Estudo
A maior parte da incapacidade para o trabalho na Europa deve-se a nove doenças que podem ser tratadas ou prevenidas, segundo um...

O estudo sobre "Doenças comuns e incapacidade em três regiões europeias", publicado pelo Instituto Hospital do Mar de Investigação Médica, de Barcelona, baseia-se em dados recolhidos em três regiões europeias: centro oeste, centro-leste e sul, na que se incluem Portugal, Espanha e Itália.

"Reduzir o impacto das doenças prevalentes deveria ser uma prioridade nas políticas de saúde ocupacional em todas as regiões europeias",

Nas três regiões, a dor crónica é a condição médica que justifica mais incapacidades temporárias ou permanentes, numa lista que inclui depressão, ansiedade, artrite, doenças cardiovasculares, enxaquecas, insónia e doenças respiratórias.

A dor crónica, depressão e distúrbios de ansiedade justificam quase metade das incapacidades permanentes declaradas na zona centro-oeste (Bélgica, França, Alemanha, Holanda e Irlanda do Norte) e na zona sul, enquanto a dor crónica, doenças cardiovasculares e enxaquecas tiveram resultados mais elevados na zona centro leste (Bulgária e Roménia).

Na zona sul, a depressão justifica a incapacidade total em 24,4% dos casos, seguida da artrite (16,9%) e a ansiedade (16,8%).

Por contraste, na zona centro leste, as desordens mentais justificam menos de 10% das incapacidades totais.

Os autores do estudo salientam que a perda de capacidade de trabalho provocada por "condições de saúde comuns e tratáveis é tudo menos negligenciável".

Alertam ainda que a incapacidade temporária pressagia a permanente e que, de acordo com estudos anteriores, 40% do custo da perda de produtividade por razões médicas é o dinheiro gasto para tratá-las.

O universo da investigação é composto por cerca de 13.600 cidadãos europeus entre os 18 e os 64 anos que responderam a inquéritos sobre doenças mentais, com dados recolhidos entre os anos de 2001 e 2009, conforme a região.

Direção-Geral da Saúde
Os delegados de saúde devem intensificar as visitas aos lares de idosos como medida preventiva tendo em conta a previsão de...

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê a partir de hoje e, pelo menos até dia 21, que se verifique uma descida das temperaturas, em especial da mínima, que pode atingir valores entre -1 e -4 graus em Bragança, Vila rela, Guarda, Braga, Leiria, Viseu, Évora e Portalegre.

“A Direção-Geral da Saúde (DGS), a título preventivo, reforçou as orientações dadas à rede nacional de delegados de saúde no sentido da intensificação de visitas de caráter pedagógico aos lares de idosos”, refere uma nota.

Tendo em conta que o frio pode precipitar a descompensação de doenças crónicas, a autoridade de saúde insiste ainda nas recomendações preventivas à população: manter o corpo hidratado e quente, aquecer a casa, ter em atenção que há fontes de calor que representam risco de incêndio ou intoxicação, estabelecer contacto com familiares e vizinhos ou telefonar, em caso de necessidade, para a Linha Saúde 24.

Em 2016
O Instituto Nacional de Emergência Médica atendeu 1.370.349 chamadas de emergência em 2016, das quais resultou a ativação de 1...

De acordo com uma nota deste organismo do Ministério da Saúde, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) recebeu em 2016 mais 67.391 chamadas do que no ano anterior.

As chamadas efetuadas para o Número Europeu de Emergência (112) são atendidas pela PSP e GNR que as encaminha para os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM sempre que o motivo da chamada esteja relacionado com urgências ou emergências médicas.

Nesta central médica do INEM os profissionais “avaliam todos os pedidos de socorro recebidos, com o objetivo de determinar os recursos necessários e adequados a cada ocorrência”, recorda a nota do instituto.

Em 2016, o atendimento das mais de 1,3 milhões de chamadas de emergência deu origem à ativação de quase 1,29 milhões de meios de emergência, entre os diversos tipos de ambulância (emergência médica, socorro, suporte imediato de vida, transporte inter-hospitalar pediátrico), motas de emergência, viaturas médicas de emergência e reanimação e helicópteros.

O instituto explicou que os meios são selecionados mediante a situação clínica das vítimas, a proximidade do local da ocorrência e a acessibilidade ao local da ocorrência.

Paulo Rebelo, operador do INEM, sublinha a importância de quem liga para o INEM dizer “de forma simples e clara” a localização exata e, sempre que possível, com indicação de pontos de referência, o número do telefone de que está a ligar, o tipo de situação (doença, acidente, parto), o número, o sexo e a idade aparente das pessoas a necessitar de socorro e as queixas principais e as alterações que observa.

“As perguntas feitas pelos profissionais dos CODU são muito importantes para a atuação do INEM, pois visam determinar a gravidade da emergência e o meio de socorro mais adequado para dar resposta à situação em questão”, adiantou.

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho para melhorar e reestruturar os Centros de Orientação de Doentes Urgentes do...

Os pedidos de socorro efetuados através do 112 que respeitem situações de urgência ou emergência médica são transferidos para as centrais de atendimento conhecidas por Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

Um despacho publicado hoje em Diário da República cria um grupo de trabalho para “reestruturação dos CODU”, com a missão de apresentar propostas que “permitam melhorar a eficiência, a eficácia e a qualidade do serviço prestado”.

O grupo de trabalho deve apresentar até ao fim do mês de março um relatório com o diagnóstico dos constrangimentos atuais dos CODU e com propostas para ultrapassar os problemas identificados.

Integram esta estrutura de trabalho o diretor do departamento de emergência médica do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o coordenador nacional dos CODU, um representante dos médicos dos centros de orientação, um representante dos operadores, dois especialistas hospitalares em emergência médica, um representante da Ordem dos Médicos e um representante da sociedade civil que tenha conhecimentos na área.

Os membros do grupo de trabalho não receberão remuneração ou abonos.

Recentemente, o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN) alertou para a demora no atendimento de chamadas por parte do INEM.

Algumas chamadas, referia o sindicato em finais do mês passado, demoram mais de três minutos a ser atendidas, em vez dos sete segundos aconselhados pelos manuais mundiais.

De acordo com o despacho assinado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, é chegado o momento de analisar a adequação dos processos do Sistema Integrado de Emergência Médica, "criando condições para aumentar a sua eficiência e qualidade".

Medicina Dentária
Uma investigadora da Faculdade de Engenharia do Porto está a avaliar em que medida as cadeiras ergonómicas (em sela)...

A cadeira em sela, concebida para "promover uma postura mais correta e saudável da coluna vertebral", forma um ângulo de 135 graus entre as costas e as coxas, superior aos 90 graus existentes numa cadeira tradicional, explicou a responsável pelo projeto, Vanessa Silva.

"Segundo a literatura" sobre o tema, disse Vanessa Silva, este ângulo maior permite "uma postura em que a coluna suporta o peso do corpo de uma forma mais confortável".

O principal objetivo do projeto "é criar soluções para mitigar a elevada prevalência de sintomas musculoesqueléticos e reduzir os custos que, inevitavelmente, acarretam na saúde ocupacional dos médicos-dentistas", indicou.

