada por esta pediatra é recorrer a atividades do dia-a-dia para "pôr as crianças a mexerem-se". Por exemplo, "participar na limpeza da casa, ouvindo música e dançando ao mesmo tempo ou brincando com um animal de estimação".

Defendendo que "não é preciso ser fundamentalista" nas regras, Carla Rêgo considerou que a preocupação "não deve ser apenas com o ‘fast food'", pois "as bolachas, as barritas e outros alimentos processados têm muito açúcar e gordura".

A prevalência nacional da obesidade em idade pediátrica em Portugal é de 31,4%, revelou ainda Carla Rêgo, adiantando que o "valor mais elevado verifica-se no Norte".

Jornadas de Pediatria
A prevenção e o envolvimento da família no tratamento são a chave no combate ao excesso de peso e obesidade na idade pediátrica...

"A criança está inserida numa família, que, por sua vez, está inserida numa sociedade local. Para perceber o que se passa com aquele menino, é preciso perceber toda a dinâmica que está por detrás daquela criança e daquela família. Não direcionamos a consulta para a criança, mas para o agregado familiar", afirmou a pediatra do Centro Hospitalar Lisboa Central, Júlia Galhardo, que lamentou a "falta de tempo" nas consultas.

A pediatra do Hospital da CUF, no Porto, Carla Rego, acrescentou que o "tratamento do excesso de peso e obesidade baseia-se na prevenção".

"Estas consultas requerem tempo para ir ‘descascando a cebola' e conhecer a criança que está à nossa frente", reforçou Júlia Galhardo.

Segundo esta pediatra, a obesidade poderá causar problemas em vários órgãos. "O fígado é o primeiro estadio. A obesidade e o excesso de açúcares e de gordura acabam em cirrose, como o álcool", revelou.

Adiantando que só uma pequena percentagem do excesso de peso está associado a causas genéticas, Júlia Galhardo deixou o alerta para os pediatras darem especial atenção quando "uma criança é obesa e tem baixa estatura", pois aqui "podem estar problemas endócrinos".

A pediatra referiu ainda que, culturalmente, "quando se diz que o bebé está gordinho, é traduzido como um sinal de que a criança é bem tratada, porque há uma cultura de períodos de fome". No entanto, esta perceção "é errada", pois "má nutrição também engloba excesso de peso".

Carla Rêgo precisou que apenas 01% das causas da obesidade é monogénica e 02 a 04% referem-se a obesidade secundária. "Noventa e sete por cento das causas é comportamental e o tratamento reside na história familiar, da introdução dos alimentos e nos hábitos de exercício”.

As pediatras salientaram ainda que a intervenção terá mais sucesso quanto mais precoce for. "O insucesso na adolescência é brutal", acrescentou Carla Rêgo, considerando que a grande base do tratamento é "comportamental" e deve "envolver o pediatra, o psicólogo, o nutricionista e o técnico do exercício: um luxo que não temos".

Provedor de Justiça alerta
O Provedor de Justiça, José de Faria Costa, adverte que existem regulamentos municipais de piscinas que utilizam conceitos que...

Na sequência de uma queixa que recebeu sobre este assunto, o Provedor de Justiça verificou que, por alegadas razões de saúde pública, “um número considerável” de regulamentos municipais de utilização das suas piscinas condiciona o acesso dos utentes à apresentação de declaração médica comprovativa da não portabilidade de doenças contagiosa, infetocontagiosa ou transmissível”.

A queixa era relativa ao "uso em regulamentos municipais de conceitos respeitantes a condições higiossanitárias de acesso a piscinas suscetíveis de discriminar pessoas com risco agravado de saúde, designadamente pessoas portadoras de Sida/VIH".

“Ora, como a designação escolhida não contempla a forma efetiva de transmissão dessas mesmas doenças pode revelar-se não só desadequada como excessiva em face do fim prosseguido: a proteção da saúde dos demais”, afirma José de Faria Costa num comunicado publicado no site do Provedor de Justiça.

