Em França
Investigadores anunciaram ter identificado duas proteínas que desempenham um papel fundamental na infeção das células do...

Uma equipa de investigadores do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM) de França explicou que a proteína AXL, produzida pelas células do sistema nervoso chamadas células da glia, “facilita a entrada do vírus Zika no cérebro”, enquanto uma segunda proteína, Gas6, tem um papel de “mediadora” entre as partículas virais e as células da glia e permite a entrada do vírus nessas células .

As células da glia têm um papel essencial no sistema nervoso, assegurando a manutenção do equilíbrio de neurónios e a produção de mielina, que protege as fibras nervosas.

Além disso, ainda segundo os investigadores, a ativação da proteína AXL diminui a resposta imunitária contra o vírus Zika, favorecendo a infeção.

A infeção pelo vírus Zika é transmitida pela picada de um mosquito (“aedes”) ou por via sexual e em alguns casos pode ser responsável por doenças neurológicas e microcefalias fetais congénitas.

Segundo um balanço da OMS de outubro do ano passado, 73 países já foram afetados pelo vírus desde 2015, especialmente na América Latina e nas Caraíbas, onde foram reportados 21 casos de microcefalia supostamente devidos ao Zika.

Os resultados do estudo são “um passo importante na compreensão das complicações neurológicas da infeção”, segundo os investigadores.

De acordo com a OMS o vírus (que pode provocar sintomas como febre ligeira, erupções cutâneas, conjuntivite, dores nas articulações, mal-estar ou dor de cabeça) foi pela primeira vez identificado em macacos no Uganda em 1947 e depois 1952 já em humanos, no Uganda e na Tanzânia. O primeiro grande surto do vírus foi notificado em 2007 na ilha de Yap, na micronésia.

Causa de morte materna
Considerada como a primeira causa de morte materna durante o primeiro trimestre de gestação, a gravi

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o número de mortes associadas a uma gravidez ectópica aumentou, nas últimas décadas, nos países industrializados, estimando-se que seja a causa de 4,9 por cento dos óbitos durante a gestação.

Estima-se que uma em cada 100 a 200 gravidezes seja ectópica, ou seja, uma gravidez em que o feto se desenvolve fora do útero, quer seja na trompa de falópio, no canal cervical ou na cavidade pélvica ou abdmominal. Sendo a mais comum a gravidez tubária – representando 97,7 por cento dos casos.

O principal risco descrito, em resultado da evolução de uma gravidez ectópica (GE), é a rotura do orgão onde se desenvolve, uma vez que apenas a cavidade uterina possui a capacidade de expandir e acomodar o desenvolvimento fetal. Esta rutura pode causar infertilidade ou morte.

Segundo Rute Matos, enfermeira responsável pelo bloco de partos do Hospital da Luz e autora do capítulo dedicado ao tema no manual “Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica”, publicado pela editora Lidel, são vários os fatores de risco que podem condicionar o desenvolvimento de uma gravidez ectópica.

É o caso da doença inflamatória pélvica “que aumenta o risco de danos nas trompas de Falópio”. Esta inflamação é o resultado de uma infeção bacteriana, que costuma começar na vagina e que se propaga ao útero e às trompas, contraída, habitualmente,  por contato sexual.

Por outro lado, “as cirurgias que causam danos ou alteram a estrutura tubária acrescem um aumento do risco da gravidez ectópica”. “Como a salpingostomia (abertura da trompa de falópio), reanastomose tubária (após laqueação) ou lise de aderências pélvicas (causadas por endometriose, DIP, infeções, entre outras”, descreve a especialista em enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica.

Também as técnicas de procriação medicamente assistida, como recurso a medicação para estimulação ovárica, foi associado ao aumento deste risco. “Especialmente devido ao número elevado de óvulos e elevados níveis hormonais”, acrescenta.

Diversos estudos associam ainda os hábitos tabágicos como fator de risco. “Possivelmente devido a alterações na ovulação, alterações da motilidade tubária e uterina e da imunidade”, as mulheres fumadoras têm maior risco de GE do que as não fumadoras.

A idade materna avançada, responsável “pela perda progressiva da atividade mioelétrica da trompa de Falópio”,  os contracetivos orais apenas com progesterona e dispositivos intrauterinos são também apontados como fatores que podem levar ao aumento da  incidência destes casos.

Os principais sintomas de gravidez ectópica são a dor abdominal, hemorragia vaginal anormal e ausência de menstruação.

No entanto, além destes sinais também podem surgir outros sintomas como febre, cansaço, náuseas e vómitos ou sinais de choque hipovolémico (caracterizado pela perda de grandes quantidades de sangue e líquidos).

“O diagnóstico da GE é dificil de efetuar, pois apenas cerca de 50% das pacientes com GE apresentam a clássica tríade de sinais e sintomas  - dor, amenorreia e hemorragia vaginal anormal. Deste modo, tem de se efetuar um diagnóstico diferencial, excluindo diversas situações como a apendicite, salpingite, rutura de quisto, corpo lúteo ou de folículo de ovário, aborto espontâneo, torção do ovário ou infeção urinária”, escreve Rute Matos.

De acordo com a especialista o tratamento deste evento clínico “tem-se alterado ao longo dos anos”, muito devido aos meios de diagnóstico disponíveis que têm possibilitado, cada vez mais, um diagnóstico precoce. Na realidade, a possibilidade de um diagnóstico precoce permite que terapêuticas menos invasivas e mais conservadoras sejam aplicadas no tratamento da GE.

“O tratamento da GE passou a incluir uma terapêutica conservadora (cirúrgica e não cirúrgica) sendo que, em situações de rutura tubária ou de lesões complexas, o tratamento terá de ser, inevitavelmente, cirúrgico”, descreve.

O tratamento com metotrexato – um agente antagonista do ácido fólico que inibe a síntese de purinas, interferindo com o ADN e interrompendo a multiplicação celular – é o método não cirúrgico indicado.

A sua administração pode ser por via intramuscular e são elegíveis para a sua utilização grávidas sem sintomas de hemorragia ativa ou hemoperitoneu, com saco gestacional até quatro centímetros e com ausência de atividade cardíaca fetal.

A principal vantagem deste tratamento é evitar a cirurgia, diminuindo os riscos de lesão e infertilidade.

No entanto, apresenta alguns efeitos secundários. Distúrbios gastrointestinais, tonturas, dor ou hemorragia vaginal são os mais frequentes.

Quanto ao tratamento cirúrgico, realizado apenas quando existe lesão complexa ou rutura tubária, consiste, atualmente, na aplicação de técnicas minimamente invasivas. Estas técnicas consistem em: salpingostomia linear, que identifica a trompa afetada e procede a sua libertação das estruturas; Resseção segmentar tubária, “com a resseção da zona tubária onde está contido o saco gestacional e posterior anastomose dos topos da trompa”; e Salpingectomia total.

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Sociedade para o Estudo da Obesidade
O combate ao excesso de peso deve assentar mais em "evidências científicas" do que nas promessas "de charlatões...

Segundo a investigação internacional divulgada pela universidade espanhola de Navarra, as pessoas com tendência genética para a obesidade podem perder peso com exercício, dietas ou fármacos da mesma maneira do que quem não tem essa predisposição.

A endocrinologista portuguesa Paula Freitas considerou que é neste tipo de "evidências científicas" que as pessoas se devem basear se querem perder peso, afastando-se dos "produtos miraculosos que constantemente chegam em anúncios na televisão ou pela internet".

Os investigadores espanhóis, integrados numa equipa internacional de 30 cientistas, descobriram que quem tem o gene FTO, que faz aumentar o peso corporal, responde da mesma maneira que o resto das pessoas à dieta, ao exercício e aos medicamentos para perder peso, afirmou na sua página na internet a universidade baseada na cidade de Pamplona.