De acordo com a investigadora, são muitas as variáveis que influenciam a atividade clínica, que depende do trabalho executado, da cooperação do paciente, da assistência técnica dentária (presença ou não da assistente) e das características de cada profissional.

Para além da análise biomecânica, este projeto inclui um estudo da prevalência de sintomas musculoesqueléticos em médicos dentistas e estudantes de Medicina Dentária, realizado através de questionários, nos quais foi possível obter dados sociodemográficos e informações sobre as condições de trabalho de cada participante.

A ideia para este projeto surgiu sete anos após Vanessa Silva começar a exercer clínica dentária, quando percebeu que se tratava de "um trabalho exigente a nível postural", no qual é "comum adotar más posturas e padecer de dores nas costas e no pescoço", situação "transversal no universo" desta área.

"A Medicina Dentária é considerada uma profissão de elevado risco para o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas", defendeu, acrescentando que as estas surgem devido à "exposição prolongada a fatores físicos, como repetição, força, vibração, postura inadequada" e a "esforços repentinos".

Para o estudo foram avaliados 33 médicos dentistas, tendo os dados sido recolhidos com recurso a sensores de movimento - ferramentas de medição cinemática que avaliam todos os segmentos corporais, permitindo uma análise biomecânica de cada região do corpo durante a movimentação realizada.

Numa primeira fase de análise dos dados, "já se percebeu que o trabalho do médico-dentista é de imensa variabilidade" e dependente da sua formação e educação postural, tendo, cada um, "uma abordagem distinta e característica para a mesma tarefa clínica".

No projeto, denominado "Study of body postures during dental procedures" ("Estudo das posturas corporais durante procedimentos odontológicos"), participam também o professor da Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP) Mário Vaz, e o professor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto José Reis Campos, como orientadores do trabalho.

Os principais sensores utilizados neste estudo foram disponibilizados pelo Laboratório de Biomecânica do Porto (Labiomep).

Registo Oncológico Nacional
Os doentes oncológicos vão poder saber quem acede aos seus registos e em que hospital isso aconteceu.

A medida está prevista no sistema informático planeado para criar o Registo Oncológico Nacional. Plano que gerou polémica na sequência de dois pareceres da Comissão Nacional de Dados relativos à garantia da privacidade. O ministro da Saúde lembra que a proposta está no Parlamento e podem ser introduzidas mais medidas que possam ser consideradas úteis para garantir toda a segurança quanto aos dados.

O projeto informático Novo RON, que se candidatou a dinheiro do programa Portugal 2020, é uma parceria entre o IPO de Lisboa e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS). Fará a união dos três registos regionais que já existem, e que foram autorizados pela Comissão Nacional de Proteção de Dados quando foram criados, e acrescentará novas funcionalidades. "Os doentes oncológicos vão saber quem mexe no seu registo", explica ao Diário de Notícias Henrique Martins, presidente da SPMS.

O método de alerta para o Registo Oncológico Nacional (RON) ainda não está definido, mas na saúde já existem outros. "Na Plataforma Dados da Saúde somos dos poucos países em que o utente pode ver quando ocorreu o acesso à sua informação e quem foi o profissional e em que instituição. No Rentev recebe um email quando há consulta do seu testamento vital com essa indicação", diz Henrique Martins, referindo o novo regulamento europeu sobre proteção de dados (que não é específico para a saúde) que entrará em vigor em maio de 2018. "Os doentes têm direito a ter mais informação, como quem mexe no seu registo, reclamar de erros, de exercer o direito de ser apagado", referindo que o importante é garantir a segurança dos dados e que as pessoas estão informadas para tomar uma decisão.

O projeto de lei para o RON está em análise na Comissão Parlamentar de Saúde. No dia 12 será ouvida a Liga Portuguesa Contra o Cancro. O registo tem estado envolto em polémica após dois pareceres da Comissão Nacional de Proteção de Dados, que considerou que a privacidade dos doentes não estava garantida por constar na informação que os hospitais, públicos e privados, enviariam dados como o número de utente ou do processo clínico. No último parecer recomendaram o uso um sistema informático que crie uma identificação aleatória, mas que ao mesmo tempo permita identificar duplicação de dados e associar nova informação à existente.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, lembra que "todos os especialistas consideram a criação do registo nacional fundamental para abordarmos a doença, tratamentos e resultados", reforçando que os sistemas informáticos são muito mais seguros que os antigos registos em papel. "Surgiram preocupações sobre níveis e escalas de proteção, o que é resolvível. Existem mecanismos de blindagem e se necessário introduziremos mais alguns que se considerem úteis: que faça uma proteção maior da identidade e não se perca a utilidade do projeto".

Ana Miranda, coordenadora do Registo Regional do Sul questiona a posição da Proteção de Dados. "Os registos regionais têm a identificação completa das pessoas. Sem identificação não é possível ter registo oncológico. O doente vai a várias instituições e como é posso fazer o seu seguimento se não sei quem é. Todos os dados circulam na intranet da saúde. Os países nórdicos, Espanha têm registos com identificação. O registo nacional deve ser implementado com toda a segurança", diz referindo que os doentes já podem pedir para ser excluídos do registo e que só os profissionais autorizados por escrito podem aceder a determinados níveis de informação.

Estudo
Estudo do Instituto de Saúde Pública do Porto, que abrangeu 1495 médicos, adianta que 40% pondera antecipar a reforma por...

É apenas um manifestar de intenções, mas, se estas se concretizassem, assistiríamos a uma autêntica debandada dos médicos que hoje trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Três em cada quatro médicos da região Norte inquiridos num estudo sobre a carreira e os fatores de saída do SNS admitiram a hipótese de deixar o sector público para trabalhar exclusivamente no privado. Mais: cerca de 40% dizem considerar a possibilidade de antecipar a reforma por exaustão e um terço até equaciona a hipótese de emigrar.

É grande a insatisfação e a desmotivação manifestada pelos 1495 médicos especialistas que responderam ao questionário online (10,8% do total dos inscritos na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos) que constituiu a base do estudo de Marianela Ferreira, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (UP). Uma insatisfação que, segundo o jornal Público, se reflete em várias dimensões do exercício da medicina: a maior parte dos inquiridos está descontente com a sua remuneração (76,7%), queixa-se de ultrapassar o horário de trabalho com frequência e não acredita ter boas perspetivas de carreira no SNS (63,3%). O estudo foi apresentado esta quinta-feira.

Na prática, porém, mais de metade (54,4%) destes médicos já acumulam atualmente o trabalho no SNS com o privado, o que, no entender da investigadora, “poderá facilitar uma eventual transição para o trabalho em exclusivo neste sector”. O certo é que quase 87% dos inquiridos exerceu sempre funções no SNS desde que começou a trabalhar, apesar de 69,1% não ter dedicação exclusiva ao sector público.

Por que não deixaram já o SNS?
O que ficou por perguntar foi por que razão é que estes profissionais não deixaram já o SNS para enveredar por uma carreira em exclusivo no privado. Marianela Ferreira (que é também investigadora do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da UP) adiantou que pretende igualmente perceber o grau de satisfação dos que já fizeram esta opção, numa segunda fase deste estudo, que já está em curso.