Na sequência da instrução do procedimento de queixa, o Provedor de Justiça consultou a Ordem dos Médicos (OM) acerca da “viabilidade de substituir as expressões empregues por outras que, não inculcando acréscimo de risco para a saúde pública, possam afastar toda e qualquer prática discriminatória”.

Para os Colégios da Especialidade de Doenças Infecciosas e de Saúde Pública da OM, as “exigências ou proibições” são vagas e infundadas e “a exigência de declaração médica pontual é extemporânea e apenas cobre aquele momento, nada garantindo que a pessoa não se irá infetar posteriormente”.

“A expressão que refere em concreto as pessoas portadoras de VIH/Sida foi classificada como claramente discriminatória e sem qualquer fundamento clínico”, sublinham os pareceres da OM.

A OM salienta ainda que esta situação mais não consubstancia do que uma transferência das responsabilidades das entidades gestoras dos equipamentos para o cidadão, quando o enfoque deveria estar na “garantia da qualidade da água em termos de segurança física e microbiológica mediante o escrupuloso cumprimento das normas técnicas aplicáveis”.

Considerando que “os condicionamentos de admissão às piscinas dever-se-iam limitar à apresentação de exame médico que comprove a aptidão física do praticante”, o Provedor de Justiça consultou 73 municípios acerca das medidas que ponderavam adotar para garantir a conformidade das normas dos respetivos regulamentos com o disposto na lei em matéria de prática desportiva.

Até agora, já recebeu resposta de 45 municípios, dos quais 34 prontificaram-se para rever imediatamente ou alterar os regulamentos municipais em conformidade com as observações do Provedor de Justiça.

Estudo
Novo estudo comprova que a felicidade conduz a uma maior longevidade.

Um estudo levado a cabo pela Agência Inglesa de Estudos Longitudinais (ELSA) garante que a visão do mundo e da vida condiciona o bem-estar e, apesar de a felicidade ser um estado de espírito que difere de pessoa para pessoa, quando alcançada, pode prolongar a vida e reduzir a mortalidade por qualquer causa.

O estudo, segundo o Sapo, analisou vários episódios de felicidade entre 2002 e 2006 para perceber se esse número influenciava a mortalidade. Para o efeito, foram avaliados relatos de 10 mil pessoas, tanto homens como mulheres, com 50 anos de idade ou mais.

Apesar do estudo ser "observacional" e, por essa mesma razão, não poder apresentar conclusões de causa-efeito, os resultados trazem uma "nova dimensão para a compreensão do bem-estar subjetivo", no que diz respeito à importância que este tem para a saúde das pessoas.

Além de as mulheres terem relatado momentos de maior felicidade e prazer do que os homens, os participantes que eram casados, com uma melhor formação escolar, mais dinheiro, jovens e com um emprego estável foram aqueles que se apresentaram mais felizes e mais saudáveis.

Por outro lado, as situações de stress e os historiais depressivos foram apontados como os casos de menor longevidade, juntamente com os diagnósticos de doenças coronárias, diabetes, artrite, acidentes vasculares cerebrais e doenças pulmonares crónicas.

Os resultados demonstraram que a taxa de mortalidade precoce foi 24% menor para as pessoas mais felizes.

Estudo
Investigadores do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa descobriram que um composto químico a ser testado no tratamento de...

O composto, com a designação técnica de CX-4945, está a ser testado, em ensaios clínicos, no tratamento do mieloma múltiplo (cancro da medula óssea).

A equipa liderada pelo cientista Bruno Silva-Santos descobriu que o uso deste composto pode ser eficaz no tratamento da leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T, um cancro do sangue agressivo e frequente em crianças.

Os linfócitos T são um grupo de glóbulos brancos, células do sangue responsáveis pela defesa do organismo contra agentes agressores.

No caso da leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T, os linfócitos T geram, eles próprios, cancro.

O CX-4945 compromete o funcionamento de uma proteína-cinase, a CK2, que, segundo Bruno Silva-Santos, é um "determinante fulcral" para a sobrevivência dos linfócitos T.