Docente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Paula Freitas defendeu que "modificar o estilo de vida" é que resulta no combate à obesidade.

Perder peso "faz parte de um processo" que começa na educação para os riscos do que é "um problema grave em Portugal" e "não é olhado como doença", considerou.

Segundo dados do Eurostat divulgados em outubro passado, mais de metade da população adulta portuguesa tem excesso de peso, uma condição que "tem vindo a aumentar nas mulheres", assinalou Paula Freitas.

Nas estatísticas, relativas a 2014, identificou-se que 16,6% dos portugueses são obesos, uma prevalência que atinge 15,3% nos homens e 17,8% nas mulheres.

"A obesidade é uma doença complexa, depende de vários fatores" e o seu aumento não depende de fatores genéticos, "que não mudaram", mas sim de "fatores ambiente", apontou.

O diagnóstico da obesidade conta com o índice de massa corporal, calculado a partir do peso e da altura.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, um índice superior ou igual a 25 significa excesso de peso e a partir dos 30 é considerado obesidade.

Estudo
As pessoas com tendência genética para a obesidade podem perder peso com exercício ou dietas da mesma maneira do que quem não...

Os investigadores espanhóis, integrados numa equipa internacional de 30 cientistas, descobriram que quem tem o gene FTO, que faz aumentar o peso corporal, responde da mesma maneira que o resto das pessoas à dieta, ao exercício e aos medicamentos para perder peso, afirmou na sua página na internet a universidade baseada na cidade de Pamplona.

"A genética não faz diferença", afirmou a professora de Fisiologia Amelia Martí, uma vez que "ambos os perfis responderam igualmente bem às estratégias para perder peso", significando que o estilo de vida, sobre o qual as pessoas podem ter controlo, é mais importante para determinar o peso que se tem.

"Conseguimos comprovar que, depois de uma intervenção para perda de peso, não houve nenhuma diferença no índice de massa corporal, circunferência da cintura ou quilos perdidos entre os participantes com propensão genética e os outros", declarou.

A origem étnica, sexo, índice de massa corporal inicial ou idade também não tiveram influência nos resultados.

A investigação, em que participaram cientistas de 11 países, foi publicada no British Medical Journal, do Reino Unido, e nele se compilaram dados de 11 estudos, abrangendo cerca de 10.000 pessoas.

A especialista em obesidade defendeu que deve haver "estratégias mais eficazes para prevenir e lidar" com a obesidade e o excesso de peso, que afetam "mais de 2.000 milhões de adultos".

O problema deve ser combatido com "a melhoria dos hábitos de vida, a aquisição de padrões de alimentação saudável, como a dieta mediterrânica, e a atividade física", advogou.

"Todos esses fatores em conjunto são eficazes para perder peso de forma sustentada, independentemente dos genes", sublinhou.

Serviço Nacional de Saúde
O Ministério da Saúde vai criar uma plataforma de gestão dos medicamentos que têm maiores custos para o Serviço Nacional de...

O objetivo é monitorizar de forma detalhada os resultados e qualidade dos tratamentos. Em algumas doenças, como o VIH, estão previstas penalizações aos hospitais que excederem o custo médio anual de tratamento por doente. A medida faz parte dos Termos de Referência para a contratualização de cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2017, documento base para a contratação com hospitais e centros de saúde e respetivo financiamento.

Um dos focos do documento é a prestação de cuidados a pessoas com doenças crónicas, onde se refere que se prevê que os cuidados sejam prestados de forma integrada para garantir uma resposta atempada. O financiamento é feito com um preço único médio que engloba tratamentos com medicação, consultas, exames e outros. É nesta sequência que o Ministério vai criar a Plataforma de Gestão dos Medicamentos com maior impacto económico nos custos do SNS: a Plataforma M20.

"Esta Plataforma recolhe dados reportados pelos hospitais no âmbito do Código Hospitalar Nacional do Medicamento, desenvolvido pelo Infarmed, e da Prescrição Eletrónica Médica nos Hospitais e possibilitará a monitorização detalhada da utilização destes medicamentos hospitalares, não só por instituição, como também por princípio ativo, por exemplo. Também em 2017 será reforçada a obrigatoriedade de identificação dos utentes portadores de doenças crónicas e raras, assim como dos registos nos sistemas de informação da atividade que lhes é realizada nas instituições hospitalares, de forma a aferir a qualidade dos cuidados prestados e a efetividade das terapêuticas em utilização no SNS", refere o documento.

Hospitais penalizados
Entre as doenças com pagamento de valor único estão diabéticos com bomba de insulina, tratamento para a hepatite C, tratamento ambulatório de doentes com hipertensão arterial pulmonar, esclerose múltipla, doentes oncológicos, VIH, entre outras. No caso do VIH, o preço médio anual por doente é de 9166 euros e os hospitais que ultrapassarem este valor serão penalizados em 10%. Quer valor quer penalização são idênticas ao previsto para 2016. A mesma filosofia é aplicada na hipertensão arterial pulmonar, que prevê uma penalização de 1%.

"Esta penalização visa incentivar a utilização eficiente dos recursos do SNS, pelo que as instituições que obtiverem um melhor desempenho terão acesso à totalidade do financiamento disponível para esta vertente. Ao manter-se o preço de 2017 idêntico ao de 2016 e, em simultâneo, ao promover-se uma redução do custo médio mensal da componente medicamentosa, pretende-se premiar as instituições que efetuam esta utilização eficiente dos recursos no SNS", explica ao Diário de Notícias fonte da Administração Central do Sistema de Saúde, acrescentando que o efeito da medida em 2016 está ainda a ser avaliada.

Segundo a newsletter do Infarmed, em 2016 o custo mensal dos hospitais com medicamentos para o VIH subiu 10% em relação ao custo mensal de 2015. O Infarmed justifica o aumento com "mais doentes em tratamento" e com a "alteração das recomendações terapêuticas, sendo recomendado o início do tratamento logo após o diagnóstico". Com os antirretrovirais aumentou controlo da doença e a sobrevivência dos doentes. Entre janeiro e setembro do ano passado estavam em tratamento no SNS 29 666 doentes com VIH, mais 1701 que no período homólogo de 2015. Quanto a gastos, entre janeiro e outubro de 2016 a despesa com tratamentos estava em 195 milhões de euros, representando 23% da despesa total dos hospitais com medicação.

Estudo
Investigação do IPO de Lisboa estuda efeitos positivos que alimentos podem ter no tratamento dos tumores. Se o estudo continuar...

Que relação há entre a casca da laranja, o agrião, os brócolos e o cancro? Há cada vez mais dados que indicam que estes três alimentos são aquilo a que se chama nutracêuticos – ou seja, alimentos com nutrientes que podem ter um efeito terapêutico em doenças, como as oncológicas. É isso mesmo que tem estado a comprovar uma equipa do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa. No entanto, desengane-se quem ache que a solução passa por incluir na alimentação grandes quantidades destes três produtos. Os efeitos conseguidos nos tumores do cólon e do reto resultam da utilização de extratos concentrados da casca da laranja, do agrião e dos brócolos e, para já, os testes não são em pessoas mas sim em células cancerosas.

“Estamos a desenvolver os testes em linhas celulares e num modelo tridimensional para se aproximar o mais possível ao modelo in vivo, isto é, mais semelhante aos doentes”, explicou ao jornal Público Cristina Albuquerque, bioquímica, investigadora do IPO e responsável pela equipa que estuda os nutracêuticos. “O estudo dos nutracêuticos enquadra-se no nosso objetivo de identificar novos alvos terapêuticos e novas terapêuticas, tanto sintéticas como naturais”, acrescentou Branca Cavaco, diretora da Unidade de Investigação em Patobiologia Molecular do IPO, onde se insere esta equipa. O projeto está também a ser feito em parceria com Teresa Serra, do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológico (iBET).