A remuneração, uma das dimensões identificadas como geradora de insatisfação, é inferior a três mil euros por mês (rendimento bruto) para quase metade (46,9%) dos inquiridos. E, se mais de três quartos admite estar insatisfeito com o dinheiro que ganha no SNS, ainda há muitos (27,9%) que assumem que poderiam considerar o adiamento da saída do sector público por reforma em caso de aumento de remuneração.

O dinheiro não é a única fonte de insatisfação, porém. “Os recursos económicos e financeiros são determinantes, mas há dimensões de insatisfação expressa pelos médicos que não têm relação direta com a remuneração”, fez questão de sublinhar Alexandra Lopes, coordenadora do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. “A progressão na carreira, a gestão das organizações e o processo de tomada de decisões emergiram também como questões muito importantes”, enfatizou.

O que fica claro é que os profissionais “estão claramente insatisfeitos e, se saírem do SNS, vamos ter um problema muito maior”, sintetizou. “O SNS está seguramente ameaçado”, corroborou Marianela Ferreira, que define os médicos como um grupo profissional “missionário” que “gosta de exercer medicina”. 

Realizado com o apoio do Gabinete de Estudos da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, o estudo já dá pistas importantes sobre os níveis de insatisfação dos médicos, mas esta é ainda uma primeira fase da investigação que tem objetivos mais ambiciosos, nota a investigadora. Numa segunda fase, já em curso, estão a ser inquiridos médicos que saíram do SNS para perceber o seu grau de satisfação e também os profissionais que estão a fazer o internato de especialidade. Ainda este ano ou no próximo, Marianela Ferreira pretende replicar o estudo nas outras secções regionais da OM, no Sul e no Centro. Há mais de 50 mil profissionais inscritos na Ordem dos Médicos a nível nacional.

Os dados foram recolhidos entre Julho e Novembro, período durante o qual o questionário esteve disponível online na plataforma eletrónica da Universidade do Porto. Dos 13.801 médicos especialistas inscritos na Secção Regional do Norte da OM responderam 2070, tendo sido validadas as respostas de 1.495 profissionais a trabalhar no SNS.

Estudo
Uma experiência laboratorial com ratos levada a cabo pelo Inserm - Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale,...

Um estudo levado a cabo por uma equipa de investigadores do Inserm - Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale, em França, põe a hipótese das lâmpadas tradicionais por LED, sigla inglesa de light-emitting diode, díodo emissor de luz em português, poderem fazer mal à vista. De acordo com os especialistas, que fizeram uma experiência com ratos em laboratório, a radiação que emitem tem um impacto tóxico na visão, escreve o Sapo.

Depois de expor os mamíferos a uma luminosidade muito forte (6 000 lux) com diferentes tipos de lâmpadas durante 24 horas, os cientistas notaram que os animais ficavam com a retina dilatada e sofriam uma rutura de retina. Quando diminuíam a intensidade da luz para valores médios (500 lux), apenas as lâmpadas LED produziam efeitos nocivos nos ratos. «Não acontecia com as outras», garante a investigadora Alicia Torriglia.

50% dos sobreviventes de AVC sofre de Afasia
Apesar de não existirem dados sobre a sua incidência, em Portugal, estima-se que a Afasia atinja cer

Descrita como uma perturbação da linguagem que resulta de uma lesão cerebral “localizada nas estruturas que se supõe estarem envolvidas no processo de linguagem”, a afasia impede a pessoa de comunicar da mesma forma que fazia antes. Esta pertubação pode afetar a capacidade de se expressar ideias ou pensamentos, a capacidade de compreender o que os outros dizem e ainda a capacidade de ler e escrever.

“A inteligência não fica afetada e a pessoa continua a ser a mesma, com as mesmas opiniões, sentimentos, conhecimentos e memórias, no entanto, a perturbação da linguagem constitui um muro que limita a expressão das mesmas como antes, acabando por isolar a pessoa com afasia do mundo e dos outros”, começa por explicar Paula Valente, diretora do Instituto Português da Afasia.  

Dependendo da localização e extensão da lesão, os doentes apresentam diferentes quadros de afasia “com base nos sintomas de perturbação da linguagem apresentados”.

Sendo mais frequente nas pessoas idosas, poderá surgir, no entanto, em pessoas mais jovens e crianças, uma vez que pode ter inúmeras causas.

A causa mais comum desta pertubação é o Acidente Vascular Cerebral. “A instalação da afasia após um AVC é caracterizada pela perda repentina da fala e das capacidades linguísticas”, revela a especialista em terapia da fala.

Os traumatismos crânio-encefálicos, os tumores intracranianos, bem como a infeção cerebral, a epilepsia ou outras doenças neurológicas progressivas associadas ao envelhecimento são outras das causas da afasia.

“Por hora, três portugueses sofrem um AVC, dos quais sobrevivem dois terços. Metade dos sobreviventes poderão ficar com afasia para toda a vida”, refere a terapeuta estimando que surjam, todos os anos, cerca de oito mil novos casos desta perturbação.

Embora não existam dados estatísticos oficiais, “calcula-se que a prevalência de pessoas com afasia em Portugal ronde os 40 mil”.

“O principal tratatamento da afasia é a terapia da fala que, embora eficaz em muitos casos, não consegue, frequentemente, evitar as sequelas psicológicas e sociais associadas à afasia”, explica Paula Valente.

De acordo com esta especialista,  “na terapia da fala tradicional o terapeuta avalia os défices linguísticos ou de fala, utilizando métodos e técnicas para cada caso ou patologia. Este tipo de intervenção é individualizado e centrado nos défices, sem considerar o papel da família, do contexto social e sem considerar os aspetos relacionados com a eficácia comunicativa funcional ou expectativas do utente”.

Paula Valente reforça, deste modo, a necessidade existir uma abordagem mais ampla que permita uma maior integração social. “A abordagem social assume-se como uma forma de complementar a intervenção tradicional”, afirma explicando que esta “visa a habilitação do indivíduo para que este possa voltar a participar nas atividades e contextos significativos para ele, ensinando-lhe, bem como aos seus parceiros comunicativos, estratégias comunicativas que lhes permitam uma comunicação eficaz e satisfatória no dia-a-dia”.

Para a diretora do IPA, os tratamentos disponíveis em Portugal, focados na intervenção tradicional, e acessíveis em contextos clínicos clínicos e hospitalares, têm-se mostrado insuficientes para minimizar as consequências da afasia.

“Infelizmente, numa grande maioria dos casos, os defeitos linguísticos não são totalmente reversíveis e, por este mesmo motivo, é fundamental que sejam disponibilizadas terapias focadas no bem-estar da pessoa com afasia e seus familiares, na retoma da uma vida satisfatória, participada e ativa apesar da presença da afasia”, explica.

“A missão é devolver a qualidade de vida” aos doentes

Criado em 2015, o Instituto Português da Afasia (IPA), constituído como uma  Associação sem fins lucrativos, tem como missão “devolver a esperança e a qualidade de vida às pessoas com afasia e seus familiares”, com a implementação de abordagens terapêuticas comprovadas cientificamente e que se centram nos objetivos pessoais de participação social e nas atividades que são significativas para a pessoa com afasia.