Na leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T, estas células, em particular um subtipo, as gama-delta, estão "muito dependentes" da proteína CK2.

O que o composto CX-4945 faz é matar os linfócitos T saudáveis, ao impedir o funcionamento da CK2, mas também os 'maus', os que geram a doença.

Nesse sentido, o CX-4945 pode "ser muito útil para as leucemias das crianças", sustentou à Lusa Bruno Silva-Santos, assinalando que a molécula pode ser um alvo "potencial para uma nova terapia" contra a leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T.

O composto químico foi testado, no estudo, em amostras de células de crianças com leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T e em células saudáveis do timo (glândula localizada por cima do coração e responsável pela produção de linfócitos T) - estas últimas também de crianças, que tiveram de ser operadas ao coração e às quais foi retirada parte do timo.

Posteriormente, o CX-4945 foi injetado num ratinho com o mesmo tipo de leucemia, tendo o grupo de cientistas conseguido "impedir o crescimento" da doença.

O estudo, no qual participou a equipa do investigador do Instituto de Medicina Molecular João Taborda Barata, é publicado hoje na revista científica Leukemia.

Especialistas dizem
A saúde mental em Portugal, tema que será debatido hoje na Comissão Nacional para os Direitos Humanos, apresenta índices...

Em declarações telefónicas, Maria João Moniz, presidente da direção da Federação Nacional de Entidades de Reabilitação de Doentes Mentais, considera que “o mais grave problema de direitos humanos” em matéria de saúde mental são as “estatísticas muito elevadas” de “institucionalização de pessoas por razões associadas à sua saúde mental”, nomeadamente de institucionalização de longo prazo e de institucionalização da população mais idosa.

“Temos pessoas que viveram 40 anos ou mais da sua vida institucionalizadas, por não terem soluções alternativas. Este, sim, é talvez o mais grave problema de direitos humanos”, aponta a responsável da federação que integra 25 associações em todo o país.

Maria João Moniz – que hoje estará presente na reunião plenária alargada à sociedade civil promovida pela Comissão Nacional para os Direitos Humanos, sob tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros – destaca ainda que “há um perfil de prescrição muito elevado”.

A sobremedicação de pessoas com perturbações mentais é considerada uma violação de direitos humanos. Mas, assinala Filipa Palha, presidente da direção da associação Conhecer-Se, falta assegurar que os compromissos são cumpridos.

“Nós não pagamos multas, por, por exemplo, uma pessoa com uma doença mental só ter acesso a tratamento farmacológico e psiquiátrico”, quando também precisa de psicoterapia e outras respostas, exemplifica.

Portugal tem “30 anos de atraso” nesta matéria, considera. “Chega de papel, chega de recomendações, estamos a fazer a recomendação do já recomendado x vezes”, critica a especialista, que não vai participar na reunião de hoje, no Palácio das Necessidades.

O plano de saúde 2004-2010, recorda Palha, alertava para a existência de “doentes em risco de hospitalização por falta de alternativa”, o que representa uma “violação de direitos humanos”.

Noutro relatório, feito dez anos depois, reconhecia-se que o tempo de espera para consulta facilitava os reinternamentos e obstaculizava a recuperação.

O Plano Nacional de Saúde Mental foi aprovado em 2007 e identificava, nessa altura, “graves lacunas”, lembra ainda. “Estamos em 2016 e sabemos que nada foi feito”, critica.

“Os direitos são violados diariamente, quando não permitimos que as pessoas acedam aos cuidados de saúde e às respostas de que precisam para ter uma vida com dignidade”, sustenta.

“Temos um bom plano nacional para a reforma dos serviços de saúde mental”, considera Moniz, acrescentando, porém, que este, por si só, não garante o cumprimento dos direitos das pessoas com perturbações mentais. “Não há razão nenhuma para que, em nenhum ponto do país, haja pessoas institucionalizadas apenas por questões sociais”, sustenta, defendendo que é preciso “prevenir a institucionalização”.