“Tivemos resultados bastante promissores”, garantiu Cristina Albuquerque, que explicou que o extrato da casca de laranja conseguiu inibir a divisão das células de cancro do cólon com que estavam a trabalhar, assim como “induziu a morte celular” de células estaminais. Segundo a investigadora, estes resultados em células estaminais são especialmente importantes, já que se reconhece que costumam estar na base da resistência dos tumores aos tratamentos com quimioterapia.

Redução das doses de quimioterapia
As experiências foram feitas só com os extratos e as células e também com os extratos, as células e a quimioterapia mais usual nestes cancros. Em todos os casos, o extrato da casca de laranja melhorou os resultados. O mesmo se conseguiu com o extrato de agrião e de brócolos, ainda que as substâncias em causa sejam diferentes. Se os estudos avançarem e continuarem a ter resultados positivos, Cristina Albuquerque sublinha que poderemos utilizar estes extratos para reduzir a dose de quimioterapia convencional, diminuindo também os efeitos secundários dos tratamentos hoje utilizados.

Esta é uma das mais recentes investigações do IPO de Lisboa e surgiu no âmbito do iNOVA4Health, um programa de investigação que pretende estimular parcerias na procura de terapias personalizadas. No entanto, está longe de ser o único projeto a decorrer. “Temos cinco grandes grupos de investigação no IPO, onde a investigação está intimamente ligada à atividade médica. Estudamos muito as formas esporádicas e familiares de cancro e andamos à procura de novos alvos terapêuticos”, sintetizou ao jornal Público Paula Chaves, diretora do Centro de Investigação do IPO.

A médica anatomopatologista recordou que o IPO nasceu em 1923 como “centro para o estudo e o tratamento do cancro”. Um facto que é, aliás, destacado no livro IPO Lisboa – 90 anos a investigar, apresentado nesta segunda-feira, e que resume a história de investigação do instituto. O livro foi escrito por Edward Limbert, endocrinologista aposentado do IPO que dedicou grande parte da sua carreira também à investigação.

Paula Chaves considera que é esta ligação entre investigação e prática clínica que permite que o IPO consiga cada vez melhores resultados com os seus doentes. “Procuramos compreender melhor os mecanismos [das doenças] para poder atuar em termos terapêuticos tanto na prevenção como em carcinomas avançados”, explicou. Branca Cavaco corrobora que neste campo da genética a tecnologia tem permitido avanços tremendos: o IPO tem mais de 7000 famílias registadas no centro dedicado ao risco familiar de cancro e tem sido possível identificar variantes genéticas responsáveis pelo aparecimento de determinados cancros. Com isso, já conseguiram, por exemplo, remover a tiróide a crianças antes do tumor surgir.

As três principais áreas de estudo do IPO

Predisposição familiar
Um dos projetos que envolve diferentes grupos de investigação dedica-se a identificar novos genes responsáveis por formas familiares de cancro utilizando a tecnologia de sequenciação de nova geração em cancros da mama, ovários, cólon e reto e da tiróide. Estão registadas na Clínica de Risco Familiar do IPO cerca de 7000 famílias com cancro e os genes responsáveis pela predisposição para cancro nestas famílias ainda não são conhecidos na totalidade. A identificação permite um diagnóstico precoce e aconselhamento genético.

Novos alvos terapêuticos
A sequenciação genética de nova geração também está a ser utilizada para perceber que alterações estão presentes nos tumores e como reagiram esses mesmos tumores aos vários tratamentos, para potenciar a utilização dos medicamentos nos novos doentes que tenham tumores semelhantes. A ideia é conseguir uma “implementação de terapêuticas mais personalizadas”, explica Branca Cavaco.

Estudos em modelos tridimensionais
“Os modelos animais existentes para estudo do cancro não são suficientemente preditivos em relação à eficácia dos fármacos, muitos têm falhado em ensaios clínicos” na fase em que são testados em pessoas, segundo Branca Cavaco. O IPO tem utilizado modelos de investigação tridimensionais com culturas de células humanas que permitem “mimetizar a biologia tumoral” e chegar a resultados mais aproximados aos que se vão conseguir na prática clínica.

Estudo
As pessoas que se exercitam principalmente aos finais de semana podem retirar grandes benefícios da atividade física, tanto...

Atualmente, os especialistas recomendam 150 minutos de atividade física moderada por semana, ou 75 minutos de exercícios intensos. Mas não há um consenso sobre a frequência com que uma pessoa se deve exercitar, nem se as atividades devem ser feitas diariamente ou se podem ser condensadas em poucos dias.

Os resultados publicados na revista médica Journal of the American Medical Association (JAMA) Internal Medicine mostram que as pessoas que concentram todo o seu exercício físico em um ou dois dias da semana parecem reduzir os riscos de morrer tanto quanto as pessoas que se exercitam três ou mais vezes por semana.

O estudo, segundo o  Sapo, baseou-se nas respostas de cerca de 64.000 pessoas agrupadas em quatro categorias: sedentário, insuficientemente ativo, desportista de fim de semana e regularmente ativo. Os três grupos de pessoas que faziam exercícios conseguiram melhores resultados do que as pessoas que eram sedentárias.

Ao comparar os desportistas de fim de semana com os adultos sedentários, os cientistas descobriram que aqueles que se exercitavam apenas um ou dois dias por semana tinham um risco 30% menor de morrer por doença.

O risco de morte por doença cardiovascular foi 40% mais baixo para os desportistas de fim de semana em relação aos adultos sedentários e o risco de morte por cancro também baixou 18%.

Efeitos similares foram observados entre pessoas insuficientemente ativas que faziam menos exercício do que o recomendado e pessoas regularmente ativas que se exercitavam três ou mais dias por semana.

Em comparação com os participantes sedentários, o risco de morrer de qualquer causa entre os participantes insuficientemente ativos foi 31% menor, e 35% menor nos participantes regularmente ativos.

Os riscos de morrer de doença cardíaca ou de cancro entre os que se exercitavam insuficientemente e os que se exercitavam regularmente também foram bastante semelhantes ao risco reduzido dos desportistas de fim de semana.

"É uma notícia muito animadora que ser-se fisicamente ativo apenas uma ou duas vezes por semana está associado a um menor risco de morte, mesmo entre as pessoas que fazem alguma atividade mas não atingem os níveis de exercício recomendados", comenta o autor Emmanuel Stamatakis, professor na Universidade de Sydney, citado pela agência France Presse.

"No entanto, para obter benefícios de saúde ótimos com a atividade física é sempre aconselhável cumprir e exceder as recomendações", acrescenta.

Estudo baseado em inquéritos
O estudo não demonstrou uma relação de causa e efeito, porque está baseado em pessoas que preencheram inquéritos de saúde no Reino Unido, confiando na intensidade e duração auto-relatadas.

Os investigares também advertem que, uma vez que 90% dos entrevistados eram da raça branca, os benefícios dos exercícios de fim de semana podem não ser generalizáveis para toda a população.

O estudo revelou que estes desportistas de fim de semana tendiam a ser homens que praticavam em média 300 minutos de exercícios por semana, em um ou dois dias por semana.

Os tipos de exercício praticados incluíam jardinagem, caminhadas, ciclismo, corrida e desportos coletivos.

A maioria dos entrevistados eram sedentários - quase 63%. Outros 22% eram insuficientemente ativos. Apenas 3,7% eram desportistas de fim de semana e 11% praticavam exercícios regularmente.

A maioria tinha 40 anos ou mais e foram acompanhados durante cerca de nove anos.

Apesar das limitações do estudo, os autores descreveram as suas descobertas como "estatisticamente poderosas", e dizem que estas corroboram investigações anteriores da Universidade de Harvard que acompanharam 580 pessoas e encontraram um menor risco de morte entre os desportistas de fim de semana em comparação com homens sedentários.