“Mediante as suas necessidade e objetivos de vida, prestamos apoio, quer individual ou em grupo, às pessoas com afasia e seus familiares no sentido de promover uma maior compreensão da afasia propriamente dita, e suas consequências biopsicossociais, através da aprendizagem de estratégias para melhorar a comunicação, interação e confiança entre a díade (pessoa com afasia – familiar/cuidador)” explica Paula Valente.

Nos chamados grupos de intervenção são trabalhadas questões como a identidade positiva, reconhecimento e treino de competências, aumento de confiança, gestão de stress ou apoio emocional. “Por fim, mas não menos importante, a criação de uma rede de interajuda entre todos os participantes”, acrescenta.

Formação profissonal

Para além dos programas destinados aos doentes e seus familiares – o programa Introdutório e o Programa Revelo-me -, o Instituto Português de Afasia dispõe de um programa de formação único em Portugal “que permite aos profissionais adquirirem conhecimentos, ferramentas e estratégias para melhor compreender, diagnosticar, informar, comunicar e intervir com pessoas com afasia e seus familiares” com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços que prestados a esta população.

“As formações por módulos, de curta duração, à semana, têm apenas uma hora e meia de duração e pretendem  facilitar a participação dos profissionais que possuem, muitas vezes, um horário de trabalho que lhe impossibilita a realização de formação contínua”, começa por dizer a diretora.

Estas formações destinam-se a todos os profissionias que contatem com pessoas com afasia, como é o caso dos terapeutas, médicos, psicólogos, enfermeiros ou assistentes sociais, excepto os módulos que são exclusivos para terapeutas da fala.

Para consultar a programação destes cursos basta aceder à página do Instituto Português de Afasia e consultar as condições. “A inscrição poderá ser realizada através dos formulários disponíveis no site”, refere.

“Está já agendada para Mafra uma formação para terapeutas da fala e alunos do último ano do curso de terapia  da fala”, para os próximos dias 4 de Fevereiro e 1 de Abril entre as 10 e as 18h00.

“De facto, observa-se uma procura casa vez maior, por parte dos terapeutas da fala em aprofundar os conhecimentos em áreas de intervenção específicas de forma a proporcinarem um atendimento com maior qualidade junto dos seus pacientes”, justifica Paula Valente para concluir.

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge
A atividade gripal manteve-se, na semana passada, moderada, com tendência estável, revela o Boletim de Vigilância...

Segundo o relatório, publicado semanalmente, às quintas-feiras, a taxa de incidência registada, entre 02 e 08 de janeiro, foi de 82,4 casos por cem mil habitantes, o que indica "uma atividade gripal de intensidade moderada, com tendência estável".

Na semana anterior, de 26 de dezembro a 01 de janeiro, a taxa de incidência verificada foi inferior, de 63,8 casos por cem mil habitantes, mas, ainda assim, apontava para uma atividade gripal moderada, com tendência estável.

Tal como na última semana de dezembro, na primeira semana de janeiro a mortalidade "por todas as causas" teve valores "acima do esperado".

Há uma semana, a responsável pela Rede Médicos-Sentinela, Ana Paula Rodrigues, indicou que a epidemia da gripe, provocada pelo vírus A (H3), e o frio, mais acentuado do que o habitual, contribuíram para a mortalidade ser maior do que o esperado.

Entre 02 e 08 de janeiro, o valor médio da temperatura mínima do ar foi 5,4ºC, "superior ao normal para janeiro".

Contudo, para a semana em curso e a próxima estão previstas temperaturas médias abaixo do normal, ressalva o boletim.

Desde que começou a época gripal - que vai de outubro a maio - morreram 11 pessoas entre as 95 admitidas com gripe em unidades de cuidados intensivos dos hospitais que reportaram a informação. A maior parte dos doentes internados tinha mais de 64 anos e uma patologia crónica, e apenas 24 estavam vacinados. O vírus predominante foi o A (H3).

Na semana passada, foram reportados 14 novos casos de gripe pelas unidades de cuidados intensivos hospitalares, mas nenhum óbito.

Governo
O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, considerou que as Unidades de Farmacovigilância, como a que foi ontem à tarde...

"Estes pontos de observação são uma marca relevante em termos de saúde pública, desde logo porque o consumo de medicamentos é uma questão de saúde pública, na medida em que podemos estar a usar fármacos errados para doenças que temos e fármacos certos para doenças que não temos. Portanto, há aqui todo um processo de recolha de informação sobre o efeito efetivo dos medicamentos nos doentes que é muito relevante", sublinhou.

Manuel Delgado falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, na inauguração da Unidade de Farmacovigilância que ficará instalada na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior.

Esta unidade integrará o Sistema Nacional de Farmacovigilância, que é gerido pelo Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde - e pretende contribuir para aumentar a segurança na utilização de medicamentos, dando resposta aos distritos de Castelo Branco, Guarda e Viseu, num total de cerca de 735.000 pessoas abrangidas.

Entre as atribuições da nova estrutura estão a recolha, processamento e análise de reações adversas a medicamentos que sejam comunicadas, por exemplo, por médicos ou doentes, a realização de estudos de farmacoepidemiologia ou segurança de medicamentos, a colaboração na deteção de sinal de segurança e/ou qualidade e a realização de atividades de divulgação e promoção do sistema.

Uma ação que "contribuirá para aumentar a confiança dos utentes nos medicamentos", bem como para "facultar aos profissionais de saúde mais informação sobe o real efeito dos fármacos que receita", apontou Manuel Delgado.

O governante lembrou que entre as mais-valias desta unidade está também a questão económica e do uso dos recursos, na medida em que o relato das reações adversas pode ir de encontro, por exemplo, do facto de uma pessoa estar a tomar medicamentos em excesso, podendo-se assim reduzir a quantidade e eventualmente poupar nos custos do utente e do Estado.

Por outro lado, Manuel Delgado também sublinhou a importância da criação desta unidade resultar de uma "parceria virtuosa" entre o Infarmed, as unidades de saúde e a universidade.

"Esta é uma marca muito importante na evolução do serviço de saúde, cujo desenvolvimento tem de passar também pela constante ligação ao conhecimento, à investigação e às universidades", apontou.

Uma ideia que também foi defendida pelo presidente do Infarmed, Henrique Luz Rodrigues, que explicou que esta unidade também contribuirá para "organizar e estruturar melhor o sistema", permitindo assim melhorias na assistência.

O reitor a UBI, António Fidalgo, destacou que esta parceria é um bom exemplo da responsabilidade social que a instituição tem de acompanhar e ajudar a encontrar respostas para a comunidade.

Mau tempo
A Administração Regional de Saúde do Centro apelou à população para evitar as urgências, "sempre que possível", e...

O Departamento de Saúde Pública (DSP) da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) afirmou, em comunicado, que as pessoas que tenham como sintomas dores musculares, dores de cabeça ou tosse e febre devem recorrer "ao médico do seu centro de saúde" ou ligarem para a Linha Saúde 24, evitando, "sempre que possível", uma ida à urgência do hospital.

O DSP reforça também os "conselhos a ter com o frio", principalmente por parte de grupos vulneráveis, como bebés ou idosos, refere a ARSC.