Moniz considera que “as instituições psiquiátricas estão obsoletas” e que se devem "reduzir ao mínimo os internamentos psiquiátricos”. Os cuidados continuados em saúde mental são uma “nova oportunidade”, acredita. Porém, deviam ter arrancado a 1 de julho e isso “não aconteceu”, assinala Palha, sublinhando que é preciso distinguir “boas intenções” e a realidade.

A Comissão Nacional para os Direitos Humanos – criada em 2010, que integra representantes de vários ministérios, para assegurar “o cumprimento das obrigações de direitos humanos” assumidas por Portugal – reúne-se hoje, em reunião plenária, com duas dezenas de organizações da sociedade civil, para discutir o tema da saúde mental.

Governo
A secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência disse que o Governo definiu como prioridade o aumento da...

"O que queremos é definir claramente competências de fiscalização, clarificá-la e torná-la mais efetiva e corrigir e clarificar regras técnicas de acessibilidade que se possa argumentar que não são claras ou que ainda levantam confusão e mobilizar aquilo que existe de fundos comunitários para que haja intervenção física no espaço público", disse a secretária de Estado.

Ana Sofia Antunes deslocou-se ontem a Castelo Branco, onde inaugurou o Balcão de Inclusão do Centro Distrital da Segurança Social e uma Sala de Multimédia na sede local da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).

O problema das acessibilidades em espaços públicos é uma questão que se desenrola há vários anos e que afeta as pessoas portadoras de deficiência.

"O nosso objetivo é o de que, de acordo com aquilo que consta da legislação que já define quais são as regras a cumprir para que um espaço seja acessível, seja um edifício público ou espaço privado, o que queremos é definir claramente competências de fiscalização (…) e corrigir e clarificar regras técnicas de acessibilidade que se possa argumentar que não são claras", sustentou.

A governante sublinhou ainda que o Governo pretende mobilizar o que existe de fundos comunitários para que haja intervenção física no espaço público.

"Mesmo que não se destine diretamente à questão das acessibilidades, porque sabemos que há muito pouco nos fundos [comunitários], mas que na sua execução e no seu aproveitamento haja que obrigatoriamente cumprir normas técnicas de acessibilidade", disse.

Ana Sofia Antunes explicou que não existe um levantamento nacional das necessidades em termos de acessibilidades, mas adiantou que existem muitos levantamentos a nível municipal.

"Muitas das câmaras municipais do país promoveram com apoios do anterior quadro comunitário de apoio levantamentos bastante exaustivos das suas condições de acessibilidade nas suas áreas municipais. E esses levantamentos permitiram retirar informação e muitos dados técnicos que neste momento os orientam em todas as obras e intervenções que vão desenvolvendo em espaço público", frisou.

Sobre a Sala Multimédia da sede de Castelo Branco da ACAPO, a secretária de Estado considerou que a inclusão através dos meios digitais é um "elemento fundamental" para que as pessoas estejam mais incluídas em contacto com o mundo e mais informadas.

"Quando falamos de deficiência visual então esta inclusão digital torna-se fundamental. Se pensarem que uma pessoa com deficiência visual que não dispusesse do ‘software' e das tecnologias adaptativas imprescindíveis não poderia utilizar um computador", disse.

A Sala Multimédia da ACAPO resultou de um projeto que a associação candidatou ao orçamento participativo da junta de freguesia de Castelo Branco em 2015 e cuja execução decorreu este ano.

O projeto da ACAPO acabou por ser o mais votado e a verba de 10 mil euros foi aplicada na aquisição de equipamentos informáticos adaptados para pessoas com deficiência visual e para a contratação de um formador que irá dar formação a 12 pessoas.

Em 2017
A secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência disse que o Governo vai alargar em 2017 a rede de balcões de...

"A próxima fase passa por, em 2017, alargar a rede de balcões de inclusão para mais de um por distrito e, nessa medida, vamos começar a estabelecer parcerias com municípios para criar balcões de inclusão nos serviços de atendimento ao munícipe de diversos concelhos", afirmou Ana Sofia Antunes.