Especialistas dizem que o exercício físico melhora a saúde, ao reduzir o colesterol, controlar o aumento de peso, melhorar o sono e reduzir o risco de doenças cardíacas, cancro e diabetes.

Estudo
A afirmação é feita por investigadores do National Institute on Aging, nos EUA, que durante 18 anos acompanharam 1.454 pessoas....

Os substitutos do açúcar podem, afinal, fazer engordar. O alerta é dado por especialistas do National Institute on Aging, um organismo que integra o Departamento de Saúde e de Serviços Humanos dos Estados Unidos da América (EUA). Depois de monitorizar as dietas de 1.454 voluntários dos dois sexos, que foram acompanhados e medidos regularmente entre 1984 e 2012, os investigadores norte-americanos concluíram que os que usavam adoçantes não só pesavam mais como também eram mais volumosos.

A explicação pode residir no facto dos substitutos do açúcar poderem interferir com o metabolismo, escreve o Sapo, potenciando o desenvolvimento de gordura abdominal. A maioria das pessoas que usavam adoçante há mais de 10 anos tinham, em média, mais 2,6 centímetros de perímetro abdominal. “Este consumo é uma fonte de preocupação e tem implicações para a saúde pública”, defendeu já publicamente Chee Chia, co-autora do estudo.

“O uso de adoçantes baixos em calorias é associado, de forma independente, a um peso relativo maior, a uma cintura mais larga e a uma maior prevalência e incidência de obesidade abdominal”, refere o estudo. “Pode não ser um meio efetivo de controle de peso”, pode ainda ler-se. “Temos de fazer mais trabalhos [de pesquisa] para perceber o que está realmente a acontecer”, diz Chee Chia, coordenadora de uma das maiores investigações sobre o uso de adoçantes até hoje levada a cabo.

Conclusões estão a ser contestadas
Embora os autores da investigação garantam que os dados obtidos até agora “são consistentes”, a International Sweeteners Association, organismo internacional que reúne os fabricantes destes produtos, já veio a público criticar o estudo, considerando-o meramente observatório e afirmando que não consegue provar uma relação causa/efeito entre a utilização de adoçantes e o aumento de peso.

Nos últimos anos, em resposta aos críticos, muitos produtores de alimentos e bebidas lançaram versões mais light dos seus produtos, muitos deles adoçados com recurso a substitutos industriais. Na passada semana, um relatório conjunto do Imperial College London em Inglaterra e de duas universidades brasileiras vieram defender que essas versões light e diet engordam tanto quanto as originais, que levam açúcar na sua composição.

“Existe a perceção comum, que acaba por ser influenciada pelo marketing desta indústria, de que as bebidas diet não contêm açúcar e são, por isso, mais saudáveis, facilitando a perda de peso quando usadas como substituto das versões ditas normais. No entanto, ainda não encontrámos provas sólidas que o confirmem”, assegura Christopher Millett, investigador sénior da School of Public Health do Imperial College London.

Investigadores criam
Investigadores do Porto criaram um conjunto de ferramentas e equipamentos que permitem avaliar e certificar pisos desportivos,...

"Ao controlarem-se as forças geradas por impacto durante os saltos e as quedas, e a resistência à torção do pé do atleta durante a rotação em apoio, protegem-se as articulações assim como os ligamentos cruzados do joelho, evitando possíveis lesões", disseram à Lusa os investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) Mário Vaz e Nuno Viriato Ramos.

De acordo com os responsáveis pelo projeto, na vertente desportiva, verificou-se que quer a FIFA quer a UEFA dão especial atenção às características dos pisos de futebol e assim, ao avaliar o estado de um relvado, certifica-se a sua utilização, quer para a prática desportiva quer para a segurança dos atletas, escreve o Sapo..

Para além disso, "ao procurar valorizar a componente do espetáculo do fenómeno desportivo, é necessário que os atletas possam competir em pisos com propriedades semelhantes, que lhes permitam antever o comportamento da bola e potenciar as suas características físicas".

De igual modo, "é hoje conhecido que a interação dos atletas com o relvado sintético não mimetiza completamente o comportamento do relvado natural", indicaram os investigadores, referindo que uma das questões importantes neste estudo é "a avaliação do potencial lesivo que resulta da competição em relvado sintético".

Este projeto, desenvolvido pelo Laboratório de Ótica e Mecânica Experimental (LOME) do Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), surgiu da necessidade em caracterizar os pisos desportivos nos parâmetros que mais importância têm no desempenho biomecânico dos atletas.

Os equipamentos permitem caracterizar a geometria do piso, as suas propriedades dinâmicas, as características da interação com o atleta e com a bola e resistência à sua progressão.

A medição do atrito assume "uma elevada importância" na prevenção de quedas e nos danos gerados por escorregamento, o coeficiente de restituição e amortecimento permitem caraterizar as forças de impacto geradas no salto e o controlo da resistência à torção do apoio possibilita a prevenção de lesões nas articulações dos membros inferiores.

Segundo os investigadores, a possibilidade de realizar este estudo foi equacionada com o regresso do Boavista à primeira divisão nacional, quando o seu estádio estava equipado com relvado sintético. "No primeiro jogo desse campeonato surgiram algumas lesões que foram imputadas às condições do piso", explicaram.

Estas ferramentas podem ser utilizadas para avaliar qualquer tipo de piso desportivo. No ténis, "cada 'court' que admite competições do 'grand slam' está devidamente caracterizado no que respeita às suas características com interferência no jogo".

No caso do futebol existe uma tendência para que as competições de alto nível decorram em relvados naturais, no entanto, o campeonato feminino de primeira divisão e algumas competições de segunda linha continuam a decorrer em relvados sintéticos.

As primeiras avaliações foram realizadas na área desportiva da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) e no relvado sintético instalado no Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia, do FC Porto.

O projeto conta com a participação de investigadores do LOME-INEGI, do departamento de Mecânica da FEUP, do Laboratório de Biomecânica da Universidade do Porto (Labiomep) e da FADEUP.

Estudo
A exposição à publicidade a bebidas alcoólicas tem um forte impacto no consumo entre os jovens, revela um estudo europeu...

O estudo, publicado na revista científica ‘Addiction’, foi realizado por vários investigadores europeus e chama a atenção para o impacto que tem nos jovens o consumo de álcool, apontando que representa a principal causa de morte e incapacidade entre jovens do sexo masculino com idades entre os 15 e os 24 anos em quase todas as regiões do mundo.

O investigador Hilson Cunha Filho, do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, da Universidade Nova de Lisboa, disse que “existe uma associação forte entre o marketing do álcool e a iniciação do consumo, principalmente nos jovens”.

“Essa exposição ao consumo de álcool que o marketing provoca leva esses jovens a terem um maior risco de desenvolverem um consumo excessivo e aquele consumo ‘binge’ [beber com o objetivo de ficar alcoolizado], que é o consumo de risco, de cinco ou mais bebidas em cada ocasião”, adiantou.

De acordo com o investigador, a exposição à publicidade ao álcool pode aumentar em 50% o risco deste tipo de comportamento, quando comparado com jovens que não veem publicidade sobre bebidas alcoólicas.

Hilson Cunha Filho chamou também a atenção para as novas formas de publicidade, nomeadamente digital, que tem aumentado, apontando que a indústria se tem aproveitado desta ferramenta, já que não há regulação e “atinge muito mais violentamente os jovens”.

“Os jovens que estão expostos ao marketing digital têm desenvolvido muito mais fortemente níveis altos de consumo de álcool”, adiantou, acrescentando que quanto mais cedo as crianças e jovens são expostos a este tipo de publicidade, mais cedo começam a beber bebidas alcoólicas.

Especificamente no que diz respeito a Portugal, o investigador lembrou a legislação criada nos anos 2000, na sequência do Plano Ação Contra o Alcoolismo (PACA), que “nunca foi respeitada”, para defender que a autorregulação não tem funcionado.