Para os bebés, o departamento aconselha a que estes não saiam de casa nos dias "de frio intenso", e, no caso de sair, a cabeça, as mãos, orelhas e pés devem estar bem agasalhados, os pais devem utilizar várias camadas de roupa no bebé, dar de beber regularmente e verificar que a criança está bem protegida do frio no carrinho onde é transportada.

Para os idosos, o DSP do Centro sublinha o papel importante que os familiares, amigos e vizinhos podem ter, "devendo manter um acompanhamento de proximidade, sempre que possível, de pessoas idosas sós ou isoladas", com um telefonema ou um contacto pessoal "pelo menos uma vez por dia".

Como medidas para esta faixa etária, o Departamento de Saúde Pública sublinha que os idosos devem manter a casa quente e o corpo hidratado, usar "várias camadas de roupa", evitando usar roupas demasiados justas "que dificultem a circulação sanguínea", e proteger as "extremidades do corpo" com luvas, gorro, meias quentes e cachecol.

Como medidas de prevenção para a generalidade da população, o DSP sugere que as pessoas lavem as mãos "muitas vezes", quando se assoam, espirram ou tossem, e devem "tapar o nariz e a boca sempre" que tossirem ou espirrarem, usando um lenço de papel ou o braço.

Sobrinho Simões
O patologista Sobrinho Simões alertou hoje que se diagnosticam demasiados cancros que se deviam "deixar sossegados",...

Falando à margem de uma palestra promovida pelo International Club de Portugal, Manuel Sobrinho Simões afirmou que "a maluqueira quer de doentes quer de alguns médicos é que está a dar mau resultado", sobretudo nos cancros da tiroide, mama e próstata, "de longe os que têm mais sobrediagnóstico".

"Estamos a fazer diagnósticos de cancros muito pequeninos, que não iam dar chatices" porque não conseguiriam desenvolver-se no tempo de vida restante das pessoas, a maior parte delas idosas, salientou.

Colocando-as no ciclo de tratamentos como a radiologia, os médicos estão, nesses casos, a "desgraçar os doentes", considerou, defendendo que cabe aos médicos serem razoáveis quando as pessoas os procuram para ir numa "caça ao cancro".

Quando um médico fala de cancro a um doente, "é difícil, depois de começar o processo", dizer-lhe depois que o cancro que se detetou é demasiado pequeno para justificar tratamento, reconheceu.

O investigador português, considerado um dos patologistas mais influentes no mundo, defendeu no entanto a necessidade de continuar a fazer-se rastreios à população, essenciais para o diagnóstico precoce: "isso é importantíssimo", reforçou.

Só que "há cancros muito agressivos e outros pouco agressivos", destacou.

Num país como a Coreia do Sul, começou a rastrear-se o cancro da tiroide, que passou para quarto tipo de cancro mais frequente, acionando tratamentos e extrações da tiroide que são "caríssimos para o serviço nacional de saúde", mas a mortalidade mantem-se exatamente igual.

Por seu lado, no Japão optou-se por não operar e esperar, repetindo exames anualmente. "Se não crescer, não fazem nada. Têm a mesma mortalidade do que a Coreia do Sul e gastam cem vezes menos", destacou.

Manuel Sobrinho Simões afirmou perante a plateia do International Club que as doenças "ajudaram a apurar a espécie humana porque matavam os menos aptos, ficando os mais inteligentes e os mais capazes", mas que as doenças modernas não ajudam a apurar nada, porque "acontecem mais tarde na vida" e não interferem com a capacidade reprodutiva.

Além do cancro, a obesidade, a sida, a tuberculose e a depressão são reflexos de uma civilização de mamíferos que vivem hoje numa sociedade de abundância mas cujos genes foram moldados por condições extremamente difíceis, frisou.

"Não mudámos nenhum gene nos últimos 100 anos", afirmou, notando que os humanos mantêm o apetite que os selecionou como espécie de sucesso há centenas de milhares humanos mas que comer "111 quilos de carne" por ano, como acontece com os portugueses, tem "custos na água, na energia, na saúde, no planeta".

Linha Saúde 24
Um terço dos utentes com sintomas de gripe que ligaram para a Linha Saúde 24, desde novembro, foram encaminhados por este...

De acordo com Sérgio Gomes, que coordena esta linha de atendimento telefónico (808242424), desde que o módulo Inverno do Plano de Contingência para as Temperaturas Extremas Adversas entrou em vigor, a 01 de novembro, a Linha Saúde 24 recebeu 150.329 contactos.

Em relação a igual período do ano passado, a linha realizou mais 27% de atendimentos.

Destas chamadas, 18,7 por cento das recebidas em janeiro foram para avaliação de síndrome gripal, 15,2 por cento em dezembro de 2016 e 0,23 por cento em novembro.

As chamadas para o atendimento por gripe cresceram 150 por cento comparativamente ao período homólogo do ano passado: 16.027 em 2016/2017 e 6.405 em 2015/2016.

Sobre os doentes atendidos por gripe e que foram encaminhados pelos profissionais da Linha de Saúde 24, Sérgio Soares revelou que, desde novembro, um terço (5.236) foi orientado para os cuidados de saúde primários, 10,1 por cento (1.615) para a urgência hospitalar e 0,1 por cento (11) para o INEM.

A maioria dos atendimentos por gripe (9.165) foi orientada para autocuidados, num total de 57,1 por cento dos 16.027 atendimentos por gripe.

O módulo Inverno do Plano de Contingência para as Temperaturas Extremas Adversas entrou em vigor está acionado até 31 de março.

Em 2016
A Administração Regional de Saúde do Centro destacou hoje o investimento superior a cinco milhões de euros efetuado em 2016 na...

"A entrada em funcionamento dos novos centros de saúde de Oliveira do Bairro, Pombal e Pampilhosa da Serra, e das unidades de Esgueira, Costa Nova, Maceda e S. Romão, constituíram mais um significativo reforço na acessibilidade dos utentes a melhores cuidados de saúde primários na região Centro", salientou, em comunicado, o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC).

No balanço ao investimento em saúde realizado na região, José Tereso, citado no documento, realçou a aposta e a prioridade na área dos cuidados de saúde primários, "considerados a porta de entrada do cidadão na saúde".

Segundo o responsável, durante este ano a ARSC vai dar continuidade a novos projetos "que beneficiam utentes e profissionais", como é o caso da construção do novo Centro de Saúde Fernão de Magalhães, em Coimbra, e do edifício que acolherá o Centro de Saúde da Murtosa, no distrito de Aveiro.

José Tereso adiantou ainda que está em fase de finalização um conjunto de obras de construção, remodelação e ampliação de instalações na região, que totalizam um investimento na ordem dos 3,5 milhões de euros.

Nas intervenções em curso, destacam-se os edifícios dos centros de saúde de Mortágua e Pedrógão Grande, dos polos de Souselas e Alhadas, da Unidade de Saúde Familiar de Santo André e as novas unidades de saúde de Oiã e Válega.

De acordo com José Tereso, "a ARSC continuará, em 2017, a promover a melhoria da qualidade e efetividade na primeira linha de resposta do Serviço Nacional de Saúde".

Época gripal
Centros de saúde vazios, em contraste com urgências hospitalares entupidas, têm sido registados nesta epidemia de gripe,...