A governante, que falava aos jornalistas, à margem da inauguração do Balcão de Inclusão do Centro Distrital de Castelo Branco da Segurança Social, explicou que nestes balcões os utentes vão ter um atendimento personalizado com pessoas que tiveram formação específica e onde podem agendar atendimento com um intérprete de língua gestual, no caso das pessoas surdas.

"Nós não quisemos focar-nos apenas nos serviços e nas respostas diretamente dependentes da Segurança Social. Quisemos criar uma rede entre a Segurança Social e outros serviços públicos, para ajudar a encontrar outro tipo de respostas", disse.

Todos os distritos do país têm, desde ontem, um Balcão da Inclusão, destinado sobretudo às pessoas com deficiência, sendo que até ao momento os sete balcões-piloto receberam já quase seis mil atendimentos.

Ana Sofia Antunes explicou que a rede de balcões de inclusão foi desenvolvida ao longo do último ano e adiantou que um dos primeiros diagnósticos a que se chegou foi perceber que as pessoas com deficiência se queixavam de dificuldades no atendimento e na resolução de problemas em alguns serviços públicos e consequentemente falta de respostas concretas e práticas.

"Nesse sentido, desenvolvemos uma resposta que não careceu de grande investimento de meios. O que careceu foi de formar pessoas e de criar rede entre os vários serviços públicos, criando um balcão em que os técnicos que atendem tiveram formação nas temáticas conexas com a área da deficiência. A partir de hoje, as pessoas sabem que ao dirigirem-se a qualquer dos 18 centros distritais de Segurança Social deste país têm um Balcão da Inclusão", concluiu.

Em Coimbra
O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, solicitou ontem mais médicos especialistas em...

Em comunicado, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) considera "alarmante" a situação que se verifica nas maternidades Bissaya Barreto e Daniel de Matos e nos Hospitais da Universidade de Coimbra, devido à falta de médicos.

Confrontado com a situação, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Martins Nunes, considerou "manifestamente exagerado qualquer risco com o funcionamento das maternidades".

"Há dificuldades como há sempre em todas estas matérias, mas quer os médicos que vão ser admitidos quer a nova maternidade vão resolver algumas questões que eventualmente" se coloquem, disse.

Para Martins Nunes, "não está em causa, absolutamente", o funcionamento das urgências das maternidades que estão agregadas ao CHUC.

Por outro lado, Carlos Cortes disse que “face à escassez de recursos humanos, e caso não se proceda à urgente contratação de especialistas, poderá ficar inviabilizada a elaboração de uma escala de urgência com o número de médicos indispensáveis ao funcionamento do serviço de acordo com as normas".

O presidente da SRCOM considera a situação "muito grave" e entende que não se "pode comparar a realidade destas maternidades com o que se passa em qualquer um dos outros hospitais universitários do país".

"O cálculo do número de médicos não poderá, neste caso, reportar apenas o número de partos e a população de referência", sublinha, salientando que não são contratados médicos especialistas para a Maternidade Bissaya Barreto desde 2010.

Segundo o dirigente, "o número elevado de médicos especialistas que saíram nos últimos anos, pode colocar em risco a atividade assistencial (consultas e cirurgias) dos serviços de Ginecologia A e B" do CHUC.

Governo
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, disse ontem em Coimbra que o Governo pretende apostar nos cuidados...

O governante, que falava na inauguração da nova unidade de internamento e urgência alargada de pedopsiquiatria do Hospital Pediátrico de Coimbra, referiu que "existe uma grande quantidade de doentes com patologias de elevada prevalência, que podem e devem ser tratados e orientados nos cuidados de saúde primários".

"Queremos que [esses cuidados] se façam de forma articulada e integrada nos serviços de saúde mental, mas queremos acima de tudo que os doentes não precisem de vir aos hospitais de cuidados psiquiátricos e tenham uma resposta adequada nos médicos de família", sublinhou.

Segundo o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, "é nessa vertente que o Governo quer apostar e ter realmente uma política muito inclusiva", através das equipas de saúde mais próximas da comunidade.