“A autorregulação da publicidade não funciona, ela é constantemente desrespeitada e os instrumentos que são utilizados para a sua fiscalização e até para a sua penalização são quase nulos”, criticou.

Apontou, a propósito, que até 2014, o protocolo de autorregulação centrava-se apenas na comunicação televisiva e não abrangia publicidade de rua, por exemplo, ou promoções feitas em espetáculos ou festas académicas.

Para Hilson Cunha Filho, seria importante que Portugal apostasse numa regulação “mais forte e muito mais abrangente”, que envolvesse todos os meios de comunicação, e não só a televisão, e que fosse fiscalizada de forma correta.

“No futuro, podemos pensar num acordo global, ao nível da União Europeia, para haver uma proibição, uma restrição maior da publicidade, do patrocínio e da promoção de bebidas alcoólicas”, defendeu o investigador.

A investigação europeia defende mesmo que a resposta mais eficaz passa por uma “proibição completa da publicidade” e uma regulação feita por uma agência de saúde pública, independente da indústria do álcool.

Estudo
Cientistas identificaram mutações genéticas que podem determinar o grau de agressividade e a capacidade de propagação do cancro...

A deteção destes marcadores poderá levar à descoberta de subtipos de cancro, o que será útil para desenvolver tratamentos específicos para cada caso, assinalou a equipa de investigadores, liderada por Robert Bristow, da Universidade de Ontário, no Canadá.

O grupo estudou 200 sequências de genomas (informações genéticas) completos de tumores de cancro da próstata localizados.

A análise revelou diferenças nos perfis de mutação entre o cancro da próstata localizado de risco intermédio e o cancro da próstata avançado e metastático.

Segundo os investigadores, "estas diferenças podem proporcionar a base para selecionar a linha apropriada de tratamento em diferentes casos", muito embora sejam necessários mais estudos.

Numa outra investigação, dirigida igualmente por Robert Bristow, os cientistas estudaram os fatores determinantes da agressividade num tipo de cancro da próstata, definido por mutações do gene BRCA2, que costuma estar ligado ao cancro da mama.

Ao analisarem o genoma dos tumores de 14 doentes com cancro da próstata BRCA2 mutante, descobriram alterações num dos genes que, em estudos anteriores, foram associados a metástase (disseminação de células cancerígenas).

Os investigadores pensam que estas alterações podem estar ligadas a uma maior agressividade dos tumores.

Para toda a região
A Universidade da Beira Interior, sediada na Covilhã, vai passar a dispor de uma Unidade de Farmacovigilância que pretende...

Em nota de imprensa, esta instituição de ensino superior adianta que a estrutura ficará instalada na Faculdade de Ciências da Saúde e que será inaugurada na quinta-feira.

De acordo com a informação, a atividade ali desenvolvida vai servir todos os municípios dos distritos de Castelo Branco, Guarda e Viseu.

"Irá abranger todas as unidades de saúde dos três distritos e uma população superior a 735.000 pessoas", consta na nota de imprensa.

Segundo o referido, esta unidade "integrará o Sistema Nacional de Farmacovigilância, que é gerido pelo Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde - e que conta com mais seis unidades a funcionar em território nacional".

"A Unidade de Farmacovigilância da Beira Interior tem como objetivo contribuir para aumentar a segurança na utilização de medicamentos, com base nos princípios da proximidade e proatividade", acrescenta a Universidade da Beira Interior (UBI).

Entre as atribuições desta unidade estão a recolha, processamento e análise de reações adversas a medicamentos que sejam comunicadas, por exemplo, por médicos ou doentes, a realização de estudos de farmacoepidemiologia ou segurança de medicamentos, a colaboração na deteção de sinal de segurança e/ou qualidade e a realização de atividades de divulgação e promoção do sistema.

Ao nível dos recursos humanos, a estrutura terá afetos seis docentes da FCS-UBI (três médicos e três farmacêuticos), além de um outro técnico.

A cerimónia de abertura está marcada para quinta-feira, às 15:00, e deverá contar com a presença do secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, secretário de Estado da Saúde, e do presidente do Infarmed, Henrique Luz Rodrigues.

Estudo
A investigadora Teresa Medeiros afirmou que os idosos nos Açores tendem a envelhecer melhor, devido às relações de vizinhança e...

"Penso que nos Açores se envelhece melhor, porque há relações de vizinhança, relações sociais de identificação. As pessoas são mais sinalizadas, os casos são mais sinalizados e a rede social e o Governo [Regional] também contribuem para minimizar o isolamento", afirmou a docente da Universidade dos Açores.

A conclusão resulta de um estudo que integra o livro “(Re)pensar as pessoas idosas no século XXI”, que coordenou, e é lançado na terça-feira, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.

O estudo, com uma amostra de 320 participantes, dos quais 200 mulheres e 120 homens, com mais de 60 anos, residentes nas ilhas de São Miguel, Santa Maria, Terceira e Flores, revela que a maioria dos inquiridos (75,9%) vive acompanhado, não está institucionalizado e, na sua grande maioria, já se encontra na reforma.

“Avaliámos a perceção da satisfação com a reforma na vida pessoal e verificámos que 50,7% das pessoas estão satisfeitas ou mesmo muito satisfeitas (33,1%). As fontes de suporte e apoio afetivo na situação atual são a família e/ou os amigos”, explicou a psicóloga, indicando, no entanto, que “os índices de satisfação diminuem quando se fala na saúde e com a situação económica”.

Segundo a docente, “as pessoas estão mais ou menos sinalizadas e têm apoios governamentais e familiares”, destacando-se ainda “a vivência da religião”.

A obra “(Re)Pensar as pessoas idosas no século XXI” tem 328 páginas, organizadas em quatro secções com 17 capítulos, “um testemunho vivo sobre o ser idoso”, referiu.

"O livro apresenta vários testemunhos de pessoas idosas e de técnicos da área da saúde. É um livro de sentimentos e emoções e tem a colaboração de muitos investigadores", sublinhou Teresa Medeiros, indicando que a obra integra estudos de Espanha, Brasil, Argentina e Portugal.

Teresa Medeiros considerou primordial “investir na prevenção e nas atividades de estimulação e de bem-estar que proporcionem uma atividade cerebral intensa para reduzir ou minorar o envelhecimento com demência”, exemplificando com o programa de Aprendizagem ao Longo da Vida que criou em 2003 na Universidade dos Açores.

Apesar de destacar a existência de uma boa rede de equipamentos sociais para a terceira idade, a docente defendeu, contudo, que os Açores poderiam evoluir também para um modelo de residências onde os idosos pudessem ter uma vida autónoma, mas apoiada com serviços de saúde e proteção.

Para a coordenadora da obra, "o envelhecimento não é mais que um processo de mudanças que se operam ao longo do tempo", salientando que "é possível encontrar maior bem-estar psicológico junto das pessoas que têm atividades de estimulação cognitiva e social".

A obra será apresentada por Joaquim Armando Ferreira, professor catedrático da Universidade de Coimbra, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.

Artigo de Opinião
Um estudo recente do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, mostra que 70% dos jovens portuguese

Estaremos nós (pais e adultos) a criar uma geração cada vez mais dependente do digital? E estaremos nós conscientes das implicações desta dependência no desenvolvimento físico, afectivo e cognitivo da criança? Estaremos nós a substituir a nossa presença física pela comunicação via smartphone e tablets? Até que ponto estes aparelhos não se estão a tornar as novas chuchas das nossas crianças e jovens?

Julgo que se todos estivéssemos conscientes das implicações na sua utilização excessiva, muitos dos pais e adultos não permitiriam o excesso de utilização da tecnologia por parte da criança.