A situação foi hoje lamentada pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, à margem de uma visita a alguns serviços do Hospital Dr. Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), conhecido como “o calcanhar de Aquiles” das urgências durante a época gripal.

Segundo o governante, e ao contrário do que aconteceu no passado, este ano “não se registaram situações de caos nas urgências devido à gripe”, ainda que muitos utentes tenham tido de esperar várias horas para ser atendidos.

No Amadora-Sintra, por exemplo, os doentes com pulseira amarela (urgentes) chegaram a aguardar 11 horas para serem atendidos nos dias 27 de dezembro e 04 de janeiro.

Nesses dias, os doentes com pulseira verde (pouco urgentes) aguardaram perto de 19 horas por um atendimento.

Num dia, este serviço atendeu 1.189 doentes: entre as 12:00 do dia 03 de janeiro e as 12:00 do dia seguinte.

Com equipas fixas de 12 médicos nas urgências, este hospital tem encaminhado doentes transportados pelo INEM para outras unidades de saúde (hospitais de São José e Santa Maria, em Lisboa), medida prevista para esta época gripal e que está em vigor até quarta-feira.

O hospital tem 700 camas de internamento, que se encontram ocupadas, e 55 no Serviço de Observação (SO), também lotadas.

Manuel Delgado congratulou-se com a ausência do caos nas urgências, mas reconheceu os longos tempos de espera que os utentes tiveram de suportar, pedindo desculpas por isso.

Para o governante, o sistema não tem falhado e mesmo o encaminhamento de doentes (entre hospitais) tem-se revelado uma medida positiva para as unidades de saúde mais procuradas.

No entanto, o secretário de Estado da Saúde lamentou que os centros de saúde – que nesta época têm o horário alargado – não estejam a ser procurados pelos utentes.

Trata-se de uma situação que provoca algum “desespero”, afirmou, acrescentando: “Temos centros de saúde com as condições adequadas, com médicos e outros profissionais de saúde, mas que estão vazios”.

Para Manuel Delgado, trata-se de uma “questão cultural” que urge alterar, talvez com mais informação.

A urgência hospitalar tem sido “uma porta de entrada para todo o tipo de exames necessários. Por esta razão, estamos a aumentar as valências dos centros de saúde de forma a estes se tornarem mais atrativos”, adiantou.

O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) vai divulgar hoje o Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, com os dados mais recentes da doença.

O boletim da semana passada apontava para uma taxa de incidência de síndroma gripal de 63,8 por 100 mil habitantes, tratando-se, segundo este organismo, de “uma atividade gripal de intensidade moderada, com tendência estável”.

Ao nível da mortalidade, esta apresentava valores acima do esperado.

Investigadora do Porto
Uma investigadora do Porto está a estudar as alterações da marcha nos portadores da Doença dos Pezinhos para criar uma...

Com este projeto, a equipa pretende "descrever detalhadamente o padrão da marcha" nos portadores de Polineuropatia Amiloidótica Familiar (Doença dos Pezinhos), integrando estudos de captura de movimento 3D, ativação muscular e cerebral, disse a investigadora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) Maria do Carmo Vilas-Boas.

Esta patologia, "rara", "muito complexa", "tipicamente portuguesa" e primeiramente descrita pelo médico português Corino de Andrade, é causada por uma mutação genética denominada TTR Val30Met.

De acordo com a investigadora, a ideia para o projeto surgiu enquanto trabalhava como assistente de investigação na Unidade Corino de Andrade, no Hospital de Santo António, e percebeu que "ainda faltava saber muita coisa" sobre a doença.

"Por me interessar muito pelo movimento do corpo e pelas consequências motoras das doenças, e por achar que cada vida vale por si só, independentemente da sua condição, comecei a investigar mais e a tentar arranjar uma forma de poder ser útil a estes doentes, principalmente numa perspetiva de manter e prolongar uma qualidade de vida que lhes permitisse manterem-se ativos", explicou.

Os primeiros dados para este estudo, que se prevê finalizar em julho de 2018, foram recolhidos através de avaliações feitas a 21 doentes, no Hospital de Santo António e no Laboratório de Biomecânica do Porto - LABIOMEP, com recurso a diferentes equipamentos quantitativos.

Deste projeto, denominado "FAPMOVE - Avaliação dos danos motores na Polineuropatia Amiloidótica Familiar", fazem parte Maria do Carmos Vilas-Boas, o professor João Paulo Cunha, do INESC TEC e a neurologista do Hospital de Santo António Teresa Coelho, estes últimos como orientadores do trabalho.

A doença, que foi pela primeira vez identificada na população portuguesa na área da Póvoa do Varzim, não está atualmente limitada ao norte do país, aparecendo em mais de metade dos concelhos de Portugal Continental (58%) e já também muito distribuída pelos concelhos do centro e sul.

Um estudo recentemente divulgado e que foi o vencedor do Prémio de Investigação Científica Professora Doutora Maria Odette Santos-Ferreira, atribuído em setembro de 2016, revelou a existência de 2.013 doentes em 58% do país.

Aliás, adianta o estudo, em 25 concelhos (15%), a paramiloidose já não é uma doença rara e só na área da Póvoa do Varzim/Vila do Conde a sua prevalência mais do que duplicou (aumento de 125%) em menos de 30 anos.

Em média, estima-se a identificação de cerca de 70 novos doentes e cerca de 65 novos casos de portadores assintomáticos, apresentando uma tendência decrescente.

Este estudo tem como autora principal a farmacêutica Filipa Duarte-Ramos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e decorreu do projeto conducente à tese de doutoramento da investigadora Mónica Inês, do Instituto de Medicina Molecular (IMM).

A paramiloidose é uma doença hereditária rara que, em Portugal afeta maioritariamente pessoas em idade jovem e ativa, de ambos os sexos, e que se não for tratada tem uma progressão rápida, causando a morte geralmente na primeira década após a manifestação dos sintomas.

Projeto “Sin Azucar”
As quantidades de açúcares aparecem nos rótulos dos alimentos, mas muitas pessoas não os leem ou não sabem a que correspondem.

Meio litro de Coca-Cola contém 13,25 cubos de açúcar, o equivalente a 53 gramas; uma garrafa de meio litro de Powerade tem 38; quatro bolachas Chips Ahoy com pepitas de chocolate XL têm 34; um iogurte de fruta Danone "0%" contém 16; oito bolachas Maria, 12 gramas. No âmbito do projeto espanhol SinAzúcar.org, Antonio R. Estrada fotografou estes e outros alimentos ao lado dos cubos de açúcar correspondentes, para denunciar a quantidade de açúcar presente nos produtos que se compram nos supermercados.

O fotógrafo quis, assim, alertar a população para o açúcar escondido nos alimentos e que, em quantidades excessivas, pode provocar diabetes, obesidade, cáries, doenças cardiovasculares.

Isto porque as pessoas não têm consciência do açúcar que consomem. "É um produto barato e que está em toda a cadeia alimentar. É quase omnipresente. Há açúcar por todo o lado e a maior parte dos encarregados de educação não têm ideia da quantidade de açúcar presente em certos alimentos", alerta Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o consumo de açúcares simples adicionados à nossa alimentação deve estar abaixo dos 10% da energia consumida diariamente e de preferência aproximar-se dos 5%. Sendo 2000 kcal o valor médio de energia consumida, não devem ser ingeridos mais do que 50 gramas de açúcares por dia, mas o ideal é que sejam consumidos apenas 25. O certo é que, em Portugal, os dados de 2013-2014 apontavam para um consumo na ordem dos 96 gramas por dia.