Fernando Araújo adiantou ainda que está a ser preparado pelo ministério um estudo sobre o financiamento da saúde mental em Portugal.

O Hospital Pediátrico de Coimbra, que integra o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), inaugurou ontem a unidade de internamento e urgência alargada de pedopsiquiatria, cujo serviço não existia na região Centro.

De acordo com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, um dos objetivos do Ministério no âmbito da saúde mental "era criar condições para se concluir o plano definido para a saúde mental das crianças e jovens, nomeadamente na resposta em termos de internamento".

"O SNS passa de 20 para 34 camas, ou seja, um aumento de mais de 60% da capacidade de internamento, em apenas um ano, assegurando finalmente as necessidades de internamento em pedopsiquiatria no país", frisou Fernando Araújo.

Para servir região Centro
O Hospital Pediátrico de Coimbra, que integra o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, inaugurou ontem a Unidade de...

“Era um sonho antigo, sempre adiado, que hoje se realiza, para satisfação e proveito de todos, profissionais e cidadãos, empenhados em proporcionar às crianças e aos jovens o alargamento da resposta que até agora vinha sendo dada apenas aos jovens adultos”, sublinhou Martins Nunes, presidente do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), na cerimónia de inauguração, que foi presidida pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo.

O novo serviço, o primeiro do género na região Centro, com capacidade para oito camas, representa um investimento de cerca de 198 mil euros, dos quais 135 mil euros (75%) são comparticipados pela Fundação EDP, no âmbito do programa EDP Solidária Saúde.

“Se fossem precisas mais provas, aqui está esta área da psiquiatria e pedopsiquiatria a demonstrar completamente que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) deve e pode cumprir funções de responsabilidade clínica e que deve também assumir, em simultâneo, grandes responsabilidades de caráter social: como frequentemente, no CHUC e no SNS, a defesa da matriz da cidadania”.

Entre janeiro de 2008 e 31 de outubro deste ano, o número de consultas de pedopsiquiatria no Hospital Pediátrico de Coimbra aumentou de 4.017 para 6.673.

O CHUC tinha já criado um centro de trauma psicogénico para adultos, além de ter conseguido criar um espaço de internamento de psiquiatria para adolescentes e jovens adultos, com oito camas.

A nova Unidade de Internamento de Pedopsiquiatria – Psiquiatria da Infância e da Adolescência - vai ser assegurada por uma vasta equipa multidisciplinar de médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e psicólogos.

“Com este passo, o CHUC passa a oferecer resposta completa em todas as áreas da psiquiatria em todos os escalões etários, na materialização do seu sempre continuado projeto de, através da abertura de acesso a atividades clínicas de grande diferenciação, garantir aos portugueses da região Centro a realização concreta da coesão regional e da solidariedade regional”, acrescentou.

O equipamento “está ao nível dos mais modernos equipamentos existentes no país e no estrangeiro, cumprindo os mais exigentes critérios e normas”.

“A inauguração e a abertura do internamento de Pedopsiquiatria e o alargamento do seu período de urgência traduzem a dotação do CHUC com uma componente de serviço às populações de interesse altamente relevante. O extraordinário esforço que permitiu atingir este sucesso deve ser creditado ao empenho dos profissionais do CHUC, que tudo fizeram para corresponder ao esforço financeiro que esta nova valência implica”.

Martins Nunes frisou que a “pedopsiquiatria lida com crianças em sofrimento, com pais em sofrimento e com a sociedade em sofrimento. É por isso que sabemos que podemos ser úteis para transformar a fragilidade destas crianças de hoje em promissores cidadãos de amanhã e restituir aos pais a felicidade pelo sucesso dos seus filhos”.

José Martins Nunes disse ainda que, “neste momento de congratulação para a instituição e para a Região, é justo que, como presidente do CHUC, faça referência ao apoio que se conseguiu alcançar da Administração Regional de Saúde e da tutela ao longo dos últimos anos para atingir este sucesso”.