Basta observar as crianças que nos rodeiam no nosso dia-a-dia, e julgo não ser necessário sermos técnicos, para reconhecer como elas estão cada vez mais isoladas (jogam solitariamente com o smartphone, tablet ou playstation), mais agressivas e menos relacionais (com poucas interacções face a face com os pares).

Compreendo que a tecnologia seja um bom aliado dos pais para manterem a criança entretida e sossegada durante umas horas. Mas ao permitir que isto aconteça como regra de funcionamento, estamos a privar a criança de desenvolver uma série de recursos que serão fundamentais para o seu desenvolvimento físico, cognitivo e social da criança.

O brincar estimula todos os sentidos, ajuda a desenvolver a mente e o corpo, para além de permitir uma descarga natural para os pensamentos e sentimentos da criança, essencial para a sua auto-regulação. O brincar permite que a criança deixe fluir as suas fantasias e aguce a sua imaginação, permitindo-lhe desta forma expor as suas emoções e estimular a sua criatividade. A criança que não brinca, é uma criança emocionalmente e/ou intelectualmente doente.

Promover a utilização excessiva destes aparelhos tecnológicos, faz com que estejamos a estimular a memória visual da criança, muitas vezes em detrimento de outro tipo de concentração e atenção para outras tarefas que, por exemplo, a leitura vai requerer para a interpretação de um texto. Se lhes damos maioritariamente estímulos simples, que são percebidos rapidamente, quando quisermos que se concentrem para aprender a escrever e a ler, já não vão estar tão motivados para essas tarefas mais exigentes. A satisfação não é tão imediata como num jogo digital. Talvez não seja por acaso que têm surgido tantos casos de crianças com défice de atenção e concentração e dificuldades de aprendizagem.

Contudo, não creio que devamos diabolizar estas tecnologias. Vivemos numa era digital! É importante que as nossas crianças e jovens saibam usá-las com facilidade e mestria, pois serão cada vez mais ferramentas fundamentais para o ensino e aprendizagem, bem como para a sua vida profissional futura.

O ponto crítico está na dose e na forma como utilizamos estes equipamentos. Diria que é desejável que as crianças saibam usar estas tecnologias mas com conta, peso e medida e de forma controlada e supervisionada pelos pais, não permitindo o acesso a conteúdos impróprios para a sua idade. Fundamental é mesmo que o seu uso não se transforme em abuso e que, desse modo, substituam as relações pessoais e afectivas.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Doença rara
Erupções cutâneas, inchaço, comichão, vermelhidão e febre são alguns dos sintomas de uma alergia cut

A urticária é um quadro alérgico, relativamente frequente, e que consiste no aparecimento de placas elevadas e avermelhadas na pele e mucosas acompanhadas de muita comichão.

Tratando-se de uma reação cutânea a um estímulo da pele, é, “na maioria das vezes, transitória” e sem gravidade.

No caso da urticária ao frio, esta reação surge “em resultado de contato com o frio ou substâncias frias” e, de acordo com a dermatologista Leonor Girão, estes casos “são bastante mais raros”.

Tratando-se de uma reação anómala, “por ser exagerada”, pode afetar qualquer pessoa independentemente do sexo ou da idade. “Digamos que é mais frequente em idades mais jovens tal como a maior parte das alergias inespecíficas. Há também formas raríssimas de urticária ao frio que são hereditárias”, explica.

“O principal sintoma é o prurido (comichão). Como sinais o doente refere o aparecimento de manchas e pápulas com aspecto semelhante a casca de laranja devido ao edema, espalhadas pelo corpo ou em relação com a área exposta ao frio, poucos minutos após a exposição”, acrescenta a dermatologista esclarecendo que esta reação, apesar de transitória, pode tornar-se crónica e persistir durante alguns anos.

“Quando existe uma reação mais grave, em que o edema não se limita à superfície da pele mas também atinge mucosas e outros orgãos (pulmões, laringe, intestinos) pode acompanhar-se de dificuldade respiratória, cólicas, náuseas e mesmo originar colapso circulatório com desmaio, perda de conhecimento e morte”, revela.

As urticárias são, de acordo com esta especialista, “reações anómalas a diferentes estímulos – alimentos, plantas, medicamentos, pressão, exercício, calor, frio – em que o estímulo faz com que um tipo de células que existem no sangue (mastócitos) libertem uma substância - a histamina - em circulação e essa substância provoca as reações observadas”. No entanto,  por vezes não se consegue identificar o estímulo desencadeante. “Neste caso, o estímulo é o frio - objectos frios, gelo, água fria, etc”, explica.

Segundo consta, desde 2006, no Repositório do Centro Hospitalar de Lisboa, a patologia é “muitas vezes não diagnosticada, nem devidamente valorizada”, no entanto, Leonor Girão garante o seu diagnóstico é fácil. “A história clínica é muito evidente mas pode ser comprovado facilmente colocando um cubo de gelo em contato com a pele. As pápulas edematosas e eritematosas aparecem poucos minutos depois”, justifica.  

Anti-histamínicos travam quadro alérgico

De acordo com Leonor Girão, a maioria das urticárias ao frio são reações ligeiras “pelo que com alguns cuidados de evicção de frio súbito e tomando a medicação anti-histamínica são controláveis”.

“Na maioria dos casos é possível controlar com medicamentos e acabam por se ir tornando menos intensas e desaparecer”, esclarece reforçando que são raros os casos de urticária que persistem para além de três anos.

No entanto, os casos extremos existem. Beatriz Sanchez, uma modelo espanhola de 30 anos, é o exemplo perfeito.

Entrevistada pela BBC, explica como é viver limitada pela doença. “Eu não me posso sentar na casa de banho ou encostar-me nas paredes porque sei que podem estar frias. Também não posso ir almoçar fora no verão porque, muitas vezes, os restaurantes ligam o ar condicionado”, refere.

A verdade é que, ao contrário do que se poderia pensar, para que se produza este tipo de urticária não é preciso que seja inverno nem que a pele enfrente temperaturas extremas. Uma queda da temperatura ambiente de 26 para 24 graus centígrados pode provocá-la também.

“Na praia, bastava caminhar na beira do mar e levar uns respingos para ficar com a pele empolada", recorda a modelo.

"Um dia, entrei na água por um minuto e, em seguida, tive uma reação em todo o corpo que levou três horas para desaparecer", acrescenta.

"E não é só isso. Às vezes, quando eu saio do chuveiro, se demorar mais para me secar, a água arrefece na minha pele e acontece a mesma coisa", revela à BBC Mundo.

Para além da medicação, a especialista chama a atenção para alguns cuidados. “O tratamento passa por  tentar não expor a pele ao frio intenso (uso de luvas, gorros, roupa), não banhar em água fria, não ingerir alimentos ou líquido gelados, não estar em contacto directo com superfícies frias”.

 

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Autoridade do Medicamento
A Autoridade do Medicamento determinou a suspensão imediata da venda de lotes de quatro medicamentos disponíveis em Portugal,...

Os lotes em causa são de quatro fármacos: o Paracetamol Bluepharma 1000 mg, o Paracetamol Sandoz 500 mg, o Supofen comprimido 1000 mg e o Mwetformina Mylan.

“Na sequência da uma inspeção realizada pelo Infarmed ao fabricante de medicamentos para uso humano Granules India Ltd. (Gagillapur, Índia) foram detetadas não conformidades no sistema de boas práticas de fabrico, relacionadas com a atividade de granulação e embalagem primária de comprimidos”, refere uma nota publicada no site da Autoridade do Medicamento, onde surgem referidos os respetivos lotes.

A informação, que foi hoje avançada pelo site Notícias ao Minuto, refere que os doentes que estejam a usar os referidos lotes dos medicamentos não devem contudo interromper o tratamento, sendo antes aconselhado que consultem o médico para que prescreva remédio alternativo.

Já as entidades que têm estes lotes em stock não os poderão vender, dispensar ou administrar, devendo proceder à sua devolução.