Haverá consciência disso? "Não, claramente. Se houvesse essa consciência, porventura não eram consumidas as quantidades que são", frisa Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas. Uma pessoa que beba três cafés por dia e que use o pacote de 5 gramas de açúcar consome logo aí mais de metade da quantidade ideal. Os açúcares, prossegue a nutricionista, são calorias "consideradas vazias, que empobrecem nutricionalmente o produto".

Obesidade e diabetes tipo II são duas das doenças que mais facilmente se associam ao seu consumo. Segundo os dados mais recentes, de 2014, um milhão de portugueses sofrem de obesidade e 3,5 milhões tem excesso de peso. "São números muito assustadores." Para a bastonária, é preciso "encarar o problema do açúcar de frente", o que requer medidas legislativas e de incremento da literacia na área.

Os refrigerantes são, segundo os especialistas ouvidos pelo Diário de Notícias, um dos principais veículos de açúcar. E, diz Pedro Graça, "o açúcar nas bebidas é provavelmente mais perigoso do que nos sólidos, pois é absorvido de forma mais rápida".

Nuno Borges, da direção da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, reforça que, "nos refrigerantes, as pessoas não têm noção da quantidade de açúcar que ingerem". Mas nos néctares também existem grandes quantidades: "Se a pessoa beber um litro de sumo de laranja por dia, pode estar tão em risco como se beber um litro de Coca-Cola." Por isso, o nutricionista destaca a importância de projetos como o Sin Azucar: "Se é algo que está meio oculto, tudo o que se puder fazer para aumentar a consciência das pessoas é bom. Se for com uma vertente artística, tanto melhor."

Além de alimentos já associados ao açúcar, como refrigerantes ou doces, dá a conhecer as quantidades presentes em molhos, no pão, nas papas dos bebés. O autor, Antonio R. Estrada, explicou ao diário El País que o objetivo é mostrar "o açúcar oculto nos alimentos processados, de uma forma simples e rápida", que facilmente possa ser difundida nas redes sociais.

Para Davide Carvalho, endocrinologista, é preciso não ficar com a ideia de que "os alimentos só têm açúcar", pois pode ser redutora. Ressalvando que o açúcar "tem calorias e muitas vezes desprovidas de outros nutrientes", o especialista diz que não se deve diabolizar. "É importante que as pessoas saibam aquilo que comem, analisem a composição dos alimentos e façam escolhas saudáveis. Se num dia de festa comerem um alimento com mais açúcar, não há problema. O problema é se comem todos os dias."

Pedro Graça destaca que, de acordo com dados referentes a 2014, publicados em 2015, "os hábitos alimentares inadequados - onde entra o consumo de açúcar e de sal - continuam a ser dos principais responsáveis pela perda de anos saudáveis entre os portugueses". Mais do que o tabaco ou os acidentes de viação, por exemplo.

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
Três em cada dez doentes que chegam às urgências dos hospitais portugueses podiam ver o problema tratado noutro lugar....

“O uso indevido de serviços de urgência é dispendioso e potencialmente nocivo para os doentes.” O alerta é feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) num relatório publicado esta quarta-feira que destaca que Portugal está a fazer uma utilização “desadequada” das urgências hospitalares, estimando-se que em pelo menos 31% das situações os doentes poderiam ter resolvido o seu problema de outra forma. Para a OCDE esta situação pode reverter-se com o pagamento de incentivos às instituições que tratem os doentes no lugar certo, premiando-se a qualidade e não a quantidade. Dependendo dos dados reportados por cada país, o relatório estuda este sector nos últimos cinco anos.

O relatório Tackling Wasteful Spending on Health olha para várias áreas em que os países estão a desperdiçar dinheiro no sector da saúde e identifica a utilização excessiva das urgências como um dos principais exemplos, escreve o jornal Público. Os portugueses surgem no topo da tabela quando se olha para o número de visitas. Em média, por cada 100 mil habitantes, 70 vão anualmente às urgências.

No entanto, o problema está longe de ser um exclusivo de Portugal: em 14 dos 19 países sobre os quais a OCDE conseguiu recolher dados, o número de pessoas a dirigir-se aos serviços de urgência aumentou nos últimos anos. O segundo lugar na utilização destes serviços por cada 100 mil pessoas é ocupado por Espanha e o terceiro pelo Chile, que mesmo assim não chegam às 60 visitas. Entre os mais moderados, com dez ou menos visitas por cada 100 mil pessoas, aparecem países como a República Checa, Alemanha, Nova Zelândia e Holanda.

Precisavam de ir à urgência?
Numa segunda parte do trabalho, a OCDE aprofunda a análise sobre este tema e em vez de olhar apenas para o número de doentes que foram às urgências tenta distinguir os casos em que as pessoas precisavam mesmo daquele tipo de acompanhamento e as situações em que os doentes deveriam ter resolvido o problema noutro local, nomeadamente nos centros de saúde. O valor mais elevado foi encontrado na Eslovénia e na Bélgica, onde mais de metade dos doentes que vai a uma urgência não precisava na realidade de um serviço tão diferenciado. Na Austrália o valor é de 32%, em Portugal de 31% e em países como os Estados Unidos da América e o Reino Unido não chega aos 12%. Muitos dados dizem respeito ainda a 2014, como é o caso de Portugal, mas a verdade é que neste Inverno, em Dezembro, alguns hospitais registaram um acréscimo de 20% na procura.

Quanto a Portugal e à Grécia, a OCDE avisa que as taxas moderadoras cobradas nos cuidados de saúde primários acabam por levar a que os doentes prefiram dirigir-se a um serviço de urgência, onde encontram uma gama completa de serviços a funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana. Se o acesso aos centros de saúde fosse gratuito a situação seria diferente, acredita a OCDE.

Os casos de pobreza, de poucos apoios sociais (de que é exemplo a falta de uma rede abrangente de cuidados continuados) são outras das situações que o relatório aponta como estando associadas a uma excessiva procura das urgências. A fraca divulgação da rede de centros de saúde abertos até mais tarde ou ao fim-de-semana é outro dos problemas referidos. Paradoxalmente, ao mesmo tempo, o documento reconhece que o aumento das taxas moderadoras nas urgências (feita ainda pelo anterior ministro da Saúde e que o atual Governo voltou a reduzir) não ajudou a afastar as pessoas dos hospitais.

Nas recomendações aos vários países, a OCDE lembra que os “incentivos também importam” e aconselha os decisores políticos a “criar um ambiente de recompensa pela prestação dos serviços certos em vez de pela quantidade”. Neste campo, Portugal é citado como um dos países em que se tem avançado para formas de pagamento que têm em consideração a qualidade e não só a quantidade.