O presidente do CA do CHUC explicou que o “internamento de Pedopsiquiatria é já o terceiro projeto financiado pela Fundação EDP, no Hospital”. O primeiro foi o financiamento do Centro de Simulação Biomédica em 2009, há mais de sete anos, e o apoio para o Centro de Tumores Oculares.

“Por isso, a Fundação EDP e António Almeida [antigo presidente da fundação, já falecido] fazem parte deste hospital e da ambição deste hospital: estiveram presentes e ajudaram em vários passos ousados e inovadores, acreditaram em nós e creio que têm boas razões para apresentarem a experiência de cooperação com o CHUC como uma ligação virtuosa e socialmente útil”.

Sandro Fonseca, diretor adjunto da Fundação EDP, disse que a “Unidade de Internamento de Pedopsiquiatria do CHUC foi viabilizada com o financiamento de 135 mil euros da Fundação EDP, no âmbito do Programa EDP Solidária - Saúde 2015, que apoiou 12 projetos nas áreas da Psiquiatria da Infância e da Adolescência e da Cardiologia, seis dos quais em centros hospitalares do Serviço Nacional de Saúde”.

“O Programa EDP Solidária, com uma dotação atual de 2,1 milhões, é a maior linha de investimento social de uma fundação corporativa em Portugal. Em 2015, mais de 1,2 milhões de euros foram canalizados para projetos na área da Saúde”, disse.

Serviço Nacional de Saúde
O Serviço Nacional de Saúde assegura, desde ontem, todas as necessidades de internamento em pedopsiquiatria no país, com a...

Fernando Araújo, que presidiu ontem à tarde à inauguração daquele unidade na região Centro, salientou que, em apenas um ano, "o Serviço Nacional de Saúde (SNS) passa de 20 para 34 camas, ou seja, um aumento de mais de 60% da capacidade de internamento".

"A região Centro, ao conseguir criar esta valência, evita que as crianças e jovens tenham que ser transferidos para Lisboa ou para o Porto, com enormes transtornos pessoais, familiares e sociais, para serem internados em pedopsiquiatria", frisou o governante.

O Hospital Pediátrico de Coimbra, que integra o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), inaugurou ontem a unidade de internamento e urgência alargada de pedopsiquiatria, cujo serviço não existia na região Centro.

Segundo o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, um dos objetivos do Ministério no âmbito da saúde mental "era criar condições para se concluir o plano definido para a saúde mental das crianças e jovens, nomeadamente na resposta em termos de internamento".

"A resposta integrada agora criada (serviço de urgência e internamento) vem trazer uma diferenciação aos cerca de 300.000 crianças e jovens até aos 18 anos de idade que vivem na região Centro e cumprir com um dos objetivos desta legislatura", sublinhou.

O novo serviço, com capacidade para oito camas, representa um investimento de cerca de 198 mil euros, dos quais 135 mil euros (75%) são comparticipados pela Fundação EDP, no âmbito do programa EDP Solidária Saúde.

Além desta unidade, o SNS conta desde há pouco tempo com uma nova unidade de psiquiatria da infância e adolescência no Centro Hospitalar Lisboa Central, com 16 camas (mais seis camas do que a antiga existente), que dará resposta às necessidades de internamento da região Sul do país, e com a unidade de internamento da região Norte com 10 camas.

"O SNS passa de 20 para 34 camas, ou seja, um aumento de mais de 60% da capacidade de internamento, em apenas um ano, assegurando finalmente as necessidades de internamento em pedopsiquiatria no país", frisou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde.

O governante reconheceu ainda o apoio da Fundação EDP: “Para a concretização desta valência devemos agradecer à Fundação EDP o seu apoio e contributo. Num investimento total de cerca de 200 mil euros, a Fundação EDP comparticipou em cerca de dois terços deste valor, tornando possível a realização deste ambicionado projeto”.

Fernando Araújo frisou ainda a importância da abertura 24 horas por dia do serviço de urgência em pedopsiquiatria.

“Por outro lado, iniciou-se esta semana o serviço de urgência de pedopsiquiatria 24 horas por dia no CHUC, permitindo uma resposta a situações agudas, evitando também nesta área a transferência dos doentes”.

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