Publicado em Diário da República
Diploma publicado na sexta-feira também obriga as empresas de dispositivos médicos a declarar apoios a profissionais de saúde e...

Os hospitais vão ficar proibidos de receber patrocínios da indústria farmacêutica e das empresas de dispositivos médicos. A novidade consta de um diploma publicado na sexta-feira em Diário da República, e que entra em vigor no próximo mês. A proibição abrange todos os organismos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e do Ministério da Saúde.

A legislação prevê expressamente que ações de natureza científica, como formações ou congressos, realizadas nos organismos do SNS, não podem ser “patrocinadas por empresas produtoras, distribuidoras ou vendedoras de medicamentos ou dispositivos médicos”. E diz que as unidades públicas de saúde não podem angariar apoios ou receber direta ou indiretamente “benefício pecuniário ou em espécie” por parte daquelas entidades "que possam afetar ou vir a afetar a isenção e imparcialidade".

As novas regras admitem exceções, que, segundo o jornal Público, terão de ser autorizadas pelo membro do Governo responsável pela pasta da saúde. Para tal é necessário que o benefício “comprovadamente não comprometa a isenção e a imparcialidade” da entidade que o recebe. Esta proibição não vai interferir nas visitas dos delegados de informação médica e dos representantes de dispositivos médicos, que se manterão com as mesmas regras.

Outra das novidades é que as empresas de dispositivos médicos vão passar a ter de declarar os patrocínios, apoios e subsídios concedidos aos profissionais de saúde e às instituições do sector, à semelhança do que já acontece com a indústria farmacêutica desde o início de 2013. A medida vai permitir monitorizar eventuais relações perigosas e conflitos de interesses nesta área que representa um peso substancial na despesa do SNS, cerca de 700 milhões de euros por ano. A área dos dispositivos médicos é muito vasta, incluindo produtos que vão desde simples pensos a seringas e preservativos, pacemakers e próteses, até equipamentos pesados com tomografia axial computorizada (TAC) e ressonância magnética.

Mas os médicos, farmacêuticos, enfermeiros, associações de doentes e sociedades científicas vão ter a vida facilitada com este diploma. Estes profissionais e entidades vão deixar de ter que reportar os valores recebidos no portal que está disponível no site da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) desde Fevereiro de 2013, passando a ter apenas de validar a informação submetida pela indústria farmacêutica. O Infarmed notificará os visados do benefício que a indústria indicou que receberam, dando-lhes 30 dias para validarem a informação ou para fundamentarem porque é que os dados não são corretos. Se não o fizerem, o registo será considerado tacitamente válido. Tal não prejudica, contudo, que o mesmo seja retificado ou eliminado quando se comprovar a sua inexatidão.

As amostras gratuitas de medicamentos cedidas aos médicos vão ter um novo limite máximo por ano que passará de 12 para quatro unidades. Como já acontecia antes, as amostras de remédios sujeitos a receita médica só poderão ser cedidas até dois anos após estes começarem a ser comercializados.

Por 135 milhões
Farmacêutica portuguesa detida pelo fundo Magnum foi alienada à Agile Pharma.

A farmacêutica portuguesa Generis foi vendida à Agile Pharma, uma subsidiária da indiana Aurobindo por 135 milhões de euros. De acordo com o comunicado divulgado pela Magnum Capital Partners, o fundo de capitais privados que detinha aquela que é apresentada como a marca mais vendida no mercado nacional e a produtora do segundo maior grupo de genéricos em Portugal, esta transação tem uma rentabilidade “em linha com os objetivos” mas está sujeita às habituais aprovações dos reguladores de mercado. Ainda de acordo com o comunicado da empresa, o negócio inclui ainda “um refinanciamento da dívida existente no montante de 45 milhões de euros”.

A compra anunciada inclui a unidade de produção situada na Amadora, e que, segundo a Aurobindo, permitirá servir melhor tanto o mercado local português como o mercado europeu, escreve o jornal Público. V. Muralidharan, vice-presidente de operações europeias do grupo indiano, escreve que a aquisição da Generis irá permitir reforçá-la “como o principal fornecedor de genéricos no mercado português”. A empresa que resultará desta fusão “irá beneficiar de projetos em curso em termos de moléculas, que serão patenteáveis nos próximos cinco anos.”

A Magnum Capital tem como estratégia investir em empresas industriais de alta tecnologia localizadas na Península Ibérica e que tenham um forte potencial de expansão internacional. João Talone, presidente do conselho de administração da Generis, e acionista da Magnum Capital, diz que acompanhar o desenvolvimento da Generis “foi uma experiência única”.  As primeiras noticias acerca do interesse dos indianos na Generis foram conhecidas em Novembro, altura em que o jornal indiano The Economic Times indicava que havia mais interessados na corrida. A notícia acaba por ser confirmada numa altura em que o primeiro-ministro português está em visita oficial à India.

O ovo ou a galinha?
Hoje em dia parece que se encontra sempre forma de dizer que nada faz mal e que vivemos numa mentira alimentar nas últimas...

Gorduras saturadas, carnes vermelhas, ovos, colesterol e agora o sal, são todos exemplos de nutrientes e alimentos que passaram rapidamente da categoria de vilões a inofensivos. Em boa verdade, tirando o açúcar e as gorduras trans (que reúnem algum consenso quanto aos seus efeitos negativos), hoje em dia parece que se encontra sempre forma de dizer que nada faz mal e que vivemos numa mentira alimentar nas últimas décadas.

Esta moda de colocar todas as nossas assunções nutricionais em causa, até pode ter muita piada para os nutricionistas, médicos e académicos, mas o efeito confundidor que tem na opinião pública apenas faz com que cresça a desconfiança em todos estes profissionais e que reine a máxima futebolística de que também na alimentação, “o que hoje é verdade, amanhã é mentira”.

Todo este introito surge a respeito do sal, escreve o jornal Público. O último dos grandes mitos a ser revisitado. Afinal a culpa da hipertensão é do sal? Ou as pessoas hipertensas possuem uma elevada ingestão de sal por este se encontrar noutros alimentos demasiado calóricos e gordurosos, estes sim os verdadeiros responsáveis por esta patologia?

Que a redução na ingestão de sal resulta na diminuição (ligeira) do risco cardiovascular e da pressão arterial quer em normotensos, quer em hipertensos é um facto. Ainda assim, os indivíduos sem hipertensão não passam automaticamente a ficar hipertensos quando aumentam o consumo de sal.

Como também ninguém gosta nem na alimentação nem no aconselhamento alimentar, de perspetivas “desenxabidas”, convém não ir longe demais e retirar o sal por completo da alimentação. Um trabalho recente demonstrou sem surpresa que um consumo excessivo de sódio (> 6g/dia) aumenta o risco cardiovascular e de morte por qualquer causa, mas que uma ingestão abaixo das 3g aumenta igualmente esse risco, e que neste intervalo poderá estar a virtude. Podemos então estar a falar de um novo “healthy guilty pleasure” como por exemplo o café, o chocolate preto e o vinho tinto, alimentos que possuem uma ténue linha entre o benefício e o risco para a saúde. Claro está que numa população que já ingere o dobro do sal que devia e tem marcadamente um apetite “salgado”, não faz sentido nenhum recomendar o aumento da sua ingestão.

Enquadrando este problema da hipertensão numa perspetiva mais abrangente, será muito melhor praticar mais exercício (para além de todos os seus benefícios intrínsecos, aumenta igualmente as perdas de sódio pela transpiração) e ingerir mais fruta e legumes de modo a aumentar a ingestão de potássio e permitir um “extra” de sal na alimentação.