Aliás, como o jornal Público noticiou há uma semana, o Ministério da Saúde vai passar a pagar aos hospitais um valor fixo por cada doente que atenderem nas urgências e um valor variável, de acordo com o desempenho. Ao mesmo tempo, vão avançar três projetos-piloto no Centro Hospitalar de São João, no Porto, no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental e no Centro Hospitalar de Leiria. A ideia é que estes hospitais passem a contar com uma equipa fixa na urgência e que os gestores tenham mais autonomia. Em contrapartida, o valor que o hospital e que os profissionais de saúde vão receber vai depender em parte do resultado do trabalho que fizerem.

Outras ideias do relatório

Cirurgias sem internamento
O aumento do número de cirurgias de ambulatório, em que os doentes são operados sem a necessidade de ficarem internados, é apontado como um bom exemplo de gestão de recursos na Saúde. A OCDE destaca o crescimento que Portugal tem tido nesta área ao longo dos últimos anos, reconhecendo que o aumento destas intervenções reflete vários fatores, desde os avanços técnicos à necessidade dos hospitais resolverem o problema das listas de espera em várias áreas, como as cirurgias de cataratas.

Mais genéricos
A aposta no consumo de genéricos, em vez de medicamentos de marca, é outra das recomendações feitas aos vários países no relatório. Também aqui a OCDE elogia o percurso que Portugal tem feito, salientando algumas campanhas públicas feitas junto da população para passar a mensagem de que os medicamentos de marca branca são tão eficazes e seguros como os originais. “Em Portugal, a quota de mercado dos genéricos cresceu de praticamente zero em 2000 para 41,3% em volume em 2015”, lê-se no documento, que destaca as alterações que o país fez na forma de pagamento às farmácias para incentivar a dispensa dos fármacos mais baratos.

Poucas cirurgias do joelho
As discrepâncias entre os vários países ou mesmo dentro de um determinado país é motivo de preocupação para a OCDE. Por exemplo, nas cirurgias do joelho, os peritos apontam que existem zonas de Portugal onde este procedimento é cinco vezes mais comum – uma diferença que os peritos acreditam que está mais relacionada com o acesso aos serviços de saúde e com os critérios médicos do que com as necessidades da população, que a OCDE não acredita que possam ser tão díspares.

Relatório revela
Relatório da Comissão Europeia diz que sustentabilidade do sistema de saúde poderá estar em causa. Bruxelas quer mais impostos...

É um sério aviso para os decisores políticos: nas próximas décadas, a população dependente, com limitações no seu dia-a-dia devido a problemas de saúde e a necessitar de cuidados de longa duração, vai aumentar substancialmente em Portugal. Em 2060, calcula-se que 1,1 milhões de pessoas vão estar nessa situação.

Tendo em conta o decréscimo populacional estimado (as projeções apontam para 8,2 milhões residentes em Portugal em 2060), mais de 13% da população estará então dependente de cuidados de terceiros. Este cenário preocupante é traçado num relatório da Comissão Europeia sobre cuidados de saúde, cuidados de longa duração e sustentabilidade das contas públicas, que esta quarta-feira foi debatido na Nova School of Business and Economics, em Lisboa.

Nas próximas décadas, devido ao acelerado envelhecimento e inovação tecnológica, Portugal será um dos países onde as despesas com saúde mais crescerão, 2,5 pontos percentuais do PIB (Produto Interno Bruto) contra 0,9, na média europeia, escreve o jornal Público. O que, conjugado com o previsível débil crescimento económico, ameaça pôr em risco a sustentabilidade do sistema de saúde, que inclui o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Elaborado pela Direcção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia e pelo Comité de Política Económica do Conselho da União Europeia (especificamente o grupo de trabalho que estuda o envelhecimento populacional), o documento elenca uma série de medidas para enfrentar os  desafios que este fenómeno implica. Mas olhemos para os dados: as projeções indicam que Portugal terá uma população de 8,2 milhões em 2060, menos 22% do que em 2013. Ao mesmo tempo, estima-se que a população na União Europeia cresça 3% neste período.

Europeus vão viver mais
As mudanças demográficas terão um impacto profundo. Os europeus vão viver muito mais em 2060: 84 anos, em média, para os homens (contra 77, em 2013) e 89 anos para as mulheres (83, em 2013). Uma enorme conquista, o envelhecimento coloca desafios aos sistemas de saúde e aos cuidados de longa duração, porque as pessoas mais velhas necessitam não só de mais cuidados, mas também de cuidados mais dispendiosos.

Além disso, as inovações na tecnologia tenderão a encarecer os custos, colocando riscos adicionais à despesa com a saúde que já absorve uma significativa e crescente fatia dos recursos dos Estados membros, 8,7% do PIB em 2015.

Da lista de recomendações destaca-se a continuação na aposta nos cuidados de saúde primários, aumentando o número e melhorando a distribuição dos médicos de família e dos enfermeiros (nestes dois indicadores estamos bem abaixo da média da União Europeia) e alargando os horários dos centros de saúde de forma a diminuir a pressão sobre os hospitais.

Os especialistas recomendam ainda a aposta assertiva na promoção da saúde e na prevenção. Portugal, lembram, gasta apenas 0,1% do PIB em prevenção, metade da média europeia, e uma das sugestões para aumentar as receitas para esta área promete causar polémica: aumentar os impostos sobre o tabaco, o álcool e refrigerantes.

Idosos: cada um cuida do outro
Nos cuidados de longa duração, em que se estima que a despesa pública passe dos 1,7% do PIB na União Europeia em 2015 para 2,7% em 2060, o conselho é conter os gastos em institucionalização e investir mais em cuidados domiciliários.

A aposta deve ser feita na formação de cuidadores formais (profissionais), por um lado, e no apoio aos cuidadores informais, através de políticas que podem passar por horários de trabalho flexíveis, subsídios para compensar a perda de rendimentos, por assegurar que os incentivos no emprego e na carreira não diminuem por este motivo e por garantir que as mulheres não são encorajadas a abandonar o mercado de trabalho.  

Questionado sobre este fenómeno, o especialista da Direcção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia, Santiago Calvo Ramos, que apresentou os dados sobre Portugal, enfatizou que o país está ainda muito dependente dos cuidadores informais e que há até "muitos casais idosos onde cada um cuida do outro”. 

Um estudo da Organização Mundial do Trabalho já destacava em Setembro de 2015 que Portugal é um dos países menos “generosos” da Europa nos cuidados de longa duração da população idosa. Além do número reduzido de profissionais dedicados a esta tarefa, tem uma das despesas públicas nesta área das mais reduzidas entre os 46 países analisados. 

Questionado sobre este fenómeno, o responsável da Direcção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia, Santiago Calvo Ramos, que apresentou os dados sobre Portugal, enfatizou que o país está ainda muito dependente dos cuidadores informais e que há muitos casais idosos onde cada um cuida do outro.

Um estudo da Organização Mundial do Trabalho já enfatizava em Setembro de 2015 que Portugal é um dos países menos “generosos” da Europa nos cuidados a longo prazo da população idosa. Além de ter um número reduzido de profissionais dedicados especificamente a esta tarefa, tem uma das despesas públicas nesta área das mais reduzidas entre os 46 países analisados. São os cuidadores informais, habitualmente familiares dos mais velhos e quase sempre mulheres, que asseguram este tipo de cuidados, sem serem remunerados.

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