E que sal? Tal como em muitos outros alimentos, hoje para se estar na moda já não se pode comer sal “normal”, ou entenda-se sal de mesa. Tem de ser sal marinho, ou sal rosa ou preto dos himalaias, ou flor de sal. De todas estas opções, há duas que de facto valem a pena (a nível nutricional e não sensorial): o sal iodado e o sal sem sódio (ou com teor reduzido deste), uma vez que de facto dão uma ajuda a pessoas que associam hipertensão a outras co-morbilidades como obesidade, diabetes, colesterol elevado e que por essa razão possuem muito pouca margem de manobra. Quanto ao sal dos Himalaias, aguardam-se ansiosamente os estudos que comprovem todos os grandes benefícios que lhe são proclamados. Que de facto possui uma maior quantidade de minerais que os restantes sais é uma verdade, ainda assim, a porção de consumo de sal é tão pequena, que esta contribuição é praticamente irrelevante.

O principal problema nesta questão do sal é que olhando para o top de alimentos com mais sal disponíveis na nossa alimentação, uma relação salta à vista: sal + gordura + calorias. Esta trilogia negativa é potenciada em alguns queijos, enchidos (salpicão, linguiça, chouriço, paio, bacon), manteigas e margarinas. Também o bacalhau não deve ser visto como um “peixe como os outros”, dado que invariavelmente tem muito sal e são raros os pratos que não o afoguem em gordura (desde o legítimo azeite até às natas ou à batata palha do bacalhau à Brás).

Posto isto, podemos não crucificar tanto o sal de adição, mas sim o sal escondido na grande variedade de alimentos processados que ingerimos. Bolachas, batatas fritas de pacote e snacks derivados, folhados e restantes fritos possuem muito sal mas antes disso possuem muita gordura, ácidos gordos trans, calorias e outras coisas que a nossa saúde não agradece. Sal a mais não ajuda, mas que não pague este outrora “santo” por estes recentes alimentos “pecadores”.

Um último conselho para os atletas menos informados, sobretudo na recente moda das corridas e trails: o sal é um dos vossos maiores amigos, sobretudo quando o vosso suor arde nos olhos, deixa marcas brancas nos equipamentos mais escuros ou quando é normal o aparecimento de cãibras musculares.

Em 2016
Indústria farmacêutica é a mais penalizada, mas só às empresas de dispositivos médicos o Estado deve atualmente quase 300...

Apesar da quebra acentuada nos anos da troika, graças a vultuosas injeções de capital, a dívida do Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua a exibir um padrão de crescimento acelerado. Entre Janeiro e Novembro de 2016, os pagamentos em atraso aumentaram em média 27,2 milhões de euros por mês, contando só com os números dos hospitais EPE (entidades públicas empresariais), indicam os últimos dados da Direcção-Geral do Orçamento (DGO). "Os pagamentos em atraso" das entidades públicas refletem "o aumento dos hospitais EPE (mais 299 milhões de euros)", lê-se na síntese orçamental da DGO.

Não é um problema novo: pressionados por orçamentos apertados, os gestores dos hospitais públicos não conseguem pagar as faturas em prazos aceitáveis e as contas vão derrapando. Em Outubro, de acordo com os dados disponíveis no site da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a dívida global de todas as entidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aos fornecedores ascendia a 1750 milhões de euros, mais 15% do que no mesmo período do ano anterior. Desde total, 763 milhões de euros representavam pagamentos em atraso (pagos mais de 90 dias depois de a dívida ser considerada vencida), um agravamento de 312 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior.

Este está longe de ser um problema exclusivo do atual Governo. O ritmo de crescimento da dívida até já foi bem superior no passado. Esta tendência “é de longa data”, acentua o vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa, Pedro Pita Barros, que mantém no seu blogue um “observatório” mensal da dívida, com base nos dados que a DGO vai disponibilizando. A tendência de crescimento é constante, “com algumas interrupções esporádicas, que estiveram associadas a episódios de fundos adicionais disponibilizados ou da pressão para contenção”, constata. Por isso, mais importante do que discutir o valor do crescimento, é “perceber que existe um problema permanente de criação de dívida pelos hospitais EPE, que resulta de um problema de gestão profundo (e que tem sido transversal a muitos governos)”. Mesmo que no final do ano seja efetuado um pagamento extraordinário, “o crescimento mensal da dívida como sinal de um problema está lá, é apenas escondido com o pagamento extraordinário que mantém o stock da dívida constante”.

Apesar de o jornal Público ter enviado várias perguntas e aguardado alguns dias, o Ministério da Saúde e a ACSS não responderam. Uma fonte do ministério remeteu para os dados da DGO e do site da ACSS.

Finanças autorizam despesa
Um momento determinante para a regularização da dívida ocorreu em 2012, quando o anterior Governo alocou para esse efeito mais de 2000 milhões de euros. Argumentando que herdara uma dívida superior a 3,2 mil milhões de euros, o anterior ministro da Saúde, Paulo Macedo, fez da regularização de uma parte da dívida uma das suas prioridades. A redução dos pagamentos em atraso era, aliás, um dos objetivos acordados com a troika, no memorando de entendimento.

A tendência para o crescimento da dívida não desapareceu, porém. É uma questão aritmética: se o financiamento é inferior às necessidades (à despesa), a dívida aumenta, sintetiza Óscar Gaspar, ex-secretário de Estado da Saúde num Governo de José Sócrates e atual presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada. Só não há crescimento da dívida quando há injeção extraordinária de dinheiro ou aumento do capital dos hospitais, reforça.

Foi justamente o que fez no final da semana passada o Ministério das Finanças, ao autorizar que 120 milhões de euros da dotação provisional inscrita no Orçamento do Estado de 2016 para fazer face a despesas imprevistas fossem canalizados para saldar pagamentos em atraso, segundo adiantou sexta-feira o Jornal Económico. Em Dezembro foi ainda dada luz verde ao reforço em mais 33 milhões de euros para reversão de reduções remuneratórias. Nada de inédito: no final de 2015, as Finanças deram autorização para a utilização de 300 milhões de saldos de gerência do ano anterior.

Este reforço de verbas da semana passada foi conhecido no dia em que a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica atualizou os valores da dívida dos hospitais públicos, que não pára de crescer. Só às empresas farmacêuticas, de medicamentos e de diagnósticos in vitro, os hospitais deviam no total, em Novembro, 926,6 milhões de euros, o valor mais elevado de 2016. Também a dívida às empresas de dispositivos médicos, que consta do site da associação (Apormed), aumentou ao longo do ano passado, atingindo 381 milhões de euros em Novembro.

 “Não há milagres”, reage Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares. Com um orçamento praticamente idêntico, e tendo que acomodar o impacto da reposição salarial, da passagem das 40 para as 35 horas e dos custos com medicamentos e material clínico, era inevitável que a dívida crescesse. Nos hospitais, os únicos fornecedores que recebem a tempo e horas são os recursos humanos, que representam cerca de 55% da despesa total, frisa. Este aperto acaba por limitar a capacidade de negociação dos hospitais, porque os pagamentos a tempo e horas podem dar origem a descontos, lamenta. De resto, frisa também, nada disto é novidade: “Houve sempre um diferencial entre a despesa e a receita e tornou-se tradição haver injeções de capital.” Segundo os últimos dados da ACSS, a maior parte dos hospitais (três dezenas) não consegue pagar as faturas em menos de 90 dias e há vários que demoram mais de um ano. Há um, o de Santarém, que leva 539 dias a pagar aos fornecedores.

Ao contrário do que alguns sugerem, os pagamentos em atraso não são um problema temporário nem que decorre da má gestão, enfatiza Álvaro Almeida, economista social-democrata que presidiu à Administração Regional de Saúde do Norte e à Entidade Reguladora da Saúde. “Há uma tradição assumida por todos de que os orçamentos não são para se cumprir”, diz. A resolução para este problema, defende, terá de passar por um orçamento retificativo que aumente de forma significativa as transferências para o sector da saúde.

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